Revista Política Social e Desenvolvimento #22

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R E V I S T A P O L Í T I C A S O C I A L E D E S E N V O LV I M E N T O 2 2

faça terra arrasada da indústria brasileira. O artigo propõe duas frentes de política industrial a partir da divisão das estratégias de ajuste e diversificação que foram seguidas pelas empresas líderes. A lógica é que, neste caso, a política industrial aproveite o impulso dado pelas estratégias de ajuste e reforce algumas lógicas de reestruturação, tirando o maior proveito delas em termos da possibilidade de ganhos para a sociedade como um todo. Para além disto, deve-se reconhecer que o ajuste de muitas grandes empresas nacionais seguiram a lógica do ajuste competitivo que as principais empresas seguiram mundialmente em muitos setores, que se caracteriza basicamente por um processo de desverticalização nacional de suas linhas de produção. Em paralelo, deve-se pensar na estruturação de algumas cadeias produtivas com imenso potencial no caso brasileiro. A seção seguinte procura recuperar brevemente a trajetória geral de alguns indicadores importantes sobre as empresas nacionais, em paralelo com as estratégias de ajuste das grandes empresas, principalmente no pós-crise. A segunda seção propõe algumas alternativas pontuais de política industrial.

1. Trajetórias Empresariais no pós-crise Quando comparado o quadro geral da indústria no período anterior à crise com

o período posterior, pelo menos três coisas parecem claras: a queda dos indicadores de rentabilidade, a redução do ritmo de crescimento das grandes empresas1 e o rápido crescimento do coeficiente de importação de alguns setores no período posterior a 2009. Nesse sentido, os indicadores após a crise deixam transparecer um cenário em que dado o menor ritmo de crescimento do mercado interno, com menor rentabilidade e aumento da pressão dos custos, diversos setores da indústria de transformação reagiram, substituindo fornecedores nacionais por estrangeiros e/ ou reduzindo as linhas de produção.

Apesar de o ciclo de crescimento de 2004 até a crise ter sido liderado pela indústria extrativa, todos os setores apresentaram, de modo geral, índices elevados de rentabilidade, com alguns setores sendo bastante influenciados pelo comportamento da taxa de câmbio.

A intensidade do ajuste parece contrastar com a rápida deterioração dos indicadores de rentabilidade no período posterior à crise. Apesar de o ciclo de crescimento de 2004 até a crise ter sido liderado pela indústria extrativa, todos os setores apresentaram, de modo geral, índices elevados de rentabilidade, com alguns setores sendo

AJUSTE ECONÔMICO, INDÚSTRIA E INFRAESTRUTURA

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