2ª Edição da Revista Maloca

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Conselho Editorial Revista MALOCA André de Oliveira Torres Carrasco Alexandre Berneira da Silva Andressa Fonseca da Cunha Bruna Antiqueira da Silva Julia da Rosa Costa Juliana Aidê Bortolotti Sara Suellen da Rocha Castro Valentina de Farias Betemps da Silva Revisão Bruna Antiqueira da Silva Julia da Rosa Costa Capa Alexandre Berneira da Silva Valentina de Farias Betemps da Silva Coordenação e Diagramação Andressa Fonseca da Cunha Juliana Aidê Bortolotti Catalogação na fonte MALOCA: Revista de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo / Universidade Federal de Pelotas - UFPel - ano 2, n. 2 (Julho de 2021), - Pelotas: FAUrb, 2021.v

1.Arquitetura. 2.Urbanismo. 3. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel


Universidade Federal de Pelotas PET ARQUITETURA

MALOCA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO



Sumário EDITORIAL

06

SOBRE A REVISTA 07 PUBLICAÇÕES

08

VIRADA SPUTNIK 09 QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL 15 OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO 20

OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO GRUPO DE ESTUDOS DE ARTE E TROCAS POÉTICAS 26

VILLAS E CASAS DE CATÁLOGO NA ZPPC 1 31 IMÓVEIS OCIOSOS DE VALOR HISTÓRICO E DÉFICIT HABITACIONAL

37

O REFLEXO DO COVID19 NOS EMPREENDIMENTOS AMAZONAS E RORAIMA 42 AMÉRICA LATINA 48


6 | EDITORIAL SOBRE O GRUPO PET O Programa de Educação Tutorial (PET) é constituído por um grupo de estudantes de graduação sob a orientação de um professor tutor, orientados pelo princípio da tríade ensino, pesquisa e extensão. Regulamentado pela Lei N° 11.180, de 23 de setembro de 2005, e pelas Portarias MEC N° 3.385, de 29 de setembro de 2005, e n° 1.632, de 25 de setembro de 2006, o PET destinase a apoiar grupos de alunos que demonstrem potencial, interesse e habilidades destacadas em cursos de graduação das Instituições de Ensino Superior - IES. O apoio pode ser concedido ao estudante bolsista até a conclusão da graduação. O programa é composto por grupos tutoriais de aprendizagem e busca propiciar aos alunos, sob orientação de um professor tutor, condições para a realização de atividades extracurriculares, que complementem a sua formação acadêmica. O grupo PET Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), foi criado em 1991, e desde 2019 está sob tutoria do Prof. André Carrasco, sendo formado por 12 bolsistas, alunos da graduação de Arquitetura e Urbanismo. O programa propicia aos alunos participantes a realização de atividades extracurriculares que enriquecem a sua formação, auxiliando ao atendimento das necessidades do próprio curso de graduação, da Instituição de Ensino e da sociedade que os cerca.

EDITORIAL


SOBRE A REVISTA | 7

SOBRE A REVISTA

SOBRE A EDIÇÃO 02

Maloca “mã-r-oca”, marã, casa forte para a luta. (fonte: Silveira Bueno, Vocabulário Tupi-Guarani Português).

O QUE ACONTECE NO PET?

Esta revista tem como objetivo a divulgação da produção discente em suas diversas manifestações: textos, fotografias, desenhos, projetos, TFGs, entrevistas, etc. e a publicação pretende alcançar além dos próprios estudantes da FAUrb e da UFPel, o público em geral que se interesse pelos temas e trabalhos apresentados. A revista Maloca surgiu de uma necessidade identificada onde atualmente estudantes de graduação em geral encontram dificuldades para divulgar/publicar seus trabalhos em periódicos acadêmicos, principalmente pelo perfil e objetivos destas publicações. Desta forma a Maloca nasce para ser o lar da produção estudantil, para ser o nosso espaço, a nossa casa forte onde podemos divulgar nossos trabalhos, produções, inquietações e pensamentos.

“Quem são os tais Petianos? Onde vivem? O que produzem?” Na edição de número 2 da Revista Maloca, viemos desvendar os mistérios que envolvem o grupo do Programa de Educação Tutorial do curso de Arquitetura e Urbanismo. Após um ano de isolamento social, devido à pandemia da Covid-19, decidimos compartilhar com vocês Faurbenhos o que está rolando no PET - Faurb. Essa revista apresenta alguns dos trabalhos individuais e coletivos desenvolvidos no grupo, desde atividades que ocorreram em 2019 até pesquisas desenvolvidas durante a pandemia em 2020, essa coletânea vem mostrar as diversas facetas da pesquisa, ensino e extensão que produzimos neste período.


8 | PUBLICAÇÕES

PUBLICAÇÕES


VIRADA SPUTNIK | 9

VIRADA SPUTNIK EDIÇÃO QUARENTENA JÚLIA DA ROSA COSTA;

NATÁLIA DÂMASO BERTOLDI, HELOISE NUNES SEMPER;

ANDRÉ DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO.

1. INTRODUÇÃO A Virada Sputnik é um Projeto de Ensino do grupo PET Arquitetura UFPel. O principal objetivo da atividade é tornar a prática de projeto mais dinâmica para os alunos, separando o exercício projetual da sala de aula. A atividade, que inicialmente foi inspirada nos concursos de arquitetura e no hábito dos alunos virarem a noite na faculdade para fazer seus trabalhos, sofreu algumas alterações devido a situação atual de pandemia e distanciamento social. No entanto, se manteve com o mesmo propósito de integrar alunos de diferentes lugares e semestres, possibilitando interações muito proveitosas para todas as partes e exercitando a criatividade dos participantes mesmo em um momento tão delicado e peculiar. Os concursos públicos de projetos de arquitetura e urbanismo, por definição do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), “são uma modalidade de escolha, exclusivamente baseada no critério da qualidade, para a contratação de responsável técnico para elaborar um projeto” (IAB, s.d., s.p.). Sendo assim, o grupo PET buscou adaptar essa realidade para o contexto acadêmico, preparando os alunos para a participação de possíveis concursos no futuro.


10 | VIRADA SPUTNIK A inscrição do evento pôde ser feita individualmente ou em grupos de até 5 pessoas, sendo possíveis arranjos de alunos de diferentes universidades e períodos do curso de Arquitetura. Assim, os participantes tiveram o período de uma semana para realizar o projeto de um Hospital de Campanha para a COVID-19, na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, inteiramente de forma remota. Com esse projeto, o aluno pode exercitar habilidades como o trabalho em grupo, a criatividade, a agilidade na busca de soluções projetuais e treinar a participação em concursos de arquitetura. 2. METODOLOGIA Sendo um evento que já teve outras edições, porém teve que sofrer adaptações devido a situação, a metodologia teve que ser reorganizada também. Nas outras duas edições realizadas em 2018 e 2019 (COSTA, 2019), a atividade acontecia dentro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas, durava 24 horas e a temática era sorteada ao início da atividade. Dadas as cirscunstâncias, isso precisou ser repensado, por onde se iniciou o planejamento da atividade. Primeiramente então, foi decidido o novo funcionamento, onde seria dada uma semana para projetar, ao invés das 24 horas dos eventos anteriores.

O evento seria aberto para todos os estudantes de arquitetura do mundo, a temática seria divulgada junto ao edital e seria feita uma palestra de abertura acerca do tema proposto. Então, as datas foram decididas sendo: período de inscrições de 10 a 24 de julho de 2020; início do evento 27 de julho de 2020; encerramento do evento 03 de agosto de 2020; e apresentação dos trabalhos 05 de agosto de 2020. Junto a isso, a temática foi escolhida. Seguindo o momento de pandemia, foi proposto que os participantes projetassem um Hospital de Campanha para a COVID-19 com 100 leitos de enfermaria e 30 leitos de UTI, em um terreno de escolha do grupo, na cidade de Pelotas, RS. Logo após iniciou-se a divulgação do evento por meio das redes sociais. Foram feitas artes para tal, como pode se observar na figura 1, e o edital também foi postado explicando o funcionamento da atividade. Também foi decidida a banca de avaliação do evento, composta por três arquitetas que trabalham com arquitetura hospitalar, um professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel e um aluno da mesma, possibilitando várias visões diferentes sobre os trabalhos desenvolvidos.


