Juntamente com a inserção destes elementos decorativos surge também a casa axial, dotada de porta centralizada e ladeada por janelas.
Fig. 3.8 e 3.9: Casas catarinenses. Fonte: BROOS, 2002.
Broos (2002) considera todos os elementos decorativos encontrados nas casas residenciais de Santa Catarina, até 1830, como heranças da tradição portuguesa, por exemplo, o plafond esculpido, o azulejo, a madeira esculpida em geral, as figuras decorativas e o rebordo elevado nos telhados, as pseudo-pilastras e outros elementos. Além da decoração, são influências portuguesas os elementos construtivos que utilizam a pedra como material de construção, como o rebordo do telhado e as aberturas das janelas e portas. No entanto, tais elementos tradicionais representavam apenas a parte superficial da casa residencial, a qual era determinada pela regularidade da disposição interna e pela fixação das medidas, admitindo-se assim, a planta como parte essencial da composição arquitetônica. Pode-se dizer que a planta da residência não se originou em Portugal, e sim que é resultado da nova pátria, obedecendo ao desenvolvimento das relações sociais que aqui se estabeleciam, bem como o manejo com os escravos e agregados da família. As distinções sociais pouco poderiam ser percebidas a partir do aspecto inicial destas moradias. Pessoas menos favorecidas, assim como militares e intelectuais as usavam inicialmente, mas com o passar do tempo foram desenvolvendo as formas decorativas já mencionadas, bem como uma subdivisão interna diferenciada, ao mesmo tempo em que surgem os primeiros sobrados, geralmente ocupando as esquinas das ruas.
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Tudo isso aconteceu sob as novas condições locais, juntamente com a formação da sociedade e com o emprego de novos materiais de construção. A pedra foi substituída pela madeira - como material de estrutura e para detalhes importantes da construção - e o barro foi usado antes da adoção do reboco.
Fig. 3.10: Sobrado catarinense. Fonte: BROOS, 2002