Metrópole Magazine - Setembro de 2015 / Edição 7

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Setembro de 2015 – Ano 1 – nº 7 – Distribuição gratuita

A Hora do Futuro Profissionais de destaque compartilham suas escolhas no momento decisivo do vestibular

CULTURA

Taubaté é a cidade do interior paulista que mais possui museus históricos. Por ano, são mais de 90 mil visitantes pág. 54

O momento político no Brasil é de muita desconfiança por parte da população e isso afeta todas as esferas de poder Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista pág. 14


V E M

A Í

M A I S D O

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São JoséMetrópole dos Campos, – Edição Julho 7de 2015 6 | Revista

metr pole magazine

EDITORIAL

Diretora Executiva

Regina Laranjeira Baumann

Editor-Chefe

Fábio Figueira

Edição e Revisão

Kelma Jucá

Diretora Comercial

Fabiana Domingos

João Pedro Teles Moisés Rosa

Repórteres

Rodrigo Ribeiro

A EDUCAÇÃO É O CAMINHO

Thiago Fadini

Diagramação e Arte

Camilo Alvarez Netto

Os adolescentes experimentam, aos 16 anos, os Elaine Santos Colunista primórdios de sua vida futura. Começam a delinear QUEM CONHECE, CONHECE BDO o que e como irão viver. Mergulhados em sonhos, exAinara Manrique das Big 5 pectativas e medos, receiam não fazer a escolha Uma certa, Carol Tomba Filipe Manoukian Líder no middle market cuja ansiedade é vista no olhar atento sempre que um Flávio Pereira Colaboradores adulto narra histórias sobre sua adolescência e o21que escritórios no Brasil Idelter Xavier Marcelo Caltabiano os motivou a escolher o caminho que os trouxe ao Audit | Tax | Advisory Pedro Ivo Prates presente de sucesso e prosperidade. Rebeca Caballero Se é certo que estes jovens estão em fase de concreGabriel Gaia Arte ção, igualmente o é que clamam por orientação, razão pela qual a Metrópole Magazine traz nessa edição Lucas Henrique Mídias Sociais profissionais que se realizaram e acreditam na educaDepartamento Maria José Souza ção como o caminho, senão o único, imprescindível Administrativo para, somado a outros elementos que lapidam o hoTiragem auditada por: mem para viver em sociedade, ser produtivo, íntegro e feliz. Tel (55 12) 3941 4262 A escola é vital para a construção de uma sociedawww.bdobrazil.com.br de justa, plural. É o local onde os indivíduos podem compartilhar Metrópole Magazine conhecimento por meio da discussão de ideias, usanAvenida São João, 2.375 –Sala 2.010 do sua capacidade de raciocínio, absorção e reflexão. Jardim das Colinas –São José dos Campos CEP 12242-000 O homem, um animal político, como afirmou ArisPABX (12) 3204-3333 tóteles, é capaz de a partir de experiências vividas no Email: metropolemagazine@meon.com.br passado, planejar o futuro e, a cada geração, avançar aprimorando seus conhecimentos. A revista Metrópole Magazine é um produto do Grupo Meon de Comunicação A formação técnica deve se somar ao talento natuTiragem: 15 mil exemplares ral de cada pessoa e, com o olhar na busca do saber, caminhar rumo ao futuro!  Visite nosso site

Regina Laranjeira Baumann

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São José dos Campos, Setembro de 2015 | 7

Divulgação

EM QUEDA Somente neste ano, a indústria na região já demitiu mais de 5 mil pessoas. Apresentamos um panorama da economia e da atual situação na indústria valeparaibana pág. 18

26 42

ENTREVISTA O presidente do PSDB de São Paulo, Pedro Tobias, fala sobre a movimentação do partido para as próximas eleições e os planos para o Vale

BASQUETE Após um ano e meio, o técnico Luiz Zanon deixa o time joseense em tom de nostalgia

Momento de decisão 8 9 10 12 24 e 61

Divulgação

14

POLÊMICA Os municípios ganham autonomia para decidir sobre a inclusão ou não da ideologia de gêneros em seus planos de educação. Mas o que isso significa?

50

Um novo mercado? Marcelo Caltabiano

Sumário

A VEZ DELAS Meninas joseenses mostram que o skate está longe de ser reduto exclusivamente masculino. E mais: competem e conquistam títulos internacionais

32 O segundo semestre faz soar o sinal vermelho para pais e estudantes do ensino médio. É hora de decidir que curso marcar na inscrição do vestibular. Experiente no assunto, o pedagogo Heron Oliveira sentencia que a questão psicológica pode ajudar ou atrapalhar no dia da prova

Espaço do Leitor Cartas& Aconteceu& Frases& Artigo&

48 62 66 68 74

54

ROTA DOS MUSEUS Cultura caipira, imagem e som, legado italiano, referência literária infantil. Taubaté é um verdadeiro celeiro de museus históricos e um convite natural para quem gosta de História!

A “VAQUINHA” DA MODA ONGs têm encontrado no financiamento coletivo, a “vaquinha virtual”, uma via para o levantamento de verba em meio à crise econômica. Conheça dois casos da região

58

Cultura& Chef em Casa& Social& Arquitetura& Crônicas&Poesia


8 | Revista Metrópole – Edição 7

Espaço do Leitor Edição 6 – Agosto de 2015 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

QR CODE

Para dar mais dinamismo e interatividade entre Metrópole Magazine e Portal Meon, esta edição possui uma série de QR Code em que, por meio do celular, você, leitor, é direcionado para o Meon, seja para uma versão online ou o complemento das reportagens. O QR Code é um código de barras em 2D que é escaneado pela câmera fotográfica dos aparelhos celulares. Para que esse código possa ser lido é necessário que o usuário baixe um software de leitura. Esses aplicativos podem

ser baixados gratuitamente. No iPhone, basta acessar a App Store e buscar pelo aplicativo Qrafter. No sistema Android, o software QR Droid está disponível no Android Market. A leitura de um QR Code é rápida e simples. Depois de instalado o aplicativo, posicione a câmera digital sobre o código para que ele seja escaneado. A partir daí, o aplicativo irá redirecioná-lo imediatamente para o link que está no código.

Entrevista Muito oportuna a entrevista com o pastor Carlito Paes, principalmente quando ele fala do não envolvimento com a política, onde a maioria das pessoas trabalha para tirar o dinheiro do povo com impostos. Carla Moreira

Nossos ouros Muito legal o trabalho da Metrópole Magazine em mostrar nossos atletas. As Olimpíadas 2016 estão aí e nada melhor do que homenageá-los em forma de reportagem. João Ramos

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São José dos Campos, Setembro de 2015 | 9

Cartas&

F

elicito a revista pela publicação da reportagem “Beber não é cool”. Aspecto importante que a matéria trouxe diz com as medidas que a lei e o poder público devem adotar, na tentativa de evitar que jovens sofram as nefastas consequências do consumo precoce ou abusivo do álcool. Além das providências relacionadas a boas políticas públicas de saúde e educação, desde a edição do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, foi intenção do Congresso Nacional criminalizar o fornecimento de bebida alcoólica a menores de 18 anos de idade. Mas ao longo dos anos, o tema causou grande controvérsia no mundo jurídico. Acabou fixado nos Tribunais Superiores, que a conduta não configurava crime; apenas uma infração menor, sujeita a multa de pequeno valor. Assim aconteceu, por questões de técnica jurídica; e não porque nossos Tribunais tivessem entendido que seria adequado o consumo de álcool por crianças e adolescentes. Veio grande mudança pela Lei 13.106, em março de 2015. A lei foi alterada para deixar absolutamente claro que é crime, sujeito à pena de até quatro anos de detenção, vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente, bebida alcoólica (Lei 8.069/90–ECA, 243). A mesma lei de 2015 permite que o juiz da Infância imponha multa de R$ 3.000 a 10.000 a quem vender bebida alcoólica a menor de 18 anos, e determine a interdição do estabelecimento comercial até o pagamento da multa (ECA,258-C); isso, além da pena criminal. A fiscalização do cumprimento da proibição de venda pode e dever ser feita pelo Conselho Tutelar, pela Polícia Militar, pelas Guardas Municipais e também por outros órgãos

de fiscalização das Prefeituras. Os bares, restaurantes, food trucks, carrinhos de cachorro-quente e todo o comércio só podem funcionar regularmente, quando autorizados pelas Prefeituras. O descumprimento repetido das leis, como a violação da proibição de venda de bebida alcoólica a menores de 18 anos pode autorizar as Prefeituras a fechar os estabelecimentos comerciais. Muitos municípios já se empenham na fiscalização e penso importante que a população cobre dos poderes públicos o cumprimento desse dever. Não tenho a ilusão de que os mecanismos legais vão dar conta de resolver todos os problemas. Mas as ferramentas públicas precisam ser efetivamente usadas. Para apoiar os pais na tarefa, nem sempre fácil, de ajudar seus filhos adolescentes a se auto-construírem como pessoas felizes, saudáveis e autônomas. 

Martha de Toledo Machado é Procuradora de Justiça, membro do Conselho Superior do Ministério Público de São Paulo, doutora em Direito pela PUC/SP, onde lecionou por quinze anos. Entre suas obras publicadas, destaca-se “A proteção constitucional de crianças e adolescentes e os direitos humanos”, Ed. Manole, 2003.


10 | Revista Metrópole – Edição 7

Aconteceu& Morre José Shinzato, pioneiro da oftalmologia em São José

Boato sobre toque de recolher fecha comércios e esvazia universidades em São José Os boatos que circularam nas redes sociais, no dia 20 de agosto, sobre um possível toque de recolher nas regiões leste e sul de São José dos Campos anteciparam o fim do expediente em faculdades e comércio da cidade. Por conta das mensagens compartilhadas no Facebook e no Whatsapp, o 46º Batalhão de Polícia Militar do Interior, da região Sul de São José, emitiu comunicado

Flavio Preira / Meon

Divulgação

Um dos mais respeitados oftalmologistas de São José dos Campos, José Shinzato morreu na manhã do dia 6 de agosto, na Santa Casa. José Shinzato foi pioneiro da oftalmologia em São José dos Campos. Chegou à cidade em 1973, quando se tornou responsável pelos cuidados com a visão de várias gerações de joseenses. “O legado e os ideais profissionais do meu pai permanecerão vivos no nosso trabalho e na continuidade da clínica da nossa família, Vale Vision Dr. José Shinzato”, disse o oftalmologista Flávio Shinzato, um dos três filhos que seguiram a profissão do pai.

divulgando que as informações eram infundadas. Mesmo com a negativa da polícia, precaução foi a palavra-chave após as 22h. Na faculdade Anhanguera, localizada no Jardim Morumbi, os alunos foram dispensados às 21h. Por meio de sua assessoria, a instituição confirmou que a liberação dos alunos aconteceu devido aos compartilhamentos nas redes sociais.

Rodrigo Ribeiro/Meon

TJ determina início de obra de reparo em muro no Urbanova, em São José O Tribunal de Justiça de São Paulo acatou, no dia 6 de agosto, o pedido da Prefeitura de São José dos Campos para que sejam iniciadas as obras de reparo do muro de arrimo que corre risco de desabamento na avenida Ironman Garrido, no bairro Urbanova, na região oeste da cidade. A via está interditada desde o início de maio, quando um laudo da Defesa Civil apontou o perigo de desabamento da estrutura de 8 metros de altura e 50 metros de extensão, pertencente ao condomínio particular Altos da Serra I. De acordo com a Secretaria de Transportes, uma disputa judicial entre os condôminos e o condomínio sobre a responsabilidade pelo desabamento do muro estava impedindo a realização das obras de contenção e a prefeitura de reabrir a via devido ao risco à população.


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 11

Empresa não ‘renova’ e radares móveis ficam sem operar em São José Flavio Pereira/Meon

A empresa Splice, responsável pelo serviço de monitoramento dos radares móveis em São José, encerrou o contrato com a administração municipal, no último dia 10. O sistema deve voltar a operar em dezembro, com uma nova empresa. Segundo a Secretaria de Transportes, a empresa operou o sistema desde 2012, mas decidiu por não prorrogar o contrato e encerrou os serviços. O motivo não foi informado pela pasta.

Divulgação/SindMetal/SJC

A General Motors aceitou suspender as 798 demissões anunciadas no dia 8 de agosto, em São José dos Campos (SP) e colocará esses trabalhadores em lay-off (suspensão dos contratos de trabalho) por cinco meses até o afastamento definitivo. O acordo foi feito em audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas, entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de São José. No período de lay-off, a montadora fará uma série de ações para incentivar a saída desse grupo, como abertura de PDV (Programa de Demissão Voluntária) e incentivo à aposentadoria. Quem ficar no lay-off até o final receberá quatro salários extras e terá de se desligar da empresa. Em nota, a GM declarou que “a decisão é positiva, mas não resolve a situação de competitividade do Complexo de São José dos Campos, visto que a paralisação na fábrica só contribuiu para aprofundar a séria crise que afeta hoje a GM e a indústria automotiva.” Com a suspensão dos cortes, os trabalhadores voltaram ao trabalho, depois de duas semanas em greve.

Tanda Melo/SindMetal/SJC

GM adia cortes em São José dos Campos

A Embraer foi a sétima empresa do Brasil que mais exportou no primeiro semestre de 2015. De janeiro a junho deste ano, a empresa, com sede em São José dos Campos, exportou US$ 1,69 bilhão. O levantamento é do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Apesar da posição no ranking, os números deste ano são 0,77%

menores, se comparado com o mesmo período de 2014, quando a empresa exportou US$ 1,71 bilhão. As exportações da Embraer seguem o cenário nacional. Segundo o MDIC, de janeiro a junho deste ano, as exportações brasileiras totalizaram US$ 94,32 bilhões, número 14,66% abaixo na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Divulgação

Embraer foi a 7ª empresa do país que mais exportou no 1º semestre do ano


12 | Revista Metrópole – Edição 7

Frases&

Precisamos fortalecer nossas entidades, sair do papel de vítimas e sermos atores principais no processo de recuperação. Já vivemos outras crises no passado. Este é mais um momento cíclico no ramo da construção, mas já estamos trabalhando para superá-lo.

Frederico Marcondes César, diretor regional do Secovi (Sindicato da Habitação)

Mais de 300 aguardam tratamento de câncer na RMVale. Padre Afonso Lobato (PV), deputado estadual

” “

Tenho certeza de que o povo está de olho em quem trabalha pelo povo. Nas eleições de 2016, o povo de Jacareí vai mostrar sua indignação nas urnas. Eles estão cansados de promessas e mentiras. Valmir do Parque Meia Lua (PSD), vereador de Jacareí


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 13

Na época, 2001 e 2002, tínhamos uma condição legal, jurídica, para deixar de pagar essa cota patronal de cerca de 11%. À época, o entendimento jurídico permitia que essa cota ficasse com entidades sociais. Dr. Roniel (PP), vereador de São José durante CEI da Fundhas

Temos apresentado sugestões com o objetivo de colaborar com a cidade. Porém, muitos dos projetos que se tornam lei acabam não sendo colocados em prática por falta de fiscalização.

Pollyana Gama, vereadora de Taubaté, sobre projetos aprovados na cidade

O clipe é bem orgânico. Ele capta bastante a emoção que a canção transmite por que não tem uma super produção por trás pra distrair o público.