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Figura 1: Arte de divulgação da Virada Sputnik Fonte: acervo PET Arquitetura UFPel


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Então, no dia 27 de julho, o evento se iniciou com uma palestra com as arquitetas que compuseram a banca, explicando um pouco sobre a temática proposta, para dar uma base aos participantes. Logo após, se iniciou o período de projeto. No dia 03 de agosto, os trabalhos foram entregues via email e então, no dia 05 de agosto os grupos puderam apresentar seus projetos. No total, foram entregues cinco trabalhos, um realizado por um grupo de quatro pessoas, dois realizados por trios, um realizado por uma dupla e um individual, sendo todos de alunos de Pelotas, da Universidade Federal de Pelotas e da Universidade Católica de Pelotas. A apresentação foi aberta ao público, tal qual a palestra de abertura, para que todos os interessados pudessem se inteirar do assunto. Por fim, a atividade foi discutida internamente no grupo PET FAUrb, sobre seus erros e acertos, para que possamos melhorar caso haja uma nova edição.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Virada Sputnik – Edição Quarentena teve um alcance bastante satisfatório, sendo a com maior número de inscritos entre as três edições já realizadas. Foram 13 grupos inscritos, contando com pessoas de outras cidades do Brasil e até um estudante de Cabo Verde. No entanto, apenas cinco grupos entregaram o projeto concluído ao final do evento. Tal fato, gerou uma discussão interna acerca do volume de trabalho proposto para uma atividade que deveria ser feita remotamente, ponto que deve ser revisado no caso de existir outra edição à distância. Acerca dos trabalhos, tiveram resultados muito bons e diversificados. Na figura 2, se tem o exemplo de uma das propostas entregues. A banca se mostrou bem satisfeita com os projetos realizados e os alunos que entregaram também gostaram muito da atividade.


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Figura 2: prancha de um dos trabalhos entrgues na Virada Sputnik - Edição Quarentena Fonte: acervo PET Arquitetura UFPel


14 | VIRADA SPUTNIK Além disso, outros alunos e professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel, que não participaram do evento, comentaram que gostaram da proposta e até gostariam de ter participado. As lives de abertura e de apresentação dos trabalhos também contaram com a participação de muitos alunos que não participaram diretamente do evento, mostrando assim, a relevância da atividade no contexto acadêmico.

4. CONCLUSÕES Com o trabalho realizado, foi possível mostrar que a prática de projeto pode ser mais leve e prazerosa para os alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo. Além disso, ajudou os estudantes a manterem um certo contato com o exercício projetual durante o período de isolamento social, da maneira mais lúdica possível, tendo em vista as dificuldades que todos enfrentam nesse período. Outro ponto a se destacar foi que o fato de a atividade ter sido realizada na modalidade remota, mostrou outra dimensão do evento: alunos que se interessaram pelo tema proposto puderam ter conhecimento do mesmo, ainda que não tenham participado diretamente da atividade.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Júlia da Rosa. Virada Sputnik: Concurso de projetos exploratórios. In: SulPET XXII, 2019, Pelotas. Anais eletrônicos. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2019. p. 126 – 128. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/sulpet/files/2019/11/ AnaisSulPetXXII.pdf. Acesso em: 20 set. 2020. Instituto de Arquitetos do Brasil - RS. Concurso público de projeto de arquitetura e urbanismo. Porto Alegre, s.d. Disponível em: < http://www. iab-rs.org.br/projetos-culturais/concursopublico-de-projeto-de-arquitetura-e-urbanismo. aspx>. Acesso em: 20 set. 2020.


QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL | 15 1. INTRODUÇÃO

QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL JULIANA AIDÊ BORTOLOTTI; BRANDON GUINALLI LACERDA, RAFAELA JORGE CECCONI, SARA SUELLEN DA ROCHA CASTRO , THIFANI GOMES ORTIZ MACHADO, ANDRÉ DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO.

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o “Quartas com a FAUrb”. Atividade que faz parte das ações coletivas do Programa de Educação Tutorial (PET) Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas e consiste em apresentar a atividade “Quartas com a FAUrb”. A atividade de ensino e extensão tem como premissa agregar à comunidade estudantil conhecimentos alternativos àqueles propostos no currículo acadêmico por meio de palestras, mesa redonda e rodas de conversa, buscando complementar a qualidade da formação dos estudantes e promover ambientes de intercâmbio com a comunidade externa à UFPel. Os assuntos vinculados ao ensino e a profissão de Arquitetura e Urbanismo são cada vez mais diversos e nem sempre contemplados na grade acadêmica. Frente a tal circunstância o “Quartas com a FAUrb” se configura como facilitador ao acesso de estudantes à temas importantes da área e/ou que façam parte do interesse da comunidade. A atividade de ensino e extensão representa um dos pilares mais consolidados do grupo PET Arquitetura e Urbanismo, sendo realizada há mais de 10 anos.


16 | QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL Posto isso, este trabalho se propõe a comentar o processo de desenvolvimento do projeto com ênfase nas mudanças que ocorreram em decorrência da pandemia do COVID-19. MORAES et al (2016) evidencia que para as profissões prestarem serviços para a sociedade, devem preparar seus estudantes para exercerem as funções técnicas e sociais de seu ofício, mostrando o lado humanista da área. Por meio da atividade “Quartas com a FAUrb” cria-se um meio para o fortalecimento do contato entre a universidade e a comunidade, acarretando em troca de experiências e saberes, contemplando um debate dentro da universidade acerca de importantes assuntos para a formação ética e social dos estudantes. Ademais, os eventos que tem como objetivo estimular o senso crítico e reflexivo dos participantes buscaram se relacionar com temas de inclusão e visibilidade, somando força ao cruzar com o cenário social da pandemia e os reflexos das desigualdades sociais no contexto urbano vigente. 2. METODOLOGIA A atividade de ensino e extensão “Quartas com a FAUrb” consiste na promoção de conhecimentos extracurriculares e são propostos principalmente

principalmente no formato de rodas de conversa, mesa redonda e palestras. É através desta troca de informações que é possível uma nova abordagem educacional, buscando melhorias no viés academicista, assim como social dos estudantes, como apresenta MOURA e LIMA (2014): É, na verdade, um instrumento que permite a partilha de experiências e o desenvolvimento de reflexões sobre as práticas educativas dos sujeitos, em um processo mediado pela interação com os pares, através de diálogos internos e no silêncio observador e reflexivo. (MOURA e LIMA, p 99, 2014) O nome “Quartas com a Faurb” foi selecionado, tendo em vista, que as Quartas-feiras à tarde costumava ser um horário livre no cronograma de aulas da Faurb. Com a alteração dos currículos e outras mudanças decorrentes do cenário nacional como greves e paralisações, atualmente os eventos do projeto são agendados no fim da tarde em dias variados buscando atender o máximo de pessoas possível. Além disso, as atividades geralmente ocorriam nas dependências da FAUrb o que sofreu mudanças em decorrência do isolamento social posto pela pandemia do COVID-19. Por meio virtual, os debates continuam ocorrendo com diferentes temáticas, periodicamente. Ao total foram realizados oito encontros através de plataformas digitais, sendo cada evento um novo tema.


QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMNTO SOCIAL | 17 O primeiro encontro da atividade “Quartas com a FAUrb” realizado de forma online teve como conteúdo a “ARQUITETURA EM TEMPOS DE DISTANCIAMENTO SOCIAL’’ – Fazendo, ensinando e aprendendo projeto. Uma conversa sobre as novas dinâmicas no trabalho e sobre os desafios do ensino a distância. Aconteceu no dia 06/05/2020, por meio da plataforma digital Jitsi Meet, às dezoitos horas. Tendo como convidado o arquiteto e urbanista Paulo Emilio B. Ferreira professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie/ SP, alinhando a isso, um representante do grupo PET Arquitetura e Urbanismo mediou o evento. As atividades surgem por meio do contato entre os professores e os estudantes com os integrantes do grupo PET, que organizam e articulam os demais contatos e a divulgação dos eventos. Os eventos acontecem de forma aberta e gratuita ao público, são previstos em dias e horários com menos confronto de aulas e estágio buscando facilitar a presença dos estudantes. Atualmente, o grupo tem se articulado virtualmente para organizar os eventos na modalidade remota, por meio de plataformas como Jitsi Meet e Google Meet. As tarefas de divulgação são distribuidas entre os integrantes do grupo e são realizadas através das redes sociais Instagram e Facebook.

Também são feitos os contatos com os convidados através das redes sociais ou e-mail.

QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMNTO SOCIAL 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em meio à necessidade de se manter o distanciamento social imposta pela pandemia de COVID-19, essa atividade vem sendo o carro chefe das ações do PET Arquitetura e Urbanismo. Assumiu um papel importante de reconectar estudantes para debater temas de interesse acerca da Arquitetura e Urbanismo associado ao contexto de isolamento social. Assim, os encontros acontecem remotamente, por meio de videoconferência - sem a necessidade de inscrição prévia - sendo todos eles gratuitos e abertos ao público interessado. A divulgação desses ocorre através das redes sociais, recorrendo a ilustrações realizadas pelos integrantes do grupo. Foi decidido não emitir certificados neste momento, visto que, acompanhar o trânsito dos participantes, para garantir a certificação de horas na atividade, mostrou-se inviável. Assim, se configura como uma experiência de aprendizado e ampliação da fronteira do conhecimento, sendo de suma importância para a formação dos futuros arquitetos e arquitetas.


18 | QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL

Figura 1: Arte de divulgação do Quartas com a FAUrb Fonte: acervo PET Arquitetura UFPel


QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL | 19 As modalidades adotadas para a realização dos eventos costumam ser do tipo: palestra, mesa redonda, debates e conversas informais com pessoas indicadas para realizar contribuições valorosas para o tema escolhido. O projeto tem como uma de suas demandas, atender as disciplinas do curso de graduação que requerem de mais tempo, além da aula, para tratar dos assuntos relacionados a ementa das mesmas, viabilizando a qualidade do ensino. A promoção dessas atividades que vinculam as disciplinas do curso de Arquitetura e Urbanismo possibilita o contato constante com o corpo docente, que juntamente com os integrantes do grupo PET auxiliam no planejamento e na promoção das mesmas.

QUARTAS COM A FAURB EM TEMPOS DE ISOLAMENTO SOCIAL 4. CONCLUSÕES Este breve apresentação do desenvolvimento da “Quartas com a FAUrb” em um cenário de isolamento social, reforça a relevância da atividade realizada em grupo e dos diferentes diálogos que podem ser alcançados. Além de ampliar o campo de conhecimento e a capacidade crítica dos discentes e interessados, possibilita agregar noções com pessoas que pertencem à círculos e contextos diferentes que o da UFPel.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MORAIS, S.L.D, et al, IMPACTO DE UMA EXPERIÊNCIA EXTENSIONISTA NA FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA. Rev. cir. traumatol. buc-maxilo-fac, v. 16, n.1, p 39-44, 2016 MOURA, A.F.; LIMA M.G, A REINVENÇÃO DA RODA: RODA DE CONVERSA: UM INSTRUMENTO METODOLÓGICO POSSÍVEL. Revista Temas em Educação, v.23, n.1, p 98-106, João Pessoa, 2014. MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL MANUAL DE ORIENTAÇÕES BÁSICAS. Brasília, dezembro de 2006.


20 | OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO 1. INTRODUÇÃO

OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO SARA SUELLEN DA ROCHA CASTRO; GABRIELA WREGE PARRA, NATALIA DÂMASO BERTOLDI, ANDRÉ DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO.

O presente trabalho pretende apresentar uma atividade de ensino e extensão voltada à realização de oficinas e cursos que englobam as mais diversas áreas do conhecimento e da cultura. Desenvolvida dentro do Grupo PET (PROGRAMA DE EDUCAÇÃO TUTORIAL) do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPEL, esta atividade permite uma flexibilidade na escolha de sua temática, uma vez que são assuntos que podem atender à comunidade acadêmica da FAUrb, das demais unidades da UFPel assim como o público em geral. No entanto, algumas edições tendem a se relacionar mais diretamente com a arquitetura e urbanismo, consequentemente atraindo acadêmicos e públicos de áreas semelhantes, como engenharia civil, design, artes plásticas, dependendo do recorte dentro do conteúdo a ser tratado. Esta atividade de ensino e extensão é desenvolvida ao longo do ano, sendo ministrada por professores, profissionais ou alunos, com o intuito de complementar a formação universitária, auxiliando na redução da retenção e repetência, bem como possibilitando a troca de saberes entre os estudantes e a comunidade em geral, além de disponibilizar cursos de curta duração, diversificados e de amplo acesso a todos.


OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO | 21 Nessa perspectiva, a formação não deve ser visto como um processo rígido, mas sim como uma

As duas oficinas contaram com a participação ativa dos integrantes, sendo 05 e 20 participantes,

reflexão constante dos indivíduos. (SCREMIN et al. 2006). Dessa forma, as oficinas se caracterizam como uma atividade plural e inclusiva, buscando sempre a participação e a troca entre os participantes de maneira horizontal nas dinâmicas de ensino-aprendizagem. É necessário, para uma continuidade lógica desse funcionamento, que ambos possam se assumir como ser social e histórico, como ser pensante e que se comunica, recorrendo a uma tarefa importante para prática educativa e também crítica. (FREIRE, 2004) No ano de 2020, em virtude da pandemia do Covid19 e da necessidade de distanciamento social por ela imposta, os meios de desenvolvimento dessa atividade foram limitados. E em razão disso, fez-se necessário ministrar oficinas inteiramente virtuais nas plataformas de videoconferências. Desse modo, não houve a possibilidade de promover o caráter extensionista da atividade de acordo com seu planejamento inicial. Assim sendo, foram realizadas duas oficinas remotas voltadas ao ensino, sendo estas, Oficina de Design Gráfico – Capa da Revista Maloca e Oficina de Revit (aplicativo para desenvolvimento de projetos de arquitetura).

respectivamente. Ainda assim, a atividade permitiu a transmissão de informação de uma forma mais lúdica, buscando englobar conhecimento e prazer para instruir o integrante em sua formação profissional. E, assim como coloca Paulo Freire (2004) o pensar crítico e o pensar ingênuo não estão dissociados, são pensamentos que se somam a partir da curiosidade, e é justamente a curiosidade um dos pilares para a construção dessa prática das oficinas.

OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO 2. METODOLOGIA

O processo de realização da atividade prevê duas etapas. A primeira refere-se a fase de análise e troca de ideias, em que é feita a verificação da demanda do Grupo como também do público, implicando na decisão do assunto que será abordado, levando em conta que a sugestões da temática podem surgir a qualquer momento e de qualquer pessoa com acesso ao grupo PET. Em seguida, é feita a escolha das datas disponíveis tendo em mente assuntos e demandas que foram levantados.


22 | OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO Finalmente, determina-se para realização do evento a escolha do ministrante, podendo este

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

ser aluno, professor ou mesmo um profissional capacitado para oficiar. A segunda etapa destina-se à fase de execução, em que é possível fazer a divulgação do evento através das mídias sociais, como Instagram e Facebook. Quando necessário são feitas as inscrições do público interessado em participar através de formulários para obter os dados dos participantes. Para isso, se tratando do meio físico, o Grupo disponibiliza o local e materiais que são essenciais para a participação. No meio virtual, o Grupo cria a sala na plataforma de videoconferência e encaminha o link de acesso para os participantes, recomendando a prévia identificação.

Os resultados advindos desse período foram à realização de duas oficinas. Logo, a Oficina de Design Gráfico, foi realizada como suporte ao lançamento da primeira edição da Revista Acadêmica do PET, intitulada Maloca, em que se elaborou junto aos participantes a capa desta, quando se produziu um momento em que foi possível ter expressividades individuais, no qual foi produzido uma capa de várias capas (FIGURA 1) para compor a revista. O evento foi aberto a quem se interessasse em agregar ideias e tivesse interessado em obter um pouco de conhecimento sobre a plataforma de edição de imagem Photoshop.


OFICINAS DO PET ARQUITETURA E UROFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO | 23 BANISMO

Figura 1: Imagens das ilustrações criadas na Oficina de Capa para a Revista Acadêmica do PET intitulada Maloca. Fonte: acervo PET Arquitetura UFPel


24 | OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO Já a segunda oficina, Oficina de Revit (FIGURA 2), ministrada pelos criadores do BIM Oficina Criativa e executada como meio de contribuir com a formação dos alunos à construção de projeto no Software BIM Revit, que é designado para arquitetura, urbanismo, engenharia e design, onde permite que os usuários façam projetos de edifícios, arquitetônicos e estruturais desde o conceito até a construção, em 3D e 2D.

OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO

4. CONCLUSÕES A atuação do PET na complementação da formação dos alunos vem se mostrando de grande importância por complementar o ensino público de qualidade. As Oficinas organizadas pelo Grupo se tornaram um excelente meio para que assuntos que não são tratados em sala de aula possam ser mais aprofundados, trazendo para um ambiente onde os alunos se sentem confortáveis para tirar dúvidas sobre diversos assuntos. As Oficinas começam a partir da curiosidade em aprender mais e da troca de informações que pode ocorrer entre pessoas dentro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Devido à situação atual de ensino remoto, essa atividade se adaptou e se modificou para que os alunos seguissem com esse meio de aprendizado que sempre esteve muito próximo de todos.

