Notaer - Edição de Outubro

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Outubro - 2011

AVIAÇÃO DE PATRULHA

Roberto Molinos / Airbus Military

O Guardião do Pré-Sal

Brasil integra aviões de patrulha marítima P-3AM à sua frota e passa a empregá-lo para a vigilância das águas territoriais brasileiras e das riquezas do pré-sal; aeronaves estarão sediadas na Bahia

U

m submarino estrangeiro aproxima-se de uma plataforma de petróleo da Petrobrás, a 300 quilômetros da costa do Rio de Janeiro. A embarcação está submersa e sem emitir sinais de rádio numa atitude que não parece nada amistosa. Mesmo assim, o ruído dos motores da embarcação é captado pelos equipamentos de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB). O avião de patrulha passa a rastrear o movimento do submarino até que ele emerge no oceano. Por rádio, a tripulação do submarino é interrogada sobre sua origem e intenções. A embarcação revela que teve problemas técnicos que já foram resolvidos, agradece a ajuda dos brasileiros e parte para

o leste. O episódio descrito acima seria uma peça de ficção científica até alguns meses atrás, mas com a aquisição do P-3AM passa a ser um enredo bastante plausível. O P-3AM Orion, que foi integrado à frota no mês passado, devolveu à Força Aérea Brasileira a capacidade de detectar, localizar, identificar e, se necessário, afundar submarinos. É o que o jargão militar chama de guerra antissubmarino (ASW, na sigla em inglês). A Aviação de Patrulha não realizava missões ASW desde a desativação do P-16 Tracker, em 1996. Os atuais P-95 “Bandeirulha”, aeronaves menores e com diferenças operacionais, não têm essa capacidade. Além da capacidade ASW, o P-

3AM também carrega armamentos como os mísseis Harpoon, capazes de afundar navios de guerra além do alcance visual. Com quatro motores, a aeronave tem grande autonomia, podendo permanecer em voo durante 16 horas - isso equivale a uma viagem de Recife a Madri sem escalas. Os sensores eletrônicos embarcados na aeronave são os mais modernos que existem. Tudo isso confere ao P-3AM a capacidade estratégica de vigilância marítima de longo alcance. “É como se nós déssemos um salto de quatro décadas na nossa capacidade tecnológica”, explica o Gerente do Projeto P-3BR da Força Aérea, Coronel Aviador Ari Robinson Tomazini. Soberania - A Petrobrás estima

que a camada do pré-sal contenha o equivalente a cerca de 1,6 trilhão de metros cúbicos de gás e óleo. Caso a estimativa seja confirmada, o Brasil ficará entre os seis países que possuem as maiores reservas de petróleo do mundo, atrás somente de Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait e Emirados Árabes. Toda essa riqueza encontra-se no Oceano Atlântico, na zona econômica exclusiva (ZEE) brasileira. A nova aeronave estará envolvida na vigilância dessa área. Além desse patrulhamento estratégico, o P-3AM assumirá um papel determinante nas missões de busca e salvamento. Por força da Convenção de Chicago, da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), o


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