Poéticas Compartilhadas: Jardim das Artes

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Eliane Maria Chaud Leda Maria de Barros Guimarães

1a edição

Goiânia 2019 Eliane Maria Chaud


Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) GPT/BC/UFG

C496 Chaud, Eliane Maria. Poéticas compartilhadas : jardim das artes / Eliane Maria Chaud, Leda Maria de Barros Guimarães. – Goiânia : Gráfica Art 3, 2019. 40 p. : fots. color. Inclui bibliografia ISBN: 978-85-919503-1-7 1. Arte. 2. Abordagem interdisciplinar do conhecimento na educação. 3. Comunidade e universidade. 4. Cooperação universidade - escola. 5. Extensão universitária. I. Guimarães, Leda Maria de Barros. II. Título. CDU: 7:37.064

Bibliotecária responsável: Adriana Pereira de Aguiar / CRB: 3172


Para as crianças Adalberto da Silva Santos

Julieta Finotti Eliziario

Alyson Junio Claro da Silva Sousa

Kauan Gabriel dos Santos Neves

Ana Clara Mendes Souza

Kauan Henrique Pereira Rodrigues

Ana Laura Regis Barros

Lara Beatriz Dias Monteiro

Anna Julia Rosa de Souza

Larissa Gomes Baia

Anna Julya Pereira Vaz

Leonardo Júnio Cavalcante Morais

Arielly Alanna de Medeiros Bastos

Leticia Rhiana da Silva Souza

Bruna Carla da Silva Ribeiro

Luiz Felipe de Souza Silva

Daniel Araujo Soares

Luiz Octavio Gonzaga Lopes

Emanuelle Miranda Pereira

Maeyvellin Medeiros de Souza

Emilly Vittoria Alves Costa

Maria Clara Lopes Moreira

Flavia Divina Ribeiro da Silva

Maria Eduarda Oliveira Santos

Gabriel Bernardes de Azevedo

Matheus Teodoro Sandes

Gabriel Portela de Oliveira

Miguel da Silva Bandeira Lima

Isabella Vitória Santos da Silva

Milena Santos da Silva

Isadora Alves Modesto

Pamella dos Santos Ribeiro

Joao Pedro Gabriel Alves de Almeida

Rafaela Resende da Silva Soares

Joao Victor Rodrigues Ribeiro

Sophia Gabrielly dos Reis Florentina

Jonatas Bueno Ferreira Costa

Vanessa Chiara do Nascimento Souza

Josué Ricardo Miranda Cruz

Wendel Rodrigues Ribeiro


A cura do mundo começa com o indivíduo que dá

Apresentação

boas vindas ao Outro. (Susan Gablik, 2008, p.609)

O projeto “Por uma poética compartilhada: jardim das artes” foi selecionado pelo Edital nº 13/2016 – Formação em Artes Visuais no FAC - Fundo de Arte e Cultura do Governo do Estado de Goiás. Proposto por Eliane Chaud com supervisão pedagógica de Leda Guimarães, professoras da Faculdade de Artes Visuais da UFG. Envolve estudantes e egressos dos cursos de Artes Visuais (Bacharelado e Licenciatura), professores e estudantes do Ensino Fundamental da Escola Municipal Brice Francisco Cordeiro localizada no Bairro Itatiaia e artistas residentes no bairro. A ação extensionista no projeto buscou romper uma visão unilateral na qual a universidade é a detentora de conhecimento a ser “aplicado” na comunidade. Extensão aqui tem um sentido mais amplo do termo, procurando aproximações e diálogos com a comunidade, construindo saberes e promovendo transformações em conjunto com todos os atores envolvidos. Assim, ensino, pesquisa e extensão se entrelaçam na produção de conhecimento colaborativo. A temática “jardim das artes” surgiu da natureza do bairro, com casas marcadas pela existência de jardins e uma extensa praça, espaço que percorre o bairro todo. Essa característica nos levou a pensar em jardins como espaços de encontros, na rua, na escola e nas casas dos participantes. A base conceitual foi na construção de poéticas compartilhadas, processuais e colaborativas. Foram várias as ações realizadas ao longo da realização do projeto: reuniões com estudantes da Faculdade de Artes Visuais, visitas a Escola escolhida, identificação de artistas do bairro, visitas a museus, visita a ateliês, oficinas de artes visuais na Escola culminando na realização da pintura mural no muro interno da escola. 4


Pudemos confirmar que a comunidade não é o lugar que recebe o conhecimento produzido da universidade. Como previsto do documento Plano Nacional de Extensão Universitária: “a produção do conhecimento, via extensão, se faria na troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, tendo como consequência a democratização do conhecimento, a participação efetiva da comunidade na atuação da universidade e uma produção resultante do confronto com a realidade.” (2001, p.4). E é, exatamente na potencialidade das trocas, que o projeto Jardim das Artes, existiu e seguirá existindo, pois foram construídas relações que continuarão alimentando a todos para além do tempo oficial no qual as ações foram realizadas. As sementes do jardim, construirão outros jardins, sementes de artes e humanidade para uma vida mais justa e cidadã. As autoras