Mariana Mira, cantora joseense, sobre o clipe da música Dreamers Ball gravado em parceria com Rick Bonadio


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ENTREVISTA: PEDRO TOBIAS

A articulação tucana para o Vale PSDB quer ampliar domínio no Estado em 2016 para projetar a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência em 2018; retomar São José e manter Taubaté são prioridades Filipe Manoukian SÃO PAULO

Divulgação

A

pouco mais de um ano das eleições municipais de 2016, o PSDB de São Paulo já definiu metas para ampliar sua liderança no Estado, no que diz respeito ao número de prefeitos e vereadores, como parte de um objetivo maior: fazer o governador do Estado, Geraldo Alckmin, nascido em Pindamonhangaba, presidente da República em 2018. “Disse e repito: o Brasil está doente e precisa de um médico para salvá-lo, e ninguém melhor que Geraldo Alckmin para esta missão”, afirmou em entrevista à Metrópole Magazine o presidente do PSDB paulista, o deputado estadual Pedro Tobias. Para tanto, o PSDB vê como fundamental a retomada da Prefeitura de São José, hoje sob gestão do prefeito Carlinhos Almeida (PT), e a manutenção do governo no Palácio do Bom Conselho, com Ortiz Junior (PSDB). “Em São José, o PSDB conta com quadros valiosos como o ex-deputado federal Emanuel Fernandes e o atual deputado federal Eduardo Cury, ambos ex-prefeitos muitíssimo bem avaliados”, disse Pedro Tobias. “Quanto a Taubaté, temos confiança de que o prefeito Ortiz Junior está fazen-


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 15

Eleições 2016 Eleito em junho último para comandar os tucanos no Estado, Pedro Tobias abre uma série de entrevistas da Metrópole Magazine com as principais lideranças partidárias de São Paulo, que visam mapear as bandeiras, estratégias e objetivos de cada partido nas eleições municipais do próximo ano, sempre com transparência e imparcialidade e colaborando para o livre exercício da democracia. Em 2012, o PSDB elegeu 177 prefeitos, obtendo o maior número de prefeituras, 1041 vereadores e 102 vice-prefeitos no Estado. “A ordem agora é trabalhar para construir propostas sólidas e bons nomes para oferecer a cada um dos 645 municípios de São Paulo”, afirmou Pedro Tobias. No Vale do Paraíba, a atenção será redobrada. Reduto histórico tucano, a região viu o PT pular de 2 para 9 prefeituras em 2012 – o PSDB fez 14 prefeitos. “[No Vale] teremos candidaturas no maior número possível de municípios. E, com certeza, serão bons candidatos, porque o Vale para nós é muito especial, foi onde surgiu nossa liderança maior no Estado, o governador Geraldo Alckmin”. Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Pedro Tobias. Os tucanos comandam hoje 177 dos 645 municípios paulistas. Temos um diagnóstico da representatividade do PSDB no Estado? Quais são os planos para o ano que vem? O Diretório Estadual do PSDB-SP está trabalhando desde já para ter candidatos no maior número possível de municípios. A prioridade é ter candidatura própria e eleger mais de 200 prefeitos. Saímos da eleição de 2012

como o maior partido do Estado, com o maior número de prefeitos, vereadores e vice-prefeitos. Dos 3 senadores paulistas, 2 são tucanos (Aloysio Nunes e José Serra). Sem contar que este é o sexto mandato consecutivo delegado ao PSDB no governo do Estado. O PSDB é um grande partido e, sem dúvida, fará um número ainda maior de prefeitos e vereadores nas eleições de 2016. A ordem agora é trabalhar para construir propostas sólidas e bons nomes para oferecer a cada um dos 645 municípios de São Paulo. Reduto tucano, o Vale do Paraíba viu a hegemonia do PSDB estremecer em 2012, com forte avanço do PT. O que o PSDB quer para 2016 no Vale do Paraíba e Litoral Norte? O Vale do Paraíba seguirá a mesma lógica, ou seja, teremos candidaturas no maior número possível de municípios. E, com certeza, serão bons candidatos, porque o Vale para nós é muito especial, foi onde surgiu nossa liderança maior no Estado, o governador Geraldo Alckmin. Ainda no Vale, a grande dor para o PSDB em 2012 foi a derrota em São José. À época, o PSDB teve um processo de escolha do candidato extenso e desgastante que, ao menos, colaborou para a derrota. Em 2016 será diferente?

“Em 2012, demoramos para trabalhar o nome do Alexandre Blanco e perdemos a eleição. Erramos no timing”

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do um bom trabalho e deixará isso muito claro até o final do seu mandato atual”.

Toda eleição é um aprendizado. Em 2012, demoramos para trabalhar o nome do Alexandre Blanco e perdemos a eleição por 51% a 43% em São José. Erramos no timing porque se a eleição tivesse mais uma semana teríamos grandes chances de virar o jogo. O resultado foi ruim para a cidade, que recebeu uma administração mal avaliada porque segue a cartilha petista de governar, que já se mostrou equivocada. É sabido que o governador tem um carinho enorme e grande confiança no ex-prefeito e ex-deputado federal Emanuel Fernandes. Por ele, Emanuel é o candidato. Será ele? Em São José, o PSDB conta com quadros valiosos como o ex-deputado federal Emanuel Fernandes e o atual deputado Eduardo Cury, ambos ex-prefeitos muitíssimo bem avaliados. Com certeza os nomes de ambos estarão sempre no topo da nossa preferência quando tratamos de candidatura em São José e é uma honra e um privilégio para o PSDB poder contar com pessoas tão competentes e comprometidas, sejam como candidatos ou como peças fundamentais do processo. Em Taubaté, a opinião pública considera que a administração de Ortiz Junior não decolou. Como vocês avaliam o cenário na cidade?


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Temos confiança de que o prefeito Ortiz Junior está fazendo um bom trabalho e deixará isso muito claro até o final do seu mandato atual. O momento político no Brasil é de muita desconfiança por parte da população e isso afeta todas as esferas de poder, jogando a avaliação dos governos para baixo. Mas, chegada a hora, temos certeza de que a população saberá diferenciar o bom e o mau político. Em linhas gerais, quais serão as estratégias do PSDB? O trabalho do PSDB hoje é de trazer novas lideranças, especialmente jovens, para agregar ideias e outras visões da política e das necessidades da população. Partidos precisam de movimento. Estamos focados neste processo e temos certeza de que em muitas cidades despontarão candidaturas novas. Vamos avaliar cada caso com todo o cuidado para que os municípios paulistas contem sempre com candida-

turas valiosas, que, se vitoriosas, façam a diferença para a população local. Geraldo Alckmin. Será ele o candidato do PSDB à Presidência? O cenário pós-eleição em 2016 ajudará nessa definição? Quanto à campanha de 2018, defendemos que o governador Geraldo Alckmin represente o PSDB no pleito presidencial. Sem desmerecer nosso presidente Aécio Neves ou qualquer outro nome apontado como pré-candidato, até porque temos excelentes quadros, mas acredito que Alckmin tem todas as qualidades de um grande estadista, é um homem correto, honesto e um trabalhador incansável e tem muito para apresentar ao Brasil tendo São Paulo como vitrine. Disse e repito: o Brasil está doente e precisa de um médico para salvá-lo e ninguém melhor que Geraldo Alckmin para esta missão. 

PSDB EM NÚMEROS NO ESTADO

177

CIDADES DE SÃO PAULO SÃO GOVERNADAS PELO PSDB ATUALMENTE, POUCO MAIS DE 27% DO TOTAL

200

MUNICÍPIOS DO ESTADO COM GESTÃO TUCANA: ESTA É A META DO PSDB PARA AS ELEIÇÕES DE 2016

Pedro Tobias Deputado estadual e presidente do PSDB-SP

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O presidente estadual tucano dá o tom: a liderança do PSDB paulista pretende trabalhar candidaturas municipais em todo o Vale do Paraíba, no próximo ano eleitoral



18 | Revista Metrópole – Edição 7

NOTÍCIAS REGIÃO

Em 2015, o Vale registra mais de 5 mil demissões no setor industrial. O índice já é 10% superior ao número total do registrado no ano passado


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 19

Quase Sem fôlego Moisés Rosa SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A

retração da economia brasileira, desde o ano passado, tem afetado em cheio o mercado automobilístico no país. Os reflexos, estimulados pela crise internacional e políticas pífias

do governo federal, acarretaram nas demissões em massa nas indústrias. Em um segundo round contra a crise – o primeiro foi registrado em 2008/2009, com a falta de crédito internacional, a queda nas exportações e o aumento das taxas de juros –, as indústrias tentam enfrentar a crise e quem paga o preço é o trabalhador, com as demissões.

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Economia da região registra queda e indústrias desligam funcionários


20 | Revista Metrópole – Edição 7

Cenário regional

20.007 vagas – o melhor cenário na No Vale do Paraíba, umas das pringeração de empregos; em 2008, 18.480 cipais regiões industriais do Estado de postos; em 2009, 6.005 vagas. São Paulo, foram 4.800 demissões em 2014. No mês de julho deste ano, a indústria fechou 930 postos de trabalho nas 39 cidades da região, de acordo com dados do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Já em todo ano de 2015, foram 5.300 A crise foi inflada com os demissões – 3.650 em Taubaté, 1.250 altos juros do mercado, em São José e Jacareí com 400 desliocasionando a falta de gamentos. As demissões já são 10,4% superiores ao número total registrado crédito e a desconfiança no ano passado. das pessoas. Além Diante da crise, o mercado industrial está temeroso com os investimen- disso, as pessoas tos. Por isso, a Metrópole Magazine estão descrentes com traz a avaliação do economista Edson o atual governo. Outro Trajano e a visão de três prefeitos (Jacareí, São José dos Campos e Taubaté) setor muito afetado sobre o tema. é o imobiliário, que Para tentar ‘driblar’ o atual cenário, as principais empresas na região (GM, com a queda dos Embraer, Volkswagen, LG, Chery e financiamentos não Ford) estão aplicando medidas para realizam compras adequarem a produção à realidade do mercado, com a implantação de Almir Fernandes lay-off, férias coletivas e até mesmo a DIRETOR REGIONAL DO CIESP DE SJC redução de postos de trabalho. No balanço estadual, a indústria demitiu 30,5 mil funcionários. Neste Indústria ano, já foram 92,5 mil vagas fechadas O diretor regional do Ciesp de São em todo o Estado. José, Almir Fernandes, afirma que o Queda mercado está ‘desacreditado’ com a Na região, a queda na geração de atual crise econômica. Com os juros empregos acontece desde 2010, quando altos, as pessoas estão sem crédito, o Jacareí, São José dos Campos e Taubaté que acaba desacelerando a economia. criaram juntas 12.266 postos, seguido “A crise foi inflada com os altos de 6.942 vagas, em 2011 e apenas 4.169, juros do mercado, ocasionando a em 2012. falta de crédito e a desconfiança das Em uma avaliação da criação de pessoas. Além disso, as pessoas estão vagas, 2003 foi o pior ano na RMVale descrentes com o atual governo. Outro (Região Metropolitana do Vale do Parasetor muito afetado é o imobiliário, que íba). No ano, foram apenas 2.262 poscom a queda dos financiamentos não tos. Em 2004, foram 12.047; em 2005, a realizam as compras”, explica. indústria criou 10.019 postos; em 2006, Comparado com a crise de 2008, caiu para 8.196; em 2007, foram criadas Fernandes afirma que na época a situa-

ção estava mais favorável. “Em 2008, a crise não chegou a afetar a classe mais baixa. Houve queda nos faturamentos e produções, mas as pessoas não estavam tão endividadas. Agora, a situação é outra e as pessoas estão endividadas e não conseguem créditos”, afirma o diretor regional do Ciesp. Segundo a entidade, os setores mais prejudicados são o automobilístico e o do turismo, influenciados pelo valor do dólar e pelo valor das exportações e importações. De outro lado, os setores que tendem a crescer na região são a de celulose papel, cosméticos e aeropeças. “No setor de aeropeças, a Embraer, por exemplo, possui uma cartela enorme de vendas até 2017. A produção não caiu e tende a crescer com as entregas programadas”, garante.

Negociação Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José e Região, Antônio Ferreira de Barros, o Macapá, a indústria vem atingindo recordes de venda e não há crise. “O momento vivido pela indústria automobilística não é de crise. Há de fato uma queda nas vendas, mas que é perfeitamente suportável pelas montadoras. Essas multinacionais vêm de um longo período de recorde de vendas e, agora, querem aproveitar para entrar em um processo de reestruturação. As demissões fazem parte desse processo cruel, que fecha postos de trabalho e aumenta o índice de exploração de quem permanece nas fábricas”, afirma. De acordo com Macapá, o governo federal oferece diversos incentivos para a indústria e não valoriza o trabalhador. “Essa mesma indústria continua recebendo, como sempre recebeu, incentivos bilionários do governo federal, enquanto os trabalhadores são penalizados com demissões, retiradas de direitos, inflação e aumento dos juros. É por isso que defendemos que a presiden-


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SĂŁo JosĂŠ dos Campos, Setembro de 2015 | 21


22 | Revista Metrópole – Edição 7

Rodrigo Ribeiro /Meon

Rodrigo Ribeiro/Meon

Carlinhos Almeida, prefeito de São José dos Campos “A situação do emprego industrial é bastante preocupante. Estamos vivendo uma mudança estrutural na economia brasileira, que acompanha uma tendência mundial, em que o setor de serviços cresce muito mais do que a indústria. As dificuldades se abatem sobre todos os setores e quem já tem um problema estrutural sente mais. Por isso, estamos preocupados em estabelecer rodadas de negociações e diminuir ao máximo o impacto social deste período de crise, especialmente na indústria. Também temos buscado proteger a proposta da nova lei de zoneamento, que mantém algumas zonas exclusivamente industriais. Em segundo lugar, não teremos a cobrança de outorga onerosa para o setor industrial, criando ‘cinturões’ de proteção, separando indústria de residencial.”

Hamilton Ribeiro (PT), prefeito de Jacareí “O setor automobilístico nacional – e não apenas o da RMVale – vem sendo prejudicado pela crise econômica mundial. No entanto, acreditamos em uma melhora do cenário em um futuro próximo, pois a sociedade brasileira tem trabalhado nesse sentido. Apesar das dificuldades, Jacareí vem reagindo à crise. Um bom exemplo disso foi o desempenho na geração de empregos com carteira assinada em julho, na contramão do registrado na região. Foram criadas 86 vagas, o melhor índice do ano. E esses bons números foram obtidos graças a um intenso trabalho de atração de empresas e qualificação de mão de obra, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico.”

te Dilma Rousseff assine uma medida provisória que garanta estabilidade no emprego para todos os trabalhadores, reduza a jornada de trabalho para 36 horas semanais, proíba a remessa de lucros para o exterior e estatize as empresas que demitirem”, destaca. Na avaliação de Almir Fernandes, o sindicato poderia ser mais flexível nas negociações para atrair empresas na região. “O sindicato possui estratégias que precisam ser reavaliadas e precisa colaborar nas negociações. Só vemos perdas na região e as empresas se transferindo para outras cidades”, diz. Ainda segundo Fernandes, os governos precisam se mobilizar para a manutenção dos empregos nas cidades. “Os governos precisam se mobilizar e deixar de lado as brigas políticas que prejudicam a cidade. Precisamos de ações pró-ativas e que envolvam toda a sociedade”. À Metrópole Magazine, o diretor regional adianta que várias entidades devem se unir e apresentarem propostas para a crise. “Estamos reunindo diversas entidades com representatividade na cidade e nós vamos, juntos, apresentar propostas para a população”, acrescenta.