Figura 2 : Arte elaborada para divulgação da Oficina de Revit. Fonte: acervo PET Arquitetura UFPel


OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO | 25 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Scremin, G.; Giordani, E.M.; Longhi C. Ensino superior: a docência em construção nas oficinas de didática. Universidade federal de Santa MariaRS. Disponível em: http://www.portalanpedsul. com.br/admin/uplo ads/2006/E duc ac ao_ Superior/Painel/10_31_ 38_PA530.pdf (2006) FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa: 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. _Superior/Painel/10_31_ 38_PA530.pdf (2006) FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa: 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa: 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

OFICINAS DO PET ARQUITETURA E URBANISMO


26 | GRUPO DE ESTUDOS DE ARTE E TROCAS POÉTICAS

GRUPO DE ESTUDOS DE ARTE E TROCAS POÉTICAS: O DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO CRIATIVO EM ARQUITETURA ATRAVÉS DO DESPERTAR DO REPERTÓRIO ARTÍSTICO DOS ESTUDANTES RAMILE DA SILVA LEANDRO, ANDRÉ DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO.

1. INTRODUÇÃO O presente grupo de estudos está vinculado ao Programa de Educação Tutorial do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas - RS e encontra-se em fase inicial de planejamento e execução. Tal projeto nasce com base em uma percepção pessoal da autora acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo, formada em Artes Visuais Licenciatura pela Universidade Federal de Rio Grande e mestre em Projeto e Curadoria de Arte pela Academia de Belas Artes de Florença - Itália. Essa percepção se deu através da convivência diária com colegas do curso de Arquitetura e Urbanismo e está centrada na dificuldade e bloqueio da maioria desses estudantes diante da representação imagética de suas ideias - tanto através do desenho, quanto na criação de conceitos em projetos de arquitetura. Apresenta como objetivo principal a criação de um espaço de troca, de fazer e de pensar artístico, para que esse sirva como suporte para a criação tanto em projetos de arquitetura e urbanismo, como para projetos pessoais dos acadêmicos. tema do trabalho.


GRUPO DE ESTUDOS DE ARTE E TROCAS POÉTICAS | 27 Ademais, apresenta como objetivos específicos pensar arquitetura através da arte e utilizar tanto o fazer artístico quanto o pensar sobre arte como ferramentas de criação; inserir o patrimônio histórico de Pelotas como objeto a ser estudado através das técnicas como a aquarela, para a partir dessa despertar o sentimento de pertencimento dos estudantes; aumentar o repertório cultural dos estudantes envolvidos através de referenciais de arte, principalmente os de arte contemporânea que se sustentam enquanto conceito; permitir a inclusão de todos(as) que desejam participar das atividades, sem restrições impostas por materiais e técnicas complexas/alto valor; produzir reflexões acadêmicas em fóruns, revistas e congressos nacionais e internacionais da área. Utiliza-se como apoio teórico os escritos de AMARAL (1987), que debate a função da arte em diversas esferas do saber e representa um clássico da discussão sobre a função da arte; MUNARI (2009) que explica formas de desenvolver conceitos e de aprofundar ideias artísticas; BARBOSA (2005) em uma coletânea de textos que discutem o ensino das artes visuais

1997) e GOMBRICH (2000) ambos referenciais teóricos importantes para o estudo de obras de arte; FERREIRA; COTRIM (2014) que revelam cartas de artistas nas quais os mesmos falam de seus bloqueios criativos, processo de projeto e realizações; e CHING (2017), autor estudado no curso de Arquitetura e Urbanismo que apresenta importante estudo sobre a representação gráfica arquitetônica e paisagística. Documentários como Janela da Alma de Walter Carvalho e João Jardim (2001) e feiras de arte contemporânea que apresentam artistas que desenvolvam conceitos a partir de problemáticas da atualidade, concernentes a arquitetura, também servirão de base para produzir debates com embasamentos teóricos que tratem de problemáticas da contemporaneidade e sejam formadores de repertório criativo para os acadêmicos(as) envolvidos(as). Dessa forma, a proposta se justifica ao passo que busca auxiliar os(as) acadêmicos(as) em um processo complexo de auto conhecimento e formação de repertório cultural por meio da arte. Além disso, é uma forma da autora compartilhar

na contemporaneidade como forma de criação de repertório e expressão pessoal; ARNGAN (1992;

seus conhecimentos adquiridos em universidades públicas - nacionais e internacionais.


28 | GRUPO DE ESTUDOS DE ARTE E TROCAS POÉTICAS Ao passo que alguns materiais de valores elevados podem ser substituídos por técnicas mais fluídas como a aquarela com café ou com pigmentos de baixo custo, o processo criativo apresenta mais chances de se dar de forma natural, sem excluir grupos socialmente marginalizados e/ou oprimidos. 2. METODOLOGIA Primeiramente será feita uma revisão de pesquisa bibliográfica com intuito de aprofundar pontos concernentes a temática do processo criativo, do desenho e da pintura voltados para a produção de croquis em arquitetura e urbanismo. Logo após, serão estruturados encontros, inicialmente a distância, nos quais serão montadas atividades de estudos e trocas, sem a figura de quem ensina e quem aprende. Em virtude da atual situação de pandemia devido ao vírus COVID-19, foram estruturadas as prime iras ações a serem realizadas através de plataformas como Instagram e Youtube, como demonstrado na tabela 01. No entanto, será partir da participação, dos questionamentos e da produção dos envolvidos que serão estruturadas novas demandas, leituras e debates.

Tabela 1 : Organização das primeiras ações a serem desenvolvidas através de plataformas digitais. Fonte: acervo PET Arquitetura UFPel Alguns pontos importantes a serem desenvolvidos em tais encontros podem ser citados: a) ir além do material de desenho e pintura, buscando materiais alternativos e lúdicos para representações paisagísticas e arquitetônicas; representação do patrimônio de Pelotas - o estudo desde a fachada como de elementos internos (estuques e ladrilhos hidráulicos) - o que constitui exercício de reconhecimento identitário importante não somente para alunos pelotenses, mas principalmente para inclusão e criação de sentimento de pertencimento de estudantes provenientes de outras cidades; b) leituras dinâmicas textos - cartas e agendas de artistas que demonstram como criavam e desenvolviam suas ideias em conceitos bem fundamentados; c) produção de pequenas exposições, que podem se dar tanto no ambiente virtual, quanto presencial.


GRUPO DE ESTUDOS DE ARTE E TROCAS POÉTICAS | 29 Nesse processo de troca, todos os encontros estarão abertos a sugestões e mudanças, servindo também para que a acadêmica reflita sobre essas ações. A metodologia de avaliação da atividade pelo grupo será feita uma conversa para saber as impressões dos alunos envolvidos. Ainda, serão enviadas três perguntas simples que auxiliarão a ponderar a metodologia aplicada nas oficinas, para assim modificá-las quando necessário: a)Você se sentiu confortável com o material proposto durante o encontro? b) Gostaria de relatar algo que criou algum desconforto durante a oficina, que pense que poderia ser melhorado? c) Gostaria de deixar um relato curto, uma frase ou palavra que descreva essa experiência para você? Após a análise dos materiais todos os encontros estarão sujeitos a modificações, assim como o planejamento de leituras e escrita pode modificar-se devido a novas demandas feitas pelos participantes. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A discussão aqui proposta parte da ideia que “saber” desenhar ou representar uma ideia é uma tarefa que exige dedicação e tempo BARBOSA (2005).

No entanto, sendo o aluno(a) de arquitetura exposto(a) a um grande número de atividades e constantes bloqueios criativos, tais atividades de criação lúdica, que deveriam ser prazerosas, se tornam traumáticas, geram insegurança acadêmica e afetam o aprendizado. Tal fato não ocorre somente com os estudantes de tal curso, mas com todas as áreas do saber que se debruçam em pilares instáveis como os do “fazer artístico” COTRIM (2015). Técnica, inspiração, materiais “adequados” e tempo para que o(a) acadêmico(a) consiga se libertar de seu estado de “bloqueio criativo” e transforme seu pensamento em ação é algo raro na sociedade contemporânea. O primeiro post, de apresentação do Núcleo de Trocas Poéticas foi publicado na plataforma Instagram, como mostra a Figura 06, com intuito de introduzir o projeto e instigar os estudantes a participarem da formatação do mesmo - sugerindo assuntos que gostariam de discutir/aprofundar conhecimentos.