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Compartilhamentos de saberes, construções de redes de experiências e afetos Um projeto pode tomar vários caminhos, várias possibilidades durante seu desenvolvimento, principalmente quando tratamos de projetos em que a proposta é o compartilhamento, percebemos claramente que os caminhos são passíveis das mais diferentes possibilidades que podemos imaginar, pois lidamos com algo que não é definido, e sim, como algo que se coloca em processo, que se constrói durante o fazer, onde relações compartilhadas permitem que trilhemos caminhos não esperados. Por isso, pensamos a criação como rede, ideia na qual Cecília Salles trata criação como algo que induz a dinamicidade, flexibilidade, não fixidez e mobilidade. Para a autora “...interações da rede se dão por contato, contágio mútuo ou aliança, crescendo por todos os lados e em todas as direções...” (Salles, 2006, p.25). No projeto o “outro” é fundamental para o desenvolvimento de nossas ações, o outro que nos mostra os caminhos que devemos trilhar. O projeto “Por uma poética compartilhada: jardim das artes” teve como proposta continuar formas de aproximação entre espaços em um mesmo território, o bairro Itatiaia, buscando identificar fontes de aprendizagens artísticas e culturais que pudessem ajudar a construir um sentido de comunidade. A escuta empática dá lugar ao Outro e descentraliza o ego-self. Dar uma voz a cada pessoa é o que constrói a comunidade e faz a arte socialmente responsável. A interação torna-se o meio de expressão, uma maneira empática de ver, por meio dos olhos do Outro. (Gablik, 2008, p.606)

Foi assim, que dando continuidade a um projeto que já havia trabalhado com senhoras de um grupo de Igreja daquele bairro, o projeto atual quis saber quais os artistas que 7


ali moravam, conhecer escolas e crianças e fazer entrecruzamentos com ações da UFG que tinham a mesma preocupação de romper o isolamento de suas paredes. As aproximações dos participantes aconteceram por meio de práticas artísticas. Entre os objetivos estavam estimular a percepção das pessoas envolvidas de diferentes modos, ora por meio de oficinas artísticas, ora por visitas aos museus e à ateliê de artista, sempre buscamos despertar um olhar atento e observador dos participantes. Nos propusemos também conhecer artistas do bairro, como objetivo e interagir com a arte que era ali produzida. Conhecemos dois artistas que ali desenvolvem o seu trabalho: Ismael Albertino e Pirandello. Para os dois artistas, a proposta também trouxe desafios que os levaram a processos de interação e de escutas. Como afirma Pirandello, ele teve que sair do seu isolamento do processo artístico: Nesse encontro assim você vai tendo que deixar o ego um pouquinho no bolso e ouvir o outro e isso que é interessante, na coisa de sociabilizar. E eu tenho essa coisa de ficar isolado meio na minha. Achei legal, me enturmei para ouvir outras pessoas. Você começa aprender a ouvir. E aí enriquece. O que eu acho muito interessante no nosso fazer é que a arte é a ponte. Se não tivesse a arte, eu não encontraria nenhum de vocês. E isso eu valorizo demais. A questão da arte como ponte para o outro. O quanto é rico né, o quanto acrescenta o nosso olhar. Então essa questão social da arte eu acho muito massa. De repente em outra profissão não daria isso. Essa riqueza de encontrar pessoas interessantes que tem um olhar diferente do meu. Que faz essa união é muito legal. (Pirandello, 2019)

No bairro, encontramos vários muros com pinturas e grafites de Ismael e Pirandello. vimos que poderiam contribuir em nossa proposta de compartilhamento. Ismael explicou 8


Grafite de Ismael Albertino no Bairro Itatiaia – ano 2019 – Foto Ismael Albertino.

a sua percepção de fazer arte na rua: “existe o peso de ter que ser artista. É porque a comunidade espera que eu faça arte e que eu faça arte para ela então por exemplo a gente tá na rua, a gente sofre esse impacto”. (Ismael Albertino, conversa coletiva, maio de 2019). Iniciamos os diálogos trazendo os artistas para participarem de um Projeto de Grafite no Pátio Humanidades/UFG. Ali começamos a interagir com o universo destes artistas, seus modos de fazer e pensar sobre arte. Nem tudo foi compreendido assim no início dos nossos contatos, uma vez que nem sempre a aproximação da universidade com a comunidade é percebida como uma proposta de parceria, como nos explicou Pirandello: “No início a gente via assim, quando alguém vem de lá, de cima, com projeto, já tá tudo na linha, a gente vai entrar 9


ali e fazer o que ela orientar. Mas eu vi que ela trouxe um livro aberto pra gente escrever.” (Pirandello, conversa coletiva, maio de 2019) Pirandello tinha razão, e esse era um ponto ao qual deveríamos ficar atentos. Nossa proposta, não poderia ser uma via de mão única, mas um caminho de muitos entrecruzamentos. Apresentamos Ismael e Pirandello aos estudantes da escola do Bairro, durante o desenvolvimento do grafite no muro da Escola, expandindo a ideia de tecer contatos, promover encontros e reconhecimentos. Afinal, todos moravam e transitavam em um pedaço da cidade importante para a vida de todos. Morar, brincar, estudar, fazer arte podem estar em um mesmo território de afetos.

