Mímesis e Ficção

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Thiago da Câmara Figueredo

que esta abre. Promessas e premissas expostas, é tempo de destrinchar as teorias da ficção dos teóricos. O percurso inicial deste ensaio consiste na apresentação da Teoria do Efeito Estético de Iser e, a partir dela, na exposição das características correlatas da Teoria da Mímesis de Costa Lima. Através do destaque da semelhança entre tais teorias, buscar-se-á os pressupostos teóricos que lhes dão base para, uma vez constituída uma visão global de ambas, observar se apresentam divergências e se estas se comunicam. Os Atos de Fingir ou o que é Fictício no Texto Ficcional (ISER, 2002) oferece a base da reflexão iseriana sobre o texto ficcional. O teórico sistematiza tais atos em três, sendo a seleção o primeiro deles. Ela dá conta da escolha das referências que serão transformadas pelo texto. De natureza cultural ou literária, os referentes selecionados têm seus valores transgredidos de sua estrutura semiológica habitual. Há de se perceber que a transgressão do ato da seleção impossibilita que se atribua um deslocamento objetivo dos sistemas de referência do mundo extratextual para a atmosfera do texto. As representações que o texto abarca são transgredidas por ele próprio, que suprime, complementa e valoriza tipos determinados de acordo com sua intencionalidade. O ato transgressor seguinte é a combinação. Ela diz respeito, sobretudo, à organização interna dos elementos textuais, tanto no nível do enunciado quanto na organização 47


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