A construção da expressividade na infografia: um estudo de criações de Jaime Serra

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Neurath (Figura 20) eram semelhantes aos gráficos desenvolvidos por Mullhal no fim do século 19. Em 1926, Neurath conheceu o estilo simplificado das xilogravuras (Figura 21) do artista plástico alemão Gerd Arntz, e o convidou para integrar o grupo interdisciplinar do qual também fazia parte Marie Reidmeister, que, mais tarde, casada com Otto, também adotaria o sobrenome Neurath. Arntz transferiu-se definitivamente para a Áustria em 1929. O objetivo do Instituto Isotipo era transformar informações complexas em representações autoexplicativas e sua atuação foi ampliada na década de 1930, quando o grupo passou a realizar exposições em Londres, Berlim e Nova York, além de contribuir com governos estrangeiros, incluindo o dos Estados Unidos e o da ex-União Soviética. Com a iminência das tensões que culminariam na Segunda Guerra Mundial, Neurath, Arntz e Reidmeister foram obrigados a transferir o Instituto para a Holanda em 1934, e para a Inglaterra em 1942, onde produziram representações gráficas em torno de dados militares para o Ministério das Informações daquele país. Após a morte de Otto, em 1945, a produção do Instituto Isotipo continuou sob o comando de Marie Neurath até a década de 1970. Marie Neurath aponta semelhanças entre o estilo geométrico de simplificação das informações gráficas usado nos trabalhos do Instituto Isotipo e o mapa diagramático do metrô londrino criado por Henry Beck nos anos de 1930 (NEURATH, KINROSS: 2009, 107). Em relação ao mapa anteriormente utilizado (Figura 22), o uso das cores como forma de expressar informação e a organização das linhas do metrô em ângulos de 45˚ do mapa de Beck (Figura 23) facilitaram a visualização da sequência de estações de cada linha, mas abriram mão da precisão geográfica. No novo mapa, as diferentes distâncias das estações de metrô ao longo da linha são uniformizadas. Adrian Forty, professor de história da arquitetura da Universidade de Londres, afirma que o desenho deste mapa foi uma das ações da política de design corporativo que a companhia de transportes londrinos tomou durante aquela década, com o objetivo de estimular a população a viajar mais. Embora essa distorção tenha a virtude de tornar a leitura do mapa muito fácil, ao tornar a distância entre os bairros e o centro tão pequena, ela também induzia pessoas a empreender viagens que de ou-

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