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Aproximações com a escola Em outubro de 2018 iniciamos as ações na Escola Municipal Brice Francisco Cordeiro, conforme apresentado no 1º Relatório Trimestral em dezembro. As oficinas que ocorreram no período vespertino, entre outubro a novembro de 2018, tiveram um número pequeno de participantes, a equipe ficou preocupada com esta questão, pois entre os objetivos do projeto além do bom desenvolvimento das atividades é atingir um maior público, divulgar a arte e formar artisticamente. Assim, para um bom desenvolvimento das atividades, e alcance das metas propostas, repetimos as atividades com outros grupos de estudantes no período de fevereiro a maio de 2019. Continuamos na mesma Escola nossas atividades, com grupos de crianças faixa etária 8-9 anos, turmas C1 e C2, com dois encontros semanais cada turma, nas terças e quintas-feiras durante o período de 1h aula, desta forma o projeto pode alcançar um maior número de participantes e melhor envolvimento dos mesmos, ampliando as potencialidades das atividades do projeto composto das seguintes atividades: Oficinas de arte na escola, visitas a Museus e a um ateliê de artista, pintura mural, exposição dos estudantes na Universidade. Começamos com uma oficina de Memória quando pedimos que as crianças desenhassem as plantas que gostassem ou conhecessem, que tem no quintal de casa ou que lhe eram familiares. Esta primeira atividade tem raízes no projeto anterior desenvolvido em 2015 “Por uma poética compartilhada” quando trabalhamos com um grupo de senhoras do Bairro Itatatia e focamos nos seus lugares de morada, os cuidados com as plantas e a atividade de crochê (Chaud, 2005). As referências de plantas que boa parte das crianças apresentaram, indicava as casas das tias, avós, dialogando com a aproximação que já havíamos entre a universidade e as características do bairro no qual está localizada. 11


Pintura coletiva no mural.

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Pintura do muro da Escola – crianças com o artista Ismael Albertino.

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Outras oficinas vieram: a de Frotagem, técnica na qual é elaborado um desenho em que se fricciona sobre um papel uma superfície texturizada. Esse contato direto estimulou os estudantes a perceberem a vegetação no entorno, observando diferentes texturas e formas das folhas de árvores e arbustos para depois desenvolverem desenhos.

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Frotagem feita pelos alunos utilizando folhas de รกrvores coletadas na escola.

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Criança em atividade artística na oficina de Frotagem.

"Oi meu nome é Maria Clara eu tenho 8 anos, e o desenho que eu mais gostei foi aquele que a gente fez com as folhas, aquele que a gente passeou lá nas árvores e pegou as folhas colocou debaixo da outra folha e a gente desenhou (frotagem). Eu fui no museu, achei muito legal, a pintura que eu mais gostei foi aquela que tem um monte de flores azuis porque eu gosto muito de flores." (Maria Clara, 8 anos, 2019)

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Na oficina de Colagem foi apresentado aos estudantes 3 artistas que exploraram essa técnica: o francês Henri Matisse, o espanhol Pablo Picasso e o holandês Piet Mondrian. As crianças puderam observar nas imagens as obras destes artistas as diferentes possibilidades de uso de materiais, de formas e cores. Desenvolveram também questões relacionadas a arte abstrata.

Criança em atividade artística na oficina de colagem e abstração.

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"Meu nome é Isadora, eu tenho 8 anos e eu gostei muito do passeio do museu porque tinha muitas obras interessantes, foi muito legal mesmo, e meus desenhos melhoraram muito eu desenhava muito ruim... das atividades eu gostei daquela que a gente desenhou umas coisas meio diferentes proposta de abstrato." (Isadora, 8 anos, 2019) "Olá meu nome é João Victor eu tenho 8 anos, eu gostei de pintar, nunca tinha pintado no muro. A arte que eu fiz que eu lembro era a do carimbo... eu gostei dos passeios, eu gostei das aulas, meu desenho melhorou muito... e foi bom ter aprendido a arte diferente." (João Victor, 8 anos, 2019) "Olá meu nome é Maria Clara eu gostei muito desse projeto que ensinou a gente a criar umas artes que a nossa imaginação tem, de criar qualquer desenho, qualquer tipo, qualquer coisa que a gente criar e quiser, então eu achei bom esse trabalho... Eu achei bonita a pintura do muro na escola, porque é uma arte que cria sobre o muro." (Maria Clara, 8 anos, 2019)

Criança em atividade artística na oficina de colagem e abstração.