Avaliação O economista Edson Trajano, diretor do IBH (Instituo Básico de Humanidades) da Unitau (Universidade de Taubaté), faz um panorama

Divulgação

O que os prefeitos pensam?

Para o diretor do Ciesp de São José, Almir Fernandes, o mercado está ‘desacreditado’

da evolução na indústria regional, os obstáculos enfrentados e os possíveis caminhos para o setor sair da crise. Trajano comenta sobre a crise, em 2008, quando o governo apresentou incentivos e o setor mais beneficiado foi o da indústria automobilística. Em análise sobre a evolução de empregos na indústria, de 2003 a 2013, o economista aponta crescimento de 75,27%, em Taubaté e 6,05%, em São José dos Campos. “No Vale do Paraíba, o crescimento médio da indústria foi 38,22% até 2013. Em Taubaté, o peso da indústria é maior do que em outras cidades, inclusive São José. Por isso, esse crescimento mais acentuado. Mas, quando houve o aumento dos juros, a cidade foi a mais afetada na nossa região, nos últimos doze meses”, explica. De acordo com o economista, não houve planejamento dos governos para o fomento dos empregos. Ele afirma que a ‘desaceleração’ já era esperada. “Com a mudança na política nacional, a região está sendo prejudicada. Faltou para as autoridades, em termos de gestão pública, perceber o cenário. Quando se dá incentivo à indústria, ele é temporário. Era evidente isso acontecer a médio e a longo prazo, no ciclo de crescimento e no ciclo de reajuste, já que o setor fica mais vulnerável às crises”. Paralelo à crise no setor automobilístico, a recessão também afetou outros setores na região –constru-


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 23

Recuperação Segundo Edson Trajano, a economia não tem previsão de quando irá se recuperar. Sem planejamento econômico, de acordo com o economista, a crise não tem data para acabar. “Não temos previsibilidade das situações. Não sabemos quais os momentos de recuperabilidade, já que nem o próprio governo fez uma proposta”, diz o economista. Sobre a recuperação, Trajano afirma que é necessário um ‘pacto pela governabilidade’ no país para ajustar a economia. “O setor público deveria começar um plano de recuperação e redução de gastos, neste momento de ajuste, com corte de ministérios e um pacto nacional político e econômico. Além disso, este pacto precisa ter um projeto de previsibilidade, onde não se pode mudar a regra no meio do jogo”, finaliza. 

Danilo C Monteiro

Para o economista Edson Trajano, não houve planejamento por parte dos governos. “A ‘desacelaração’ da economia já era esperada”, analisa

Desde 2014, em Jacareí. Versões hatch e sedan do Novo Celer desde o início de 2015. A produção do New QQ terá início no próximo trimestre e a do Tiggo 5 (novidade) está prevista para o fim 2016. Tem cerca de 500 trabalhadores.

Desde 1969, em São José. Segundo a assessoria de imprensa da Embraer, são 12.906 empregos em São José dos Campos. A empresa descarta a possibilidade de encerrar as atividades na região.

Desde 1959, em São José. A unidade chegou a abrigar mais de 8 mil empregados; hoje são cerca de 5 mil A produção, em São José, é de motores e transmissões, componentes, CKD, Trailblazer e S10.

Desde 2009, em Taubaté. A unidade possui cerca de 1,5 mil funcionários Produção de motores e transmissões na fábrica.

Flavio Pereira /Meon

ção civil, comércio e serviços. Em levantamento realizado pelo IBH (Instituto Básico de Humanidades), o trabalhador da indústria regional tem rendimento médio entre R$ 2.832,22 e 2.486,86. “Em 2013, os rendimentos médios do trabalhador formal na indústria em São José dos Campos e Taubaté eram, respectivamente, de R$ 5.389,55 e 3.983,51, enquanto a média de todas as atividades econômicas era de R$ 2.832,22 e 2.486,86. Ou seja, a redução no emprego formal das atividades industriais impacta fortemente nas demais atividades econômicas, com a redução de postos de emprego com maior remuneração. É um efeito multiplicador, e a indústria é uma das que melhores remuneram na região, o que impactou diretamente na economia da região”, destaca.

Ortiz Junior (PSDB), prefeito de Taubaté “É uma crise profunda. Aguda. A projeção econômica para o ano que vem é mais uma retração do PIB. É uma crise de longa duração. Queremos minimizar o máximo possível estes efeitos da crise. O Brasil passa pela pior crise econômica dos últimos 20 anos e o governo dá sinais de que não consegue fazer o ajuste fiscal. Com isso, faltam investimentos de fora. Os municípios são a parte mais fraca, ficam com a menor fatia do bolo. É repentino. Ninguém seria capaz de planejar, até porque o governo federal maquiou durante as eleições. Temos algumas frentes de ação. A primeira frente é fazer uma isenção de impostos principalmente nas montadoras LG e Volks, diminuindo o custo fiscal deles. Para a Ford, por exemplo, desde janeiro deste ano, isentamos o pagamento de ISS e IPTU. Por 15 anos, não vão pagar. Com essa isenção, minimizamos a perda financeira das fábricas. Uma segunda medida foi criar o Emprega Taubaté para encaminhar pessoas qualificadas para as vagas. Queremos aproximar o mercado de trabalho de quem quer preencher as vagas. A terceira coisa é atrair empresas. Muitas indústrias enxergam na crise uma possibilidade de investimento.”

Desde 1996, em Taubaté. Fabricante de eletrônicos. Hoje, possui cerca de 2 mil trabalhadores.

Desde 1976, em Taubaté. Cerca de 4,5 mil funcionários. A produção é dos modelos Up!, Novo Gol e Novo Voyage. *Fontes: assessorias de imprensa e sindicato


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Artigo&

Por Regina Laranjeira Baumann

Partilha de bens na união estável não é automática

A

princípio, as mesmas regras da partilha, previstas no Código Civil, eram aplicadas para o casamento no regime da comunhão parcial de bens e na união estável. Este tipo de relação, que deve ser reconhecida por meio de uma ação específica, para posterior partilha, pressupõe um período de convivência, não estabelecido pela lei, mas que deve ser pública, contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Nestes casos, os bens eram automa-

ticamente partilhados na proporção de 50% para cada companheiro se dissolvida a união. Esse entendimento decorre do disposto na Súmula 377 do Supremo Tribunal Federal. Entretanto, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, em novembro de 2014, na relatoria do Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, já havia firmado entendimento de que a referida Súmula, isoladamente, não confere ao companheiro o direito de meação, sendo necessária a demonstração do esforço comum.

Em recente decisão, o Ministro Marco Aurélio Bellizze, da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, ratificou esse entendimento, concluindo que a formação do núcleo familiar, em que há o “compartilhamento de vidas, com irrestrito apoio moral e material”, tem de ser concretizada, para que se configure a união estável. Ou seja, a partilha do patrimônio do casal que viveu em união estável não será automática, como anteriormente, mas dependerá da comprovação de que houve contribuição efetiva (dinheiro ou esforço) para a aquisição dos bens. 


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NOTÍCIAS REGIÃO

Muito além dos Planos de Educação A polêmica sobre adotar ou não a ideologia de gêneros nas redes municipais de ensino abre o debate: a escola tem que papel sobre a orientação sexual das crianças?


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 27

O

PNE (Plano Nacional de Educação) foi sancionado sem vetos pela presidente Dilma Rousseff (PT), em junho do ano passado. Desde então, as prefeituras e os governos estaduais tiveram que iniciar a produção dos seus próprios planos, que vieram acompanhados de uma questão: inserir ou não a chamada ideologia ou identidade de gênero nos projetos. Os planos de educação estabelecem metas para melhorias no setor que devem ser cumpridas nos próximos dez anos. O PNE foi aprovado sem a identidade de gênero, já o texto final da Conae (Conferência Nacional de Educação), por exemplo, foi publicado − também no ano passado e um pouco antes do projeto do governo federal − com os termos “gênero” e “orientação sexual”. As propostas municipais e estaduais deveriam ter sido aprovadas no dia 24 de junho deste ano, como estabelecido pelo PNE. No entanto, muitos estados e cidades ainda não tiveram seus planos aprovados. Na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte), as prefeituras têm seguido o PNE e não incluíram o termo. Em Jacareí, por exemplo, o plano já foi aprovado pela Câmara. Já em São José dos Campos e em Taubaté, as propostas ainda estão em tramitação nos legislativos, sem data prevista para votação. Mas, o que é a identidade de gênero e por que o tema tem sido tão discutido pela sociedade? Em resumo, trata-se de que não se pode impor a uma criança que ela seja considerada menino ou menina, pois essa escolha e/ou orientação sexual acontecerá durante sua formação. Contrários à proposta estão, principalmente, entidades religiosas, e a

Leonardo Oliveira

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Durante a vida escolar, a identidade sexual do aluno está em construção e o seu direito à intimidade deve ser reconhecido Ebe Camargo Pugliese PEDAGOGA

favor, grupos e entidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros). A Metrópole Magazine abriu espaço para debater o assunto e conversou com educadores, políticos e pais de alunos. Para o professor Mauro Castilho, da Unitau (Universidade de Taubaté), o tema é pertinente na atual conjuntura brasileira. “Significa um amadurecimento da sociedade, que, por meio de suas instâncias e marcos legais, potencializa um debate público sobre a questão. Esse assunto, por conta de uma tradição fortemente calcada no patrimonialismo masculino, permaneceu, durante séculos, no limbo da cultura brasileira. Hoje é possível discuti-lo e, mais do que isto, tratá-lo como pauta educacional”, diz. O educador defende a inclusão do tema nos planos de educação de forma racional, sem paixões e fundamen-

talismos. “As instituições de ensino brasileiras absorvem uma gama muito heterogênea de alunos, de diferentes matizes étnicas, culturais e de gênero − este último entendido na linha do conceito ampliado de orientação sexual”, afirma Castilho. A pedagoga Ebe Camargo Pugliese reforça o coro e levanta a questão da categoria de gênero. Afinal, nascemos homens ou mulheres? E o que seria ser homem ou mulher? “As crianças procuram corresponder às expectativas dos adultos com relação aos comportamentos adequados e, assim, aprendem a agir de modo socialmente aceitável. Ora, a questão é justamente a medida desse ‘socialmente aceitável’ − quais as peculiaridades aí implicadas para meninos e meninas?”, questiona. Segundo a educadora, além da discussão acerca dos papéis sociais, a homossexualidade, por exemplo, está longe de ser um assunto tratado com serenidade por aqueles que se dispõem a falar sobre ela. “Durante a vida Vivian Ferraz/ACOM/Unitau

Rodrigo Ribeiro

O educador Mauro Castilho entende que o momento brasileiro é oportuno para o debate da ideologia de gêneros. “Significa um amadurecimento da sociedade”, crê


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sem a ideologia de gênero e em outras ainda não há previsão para as votações. Onde houver risco de inclusão desta matéria atuarei de forma mais efetiva. Ninguém pode ser punido por se expressar da forma natural e correta, ou seja, menino é menino, menina é menina”, conclui o parlamentar.

O que os pais pensam A favor A comerciante Mairê Montanari, de 25 anos, mãe da Manuela, de 2 anos, afirma que o preconceito está presente desde a pré-escola. “Minha filha de dois anos não brinca com bola, pois fala que é coisa de menino. Ela quer fazer festa da Frozen [filme infantil], mas disse que não pode chamar meninos, pois a festa é só de meninas. Explico a diferença de sexo e a igualdade em interesses, mas ela não aceita a ideia”, conta. Para a mãe da pequena Manuela, o tema merece ser discutido no ambiente escolar independente de sua inserção nos planos de educação. “Normalmente, a criança passa muito tempo na escola e vem de lá com uma base muito grande de ideias. Quando um tema é tratado desde pequeno acredito que seja mais fácil de lidar com a diferença sem preconceitos”, afirma. A joseense defende ainda a retirada dos termos ‘pai’ e ‘mãe’. “Hoje em dia, tem mãe solteira, pai solteiro, filho

Arquivo Pessoal

escolar, a identidade sexual do aluno está em construção e o seu direito à intimidade deve ser reconhecido”, diz. O deputado federal Flavinho (PSB), um dos representantes da RMVale em Brasília, é contra a inserção do tema nos planos de educação. “Esta linha ideológica é o que há de mais nocivo, pensado e arquitetado nos últimos tempos para destruir as bases morais da sociedade. O alvo inicial são as nossas famílias, passando pelas mais variadas instituições, chegando ao extremo de atacar e macular a pureza das nossas crianças”, explica. “No pacote de aberrações está incluído a deformação da distinção natural homem e mulher, ensinando a mentira de que o menino pode escolher ser menina ou menino quando quiser, partindo do pressuposto de que ser homem e ou o ser mulher é ‘uma imposição da sociedade’, uma ‘construção social’ e uma ditadura da família patriarcal constituída por homem, mulher e filhos”, complementa Flavinho. O deputado apresentou um Projeto de Decreto Legislativo para sustar os efeitos da inclusão da ideologia de gênero no documento da Conae. Flavinho também participou de um manifesto contra a inclusão dos termos no PME de São Paulo, em agosto último. “Estamos fazendo um mapeamento em nossa região sobre as votações. Em algumas cidades, já foi votado o texto

Minha filha de dois anos não brinca com bola, pois fala que é coisa de menino. Ela quer fazer festa da Frozen [filme infantil], mas disse que não pode chamar meninos, pois a festa é só de meninas. Explico a diferença de sexo e a igualdade em interesses, mas ela não aceita a ideia Mairê Montanari COMERCIANTE

criado por avós, dois pais, duas mães, crianças criadas por outras pessoas que não necessariamente são pais ou mães biológicas. E desde criança na escola você já aprende que tem dia dos pais e dia das mães. Acho legal unificar esta data, para um dia do ‘responsável’, ou algo assim. Iria ficar claro que existem diversos tipos de família”, argumenta Mairê.

Contra Mãe da pequena Manuela, de 2 anos, a comerciante Mairê Montanari defende a inserção do tema no ambiente escolar. “Seria mais fácil para as crianças lidarem com as diferenças sem preconceitos”, acredita

O engenheiro Marcio Rosa da Silva, de 41 anos, pai da Maria Fernanda, de 9 anos, acha desnecessário a inserção do tema nos planos de educação. “A natureza, independente de qualquer religião, nos deu características físicas que nos definem como feminino/fêmea e masculino/macho. Que benefício poderíamos ter para a humanidade ao criar uma subjetividade nas cabeças das crianças? Essas questões já surgem


naturalmente durante o crescimento delas, principalmente na adolescência e não precisam ser rotuladas”, diz. Para Marcio, matérias como Educação Moral e Cívica e Educação Sexual, por exemplo, deveriam ser implantadas visando respeito ao próximo e o conhecimento próprio. “Nesses momentos, sexualidade, racismo, religião e outros tabus poderiam ser abordados sem aplicação de rótulos como o sugerido por esse tema”, comenta o morador de São José. “Não tenho problema em ter contato profissional ou amizade com uma pessoa por sua opção sexual, raça ou religião. O importante é estarmos com as pessoas que nos fazem bem e é isso que tentamos passar para nossa filha. Estaria mentindo se dissesse que gostaria que ela seja homossexual, por exemplo, mas tenho certeza de que se ela vier a se identificar como tal para ser uma pessoa feliz e completa, vou continuar a amá-la e dar o suporte que precisar”, conta Marcio.