30 | GRUPO DE ESTUDOS DE ARTE E TROCAS POÉTICAS O núcleo de arte dentro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo representa um respiro poético ao processo criativo, fundamental na formulação e desenvolvimentos de projetos e reflexões em arquitetura e urbanismo. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Figura 1 : Apresentação do Núcleo de Arte e Trocas Poéticas. Fonte: acervo PET Arquitetura UFPel Enfim, os resultados esperados são o de promover pequenas, mas significativas trocas acadêmicas com e entre os estudantes que se proporem a fazerem atividades de desbloqueio e desenvolvimento do processo criativo através da escrita e leitura em arte. Ademais, fomentar a reflexão das atividades propostas através de publicações nacionais e internacionais que abordem as técnicas utilizadas e seus resultados. 4. CONCLUSÕES Estudar arte é uma forma de se (re)descobrir seja através do traço no desenho, de cores que agradam o olhar, de referências com as quais o aluno se identifica ou apenas com um mundo de novas ideias que se abre para o mesmo.

AMARAL, A.A. Arte para quê? A preocupação social na arte brasileira 1930-1970. São Paulo: Nobel, 1987. 2v. ARGAN, G.C. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ARGAN, G.C. L’Arte nella Storia dell’Uomo. Firenze: Giunti Gruppo Editoriale, 1997. BARBOSA, A.M (org). Arte/Educação Contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez, 2005. COTRIM, C.; FERREIRA, G. Escritos de Artistas Anos 60/70. Rio de Janeiro: Zahar, 2014. CHING, F. D. K. Representação Gráfica em Arquitetura. Porto Alegre: Bookman, 2017. GONBRICH, E. A História da Arte. Rio de Janiero: LTC, 2000.


VILLAS E CASAS DE CATÁLOGO NA ZPPC 1 | 31 1. INTRODUÇÃO

VILLAS E CASAS DE CATÁLOGO NA ZPPC 1 VALENTINA DE FARIAS BETEMPS DA SILVA, FRANCIELE FRAGA PEREIRA, ALINE MONTAGNA DA SILVEIRA, ANDRÉ DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO.

O presente trabalho é o recorte de uma pesquisa em construção que visa realizar estudos morfotipológicos entre a arquitetura residencial das primeiras décadas do século XX e a malha urbana da cidade de Pelotas-RS. Este estudo apresenta uma reflexão a partir de uma das categorias de análise investigada, da tipologia edificatória e dos aspectos morfológicos urbanos do local. Esse trabalho faz parte da pesquisa Patrimônio Cultural na Região Sul do Rio Grande do Sul, nos séculos XIX e XX, através da ação Villas e Casas de Catálogo: inventário da arquitetura residencial das primeiras décadas do século XX. A pesquisa integra o trabalho individual da autora no Programa de Educação Tutorial – Núcleo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas (PET/FAUrb/ UFPel). As villas e casas de catálogo são uma tipologia ainda pouco estudada no município. Esses tipos edificatórios se caracterizam pela presença de recuos em relação aos alinhamentos do lote e organizações que proporcionem boa luz e ventilação naturais aos interiores.


32 | VILLAS E CASAS DE CATÁLOGO NA ZPPC 1 Em geral, as villas são grandes sobrados de famílias abastadas, cercados por jardins de ares românticos e elementos como bow windows e terraços. Já as casas de catálogo, térreas e mais simples, são assim chamadas por terem sido replicadas por seus construtores, como uma forma de popularização dessa tipologia. Algumas edificações que integram esse conjunto se encontram documentadas no acervo do Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira (NEAB) da FAUrb/UFPel, através de trabalhos realizados nas disciplinas de Técnicas Retrospectivas Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Projeto de Arquitetura VI. No entanto, muitas dessas edificações ainda não possuem registro e estimase que muitos desses exemplares, além de pouco estudados, não possuem nenhum tipo de proteção patrimonial. Essas lacunas instigaram a realização deste estudo. A pesquisa busca contribuir para o entendimento da produção arquitetônica desse período, a partir da relação entre tipologia edificatória e morfologia urbana. O recorte espacial deste estudo são as edificações implantadas no sítio do Primeiro Loteamento da cidade de Pelotas, localizado na Zona de Preservação do Patrimônio Cultural 1 (ZPPC1) (PELOTAS, 2008).

Dentro deste objeto de estudo, uma das categorias analisadas é a existência de um instrumento de preservação que garanta a proteção desses bens. A reflexão abordada neste ensaio pauta-se na análise comparativa entre os bens inventariados da tipologia estudada e de outras tipologias, localizados na ZPPC1.

Figura 1 : Mapa – Contextualização da área de estudo. Fonte: autora, 2020. 2. METODOLOGIA O método de pesquisa contemplou a revisão bibliográfica, o levantamento de campo e a análise e discussão dos resultados encontrados. Inicialmente, foram realizados estudos sobre a tipologia pesquisada, através da revisão bibliográfica de autores como Schlee (1993), Homem (1993), Aragão (2006; 2008) e Schettino (2012). Após compreender a tipologia, partiu-se para a fase de identificação dos remanescentes na área delimitada.


VILLAS E CASAS DE CATÁLOGO NA ZPPC 1 | 33 O método escolhido foi o inventário de conhecimento ou varredura (IPHAN, 2020), que

Para a elaboração desta análise foi realizado

permitiu o mapeamento dos exemplares desta tipologia na área de estudo. Esse formato de registro consiste em estudos que identifiquem e cadastrem a ocorrência material ainda existente de um bem cultural, indicando ações necessárias quanto ao bem em questão (IPHAN, 2018). Devido ao distanciamento físico imposto pela pandemia de Covid-19, o trabalho de campo presencial tornou-se inviável. Assim, o inventário foi realizado de forma remota. Os percursos foram realizados virtualmente, utilizando a ferramenta Google Maps e o recurso do Street View. Os exemplares encontrados foram registrados através de ferramentas de captura de tela, e catalogados para pesquisas posteriores sobre cada imóvel. Depois de mapear toda a zona de estudo, a investigação partiu para o entendimento dos conceitos de morfologia urbana, inerentes à esse tipo de análise, em que autores como Lamas (1992) e Rossi (1999) foram o referencial de apoio. A partir desses dados, foram

pelo município, a partir de documentos

criadas várias categorias de análise, dentre elas a de existência de proteção patrimonial através de instrumento legal (inventário).

um levantamento das edificações inventariadas disponibilizados

pela

Secretaria

Municipal

da Cultura (SECULT, 2004). Nesse processo, foram demarcados no mapa da ZPPC 1 todos os lotes com edificações inventariadas e, após essa espacialização dos dados, foi realizado um comparativo gráfico entre os percentuais encontrados. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dos dados compilados geraram preocupação e fomentaram as discussões propostas a seguir. Foram encontrados 40 exemplares de interesse deste estudo (villas e casas de catálogo) na área da ZPPC1, um resultado satisfatório quanto à tomada de conhecimento e a documentação dessas edificações. Em relação à proteção patrimonial (inventário e tombamento), a primeira compilação de dados foi realizada apenas entre os exemplares de interesse, e demonstrou que apenas 7 das 40 edificações estudadas possuem medidas de proteção (Fig.1).


34 | VILLAS E CASAS DE CATÁLOGO NA ZPPC 1 Esse registro evidencia uma grande disparidade no tratamento dessa tipologia em relação à

Figura 2 : Gráfico – Comparativos entre percentuais Fonte: autora, 2020.

O percentual de 17% parece pequeno, mas condizente com a situação de um tipo edificatório pouco explorado. A etapa seguinte buscou compreender o que esses exemplares representavam no conjunto de bens inventariados na mesma área. Nessa etapa foram espacializadas as edificações de interesse deste estudo e as edificações inventariadas pela administração municipal, na malha urbana atual (Fig. 2).

exemplares de outros períodos: dentro do grande grupo da ZPPC 1, que é composto por 622 edificações protegidas, somente 1% representa a tipologia estudada. Este dado evoca a necessidade de um olhar mais criterioso por parte do poder público para a proteção dessas edificações. 4. CONCLUSÕES Por fim, é possível concluir que os critérios de patrimonialização são um pouco frágeis ao propor a proteção de exemplares da tipologia estudada neste ensaio.

Figura 3: Mapa – Levantamento da área de estudo Fonte: autora, 2020.