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Na oficina seguinte o objetivo foi colocar os estudantes em contato com a obra de Tarsila Amaral importante artista brasileira pela maneira como utilizou formas e as cores com liberdade de expressão. Depois veio a oficina de Carimbo, com recortes dos desenhos que já haviam sido realizados, buscando assim um diferente modo de expressão artística e experimentação.

Apresentação da obra de Tarsila do Amaral.

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"Eu tenho 8 anos e gosto da natureza e de pintar, eu gostei de pintar, daĂ­ eu Gabriel quero ser artista." (Gabriel Bernardes, 8 anos, 2019) "O que eu mais gostei no projeto foi pintar e desenhar, foi diferente porque eu aprendi a desenhar outras coisas, nĂŁo as mesmas que eu desenhava e pintar de outras cores, colorido." (JosuĂŠ, 8 anos, 2019)

Oficina sobre Tarsila do Amaral e pintura com guache.

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Para além da escola: passeios e aprendizagens Uma importante parte do projeto foi sem dúvida, as visitas feitas nos Espaços museológicos: Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC-GO) e Museu de Arte de Goiânia (MAG). No MAC-GO tivemos a visita à exposição individual “Diáspora, Convergências e Conexões em 40 anos na arte de Tai Hsuan-an” e na exposição coletiva de jovens artistas “Um corpo no ar pronto para fazer barulho”. Essas exposições foram importantes para que na primeira mostra os alunos pudessem ter contato com trabalhos com temática orgânica e abstrata, e na segunda mostra trabalhos contemporâneos de linguagem diversa e muitos trabalhos interativos. É importante ressaltar que para muitos dos alunos este foi o primeiro contato com museu, ambiente/espaço cultural e com obras vistas pessoalmente. Esse processo contribuiu para a ampliação de repertório sobre arte e seus processos de criação, e consequentemente a ampliação de possibilidades de criação de cada criança. "...gostei muito de ir no museu onde o Tai faz suas exposições, e de ir na casa do Pirandello, um artista que eu conheci... conheci dois artistas o Tai e o Pirandello, mas eu não conheci o Tai pessoalmente e sim o Pirandello. Eu gostei, aprendi muitas coisas novas que eu não sabia, eu conheci o abstrato e consegui fazer o abstrato... também quero ser artista, pintar de um jeito que possa conhecer e pensar mais, e possa fazer sua criatividade. Mas muito bom mesmo é pintar, eu gostei muito!" (Flávia, 8 anos, 2019) 23


"Oi meu nome é Pâmela, eu gostei de pintar o muro, gostei de pegar as folhas (para a oficina de frotagem) e gostei de ver o museu e as obras..." (Pâmela, 8 anos, 2019)

Visita ao Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC-GO). Exposição "Diáspora, Convergências e Conexões. 40 anos na arte de Tai Hsuan-an", 2019.

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"...hoje eu vou falar sobre várias coisas que eu aprendi no museu, e várias coisas que eu fiz no passeio, no museu eu aprendi sobre o artista Tai, ele foi um artista, lá eu vi a pintura dele de uma floresta cheias de árvores coloridas..." (Daniel, 8 anos, 2019) "Olá meu nome é Sophia eu tenho 8 anos, eu gostei das pinturas do Tai, gostei muito da obra dos passarinhos, gostei daquela pintura que tinha um monte de passarinhos e um monte de bolinhas... das oficinas eu gostei muito daquela das florzinhas (carimbo) e esse projeto do muro aqui que a gente pintou eu gostei muito também... gostei da reforma da escola e pintura do muro..." (Sophia, 8 anos, 2019)

Visita ao Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC-GO). Exposição "Um corpo no ar pronto para fazer barulho", 2019.

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Visitamos também o Museu de Arte de Goiânia na exposição “Acervo MAG” onde foi possível apresentar aos alunos trabalhos de diversos artistas goianos como DJ Oliveira, Amaury Menezes, Selma Parreira dentre outros. O museu nos recebeu com uma ação educativa e contação de história voltada para a temática de algumas obras. Levamos em cada museu um grupo de aproximadamente 30 crianças. Foi uma experiência muito importante compartilharmos com essas crianças o contato com a arte, pois sabemos o quanto é distante das famílias de classes média-baixa brasileiras a visitas a estes espaços públicos, o quanto a arte ainda se distancia das pessoas. Esse contato também faz parte da educação escolar, mas ainda é um capital cultural sonegado a crianças de escolas públicas. Julieta, Maria Eduarda e Luiz Felipe, afirmaram ter sido a primeira vez que visitavam um espaço como aquele: "Eu gostei de pintar o muro... Eu queria falar que eu nunca visitei museu, foi a primeira vez." (Julieta, 8 anos, 2019) "Eu gostei porque eu nunca tinha participado de um projeto assim na escola, e eu achei bem legal fazer todas essas artes... eu nunca tinha ido no museu... achei bem legal pintar o muro porque eu nunca tinha pintado essas coisas assim na escola, foi bem legal." (Maria Eduarda, 8 anos, 2019) "Meu nome é Luiz Felipe tenho 8 anos, eu gostei das artes que eles fizeram lá na nossa sala, dos desenhos, dos passeios... Nunca fui no museu na minha vida..." (Luiz Felipe, 8 anos, 2019)

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Visita ao Museu de Arte de Goiânia (MAG-GO). Exposição "Arte Abstrata na Coleção do MAG", mediação educativa com Cida Magalhães, 2019.