Cenários nacional e internacional Alguns estados do Brasil já aprovaram seus planos de educação. Em Mato Grosso, por exemplo, o projeto foi aprovado com menção ao “gênero”. Já no Rio Grande do Sul, o termo foi retirado da proposta original e aprovado sem a expressão.

O engenheiro Marcio Rosa, pai de Maria Fernanda, 9 anos, questiona: “Qual o benefício em criar uma subjetividade na cabeça das crianças? Isso já surge naturalmente na adolescência”

Em outros países, o tema já integra o dia a dia das pessoas por meio de lei, como em Malta, onde o catolicismo é a religião oficial do país, definida na Constituição. Em abril deste ano, foi aprovado a lei de identidade de gênero no país, considerada uma das mais avançadas do mundo, por possibilitar, por exemplo, que as pessoas não declarem seu sexo ou identidade de gênero em documentos de identificação. Na Argentina, está em vigor desde 2012, a lei de identidade de gênero, a “Ley 26.743”, aprovada pela maioria na Câmara dos Deputados e por unanimidade no Senado, com o apoio da presidente Cristina Kirchner e de lideranças da oposição.

Para refletir Mentalidades não se mudam por lei ou decreto. O preconceito existe e começa, muitas vezes, em casa, no

Arquivo Pessoal

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seio da família, seguindo para escola dentro da mochila do aluno. “O ponto sobre o qual devemos refletir é como atingir o objetivo de educar as pessoas para que elas passem a pensar e agir de forma não preconceituosa”, comenta a educadora Ebe. Para Castilho, o tema é mais um dentre os vários relevantes que devem compor um PNE, como a formação inicial e a carreira do magistério, os percentuais de aplicação de recursos no setor, a quantidade de alunos em sala, a visão estratégica da educação escolar para as transformações no país, entre tantos outros. Fato é que uma parcela da população está à margem do preconceito devido à orientação sexual. Por isso, independente de projetos de lei e planos de educação, as opiniões provam que o tema é relevante, ainda obscuro para muitos e que merece ser discutido pela sociedade. 



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NOTÍCIAS REGIÃO

Quem tem medo do vestibular? Profissionais de destaque na região contam como venceram a dúvida e o nervosismo típicos da fase para consolidar carreiras de sucesso

Ricardo Kazumi Noda, de 17 anos, se diz preparado para encarar os vestibulares. O único problema é a indecisão. Aluno do 3º ano, o joseense está em dúvida entre medicina, engenharia e administração.

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

sangue congela, as mãos suam, os músculos se contraem e o coração bate acelerado. Já estamos em setembro. Para a maioria, mais um mês raiando no calendário do segundo semestre, trazendo com ele o feriado de Independência e os novos ventos da primavera. Já aos vestibulandos, esses imberbes postulantes a cursos universitários, aos vestibulandos não há nada de inofensivo nesta nona folhinha do calendário. No alto da pouca experiência que seus 16 ou 17 anos lhes proporcionam, para esses estudantes o período é sinônimo de alerta máximo. A pouco mais de um mês para a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e

tantas outras importantes provas de vestibular, o mês anuncia no íntimo de cada um: agora é pra valer. E o nervosismo que esta reta final de preparação suscita nos alunos tem razão de ser. É muito mais do que um teste de conhecimentos específicos, o vestibular é um rito de passagem. Escolha da profissão, da cidade onde morar, do salário-base que vai pautar seus ganhos a partir dali, do novo círculo social, de como se virar fora da casa dos pais e de tantas outras questões que esquentam as cabecinhas já tão abastadas de hormônios. Nada de desespero, marujos. Sobre os mares agitados desse fim de ano que se anuncia, nada melhor do que ouvir os conselhos dos almirantes cascudos, que também tiveram seus 16 anos, suportaram a turbulência,

e hoje são sinônimo de sucesso nas áreas onde atuam. “Antes de prestar vestibular eu pensava em ser oceanógrafa, engenheira ou astronauta. Como pode-se perceber, todas profissões completamente diferentes entre si (risos). É realmente uma fase de bastante indecisão e pela qual todo mundo passa. Eu, por exemplo, escolhi a engenharia. Mas, ainda no início do curso, me inscrevi para o concurso da academia de polícia, abandonei a faculdade e segui carreira na PM”. Explica a coronel Eliane Nikoluk Schachetti, que atualmente é responsável


Marcelo Caltabiano

SĂŁo JosĂŠ dos Campos, Setembro de 2015 | 33


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Pedro Ivo Prates

“O importante é priorizar aquilo que você realmente gosta de fazer”, fala a coronel Eliane Nikoluk, que deixou a engenharia para seguir carreira militar e hoje comanda a PM em toda a região

por todo o comando da Polícia Militar nas 39 cidades da RMVale. O caso da atual comandante de todo o policiamento da Região Metropolitana do Vale do Paraíba ilustra bem o quão complexa é essa história de escolher a profissão. Para chegar à mais alta patente da PM na região, Eliane também contrariou a previsão dos testes vocacionais. “Todos os testes que eu fazia indicavam que eu deveria seguir para a área da arquitetura, música, ou alguma coisa voltada para as artes. E eles não estavam errados. É que o leque de escolhas é tão grande que dá para ser feliz em muitas áreas, basta priorizar aquilo que realmente gosta de fazer. Eu, por exemplo, sou muito realizada com o que faço hoje”, explica. “Mas ainda quero fazer arquitetura depois de me aposentar”, promete a coronel que, nas horas vagas, projeta móveis tanto para a sua casa quanto para a dos familiares.

Mais dúvidas Outra profissional que chegou longe na carreira apesar das dúvidas sobre o que fazer é a diretora do Instituto Embraer, Mariana Luz. O primeiro dilema da moça era o de cursar a faculdade no Brasil ou nos Estados Unidos. Mariana havia completado o ensino médio na terra de Tio Sam e, por lá, já conseguira uma bolsa para o curso de Relações Públicas. Mesmo assim, a vontade de fazer carreira em nosso país falou mais alto e a então estudante aportou no Rio de Janeiro, sua cidade natal, seis meses antes das provas para o vestibular. “Foi uma maratona de estudos em um cursinho preparatório. Ao mesmo tempo em que eu corria para me adaptar às diferenças do ritmo aqui do Brasil, tive que lidar também com aquelas dúvidas que todo adolescente carrega nessa fase. Pensei em ser dentista ou advogada. Mas o desejo de ser diplomata falou mais alto e eu

acabei optando pelo curso de relações internacionais”, explica. Era 1999 e, de acordo com Mariana, apenas quatro instituições ofereciam o curso à época, nenhuma delas pública. Para entrar, a carioca teve de bater o pé com os pais, que enxergavam com certa estranheza o curso novo. Depois de lidar com as próprias dúvidas, Mariana hoje auxilia os mais de 800 alunos dos colégios mantidos pelo instituto (Juarez Wanderley, em São José, e Casimiro Montenegro Filho, em Botucatu). “Hoje implantamos um programa no instituto que realiza justamente esse trabalho de orientação. Trazemos pessoas de diversas áreas para oferecer palestras, simulamos a vivência profissional em laboratórios. São ações que fazem muita diferença na hora de escolher o rumo a seguir”, explica.

Longe de casa Como se não bastassem todos esses fatores para ponderar a escolha de uma


É importante que o estudante tenha em mente que o vestibular é apenas o primeiro de muitos outros direcionamentos na sua carreira. “Isso ajuda a encarar a prova de maneira mais tranquila”, chama a atenção a psicóloga Lauren Menocchi

Marcelo Caltabiano

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profissão, ainda há outras para pensar. Um desses “detalhes” que pesam na escolha é a cidade onde morar. Continuar perto da casa dos pais ou partir para uma cidade desconhecida? Bom, no caso da diretora de Recursos Humanos da Johnson & Johnson de São José dos Campos, Roberta Sanfelice, os imperativos geográficos foram decisivos para a escolha da universidade. Aprovada no vestibular de psicologia pela Federal de Uberlândia (MG), sua cidade natal, a profissional preferiu ingressar na Unesp de Assis (SP), onde também foi aprovada. “Mesmo sendo longe de casa, optei pela Unesp devido à oportunidade de crescimento que seria morar fora da casa dos meus pais, no que diz respeito a questões de responsabilidade e lidar com as diferenças. Acho essa vivência muito importante”, explica.

Sem medo das mudanças O engenheiro Flávio Leite da Cunha, de Caçapava, é o vice-presidente da Avibras Indústria Aeroespacial. Se atu-

almente o profissional ocupa um alto cargo na empresa na qual trabalha com satisfação renovada há 32 anos é por que nunca teve medo das mudanças. A disciplina nos estudos que lhe rendeu uma série de restrições durante uma adolescência de dificuldades foi a mesma que fez com que aceitasse nada menos do que o melhor para a sua carreira. Nesse caminho, saber a hora de abandonar a zona de conforto para abraçar novos desafios foi fundamental. “Aliás, é um conselho que dou: não fique planejando sua carreira com base no sucesso ou no dinheiro. Eu mesmo, depois que me formei em engenharia tive a experiência de trabalhar em uma grande indústria multinacional e não gostei. Não me propiciava a capacidade de criar e inovar. Fui para um centro de pesquisas no CTA, mas não me adaptei porque sempre fui muito ativo. Logo em seguida ingressei na Avibras, empresa que me propiciou passar por diversas áreas, por ser uma empresa de inovação e engenharia”, explica o vice-presidente.

Para o vice-presidente da Avibras, Flávio Leite da Cunha, é preciso não se acomodar e estar pronto para novos desafios. Por isso, é importante que o estudante pense ainda num plano de carreira

Regra de três Exemplos como o do vice-presidente da Avibras reforçam a necessidade dos alunos pensarem também em um plano de carreira. Tão importante quanto a escolha do curso universitário é decidir onde se quer chegar na carreira e quais os caminhos podem levar o vestibulando até lá. Para a psicóloga Lauren Menocchi, mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, entender que o vestibular é apenas o primeiro de outros

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Pedro Ivo Prates

Diretora na Johnson & Johnson, Roberta Sanfelice optou por cursar uma faculdade longe de casa: “Foi uma oportunidade de crescimento também pessoal”


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 37

tantos redirecionamentos na carreira pode ajudar o candidato a encarar a prova de maneira mais tranquila. “Hoje em dia vale mais um plano profissional bem orientado. Há uma constante reorientação durante toda a carreira. Assim, um médico pode acabar atuando em gestão, um jornalista ir para a área de educação. O importante é ter em mente que não há determinismo, o vestibular é importante, mas não definitivo como a maioria dos alunos acreditam”, diz. No melhor estilo professora de matemática, Lauren elabora uma regra de três pontos que ajudam os vestibulandos a orientar sua decisão. Número um: autoconhecimento. Número dois: buscar o máximo de informações sobre a profissão. Número três: considerar um projeto de vida. “Autoconhecimento trata-se de ser honesto consigo mesmo para reconhecer pontos fortes e pontos fracos. Buscar as informações sobre a carreira que vai escolher diminui a chance de arrependimentos futuros, tanto com o curso universitário quanto com o exercício da profissão. Já a questão de estabelecer um projeto de vida diz respeito sobre como a profissão se encaixa em como o aluno se vê daqui a alguns anos, não só profissional, mas também pessoalmente”, esclarece.

Retratos do nervosismo Mais de 30 anos de experiência lidando com vestibulandos renderam ao coordenador pedagógico do COC, Heron Oliveira, larga experiência sobre como a questão psicológica pode levantar um candidato mediano ou desmoronar um concorrente afiadíssimo para responder as questões. “Nesse tempo todo, eu vi realmente de tudo que você pode imaginar. Aluno muito bem preparado, com todas as condições de entrar na universidade que quiser que, na hora da prova, a pessoa está tremendo, chorando. Como se estivesse em pânico. Você sabe que se ele pegar essa prova no dia seguinte vai destruir a prova. E, por outro lado, outros sem essa preparação toda conseguem tirar o melhor de si justamente por estarem relaxados na hora da prova”, explica. Se o pânico na hora do teste é encarado com um olhar compadecido por parte do professor, nesses anos todos há um tipo que o tira completamente do sério: o aluno atrasado. “Isso pra mim não tem cabimento. Invariavelmente tem um cara que chega e o portão está fechado. O que você faz com um cara desse? Eu bato (risos). Na semana do vestibular a gente adverte em sala de aula: ‘já estão separados na sua casa os dois

Pedro Ivo Prates

A dica do educador Saulo Daolio, do colégio Anglo, aos alunos é não antecipar os resultados. “Isso não é tarefa fácil, mas, o pensamento mestre deve ser ‘estou fazendo o máximo que consigo, conseguir ou não será simples consequência’”, resume

lápis? Apontador? Caneta? Documento de identidade?’. Coisas simples, mas que podem abalar o psicológico. Imagina perder o RG na semana da prova?”, afirma. Quem já está no ramo da educação há tantos anos quanto o mantenedor do Colégio Anglo Cassiano Ricardo, o professor Saulo Daolio, é testemunha ocular das mudanças que vêm acontecendo na preparação dos alunos. Daolio lembra que, em sua época de prévestibular (o ano era 1971), os alunos basicamente escolhiam ser advogados, médicos ou engenheiros. Aluno do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), o professor nunca chegou a exercer de fato a profissão já que o “vírus da sala de aula”, como ele mesmo diz, o direcionou para o magistério. Se não houve dúvidas sobre o curso que prestaria no vestibular, Daolio lembra o quanto sofreu de véspera por causa da prova. “Alternava as duas certezas: em um dia tinha certeza de que seria aprovado e, no outro, a certeza de que não conseguiria”, conta. Por experiência própria, a dica do educador aos alunos é de justamente não antecipar os resultados. “Isso não é tarefa fácil, mas, o pensamento mestre deve ser ‘estou fazendo o máximo que consigo, conseguir ou não será simples consequência’”, afirma.


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O encontro do talento com a técnica, advinda da educação

Pedro Ivo Prates

A receita para quem está prestes a decidir o rumo profissional: Estudo, disciplina e persistência. “É preciso ver o seu caminho como uma missão, buscando, acima de tudo, ser feliz”

Proprietário do Vale Sul Shopping, Wagner Louis de Souza conta como a educação o ajudou a lapidar o talento nato para o empreendedorismo. Nascido em São José dos Campos, o empresário Wagner Louis de Souza (57), proprietário do Vale Sul Shopping e da Century do Brasil, é dono de um currículo invejável. Na conta: 20 milhões de antenas parabólicas vendidas, a administração de empresas com mais de 1.000 funcionários e a responsabilidade pelo shopping que gera cerca de 5.000 empregos. Normalmente avesso à exposição na mídia, Souza aceitou conversar com a Metrópole Magazine sobre como superou a infância de dificuldades para se transformar em um dos maiores empreendedores da região. No caminho, força de vontade, disciplina e muitas noites dedicadas ao estudo formaram a receita para o sucesso. Nesse processo, assim como todo adolescente, o empresário teve também que passar pelo delicado momento de escolher um curso ideal: que se encaixasse tanto em sua rotina de trabalho quanto em seus objetivos de vida.