VILLAS E CASAS DE CATÁLOGO NA ZPPC 1 | 35 Considerando que o tipo edificatório abordado - villas e casas de catálogo - possui tanto valor cultural quanto outras tipologias já reconhecidas e protegidas pelo poder público, evidencia-se a necessidade de ampliar os estudos sobre esses bens de forma a garantir a sua preservação. Também cabe ressaltar a vulnerabilidade desses exemplares, que têm sido constantemente substituídos ou alterados, em função do desenvolvimento do processo de produção do espaço urbano e das constantes alterações do núcleo central da cidade. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAGÃO, Solange. A casa, o jardim e a rua no Brasil do século XIX. Em tempo de Histórias. Publicação do Programa de Pós-Graduação em História. Brasília, n. 12, p. 151-162, 2008. HOMEM, M. C. N. Mudanças espaciais na casa republicana. A higiene pública e outras novidades. Pós – Revista do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo FAUUSP. São Paulo, n.3, p. 5-18, 1993. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Política do Patrimônio Cultural Material. Brasília: IPHAN, 2018. Online. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/ pagina/detalhes/1837. Acesso em: 17 ago. 2020.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). O que é um Inventário de Conhecimento. 2020. Online. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/ perguntasFrequentes?categoria=34. Acesso em: 17 ago. 2020. LAMAS, José M. R. Garcia. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1992. PELOTAS, Plano Diretor Municipal de Pelotas, 2008. Online. Disponível em: https:// leismunicipais.com.br/plano-diretor-pelotas-rs. Acesso em: 17 ago. 2020. ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999. SCHETTINO, Patrícia Thomé Junqueira. A mulher e a casa - Estudo sobre a relação entre as transformações da arquitetura residencial e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1993. Disponível em: https://www. lume.ufrgs.br/handle/10183/1752. Acesso em: 10 ago. 2020. SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA. Inventário do patrimônio cultural de Pelotas. Prefeitura de Pelotas, 2004. evolução do papel feminino na sociedade carioca no final do século XIX e início do século XX. 2012. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Escola de Arquitetura, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2012.


36 | VILLAS E CASAS DE CATÁLOGO NA ZPPC 1

SCHLEE, Andrey Rosenthal. O ecletismo na arquitetura pelotense até as décadas de 30 e 40. 1993. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.


IMÓVEIS OCIOSOS DE VALOR HISTÓRICO E DÉFICIT HABITACIONAL | 37 1. INTRODUÇÃO

IMÓVEIS OCIOSOS DE VALOR HISTÓRICO E DÉFICIT HABITACIONAL: UMA ABORDAGEM PROJETUAL

JÚLIA DA ROSA COSTA, ANDRÉ DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO.

A pesquisa de caráter individual faz parte das atividades do planejamento do Grupo PET FAUrb, foi iniciada no ano de 2020 e ainda está em andamento. O principal objetivo é fazer um estudo acerca dos prédios ociosos com valor histórico na região central da cidade de Pelotas e o déficit habitacional da mesma, demonstrando a provável possibilidade de reorganização desses espaços e dessas pessoas. Segundo a reportagem de WANDERLEY e BARROS (2019), a Fundação João Pinheiros e Abrainc/FGV estimam que o déficit habitacional no Brasil está em 7,77 milhões de moradias, enquanto existem 7,9 milhões de prédios ociosos ou em construção. Assim, a pesquisa busca apresentar resultados que comprovem a possibilidade de diminuir o déficit habitacional sem que sejam necessárias muitas construções novas. Como parâmetro para o estudo de viabilidade desses reusos, foi utilizado o livro “Herramientas para habitar el presente: La vivienda del siglo XXI”, de Josep Maria Montaner, Zaida Muxí e David H. Falagán. No livro são elencados 14 critérios básicos (figura 1) para o projeto de moradias, que posteriormente foram utilizados para conferir a viabilidade de adaptação dos imóveis.


38 | IMÓVEIS OCIOSOS DE VALOR HISTÓRICO E DÉFICIT HABITACIONAL

Figura 1 : Critérios básicos para o projeto de moradia - livro “Herramientas para habitar el presente: La vivienda del siglo XXI” Fonte: MONTANER, J. M.; MUXÍ, Z.; FALAGÁN, D. H. 2011


IMÓVEIS OCIOSOS DE VALOR HISTÓRICO E DÉFICIT HABITACIONAL | 39 2. METODOLOGIA A metodologia utilizada para a pesquisa tem seis etapas e atualmente se encontra na quarta. Inicialmente foi realizado o recorte da área de estudo, onde optou-se por se concentrar na área mais central de Pelotas, incluindo a Praça Coronel Pedro Osório e seus arredores, num raio de 2km. Posteriormente foi realizado o mapeamento dos imóveis ociosos desta área.Para isso, usou-se de apoio a pesquisa “A inclusão da ociosidade: uma metodologia para inventariar imóveis urbanos ociosos. – O caso de Pelotas, RS.”, coordenada pela professora Ester Gutierrez, onde se pode ter uma base de onde estão os imóveis ociosos de Pelotas e fazer a conferência do estado atual dos mesmos. Na figura 2, podemos observar um dos destaques em prédios ociosos da cidade de Pelotas, o antigo Banco do Brasil, que hoje se encontra abandonado e até comprometido, apesar de seu grande potencial. Na sequência foi realizada a revisão bilbiográfica de livros, artigos e reportagens sobre o assunto, onde decidiu-se tomar como base os critérios do livro Herramientas para habitar el presente. No momento está sendo feita a análise de viabilidade de reuso desses imóveis. Figura 2: Antigo Banco do Brasil. Fonte: Acervo pessoal.


40 | IMÓVEIS OCIOSOS DE VALOR HISTÓRICO E DÉFICIT HABITACIONAL Como suporte, estão sendo usados projetos da disciplina que cursei em 2018/2, de Atelier de Habitação de Interesse Social, ministrada pela professora Emanuela Di Felice do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPel. Nela, foram desenvolvidos projetos de habitação em préexistências da área central de Pelotas e, assim, pude ter contato com várias propostas de colegas, além de criar a minha. Logo após, serão feitas as análises e criações projetuais em cima desses prédios selecionados e dos estudos prévios. Por último, serão organizados os resultados obtidos com a pesquisa. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir do estudo já feito, se pode constatar que existem muitos prédios ociosos no centro da cidade, que poderiam estar servindo de moradia para muitas pessoas. Além disso, como pode ser observado na figura 3, de um dos projetos da disciplina de Atelier de Habitação de Interesse Social, muitos desses imóveis realmente tem potencial para adaptação. Assim, é justificada a urgência de soluções mais eficazes sobre a temática do deficit habitacional no Brasil, visto que não é necessária a construção de grandes imóveis em muitos casos.

Figura 3: Projeto para moradia no prédio do antigo Banco do Brasil. Fonte: acervo PET Arquitetura UFPel

4. CONCLUSÕES Existe a urgência de se discutir a questão habitacional e o patrimônio abandonado. Assim, a pesquisa mostra que existem soluções viáveis para proporcionar moradias dignas para a população, além de contribuir para uma ocupação qualificada do centro da cidade. Também, aborda a questão patrimonial, sugerindo usos para esses prédios que possibilitem a valorização dos mesmos,


IMÓVEIS OCIOSOS DE VALOR HISTÓRICO E DÉFICIT HABITACIONAL | 41 mostrando que prédios que contam a história de uma cidade também podem desempenhar um papel social de abrigar os seus moradores, fundamentando mais ainda a sua preservação. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MONTANER, J. M.; MUXÍ, Z.; FALAGÁN, D. H. Herramientas para habitar el presente: La vivienda del siglo XXI. Barcelona: Roca, 2011. GUTIERREZ, Ester Judite Bendjouya (org.). A inclusão da ociosidade: uma metodologia para inventariar imóveis urbanos ociosos – o caso de Pelotas – RS. 2006. Relatório final de pesquisa (CNPq) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2006. WANDERLEY, Ed; BARROS, Lorena. Déficit habitacional atinge maior marca em 10 anos; solução pode vir da Academia. Último Segundo, Brasil, 31 de agosto de 2019. Disponível em<https://u lt imos egundo.ig .com.br/ brasil/2019-08-31/deficit-habitacional-atingemaior-marca-em-10-anos-solucao-pode-vir-daacademia.htm> Acesso em: 16 de setembro de 2020. 1. INTRODUÇÃO


42 | O REFLEXO DO COVID19 NOS EMPREENDIMENTOS AMAZONAS E RORAIMA

O REFLEXO DO COVID19 NOS EMPREENDIMENTOS AMAZONAS E RORAIMA JULIANA AIDÊ BORTOLOTTI ANDRÉ DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO.

