Metrópole Magazine - Outubro de 2015 / Edição 8

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Outubro de 2015 – Ano 1 – nº 8 – Distribuição gratuita

Quem são os candidatos A um ano das eleições majoritárias, fomos atrás dos prefeituráveis da RMVale para você, leitor, pensar desde já sobre o futuro da sua cidade

Queremos que a Lei de Zoneamento ajude na construção e no desenvolvimento sustentável da nossa cidade. Não temos mais tempo para errar Carlos Vilhena, presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos, de São José dos Campos Pág. 18

EM CAMPO

O futebol amador movimenta um ‘time’ com mais de 8 mil atletas aos finais de semana. Nossa reportagem foi bater essa bola Pág. 58



ENSINO A

PESQUISA

INT

ERN

ACI

ONA

LIZ

AÇÃ O

PLICADO

VESTIBULAR

2016

Universidade do Vale do Paraíba

INSCRIÇÕES ABERTAS

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São JoséMetrópole dos Campos, – Edição Julho 8 de 2015 4 | Revista

metr pole magazine

EDITORIAL

Diretora-executiva

Regina Laranjeira Baumann

Editora-chefe (interina)

Kelma Jucá

Editor

Adriano Pereira

Adeline Daniele Eduardo Pandeló João Pedro Teles

Repórteres

Moisés Rosa Rodrigo Ribeiro Thiago Fadini

ELEIÇÕES MAJORITÁRIAS

Diagramação e Arte

Camilo Alvarez Netto

Ainara Manrique QUEM CONHECE, CONHECE BDO Carol Tomba

A concepção de democracia, que nem sempre foi vista de Big 5 Uma das forma positiva, a exemplo da Grécia antiga, cujo idealLíder seria no o middle market governo nos quais prevalece a sabedoria, está fortemente co- no Brasil 21 escritórios nectada com a informação plural e a liberdade de expressão. Audit | Tax | Advisory O momento vital da democracia é aquele em que o cidadão exerce seu direito de escolher quem o governará. O período que antecede as eleições é, portanto, de suma importância no regime democrático de direito, através do acesso a informações que permitam ao eleitor decidir livremente por um candidato ou filosofia partidária. Ao trabalho igualmente imprescindível desenvolvido por associações e entidades comprometidas com o bem comum, encontram-se também nos meios de comunicação um canal para potenTel (55 12) 3941 4262 cializar o debate, alicerçado nos valores da sociedade. www.bdobrazil.com.br Assim, atuando como instrumento para informar sobre perfis e propostas, ensejando a captação de informações que, afinal, concluam pelo voto consciente, a Metrópole Magazine do mês de outubro, a um ano das eleições majoritárias, traz um resumo do quadro político da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, dos possíveis candidatos e de como os partidos estão se articulando para manterem-se ou retornarem ao poder. Diante das limitações impostas pela legislação, a certeza se restringe aos candidatos à reeleição, mas já é possível ao eleitor iniciar sua trajetória rumo ao exercício da cidadania.■

Elaine Santos

Colaboradores

Flávio Pereira Idelter Xavier Pedro Ivo Prates Rogério Marques

Arte

Gabriel Gaia

Mídias Sociais

Lucas Henrique

Departamento Administrativo

Maria José Souza

Comercial

Fabiana Domingos Tiragem auditada por:

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Metrópole Magazine Avenida São João, 2.375 –Sala 2.010 Jardim das Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 PABX (12) 3204-3333 Email: metropolemagazine@meon.com.br

A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação Tiragem: 15 mil exemplares

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Regina Laranjeira Baumann


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*Hospital dia: hospital de internação de curta permanência.


6 | Revista Metrópole – Edição 8

50

É TEMPO DE FESTIVAIS

São José irá receber dois festivais inéditos de música, um em outubro e outro em novembro

18

PARA SUBIR A SERRA Descubra uma Suíça Brasileira que “cabe” no bolso e que pode ser conhecida num final de semana com a família e os amigos

Sumário

44

14

ENTREVISTA

SÃO JOSÉ EM PAUTA

54

ESPORTE ADAPTATIVO

Resiliência é a palavra que melhor define o uruguaio, de alma verde e amarela, Walter Silveira Acosta

O que significa a Lei de Zoneamento e o que ela afeta na vida do cidadão comum?

Pessoas com deficiência física aprendem e ensinam o remo, no lago de uma universidade em São José dos Campos

CRESCEMOS!

34

PERDEMOS O CONTROLE? Conversamos com especialistas que nos explicaram a razão da intolerância nossa de cada dia e o que fazer para domesticar aquela raiva que aflora até na mais pacata das criaturas

Eleições Um novo municipais

30

Taubaté ultrapassou a marca de 300 mil habitantes. O número expressivo abre o debate para a discussão sobre temas como saúde, educação e mobilidade urbana

24

mercado?

58

Os jogadores de futebol amador batem o “cartão” aos sábados e domingos nas periferias joseenses. Confira a história de três desses atletas

A EDUCAÇÃO E OS APPS

São várias as possibilidades para as eleições de 2016. Para ajudar na decisão do eleitor, a Metrópole Magazine listou os possíveis prefeituráveis das principais cidades da RMVale e Litoral Norte

7 10 12 23 48

DIA DE JOGO

Os números, as pesquisas e mesmo a rotina em sala de aula mostram que não dá mais para desvincular a educação formal das ferramentas tecnológicas disponíveis na Internet.

40

Espaço do Leitor Aconteceu& Frases& Artigo& Cultura&

62 66 68 74

Chef em Casa& Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 7

Espaço do Leitor Edição 7 – Setembro de 2015 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

QR CODE

Para dar mais dinamismo e interatividade entre Metrópole Magazine e Portal Meon, esta edição possui uma série de QR Code em que, por meio do celular, você, leitor, é direcionado para o Meon, seja para uma versão online ou o complemento das reportagens. O QR Code é um código de barras em 2D que é escaneado pela câmera fotográfica dos aparelhos celulares. Para que esse código possa ser lido é necessário que o usuário baixe um software de leitura. Esses aplicativos podem

ser baixados gratuitamente. No iPhone, basta acessar a App Store e buscar pelo aplicativo Qrafter. No sistema Android, o software QR Droid está disponível no Android Market. A leitura de um QR Code é rápida e simples. Depois de instalado o aplicativo, posicione a câmera digital sobre o código para que ele seja escaneado. A partir daí, o aplicativo irá redirecioná-lo imediatamente para o link que está no código.

Primeiramente, gostaria de agradecer pela revista. Sou moradora do bairro Vila Maria e peguei a revista em uma banca. Muito pertinente a matéria [Quase sem fôlego] sobre a indústria na região. Vemos como as empresas, de grande potencial, estão sendo prejudicadas pela crise que atinge o Brasil e o Vale do Paraíba. O panorama é bem preocupante e as autoridades devem tomar medidas o mais rápido possível. Parabéns a todos da equipe! Júlia Garcia Silva, professora, 36 anos, São José dos Campos Excelente matéria referente ao momento delicado da região quando se fala de empregos. A reportagem [Quase sem fôlego] conseguiu buscar as opiniões de vários segmentos da sociedade envolvidos neste processo, evidenciando quem está realmente preocupado em resolver o problema ou apenas delirando, falando em estatização. Para os apaixonados por basquete, e olha que em São José são muitos, excelente entrevista com o treinador profissional Zanon [Até breve, Zanon!], que demonstrou, desde que chegou, carinho e respeito pela cidade e torcedores. Donizete Quina, representante comercial, 48 anos São José dos Campos

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SE APRENDE DESDE CEDO.

PROGRAMA DE VISITA DE ESCOLAS. É A CÂMARA DE PORTAS ABERTAS PARA OS NOSSOS ESTUDANTES. Através do Programa de Visita de Escolas, os estudantes podem conhecer o funcionamento da Câmara de São José dos Campos, as funções do Poder Legislativo Municipal e o trabalho dos Vereadores. São 50 minutos que incluem visita às dependências da Câmara, Plenário e Memorial Legislativo. Também são apresentados dois vídeos institucionais sobre a história da cidade e as atividades da Câmara, incluindo uma conversa com os Vereadores. As visitas são abertas às escolas públicas e particulares. Para agendar, ligue: 3925-6573 ou 3925-6567.


10 | Revista Metrópole – Edição 8

Aconteceu& Grupo anarquista coloca fogo em agência bancária de São José Um grupo intitulado MIA (Movimento Insurgente Anarquista) reivindicou a autoria de um incêndio que ocorreu na noite de 13 de setembro, em São José dos Campos. Por volta das 21h, uma agência bancária do Itaú, localizada na av. Nelson D’Avila, foi alvo de um ataque na área dos caixas eletrônicos.

Flavio Pereira/ Meon

Um balanço divulgado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo apontou que o Vale do Paraíba teve queda na maioria dos índices criminais no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2014. Em entrevista exclusiva ao Meon, o governador Geraldo Alckmin disse que, na questão da segurança pública, a Região do Vale do Paraíba é prioritária, e destacou as ações do Estado para enfrentar os problemas com as drogas e a violência na região, em especial com investimentos nas Polícias Civil e Militar. “Estamos aumentando os concursos públicos para preencher vagas na Polícia Civil, contratando delegados, investigadores, escrivães e agentes policiais, além de peritos da polícia científica. Na Polícia Militar, criamos o BAEP, força de elite para enfrentamento do crime organizado”, falou.

A redação do Meon recebeu com exclusividade uma mensagem do grupo falando sobre o ataque. “Somos o MIA (Movimento Insurgente Anarquista) de São José dos Campos. Acabamos de incendiar uma agência bancária do Itaú entre o Habib’s e o EXTRA do centro, próximo ao Center Vale Shopping (sic)”, dizia a nota do grupo.

Divulgação/ Corpo de Bombeiros

Pedro Ivo Prates

Alckmin aposta em tecnologia contra a violência no Vale do Paraíba

Santa Casa de Cruzeiro enfrenta crise por falta de recursos financeiros Uma reunião de emergência na Prefeitura de Cruzeiro colocou o prefeito, representantes da Santa Casa de Misericórdia, deputados e vereadores para buscar uma saída para a falta de recursos que tem prejudicado o hospital da cidade. O prefeito de Cruzeiro, Rafic Zake Simão, disse que a crise financeira e política atingiu também a cidade e consequentemente a saúde. As quedas na arrecadação e cortes dos repasses da união prejudicam diretamente o atendimento. “Estamos acompanhando essa crise nacional em hospitais, que infelizmente chegou em Cruzeiro”, contou o prefeito.


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 11

Flavio Pereira/ Meon

Prefeitura de Jacareí reduz jornada de servidores para cortar gastos A Prefeitura de Jacareí reduziu a jornada de trabalho de seus servidores de 8 para 6 horas diárias. O anúncio foi feito no dia 14 de setembro, durante reunião com os vereadores do município. A decisão acompanha uma série de outras medidas tomadas

pela gestão do prefeito Hamilton Mota (PT) para reter gastos durante a crise econômica. Com exceção de serviços essenciais, como saúde e educação, todos os órgãos da prefeitura passaram a cumprir a nova jornada a partir de 1º de outubro.

Próvisão deixa de atender especialidades pelo SUS A Secretaria de Saúde de São José dos Campos anunciou o lançamento de um edital para credenciar clínicas, hospitais ou instituições que atendam cerca de 3.400 consultas em especialidades médicas por mês. Esse atendimento é complementar ao realizado pela rede municipal, e era feito pelo Próvisão, mas o serviço foi rompido após a entidade pedir reajuste no valor da consulta. O Próvisão recebe R$ 20 por cada consulta e havia solicitado um reajuste para R$ 25, o que não pôde ser feito sem um novo edital de concorrência pública. “Tenho que abrir uma licitação para ver quem aceita atender pela tabela do SUS (Sistema Único de Saúde). Não posso aumentar para o Próvisão sem dar oportunidade a outros. Se não quiserem, aí vejo se aumento o valor”, disse Paulo Roitberg, secretário de Saúde.

Flavio Pereria/ Meon

João Pedro Teles/ Meon

Tremor do Chile pôde ser sentido nas cidades do Vale do Paraíba O terremoto que alcançou 8,3 graus na escala Richter no Chile, na noite de 16 de setembro, teve reflexos em prédios das cidades da RMVale. De acordo com a Polícia Militar, moradores de São José dos Campos, Taubaté e Ilhabela acionaram o 190 relatando o tremor. Segundo o Corpo de Bombeiros, foram 10 ocorrências em São José dos Campos e outras três em Taubaté. A corporação também confirmou outros chamados em Ilhabela, mas não soube especificar quantas ligações foram recebidas. Ainda de acordo com os Bombeiros, não houve abalos nas estruturas dos edifícios e ninguém ficou ferido durante o episódio. O abalo pôde ser sentido nos andares mais altos de edifícios, fazendo com que alguns prédios fossem evacuados para avaliação de segurança.

O Cecompi (Centro para Competitividade e Inovação) inaugurou, no dia 30 de outubro, o Laboratório de Simulação e Sistemas Críticos – APL TIC Vale, em suas instalações no Centro de Disseminação do Conhecimento, localizado no Parque Tecnológico de São José dos Campos. Na prática, o local irá atender empresas – instaladas ou não no Parque Tecnológico – e instituições de ensino que necessitam realizar atividades de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) para melhorar seus processos e produtos, mas não possuem infraestrutura, tempo e conhecimento necessários. A Fatec, Unifesp e Unesp já estão confirmadas para desenvolver pesquisas no laboratório.

Antonio Basilio/ PMSJC

Cecompi inaugura laboratório para atender empresas e setor educacional


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Frases&

Thiago Fadini/ Meon

Espero que as coisas deem certo e que eu esteja, com toda a minha comissão, à frente desse título que o São José ainda não tem. Porque a gente ganhou o Paulista, mas já era bi. Aí vamos para a Libertadores, que já somos tri. Então, preciso ter o gostinho de ganhar alguma coisa que falta Emily Lima, técnica da equipe do São José EC, sobre o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino

Divulgação

O álbum reforça a ideia de que, no fundo, não nos apaixonamos pelo o que o outro tem de ‘convencional’, mas por aquele leve traço de loucura, de instabilidade, de desvio

André Yamamoto

Felipe Cordeiro, músico paraense sobre seu álbum mais recente, “Se Apaixone pela Loucura do seu Amor”, antes de se apresentar no Sesc São José

Uma das inspirações para o projeto foi meu filho, Romeo, que passou a se interessar muito pelos brinquedos que eu criava

Camila Morita, artista plástica criadora do projeto Contém Amor, que busca levar brinquedos artesanais a crianças carentes do Vale


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 13

A expectativa é muito grande. Vou enfrentar esportistas do mundo inteiro e quero brigar pela medalha de ouro no arremesso de peso. Será mais uma oportunidade para representar o meu país e tenho certeza que a nossa delegação vai fazer bonito

Divulgação

André Rocha, paratleta taubateano e primeiro policial militar do país a disputar a sexta edição dos Jogos Mundiais Militares, realizados na Coreia do Sul, neste mês de outubro

Beto Faria / PMSJC

Zelita Ramos, da Secretaria de Comunicação do Sindicato dos Servidores Municipais de São José

Welinton Lopes

Nós queremos a jornada de seis horas para todos os servidores municipais, mesmo que emergencial por quatro meses, para colaborar com a Prefeitura nesse momento de crise, mas não podemos aceitar que determinadas Secretarias façam 6 horas e outras 8 horas

O consumidor brasileiro é muito imediatista. Quando se compra por impulso não há tempo para pesquisar sobre o que se está adquirindo

Aparecida Santana, coordenadora do Procon de São José, sobre o Mês do Consumidor


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ENTREVISTA

Superação aos 80 anos

O uruguaio, que se considera brasileiro, compartilha sua experiência de vida

Da Redação SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

Carol Tomba/ Meon

o enfrentar a dor e a tristeza de amputar parte da perna, o uruguaio que se considera brasileiro, Walter Silveira Acosta, de 80 anos, é um exemplo de superação. E se Acosta já se considera um brasileiro de coração, a força para superar o trauma é prova de que a garra cisplatina ainda corre firme no sangue uruguaio. Após o trauma da amputação devido a um quadro de diabetes, foi na família que encontrou forças para acreditar que ainda poderia ser útil. Acosta descobriu a doença com 44 anos. Diz que sempre a controlou, mas a enfermidade avançou silenciosamente. Quando o quadro se agravou, o uruguaio precisou ser forte. “A dor é tanta que você não consegue pensar em nada mais além disso. Independente do meu caráter de lutador, que é como me sinto tendo enfrentado todas as dificuldades da vida, a dor provoca um sentimento de

Wagner Silveira Acosta: “A superação ocorre quando você olha para o próximo”


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 15

busca por alívio. Primeiro começa com a amputação de um dedo, depois do pé e a dor é tão forte que você pensa: ‘Se é para amputar a perna, por favor, faça isso logo, porque não quero mais sentir essa dor terrível’”, revela. Apesar de tamanho baque, a recuperação surpreendeu a todos. Na Rede de Reabilitação Lucy Montoro, de São José dos Campos, onde se reabilitou, Acosta se sensibilizou com o respeito às pessoas em situações tão difíceis quanto à sua. Foi quando o jogo começou a virar para o uruguaio. “A superação mesmo, penso, ocorre quando você olha para o próximo. Foi isso que aconteceu comigo. Quando você olha o mundo à sua volta, seus problemas diminuem e a alegria de viver aflora no seu coração”, reflete.