Como o senhor via o futuro em termos profissionais quando tinha 16 anos? Eu imaginava que iria morar nos Estados Unidos da América, constituindo família com esposa americana. Não conhecia os Estados Unidos e pensava que o ideal seria viver e ter negócios lá. Na época víamos o país como de primeiro mundo, moderno e dinâmico. Quando descobriu que seria um empreendedor? O Brasil é um país de empreendedores, onde você nasce e desde cedo pensa em ter um negócio, uma empresa, produzir e não se submeter a um emprego. Qual a importância dos estudos para essa caminhada? Eu sempre acreditei que estudar é essencial. Como minha família não dispunha de recursos, minha opção seria trabalhar durante o dia e estudar à noite. Fui para faculdade Braz Cubas em Mogi das Cruzes, cursei administração e, em seguida, economia. Com a visão de empreender, acreditava que trabalhar e me capitalizar seria imprescindível para crescer, mas uma

empresa precisa de boas ideias e excelente planejamento. Precisa também de recursos e, assim, não me preocupei em suprir necessidades pessoais, mas foquei em ter capital para fazer o negócio girar. Qual a lembrança do seu primeiro ganho monetário? Eu morava na rua João Cursino (São José dos Campos) e as mães pediam para as crianças irem comprar leite, pão ou alguma outra coisa. Entre os garotos, eu tinha mais disposição para atender aos pedidos e sempre era presenteado com o troco. Muitas vezes, minha mãe ficava brava e me fazia devolver o dinheiro (risos). Me recordo ainda que, aos 5 anos, vendi selos para ajudar uma campanha contra o câncer e, diferentemente dos meus colegas, minhas vendas foram muito expressivas e desde aquele momento percebi que tinha facilidade para o comércio. Mas o primeiro trabalho remunerado foi aos 10 anos, vendendo desinfetante em pedra para banheiros. Vendi no bairro Jardim Esplanada, na região da atual Vila Betânia e em outras loca-


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 39

Quando vislumbrou que teria sucesso na sua carreira? Aos 13 anos, passei em um concurso pela GM para fazer Senai em Taubaté. Era com carteira assinada e um bom salário. Naquele momento tive o primeiro impulso de que tudo ia dar certo. Com essa capacidade nata de empreender, o que o curso universitário lhe ensinou? O sucesso depende muito de saber aplicar e arriscar. E arriscar significa, às vezes, perder. O conhecimento técnico e formação na área econômica, como é o meu caso, foi imprescindível para entender todo o processo. A inflação, por exemplo, que assolou o país em muitos momentos nestes últimos 30 anos, exige do empresário conhecimento que você só adquire por

meio da universidade, que nos permite entender o mercado e estabelecer rotas e metas. Quais fatores envolveram a escolha para seu vestibular? Desde criança queria fazer engenharia, mas, como disse, minha família não tinha recursos e eu precisava trabalhar durante o dia. Então, a administração foi uma escolha racional. Pensava – e ainda penso – que a técnica é essencial, mas é necessário descobrir qual é o seu talento e investir nisso.

grandes, aqui e no nordeste, de onde vem minha família. Me sinto muito feliz. Fui produtivo e estive perto de pessoas. Como cidadão, contribuí com a sociedade, gerando empregos. Tive o privilégio de ver moleques de rua que hoje são engenheiros, ou um cara que tinha uma barraca na praia e hoje é empresário, dono de restaurante. Do hospital que se mantém com ajuda do meu trabalho a escolas construídas para ajudar a mudar a vida das crianças.

Quais as dúvidas que o senhor trazia no momento daquela escolha? Tinha muitas dúvidas. Achava que o curso de administração era para administrar fazenda (risos). Fui porque sabia que precisava estudar e que teria que ser um curso noturno. Um outro detalhe (risos) é que adoro ônibus e imediatamente comprei um e fiz o transporte dos estudantes que viajavam diariamente para Mogi das Cruzes.

Que dicas o senhor daria para quem está na reta final dos estudos, escolhendo qual profissão seguir? Para ter sucesso, é preciso estudar, mas antes você deve gostar do que fará. Estudo, disciplina, fixação e persistência. É importante observar que grandes talentos não são necessariamente empreendedores, mas com certeza estarão dentro de uma grande corporação. É preciso ver o seu caminho como uma missão, buscando, acima de tudo, ser feliz.

Como o senhor se sente com o que fez de sua vida? Me sinto muito bem, não apenas pelo que fiz empresarialmente, o que é bastante razoável, mas pelo resultado. Realizei coisas pequenas, médias e

Como o senhor imagina o seu futuro? Quero morrer trabalhando, sempre empreendendo, me adaptando às mudanças do mundo, que está cada vez mais competitivo, com informações que estão disponíveis a todos. 

O empresário Wagner Louis de Souza dá a dica: O sucesso depende muito de saber aplicar e arriscar. Mas os riscos podem ser calculados quando se tem conhecimento técnico apropriado

Pedro Ivo Prates

lidades. Fiz ali minha primeira análise de mercado porque, concluí que, na região mais nobre, quem atendia a porta eram as empregadas, que não tinham o poder de compra e, nas regiões menos favorecidas, não davam atenção para esse produto. Já as donas de casa de classe média, além de se interessarem pelo que eu vendia, também queriam me incentivar e acabavam comprando a mercadoria.


PRA SABER O QUE ACONTECE EM SÃO JOSÉ, VÁ ATÉ A CÂMARA. OU TRAGA A CÂMARA ATÉ VOCÊ. Acompanhe as sessões da Câmara Municipal, toda terça e quinta, a partir das 17h30, na Rua Desembargador Francisco Murilo Pinto, 33 – Vila Santa Luzia. Você também pode saber tudo o que acontece, ao vivo, sintonizando a TV Câmara nos canais 7 digital ou 29 analógico da NET. Ou do seu computador, tablet ou smartphone, acessando o site da Câmara: www.camarasjc.sp.gov.br .

www.camarasjc.sp.gov.br



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NOTÍCIAS ESPORTE

Thiago Fadini

O treinador leva consigo o carinho da torcida e o respeito dos jogadores: “Vai me fazer falta”


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Até breve, Zanon!

Treinador que deixa o comando do São José Basketball, após um ano e meio, fala sobre superação do time, carinho pelo cidadão joseense e planos para 2016 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

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1 de janeiro de 2014. Atletas, diretoria, imprensa e torcida se aglomeravam na quadra do Ginásio Lineu de Moura, na Associação Esportiva São José. Com cerca de meia hora de atraso, aparece pelo portão principal, em meio aos ansiosos torcedores, um homem de 50 anos, com pouco menos de 1,90m. Com uma expressão que refletia surpresa, recebeu aplausos e distribuiu cumprimentos. Descendo as escadarias do ginásio, ele teve que encarar os microfones, gravadores e câmeras dos jornalistas, afinal, começava ali a trajetória do terceiro técnico da história do São José Basketball, Luiz Augusto Zanon. Os meses se passaram. E a diretoria da equipe anunciou, no fim de agosto, que Zanon não continua no comando do time e que o auxiliar Cristiano Ahmed assumiria para a temporada 2015/2016. O elenco, que disputa o Campeonato Paulista atualmente, passou por uma reformulação e 12 novos atletas foram contratados. De remanescente, apenas o ala Gustavo. Alguns meninos das categorias de base também foram promovidos.

O Zanon foi e sempre será muito importante para esta equipe, mas a sua continuidade não seria possível agora. Hoje vivemos um novo momento e tivemos que adequar o projeto também a uma nova realidade Mauricio Iannicelli

SUPERVISOR GERAL DA EQUIPE DE BASQUETE DE SJ CAMPOS

Zanon chegou a São José dos Campos em janeiro de 2014, por intermédio de Luís Inácio Messias (à esquerda), supervisor da equipe na época

Mesmo assim, o sentimento de ausência por não ver mais Zanon no banco de reservas joseense foi forte em grande parte da torcida, aquela mesmo que o aplaudiu em sua chegada. “Nós do São José Basketball e toda a torcida reconhecemos o trabalho feito por Zanon e somos muito gratos por sua história dentro da equipe. Hoje vivemos um novo momento e tivemos que adequar o projeto também a uma nova realidade. O Zanon foi e sempre será muito importante para esta equipe, mas a sua continuidade não seria possível agora”, esclareceu Mauricio Iannicelli, supervisor geral da equipe.

Desembarque turbulento O treinador, que hoje comanda a seleção brasileira feminina de basquete, chegou em um momento delicado. O São José estava na sétima colocação

Flavio Pereira/Meon

Thiago Fadini


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Cortes e entrega: a segunda temporada

Amtonio Basílio

Passadas as adversidades da primeira temporada, a segunda estava por vir e sinalizava mais pedras pelo caminho. A Organização Social São José Desportivo, que passou a gerir o elenco uma temporada antes da chegada de Zanon, anunciou um corte de 25% no orçamento para o basquetebol de alto rendimento na cidade. Resultado: Fúlvio, armador e ídolo joseense, além de Jefferson, ala/pivô que foi considerado um ‘medalhão’, foram embora.

No anúncio da segunda temporada, o então técnico teve que trabalhar com um corte de 25% no orçamento para montar o elenco

Flavio Pereira

do Novo Basquete Brasil de 2013/2014, com 56,3% de aproveitamento. Em 16 jogos disputados, foram nove vitórias e sete derrotas. “O momento em que cheguei era de total turbulência”, lembra. Foram necessários quatro meses de trabalho para o comandante mostrar a que veio: levou a equipe ao quinto jogo das semifinais NBB, com grande parte dos jogadores machucados. E haveria outra reação se não a aceitação da torcida? “Todo mundo viu a minha dedicação, porque tinha pego um negócio problemático, mas com potencial. Consegui extrair esse potencial, mesmo sabendo dos problemas de redução de verba [por parte da Secretaria de Esportes e Lazer, principal patrocinadora da equipe]. Tirei dessas dificuldades um combustível”, falou.

Todo mundo viu a minha dedicação, porque tinha pego um negócio problemático, mas com potencial. Consegui extrair esse potencial, mesmo sabendo dos problemas de redução de verba. Tirei dessas dificuldades um combustível Luiz Zanon TREINADOR

O bom entrosamento entre o técnico e a torcida é um dos legados de Luiz Zanon para o basquete joseense

“Para o meu planejamento técnico, foi desastroso. Perdemos importantes jogadores. Perdemos os americanos (Andre Laws e Ed Nelson), o Fúlvio, o Jefferson. Perdemos todos os meninos [da base]”, fala. Se alternando entre a seleção feminina e o São José, Zanon conseguiu ajudar o elenco, que contava ainda com Caio Torres e Dedé, além dos experientes Valtinho, Betinho e Drudi, a forçar a série melhor de cinco jogos nas quartas de final do NBB até o confronto decisivo contra o Flamengo, atual campeão nacional. “Era um time muito heterogêneo, precisávamos homogeneizar. Aí começamos o trabalho com o orçamento menor, mas com um bom time. Esse time, no meu modo de ver, foi super bem até onde ele podia. Um time que eliminou o vice-campeão, foi jogar com o campeão e fez uma melhor de cinco, onde o campeão ganhou dos outros adversários por 3 a 0. Resgatamos o prazer do basquete”, opina. Encerrada a temporada 2014/2015 para o São José dentro de quadra, se iniciava automaticamente o planejamento para 2015/2016. E o direcionamento do trabalho nos bastidores joseenses já começaria com um novo estardalhaço. A OS


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 45

São José Desportivo anunciava o abandono da gestão dos times masculino e feminino do São José Basketball. A Secretaria de Esportes e Lazer voltaria a gerir o time. Com a crise econômica vivida no país, o investimento foi ainda mais reduzido. Apenas um atleta foi mantido no elenco e, na comissão técnica, a continuidade de Luiz Zanon era dúvida. Dois meses depois, veio a confirmação de que Zanon não continuaria; Cristiano Ahmed, seu auxiliar, assumiria como treinador principal. “Dei minha palavra de que ia ficar até 2016, independente dos contratos serem feitos ano a ano, eu ia até o fim. Vim com a minha mulher, meus filhos, nunca tinha feito isso, mas vim com um plano grande”, disse Zanon, com a voz embargada. Por toda a contribuição que deu, não só dentro de quadra, mas também fora dela, a cabeça do extrovertido comandante pensava já no futuro,

sem, segundo ele, se preocupar com uma proposta financeira. “O pessoal que estava tocando o projeto me falava que ia ver como ia ficar, mas nunca me inseriram no projeto. Disseram que a parte financeira estava difícil, mas eu só ia discutir a parte financeira depois. Isso me deixou chateado, mas eu os compreendo”, revela.

Memórias e futuro Em um ano e meio, Luiz Zanon deixou a marca de líder eufórico e hiperativo dentro de quadra e de técnico ‘gente fina’ com os atletas. Raros eram os dias em que o Lineu de Moura não chegava à capacidade máxima nas arquibancadas nos jogos do NBB entre 2014 e 2015. O carinho da torcida é uma das coisas que Zanon mais preserva e fala sobre com uma pitada a mais de emoção. “Destaco o jogo contra Brasília [quartas de final do NBB 2013/2014], em que ninguém acreditava. Ganha-

mos os dois jogos lá. Viemos para cá com o portão fechado, por conta da penalidade [contra o Palmeiras nas oitavas de final], e ficaram mais de duas mil pessoas fora do ginásio assistindo o jogo. Acabou o jogo e me lembro como se fosse hoje... Peguei meu carro, saí e vi a torcida comemorando com os jogadores. Algo que dificilmente você vê no esporte”, contou. Forçado a ficar apenas com as lembranças de São José dos Campos, o comandante deixará a cidade para voltar à Limeira, onde irá dedicar atenção para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. “Sempre fui respeitado pela imprensa, torcida, dirigentes e principalmente pelo cidadão joseense. É algo que nem com a seleção brasileira a gente consegue ter. Ia em qualquer lugar e me agradeciam pelo trabalho. A mensagem que fica é a de um ‘até breve’, porque vai me fazer falta”, emociona-se o ex-técnico do São José. 




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Cultura& Divulgação

Literatura gratuita em São José Da Redação

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

São José dos Campos recebe entre os dias 18 e 20 de setembro a 2ª edição da Flim (Festa Literomusical), que acontece no Parque Vicentina Aranha. Nos três dias de evento, nomes como Paulo Henriques Britto, José Miguel Wisnik, Veronica Stigger, Noemi Jaffe, Daniela Arbex, Marcelino Freire, Daniel Pedrosa, Mirian Cris e Hector Enrique Giana, além do músico Arnaldo Antunes, vão discutir e debater a literatura na formação dos cidadãos. Ao todo, serão sete mesas de debates, além de diversos eventos culturais, como mostra de curtas, saraus, oficinas e exposições. O evento é gratuito. Na edição de 2014, mais de 16 mil pessoas acompanharam as 25 atividades realizadas na Flim.