O presente projeto de pesquisa tem como objetivo analisar os empreendimentos Amazonas e Roraima, situados no loteamento Sítio Floresta, no bairro das Três Vendas - cidade de Pelotas, em situação pandêmica do Covid19. A construção dos empreendimentos foi possibilitada pelo programa “Pelotas Habitação Digna”, no qual viabilizou a construção de 560 apartamentos, sendo 280 unidades habitacionais em cada residencial. O programa tem como objetivo possibilitar o maior número de construções de empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) do Governo Federal. Para isso, os empreendimentos que fossem cadastrados no programa teriam reduções de impostos e taxas, ademais, os residenciais, são cadastrados na Faixa 1, do PMCMV, ou seja, os moradores têm uma renda familiar bruta de até $1800,00. Segundo o III Plano Diretor de Pelotas do ano de 2008, os empreendimentos estão localizados fora do perímetro urbano - situados na “borda” da zona periurbana da cidade. Esse alargamento do limite urbano viabilizou em 2012, que os projetos e construção dos residenciais fossem aprovados, através da Lei 5.963.


O REFLEXO DO COVID19 NOS EMPREENDIMENTOS AMAZONAS E RORAIMA | 43 Nesse sentido, em conjunto com a situação atual do Covid19, os dados do Observatório de Segurança Pública de Pelotas, indicam que a região das Três Vendas foi o local com maior crescimento quando comparado às demais regiões da cidade, evidenciando um deslocamento da pandemia para a região periférica. Nesse sentido, o projeto de pesquisa vem investigar os danos causados à população dos residenciais em situação da pandemia causada pelo Covid19. 2. METODOLOGIA Os empreendimentos Amazonas e Roraima por integrarem do Programa Minha Casa Minha Vida, devem respeitar distâncias máximas permitidas aos equipamentos de serviço. Para estabelecer os índices de distâncias, os critérios e métodos utilizados são referências do trabalho de CHIARELLI (2014) - baseados nos conceitos de SANTOS (1988). Sendo assim, as distâncias desejáveis e que devem ser cumpridas são de até: quinhentos metros de distância de equipamentos de ensino, quatrocentos metros de distância para obter acesso ao transporte público, e por fim, máximo de oitocentos metros de distância de equipamentos de saúde.

Figura 1: Distância de Equipamentos de Serviços Fonte: MEDVEDOVSKI et al., baseado em estudo de Carlos Nelson dos Santos42⁸ Ainda, os apartamentos, devem seguir uma tipologia mínima apresentada para as unidades habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida, com uma área útil não podendo ser inferior a 39,00 m². Contendo dois quartos, uma sala de estar, cozinha, lavanderia e um banheiro.

Figura 2: Zona de abrangência dos empreendimentos Amazonas e Roraima. Fonte: Google Earth, 2020; elaboração própria.


44 | O REFLEXO DO COVID19 NOS EMPREENDIMENTOS AMAZONAS E RORAIMA

Como visto na Figura 1, não há nenhum equipamento de serviço nas zonas de abrangência dos empreendimentos Amazonas (1) e Roraima (2). Assim, o posto de saúde (3) mais próximo dos residenciais é de 1,3 km de distância, cerca de 16 minutos a pé. A escola Municipal (4) fica 1.9 km de distância das residências, com uma caminhada de 23 minutos. Já as redes estaduais (5) localizamse 3,3 km a 4,3 km, com uma caminhada que varia de 40 a 53 minutos até os equipamentos de ensino. Ademais, há a Rodovia BR- 116 (6) que “corta” o caminho para o acesso às escolas estaduais, além de, se tornar um dificultador para conexões com o restante da cidade. Ainda, os empreendimentos localizam-se a 10,4 km de distância do centro da cidade de Pelotas, cerca de 2 horas 20 minutos de caminhada ou 57 minutos de transporte coletivo. Seguindo essa linha, PINTO (2016): Também se verificaram que dentre as faixas de renda, em geral os empreendimentos da Faixa 1 são os que possuem os piores indicadores de qualidade de inserção urbana, no que tange localização em bairros de Pelotas mais afastados da zona central da cidade, ou com valores venais de custo do solo mais baixos.(PINTO, p 252, 2016 ).

Figura 3: Gráfico de porcentagem dos casos de Covid19 confirmados por região. Fonte: Mapas de Contágio da Prefeitura; elaboração própria. Dando continuidade, desde dia 03/06/2020, a Prefeitura de Pelotas começou a disponibilizar - por meio de plataformas digitais - mapas da evolução da transmissão do contágio de Covid19 na cidade. Esses mapas são divulgados semanalmente e está dividido por oito regiões, sendo elas: Centro, Fragata, Três Vendas, São Gonçalo, Laranjal, Areal, Barragem e Colônia. No primeiro dia de divulgação a região das Três Vendas marcava 10% de casos confirmados em Pelotas.


O REFLEXO DO COVID19 NOS EMPREENDIMENTOS AMAZONAS E RORAIMA | 45 Avançando para o dia 12 de agosto de 2020 - cerca de dois meses depois - a região teve um aumento de 2,7 % no percentual, alcançando 22,4% dos casos confirmados na cidade, como vista na Figura 2. Sendo a região com maior crescimento quando comparado às demais.

Figura 4: Mapa de contágio da Prefeitura Fonte: Prefeitura de Pelotas 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos dados apresentados neste projeto depesquisa, os residenciais Amazonas e Roraima

estão situados em um local de péssima inserção urbana, tendo em vista que, segundo o III Plano Diretor da cidade de 2008, o local não é delimitado dentro do perímetro urbano. Assim, as unidades habitacionais não atingem as distâncias mínimas dos equipamentos de serviços - tendo como exceção o transporte coletivo, no qual, há um ponto de ônibus em frente aos empreendimentos. Trazendo para o presente momento, levando em conta a pandemia do COVID-19, os empreendimentos não cumprem com as distâncias desejáveis aos equipamentos de serviços - distantes dos postos de saúde. Tendo isso em vista, segundo a Prefeitura de Pelotas, apenas casos de sintomas gripais leves e adultos é que devem ser encaminhados para a UBS mais próxima, caso ao contrário, sinais agravantes devem ser encaminhados a UPA AREAL, e crianças ao Centro Covid. Tal distanciamento pode acarretar na demora a procura de ajuda médica e assim disseminar o vírus até que seja detectada a doença. Segundo informações do IBGE, Censo Demográfico 2010, na cidade de Pelotas, a densidade de moradores por dormitório é de: uma a duas pessoas – maioria das moradias (52.559 domicílios).


46 | O REFLEXO DO COVID19 NOS EMPREENDIMENTOS AMAZONAS E RORAIMA Assim, a probabilidade é que as unidades habitacionais sejam compostas por três a quatro moradores. Seguindo essa linha, em apartamentos com cerca de 40 m² e com quatro moradores, numa zona periurbana da cidade, é possível que o vírus acabe contagiando os demais moradores da residência. Tornando a moradia um vetor para o Covid19. Ademais, com a flexibilização da quarentena em conjunto com a reabertura dos comércios, aumenta a demanda por transporte público e, consequentemente, o risco de transmissão do novo Coronavírus. A partir da última notificação da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) - 8 de setembro de 2020 - atendentes e comerciantes são segundo grupo com mais casos positivos do Covid19, sendo o primeiro lugar dos profissionais da saúde. Retomando, segundo recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) deve-se manter, pelo menos, um metro e meio de distanciamento - o transporte coletivo não permite tal distância. A partir do dia 28 de setembro de 2020, segundo a Prefeitura de Pelotas, via Secretaria de Transporte e Trânsito (STT), houve aumento no horário do transporte coletivo. Porém, todos os ônibus irão circular com lotação máxima de ocupação dos assentos e mais dez passageiros em pé.

Ainda, o tempo que dura uma viagem, saindo do loteamento Sítio Floresta - onde estão localizados os empreendimentos Amazonas e Roraima - segundo CTCP (Consórcio de Transporte Coletivo de Pelotas) é de 57 minutos, realizando 72 paradas. Em conjunto com a reabertura do comércio e lotação máxima dos ônibus, o processo de migração do Covid19 das áreas centrais para as zonas periféricas começa a se intensificar, deslocando a pandemia para locais de vulnerabilidade socioeconômica. 4. CONCLUSÕES No atual contexto da pandemia do novo Coronavírus, são evidentes os problemas habitacionais que afligem os empreendimentos Amazonas e Roraima. Residências, que desde a construção foram marginalizados e jogados para fora do perímetro urbano, estando em situação de vulnerabilidade socioeconômica. São cerca de 1700 moradores que vivem nas unidades habitacionais, que todos os dias se deslocam para as áreas centrais ao trabalho, enfrentando ao mínimo duas horas de transporte coletivo no dia, além do risco da infecção do vírus e transmitir esse aos demais moradores da residencial.