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O direito à educação e a cultura está garantido na Constituição Brasileira (1988) e o acesso aos bens culturais colocam as crianças e jovens em contato com outras formas de vida, de pensamento, ampliam o repertório, e o que é mais importante, contribuem para desenvolver uma percepção de si mesmo e do mundo em que se vive. Perceber a empolgação e encantamento destes estudantes nos museus foi muito gratificante pois confirma o potencial educativo desses espaços. "Olá meu nome é Milena, eu participo do projeto Jardim das Artes, e eu fui pro museu, teve sorteio lá na minha sala pra ir pro museu, eu fui pra dois e pra casa do Pirandello... Eu achei meus desenhos muito legais... Eu gostei muito desse projeto, teve muitos professores, quase todos alunos participaram, do início os que não foram participaram também, eu gostei por causa que teve todos meus amigos... Eu achei que teve de positivo que a gente teve mais contato com a natureza, o nome do projeto é jardim das artes, a gente participa do projeto jardins como a natureza, das artes como arte sobre a natureza." (Milena, 8 anos, 2019) "Olá meu nome é Rafaela, eu gostei muito da escultura do museu, eu gostei porque a gente foi lá de ônibus e minha mãe ficou muito impressionada." (Rafaela, 8 anos, 2019)

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Visita ao ateliê do artista Pirandello no bairro Itatiaia A intenção desta visita foi de colocar os estudantes próximos a um artista que já tem uma trajetória profissional e que vive no Bairro onde estudam e que muitos moram, no sentido de conhecer e entender como importante aquilo que lhe está próximo e acessível. A casa do artista é também seu atelier. Tivemos primeiramente uma conversa com o artista e depois uma atividade prática. Os estudantes participaram deste momento com muito entusiasmo, percebemos o interesse deles por arte quando questionaram o artista sobre seu processo de criação, sua história, sobre a vida artista, dentre outras perguntas que surgiam à medida em que Pirandello ia mostrando e falando sobre seus quadros.

Grafite de Pirandello no Bairro Itatiaia – ano 2015.

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As crianças pareciam não querer sair daquele lugar. Percebia-se que estavam encantadas com aquele universo que lhes estava sendo apresentado e com isso, o interesse sobre arte ia crescendo, como podemos ver nos depoimentos de Isabella, Matheus e Letícia:

Visita ao ateliê do artista Pirandello – Bairro Itatiaia.

"Eu gostei de pintar o muro da escola, de ir no museu... Eu conheci o Tai, e o Pirandello, eu fui na casa do Pirandello também e pintei lá, e pintei aqui no muro da escola, eu gosto de ver arte de pintores porque me inspira muita a pintar, desenhar e outras coisas. Como se inspirar, daí eu fiz isso quando eu fui no museu e conheci os artistas." (Matheus Teodoro, 8 anos, 2019) 30


"O que eu gostei em conhecer artistas foi ir na casa do Pirandello, eu gostei dos quadros, eu descobri novas cores e como é que se faz, eu pintei meu próprio quadro. Gostei de aprender coisas novas e novos artistas." (Isabella, 8 anos, 2019)

Crianças em ação artística no ateliê do artista Pirandello.

"Foi bom, eu gostei quando a gente foi pro passeio, e foi na casa dos artistas, fizemos artes, desenhamos... de diferente foi quando a gente pintou com as tintas, o que a gente não faz aqui..." (Letícia, 8 anos, 2019)

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Nas falas das crianças fica claro que as experiências fora (museu, casa do artista) levam a novas aprendizagens, descoberta de cores, formas e materiais, para além daqueles usados na escola. Vemos que museu, escola e comunidade, podem ser fortes aliados na educação integral dos estudantes. Algumas experiências foram desenvolvidas na própria UFG, procurando integrar estudantes da Escola Brice, artistas da comunidade e os estudantes da universidade. A ideia foi levar o que foi produzido pelas crianças nas oficinas na escola para expor no campus.

Exposição – Curta o Campus – UFG Neste evento que ocorre trimestralmente na UFG pudemos fazer uma parceria e compor a programação artística do evento com uma exposição de trabalhos dos alunos da escola Brice. O evento é bastante frequentado pelos moradores de bairros vizinhos com isso foi possível acessar mais pessoas do bairro, e da própria universidade também. A exposição de trabalhos dos alunos participantes do projeto buscou aproximações dos moradores do bairro Itatiaia e adjacentes ao Campus da UFG e também a valorização dos trabalhos realizados pelas crianças, especialmente, por elas mesmas, ao verem suas produções organizadas e expostas na UFG. Com essa ação, o trânsito entre universidade, escola e universidade se cumpria. Os trabalhos das crianças saíram dos muros da escola e, adentraram as paredes da Universidade Federal de Goiás, lugar onde esperamos que boa parte dessas crianças venham estudar em um futuro próximo, universidade pública de qualidade e vizinha da escola.