PROGRAMAÇÃO DIA 18 19h – Cerimônia de abertura, no espaço Ponto de Encontro 19h15 – 1ª mesa: “literatura para quê? Os desafios da literatura”. Com o poeta Paulo Henriques Britto e o curador do evento, Alberto Martins 20h30 – Mostra de curtas: primeira exibição de curtas metragens inspirados na literatura, no Cinema ao Ar Livre 21h15 – Autógrafo de livros: escritores da 1ª mesa (Alberto Martins e Paulo Henriques Britto), no Largo do Autor 21h30 – Flor de mandacaru: show Literomusical com tradução em libras – Poética musical das obras de Ariano Suassuna, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto, entre outros. No Tom da Flim DIA 19 9h – 2ª mesa: “rumos da literatura em São José”, com Daniel Pedrosa, Mirian Cris e Hector Enrique Giana. No espaço Ponto de Encontro 9h – Música para bebês: vivência musical para pais e bebês, com Heloise Gomes Ferreira, na sala de leitura Réginaldo Poeta

9h – Momento plantar: inspirados por leituras, crianças portadoras de deficiência ou não, participam de vivências sensoriais. No jardim Faz de Conta 10h30 – 3ª Mesa: “Memórias Afetivas”, com Noemi Jaffe, Verónica Stigger e Daniela Arbex. No Ponto de Encontro 11h – Momento Contaí: contação de histórias. No jardim Faz de Conta 11h – Cordel e Oficina de Isogravura. No jardim Faz de conta 12h30 – Autógrafo de livros: escritores da 2ª e 3ª mesas No Largo do Autor 14h – 4ª mesa: “arquitetura e urbanismo do Vale do Paraíba”, com Persival Tirapele. No jardim Faz de Conta 14h – Cantigas e ritmos do Brasil, com Li Maria 14h – Oficinas de HQ para crianças e adultos, com Momento Contaí da Flim. Na Varanda da Criação no Pavilhão São José 15h – Autógrafo de livros do escritor da 4ª mesa (Persival Tirapele) 15h – 5ª mesa: “A Poesia da voz”, com José Miguel Wisnik. No espaço Ponto de Encontro 15h – Oficina de cartas: crianças irão

escrever cartas para pessoas queridas e postar nos Correios. No jardim Faz de Conta 16h – Histórias que dão friozinho na barriga, no jardim Faz de Conta 16h30 – Autógrafo de livros com o escritor da 5ª mesa (José Miguel Wisnik). No Largo do Autor 17h – História de Bertolino. Para crianças a partir de 6 anos. No jardim Faz de Conta 17h – Oficina de Bonequinho de Massa, com Cauique Bonsucesso e a boneca dançarina Ziloca. 17h30 – 6ª mesa: “Arnaldo Antunes”, com a presença do cantor e de João Bandeira. No espaço Ponto de Encontro 19h – Mostra de curtas. Cinema ao ar livre 19h – Sarau de primavera: lançamento do livro de poemas “Amores e Outros Retalhos”, das escritoras Dyrce Araújo, Erika Siqueira, Mirian Cris, Rossana Masiero e Zenilda Lua. Apresentação musical com o “Trio que Chora”. Na sala de leitura Réginaldo Poeta 19h30 – Autógrafo de livros (João Bandeira), no Largo do Autor 19h30 – Memórias do mundo: peça teatral em homenagem a Jorge Luís

Borges, com João Paulo Lorenzon 21h – A casa é sua: show de Arnaldo Antunes. No Tom da Flim DIA 20 9h – Momento Contaí: Contação de histórias. Para crianças e adultos. No jardim Faz de Conta 9h30 – Caça ao poema: uma caminhada para encontrar poemas e trechos de histórias de diversos autores, com grupo Passarinheiros. No jardim Faz de Conta 10h – Caminhada poética: tinha um Drummond no meio do caminho, com grupo de Teatro Toque de Arte. Ao ar livre 10h – Oficina de autobiografia para jovens de 12 a 18 anos, com Luiz Brás. Na Varanda da Criação, no Pavilhão São José 10h30 – 7ª mesa: “O autor como leitor”, com Marcelino Freire, Roberto Taddei e Tiago Novaes. No Ponto de Encontro 11h – Piquenique Literário com Tiquetiquê. No Tom da Flim. 12h30 – Autógrafo de livros com escritores da 7ª mesa (Marcelino Freire, Roberto Taddei e Tiago Novaes)


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DVD&

As Vantagens de Ser Invisível Preços: DVD: R$ 39,90 Blu-ray: R$ 99,90

Charlie (Logan Lerman), entra no colegial enquanto se recupera de uma depressão, que lhe rendeu tendências suicidas, e da perda de seu

CINEMA&

único amigo. No colégio, porém, começa sua jornada de socialização, de crescimento e recuperação com a inadvertida ajuda de dois veteranos.

LITERATURA&

Maze Runner: Prova de Fogo

Grey E. L. James

Preço: R$ 39,90

Após escapar do labirinto, Thomas (Dylan O’Brien) e os garotos que o acompanharam em sua fuga da Clareira precisam agora lidar com uma realidade bem diferente: a superfície da Terra foi queimada pelo sol e eles precisam lidar com criaturas disformes chamadas Cranks, que desejam devorá-los vivos. Manipulação, mentiras e traições cercam o caminho dos clareanos, mas para Thomas a pior prova será ter que escolher em quem acreditar.

Grey, novo livro de E. L. James, narra o tórrido romance entre o sedutor Christian Grey e a jovem Anastasia Steele sob a perspectiva do protagonista masculino. Christian é um personagem complexo que sempre instigou a curiosidade do público por seu passado turbulento e gostos sexuais peculiares. Nesse novo livro, ela expõe os pensamentos, reflexões e sonhos de um homem controlador, bem-sucedido e de coração ferido que vê sua vida mudar drasticamente no dia em que Anastasia Steele surge em seu escritório.

SOM&

Libertines Anthems For Doomed Youth (Virgin)

Preço: R$ 49,90

Pete, Carl, John e Gary ousaram mais uma vez. Depois de 11 anos, o The Libertines está de volta, mas não só como uma reunião de banda para fazer shows e angariar um montante de dinheiro: eles voltam com disco novo. ‘Anthems For Doomed Youth’ traz um pouco do que foi a tempestade vivida pelos integrantes da banda, como envolvimento com drogas e até prisões. Se em 2004, no segundo e último disco do grupo, eles contavam a aventura de ser jovem, hoje o Libertines tem muito mais para falar.

Scalene Real/Surreal (Deluxe) (Slap Records)

Preço: R$ 24,90

Depois de fazer sucesso no programa Superstar, os brasilienses da banda Scalene relançam seu álbum de estreia pela gravadora Slap Records. O disco Real/Surreal foi a porta de entrada do grupo no rock brasileiro. Se em 2014 o álbum rendeu 45 shows, incluindo apresentações ao lado de nomes como Raimundos, em 2015, eles ganharam destaque nos festivais Lollapalooza Brasil e South by Southwest (SXSW), em Austin, Texas (EUA).


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NOTÍCIAS COMPORTAMENTO

As ‘minas’ do skate fazem bonito Embaladas pelo sucesso da skatista Pâmela Rosa, mulheres deixam o preconceito de lado para se arriscar em cima das quatro rodinhas

João Pedro Teles SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

E

m São José dos Campos, skate definitivamente não é esporte exclusivo para homens. Nos espaços reservados para a prática, as mulheres já são presença marcante entre os marmanjos e fazem bonito em cima das quatro rodinhas. Antes renegada a uma participação discreta nos encontros entre os praticantes da modalidade, a turma foi se reunindo e ganhando cada vez mais representatividade. As skatistas, que geralmente começam a praticar a modalidade sozinhas, acabam fazendo

amizade entre si, o que as motiva ainda mais para continuar praticando. É o caso da estudante Júlia Domingues, de 17 anos, que costumava andar sozinha até começar a reunir um grupo de amigas que conheceu nas pistas de skate. Apesar de ter começado no esporte já aos 8 anos de idade, a estudante começou a prática para valer mesmo há um ano. “A gente reuniu um grupo com sete meninas e agora anda praticamente todos os dias. É legal manter essa amizade com as skatistas porque a gente consegue companhia para continuar praticando e ainda tem mais espaço entre os homens”, explica.


Symone Dagmar (foto) anda de longboard, um tipo de skate, há três anos

Arquivo Pessoal

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Tião Martins / PMSJC

Com um histórico relevante em competições nacionais e internacionais, a joseense Pâmela Rosa é inspiração para outras meninas

Campeã Medalhista de prata na etapa de Autins do X-Games, que aconteceu em junho, Pâmela Rosa é a maior inspiração para as jovens skatistas da cidade. Pâmela concorre pela categoria street e, com apenas 15 anos de idade, a joseense é um dos jovens talentos do skate mundial. Além da prata em Autins, feito que já havia conquistado em 2014, Pâmela também ficou em segundo lugar na Far’n High, a etapa francesa da Copa Mundial de Skate, que aconteceu no mês de maio em Paris. Mas se atualmente a skatista é olhada com admiração por homens e mulheres devido ao seu talento, muito desse reconhecimento é fruto do comportamento obstinado que a esportista cultiva desde cedo. O primeiro skate, dado pelos pais aos 9 anos, foi fruto de um insistente trabalho de convencimento para os parentes, que considera-

vam o esporte perigoso demais. “Hoje, os meninos me respeitam e me ajudam muito. Agora, o skate feminino está mudando e sendo mais valorizado”, revela Pâmela, que também já se acostumou a ser a mais jovem competidora dos torneios que disputa. E bastou colocar um skate no pé para que a joseense começasse a “varrer” sua categoria nos principais campeonatos nacionais femininos. Pâmela é tricampeã paulista e tetra brasileira e, mesmo sendo amadora, disputou competições com skatistas profissionais e foi campeã sulamericana de 2012 a 2014. A partir daí, a joseense vem surpreendendo o mundo com resultados expressivos em competições internacionais.

Crescimento Skatista e promotor de eventos de skate há mais de sete anos, Douglas Fernandes comprova o crescimento da participação feminina nos campeonatos realizados na região. De acordo

Symone Dagmar ESTUDANTE

com ele, os números aumentaram significativamente de dois anos para cá. “Agora, mais ou menos um terço dos inscritos é formado pela ala feminina nos torneios principalmente da modalidade street, onde homens e mulheres competem juntos”, explica. A modalidade que mais cresce mesmo entre as moças, entretanto, é o longboard. Um skate maior, com mais estabilidade, ideal para descer ladeiras e o novo xodó das meninas. “A mulherada aprende vendo os amigos ou namorado andando, tomam gosto pela coisa e acabam ficando viciadas na sensação boa que é estar em cima do skate”, explica Symone Dagmar, estudante universitária, de 23 anos, que anda de longboard há três.

Pâmela Rosa na Far’n High, a etapa francesa da Copa Mundial de Skate

Arquivo Pessoal

Entre as amizades que a skatista fez nas pistas está a também estudante Thaís Oliveira, de 16 anos. Pouco mais experiente, Thaís já disputou alguns campeonatos em São José. E a disputa com os homens é acirrada. “Eles ficam com medo dos jurados nos verem de maneira diferente por que somos mulheres. Mas, normalmente, a convivência é bem legal com os meninos. Os que andam há mais tempo respeitam até mais do que quem começou agora”, afirma Thaís.

A mulherada aprende vendo os amigos ou namorado andando, tomam gosto pela coisa e acabam ficando viciadas na sensação boa que é estar em cima do skate


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Coisa de menino? Que nada! O skate está atraindo cada vez mais a atenção feminina; e algumas garotas começam cedo na prática, já aos 8 anos

Symone Dagmar/Arquivo Pessoal

Já para a engenheira civil Carolina Cassiano Ferreira, a modalidade é ideal para relaxar e colocar as ideias em ordem. Como normalmente o longboard é praticado em ambientes ao ar livre, a natureza também dá uma forcinha para inspirar as praticantes. “É um ótimo remédio para a TPM por exemplo (risos). Acho, inclusive, que a motivação feminina para o longboard é muito diferente do que a masculina. Enquanto os homens estão mais focados na adrenalina, as mulheres, pelo que eu tenho percebido, gostam mais de esquecer os problemas, tirar um tempo só para si, se exercitar com mais prazer, essas coisas”, explica. 

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NOTÍCIAS CULTURA

A cidade que conta histórias Com pouco mais de 90 mil visitantes por ano, museus de Taubaté se destacam pelas personalidades que viveram na cidade


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O Museu Mazzaropi, em Taubaté, preserva a memória e a história do artista que lhe dá nome

TAUBATÉ

C

onhecida como Capital Nacional da Literatura Infantil, Taubaté é a cidade do interior paulista que mais tem museus históricos − no total são 11 estabelecimentos. Entre eles, destacamse o Museu Mazzaropi e o Sítio do Picapau Amarelo, ambos em homenagem a grandes personalidades que passaram pela Terra: o escritor Monteiro Lobato e o cineasta Amácio Mazzaropi. Já na entrada do museu Histórico Folclórico e Pedagógico Monteiro Lobato, mais conhecido como Sítio do Picapau Amarelo, logo se vê a espaçosa casa em que viveu na infância o criador da boneca de pano mais falante da cultura nacional. Embora seja um museu histórico, a casa parece viva. Tal qual os personagens da literatura, atores caracterizados de Emília, Narizinho e Dona Benta recepcionam e interagem com os visitantes. Por semana, passam 2 mil pessoas pelo sítio, e os meses com o maior nú-

mero de visitação são abril, junho e outubro. O local recebe grupos escolares, excursões e também grupos familiares. A cada ano, o museu trabalha uma proposta diferente. Em 2015, a temática é baseada na obra Aritmética da Emília, que completa 80 anos. A programação conta com teatro infantil, oficinas de artes e desenho, visita guiada e contação de histórias. A coordenadora do museu, Maria Cristina Lopes, fala sobre a importância do museu como patrimônio cultural. “É um casarão do século 19, um dos poucos que ainda se mantém em pé, vivo e conservado.” Segundo Maria Cristina, um dos fatos que sempre intriga as crianças é a quantidade e o tamanho das portas e janelas do museu, que têm respectivamente 3,2 e 2,10 metros de comprimento. E o motivo tem uma explicação histórica: na época em que foi construído, não havia eletricidade, por isso eram feitas desse tamanho, para aproveitar a luz do dia. O vendedor Claude Centenaro deixou a correria da capital de São Paulo exclusivamente para vir com a família

visitar o Sítio. Segundo ele, as crianças (dois netos e o filho) ficaram maravilhadas em conhecer o museu. “Eles estão em êxtase, inclusive tem as estátuas ali fora e nós tiramos fotos em todas elas. Eles interagem bastante com os personagens, até abraçam e beijam”. Centenaro tem todos os livros infantis de Monteiro Lobato e ressalta a importância da visita. “Tem um teor muito cultural, e o que as crianças vão levar para o futuro é conhecimento e informação, que é uma coisa que ninguém tira da gente”.