Retomada A enfermidade e a amputação de um membro é muitas vezes superada a partir da descoberta de outros valores, do esporte, de um novo relacionamento ou perspectiva profissional. E foram essas as motivações de Acosta para “seguir adelante”. O uruguaio voltou a dirigir, a se divertir com os amigos da bocha e, agora, está se programando para visitar o Uruguai de carro e passar muitos dias por lá “porque são muitos amigos e parentes que quero visitar”, fala sorrindo. Com esse sentimento de recomeço e em tom emocionado ao falar sobre os 80 anos recém completados, o senhor Walter transcorre narrando sobre sua vida. “Nasci no Uruguai, fronteira com o Brasil (Rivera – Santana do Livramento). Sou de origem brasileira (pai e mãe muito pobres) e aos 11 anos minha mãe quis mudar-se para Montevidéo (Uruguai). Naquela época, as dificuldades financeiras eram tão grandes que as crianças não tinham sonhos. Não imaginávamos que poderíamos

estudar e melhorar de vida”, lembra. Depois da mudança, Acosta estudou mecânica e técnica têxtil, “o que me deu oportunidade de logo me colocar no mercado”. Foi na capital uruguaia que Acosta constituiu família, com 4 filhos. Em janeiro de 1974, veio o convite para trabalhar no Brasil. “Reuni toda a família e falei sobre as perspectivas. Disse que poderia dar certo ou não. Se desse, ótimo. Se não, amargaríamos as consequências. Não foi fácil a vida de imigrante. Nos primeiros quatro anos, enfrentei muitos desafios por aceitar o convite de assumir um cargo de chefia numa empresa

Naquela época, as dificuldades financeiras eram tão grandes que as crianças não tinham sonhos. Não imaginávamos que poderíamos estudar e melhorar de vida Walter Silveira Acosta APOSENTADO

têxtil. Era visto como estrangeiro e, por isso, sofria todo tipo de sabotagem interna. Mas passou”, descreve.

Sem arrependimento Ao resumir esses 80 anos, o balanço é favorável. “Penso que tive uma vida positiva. Saí de uma situação precária e cheguei a um nível de vida aceitável.

Criei os filhos e tenho uma família muito unida”. Ao olhar para sua trajetória se sente confortável pela caminhada que construiu. “Se pudesse voltar atrás, não faria nada diferente”. Acosta é um homem que se orgulha de cada dia trabalhado e diz que “ter trabalho decorre de oportunidades, mas também de dedicação”. Em 51 anos de trabalho, o uruguaio atuou em quatro empresas. “Jamais fiquei desempregado e considero que estudar foi fundamental, ainda que não o suficiente, porque gostaria de ter continuado os estudos. Mas a vida também ensina muito”, conta. Sobre os revezes da vida, diz que teve um bom casamento e que a morte da esposa foi um dos momentos mais difíceis da vida. Categórico, Acosta não acredita que exista vida após a morte, mas, no fundo, espera que sim, admite enquanto ri. Perguntado sobre se pensa na finitude da vida, diz que não e que nunca se deprimiu por perder amigos ou familiares em decorrência da idade avançada. “Sempre disse que eu não morreria junto [com a esposa]. Quero viver um pouco mais (risos). Sou consciente de que, na minha idade, os anos que tenho pela frente são poucos, mas me sinto bem, com vontade de viver. Na verdade, pode parecer bobagem e até ser uma inverdade, mas sinto que sou importante para minha família e, por isso, vou ficar mais um longo tempo por aqui” (risos). Um conselho aos jovens? “Criem seus filhos! As crianças devem ser crianças até que cheguem à adolescência. O bom exemplo deve começar dentro de casa e não só na escola. Nós temos que fazer nossa parte: orientar, acompanhar e tratar com respeito. A palavra amigo é muito importante mas, para mim, o que existe de mais importante na vida é a família”, fala um uruguaio seguro de si. ■




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NOTÍCIAS REGIÃO

Zoneamento: a cidade em constante debate Proposta irá nortear o crescimento e o desenvolvimento de São José dos Campos Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

J

á ouviu falar em zoneamento? Desde 2013, a nova proposta para a lei em São José dos Campos é discutida e ‘construída’ entre entidades, moradores e a administração municipal. Com esta lei, a cidade pode ser planejada para os próximos anos, o que influencia e repercute diretamente em seu desenvolvimento e crescimento. A expectativa é de que o projeto de lei seja encaminhado para a Câmara, neste mês de outubro. Após a aprovação do projeto pelo Legislativo, a prefeitura pode planejar,

Fotos: Pedro Ivo Prates

Proposta irá planejar a instalação de indústrias, comércios e prédios; Câmara irá discutir em audiências públicas

por exemplo, a instalação de novas indústrias, comércios e definir regiões que podem ‘ganhar’ construções de edifícios na cidade, a chamada verticalização. Em alguns bairros, como o Jardim Aquarius, Satélite e Vila Adyana, há discussões para a vinda de mais empreendimentos. Não haverá limites para os pavimentos dos edifícios, mas os empreendimentos terão que respeitar as regras do Comando da Aeronáutica. “O projeto institui limites para o adensamento de cada região da cidade nos próximos dez anos, corrigindo erros cometidos no passado, como no Jardim Aquarius, bairro que não foi

projetado para verticalização e a recebeu de maneira desordenada. A nova Lei de Zoneamento prevê um ‘estoque’ de metros quadrados que poderá ser utilizado para construção, calculado com base na infraestrutura existente e a ser implantada na região”, explica o secretário de Planejamento Urbano, Miguel Sampaio.

As divisões A atual lei foi aprovada em 2010, quando dividiu a cidade em 37 zonas de uso de ocupação de solo. Ou seja, determinou o que podia ser instalado em cada bairro e região. Na atual proposta, a intenção é


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 19

reduzir o número para 24 zonas. Segundo a prefeitura, o projeto será simplificado para melhor entendimento da população. Entre as principais zonas, estão: ZR (Zona Residencial), ZM (Zona Mista – residencial e comercial), ZCH (Zona de Chácaras – zonas rurais), ZUPI (Zona de Uso Predominantemente Industrial – reservada para indústria e comércio), ZUS (Zona de Uso Sustentável – para vazios urbanos, com baixa taxa de ocupação), ZE (Zonas Especiais – áreas em regularização e áreas de proteção, por exemplo), entre outras. “Nosso projeto foi elaborado visando promover qualidade de vida à população e a retomada do desenvolvimento econômico da cidade. A verticalização em São José, se realizada dentro de critérios técnicos e urbanísticos, é um dos fatores que contribui para que esse objetivo seja atingido”, explica Sampaio. Com a verticalização, outro fator que está em discussão é a outorga onerosa. Funciona assim: o empreendedor que deseja construir edifícios na cidade e, ultrapassa o limite defi nido de andares

(conforme defi nido pelo cálculo do Coeficiente de Aproveitamento Básico), precisa pagar uma taxa pelo acréscimo dos andares no empreendimento. O valor da outorga irá para um fundo municipal.

Pontos Na avaliação de Francisco de Oliveira Roxo, presidente em exercício da Aconvap (Associação das Construtoras do Vale do Paraíba), a outorga onerosa precisa ser melhor discutida. De acordo com ele, a taxa pode afastar os investimentos na cidade. “A outorga precisa ser liberada. A construção civil é um setor estratégico na geração de empregos na cidade, representando atualmente 11% do Produto Interno Bruto. Há empreendimentos planejados para os próximos anos e é necessário manter a atividade da construção civil a todo vapor”. Segundo Roxo, a lei apresenta pontos positivos. “Ela pode possibilitar a ventilação entre os empreendimentos. Quando se tem recuos, há espaços entre os prédios”. Ele faz considerações sobre a emissão da certidão para os

Sou favorável à lei, mas desde que não haja a sobrecarga no trânsito na região do Vila Ema. É preciso que a lei possa interagir com o local, fazendo funcionar de maneira correta João Guilherme

60 ANOS, ATUA NO RAMO IMOBILIÁRIO


20 | Revista Metrópole – Edição 8

SFX A proposta é para regularizar cerca de 300 imóveis e comércios, conforme estudo da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo. A intenção é regularizar as áreas no entorno da região central de São Francisco Xavier, sendo organizada em três zonas − urbana central (uso residencial e não residencial de baixo impacto), entorno do perímetro urbano (com o uso não residencial de alto nível de impacto) e outra região para a instalação de atividades com ruído.

Norte Está em discussão, o fim do limite de pavimentos para edifícios na zona norte. Antes, era permitido até oito andares. A região poderá receber mais residências e comércios, estimulando as centralidades dos bairros como, por exemplo, no Santana.

Leste

Centro Também em debate está o fim do limite de pavimentos na Vila Adyana e no Jardim São Dimas. Outro ponto em questão é a regulamentação de novas atividades comerciais e de serviços no Jardim Esplanada. No Jardim Paulista, casas noturnas poderão ser instaladas. Os moradores divergem sobre a proposta.

O bairro Vista Linda deve continuar residencial, com permissão de até dois pavimentos e instalação de comércio. No Eugênio de Melo, serão permitidos comércios pequenos. No Vista Verde, os novos comércios serão liberados nas avenidas principais. No entorno do Parque Tecnológico, a proposta é para a instalação de empresas, indústrias, comércios e serviços.

Oeste O Urbanova deve continuar residencial com pequenos comércios. A exceção está para o Condomínio do Parathey, que irá permitir prédios altos, comércios, empresas de serviços e até indústrias. Na região do Jardim das Indústrias, será criado um corredor comercial na avenida João Batista Soares de Queiroz Junior. O projeto permite ainda a instalação do WTC (World Trade Center), com até 35 prédios, no Jardim Aquarius. Nesta região, pode ser permitida a construção de novos empreendimentos comerciais.

Sul Em pauta, está o fim do limite de pavimentos no Jardim Satélite (principalmente na avenida Andrômeda) e a manutenção na altura dos prédios, em até oito andares, na Região do Bosque dos Eucaliptos. Há possibilidades de liberação da instalação de novos comércios.

Sudeste O tamanho do terreno mínimo poderá ser reduzido de 200 para 160 metros quadrados; medida para estimular os loteamentos populares, como é o caso do Conjunto Pinheirinho dos Palmares.


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 21

projetos. “A emissão precisa ser mais ágil. A proposta é para 30 dias, mas o ideal seria sair em dez dias”. Para o presidente da AEA (Associação de Engenheiros e Arquitetos), de São José dos Campos, Carlos Vilhena, a Lei de Zoneamento precisa ‘andar’ em paralelo com o Plano Diretor do Município e atender a todas as camadas da sociedade. “Queremos que esse projeto possa ajudar na construção e no desenvolvimento sustentável da nossa cidade, com a preservação do meio ambiente. O projeto tem que andar em parceria com o Plano Diretor. Não temos mais tempo para errar”, ressalta. Vilhena chama a atenção para a possibilidade de alguns bairros se caracterizarem apenas como ‘dormitórios’. “Corremos o risco de alguns bairros virarem dormitórios, sem nenhum tipo de atividade ou movimentação”.

Seria sobre construção? Permissão de loteamentos? Não sei ao certo do que se trata Rosângela de Paula 31 ANOS

Comércio e Indústria O presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial), de São José dos Campos, Felipe Cury, afirma que a aprovação do projeto precisa acontecer ainda em 2015, para ‘destravar’ a cidade. “Nossa lei tem que ser aprovada esse ano. As problemáticas no zoneamento precisam ser contornadas. Sem as mudanças, os investimentos na cidade serão afugentados”. Sobre as discussões para a configuração da lei, o presidente da ACI critica a diminuição das áreas para a indústria na cidade. “Com as propostas apresentadas, a indústria fica com menos área do que estava. É algo muito ruim para a indústria e não estão dando a devida importância”, destaca. Ainda sobre as propostas, Cury diz que a morosidade para a aprovação da lei pode interferir na instalação do WTC (World Trade Center) em uma área no Jardim Aquarius. “Além deste projeto em São José dos Campos existe outro em Paris. Tenho medo que esse projeto não venha para a nossa cidade, por conta da demora em se aprovar a proposta”. O secretário de Planejamento Urbano, Miguel Sampaio, afirma que não houve a redução de áreas para a indústria. “A retomada do desenvolvimento econômico e social de São José passa pelo fortalecimento das atividades de comércio, serviço e indústria. Não houve redução de áreas, mas novas configurações de uso. Nós estamos dialogando

Limite de andares dos empreenddimentos terá como base as regras estabelecidas pelo Comando da Aeronáutica

Não sei sobre o que se trata essa lei. Nunca ouvi falar de zoneamento Roberta Alessandra da Silva Vicente

19 ANOS, ESTUDANTE DE MARKETING

constantemente com os representantes desses setores para consultá-los sobre a nova Lei de Zoneamento. Tenho afirmado sempre que não estamos com a lei pronta, contamos com a ajuda de todos para terminar de escrever o texto dentro de um consenso”. O projeto de lei ainda deve ser debatido em audiências públicas na Câmara de São José.