O REFLEXO DO COVID19 NOS EMPREENDIMENTOS AMAZONAS E RORAIMA | 47 O aumento de casos positivos na região das Três Vendas, e consequentemente, aos moradores dos empreendimentos Amazonas e Roraima, vem de um processo migratório do vírus que acaba atingindo as camadas mais frágeis da sociedade, no qual, já estão distantes de equipamentos de ensino e saúde, são desconectados da cidade por conta da Rodovia BR-116 e ainda tem suas habitações transformadas num vetor para o vírus. A moradia digna, em conjunto, com acesso aos equipamentos de serviços, devem ser assegurados e garantidos a todos os cidadãos brasileiros. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIARELLI, L.M.A. Habitação social em Pelotas (1987-2010) influências das políticas públicas na promoção de conjuntos habitacionais. 2014. Tese. Programa de Pós-Graduação em História. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. IBGE. Censo de amostras de domicílio de Pelotas. 2010. Disponível em <https://cidades. ibge.gov.br/brasil/rs/pelotas/pesquisa/23/47427 > Acessado em 25/08/2020. PINTO, J.V. Contribuições para estudo do “programa minha casa minha vida” para uma cidade porte médio, Pelotas-RS: caracterização das empresas construtoras e incorporadoras privadas e inserção urbana. 2016. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal de Pelotas. SANTOS, C. N. A cidade como um jogo de cartas. Niterói, 1988.


48 | AMÉRICA LATINA 1. INTRODUÇÃO

AMÉRICA LATINA

A IMPORTÂNCIA DA ARQUITETURA COMO CENÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO ARTÍSTICO, CULTURAL E MEMORIAL DE UM POVO BRUNA ANTIQUEIRA , HELOISE SEMPER, ANDRÉ DE OLIVEIRA TORRES CARRASCO.

Atividade de pesquisa, anteriormente de caráter individual e atualmente colaborativo, que foi parcialmente desenvolvida junto ao Grupo PET, tendo seus resultados iniciais apresentados no XXVIII Congresso de Iniciação Científica da UFPel, no ano de 2019. Em seu primeiro momento a pesquisa trouxe um recorte que se destinou à análise das estratégias projetuais adotadas no contexto da verticalização na produção moderna e contemporânea de Centros Culturais latino americanos. O trabalho apresentou a análise de três projetos localizados nas duas maiores cidades latino americanas: Centro Cultural San Martin, em Buenos Aires e SESC 24 de Maio e o Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Nessa etapa do trabalho, partiu-se para um novo recorte no qual foram analisadas obras implantadas no contexto da horizontalização. A pesquisa apresentou a análise de quatro projetos: Centro Cultural em Cobquecura e Centro de Arte e Cultura de Talagante, ambos localizados no Chile; Centro Plaza Cultural Norte, no Peru e Estação Cultural Tecpatán, no México.


AMÉRICA LATINA | 49

Figura 1: Centro Cultural Cobquecura - Campo Baeza Fonte: Campo Baeza

Figura 2: Estação Cultural Tecpatán Fonte: ArchDaily


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Figura 3: Plaza Cultural Norte Fonte: ArchDaily

Figura 4: Centro de Arte e Cultura Telegante Fonte: ArchDaily


AMÉRICA LATINA | 51 2. METODOLOGIA Essa fase da pesquisa teve como objetivo principal dar seguimento às análises anteriores, buscando traçar um panorama geral acerca da produção arquitetônica desse tipo de programa no território latino americano. Assim, a próxima etapa do trabalho será dedicada ao cruzamento de informações entre as diferentes categorias de análise, enfatizando as distintas estratégias projetuais adotadas para cada contexto de implantação. A metodologia usada para desenvolvimento do trabalho apoiou-se na revisão bibliográfica a respeito da história e das características dos centros culturais de maneira geral, feitas anteriormente, e depois especificamente sobre projetos escolhidos para análise, de modo a possibilitar o entendimento teórico das intenções dos arquitetos e do cenário urbano e social onde se inserem as obras. Após isso se deu o avanço para a análise projetual gráfica, levantando documentações acerca dos projetos selecionados e desenvolvendo estudos a respeito das soluções de arquitetura adotadas em cada edifício. Através da observação de imagens e desenhos como plantas, cortes, esquemas e diagramas.

Assim como na primeira etapa de estudos, as análises se dividiram em quatro partes: infraestrutura, organização do programa, construção e situação urbana. Após a conclusão dos estudos de cada projeto individualmente, buscou-se estabelecer a relação que eles possuem entre si dentro das categorias de análise préestabelecidas para, posteriormente, ampliar essas conexões diante dos resultados das demais etapas do trabalho. 3.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise de infraestrutura, observou-se semelhanças na solução estrutural de três dos quatro projetos analisados. A Estação Cultural Tecpatán, o Plaza Cultural Norte e o Centro Cultural Cobquecura possuem a sua estrutura marcada pela modulação do concreto, fazendo a distribuição do programa dentro dos limites estabelecidos pela estrutura da obra. Com relação à organização do programa foram analisadas as estratégias projetuais dos arquitetos para distribuição de espaços como salão multifuncional, café, áreas de apoio, sala de informática, sala de estudos, salade arte e música e quadra poliesportiva.


52 | AMÉRICA LATINA Nesse quesito, a Estação Cultural de Tecpatán se destaca por levar acesso à informática para a população do remoto município, mostrando assim os diferentes papéis sociais que um centro cultural pode assumir no cotidiano de uma comunidade. A respeito da construção, o Centro de Arte e Cultura em Telagante se destaca pelo uso de materiais secos e que permitem maior permeabilidade visual, tendo toda a sua estrutura em aço e fechamento em vidro translúcido, enquanto os demais projetos usam o concreto armado como principal elemento na construção. Ainda assim, no caso do Centro Cultural em Cobquecura existe também forte presença de permeabilidade visual e conexão com o meio externo. O estudo acerca da situação urbana dos edifícios revelou as diferenças, tanto das obras entre si, quanto com relação aos demais projetos analisados pela pesquisa. A fase anterior proporcionou uma análise de edifícios dentro do contexto da verticalização, inseridos em grandes centros urbanos e, consequentemente, sujeitos a

As análises acerca dos edifícios horizontais mostram a diferença de usos que eles podem contemplar de acordo com a necessidade do local onde estão implantados, permeabilidade visual e conexão com o meio externo. O estudo acerca da situação urbana dos edifícios revelou as diferenças, tanto das obras entre si, quanto com relação aos demais projetos analisados pela pesquisa. A fase anterior proporcionou uma análise de edifícios dentro do contexto da verticalização, inseridos em grandes centros urbanos e, consequentemente, sujeitos a um grande fluxo de pessoas. As análises acerca dos edifícios horizontais mostram a diferença de usos que eles podem contemplar de acordo com a necessidade do local onde estão implantados, atendendo demandas de comunidades mais deslocadas dos grandes centros. Observou-se que, enquanto o Centro Cultural em Cobquecura e a Estação Cultural Tecpatán se encontram em um sítio de difícil acesso e baixa infraestrutura, a Plaza Cultural Norte e o Centro de Arte e Cultura em Talagante são implantados em uma região mais próxima do centro urbano que possibilitam,

um grande fluxo de pessoas.

assim, uma maior apropriação por parte dos usuários.


AMÉRICA LATINA | 53 4. CONCLUSÕES

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A partir desta pesquisa pode-se chegar a especulações acerca das estratégias de projeto adotadas para inserção do programa de Centro Cultural em diferentes regiões do território latino americano e estabelecer relações entre as análises do presente momento e os estudos anteriores. Posteriormente pretende-se expandir o trabalho para as próximas etapas, abordando diferentes tipologias e cidades, buscando aumentar o reportório de produção arquitetônica na América Latina e consequentemente qualificar o debate acerca desses projetos.

[Plaza Cultural Norte / Oscar Gonzalez Moix] 13 ago 2017. Plataforma Arquitectura. Acessado em 27 Out. 2020. <https://www. plataformaarquitectura.cl/cl/877621/plazacultural-norte-oscar-gonzalez-moix> ISSN 07198914 [Centro de Arte y Cultura / FURMANHUIDOBRO arquitectos asociados] 28 Jul 2017. ArchDaily Brasil. Acessado 27 Out. 2020. <https://www.archdaily.com.br/br/876036/ centro-de-arte-e-cultura-furman-huidobroarquitectos-asociados> ISSN 0719-8906


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