primeira edição

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FILOSOFIA em FOCO

1ª Edição

ALBERT CAMUS UMA FILOSOFIA DA NEGAÇÃO Existencialimo em foco Camus e sua filosofia do absurdo e/ou da não significação do mundo O papel da Razão Descartes conclui que para duvidar é necessário existir, sendo a existência condição necessária para o ato de duvidar. Por ser a dúvida uma faculdade mental Entendida também como pensamento, logo conclui-se que ao pensar, sua existência se efetiva, “Cogito ergo sun”. Descartes tem certeza de que existe enquanto pensa, mas continuaria ele a existir quando para de pensar?

“Julgar

se a vida vale a pena ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia”


A NOÇÃO DO ABSURDO CAMUSIANO Camus articula suas ideias sobre o absurdo, contrapondo-se à eficácia de uma razão norteadora da ação humana, assim como o pressuposto de que por meio da razão, pode-se chegar ao conhecimento verdadeiro de todas as coisas. Tornando assim, possível a leitura de que, a perspectiva racional herdada da modernidade, a luz de Descartes, poderia se equiparar ao caráter ilusório da religião. Isso porque, a vida tal como nos é imposta pelo sistema social ao qual pertencemos, é muito difícil para nós, nos traz dores e tarefas que muitas vezes não se podem resolver. Buscamos distrações poderosas que nos façam desprezar nossas misérias e desilusões, sugerindo satisfações substitutivas que a amenizem, tornando-nos insensíveis a ela. Algo desse gênero é imprescindível. Tais distrações são cultivadas pela atividade religiosa e científica, dado seu entorpecimento. A religião, seus sistemas, doutrinas e promessas, alimentam uma realidade pouco palpável ao homem comum ao considerar a existência de uma figura divina cuja essência não necessita de nenhum auxílio, de nenhum outro ser para existir, ou seja, uma substância perfeita, causa de si mesma, denominada Deus. Instaurando assim a ilusão religiosa necessária à supressão da ameaça ou frustração do mundo exterior. A religiosidade deriva-se de um vazio e a necessidade de algo que possa preenchê-la, trazendo uma esperança fundada em algo que transcendente à realidade puramente formal e extensa, amparando aqueles que buscam uma justificativa para o todo existente. A ciência por sua vez, desconstrói o edifício religioso pautado na teoria criacionista, onde um ser sobrenatural cria o universo a e vida, e constrói um outro semelhante, atestado por verdades justificadas pela razão ao investigar a natureza e o homem, como é o caso da teoria do big bang a qual demonstra que o universo não é estático e se encontra em constante expansão; e a teoria da evolução que propõe o entendimento da evolução humana por meio de uma seleção natural. Este novo edifício tem como objetivo trazer uma paz momentânea à inquietação do homem diante do mundo, por meio do conjunto de teorias baseados na observação.

Ao captar a superficialidade do mundo real, Albert Camus transcreve uma realidade a partir do que é possível conhecer, do que é vivido, quebrando as “correntes” da lógica racionalista e distanciando-se de qualquer metafísica, ilusão ou crença. De acordo com o autor: “Trata-se, num tom mais baixo, dos sentimentos, inacessíveis no interior do coração, mas parcialmente traídos pelos atos que impulsionam e as atitudes de espírito que supõe. Fica claro que assim defino um método. Mas também fica claro que este método é de análise e não de conhecimento. Pois métodos implicam metafísicas, e elas traem, à revelia, as conclusões que às vezes pretendem não conhecer ainda. Assim as últimas páginas de um livro já estão nas primeiras. Este nó é inevitável. O método aqui definido confessa a sensação de que todo conhecimento verdadeiro é impossível. Só se pode enumerar as aparências e apresentar o ambiente” (CAMUS. 2009, p.26)

Seria possível justificar de maneira ontológica o universo do espírito em que estão as afecções? Camus defende que um conhecimento verdadeiro ou puro acerca da natureza humana é impossível. Limitar o eu apenas às afetações externas analisadas sob o prisma do racionalismo, é anular o grande número de estados que fazem parte da constituição da natureza humana: a vida psíquica, percepções, pensamentos e sentimentos de um eu interno. Por meio da reflexão a noção do absurdo ou sentimento do absurdo nos impulsiona a uma ação, sendo esta, dada a partir de uma total falta de valor que a oriente, ou seja, tudo torna-se possível e nada possui valor, sendo a tendência ao mal ou ao bem um mero acaso. Para Camus, o sentimento do absurdo que está imerso em nossa época atinge a todos, contudo este é, antes de tudo, inexplicável. Contudo, não se trata de uma noção ou conceito abstrato, mas de uma experiência que surpreende o homem em sua rotina.

Luis Fernando Lima Estudante de filosofia do Centro Universitário São Camilo


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