Análise O arquiteto e urbanista Flávio Mourão avalia que as propostas ‘falham’ em alguns pontos, como a falta


22 | Revista Metrópole – Edição 8

Intenção é diminuir o número de ‘zonas’ na cidade. Com a proposta, as divisões passariam de 37 para 24

O bairro [Vila Ema] está caído, com obras inacabadas. Com a nova lei, é necessário trazer ‘vida’ ao bairro, criar vias de acesso. É uma série de fatores que precisam ser melhorados, pensando no contexto urbano para que tudo possa caminhar. Também é possível pensar na união do comercial com o residencial José Eduardo Petrone 62 ANOS, COMERCIANTE

de um plano viário de melhorias no trânsito, além de especificar os impactos do projeto nas regiões. “Não há melhorias com as novas propostas. Se a proposta procura a verticalização, os impactos precisam ser detalhados e mais claros para a população. A cidade necessita de um projeto de operação urbana. O Urbanova, por exemplo, necessita de uma intervenção viária e um plano viário bem definidos”, diz. O especialista analisa a falta de parques e espaços verdes em São José. “A Lei de Zoneamento apenas fomenta a verticalização, mas não é só construir prédios. A cidade deve contar com mais espaços verdes, principalmente, na região central”. Mourão destaca ainda o plano de adensamento em Curitiba, que, segundo ele, traz importantes lições. “Em Curitiba, houve um plano integrado, incluindo transportes e planejamento. Além disso, o respeito e a continuação dos projetos são importantes para a estruturação das ações, com apenas adaptações”, acrescenta.

Centralidades Um dos pontos da nova proposta é a criação de centralidades nas regiões da cidade. Por exemplo, a administração quer fomentar o potencial dos bairros fazendo com que os moradores não precisem se deslocar até a região central. ■

AEA critica proposta da Lei de Zoneamento No dia 27 de setembro, a AEA (Associação de Engenheiros e Arquitetos), de São José, enviou uma carta formal à Prefeitura em que tece comentários sobre a atual proposta da Lei de Zoneamento e cobra mais debate com a população. O documento possui 34 páginas e apresenta, em 80 tópicos, o posicionamento contrário da AEA ao projeto da administração municipal, sob os pontos de vista técnico e legal. “Ao elaborar essa proposta, sem o embasamento prévio de um plano diretor, a Municipalidade está incorrendo em grave equívoco, que poderá trazer sérias e graves consequências à cidade e sobretudo à qualidade de vida dos seus cidadãos”, diz trecho da carta. Leia a íntegra do documento por meio do QR Code abaixo.


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Artigo&

Geração Y: desemprego e consumo

A

taxa de desemprego no Brasil, em julho de 2015, segundo o IBGE, foi em média 7,1%. Quando se considera os dados referentes somente aos jovens no país (18 a 24 anos), também conhecidos como geração Y (nascidos na década de 1990), temos uma taxa de 16,2% no mesmo período, ou seja, bem maior que a média nacional. Devido ao cenário econômico atual do Brasil, de recessão econômica (variação negativa do PIB, Produto Interno Bruto, em dois trimestres consecutivos), os jovens da geração Y são os mais afetados com relação à inserção no mercado de trabalho, pelos seguintes motivos: 1) a força de trabalho brasileira (procura por emprego) aumentou com a chegada de pessoas, maioria de jovens que se dedicavam exclusivamente aos estudos, que, com a crise, estão

buscando um emprego para ajudar no orçamento de casa; 2) os jovens são os primeiros a serem demitidos quando as empresas passam por dificuldades por terem menos experiência; 3) profissionais experientes estão em busca de emprego, dificultando a recolocação profissional do jovem; e, 4) ansiedade, traços característicos da geração Y, que se reflete em uma maior rotatividade da mão de obra entre os jovens. Além do acima exposto é pertinente colocar que o desemprego, diferentemente de tempos anteriores, hoje também atinge aos jovens com maior nível de escolaridade, ou seja, eles se formam e chegam ao mercado de trabalho e se deparam com a falta de vagas. Neste sentido, é importante que o jovem (geração Y) esteja atento às suas contas, aos seus gastos, pois deve-se ter cautela com relação ao consumo,

para evitar a inadimplência. Este não é um momento propício para o uso de crédito, com taxas de juros do cartão de crédito chegando a 400% ao ano. Por isso, compre sempre à vista e o que for necessário para sua sobrevivência (bens de primeira necessidade), evite compras de eletrônicos (smartphone, iphone, ipod, tablet, notebooks, celulares) que estão mais caros devido à valorização do dólar que chegou a R$ 4,00, e procure fazer antes de cada compra três perguntinhas fundamentais que são: 1) realmente, preciso do produto? 2) tenho dinheiro para adquiri-lo? 3) tenho que comprar agora? Somente quando as respostas destas três perguntas forem positivas é que o jovem deverá realizar suas compras. Prof. Dr. Luiz Carlos Laureano da Rosa é economista e pesquisador do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais) da Universidade de Taubaté.


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NOTÍCIAS REGIÃO

Quem são eles?

Flavio Pereira/ Meon

Já começaram as articulações políticas para as próximas eleições municipais; fomos descobrir quais são os nomes que devem aparecer nas urnas


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 25

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

s eleições de 2016 serão um bom termômetro para avaliar se o efeito dos escândalos e da crise política nacionais afetarão os candidatos e os partidos políticos locais. A um ano das eleições municipais, os partidos já começam a se movimentar nos bastidores para viabilizar candidaturas nas cidades da RMVale, com destaque para São José dos Campos, Taubaté e Jacareí. Vários fatores influenciam na decisão de voto para prefeito nessas eleições: a situação econômica, os riscos de desemprego, a redução de renda real e a inadimplência, o ambiente moral afetado pela sensação de ampla corrupção associada à política, além da própria crise política com uma entressafra de novas lideranças. Sem referências e alternativas, o eleitor não consegue ver luz no fim do túnel e a indignação vem acompanhada de ansiedade.

Com a palavra, o eleitor Entra eleição. Sai eleição. As promessas se repetem, e as expectativas também. O eleitor brasileiro jura que vai votar para mudar, se diz cansado, revoltado, traído, faz protestos, mas o resultado das urnas em geral não reflete esse desejo de mudança. A tendência é pela continuidade dos partidos políticos que estão no poder nas cidades da região, com larga vantagem para o PSDB e seus partidos aliados. A polarização nas disputas entre PT e PSDB deve ser a tônica e, se levarmos em conta duas das principais cidades da região, essa rivalidade vai recrudescer. Em Jacareí, o PT irá completar 16 anos no poder, com o PSDB na oposição. No caso de São José, o PT tomou o poder em 2012, e o PSDB agora na oposição quer o paço municipal de volta. Já em Taubaté, o PSDB está no poder, mas a polarização está entre as famílias Ortiz e Peixoto.

Tudo isso também gera dúvidas e expectativas em relação aos partidos políticos. Todos concordam que o desgaste está maior entre o PT e os seus aliados, mas também o PSDB e outras siglas mais tradicionais sentem o reflexo da crise política e das denúncias de corrupção. Nesse cenário, novos partidos e siglas de menor expressão querem se apresentar como alternativa, terceira via ou melhor opção entre tudo o que aí está e, assim, conquistar o eleitor e o poder. Contudo, na maioria das cidades do Vale do Paraíba a aposta ainda é na disputa polarizada entre PT e PSDB.

simpatizantes do PT, o índice alcança 51%), 1% é indiferente e outro 1% não soube responder. Quando perguntados se votariam nas próximas eleições, se não fosse obrigatório, 58% dos eleitores declararam que não iriam votar, ante 41% que sim. Ambos os índices são recordes. Daqueles que não votariam se destacam os segmentos: menos escolarizados (65%), mais pobres (64%) e moradores da região Nordeste (65%). Já entre os que votariam se destacam os segmentos: moradores da região Sul (48%), mais escolarizados (56%), simpatizantes do PT e PSDB (57%, cada um) e mais ricos (62%).

Não há mais diferença

São José

Sem saber diferenciar as propostas dos partidos políticos, cada vez mais iguais em suas diferenças, o eleitor continua votando na “pessoa” do candidato e não nos partidos e tem a clara sensação de que “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. A sensação geral é de que as mudanças precisam começar dentro dos partidos com uma ampla reforma política, para só depois ocorrer uma mudança nas urnas. Numa pesquisa publicada em junho desse ano, o Data Folha* apurou que dois em cada três entrevistados (66%) são contrários ao voto obrigatório, enquanto 32% são favoráveis (entre os

Quem vai enfrentar Carlinhos Almeida? No Partido dos Trabalhadores, a única certeza é a candidatura à reeleição do atual prefeito Carlinhos Almeida, unanimidade no diretório do partido, em São José dos Campos. Para o presidente do PT-SJC, João Gilberto Giba Ribeiro, Carlinhos tem cumprido as metas do governo em vários setores: “Nós temos a reflexão e o entendimento que se fizermos uma análise honesta, sem a contaminação Antonio Basilio/PMSJC

Eduardo Pandeló

Carlinhos Almeida é candidato natural a reeleição, seu desafio, no entanto, é lutar contra a imagem desgastada do Partido dos Trabalhadores em todo Brasil


que hoje existe em relação ao PT, o governo local vem realizando... dando conta e está cumprindo suas metas”. Mesmo assim, o dirigente avalia que a campanha será difícil não só para o PT mas, para todos os partidos: “A gente percebe que as campanhas do ano que vem, infelizmente, serão marcadas pelo debate em cima dos problemas nacionais”. Sobre os possíveis adversários, e o desenho político do momento, Giba é categórico: “Nós queremos fazer o debate aqui, sobre os avanços aqui em São José. Estamos no páreo! Quem entra numa disputa não escolhe adversário, enfrenta, dentro das regras democráticas com debate aberto e franco”.

Efeito Blanco No PSDB, a executiva espera a decisão de Emanuel Fernandes, que depende apenas dele mesmo, mas o ex-prefeito e ex-deputado federal, não se decide. Para o deputado Hélio Nishimoto: “Emanuel está animado. Com envolvimento total com o partido, ânimo de candidato, mas não assume sua candidatura”. Candidato nas últimas eleições, Alexandre Blanco nunca se colocou como pré-candidato. Sua candidatura, entretanto, seria natural já que recebeu uma votação expressiva: 43,15% do total de votos. Blanco, porém, resolveu

Adriano Pereira

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Eu vou votar nos candidatos do PSDB, porque estou acompanhando há muito tempo a política. Tenho certeza que é o melhor para minha cidade. Hoje, sem dúvidas, Emanuel Fernandes seria minha primeira opção. Porém, irei sair em campanha para quem for o candidato indicado pelo partido Eduardo José de Moraes 52 ANOS, PADEIRO

deixar por conta do partido: “Não me coloquei como pré-candidato, mas, se o partido me chamar, aceito o convite”. Outros nomes também aparecem, como o do presidente do PSDB de São José, Anderson Farias Ferreira, o deputado estadual Hélio Nishimoto e o deputado federal Eduardo Cury. Emanuel Fernandes é o preferido da maioria, mas no PSDB vale apenas a nota oficial: “Em relação à eventual candidatura a prefeito, o PSDB terá um candidato forte, em 2016, para disputar as eleições com condições de dar respostas aos anseios da sociedade joseense”. Além do PT e do PSDB, o PSTU já tem candidatura confirmada, mas ainda discute quem será o concorrente na eleição. A disputa deve ser entre os líderes do partido: o professor Ernesto Gradela, candidato a prefeito na última eleição e o advogado Toninho, que foi o vereador mais votado da legenda e um dos mais votados na cidade. Defensor do financiamento público das campanhas eleitorais, o PSTU continuará com suas bandeiras de defesa dos trabalhadores, em especial na GM e na Embraer e a defesa dos ex-moradores da ocupação do Pinheirinho, que ainda aguardam a entrega das casas construídas com financiamento da Caixa Econômica Federal. Várias legendas cogitam fazer frente à polarização PT-PSDB na cidade. O presidente da Câmara Municipal, Flavio Pereira/ Meon

No PSDB joseense, a indefinição é grande, assim como a dependência da decisão de Emanuel Fernandes; Alexandre Blanco já não é mais um nome desconhecido, mas o partido tem mais interessados na disputa


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Taubaté

Com o PT ainda indefinido, duas précandidaturas têm polarizado a corrida eleitoral em Taubaté até agora. De um lado, o atual prefeito Ortiz Junior, do PSDB; de outro, desponta pela oposição, o nome da vereadora Pollyana Gama (PPS). O prefeito Ortiz Junior (PSDB), que deseja tentar a reeleição, terá de se livrar do processo eleitoral, o que já

custou a cassação de seu mandato em duas instâncias e pode tirá-lo da disputa. Se Ortiz for candidato, a tendência é que afaste outras possibilidades de candidaturas, uma vez que, com a máquina nas mãos, torna-se uma peça-chave no jogo político. Caso Ortiz não possa ser candidato, provavelmente, o partido lançará um nome para substituí-lo, mas terá que vencer resistências dentro do PSDB em função de outros postulantes ao cargo. Nos bastidores, há quem diga que a secretária de Administração e Finanças do município, Odila Sanches, madrasta de Ortiz Junior, poderia se candidatar. O presidente da Câmara, vereador Digão, afirmou, porém, que se o prefeito Ortiz Junior não for candidato, ele se apresenta como pré-candidato junto ao Diretório do PSDB. Após disputar o segundo turno das eleições de 2012, o PT deve lançar um candidato a prefeito novamente. Isaac do Carmo, que foi derrotado por Ortiz, não disputará a prefeitura novamente, mas deve ser candidato a vereador. No partido, uma grande corrente defende a candidatura de Salvador Khuriyeh, que já foi prefeito de Taubaté entre 1989 e 1992 e é diretor da SPTrans. A vereadora Pollyana Gama (PPS), esposa do deputado Davi Zaia (PPS), aparece como pré-candidata à prefeita. Depois de ter sido preterida pelo PSDB para ser a vice na chapa com Ortiz

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Pollyana Gama deixou o PSDB e se filiou ao PPS numa clara demonstração de que é candidata ao cargo em Taubaté

Junior, Pollyana deixou o partido e filiou-se ao PPS e agora se lança como alternativa aos mais de 30 anos no poder das famílias Ortiz e Peixoto, e à polarização PT x PSDB. Pollyana espera uma campanha agressiva, e sente o peso de enfrentar famílias poderosas na cidade. “Já começaram as conversas em tom de ameaça, mas seguiremos com nosso projeto”, disse. Ortiz Jr não terá apenas outros candidatos como adversários, sua gestão em Taubaté foi alvo de dois processos recentes de cassação, fato que será amplamente explorado por seus opositores

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vereador Shakespeare Carvalho (PRB), espera apoio de outros partidos, que formam o chamado “centrão” na Casa Legislativa, para “sair” candidato. O PMDB, do vice-prefeito Itamar Coppio, poderia se unir a este projeto ou até lançar candidatura própria buscando lideranças entre empresários e pessoas de destaque na cidade. Franklin Maciel, membro do Diretório Municipal do PMDB, afirmou que: “A vocação forte do PMDB é de candidatura própria em 2016”. No Partido Verde, o vereador Rogério Cyborg, presidente do PV em São José, promete um PV ‘mais forte’ após a filiação das ex-tucanas Victória Xavier e Claude Mary de Moura − são boas as chances de uma nova candidatura em 2016. Na última eleição, a sigla lançou Cristiano Pinto Ferreira e ainda tem em seu quadro André Miragaia. Após mais de 20 anos no PSDB e à frente de Secretarias Municipais nos mandatos de Emanuel Fernandes e de Eduardo Cury, Claude Mary de Moura, apesar de negar a intenção, aparece em todas as listas de pré-candidatos. Ela se filiou ao PV, mas chegou a um cargo de direção na Câmara Municipal pelas mãos de Shakespeare Carvalho (PRB) e Walter Hayashi (PSB) que formaram o “centrão”. Claude poderá ser a candidata à frente de uma coligação desses partidos.