Inclusão Neise Rodrigues e Simone Vecchio são intérpretes da Língua Brasileira de Sinais e escolheram o sítio para fazer um encontro informal de pessoas com deficiência auditiva e intérpretes, para que pudessem ter a oportunidade de

Danilo C Monteiro

Rebeca Caballero


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Monteiro Lobato na obra de Mazzaropi

Danilo C Monteiro

Um dos personagens de Monteiro Lobato é o caipira Jeca Tatu, que foi bem difundido pela interpretação de Amácio Mazzaropi em seus filmes. O cineasta, que fez a maior parte das gravações em Taubaté, também tem um museu dedicado a ele, situado ao lado do Hotel Fazenda Mazzaropi, local em que foi construído o segundo estúdio do artista, que chegou a ser o maior

O Museu Mazzaropi possui mais de 20 mil itens, como fotos, documentos, objetos, móveis e equipamentos que pertenceram a Amácio Mazzaropi estúdio da América do Sul na época. O museu, que também tem frequência de aproximadamente 2 mil pessoas por semana, funciona de terça a domingo, das 8h30 às 12h30 e possui mais de 20 mil itens, como fotos, documentos, móveis, objetos e outros equipamentos. Com um público bastante diversificado, o local recebe a visitação de grupos de crianças, de idosos, de estudantes de cinema e até de estudantes de circo. De acordo com a coordenadora do museu, Pâmela Botelho, Mazzaropi

Danilo C Monteiro

conhecer o museu de maneira mais completa, com ajuda da interpretação. “Vai ser uma tarde agradável, na verdade muitos já conhecem aqui, mas hoje eles vão poder perguntar, entender, saber o que realmente significa esse lugar”, avalia Simone. Durante a visita guiada, o monitor fala sobre a vida e a obra de Monteiro Lobato, a arquitetura do casarão e sobre os utensílios da época. A intérprete Neise ressalta que, normalmente, os deficientes auditivos não têm acesso à cultura por não ter intérprete em lugares como esse.

chegou a ter um público de 8 milhões, o que é uma das maiores bilheterias nacionais até hoje. Em comparação com outras produções da época, como os filmes dos Trapalhões, por exemplo, o recorde do filme mais assistido deles foi de 5,6 milhões. Além de conhecer a coleção de itens, os visitantes também podem assistir a última entrevista de Mazzaropi na TV, gravada com Hebe Camargo, e observar uma linha do tempo interativa da vida do cineasta, com trilhas sonoras e trechos de filmes. O museu oferece uma

A cidade abriga o legítimo Sítio do Picapau Amarelo. O museu, instalado na chácara que pertenceu à família Lobato, possui acervo de objetos pessoais do escritor e uma biblioteca


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 57

A coordenadora do Sítio, Maria Cristina Lopes, ressalta também a importância arquitetônica do museu. “É um casarão do século 19”

Danilo C Monteiro

monitoria, que tira dúvidas sobre o acervo e também explica um pouco sobre os princípios do cinema. Pâmela conta que o objeto que mais faz sucesso com o público é a espingarda de cano torto. “É o que eles mais têm curiosidade de ver, porque ele usou em alguns filmes e é um objeto que a maioria conhece”. O hotel que leva o nome do cineasta foi eleito por seis vezes o melhor hotel fazenda do Brasil pela Revista Viagem & Turismo e é bastante reconhecido por ser um hotel familiar, com muitas atividades para crianças. Alguns dos hóspedes acabam conhecendo o museu Mazzaropi por conta da visita, como é o caso da costureira Verônica Sarre Mateus Pereira, que veio da cidade de Barretos com a família e diz que ficou maravilhada. “Adorei! Vim a convite da minha filha e estou encantada

preocupavam-se não só com a realização das obras, mas com a formação intelectual, moral e social do povo brasileiro. “Esses dois personagens deixaram mensagens e valores positivos, que são atemporais. Sensibilizam até hoje aqueles que se interessam por suas respectivas obras”, conclui a historiadora.

Mais histórias

Esses dois personagens deixaram mensagens e valores positivos, que são atemporais. Sensibilizam até hoje aqueles que se interessam por suas respectivas obras Lia Carolina P. Alves Mariotto HISTORIADORA

com tudo, com a estrutura do hotel, a organização, tudo. E o museu fechou com chave de ouro. Foi uma aquisição cultural fantástica”. A historiadora Lia Carolina Prado Alves Mariotto é chefe da Divisão de Museus de Taubaté e especialista em paleografia. Lia ressalta a contribuição positiva deixada por Lobato e Mazzaropi. Segundo ela, o escritor e o cineasta

Além dos museus conhecidos pelos grandes nomes da cultura taubateana, o município também possui o Museu de História Natural, onde o visitante pode apreciar um pouco mais sobre a história de vida do planeta por meio do variado acervo, que é dividido por eras geológicas e reúne uma infinidade de peças, desde grandes dinossauros até pequenos insetos. É onde se encontra o fóssil de um dinossauro encontrado na cidade de Tremembé pelo médico e pesquisador Herculano Alvarenga. Apesar de pouco conhecido, Taubaté também abriga o Museu da Imigração Italiana, um casarão que foi habitado pela família Indiani de 1903 a 1953. Lá, o visitante pode conhecer um pouco mais sobre a história e tradição dos antigos moradores. Atualmente, depois de restaurado, o local também é sede da associação Circolo Italiano di Taubaté, que visa preservar a cultura e as tradições italianas na cidade. Além destes, o Museu da Imagem e do Som e o Museu de Artes Plásticas Ander-

son Fabiano fazem parte da Divisão de Museus Municipais da cidade. O Museu da Imagem e do Som, conhecido como Mistau, é o maior acervo de imagens históricas da região, e conta também com uma coletânea de depoimentos, produções diversificadas em áudio e vídeo, equipamentos cinematográficos, biblioteca e hemeroteca. Já o Museu de Artes Plásticas possui uma rica coleção de obras de artistas taubateanos. Além de pinturas e esculturas, o local também possui um espaço para apresentações musicais e eventos de poesia. 

Serviço: Museu Histórico Folclórico e Pedagógico Monteiro Lobato. Avenida Monteiro Lobato, s/ nº, Chácara do Visconde. De terça a domingo, das 9h às 17h. Entrada gratuita. (12) 3625-5062 Museu Mazzaropi. Estrada Municipal Amácio Mazzaropi, 249, Bairro Itaim. De terça a domingo, das 8h30 às 12h30. Ingressos: R$ 10 / Estudantes: R$ 5. Crianças de até 7 anos têm entrada gratuita. (12) 3634-3447 Museu de História Natural. Rua Juvenal Dias de Carvalho, 111, Jardim do Sol. De terça a domingo, das 9h30 às 17h.Ingressos: R$ 14 / Estudantes e aposentados: R$ 7. (12) 3631-2928 Circolo Italiano di Taubaté e Museu da Imigração Italiana. Avenida Líbero Indiani, 550, Quiririm. De segunda a sexta, das 8h às 17h. Entrada gratuita. (12) 3686-3340 Museu da Imagem e do Som e Museu de Artes Plásticas Anderson Fabiano. Avenida Thomé Portes Del Rey, 925, Vila São José. De terça a sexta, das 8h às 11h30 e das 14h às 17h / Sábados e domingos das 9h às 12h. Entrada gratuita. (12) 3625-5059


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NOTÍCIAS CULTURA

‘Vaquinha virtual’: uma via para o terceiro setor Em São José, instituições têm apostado no crowdfunding para levantar os recursos cada vez mais escassos


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SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O

Taine Cardoso

crowdfunding, espécie de “vaquinha virtual”, tem se transformado em alternativa para as instituições do terceiro setor fugirem dos reflexos da crise econômica. Isso porque, com a estagnação da economia no país, institutos que dependem do patrocínio de empresas já temem ter de fechar as portas a partir do ano que vem. Para quem não conhece, trata-se de uma forma de captação coletiva realizada por meio de sites especializados. Livros, filmes, shows ou aplicativos estão entre os projetos que buscam financiamento pela internet. Para isso, o interessado estipula uma meta de arrecadação. São estabelecidas também as cotas com valores que os internautas podem colaborar. Normalmente são oferecidas recompensas especiais para quem adquire as cotas mais altas. No lançamento de um livro, por exemplo, quem paga mais pode receber uma edição especial com capa dura, autógrafos ou materiais promocionais. Já no caso do Instituto Recriar, ONG joseense que há dez anos atua com ações complementares de educação infantil, essas recompensas são diferentes. Quem compra a cota de R$ 20 recebe um agradecimento na página do Facebook, R$ 40 dão direito a duas

Instituto Recriar, ONG sediada em São José, aderiu ao crowdfunding para garantir a continuidade das atividades em 2016 Taine Cardoso

João Pedro Teles

faixas musicais cantadas pelos alunos, e daí por diante. A campanha começou no mês de junho, após os diretores perceberem que as empresas que patrocinam o instituto dificilmente renovariam os contratos. Com um cenário pessimista pela frente, o jeito foi recorrer à captação de recursos pela internet. E isso porque o instituto está amparado por nada menos do que quatro leis de incentivo fiscal: a Lei Rouanet, a Lei Federal de Incentivo ao Esporte, a Lei Estadual de Incentivo à Cultura e o Fundo Municipal da Criança e Adolescência, de São José dos Campos. “Felizmente contamos com uma equipe muito profissional e especializada não só na captação de recursos, mas também na gestão desses recursos, e atribuímos a isso, entre outros fatores, o sucesso que obtivemos até hoje”, explica a coordenadora de projetos do Recriar, Louise Oikawa. O instituto atende atualmente 120 crianças de terça a sexta-feira. São 60

Meta do Recriar é arrecadar a quantia de R$ 550 mil; cotas, na vaquinha virtual, vão de R$ 20 a R$ 48 mil

no período da manhã e outras 60 no período da tarde. No espaço, os alunos recebem aulas complementares ao currículo escolar, como artes, yoga, teatro, dança, entre outras atividades. Para garantir a continuidade das atividades em 2016, a ONG estabeleceu como meta a quantia de R$ 550 mil de arrecadação. Pelo alto valor estipulado, as cotas vão dos R$ 20 aos R$ 48 mil. As parcelas com quantias maiores têm como alvo as empresas que se interessarem em associar sua marca aos eventos da ONG. Nas cotas mais caras, a promessa é de ter o nome da marca divulgado em todos os eventos do Recriar. Além destes eventos, que incluem espetáculos teatrais e de dança, os materiais impressos do instituto também sairiam com a logomarca do colaborador. Entretanto, até o fechamento desta edição, a campanha ainda não havia chegado nem perto do valor estipulado como meta e as doações (que somavam R$ 5.380 até o encerramento da repor-


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Kombi Carecendo de valores muito mais modestos do que o estabelecido pelo Recriar, a ONG Cultura na Kombi, de Taubaté é um caso bem sucedido de como a ferramenta do crowdfunding pode ser eficiente aos projetos do terceiro setor. Após lançar campanha na internet, o instituto conseguiu bater a meta de R$ 6.450 para cobrir os custos do projeto. Voltado para as ações de cunho artístico, o Cultura na Kombi tem como missão levar atrações aos lugares mais afastados da região, onde o acesso aos eventos culturais é mais escasso. Com ações baseadas majoritariamente em recursos próprios, a campanha de captação de recursos pela internet teve

o objetivo de, basicamente, recuperar o que foi gasto. “Chegamos a esse valor com dois meses de campanha. Um ponto importante de ressaltar é que, além da ferramenta ser útil para levantar os recursos, ela também funciona como forma de divulgação do projeto, já que algumas pessoas que ainda não conheciam o projeto acabaram conhecendo justamente por causa da campanha”, explica o idealizador do Cultura na Kombi, Flávio Itajubá.

Panorama De acordo com o especialista Ricardo Falcão, autor do livro “Elaboração de Projetos e sua Captação de Recursos”, as duas instituições da região ilustram bem como é a relação entre o crowdfunding e o terceiro setor. Para Falcão, a ferramenta é mais apropriada para a captação de valores menores. “É ótimo para os projetos de menor porte, mas não vai ajudar um projetão de R$ 5 milhões. Mas o fato é que, realmente, a crise vai diminuir os investimentos nos projetos sociais e, para sobreviver, as instituições precisarão se preocupar ainda mais com uma questão que é crucial nesse setor: diversificar as fontes de renda. O ditado da vovó vale também neste caso: não se pode colocar todos os ovos na mesma cesta. Porque, se uma empresa desiste, há chance de haver

Para o idealizador da ONG Cultura na Kombi, Flávio Itajubá, a “vaquinha virtual” ajuda a levantar recursos e a divulgar o nome do projeto na internet

outras dispostas a continuar com o investimento”, afirma. Outra dica do especialista é investir na profissionalização das instituições. Segundo ele, a crise trará o doloroso ensinamento de que não basta apenas boa vontade para manter um projeto social funcionando plenamente. “A crise vai ajudar muitas instituições que ainda não acordaram para esta realidade. Não é suficiente ser bom apenas na aprovação dos projetos nas leis de incentivo, mas é fundamental também saber vender essa ideia às empresas”, conclui.

Outro lado Fausto Camargo, gerente geral de Sustentabilidade da Fibria, é responsável pela aprovação dos projetos sociais da empresa, com sede em Jacareí. Ele explica que, ao contrário da tendência nacional, a empresa vai manter os investimentos no social. Para quem está procurando financiamento, o diretor explica o que faz brilhar os olhos do investidor. “Na Fibria, o foco está nos projetos voltados na geração de emprego e renda e na melhoria da qualidade de vida das comunidades onde a empresa atua. As prioridades são levantadas após um diagnóstico do que é mais adequado para a região de acordo com as características sociais que apresenta”, orienta. 

Reprodução

tagem) foram realizadas apenas por pessoas físicas. Para atrair os empresários, a campanha também vem sendo realizada no porta a porta das empresas. “Nosso foco de divulgação é a internet, no entanto temos estabelecido algumas parcerias com escolas particulares. Realizamos distribuição de folders para os alunos e suas famílias, participamos de eventos culturais na cidade. Também estamos em processo de negociação para campanha televisiva”, explica. Caso o valor não seja alcançado, o Recriar já pensa em um “plano B”. “Nesse caso, precisaremos estudar quais serão os próximos passos, pois também estamos trabalhando paralelamente com outras ações para arrecadação, como por exemplo, um bingo e um bazar beneficentes que serão feitos em outubro aqui no Recriar”, explica. “Apesar do cenário pessimista, continuaremos contatando as empresas, buscando recursos para que o Recriar não deixe de atender em 2016. Seria uma perda muito grande para as crianças e toda comunidade da região”, completa.


Artigo&

No fim, sempre sobra para o consumidor

Alf Ribeiro / Shutterstock.com

D

evido ao cenário econômico atual do Brasil, de recessão econômica, a arrecadação (receita) do governo federal encontra-se em queda enquanto os gastos continuam em elevação. Para 2016, a proposta de orçamento enviado pelo governo ao congresso nacional prevê uma receita líquida de 1,18 trilhões de reais contra uma despesa de 1,21 trilhões de reais, gerando um déficit primário (diferença entre receitas e despesas) de 30 bilhões de reais. As despesas obrigatórias, que não podem deixar de ser pagas, representam 90% de tudo que é arrecadado. Portanto, caso alguma medida não seja tomada, o Brasil, ao invés de pagar os juros de sua dívida (isso acontece quando se tem um superávit primário), terá que pegar mais dinheiro emprestado para cobrir esse rombo no orçamento de 30 bilhões de reais, aumentado com isso sua dívida. Neste sentido, as opções seriam cortar gastos e/ou elevar impostos. Como cortar gastos é politicamente inviável na atual situação, a opção que restou foi a de aumentar a arrecadação por meio de impostos. A primeira tentativa do governo foi a recriação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) com o nome de CIS (Contribuição Interfederativa da Saúde), descontando 0,38% de todas as movimentações financeiras. Esta medida atingiria diretamente os traba-

Brasil, o país dos impostos, segue na luta para pagar suas despesas obrigatórias e, assim, estamos na iminência do retorno da CPMF

lhadores (consumidores) e as empresas, que repassariam estes custos para o preço final do produto, fazendo com que o consumidor pagasse duas vezes o mesmo tributo. Diante das reações negativas de todos os segmentos da sociedade, a presidente desistiu de propor a recriação da CPMF, que poderá ser levantada novamente em um futuro próximo. E agora, na busca de fechar as contas do orçamento de 2016, o governo decidiu que: 1) smartphones, notebooks, computadores e tablets que não pagavam nada de PIS (Programa de Integração Social) e de Cofins (Contribuição para o Financiamento de Seguridade Social), há dez anos, passarão a recolher esses impostos na venda para o consumidor.

