O Guardião

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Anna encolheu os ombros levemente. —Só mudamos algumas palavras. Parecia… —«Brusco. Frio. Distante», pensou. Mas acrescentou—Estar dedicado a suas obrigações. Seu pai assentiu, como se estivesse de acordo nisso. —Sim, é um cavalheiro capaz. Talvez não tão louvável como seu irmão, mas ainda assim um guerreiro consumado. Não houve nada que te chamasse a atenção? Era consciente do escrutínio de seu pai e lutava por controlar a maré de calor que ameaçava subir a suas bochechas. Tinha lhe chamado a atenção que o cavalheiro era bonito e que seu corpo parecia feito de rochas, mas não pensava mencionar isso. Voltou a pensar na festa. —Parecia preferir manter-se à margem de todos. Os olhos lhe brilharam como se houvesse dito algo que lhe parecia interessante. —A que te refere? —Dava-me conta de que no banquete não parecia falar muito, nem sequer com seus irmãos. Não acredito nem que tenha escudeiro. Mal bebeu, não estava interessado em intimidades com nenhuma das moças nem em dançar, e partiu assim que pôde. Seu pai franziu o cenho. —Ao que parece fixaste-te muito nele. Nessa ocasião Anna não pôde evitar que o rubor dominasse seu rosto. —É possível —admitiu — Mas não importa. —Mas como, por quê? —Não acredito que goste muito de mim. Seu pai não pôde ocultar que aquilo lhe divertia, o qual, dadas as circunstâncias, lhe pareceu um pouco insensível. —De fato essa é a razão pela que tenhas te chamado. —Porque não gosta de mim? —Não, porque penso que melhor se trata do contrário e me pergunto por que se esforça tanto em esconder. Anna pensou seriamente que seu pai se confundia em sua análise, mas não se 67


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