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Arquivo Pessoal

Jacareí

A cidade está mudada, e quem sente as melhorias é o povo que ‘pega’ mais de dois ônibus por dia. Estas eleições vão ser decididas pelo povo que mora nos bairros clandestinos. A política do PT é voltada para essa gente. Apesar das campanhas contra o PT na grande mídia, vai dar PT em São José. O povo não é bobo Marcílio Antonio Silva,

56 ANOS, MICROEMPRESÁRIO

O PT trabalha para viabilizar um nome forte e manter a hegemonia do partido na cidade que administra há 14 anos. O prefeito Hamilton Ribeiro Mota está de saída, mas seu partido tentará seguir no poder após quatro mandatos consecutivos. O ex-prefeito Marco Aurélio de Souza (PT) era o mais cotado para concorrer ao pleito até perder novo recurso no Tribunal Superior Eleitoral. Para a coordenadora do partido na região, vereadora Rose Gaspar, cada cidade tem sua realidade, sua estratégia e sua tática. “Em Jacareí, esperamos construir alianças com outros partidos e boas candidaturas. No PT, não se discute um nome, mas como permanecer com o projeto feito para a cidade”, explica. Sobre o momento político e o desgaste de seu partido em escala nacional, Rose foi objetiva: “O PT terá que ter muita sabedoria e muita humildade, para enfrentar o momento atual”. O PSDB deverá apostar novamente em Izaias Santana. O candidato tucano ficou em segundo lugar em 2012, com 42,96% dos votos válidos. Na avaliação do partido, um excelente resultado, pois o coloca em condições reais

de brigar pela prefeitura, sendo visto como único que pode “quebrar” a hegemonia do PT na cidade. Em Jacareí, não existe possibilidade de segundo turno. Por isso, o partido aposta suas fichas no trabalho de aumentar o apoio de outros partidos e assim chegar ao paço. O PSOL e o PSB são outros partidos que anunciaram candidaturas próprias para a prefeitura de Jacareí.

Negociação A corrida pelo voto ainda poderá apresentar muitas surpresas com coligações e apoios anunciados ao longo do ano, mas, por enquanto, outras três legendas − PTB, PV e PMDB − discutem a possibilidade de um “voo solo”. Os dois primeiros têm mais chances de lançar uma candidatura, mas tanto PT quanto PSDB estão articulando com esses partidos apoio às suas candidaturas.

Tá chegando a hora O clima de eleições está instalado nas Prefeituras e nas Câmaras das cidades da região. Líquido e certo, por enquanto, somente as especulações, já que a legislação eleitoral não permite que ninguém se declare candidato para o cargo de prefeito ou de vereador

Eleições quentes no Litoral Prefeitos reeleitos em 2012 tentam emplacar seus candidatos para fazer o sucessor em 2016. Três das quatro cidades do Litoral Norte mantiveram seus prefeitos nas últimas eleições. Em Caraguatatuba, São Sebastião e Ilhabela, a população optou por estender o mandato dos líderes do Executivo. A exceção foi Ubatuba, onde Mauricio Moromizato (PT) tem a missão de tentar a reeleição.

Caraguatatuba

Em Caraguá, o prefeito Antonio Carlos diz que ainda é cedo para pensar em apoio a um futuro

candidato a prefeito ou sucessor: “Mario Covas (ex-governador de São Paulo) dizia que o bom político é aquele que pensa nas próximas gerações e não nas próximas eleições”, declarou. Nos bastidores do PSDB, dois políticos disputam a indicação do prefeito Antonio Carlos: o engenheiro de Obras da Prefeitura Gilson Mendes e o vereador Neto Bota. No PT, a única pré-candidata é Cássia Gonçalves, assessora parlamentar e presidente do PT de Caraguatatuba. Já o PMDB tem como pré-candidato o ex-prefeito José Pereira de Avelar. No PR, aparece o nome de Nivaldo Alves; no PSOL, Tyfany e ainda Dr. João Lúcio pelo PROS. José

Pereira de Aguilar (PDT), candidato derrotado em 2012, aparece como provável pré-candidato.

Ilhabela Em Ilhabela, o prefeito Antonio Colucci (PPS) foi reeleito em 2012, com 81,30% dos votos válidos. Colucci, ao fim do mandato, pode mudar de partido e há especulação de que ele vá para o PSB. A partir disso, três nomes surgem como seus possíveis sucessores: Nuno Galo (PHS), atual secretário de Cultura; Lídia Sarmento (PSB), secretária de Educação; e Valdir Veríssimo, secretário de Serviços Municipais.


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 29

*Levantamento realizado nos dias 17 e 18 de junho de 2015, quando foram realizadas 2.840 entrevistas em 174 municípios. A margem de erro máxima é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, considerando um nível de confiança de 95%.

Com um segundo lugar nas últimas eleições em Jacareí, Izaias Santana deve ser o nome do PSDB na cidade. O partido aposta no bom resultado do pleito anterior

Segundo colocado nas eleições de 2012, Márcio Tenório, hoje no PMDB, teve 18,70% dos votos válidos e aparece novamente para concorrer. No PSDB, Marinez Fazini também aparece como pré-candidata.

São Sebastião Ernane Bilotti Primazzi (PSC) rompeu uma tradição em São Sebastião já que nenhum prefeito havia conseguido se reeleger. Para 2016, espera também “fazer” o sucessor. E vários nomes aparecem na corrida pela

prefeitura da cidade. Além do ex-prefeito Juan Garcia (PPS), Amilton Pacheco e Ernaninho Primazzi foram cogitados enquanto o empresário Wagner Teixeira, do Partido Progressista (PP), disse que coloca seu nome à disposição para ser pré-candidato a prefeito no próximo ano.

Ubatuba Mauricio Moromizato (PT), prefeito de Ubatuba, enfrenta a abertura de processo de cassação por supostas irregularidades na contratação de uma Organização Social − a Biosaúde − para

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terá mais quatro anos para sentir que votou corretamente, se arrepender ou simplesmente continuar a vida como se nada estivesse acontecendo.

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até o registro oficial da candidatura. Nas cidades da RMVale e Litoral Norte, partidos se apressam em formar suas chapas buscando nomes e candidatos que possam contribuir com o quociente eleitoral e, assim, garantir cadeiras nas Câmaras Municipais. O eleitor, desinteressado ou não, quando chega a hora comparece e naqueles 30 segundos diante da urna eletrônica, ao apertar a tecla “confirma”,

Nas eleições municipais, o jeito é votar apenas nos partidos e nas legendas que nunca foram ao poder, tirando da linha de frente PT, PSDB, PMDB e demais partidos. Apenas trocar PT por PSDB ou esquerda por direita não vai resolver Roberto Guedes Junior,

36 ANOS, PUBLICITÁRIO E EMPRESÁRIO DO RAMO GRÁFICO

gerir a Saúde do município. De qualquer forma, é pré-candidato para tentar a reeleição em 2016. O vice-prefeito, Sérgio Kharibé (PMDB), rompeu com Moromizato e já anunciou sua pré-candidatura. Outros prováveis pré-candidatos são: Paulo Ramos (PTB), Nuno (PRB) e a vereadora Flávia Paschoal (PDT). No PSDB, há indefinição. Rogério Frediani seria pré-candidato, mas há rumores de que o ex-prefeito Eduardo César, que deixou o DEM, estaria se filiando ao PSDB para ser o pré-candidato tucano. ■


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NOTÍCIAS REGIÃO João Pedro Teles TAUBATÉ

S

egundo as estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2015, Taubaté atingiu uma marca histórica de crescimento populacional. A cidade de 369 anos já ultrapassou o número de 300 mil habitantes. E se o crescimento foi expressivo nos últimos anos, os desafios aparecem na mesma proporção. O novo patamar alcançado pela cidade liga o sinal amarelo para questões relacionadas ao planejamento urbano da cidade. Mobilidade urbana, tratamento de água e esgoto, coleta e destino do lixo gerado, além das atenções básicas de saúde e educação são alguns itens que precisam estar alinhados ao crescimento. Um dos maiores problemas de Taubaté está no próprio desenho urbano da cidade. Ruas e calçadas estreitas, herança de uma cidade que abrigava mais de 100 mil habitantes a menos − eram 206.965, em 1991 (IBGE) −, dificultam a adoção de soluções urbanas. Ao mesmo tempo, a cidade possui uma frota de nada menos do que 193.775 veículos (Denatran – 2014), o que dá uma média de 0,64 veículos por habitantes. Para se ter uma ideia, o número é superior ao da vizinha São José dos Campos, que apresenta média de 0,57, e ainda maior do que a média da capital São Paulo, com 0,61 veículos para cada habitante. De acordo com o professor de Arquitetura da Unitau (Universidade de Taubaté) e autor do livro Segundo especialistas, a questão do trânsito em Taubaté tende a piorar caso não seja feito um investimento importante na área


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Infraestrutura e mobilidade urbana são maiores desafios para que Taubaté não sucumba ao seu próprio crescimento

Fotos: Rogério Marques

Já somos mais de 300 mil, e agora?


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“Conhecendo Taubaté: Uma Análise Urbana”, Carlos Eugênio Monteclaro, a questão do trânsito só tende a piorar caso não seja realizado um investimento importante no transporte público. “A prefeitura tem estimulado a demolição de casas no centro para a construção de estacionamentos. Mesmo havendo pouca oferta de estacionamentos na cidade, acredito que esta não seja uma solução definitiva. É preciso que o sistema de transporte público seja mais eficiente para que as pessoas deixem os veículos em casa”, explica. Com uma questão morfológica igualmente intrincada, o especialista ainda defende que grandes obras estruturais se tornarão cada vez mais urgentes à medida que o número de habitantes cresce. Novos túneis, novos viadutos e novas marginais seriam, de acordo com Monteclaro, fundamentais para dar vazão ao trânsito.

Na realidade, o que acaba acontecendo é que esbarramos na famigerada falta de continuísmo da política brasileira. Em Taubaté, não é diferente. Nenhum prefeito quer iniciar uma obra que o outro irá inaugurar Carlos Eugênio Monteclaro PROFESSOR DE ARQUITETURA DA UNITAU

“Mas, na realidade, o que acaba acontecendo é que esbarramos na famigerada falta de continuísmo da política brasileira. Em Taubaté, não é diferente. Nenhum prefeito quer iniciar uma obra que o outro irá inaugurar. Assim a caminhada rumo ao desenvolvimento da cidade vai sofrendo sucessivos atrasos”, diz.

Futuro Quando o assunto é planejamento urbano, o segredo é pensar bem adiante. O trabalho de hoje vai sustentar o crescimento dos próximos 30, 40 anos. Por isso, apesar da marca de 300 mil habitantes ser expressiva para a cidade, Monteclaro já está de olho nas próximas décadas, quando Taubaté alcançar os 400 mil. Neste panorama, a questão da verticalização surge como uma das principais discussões que deverão envolver a comunidade. Embora para muitos o tema ainda seja um tabu, Monteclaro defende a verticalização como solução viável para problemas causados pelo crescimento da cidade. “A verticalização diminui distâncias, facilita as questões de infraestrutura da cidade. O adensamento urbano, respeitando espaço para que os edifícios possam ‘respirar’, estabelecendo regras urbanísticas claras para evitar a ação do chamado capital especulativo é, sim, uma boa alternativa para a cidade. Quem tem que equalizar isso é o Governo Municipal”, explica.

Prefeitura No Executivo, a regulamentação da expansão urbana e revisão do Plano Diretor do município são discussões prioritárias para conduzir o crescimento da cidade. A secretária de Planejamento Débora Andrade

Pereira explica que o crescimento populacional de Taubaté já era um dado esperado e que a situação é uma oportunidade para reorganização da cidade. “É preciso lembrar também que o município de Taubaté se encontra localizado em conurbação com outros municípios, como Tremembé, Pinda e Caçapava, tendo assim, características de polo regional e universitário. Ou seja, além deste crescimento estatístico da população residente, possuímos ainda uma população itinerante que usa a cidade cotidianamente, e que não podemos esquecer”, afirma. Um acordo judicial firmado em novembro de 2014 com o Ministério Público obriga que o novo Plano Diretor da cidade seja apresentado até o final deste ano. Isso porque, ainda durante o governo Roberto Peixoto (PEN), foram identificadas irregularidades na elaboração do plano que atualmente rege as políticas de planejamento e desenvolvimento urbano. “O governo municipal tem procurado resolver problemas antigos que atingem nossa população, de forma a melhorar a qualidade de vida e o atendimento nas necessidades básicas dos habitantes. Todo este planejamento e projetos nas diversas áreas da administração pública já estão sendo pensados para a população em crescimento”, afirma a secretária.

Saúde Enquanto o novo Plano Diretor não chega, a saúde lida com o aumento populacional e a expansão urbana de Taubaté investindo em projetos como o PAMO (Pronto Atendimento Municipal Odontológico) e o ESF (Estratégia de Saúde da Família). “A Secretaria de Saúde regionalizou as áreas com os PAMOs e


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 33

ESFs para garantir o acesso e visar a melhoria no atendimento de seus usuários. Atualmente é possível visualizar o município e suas demandas, de maneira que as unidades de saúde (PAMOs, ESFs, UPAs e demais) sejam distribuídas adequadamente para assistir a todos”, explica o secretário de Saúde João Ebram Neto.

Educação Já na pasta de Educação, a secretária Edna Chamon afirma que o fato de Taubaté ter ultrapassado a marca dos 300 mil habitantes não se refletiu em um aumento geral da demanda. Aliás, de acordo com a secretária, o que tem se notado é o inverso. “Tem havido redução do número

absoluto de alunos nos vários níveis educacionais, com exceção da Educação Infantil. Nesse caso, no entanto, trata-se muito mais de demanda reprimida que passamos a atender do que de efetivo aumento da população. É claro que o aumento populacional pode vir a pressionar a infraestrutura pública no futuro, mas não é o movimento atual verificado no caso específico da educação”, garante.

Participação Se o crescimento populacional é uma questão inerente ao desenvolvimento da cidade e que invariavelmente afeta todos os habitantes de Taubaté, a melhor solução para, ainda assim, manter a qualidade de vida está na participação

dos moradores. De acordo com a máxima de Carlos Eugênio Monteclaro, quem não participa agora não tem o direito de reclamar depois. “Eu digo isso para meus alunos sempre que posso. Se a cidade é um organismo vivo, a direção que ela vai seguir tem de ser debatida pela população, que é quem será afetada diretamente por essas escolhas. Portanto, todos os cidadãos têm a obrigação de participar das audiências públicas e se envolver nas questões que dizem respeito ao desenvolvimento urbano. Não dá para ficar indiferente a um assunto tão importante para a nossa qualidade de vida. A pressão popular tem muito poder para a cidade que queremos”, conclui.■


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NOTÍCIAS COMPORTAMENTO

Por que estamos perdendo o controle? O excesso de informações e o julgamento de padrões de comportamento nos tornaram menos tolerantes com o outro. A boa notícia é que a solução está dentro de cada um de nós

O que não compreendemos, acreditamos ou apenas discordamos acaba gerando uma onda contrária forte e determinada a eliminar a opinião adversa


Fotos: Pedro Ivo Prates/ WR Modelos, Soraia Moura e Gabriel Dominicali


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Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

N

ós brasileiros que já fomos um ícone da cordialidade, hoje seguramos cartazes em manifestações políticas que pedem a morte de um ser humano. Uma cinegrafista húngara passa uma rasteira em um homem que tenta fugir da guerra com o filho no colo. Um casal de homens é atacado no meio da rua apenas por formarem um casal. Afinal, onde a humanidade perdeu a tolerância? A intransigência em relação às diferenças, opiniões, crenças, quase sempre combatidas com repressão e força parece ter se tornado uma regra. Estamos intolerantes, é fato. O que não compreendemos, acreditamos ou apenas discordamos acaba gerando uma onda contrária forte e determinada a eliminar a opinião adversa. Exemplos não faltam, e se fôssemos colocá-los aqui, o primeiro parágrafo ocuparia todas as páginas disponíveis desta revista. Sendo assim, ao invés de destilar mais intolerância, fomos procurar as razões pelas quais chegamos nesse ponto. “Estamos muito irritados, impacientes de maneira geral. Até quando vamos reivindicar direitos, cerramos os dentes. Qualquer coisa diferente da realidade que acreditamos é negada e combatida, uma discriminação que vem da falta de conhecimento sobre as coisas que vai criando conceitos e pré-conceitos que não param de se somar”, diz a psicóloga Luzia Ferreira da Silva. Em seu consultório, quase a totalidade dos pacientes apresentam algum traço de intolerância. “É expressado pelo paciente quando ele se sente vítima de deboche, crítica − mulheres pelos maridos, funcionários por patrões, alunos por professores, adolescentes pelo grupo de pares e várias outras situações. E o mesmo paciente reconhece o quanto

tem estado intolerante”, conta. O dentista R.H.F., de 36 anos, resolveu procurar ajuda quando percebeu que qualquer coisa fazia com que sua paciência desaparecesse. “Me sentia com a cabeça cheia o tempo todo, como se eu tivesse que fazer mil coisas ao mesmo tempo e sem a capacidade pra isso. Daí, acabava explodindo com problemas que me traziam no trabalho, em casa, no trânsito, porque a sensação era que eu já tinha muitos problemas para resolver”, conta.