O setor já avisou que o imposto vai ser repassado para o consumidor; 2) irá aumentar impostos sobre bebidas (vinhos, espumantes, uísques, cachaças e outros destilados) e 3) que irá aumentar a tributação sobre o direito de imagem de artistas e jogadores de futebol. E, o pior de tudo, é que essas medidas já estarão em vigor a partir de 1º de dezembro de 2015, prejudicando ainda mais as compras de final de ano. Conclui-se, com certa tranquilidade que, independente da ação do governo, no final quem paga a conta é sempre o consumidor.  Prof. Dr. Luiz Carlos Laureano da Rosa É economista e pesquisador do Nupes (Núcleo de Pesquisas Econômico-Sociais) da Universidade de Taubaté


Fotos: Carol Tomba

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São José dos Campos, Setembro de 2015 | 63

Sabor& Por Elaine Santos elaine.santos@meon.com.br

Tradição familiar

N

esta edição duas receitas de tradição familiar: fettuccine – massa fresca feita na hora – e polpetones recheados. À primeira vista parece tudo muito complicado para quem não é chef de cozinha, mas a verdade é que a forma de fazer aliada ao prazer que André Barini tem em preparar uma boa refeição, fez das duas receitas uma verdadeira fórmula italiana de juntar no mesmo espaço amigos e o sabor de um bom prato. Detalhe, é que Barini não é italiano, mas tem lá no fundo das raízes de sua árvore genealógica um pezinho na Europa. “Sempre gostei de cozinhar, desde pequeno acompanho minha mãe nos preparativos na cozinha. Mas a verdade é que o meu maior prazer é reunir os amigos para uma boa degustação, regada a cerveja (risos). Nada tenho de italiano, uma irmã de minha avó era italiana, e todos vieram pra São Paulo

ainda no início do século passado. São vários os pratos que faço, tudo sem receita, vai de cabeça mesmo, e fica bom (risos)”, conta Barini. Amigos do empresário de Jacareí concordam com a afirmativa e ressaltam não se tratar de uma ‘falsa modéstia’. Entre os pratos assinados por Barini estão: porchetta italiana, carne de onça, pizzas artesanais entre outras. O curioso é que Barini, 1,86 metros de altura, já teve pelo menos 70 quilos a mais na balança e brinca que conseguiu emagrecer engordando os amigos. “Há 4 anos fiz uma cirurgia bariátrica, e perdi mais quilos, brinco que distribui tudo para os amigos. Eu hoje sinto prazer em servir um bom prato, reunir todos à mesa e sentir que ali estão meus maiores prazeres da vida, bons amigos, bom papo, boa bebida e boa comida”, diz. Confira agora as receitas!


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Fettuccine 8 ovos 1 kg de farinha de trigo Sal a gosto 4 colheres de azeite 100 ml de água

Modo de preparo Misture a farinha com os ovos, acrescente o azeite e o sal. Aos poucos, acrescente a água e mexa até que fique uma massa uniforme. O segredo é sovar a massa por pelo menos 30 minutos. Depois abra a massa e passe em uma máquina de macarrão para ganhar forma.

Polpetone 2 kg de carne (patinho) 500 g de bacon moído 2 pacotes de creme de cebola 2 cebolas grandes picadas 1 cabeça de alho picado 1 maço de cebolinha picada Sal a gosto 6 ovos 1 kg farinha de rosca 1 kg queijo tipo mussarela

Modo de preparo Misture todos os ingredientes com a carne moída. Faça pequenas porções redondas, recheie com queijo tipo mussarela. Passe cada porção no ovo e depois na farinha de rosca, frite em óleo quente.



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Social& O dono da marca e a top model mais requisitada da Europa. Dois joseenses com futuro próspero e aposentadorias garantidas, tamanho sucesso já despontado nas carreiras. Ambas no mundo da moda, mas de formas diferentes, claro. De um lado o empresário Oscar Constantino, e de outro o corpo moreno escultural, Gracie Carvalho, a menina dos olhos da grife americana Victoria’s Secret. Os dois falaram exclusivamente sobre a volta do evento OFD, que acontece nos dias 17 e 18 de setembro. “Acredito que mesmo diante de um ano economicamente instável, o mercado não evoluirá com inércia. Ele não deve ficar parado. Por este motivo estamos realizando mais uma edição do Oscar Fashion Days, para fortalecer o trabalho já realizado em 12 anos de evento. Juntas, 30 marcas participantes investiram perto de R$1 milhão para apresentar lançamentos em estandes e na passarela, durante os desfiles. Tenho certeza que o público irá aprovar nosso novo formato e estrutura do evento, que agora acontece no Expo Vale Sul, com uma praça de alimentação com foodtrucks”, diz Oscar Constantino. “Qual a influência do Oscar na minha carreira? Simplesmente toda. Foi ali que eu comecei tudo. Meu primeiro desfile! Ali aprendi muito sobre o mundo da moda. Tenho um carinho imenso por esse evento estou muito feliz por estar voltando às passarelas do evento e sempre que der eu voltarei. Esse ano está sendo um ano bem diferente pra mim eu estou dando prioridade a negócios e novos planos que tenho na minha cabeça, coisas minhas, pessoais (risos). Mas continuo, graças aos deuses, trabalhando com os meus clientes e me preparando pra temporada de desfiles!”, diz Gracie Carvalho. 

Divulgação

O evento de 1 milhão de reais voltou!


Carol Tomba

São José dos Campos, Setembro de 2015 | 67

Tá chovendo hambúrguer! Em um dos bairros com o metro quadrado mais caro de São José dos Campos, o Aquárius, dois endereços com o mesmo propósito a menos de 300 metros de distância: vender o melhor hambúrguer. E pra provar que a cidade tem consumidor pra isso, reunimos os donos dos dois empreendimentos para falar sobre o conceito boutique de hambúrguer, investimentos e, claro, divisão de clientes. “O estilo é bem parecido, mas a proposta de trabalho é bem diferente. Aqui na Street One Burger, vamos buscar por um público bem eclético, a ideia é atender a todos: jovens, família, consumidores da classe A e B, etc. Por isso, pensamos em um cardápio que contempla desde entradas elaboradas a burguers – que é o prato principal –, cervejas com rótulos importados e ainda uma carta de vinhos assinada pelo somelier Elias Toffanetto, da Interfood Importação. Assim conseguimos atingir todo o nosso potencial. Já há algum tempo avaliando o mercado de São

José, percebemos que a cidade oferece um nicho bem amplo a ser trabalhado, e bem trabalhado. Somos um grupo de seis empresários já com boa experiência no mercado gastronômico com o Calle54 e por isso acreditamos que esse investimento será de total sucesso”, diz Leonardo Dragone Junior, da Street One Burger. “Criamos uma hamburgueria tradicionalmente americana. Nossa receita foi elaborada de forma unificada, para que o sabor seja nossa assinatura. Todos os processos são feitos meticu-

losamente e artesanalmente. Temos o controle total de qualidade não só do nosso hambúrguer mas de todos os nossos produtos, sorvetes, batata, entre outros. Tudo aqui sempre terá o mesmo padrão de qualidade, essa é a nossa principal preocupação. Estudamos essa fórmula de exatidão para colocar no mercado futuramente uma franquia da St. Joe Burger House. Acreditamos no potencial da cidade e que o público tem a hora certa para cada um dos produtos”, diz Filippo Ferraz, da St. Joe Burger House. 

Carol Tomba

In natura De olho em clientes de ‘carteiras’ saudáveis, dois amigos e amantes do estilo ‘natureba’, Alexandre Louzada e Leonardo de Paula Pinotti, se uniram em um projeto voltado para produtos orgânicos que virou febre, não só na cidade, mas na RMVale. A empresa Vita Delivery tem o estilo americano de ser: um guarda-chuva de pequenas empresas que oferecem o mesmo tipo de produto e que sozinhas não tinham o mesmo know-how. “Criamos a empresa há cinco meses e a ideia foi preencher uma lacuna que existia no mercado da região, facilidade para a compra de produtos orgânicos e naturais. A verdade é que muita gente quer ser saudável, mas não é tão simples, e o que fizemos foi realmente facilitar a vida de quem quer comer e beber com saúde. Reunimos mais de 400 produtos dessa linha, muitos produzidos aqui na própria região e que antes não eram conhecidos”, diz Leonardo de Paula Pinotti. E como internet não tem limite, os amigos empresários estão se virando em mil. Um dos destaques do site é o kit hortifruti orgânico, uma espécie de feira online onde o cliente recebe em casa os produtos da semana, onde eles entregam de Jacareí até Pindamonhangaba – uma distância não? 


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Arquitetura& Por Elaine Santos elaine.santos@meon.com.br

O uso de vidros permite a entrada da iluminação natural nos ambientes, além de oferecer sofisticação às salas internas


São José dos Campos, Setembro de 2015 | 69

Um escritório com estilo home

A

Carol Tomba

lexandre Harrisberguer tem como assinatura de trabalho linhas contemporâneas. Premiado em diversas categorias regionais, o arquiteto tem como preferência projetos residenciais, mas claro como todo bom profissional se adequa às necessidades do cliente. Esse projeto da edição Arquitetura& mostra exatamente isso, o lado residencial de Harrisberger aliado à uma proposta comercial. Aqui, ele conseguiu aplicar todo seu o conceito em aproximadamente 260 metros quadrados, no coração da Vila Ema. O desafio do projeto era fazer um escritório com cara e conforto de casa, porém, claro, com toda a elegância e estrutura comercial que uma empresa deve oferecer, principalmente se tratando de uma agência de seguros.


Esperamos vocês na Associação de Engenheiros e Arquitetos para fortalecer a nossa classe!

Apoio:

www.creasp.org.br

Carol Tomba

A agência de seguros ganhou personalidade, sem abrir mão da sobriedade que o tipo do negócio pede

“Na verdade, de tudo o que ele (o cliente) queria, o grande desafio foi encaixar a empresa a mais um espaço de salas comerciais para locação, em um terreno de medidas fora dos padrões convencionais. Levei cerca de 30 dias em estudos. Todo o prédio foi projetado já atendendo tanto às exigências da prefeitura quanto às leis de acessibilidade, hoje de extrema importância. O que deu muito certo foi que conseguimos chegar a um conceito onde a fachada remete apenas à empresa principal e pouco se associa às salas comercias, que se transformaram em um pequenino boulevard”, explica Harrisberger. Para ampliar ainda mais o ambiente dentro do escritório, vidros foram usados como divisórias. “Na verdade o vidro é um recurso onde geralmente usamos em espaços que são menores, mas que é preciso oferecer amplitude. Uma grande vantagem do uso do vidro é que a transparência permite a entrada de luz natural nos ambientes que por ventura não estariam voltados para as paredes externas do prédio, e que assim, não teriam a luz natural de janelas.

O espaço gourmet foi uma exigência do cliente, que possui paixão pela gastronomia

Além de ser um material que traz elegância e sofisticação dando uma assinatura moderna ao ambiente”, explica. Mas, o grande destaque de todo o projeto interno é realmente o espaço gourmet instalado no centro de tudo, uma exigência do cliente. Ali está a identidade do escritório, um ar familiar que oferece a sensação de conforto. “Na verdade conforto é um termo que foi pensado para todo o prédio. Ali na área gourmet foi trabalhada a identidade do proprietário do escritório que tem como paixão a gastronomia. Claro que a princípio todo o projeto foi iniciado com o que o cliente nos solicitou em termos de equipamentos e eletrodomésticos. Onde está a área gourmet é o espaço mais reservado do

Carol Tomba

Profissionais e estudantes da área tecnológica...


prédio, o da diretoria. Então trabalhamos com medidas que oferecem uma certa descontração, sem perder a identidade comercial. Criei uma bancada onde a reunião pode sair do escritório e ganhar um ar mais informal para um café, ou em reuniões maiores, o local serve perfeitamente para a elaboração de um jantar e ou uma confraternização, por exemplo”, diz. 

Trabalhamos desde 1958 para a valorização e qualificação de nossos associados com a realização de cursos, palestras, seminários e convênios.

Dica do Arquiteto “A dica para criar um ambiente de trabalho com um ar de casa sem perder a seriedade, a classe necessária e, principalmente, ter uma identidade, é que o profissional faça uma pesquisa dentro da intimidade do proprietário. Fotos antigas de lugares preferidos, cores, gostos e até hobbies, e lógico em caso de um local comercial saber o máximo possível do que se trata a atividade do empreendimento”.

Venha fazer parte de Nossa Associação! Eng. Civil Carlos Vilhena Presidente

Carol Tomba

O desafio principal do projeto era criar um escritório com cara e conforto de casa

www.aeasjc.org.br


Ricardo Tozzi

Adriana Birolli


PARCEIROS DA

VIDA

INVESTIMOS NO HOSPITAL DO GACC

2015

As pessoas falam em crises, problemas. Mas no que isso se compara à luta de uma criança ou jovem com câncer? Você pode trazer a Esperança a inúmeros jovens e crianças com câncer. Sua empresa pode contribuir com o Hospital do GACC. Seja um Parceiro da Vida.

Ajude você também: gacc.com.br (12) 3949-6024 Todos os presentes neste material cederam gentilmente suas imagens para campanha. Fotos dos artistas: Rafael Ribeiro

facebook.com/gaccsjc

@gaccsjc


Crônicas & Poesia

Caleidoscópio por Ludmila Saharovsky

Busco na vida, a magia. A delicadeza em meio à aridez do cotidiano. Ela que espanta a rotina, que revoga a mesmice, que dissolve o tédio, que permite inesperadas descobertas: novos sonhos, novas sinapses, trocas, encantamento. O viver é um poema contínuo que se realiza em mim a cada instante, assim, vou ocupando as moiras que tecem meu destino, com novos pontos, inusitados nós, cores e formas, alongando os fios da vida, de forma tal, que me permitam descobrir outros roteiros. Envio-lhes intermináveis novelos de linhas para que me prendam a abstratas tessituras. Preciso de horizontes instigantes que me remetam às dunas que se movem, grão a grão e possibilitem que o meu vir a ser seja repleto de ação criativa, me reinventando a cada nó. Horizontes estanques me desarmam. Seria um jogo? Não! Penso que viver é como inserir-se num caleidoscópio. As possibilidades estão todas ali, naquele tubo onde se espelha a vida. Cabe a mim girá-lo, formando combinações diversas, agregando cores, luzes, frágeis composições que podem reagrupar-se a partir de um sopro, de um leve movimento de dedos e formar novos desenhos. Novas possibilidades de existir. Faço de meu mundo este caleidoscópio. Muitos acham os desenhos embaralhados e se perdem nas combinações. Eu não! Sei exatamente a minha cor e forma, e descobrir o novo encaixe é instigante, porque é sempre outro desenho que se forma. Buscá-lo, em todas as suas variantes possíveis, para mim, é entender o sentido da vida e vivê-la plenamente, sem temer o breve pulsar da felicidade. 

Ludmila Saharovsky é radicada em Jacareí desde 1965. Escreve crônicas, contos e poemas. Dentre suas obras publicadas destacam-se: “A pedra e o lago” (teatro); “Tempo Submerso” (ficção) e “Jacareí: Tempo e Memória”. No prelo, está a obra “Cem crônicas escolhidas e alguns contos clandestinos”, que será lançado em 2016.


PODE COMPARAR, NENHUMA OUTRA RÁDIO TOCA TANTA MÚSICA COMO A ANTENA 1.



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