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Juntando as pontas das ações Todo projeto é um desenrolar de fios que vão construindo pontos e pontas. Um encontro de pessoas diferentes, em torno de uma proposta comum. Depois de um ano, surgiu a curiosidade e a necessidade de saber como essas experiências teriam contribuído para os artistas, professores e estudantes que participaram do processo. Nada como um bom café para escutar uma prosa. Assim, marcamos um encontro no ateliê/casa de Pirandello para numa roda de conversa e de reflexões, tentarmos juntar pontos e pontas da experiência. Numa agradável manhã do dia 19 de maio de 2019, estiveram além do dono da casa, Ismael Albertino, as professoras Eliane Chaud e Leda Guimarães e os estudantes Carlos Henrique Lima Segato de Oliveira (Casé), Karina Almeida André, Jessika Lorrane Rodrigues de Oliveira, Lucas Fernando Rodrigues de Souza1. Este encontro foi um momento muito esperado por nós da equipe, pois sempre a expectativa, a incerteza, estavam presentes, não havia modelos a serem seguidos, apenas pretensões, ou melhor haviam determinados princípios para o desenvolvimento de nossas ações. Princípio compreendido a partir de algo que se difere de um conceito preexistente, ideia que assim foi tratado por Sônia Rangel (2006, p.3): “um princípio opera por uma didática estética, de reconhecimento, aproximação, pulsão, desejo, compreensão, invenção.” Por meio desses gestos-ações é que foram desenvolvidas as diversas atividades. A participação dos estudantes e egressos da Faculdade de Artes Visuais foi fundamental no projeto, pois neles é evidente o desejo de caminhos potenciais para a arte, o

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Outros participantes: Verônica Oliveira Fernandes, Don Gomes Alves e Jhony Robson dos Santos

(Palhaço Bulacha), fizeram parte de momentos específicos do projeto, mas não puderam estar nessa roda de conversa. 33


que é notável em seus depoimentos. Lidar com as crianças por exemplo, modificou a percepção de Karina em relação a sua própria formação: Esse lance de ver criança criando, inconscientemente… era um tema que eu nunca havia trabalhado, nunca nem tinha passado pela minha cabeça. que era voltar à infância, e começar a rever essas coisas. E aí entrou nas disciplinas da Manoela de autobiogeografia, e começamos a revisitar memórias, e aí entrou o projeto mexendo com crianças, e eu voltei totalmente pra eu quando criança, e comecei a pegar esses objetos, uma caixa que eu guardava muita coisa, e hoje agora estou fazendo um trabalho com essas coisas, sabe, tudo com memória de criança, totalmente inconsciente. (Karina, conversa coletiva, maio 2019)

O projeto, com este modo de operar as ações, de certo modo pode viabilizar novas propostas e modos de pensamentos. A arte para além de uma produção individualizada, que gera relações e se faz coletivamente. Vou pegar um pouco da deixa da Karina, eu acho que é importante pensar essas questões (...) o que você pretende, o que você acha que isso aqui vai poder te dar? Eu vim do bacharelado e me envolvi muito com as questões das práticas e assim, no final do curso, eu acabei descobrindo mais essas possibilidades do curso e enquanto eu tava fazendo uma coisa minha ali virada pro meu self, eu nunca consegui me perceber enquanto artista, e eu acho que nesse momento eu consigo me expressar melhor. Então, e apesar de ter algum envolvimento com alguns projetos eu senti muita falta dessa coisa pedagógica que às vezes no bacharelado a gente não tem tanto, e não 34


só aquela coisa pedagógica de você entrar numa sala e ficar lá e ensinar, mas de você ouvir e de passar aquilo que você pensa pra pessoa, não é só uma coisa da licenciatura, é de você lidar com o mundo, e eu descobri um pouco melhor nesses movimentos de coletivo, e nesse lugar eu me sinto mais artista visual do que quando eu to fazendo alguma coisa só pra mim, porque eu nao sinto vontade nenhuma de expor, sabe, eu gosto de fazer, mas não sei, parece que o lugar é esse aqui, é o meu lugar de produção. Jessika, conversa coletiva, maio de 2019)