As pessoas estão julgando as escolhas dos outros em função das próprias escolhas. Veja o exemplo da intolerância religiosa. Ela acontece pela falta de conhecimento sobre a outra crença e a total falta de vontade de conhecer Sabrina Moreira

PROFESSORA DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA DA UNITAU

O conhecimento parece ser uma peça fundamental nesse quebra-cabeças. Produzimos muita informação nos dias de hoje e não temos tempo para lidar com isso, ou seja, não transformamos essa avalanche em conhecimento e com isso tratamos as diferenças como se fossem defeitos. “A intolerância atual é fruto da ignorância”, diz a professora de Filosofia e Sociologia, coordenadora do núcleo de Ciências

Humanas da Universidade de Taubaté, Sabrina Moreira. O mundo vive a era da informação e uma única edição de um dia de semana comum do jornal americano “The New York Times” tem mais conteúdo do que um inglês médio teria acesso em toda sua vida no início do século 17. Segundo pesquisa da Universidade da Califórnia, se fosse armazenado de forma otimizada, o volume de informação em todo mundo nos mais diversos suportes analógicos e digitais ocuparia o equivalente a 295 trilhões de megabytes, ou 295 exabytes (1 exabyte equivale a 1 bilhão de gigabytes). “As pessoas estão julgando as escolhas dos outros em função das próprias escolhas. Veja o exemplo da intolerância religiosa. Ela acontece pela falta de conhecimento sobre a outra crença e a total falta de vontade de conhecer. Há a tentativa de impor a própria verdade o tempo todo”, diz Sabrina. A partir da segunda metade do século 20, não houve interesse em desenvolver a nossa intelectualidade, nossa capacidade crítica, nossa sensibilidade artística. Só se desenvolveu a tecnologia. O resultado é uma tecnologia elaborada, mas um ser humano medíocre intelectualmente. Mas e a falta de tempo para lidar com essas informações? Para Julio Pereira, presidente da Humanity, empresa focada no desenvolvimento humano, somos alimentados diariamente com uma quantidade enorme de informação que não conseguimos lidar. Dessa forma, lotamos nossos pensamentos diariamente e não resolvemos todos os problemas, o que causa a sensação de termos sempre deixado algo para trás. “O que não foi resolvido no passado dificulta a vida no futuro. Uma coisa nova causa intolerância porque não temos paciência para novas informações sem termos resolvido as anteriores”, explica Pereira.


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Soma-se a isso o fato da produção de informação ser algo muito mais acessível por meio de redes sociais sem nenhum filtro de credibilidade ou qualidade. “Vivemos por exemplo um momento crítico de intolerância política no Brasil, mas que é alimentada por pessoas e veículos de comunicação que não estão muito preocupados com a verdade”, diz Sabrina. Ou seja, para quem quer buscar conhecimento, ainda há a dificuldade de encontrar o canal certo para se informar. Seria mais uma preocupação que faria com que aceitássemos somente o que acreditamos pela facilidade de compreensão, caindo novamente no círculo vicioso que alimenta o atual estado de intolerância.

Saída Mas, afi nal, estamos a caminho de um grande confl ito mundial causado por essa intolerância

ou ainda há uma maneira de desviarmos nessa estrada? Sim, existem algumas maneiras, uma delas pode ser usada imediatamente, segundo Julio Pereira. Um exercício simples seria escrever em um papel as pendências ao final de cada dia. Mesmo sem resolução, depois de escrevê-las, o cérebro entende que pelo menos há um início de solução. Seria como esvaziar um pendrive para enchê-lo novamente no dia seguinte. “Liberando ‘espaço’ no cérebro, as novas informações não causam tanto trauma”, explica. Para Sabrina Moreira, a estrada longa da educação pode mudar esse cenário no futuro. “Isso não se resolve a curto prazo, mas mudando a educação de base, de forma consistente, podemos criar pessoas com um capital cultural maior,

um ser humano capaz de chegar à fase adulta com uma bagagem que possa reverberar a sua volta”. “Alguém tem que puxar a corrente do bem”, diz a psicóloga Luzia. A verdade é que essa não é uma novidade. Em 1992, o fi lósofo Leonardo Boff escreveu a “Carta da Terra”, um tratado de sustentabilidade e convivência. Em certo ponto ele diz: “Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte”. Parece fácil e óbvio, basta aceitarmos que não somos perfeitos. ■



3ofIedio

re ma cid s os

O futuro de cada um de nós começa a ser preparado na escola. Por isso, a escola precisa estar pronta para ele. O Colégio Poliedro olha para a frente com confiança, oferecendo uma educação de excelência alicerçada em quatro pontos: autonomia, dedicação, tecnologia e ambiente estimulante. Nossa proposta de formação é conduzida por uma equipe de professores e coordenadores capacitados e comprometidos com a missão de ensinar. A oferta de idiomas, com uma língua estrangeira incluída e a possibilidade de cursar outras duas, é, certamente, um grande valor acrescentado. Todos esses fatores combinados representam não só uma formação para o presente, mas também uma orientação para o futuro. Um futuro apaixonante. MATRÍCULAS ABERTAS

colegiopoliedro.com.br


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Pedro Ivo Prates

NOTÍCIAS EDUCAÇÃO

Serviços na nuvem têm ajudado Nícholas Guimarães, 13 anos, e seus colegas a produzir melhor. “Nós marcamos um horário para todos entrarem na rede e fazer um trabalho ao mesmo tempo”


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Alunos digitais Escolas usam as redes sociais e dispositivos móveis como aliados para turbinar ensino de estudantes

Adeline Daniele SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

quadro negro e o caderno continuam fazendo parte do dia a dia de qualquer aluno. A diferença é que nos últimos anos eles ganharam novos aliados: as telinhas dos computadores e dispositivos móveis. Isso porque a tecnologia tem provado que pode ajudar alunos a melhorar a produtividade nos estudos. Um levantamento realizado pela Unesp em Araraquara, por exemplo, revela que o uso de ferramentas tecnológicas melhorou em 32% o rendimento dos alunos em matemática e física se comparados aos conteúdos trabalhados de forma expositiva em sala de aula. Outra pesquisa feita pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com estudantes de 41 nacionalidades, ainda afirma que os estudantes mais bem sucedidos no colégio são os que têm computador em casa, pois conseguem dedicar 30% a mais do tempo aos estudos. E, se no Brasil 78% dos jovens têm e usam smartphone, com tanta gente conectada fica difícil imaginar uma forma de educar que não envolva o celular, computador ou tablet em algum momento da vida de um estudante. Algumas escolas, inclusive, estão levando essas estatísticas bem a sério. É o caso do Senac de São José dos Campos. Pensando nos benefícios dos dispositivos conectados com sua aula, o professor de Linguagem de Programação e Desenvolvimento para a Web, Laércio de Sá, pretende não apenas aprimorar conhecimentos usando a tecnologia, como também irá avaliá-los por meio do celular. Desenvolvido pelo docente com mais três ex-alunos da instituição, o aplicativo “Gabaritei Total” permitirá a aplicação de provas diretamente em smartphones. Assim, os estudantes poderão acessar o exame e responder às questões do teste pelo aparelho. Já os professores poderão criar suas disciplinas e turmas e agendar avaliações no horário desejado. “Nós pensamos em criar um aplicativo que atendesse nossas necessidades na avaliação de atividades extras, aliando a tecnologia com o conteúdo passado nas aulas”, afirma o professor. A boa notícia é que além de ajudar os professores da instituição, o “Gabaritei Total”estará disponível para qualquer usuário de Android, iOS ou Windows Phone, podendo ser adaptado para diferentes escolas. O lançamento do app está programado para janeiro do próximo ano.

Turma conectada Não é só nos cursos voltados para o mundo da tecnologia que os dispositivos móveis e a internet estão sendo bem aproveitados. Estudantes do ensino médio e fundamental – que praticamente já nascem conectados – encontraram formas não só de se


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comunicar, como também de desenvolver projetos usando ferramentas online. E há até quem ajude outros professores a inserir essa novidade da melhor forma possível em sala de aula. Formada em Tecnologia e Processamento de Dados, a coordenadora de Informática do Colégio Anglo Cassiano Ricardo, Ana Paula Souza, de São José dos Campos, se dedica a ajudar os colegas de profissão a inserir a tecnologia na rotina escolar. “Hoje em dia os alunos aprendem de forma diferente e as tecnologias podem

contribuir muito nesse sentido”, diz. Redes sociais, aplicativos e serviços de armazenamento na nuvem são algumas das ferramentas mais úteis para integrar os estudantes e realizar trabalhos. “Com a computação em nuvem, podemos criar e-books, revistas e jornais digitais. Os alunos trabalham de forma colaborativa e simultaneamente, e o professor consegue avaliar e acompanhar diariamente o desenvolvimento dos trabalhos”, afirma Ana. E a iniciativa da professora tem dado resultados: aluno do oitavo

Redes sociais Passei Direto

Comunidade acadêmica com mais de 1,5 milhão de alunos cadastrados, o Passei Direto permite criar grupos para se comunicar com sua turma da faculdade, tirar dúvidas e até mesmo compartilhar trabalhos.

Data da prova MyStudyLife

O MyStudyLife oferece uma interface simples para o usuário gerenciar calendários, tarefas, exames e horários de aula. O aplicativo envia lembretes de aulas, trabalhos e provas para o usuário, com opção para notificações até 30 minutos antes de um compromisso.

Wunderlist

Esqueceu a data de entrega de um trabalho ou de uma prova? Então é melhor manter uma agenda bem organizada. Com o Wunderlist, além de listas de tarefas, é possível atribuir datas para cada compromisso e separar tudo por categorias, tornando mais fácil o gerenciamento de atividades em cada disciplina da escola ou faculdade.

ano do ensino fundamental do colégio, o estudante joseense de 13 anos Nícholas Guimarães conta à Metrópole Magazine que os chats online e serviços na nuvem têm ajudado ele e seus colegas a produzir melhor. “Nós marcamos um horário para todos entrarem na rede e fazer um trabalho ao mesmo tempo. Assim, podemos discutir ideias e distribuir tarefas economizando tempo”, afirma. Acostumada a trabalhar a distância, a turma de Nícholas concentra-se atualmente no desenvolvimento de um

Anotações Evernote

A praticidade de ter um caderno de anotações em qualquer lugar faz do Evernote um dos melhores aplicativos para estudantes. Com recursos que vão desde listas de tarefas até a captura de conteúdos da web pelo navegador, o serviço também traz o recurso Work Chat, o qual permite adicionar uma ou mais pessoas para compartilhar algum trabalho ou mensagem.

OneNote

O OneNote, da Microsoft, também permite armazenar e compartilhar anotações na nuvem. Pelo celular, o aluno pode adicionar facilmente fotos, textos e criar listas de afazeres em poucos toques na tela. Os documentos ficam salvos no serviço OneDrive.


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jornal eletrônico, usando aplicativos e sites para dar andamento ao projeto. Para ajudar professores de outras escolas e cidades, Ana ainda mantém uma página cheia de dicas, sugestões, modelos de portfólio e objetos de aprendizagem sobre o assunto para educadores, chamada “Minha Caixa Mágica”.

Produtividade na ponta dos dedos Em busca de uma solução que ajudasse os alunos a ficarem mais focados durante a aula, o professor do

Senac São José dos Campos, Laércio de Sá, descobriu a chamada Técnica Pomodoro – um método que pode ajudar, e muito, quem precisa estudar em casa também. A ideia é que a pessoa trabalhe por 25 minutos e faça pequenas pausas de três a cinco minutos entre esses períodos. Daí, com a ajuda de um aplicativo para celular chamado Tomighty, Laércio consegue dividir seu tempo de aula e aumentar o aproveitamento de suas aulas. “Eu tinha uma grande dificuldade de manter a concentração dos

Leitura em dia

Foco nos estudos

Pocket

Pomodoro Timer

Ler notícias e textos da web também faz parte da rotina dos estudantes. E o Pocket é uma boa pedida para quem deseja se manter sempre atualizado. O serviço traz uma interface limpa para leituras e permite salvar conteúdos do Facebook e de qualquer site da web para ler depois.

Com o Pomodoro Timer é possível personalizar o tempo ativo em cada tarefa e das pausas a serem tomadas. O usuário pode definir uma meta de “Pomodoros” para concluir durante o dia e receber alertas quando o cronômetro for concluído.

Flipboard

Com o Flipboard é possível selecionar diversos assuntos para acompanhar. Nele, o usuário define as categorias que deseja seguir. Os artigos podem ser salvos para ler depois e o aluno ainda pode “flipar” o conteúdo em sua lista de seleções.

ClearFocus

Simples de configurar e usar, o ClearFocus tem versão para Android. Para iniciar uma atividade cronometrada, basta tocar no botão ‘Play’ e colocar a mão na massa. É possível mudar o tempo de trabalho e de intervalo para adequar o programa à sua rotina.

meus alunos e vi que com essa técnica eles prestam mais atenção na aula, pois sabem que em seguida terão uma pausa”, afirma o professor. Quer seguir o exemplo do professor Laércio e usar a técnica Pomodoro em seu celular? Então, confira a seguir uma série de aplicativos selecionados pela Metrópole Magazine para manter o foco nos estudos, organizar provas e trabalhos, realizar anotações e ainda manter a leitura em dia. ■

Trabalho em equipe Google Drive

Para os trabalhos em grupo, não há facilidade maior do que deixar todos os arquivos para fácil acesso na nuvem. Qualquer integrante da equipe consegue visualizar e alterar documentos em texto, foto, vídeo, apresentações em slides e planilhas em tempo real e ainda enviar sugestões aos colegas.

Dropbox

Outra opção para se manter conectado com suas tarefas e os trabalhos em grupo é o Dropbox. O serviço permite sincronizar arquivos em diversos formatos. O dono da conta pode compartilhar arquivos adicionando mais usuários ou enviando um link para fácil acesso ao trabalho.


