7.ª edição da Plural&Singular

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DESPORTO

Há atletas mais autónomos “que se conseguem pôr de pé, andar sozinhos, apesar de jogarem nas cadeiras” e, por isso, libertam mais o acompanhante. Mas nos outros países o apoio é completamente diferente. “Se dermos o exemplo da seleção inglesa, não sei se fruto dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos se terem realizado lá, tínhamos casos com três pessoas a ajudarem uma. Havia fisioterapeuta para o atleta e para o acompanhante”, conta Roberto Mateus. Mesmo sem as melhores condições e o apoio desejado os atletas portuguesas têm prestações e resultados de topo - fruto de muito trabalho e de anos de experiência e conhecimento nesta modalidade. Mas não se pode fugir à pergunta: A falta de investimento de Portugal no Boccia faz com que as outras seleções, mais tarde ou mais cedo, consigam ‘apanhar-vos’? “Sim, já se vê isso, afirma Roberto Mateus ao referir-se à Coreia do Sul a quem Portugal deu formação em 1988 e em 1998. “E depois eles aparecem a ganhar tudo o que há para ganhar a partir de 2002, em 2004 em Atenas, em Sidney, na China e agora em Londres. Os campeonatos asiáticos são eles que ganham, os campeonatos do mundo também. Eles têm atletas nas classes todas”, explica. Mas continuando a dar a conhecer o importante papel do assistente técnico desportivo na performance do jogador, mais uma vez, Roberto Mateus se destaca pela positiva. “Todo o material do Zé sou eu que o manipulo para a imagem dele, daquilo que nós achamos e do que achamos ser melhor para o jogo dele”, sublinha. E quem diz todo, é mesmo todo. Foi Roberto Mateus quem fez o ponteiro e o capacete de José Carlos Macedo que pesam apenas 200 gramas. Perfeitamente adaptados à calha que usa, também construída pelo assistente técnico. “Na calha do Zé ele só tem que empurrar a bola, na calha da Eunice ela tem que segurar a bola para lançar. O capacete da Eunice pesa um quilo. Dez minutos com um quilo até não parece nada, mas ao final de um jogo um quilo pesa praí dez quilos. Se a Eunice tivesse uma calha igual, o capacete podia ser diferente”, explica o assistente técnico desportivo. Por cerca de 500 euros Roberto Mateus construiu uma calha em acrílico e fez de serralheiro, carpinteiro e torneiro mecânico. Desde 2008, já fez quatro, primeiro em madeira, depois em alumínio, até chegar a esta que demorou, “à vontade” dois meses, umas cinco horas por dia de dedicação. “Ele tem esta calha há seis meses e eu já vejo coisas que acho que se podem melhorar. Mas eu não posso fazer isso agora porque está a treinar com ela e vamos entrar já no ciclo de competição e as modificações só podem ser feitas no devido timing”.

ANDDI

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