Karina e Jessika, tinham como referência inicial o fazer artes, mas o projeto proporcionou experiências de mediação tanto pedagógica (com as crianças na escola), como com os artistas que habitam e modificam o bairro. Se por um lado, Karina percebeu a potência da interação pedagógica que a arte oferece, Jessika, que nunca havia se reconhecido enquanto artista, percebe que uma forma expandida de reconhecer arte, possibilitou a percepção de estar no coletivo, de estar no mundo, de ser artivista. As transformações ocorridas nos percursos de Jessika e Karina revelam a potência de termos construído o projeto como um espaço aberto para os acontecimentos. E essa condição de abertura, de incompletude, foi um desafio. As incertezas conduziam nossas ações, mas como chegar para os artistas do bairro e falar deste modo processual de se fazer arte? Não era isso com o que eles estavam acostumados. Na conversa de maio, a professora Eliane provocou os dois artistas relembrando os estranhamentos dos primeiros contatos: Pirandello e Ismael, quando a gente chegou pra fazer esse trabalho, eu tentava explicar e não conseguia nem falar com vocês. E vocês ficavam sempre me perguntando “o que você quer, Eliane?”, não é? (Eliane, conversa coletiva, maio de 2019) 35


Pirandello respondeu que foi aprendendo a deixar a coisa acontecer, mas, justifica a sua atitude diante da forma mais fechada com a qual ele esperava que “pessoas da universidade” lá de cima, fossem propor alguma coisa para ser feita no bairro. Você lembra da primeira vez que você veio aqui no ateliê com o Bulacha e você falou “não, eu tenho um projeto com a comunidade e tal” aí uma das coisas que em mim não fechou ainda, que o sonho que eu tenho até, lanço essa semente aqui, quem sabe um dia a gente faça, é uma exposição naquele bosque ali entre o Itatiaia e faculdade, tem um bosque, gosto muito daquele bosque, já até pintei uma árvore lá, num dia a gente podia fazer a exposição lá, cada um fazer um trabalho e de repente a professora levar as crianças para visitar uma exposição no bosque, ninguém nunca fez aqui na região. (Pirandello, conversa coletiva, maio de 2019)

O bosque ao qual o artista se referiu forma uma espécie de corredor verde que demarca os limites entre a universidade e o bairro. A proposta de Pirandello de fazer dali um espaço expositivo, de conexão encheu os olhos de todos para uma possível continuidade das nossas ações. Por exemplo, eu to há 30 anos morando aqui na região do Itatiaia, e eu sempre... como eu sou autodidata, ficava olhando de lado, de fora, pensava interagir de alguma forma com a universidade, não sabia, a universidade de arte, mas eu ficava tendo esse pensamento assim, por que a universidade nunca tentou se aproximar dos artistas que fazem parte do (bairro)... eu via como um universo distante, diferente, que a gente não tinha acesso, e quando tem essas pequenas iniciativas, poucas, nesses 30 anos eu vejo são 36


poucas tentativas de interagir com a comunidade, então eu parabenizo a professora, porque foi a primeira professora da faculdade que veio cá no meu ateliê e conversou, tô há 30 anos aqui, então essa questão das pessoas virem e interagirem. (Pirandello, conversa coletiva, maio de 2019)

É importante ressaltar que Pirandello, que é vizinho da UFG há 30 anos, não é um artista desconhecido. Faz parte do rol de artistas conhecidos no Estado de Goiás. Despontou na década de 90 e fez exposições em espaços importantes em Goiânia tais como Galeria Jaime Câmera, Galeria Santa Fé, como trabalho em galerias como a época, Marina Potrich, etc. Ou seja, é um artista que tem uma trajetória na cidade, mas que sua vizinha, a UFG, não o conhecia. Outro participante, Carlos Henrique (Cazé), cursa a Licenciatura em Artes Visuais na UFG, é também artista de rua e é morador do bairro Itatiaia. Dos estudantes, ele tem esse triplo olhar, e confirma a dificuldade de estar dentro da universidade pensando de uma forma distante da realidade do bairro, da vida das pessoas: É um negócio muito presente dentro da universidade, né, a gente vê que é muito distante. E ali, a galera tá pensando ali, tá propondo, tá ainda muito distante do que acontece de fato na rua, né, na comunidade, e é importante isso que ta se fazendo, trazendo cabeças de lá, juntando com as daqui, e fazendo alguma coisa acontecer, esse compartilhar, isso de ter essa humildade, de poder trocar, de chegar no lugar e falar não é só eu que sei das coisas, não, qual é a história da sua vida. (Cazé, conversa coletiva, maio de 2019)

Na troca de ideias, ia ficando alguns princípios da nossa forma de ser universidade iam ficando mais claros. Não determinávamos os caminhos, precisávamos ir 37


realizando as ações, e durante este movimentar iríamos nos conduzindo de encontro com o grupo, criando didáticas de reconhecimento, aproximação, pulsão, desejo, compreensão, invenção. Sentíamos as apreensões por parte de Pirandello e Ismael, mas precisávamos saber esperar pois sabíamos que em determinado momento todo o processo seria compreendido. Muito temos para contar dessa experiência, das transformações nas vidas das diversas pessoas que participaram: professoras e estudantes da universidade, professores e crianças da Escola Brice, artistas do bairro, diferentes contextos abrigados em um mesmo bairro, mas, que podem ser considerados diferentes territórios: As narrativas são válvulas que colocam em movimento os diversos territórios da mediação cultural, pois dessas nascem conexões para esses territórios, compreendidos como campos difusos, de fronteiras e bordas evanescentes, requerendo do público, do artista, do crítico, do mediador, a imersão em territórios não mais estritamente relacionados a velhas categorias que, até então, serviram de norte para uma orientação no (e do) pensamento sobre as artes e a cultura. (Grupo de Pesquisa em Mediação Cultural, 2014, p.66)

Retomamos a potência da estética conectiva de Susan Gablik, “baseada em uma noção de responsabilidade ética para com as comunidade sociais e ambientais” para reafirmar nosso desejo de vivenciar arte e seus processos (culturais e pedagógicos) como lugar de interação social, como forma de construir conexões entre territórios de forma que as hierarquias de saberes sejam revistas, arte como potência ampliadora de sentidos e da vida em si mesma.