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NOTÍCIAS TURISMO

Campos ‘off Capivari’ Fotos: Adriano Pereira

A cidade mais visitada da Serra da Mantiqueira vai muito além do famoso centro de compras Adriano Pereira CAMPOS DO JORDÃO

N

ão há um turista sequer que passe por Campos do Jordão sem dar uma volta no Capivari. O bairro que abriga os bares, as chocolaterias, os restaurantes e as lojas mais disputados da cidade é realmente um destino obrigatório para quem sobe a serra. Mas, nem só desse centro vive a cidade. Há muito o que se fazer além disso. Bem antes de chegar ao burburinho, para quem vai à cidade de carro, o circuito turístico Gavião Gonzaga é do tipo que agrada a família toda. Em direção à Fazenda Lenz, você já tem a possibilidade de conhecer o ponto férreo culminante do Brasil. O Alto do Lajeado fica a 1.743 metros de altitude

e guarda uma das mais belas vistas do Vale do Paraíba. Uma opção para conhecer se você não estiver de carro é pegar o bonde que vai até Santo Antônio do Pinhal e sai da estação central de Campos. O passeio custa R$ 48 por pessoa, dura 55 minutos e tem saídas de quinta a segunda-feira em dois horários, às 10h e às 14h. De volta à estrada do Gavião Gonzaga, nossa parada será na Fazenda Lenz. A história do local é muito antiga e saborosa. Por volta de 1800, a matriarca da família Lenz tinha uma babá inglesa para cuidar dos nove filhos. Foi ela quem apresentou o “fruit cake”(bolo de frutas) no cardápio da criançada, que acabou se tornando uma tradição familiar. Em 1986, a bisneta Eliana Lenz

decidiu largar a carreira de sucesso no design de móveis e se mudou para a fazenda da família, em Campos do Jordão. De lá pra cá, além de várias outras receitas que fazem o local ser um dos mais saborosos da serra, a Fazenda Lenz ganhou outras atrações. Uma delas é o Lenz Zoo, que faz a alegria da criançada. Carneiros, uma mini vaca com seu mini touro, pôneis, cabras, coelhos e outros bichinhos soltos deixam o local mais bonito. Ainda há uma trilha bem tranquila que leva ao mirante e uma outra − um pouquinho mais difícil −, que leva à Cachoeira do Gavião Gonzaga. Campos do Jordão também é sinônimo de gastronomia. O Capivari reúne os restaurantes mais famosos, mais cheios, mais caros e nem sempre os mais gostosos. Bem no meio do


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Os sabores de Campos não se limitam aos endereços famosos. Locais como o Milili (foto ao lado) servem boas receitas com preços bastante acessíveis

caminho, entre o portal e a região mais famosa da cidade, fica a Milili Doces. O local comandando pela chef Paula Rodrigues é conhecido pela ótima gastronomia e pelo preço justo. A ideia da chef, que nasceu em Campos do Jordão, foi criar um lugar no qual o próprio jordanense pudesse desfrutar de boas receitas sem que fosse obrigado a pagar o “preço de turista”. Dica: Não saia de lá sem experimentar a coxinha e a torta de Nutella. Feliz depois de experimentar essas delícias, que tal ter um pouco de cultura nesse passeio? Campos recebe na temporada de inverno o festival de música erudita, mas nem por isso o resto do ano fica sem um lugar para enriquecer a alma com arte. A Casa da Xilogravura é um desses endereços. Inaugurada em 1987, trata-se de um museu particular instalado em um prédio construído em 1928 e que também abriga a Editora Mantiqueira. São milhares de obras expostas de mais de 400 xilógrafos, com um dos acervos mais importantes do país nesse gênero artístico. O espaço abre de quinta a

Com um dos acervos mais completos do Brasil, a Casa da Xilogravura é uma ótima opção para quem gosta de apreciar arte

segunda-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h e o ingresso custa R$ 4. Agora vamos seguir adiante, passando pelo Capivari e indo em direção oposta ao portal de entrada. Siga direto para o Horto Florestal, que foi criado em 1941 e possui 8,3 mil hectares de área preservada com uma vegetação de araucárias e coníferas. É uma ótima opção para quem quer passar o dia fazendo algo diferente. Lá, tem churrasqueiras, lagos, bosques, área de ginástica, viveiros de plantas, duchas, capela, ciclovia, restaurante, loja de artesanato e muitas trilhas. Seu relevo montanhoso chega a 2.007 metros de altitude. A vista é ainda mais panorâmica do alto dos 12 metros da torre de madeira. Passeamos o dia todo e agora é hora de jantar. A tentação do fondue é grande, claro, mas você pode conhecer outro lugar que segue o mesmo conceito do Milili − preço justo e bons pratos. O Café Terraço serve uma das melhores pizzas da cidade. O forno comandado pelo chef Antonio Augusto recebe receitas que levam ingredientes

colhidos na própria horta, tudo orgânico!, que são complementados com sua criatividade. Bom, o dia foi cheio. Pegue a estrada de volta com cuidado ou se apaixone por essa cidade e estique sua estadia. São muitas as opções de hotéis requintados a pousadas mais simples. Afinal, Campos do Jordão guarda vários outros segredos que estão longe do concorrido Capivari. ■

Serviço: Casa da Xilogravura - Av. Eduardo Moreira da Cruz, 295 Estação Central - Av. Emílio Ribas Milili Doces - Rua Brigadeiro Jordão, 885, Abernéssia Horto Florestal - Acesso pela Avenida Pedro Paulo (Estrada do Horto), 12 km. Aberto de segunda, terça e de quinta a domingo, das 9h às 16h Fazenda Lenz - Estrada Municipal Paulo Costa Lenz César, 2.150, Gavião Gonzaga. Horário de funcionamento: segunda a sexta-feira, das 9h às 17. Sábados, domingos, e feriados, das 10h às 18h Café Terraço - Rua Engenheiro Gustavo Kaiser, 855, Vila Natal


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OPINIÃO CULTURA

Eclético, como sempre

A edição de 2016 do Lollapalooza no Brasil repete a fórmula, misturando estilos e nomes pouco conhecidos ao lado de famosos Divulgação

Adriano Pereira SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Q

uando Perry Farrell criou o Lollapalooza, em 1991, a ideia era abrir espaço para quem não tinha, mas também levar música sem nenhum preconceito para todo o tipo de público. De fato, isso acontece, haja vista o line up da edição de 2016 anunciado no início de outubro. Entre as principais atrações, o festival trará nomes como Eminem, Florence + The Machine, Jack Ü, Mumford & Sons, Snoop Dogg, Noel Gallagher’s High Flying Birds, Tame Impala e Alabama Shakes. É bem a cara do Lollapalooza: headliners que geram reações extremas de amor e ódio nas redes sociais. Fãs de rap perguntam por que a

ruivisse de fada da Florence está junto com a marola de maconha do Snoop. Quem curte o folk leve do Mumford & Sons se questiona sobre a sessão de xingamentos no palco do Eminem. Junto de nomes famosos como esses, vem a “turma do meio”. São aqueles artistas que não fecham nenhuma noite do festival, mas que têm seus públicos. É o caso de Of Monsters and Men, Marina and The Diamonds, The Joy Formidable, Die Antwoord, Albert Hammond Jr e outros. São as bandas que os críticos de sofá adoram malhar. Entretanto, são nessas apresentações que o Lolla se destaca, afinal, foi assim que muita gente apareceu no festival. Quer um nome? Red Hot Chili Peppers não era nem um pouco famoso quando figurou na “turma do meio” na edição de Chicago. Enfim, falta ao público brasileiro o

que sobra para o público gringo: tentar pelo menos conhecer antes de sair detonando o artista. O festival acontecerá nos dias 12 e 13 de março, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Em pelo menos um ponto todo mundo concorda: o preço dos ingressos é alto demais. No entanto, o primeiro lote já está esgotado. Agora a meia custa R$ 370 e a inteira, R$ 740, para os dois dias. Mas, até lá, os mesmos ingressos custarão R$ 400 (meia) e R$ 800 (inteira). Ainda serão vendidas as entradas para um único dia. Essas custarão R$ 190 (meia) e R$ 380 (inteira), no primeiro lote. Enfim, a verdade é que todo mundo reclama, mas os ingressos sempre acabam. O que a gente pode esperar é um festival bacana, com as mesmas qualidades e defeitos de sempre. Mas se você for pela música, fica tudo certo. ■



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Cultura& Fotos: Divulgação

Muse traz ‘Drones’ para o Brasil

Da Redação

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Com 17 milhões de álbuns vendidos em tempos de pirataria institucionalizada, o Muse chega ao Brasil, neste mês, para dois shows: um em São Paulo (dia 24, no Allianz Parque) e outro no Rio de Janeiro (dia 22, no HSBC Arena). Essa é a terceira vez da banda no país. Curiosamente, em cada show realizado − abrindo para o U2, em 2011 e no Rock in Rio, em 2013 − uma “cara” diferente subiu no palco. No primeiro, prevaleceu a virtuose do guitarrista

Matthew Bellamy. Em 2013, a banda já flertava com texturas eletrônicas e com guitarras econômicas. Agora, com o disco “Drones”, a banda suscita na crítica opiniões que vão do “genial” ao “bipolar”. Para tentar explicar a maluquice − se for possível −, Bellamy disse o seguinte sobre o disco: “Para mim, ‘Drones’ são psicopatas metafóricos que permitem o comportamento psicopático. O mundo está dominado por drones, que utilizam drones para transformar todos em drones. O álbum explora a jornada do ser humano, desde a sua renúncia e perda da

esperança, até sua doutrinação pelo sistema para ser um drone humano até eventualmente abandonar seus opressores”. Complicado. O que dá para afirmar, com certeza, é que o Muse não tem medo de arriscar. Se reinventa sem pensar em agradar este ou aquele público, o que mostra personalidade e coragem. O fato é que os fãs não ficam na mão, afinal, a banda sempre desfilará seus hits eternos. Os ingressos, que podem ser adquiridos pelo site da Time For Fun, vão de R$ 220 a R$ 650 para o show em São Paulo. No Rio, as entradas custam entre R$ 187 e R$ 525.


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Rock in Rio 30 Artistas nacionais se reuniram para anos Box Brasil gravar versões de canções que fizeram

DVD&

Preços: DVD: R$ 29,90

a história do festival. São 31 faixas com grandes nomes e canções, incluindo participações de: Paulo Ricardo,

CINEMA&

Marcelo D2, Fernanda Abreu, Baby do Brasil, Suricato, Frejat, Jota Quest, Dinho Ouro Preto, Cidade Negra, Skank e outros. Pode ser lindo ou uma bomba.

LITERATURA&

A Colina Escarlate

Um homem para cada ano que passei com você Isabel Dias

Preço: R$ 30,90

Uma produção gótica sobrenatural dirigida por Guillermo Del Toro (“Círculo de Fogo” e “O Labirinto do Fauno”). Sim, nada menos do que curioso, para não usar outra expressão. A expectativa sobre o filme é bem grande. Envolta em trevas, loucuras e um mistério sobrenatural, a produção acompanha o dia a dia de uma autora que se vê dividida

entre seu amor de infância e um misterioso estranho. Ao tentar escapar dos fantasmas do passado, ela é arrastada para uma casa sombria no topo de uma montanha de barro vermelho-sangue que parece respirar, sangrar e se lembrar de seus antigos desejos. No elenco: Tom Hiddleston, Charlie Hunnam, Jessica Chastain e Mia Wasikowska.

Do que é capaz uma mulher traída? Isabel Dias refletiu, refletiu e perdoou, pensando no futuro. Mas descobrir novas mulheres do seu marido foi demais. Avisou os três filhos e exigiu a separação. Chamou isso de “Operação Chega de Bandalheira”. No começo, ela queria vingança. Não contou para ninguém mas saiu em busca de 32 homens, um para cada ano que passou casada. Produziu um livro que é erótico, mas é também libertador.

SOM&

Lana Del Rey Honeymoon (Universal Music)

Preço: R$ 27,90

Lana Del Rey está de volta com novo álbum. “Honeymoon” é o quarto álbum de estúdio da cantora e traz os singles “High By The Beach”, “Terrence Loves You”e “Honeymoon”que dá título ao trabalho. Considerado um dos álbuns mais aguardados de 2015, o processo de elaboração do projeto foi iniciado ainda em 2014, cerca de seis meses após o lançamento de seu terceiro disco de originais, “Ultraviolence”.

Mutantes – Box Vinil Polysom Preço: R$ R$ 799

No final da década de 1960, a música nacional conheceu o grupo que, quase 50 anos depois, ainda dá muito o que falar: Os Mutantes. Um dos precursores do rock no Brasil, a banda apresentou um som único, psicodélico, que serviu, e ainda serve de referência para as gerações seguintes. A Polysom conta o início de sua trajetória, com o lançamento de “Os Mutantes – Box”, caixa especial que traz seus cinco primeiros discos, mais “Tecnicolor”(gravado na França em 1970 e lançado em 1999) e a coletânea “Mande um Abraço pra Velha”, todos em vinil, masterizados a partir das fitas originais.


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NOTÍCIAS CULTURA

Para chacoalhar a cena cultural da cidade 1º Festmúsica sairá do papel e reunirá 16 bandas na cidade; colaborativo, o Festival da Árvore é outro evento que prova que a cidade definitivamente está mais harmoniosa

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

F Divulgação

alar em festivais em São José dos Campos é, automaticamente, remeter-se aos tradicionais Festivale e Festidança. O primeiro, de teatro, completou sua 32ª edição em 2015. Já o segundo, de dança, teve sua 26ª edição em maio deste ano. Mas, em novembro, depois de muita espera do público, a música também ganha seu espaço entre os festivais da

O Coletivo da Árvore reuniu artistas com produção autoral para um festival que pretende mostrar novas vertentes da produção cultural da cidade

cidade. O 1º Festmúsica será realizado entre os dias 19 e 29 de novembro. O evento, que deve selecionar 16 shows de músicas autorais, recebeu mais de 50 candidatos até o dia 15 de setembro, data limite para as inscrições. Organizado pela FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo), o Festmúsica não terá caráter competitivo, assim como já acontece no Festivale. As apresentações, de 30 a 40 minutos cada, vão contemplar a diversidade musical não somente da região,

mas também em âmbito nacional. As atrações serão selecionadas de forma a contemplar ritmos semelhantes na mesma noite. O impasse agora é descobrir em qual palco (ou em quais os palcos) o evento vai acontecer. Com o Teatro Municipal ainda fechado devido às obras de segurança, a FCCR estuda locais alternativos. No Festidança deste ano, por exemplo, o Pavilhão Gaivotas, no Parque da Cidade, foi a alternativa encontrada pela organização.


“Temos algumas opções que estamos estudando ainda. O ideal é encontrar um local que concilie as demandas técnicas e de público. Provavelmente ainda não poderemos contar com o Teatro Municipal, mas tenho certeza de que esse não será um problema para o festival”, afirma o presidente da FCCR, Alcemir de Palma. O festival atende uma antiga demanda da cidade e, de acordo com Palma, foi realizado levando em consideração as opiniões do público e de artistas de São José. Palma revelou ainda que, na organização, o evento será mais parecido com o Festivale do que com o Festidança. “No Festmúsica, assim como já acontece no Festivale, a mostra não será competitiva. Todo o regulamento foi baseado em reunião com a classe artística e com o público, que tanto solicitavam que um festival de música acontecesse na cidade”, ressaltou. Até o fechamento desta edição, a FCCR ainda não havia escolhido as bandas que participarão do festival. De acordo com o edital, todas elas receberão uma ajuda de custo que varia de R$ 2 mil a R$ 4 mil.

