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Tenente-Coronel Médico José Luiz Amorim de Carvalho, 64 anos, passou quase duas décadas como tripulante do Correio Aéreo Nacional. “Minha carreira no CAN foi marcada por missões de assistência às aldeias indígenas em Tiriós, Cururu, e tantas outras, mas as viagens que mais me marcaram foram as das rotas do Madeira, Juruá e Rio Negro, nas asas dos CA-10 Catalina, onde atuei até sua desativação quando a última aeronave foi levada para o Museu Aeroespacial.” “Voei como tripulante orgânico em missões CAN de 1974 a 1991.” Lembranças bastante vivas na memória do oficial em épocas de muita atuação para resgates. Os anos setenta foram marcados pelo grande aumento dos garimpos no Pará. Em Itaituba, que logo tornou-se um centro de logística para os garimpeiros, com voos irregulares e até mesmo ilegais, com o transporte de combustível dentro de monomotores que iam para o Mosquito, Serra Pelada e tantos outros lugares, o aeroporto ficou sendo o maior do país em pousos e decolagens, criando grandes dificul-
“Por mais de uma vez embrenhei-me na mata para resgatar”
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“Como é bom salvar” está na memória afetiva de homens que iniciaram, na prática, esse ligação humanitária e estratégica do CAN com pessoas socorridas, com o país socorrido. Formava, assim, o tripé: FAB-missionário-índio. Mas os pés eram bem maiores e iam além, como pode ser lido, visto, ouvido pelo que falam guerreiros do CAN das décadas de 40 até hoje. Para buscar, Aerovisão ouviu diversos desses homens, todos já de cabelos brancos e lembranças muito vivas.
Apoio médico integrado à linha do CAN fez a diferença entre a vida e a morte
dades para a FAB, particularmente o Salvaero e o DAC. “Por mais de uma vez embrenhei-me nas matas para resgatar tripulantes a bordo dos H-1H, apoiados pelos C-47 do 1 O ETA para trazer os feridos a Belém, onde tínhamos apoio médico de porte. Os antimaláricos andavam sempre no bolso do macacão. Um fato curioso foi a indescritível face do comandante em Cururu, quando viu que durante a noite os ratos haviam destruído partes de
condutos hidráulicos de comando do trem de pouso, impossibilitando a continuação da viagem.” Servir à Força Aérea Brasileira, para o oficial, principalmente em missões CAN, foi uma experiência única. “Sei que foi uma oportunidade que poucos tiveram e por tanto tempo.” Para ele, ajudar as populações ribeirinhas e indígenas criou, entre aqueles que fizeram o CAN, amizades que perduram apesar do tempo. Uma experiência que ficou muito viva para o coronel.
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