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Referências BOURRIAUD, N. Estética Relacional. São Paulo: Martins, 2009. BRASIL. Plano Nacional de Extensão Universitária. Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras e SESu / MEC, (2001). Disponível em: <https://coec.jatai.ufg.br/up/431/o/PNEX.pdf> Acesso em 08 de junho de 2019. CHAUD, E. M.; SOARES, M. A. Grafite e poéticas compartilhadas no Pátio Humanidades da UFG. Revista UFG, 18(23). Disponível em: <https://doi.org/10.5216/revufg.v18i23.56166> Acesso em 08 de junho de 2019. CHAUD, E. M.; FERRAZ, F.; LOPES, G.; ANDRÉ, K. A.; NUNES, M. V.; SILVA, R. L. B. Editorial : Pátio Humanidades. Revista UFG, 18(23). Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/revistaufg/article/view/56182> Acesso em 08 de junho de 2019. CHAUD, E. M. Poéticas compartilhadas: mulheres e afetos no bairro Itatiaia. Ed. do autor, 2015. FARIAS, S. J. P. Pirandello e seu mundo onírico. Revista UFG, 18(23). Disponível em: <https://www.revistas.ufg. br/revistaufg/article/view/56187> Acesso em 08 de junho de 2019. ______. Em busca de uma caligrafia livre. Revista UFG, 18(23). Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br revistaufg/article/view/56186> Acesso em 08 de junho de 2019. GABLIK, S. Estética conectiva: a arte depois do individualismo. In: GUINSBURG, J ; BARBOSA, A. M. (Org.). O Pós-modernismo. São Paulo: Perspectiva, 2008. p. 601-610. ______. O desfazer de Suzy Gablik modernista. In: GUINSBURG, J ; BARBOSA, A. M. (Org.). O Pósmodernismo. São Paulo: Perspectiva, 2008. p. 623-626. Grupo de Pesquisa em Mediação Cultural: contaminações e provocações estéticas. [Entre]laçando experiências para expandir conceitos. In: MARTINS, M. C. (Org.). Pensar juntos mediação cultural: [entre]laçando experiências e conceitos. São Paulo: Terracota. 2014. GUIMARÃES, L. M. B.; CHAUD, E. M. Saberes e Afetos das Poéticas Compartilhadas: uma experiência na comunidade. In: AMARAL, L. (Org.). Patrimônios Possíveis. Arte, Rede e Narrativas em Contexto Iberoamericano. Medialab/UFG. 2016. Disponível em: <https://patrimonios-possiveis.medialab.ufg.br/08> Acesso em 10 de junho de 2019. RANGEL, S. Processos de Criação: Atividade de Fronteira. Territórios e Fronteiras da Cena. São Paulo: CACECA-USP, dezembro, 2006. p. 01-06. Disponível em: <http://kinokaos.net/tfc/geral20061/index.htm> Acesso em 01 de junho de 2019. SALLES, C. A. Redes da criação: construção da obra de arte. Vinhedo, SP: Editora Horizonte 2006.

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CRÉDITOS

AGRADECIMENTOS

Coordenação geral do projeto Eliane Maria Chaud

A Escola Municipal Brice Francisco Cordeiro Camila Cristina Ferreira Alves Amanda Dias Lima Ludyleia Valeriano Calixto Maria do Rosário Teles de Farias Benízia Fernandes de Oliveira Andréa Mesquita

Coordenação auxiliar do projeto Jessika Lorrane Rodrigues de Oliveira Supervisão pedagógica Leda Maria Barros Guimarães Equipe executora e ministrantes de oficinas Eliane Maria Chaud Jessika Lorrane Rodrigues de Oliveira Carlos Henrique Lima Segato de Oliveira Don Gomes Alves Jhony Robson dos Santos Karina Almeida André Lucas Fernando Rodrigues de Souza Verônica Oliveira Fernandes

Aos artistas do bairro Ismael Albertino e Pirandello

Assistente de produção Matheus Campos Freire Fotografias Lucas Fernando Rodrigues de Souza Projeto gráfico Marcelo Sazo Impressão Gráfica Art3

APOIO

APRESENTAÇÃO

Este projeto foi contemplado pelo Fundo de Arte e Cultura do Estado de Goiás 2016, Secult e Governo de Goiás.




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