Da árvore Se o Festmúsica nasceu de uma demanda dos artistas e do público, outro festival de música em São José dos Campos, o Festival da Árvore, que acontece no dia 18 de

O festival proposto pela Fundação Cultural Cassiano Ricardo pretende seguir o modelo do Festivale (foto)

outubro, no Parque da Cidade, é fruto do envolvimento coletivo de um grupo de artistas que há um bom tempo já vem fazendo barulho na cidade: o Coletivo da Árvore. O evento, que tem apoio da FCCR, acontece das 13h às 20h e traz como atrações principais o trio Salve as Kamadas Líricas, a banda Alarde, Trio José e o rapper Síntese, que toca junto com o Projeto Nave. Nos intervalos, haverá intervenções e apresentações musicais. Contando com artistas autorais de diferentes vertentes, o coletivo reúne um público fiel, que costuma lotar os eventos promovidos por eles. De 2013, quando o pessoal começou a se reunir (ainda sem a alcunha de coletivo), para cá, o grupo vem acumulando experiências positivas na cultura joseense. Em dezembro de 2014, o projeto “Imersão”colocou cinco bandas regionais para encerrar as atividades culturais do Sesc naquele ano. Resultado: um público com mais de mil pessoas lotou o ginásio. Depois disso, o sucesso se repetiu na Virada Cultural Paulista deste ano, quando os artistas foram a atração principal do palco do Sesc. “Estamos dando vários passos para desenvolver a autonomia dos coletivos que fazem ações culturais na cidade. A ideia é justamente de depender menos do poder público para fazer

as ações acontecerem”, explica um dos integrantes do coletivo, Marcelo Lira. A realização do festival começou a ser cogitada justamente na primeira data que o grupo tocou no Sesc. Em janeiro deste ano, começaram as reuniões para definir qual seria a ‘cara’ do evento. O local já foi definido: o anfiteatro aos pés de uma árvore centenária no Parque da Cidade seria o cenário perfeito para atender a filosofia de ocupação do espaço público que o coletivo gostaria de imprimir à festa. “Sempre tivemos essa preocupação de ocupar espaços públicos para realizar intervenções como cinema ao ar livre, poesias ou apresentações musicais. Então, para nós fez todo o sentido do mundo que esse festival acontecesse ali”, explica Lira. “Hoje as pessoas ainda enxergarão o festival como uma coisa nova, mas nossa intenção é que daqui a alguns anos esse tipo de evento já seja corriqueiro na cidade”, complementa o produtor cultural que ainda acrescenta: “Todos os artistas estão tirando dinheiro do bolso para tocar”. ■

Paulo Amaral/ Divulgação

São José dos Campos, Outubro de 2015 | 51


Ricardo Tozzi

Adriana Birolli


PARCEIROS DA

VIDA

INVESTIMOS NO HOSPITAL DO GACC

2015

As pessoas falam em crises, problemas. Mas no que isso se compara à luta de uma criança ou jovem com câncer? Você pode trazer a Esperança a inúmeros jovens e crianças com câncer. Sua empresa pode contribuir com o Hospital do GACC. Seja um Parceiro da Vida.

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54 | Revista Metrópole – Edição 8

NOTÍCIAS ESPORTES

Fotos: Andressa Arruda/ Divulgação

O esporte adaptativo tem resultados físicos positivos, mas o benefício psicológico ao praticante é ainda maior


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 55

É a vez deles

Nascido nas águas do lago de uma universidade, o projeto ELA leva portadores de deficiência física a se tornarem atletas, deixando para trás o olhar desconfiado da sociedade

Thiago Fadini SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

S

eis horas da manhã. O sol ainda está surgindo no céu. A neblina ainda toma conta da orla do lago. A temperatura está amena. Assim que os primeiros alunos chegam, o professor já está preparado para encarar ao menos duas horas de aulas de remo. Passado esse tempo, é chegado o momento de subir ao Bloco 6 do campus da Univap (Universidade do Vale do Paraíba) para atender a outros alunos, esses literalmente especiais.

Essa é a rotina de Leandro Pereira, biólogo formado pela universidade e um dos idealizadores do ELA (Esporte e Lazer Adaptativo), programa que leva a prática esportiva a portadores de deficiência física e necessidades especiais de São José dos Campos. Com auxílio de voluntários da Univap e de outras faculdades da região, o ELA, que está há três anos em plena atuação, monitora a saúde física e disponibiliza aulas de canoagem, stand up paddle e handbike a dezenas de cadeirantes, gratuitamente.

“Começou em 2011, porque o projeto foi apresentado em uma reunião de congregação [reunião dos coordenadores de todos os cursos da área da saúde]. Ele (Leandro) fez uma minuta e apresentou onde e o que ia usar. Ele começou aqui [apontando para a piscina de hidroterapia] e no lago. Disso partiu para a handbike e a coisa foi andando”, recorda Patrícia Goulart, enfermeira e responsável técnica do Centro de Práticas Supervisionadas da Faculdade das Ciências da Saúde da Univap.


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O nome ELA remete à doença Esclerose Lateral Amiotrófica e ainda, segundo Leandro, por coincidência, usa as letras iniciais dos nomes dos fundadores do programa: Leandro Pereira, Evandro Bonocchi e Arthur Hashimoto. “Arthur começou esse trabalho de treinamento funcional com cadeirantes sozinho, na academia. Ele tinha um cadeirante que começou a falar que queria remar. Eles ligaram em todas as agências e nenhuma se sentiu segura”, contou o biólogo, que também faz parte de uma equipe de esportes radicais. O desmembramento da história por trás da inspiração para o projeto é um dos momentos que mais emociona Leandro Pereira. O desfecho então é relembrado com mais carinho. “Nunca tinha tido contato. Fui na represa com o Evandro e eu estava remando. De repente, olhei para trás e ele estava chorando. Perguntei se estava tudo bem e ele me disse: ‘Você não tem noção do que está acontecendo. Nunca mais senti o vento sem ninguém estar com medo de eu morrer e nunca tinha ficado tão longe da minha cadeira. Quem está olhando de fora não sabe se sou eu ou você o cadeirante’ ”, revelou. “Quando cheguei em casa eu senti vergonha, porque eu com 30 e poucos anos não sabia conviver espontaneamente com uma pessoa com

O movimento no caiaque ajuda na expansão do tórax

deficiência. Tinha vergonha de que pegassem o mesmo elevador que eu e não soubesse ajudar, por exemplo. Aí, pensei e vi que não era culpa minha. Por que não tinha isso na escola? Por que não tinha no judô, na natação? Hoje sei que eles poderiam estar lá”, completa Leandro, com a voz embargada. Naquela mesma noite, o biólogo passou a madrugada escrevendo um projeto com o objetivo de possibilitar pessoas com deficiência a remar, além de habilitar alguns deficientes a ensinar o esporte para crianças. Assim, os pequenos poderiam ter a oportunidade que ele não teve, a de conviver com um portador de deficiência. O projeto, que hoje é um programa, foi aceito pela universidade

Para Leandro Pereira, o trabalho com cadeirantes lhe ensinou a conviver com pessoas portadoras de deficiência

e Leandro começou a trabalhar e a dar aulas de stand up e treinamento funcional no lago da Univap para poder estar próximo dos cadeirantes.

Na prática De acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2015, 1,3% da população brasileira tem algum tipo de deficiência física e quase a metade deste total (46,8%) tem grau intenso ou muito intenso de limitações. Somente 18,4% desse grupo frequentam algum serviço de reabilitação. O ELA atende simultaneamente a 12 pacientes por três meses, tempo considerado ideal para a iniciação, desenvolvimento e continuidade da pessoa no esporte. A partir daí, é dada a alta para os ‘esportistas’. Entretanto, a maioria das pessoas que teve alta continua frequentando a clínica da Univap para praticar e auxiliar na adaptação de iniciantes. O sucesso do ELA pode ser medido pela abrangência do mesmo no campo da saúde. Atualmente, o programa integra ao menos quatro campos de estudo, além da fisioterapia: nutrição, enfermagem, odontologia e terapia ocupacional. A questão psicológica é tratada com ainda mais carinho, pois é


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 57

por onde a recuperação e a reabilitação do paciente realmente se iniciam. “Eles têm melhora no ganho físico a na capacidade cardiorrespiratória. Todo paciente que fica na cadeira, com o tempo, vai ganhando má formação postural. O tórax fica totalmente travado e ele vai acomodando as vértebras e perdendo a elasticidade. Nesse movimento [de rotação do caiaque], independente da altura da lesão, quando ele vem para água e movimenta o braço, ele ganha uma expansão”, exemplifica Patrícia Goulart.

Competidores Além do ELA, Leandro concilia a vida de professor e coordenador do programa com a de atleta do circuito brasileiro de corrida de aventura. Mesmo nas horas de lazer, ele não se contenta em

dar uma pausa com o programa e deu um ‘jeitinho’ de incluir os pacientes nas competições. “Eles me viam indo para a prova, todo equipado, com bússola e tudo mais. Como tinha 13 anos de circuito, liguei para o diretor de prova e falei: ‘Cara, eu me viro. Posso levar?’. Foi muito impactante. A gente ‘acabou’ com a corrida, porque fizemos de tudo e chegamos na frente de umas 25 equipes”. A partir desse dia, a equipe de Leandro Pereira ganhou inscrição vitalícia para o circuito brasileiro. A grande prova dos benefícios que o Esporte e Lazer Adaptativo trouxe aos cidadãos que o buscam está estampada nos rostos alegres e nas risadas que são trocadas antes das atividades entre todos. Wagner Moreira é uma testemunha de todo o bem que o esporte trouxe para o seu dia a dia. O sorridente homem

de 38 anos participa do ELA há três. Em 1999, sofreu uma lesão nas vértebras C4, C5 e C6 após bater com a cabeça no fundo de um lago durante um mergulho. “Depois da lesão, nunca mais me interessei por esporte. Hoje, vejo que vir pra cá me ajudou muito na autoestima. O apoio dos professores e dos alunos que ajudam a gente é muito importante. A autoestima da gente vai lá em cima. Você dorme melhor, come melhor e tem vontade de viver”, comenta. Com um futuro que deve ser longo, o ELA promete continuar a atender quem se dispor à iniciação esportiva e ao esforço para tornar a própria vida mais saudável e leve. Como diz Wagner, a atividade física traz de volta a ‘vontade de viver’. “O tempo que eu conseguir [continuar a praticar o esporte] e que for preciso, estarei aqui”, finaliza um Wagner convicto. ■

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NOTÍCIAS ESPORTES

Os craques do fim de semana

Sem grande reconhecimento e contratos milionários, o futebol amador joseense movimenta mais de 8 mil atletas Thiago Fadini SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

Carol Tomba/ Meon

cordar todos os dias antes do sol nascer de segunda a sexta-feira e trabalhar até depois que ele se pôr. Chega o fim de semana e é o momento de acordar tarde, aproveitar um tempo ocioso em casa, com a família... Ou de encarar temperaturas de 35º graus, chuvas

constantes, barro, gramados irregulares e uma torcida rival que não para de berrar nas grades que separam o campo da rua. Para mais de 8.500 ‘profissionais’ que disputam os campeonatos de futebol amador em São José dos Campos, o ‘sabadeira’ e o ‘domingueira’ – dias em que ocorrem os amistosos (sábado) e jogos de campeonato (domingo) – são sagrados nas dezenas de campos públicos

e particulares espalhados pela cidade. A modalidade não tem uma data específica de surgimento no município. No entanto, registros do site Campeões do Futebol indicam que antes dos anos 1950 diversos amistosos eram realizados pela cidade, principalmente na zona norte, próximo ao bairro Santana. Em 1955, o joseense Ildefonso José da Costa, com o apoio de Nicolau Assis, José Baruel e Geraldo Moacyr


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 59

Marcondes Cabral, criou a Liga Municipal de Futebol de São José dos Campos, entidade que promove o torneio com mais de 40 agremiações. Além da Liga, como é conhecida, a cidade ainda tem a ACAF (Associação dos Clubes Amadores de Futebol de São José dos Campos), que conta com 20 equipes associadas e que formam o segundo campeonato joseense mais tradicional de futebol amador. Para disputar os torneios da Liga e da ACAF, os clubes precisam pagar uma mensalidade às entidades. O leque de campeonatos de futebol amador em São José dos Campos é completado pelas Copas Populares, promovidas de forma gratuita pela administração municipal há 22 anos. Só nas Copas, que contam com três divisões adultas, uma para maiores de 50 anos e mais duas divisões com cinco categorias cada para jovens e adolescentes, são 44 agremiações com

192 equipes sendo formadas por quase cinco mil atletas. Juntas, as Copas Populares, a Liga e a ACAF reúnem mais de 340 equipes amadoras, com atletas a partir de sete anos de idade. “São 4.900 atletas que jogam bola no fim de semana. Isso sem contar com técnico, massagista, diretor de time, além dos 60 árbitros que apitam os jogos”, disse Claudio Lazari, diretor de Planejamento da Secretaria de Esportes e Lazer de São José dos Campos. A paixão do joseense pelo futebol amador se reflete não somente no número de jogadores, mas também no de torcedores. De acordo com estimativa da própria Secretaria de Esportes e Lazer, cada um dos 1.450 jogos realizados nas Copas Populares reúne, em média, 150 espectadores em cada um dos 50 campos públicos da cidade. Cada temporada de um campeonato da modalidade dura em média seis meses.

“É uma das maiores organizações de futebol amador do país. Se compara às principais capitais do país em quantidade de equipes”, completou Claudio Lazari. “As Copas têm um custo em torno de R$ 300 mil. Alguns questionam que estamos gastando dinheiro à toa. Não. Estamos proporcionando lazer barato para todos. Não discriminamos ninguém”, afirma Ito Naressi, coordenador técnico da Divisão de Futebol da Secretaria de Esportes e Lazer.

O amor pela camisa Waldemar da Silva, de 53 anos, dedica a vida ao futebol amador. O servidor público é representante do Cruzeiro, da comunidade Santa Cruz. O time nasceu em 1948 e é o maior vencedor das Copas Populares, com 15 títulos de primeira divisão, além de cinco como campeão geral. “Na época que meu pai jogava, a

O time do Cruzeiro, da Santa Cruz, em São José dos Campos, posando para a foto oficial antes da partida


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As Copas têm um custo em torno de R$ 300 mil. Alguns questionam que estamos gastando dinheiro à toa. Não. Estamos proporcionando lazer barato para todos. Não discriminamos ninguém Ito Naressi

COORDENADOR TÉCNICO DA DIVISÃO DE FUTEBOL DA SECRETARIA DE ESPORTES E LAZER

Para os cinquentões, os campeonatos de futebol amador servem como ponto de encontro de amigos e fuga da rotina corrida do meio da semana. “O futebol é o que faz os amigos se encontrarem, então, a gente não deixa de participar, porque é o meio em que a gente reúne o pessoal”, fala Adalberto Corrá, de 55 anos, que já foi jogador profissional pelo Santos Futebol Clube e pelo Bragantino. Além do profissionalismo, Adalberto tem no currículo quase 25 anos de futebol amador em São José. Depois de mais de duas décadas, o único desafio na vida do corretor de seguros está na ‘liberação’ da família. “No final de semana, a coisa pega com a esposa e os filhos. Mas eles sabem que o pai e marido gosta de jogar”, finaliza Adalberto Corrá.

O social dos gramados E se engana quem pensa que a modalidade serve apenas como lazer para quem participa. Além de ter um time adulto supercampeão da AP1 (Primeira Divisão Adulta), Waldemar da Silva, nascido na Santa Cruz, ministra aulas de futebol na Vila Maria, zona central da cidade, para crianças e adolescentes

Waldemar da Silva divide a vida entre a bola e o volante da Kombi . A paixão pelo time foi herdada do pai

Adriano Pereira/ Meon

gente jogava até descalço. Ele foi tocando o time até ele adoecer. Aí começaram as Copas Populares e começou a ficar difícil de marcar jogos amistosos, então, entramos nas Copas. Por muitos anos, só deu a gente”, conta Waldemar com ar de orgulho pelas conquistas. O mesmo fervor pode ser encontrado em Adriano Aparecido Alvarenga, jogador do Orion, do distrito de Eugênio de Melo, que entrou na modalidade por influência do pai. “Ia acompanhando meu pai. Ficava na beira do campo, fui gostando e comecei a jogar. Isso vem de família. Inclusive meus dois irmãos jogam no mesmo time que o meu”, contou. Hoje com 32 anos, o operador de produção sabe que daqui a algum tempo será mais difícil acompanhar a nova geração. “Tenho mais três anos de amador, até os 35. Depois, vou procurar uma categoria de veteranos”, conclui Adriano.

da comunidade. Um dos ex-alunos, inclusive, está hoje nas categorias de base do São Paulo Futebol Clube. “Gosto de ‘usar’ os meninos daqui, porque nasci aqui e sei que é difícil tirá-los das drogas. A escolinha é para afastá-los disso”, fala. Com a grande procura dos mais jovens, as Copas Populares foram abertas às escolinhas que treinam garotos de sete a 17 anos. Duas divisões foram criadas para promover a integração e o nivelamento dos times. Para Waldemar da Silva, mais importante do que vencer qualquer torneio de base, é o ganho social que o futebol traz para a vida dos jovens. “Tudo isso ajuda, a gente acaba pegando carinho pela comunidade. É uma coisa que faço sem interesse, porque praticamente mais gasto do que ganho com isso”. Muito mais do que conquistar troféus, os ‘profissionais’ do futebol amador buscam aos fins de semana, durante seis meses, o lazer, a satisfação pessoal e o prazer de praticar o esporte que amam levando-o um pouco mais a sério, sempre com aquela atmosfera bairrista única que só quem é de sabadeira ou domingueira conhece. ■



Carol Tomba/ Meon

O bancĂĄrio JĂşlio Santana exibe a famosa galinhada cheia de temperos


Sabor&

Por Elaine Santos

Só para amigos

I

magine que, no final de semana de sua folga, você terá que cozinhar para mais de 30, 50 pessoas na praia, no sítio ou mesmo na cozinha do salão de festa do seu prédio. Prazeroso? Para Júlio César Santana, sim, e muito! Por isso, ele é o convidado da edição deste mês da coluna Chef em Casa. No dia a dia, a vida de Júlio é bem estressante, pois cuida minuciosamente de cálculos, metas e investimentos − pior, dos outros! Ele é gerente das agências do banco Santander de Jacareí e tem nos encontros entre amigos a terapia do fogão: ‘gourmetizar e socializar’. “Há quatro anos, tive a ideia de montar um grupo para fazer comidas típicas de outros países, sempre na primeira sexta-feira do mês. O que acontece é que, nem sempre, esperamos completar 30 dias do nosso encontro e logo marcamos o próximo. Também não seguimos cardápio estilizado, vai o que der na cabeça e o que o povo está com vontade de comer”, conta. Entre as receitas mais tradicionais do executivo está a galinhada. Aparentemente, um prato fácil de preparar, mas não! É preciso atenção aos temperos e principalmente cuidado no preparo. A receita segue um cronograma em que, segundo o chef, a ordem dos fatores altera o produto! “Aqui é relativamente tudo muito simples, mas a atenção aos detalhes do tempero é, sim, muito importante. Tem que seguir a ordem para que o sabor fique realmente no ponto. Geralmente, eu coloco todo mundo pra trabalhar. Cada um colabora com alguma coisa: picando os tomates, a cebola ou mesmo mexendo o tacho. Sempre brinco, dizendo que me convidar para ir à uma academia ninguém convida, mas pra beber e comer, isso não falta (risos). Então, tem que ajudar no trabalho também”, diz. No grupo de amigos de Júlio tem de tudo: veterinários, bancários, policiais militares, civis, médicos e até construtor civil. À medida que os anos vão passando, a receita vai aumentando e a família também. Júlio, por exemplo, comemora em breve o segundo ano dos gêmeos ‘sapecas’ Arthur e Helena. Confira agora a receita da famosa galinhada de Júlio Santana e tente fazer em casa!


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Ingredientes 2 kg de arroz parboilizado 2 kg de coxa e sobrecoxa de frango desossados e picados 1 ½ kg de peito de frango picado 600 g de bacon 600 g de calabresa Cheiro verde a gosto Alho e cebola a gosto (foram usadas 6 cebolas médias e 1 cabeça de alho) 1 pacote de queijo parmesão ralado 6 tomates grandes picados 3 latas de milho verde Açafrão da terra a gosto Azeite e sal a gosto 1 caldo de galinha

Modo de preparo Em um tacho, coloque a metade da cebola picada. Junte 2 colheres de alho triturado, de azeite e o bacon. Frite até dourar. Acrescente a calabresa. Mexa bem até que a calabresa solte toda a gordura. Acrescente o frango, frite e, aos poucos, coloque o cheiro verde. Reserve. Em outra panela, frite o açafrão na gordura do bacon. Acrescente o arroz e frite por alguns minutos, sempre mexendo. Adicione cinco litros de água fervente já com o caldo de galinha derretido. Após secar, misture no tacho com a galinhada, cubra com o queijo ralado e sirva. Esta receita serve até 20 pessoas.



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Social& Tradição gelada e saborosa

Carol Tomba/ Meon

Imagine um casal de namorados saboreando uma bela banana split numa tarde de domingo. A imagem remete a clássicas cenas de filme, mas pode ser vista comumente numa sorveteria de Jacareí, cujas fotos das delícias estão fazendo sucesso nas redes sociais e deixando muita gente com água na boca. A sorveteria Crenata − o nome surgiu a partir de um sorvete feito com creme e nata− nasceu em 1986 e, desde então, é um ponto de encontro tradicional na cidade. Até pouco tempo, Vando Prado cuidava do empreendimento sozinho. É ele quem se preocupa em cortar os pedaços de chocolates e em selecionar as melhores frutas da estação que compõem algumas receitas. Mas, como é para frente que se caminha, a Crenata passa hoje por uma modernização em seus processos administrativos internos. Entre os resultados da nova gestão, merece destaque a divulgação dos sorvetes no Facebook. Os funcionários até já entraram no “clima” e existe uma verdadeira competição de produção das taças de sorvete. “A mais bonita é publicada nas redes sociais. Eles se sentem orgulhosos de verem que o que foi montado está recebendo vários ‘likes’ ”, conta Jéssica Prado, filha de Vando e que se tornou os “olhos” do pai na empresa enquanto ele produz os sorvetes.

Pedro Ivo Prates

A maioridade da Companhia Athletica Veja todas as fotos do evento no link abaixo:

A Cia Athletica comemorou, na noite do dia 2 de outubro, 18 anos em São José dos Campos, com festa alegre, gente bonita, open bar e uma balada que surpreendeu pelo robô gigante que fez “bombar” a pista de dança. Ao lado da esposa Mônica Marques, o proprietário Alberto Marques, ou simplesmente Mano para os amigos, disse que “a Cia realiza este mega evento, mesmo em época de crise, mostrando que temos que acordar cedo e vencer as dificuldades. A festa é para mostrar o esforço do nosso time e a satisfação de nossos clientes. São José é especial e depende de nós para sairmos da crise”.


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 67

Denise Hellena

A queridinha das marcas Uma vida agitada, com a agenda recheada de eventos bacanas e um closet de dar inveja. Esse é o sonho de muita mulher. Em São José, a stylist Talytha Govale vive essa experiência e é a queridinha de grifes de roupa, calçados e acessórios da região. As marcas procuram a stylist para usar as peças e divulgá-las em suas redes sociais, que somam quase 6 mil seguidores. E o que começou como uma brincadeira hoje se tornou algo sério. Com um crescimento significativo nas vendas, as marcas que Talytha divulga acabam depositando uma grande confiança no bom gosto da produtora de moda, que faz questão de ressaltar a sua profissão antes de tudo. “Decido divulgar por que confio na proposta. Só uso o que realmente acredito e tem a ver com a minha personalidade”, conta.

Bruna Moraes

Uma fotógrafa com raça A joseense Larissa Iris (no detalhe) está fazendo um grande sucesso na internet com suas fotos. A jovem tem em mente vários projetos relacionados à figura do negro na mídia. Um deles é o projeto “Cansei”. Ela entrega uma lousa para uma pessoa negra, onde a pessoa que será fotografada escreve algum comentário racista que já cansou de ouvir. O projeto teve uma repercussão e aceitação tão boas que a moça já está sendo reconhecida até em São Paulo. Formada em Nutrição, ela começou a fazer um curso de fotografia básica, sem interesse algum em se profissionalizar. Após comprar sua primeira câmera, em uma viagem para Nova Iorque em 2014, ela começou a observar os negros americanos e a compará-los com os brasileiros. Larissa, que é negra, observou a exclusão do negro na publicidade e na mídia durante a viagem. “Nós também somos consumidores dos produtos que vemos nas campanhas publicitárias. Queremos a nossa inserção na mídia. Não quero ser lembrada apenas no Dia da Consciência Negra”, assegura.


68 | Revista Metrópole – Edição 8

Varanda gourmet traz um espaço descontraído para receber convidados, além de um sistema de som automatizado para animar o clima


SĂŁo JosĂŠ dos Campos, Outubro de 2015 | 69

Arquitetura& Por Adeline Daniele

Conectados com o conforto De sistemas automatizados atĂŠ um ambiente para home office, apartamento traz conforto e praticidade para rotina do casal

Fotos: Carol Tomba/ Meon


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A

daptar a rotina de trabalho e dos afazeres domésticos foi o desafio da arquiteta Karin Tavares, do escritório A+D’U, ao projetar o apartamento de um jovem casal em um condomínio na Vila Ema, em São José dos Campos. Totalmente projetado para oferecer conforto e praticidade aos novos moradores, o apartamento de 147 metros quadrados traz desde revestimentos práticos para fácil limpeza, como piso em porcelanato, até sistemas de iluminação, som e ar condicionado automatizados, que podem ser acionados por meio de dispositivos móveis. “Pensamos em um espaço aconchegante e prático para que eles se sintam bem ao chegar do trabalho”, diz Karin. Por trabalhar em casa em algumas oportunidades, o cliente pediu um ambiente com móveis dimensionados para o home office, recebendo os equipamentos eletrônicos necessários. Mesmo com a vida profissional intensa, o casal gosta de estar em casa e receber amigos. Foi pensando nisso que o projeto de arquitetura incluiu o espaço gourmet e a integração da sala de estar com a cozinha. “Eles gostam muito de cozinhar e, então, juntamos esses dois ambientes para que o chef possa interagir com os convidados”, afirma a arquiteta. A sala de estar e TV esbanja conforto: a parede revestida com lâminas de madeira freijó natural é responsável pelo aconchego. No quarto do casal, a cabeceira revestida em tecido também garante um ambiente acolhedor. ■

Dica da Arquiteta No universo da automação residencial, onde existem inúmeras possibilidades, a arquiteta orienta privilegiar: a iluminação, que permite a criação de cenários e o som, que possibilita a integração dos ambientes num volume adequado.

Um dos três quartos do apartamento foi equipado com móveis planejados para facilitar o home office


São José dos Campos, Outubro de 2015 | 71

A cozinha também ganhou atenção especial da arquiteta, com uma bancada extra para os moradores, que gostam de cozinhar e receber visitas

O projeto incluiu a integração entre a sala e a cozinha para o ‘chef’ da casa poder interagir com suas visitas


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Crônicas & Poesia

A cidade que nos tem por Ludmila Saharovsky

E

u acredito que cidades, assim como pessoas, possuem alma e carma. Elas, como nós, passam pelo ritual de nascimento, registro, batismo. Recebem um nome, um padroeiro, seguem um destino. Crescem, amadurecem, multiplicam-se em ruas, bairros, distritos. Adoecem e são tratadas. Às vezes, adquirem moléstias crônicas, que carregam como fardo, por séculos. Outras, chegam a falecer: cidades mortas. E todas elas ostentam inúmeros perfis. Há as tímidas e retraídas, que recusam-se a marcar presença. Há as festeiras, eternamente iluminadas, produzidas, sempre recebendo visitas. Tem as que não param de trabalhar: dia e noite suas altas chaminés cospem fumaça e fogo pelos ares. Existem as incrustadas em montanhas, glamourosas com ar europeu, arquitetura requintada. E há as bem caipiras, de uma só rua, com galinhas ciscando e cavalos pastando livres e felizes por entre as cercas de bambu que separam hortas e casas caiadas. Há as de pele tão seca, que até racham e as que se mostram repletas de rios, cachoeiras e lagoas. Existem as que possuem lendas e mistérios, e outras que desconhecem a própria origem. Tem aquelas cujo solo é santificado por basílicas e milagres e as simplesmente à toa, sem eira nem beira, sem lei nem justiça. Se nós nos abrirmos para os espaços e aguçarmos nossos sentidos, poderemos perceber com clareza que os lugares comunicam-se conosco, e nós ou aceitamos sua vibração e criamos raízes, ou simplesmente passamos ao léu, sem deixar qualquer pegada. As cidades palpitam, confidenciam, reclamam, cobram. Assim como as casas (que também possuem alma) e adquirem, com o passar dos anos, cada qual o jeito e até o cheiro de seus donos, as cidades vão assimilando e refletindo a personalidade de quem as habita, uma vez que somos nós quem lhes outorgamos estrutura,

a organização de um perfil particular e uma personalidade própria. As cidades, como as pessoas são dotadas de uma certa independência e livre-arbítrio. Elas têm amor próprio e dignidade. Não é fato raro nem isolado que respondam aos maus tratos que recebem transbordando rios, ruindo pontes, desbarrancando encostas, ou então partindo-se ao meio e recolhendo em suas entranhas toda uma estrutura que a agride, mas, embelezadas com jardins e parques, animais e aves, poesia e arte que lhes alimentam a alma, plasmam em nós o bem estar que emitem. E elas sofrem também de nostalgia. Ah! Aquele solar, aquele antigo convento, aquele teatro... É quando vagam por dentro da neblina densa da memória: recordam sons, recolhem confidências, rememoram segredos, resgatam anônimos heróis e amantes e conseguem até contagiar-nos, despertando em nós sentimentos e emoções latentes. Nestes momentos, afloram em cada um, de maneira inusitada, fortes rompantes de cidadania, que nada mais são, do que uma declaração de amor pela cidade que nos tem. Então, adotamos praças, restauramos prédios históricos, recolhemos tênues sinais deixados por nossos antepassados, engajamo-nos em lutas para salvar um rio, um parque, um casarão. Em momentos como estes, homens e lugares reconhecem-se unos. Respeitam-se e interagem em perfeita sintonia. Nestas raras ocasiões, a prosperidade se instala e a humanidade é brindada com épocas de ouro, com obras majestosas que glorificam e celebram a vida, tornando-se sólidas referências para as gerações vindouras. Tudo o que os lugares almejam é que o homem lhes reconheça o espírito e a serventia. Que neles respeite o “anima mundi”que a tudo e a todos permeia. Tarefa tão simples e tão complicada nos dias em que vivemos!

Ludmila Saharovsky é radicada em Jacareí desde 1965. Escreve crônicas, contos e poemas. Dentre suas obras publicadas destacam-se: “A pedra e o lago”(teatro); “Tempo Submerso”(ficção) e “Jacareí: Tempo e Memória”. No prelo, está a obra “Cem crônicas escolhidas e alguns contos clandestinos”, que será lançado em 2016.


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