Primeira Edição | 23 a 29 de janeiro, 2012
Opinião |B5
Foto da semana
Editorial
Efeitos de uma operação A Operação Taturana vai aos poucos se escondendo nas brumas do esquecimento, mas seus efeitos se farão sentir por muito tempo ainda. Desencadeada em dezembro de 2007, a mais rigorosa ação da Polícia Federal em Alagoas estancou a sangria de recursos da Assembleia Legislativa. Primeira conseqüência: toda a Mesa Diretora da ALE foi destituída por medida judicial. Os fatos, os nomes e mesmos os valores desviados (até hoje motivo de controvérsia) já não estão tão nítidos na memória das pessoas. Inexorável, o tempo vai esmaecendo cores, erodindo imagens, corroendo dados. Mas, por muito tempo, os alagoanos mais atentos aos fatos relevantes do processo histórico guardarão na retina os fragmentos de vídeos mostrando deputados presos, ex-deputados sendo levados para a sede da PF, algemados. A operação batizada com o nome de uma formiga devoradora vai ficando para trás, mas seus efeitos se consolidaram. Além de desintegrar um esquema vil de ataque a recursos públicos, a ação serviu para mostrar que, mesmo blindados pela imunidade, os parlamentares não estão acima da lei - pelo menos da lei criada para combater a improbidade administrativa. Serviu, também, para conter o inchaço do duodécimo repassado aos deputados e cujo excesso só estimulava a concepção de mecanismos de desvios, a exemplo das gratificações tão milionárias quanto injustificáveis e, portanto, imorais. Não foi, é verdade, o antídoto definitivo para os males quase inerentes a um poder submetido a todo tipo de rapinagem, mas funcionou como dique de contenção e ainda sensibilizou a sociedade a dirigir, em atitude permanente, um olhar crítico e fiscalizador aos atos praticados nos gabinetes quase sempre insondáveis do nosso polêmico Legislativo Estadual.
A Foto da Semana é, como diz a OAB, um marco na história de Alagoas: os réus do Caso Ceci Cunha recebendo a condenação do Tribunal do Júri
A hora da inclusão digital
Gerenciar Maceió é motivo de orgulho
A pesquisa feita pela Orga- compensar com políticas nização para Cooperação e públicas as disparidades Desenvolvimento Econômico sociais, neste caso, fornecen- OCDE - sobre acesso aos do o acesso aos computadocomputadores e à internet res nas escolas. Isso porque traz um dado intranquilizan- muitas famílias não têm te para o Brasil: metade dos renda para ter um computaestudantes brasileiros está dor em casa. desconectada. De acordo As ações devem compensar com a OCDE, as escolas bra- a assimetria e dar este acessileiras não estão equipadas so nas escolas ou em locais e o Brasil segue sendo um públicos. Hoje, nas escolas país desigual em termos de brasileiras, existe apenas um computador para cada cinco acesso aos computadores. De um total de 65 nações alunos. Nos países ricos, as pesquisadas, apenas dez escolas disponibilizam um estão em uma situação pior computador para cada dois que a do Brasil. Segundo o alunos. levantamento, alunos da O aprendizado do uso de Romênia, Rússia e Bulgária computadores e o acesso à contam com mais acesso à rede universal são fundatecnologia que os brasileiros. mentais para o futuro dos A média brasileira precisa nossos jovens. Estudos revemelhorar: 53% dos estudan- lam que pessoas com conhecimento de tes brasileiros informática de 15 anos têm 25% a têm computa“Nos países ricos, mais de chandores em ce de enconcasa. Há dez as escolas já um trabaanos, essa disponibilizam um trar lho. Portanto, taxa era de computador para preparar os apenas 23%. alunos para o Apesar do atender a cada futuro é funavanço, os dois alunos” damental. números são E o computaainda inferiodor com acesres à média dos países ricos. Na Europa, so à internet não se limita à Estados Unidos e Japão, em empregabilidade. As rotinas média, mais de 90% dos da atualidade, tirar um estudantes tem um compu- documento, comprar uma passagem, matricular-se em tador em casa. O estudo revela que a média uma escola, inscrever-se em brasileira encobre uma pro- instituições públicas ou prifunda desigualdade no aces- vadas dependem, cada vez so à informática. Entre a mais, do computador e da camada mais rica dos estu- internet. dantes, 86% deles têm com- O Plano Nacional de Banda putador e Internet em casa. Larga do governo é um A taxa é equivalente aos importante passo para iniestudantes dos países ricos. ciarmos a correção dessas Já entre os estudantes com distorções. Mais do que menos recursos, apenas 15% plantas de fibra ótica intetem a ferramenta no Brasil. grando todo o país, esse A proporção é bem melhor plano vai propiciar a inclusão que o cenário do ano 2000. digital de milhões de estuNaquele ano, apenas um a dantes brasileiros. cada 100 estudantes pobres Renan Calheiros tinha acesso ao computador. É senador e líder da bancada do PMDB Agora, são 15 alunos para cada 100 com acesso. É papel do poder público
Instado pelo Primeira Edição, revelei minha vontade de voltar a administrar Maceió. Destaquei o fato de a função mais prazerosa que já exerci ter sido a de prefeito, apesar de dois mandatos consecutivos como governador de Alagoas. E a razão é simples: o prefeito está mais perto do povo. Fui inquirido, em caso de ser eleito prefeito, se voltaria a fazer concursos públicos como fiz quando governador. Respondi que sim, porque é democrático. É o justo, as pessoas aspiram na vida por isso. Hoje, estão terceirizando o que é possível, e, na terceirização, você dribla, coloca os afilhados e apadrinhados nesses penduricalhos que são criados. E o filho do povo? Estudou com qual perspectiva? Qual é o estímulo que o pobre vai ter para estudar na vida? Para ter direito a um lugar ao sol? Não há esperança. O serviço público precisa ser valorizado, respeitado, tratado com dignidade. Tem que ser motivo de orgulho você ser servidor público. Quando assumi o Executivo do Estado, o servidor não tinha valor. Certa vez, ao encontrar um funcionário, ele me disse que a melhor coisa que eu havia feito foi dar honra ao servidor público, que passou a ser respeitado. Essa é uma das coisas que tem que ser feitas. É o processo do direito universal, e a gente precisa qualificar. Por tudo isso, é preciso dar educação, e se não der oportunidade ao pobre de
estudar então, por conseqüência, você também o elimina do concurso. A resposta está na minha passagem pelo governo do Estado no que tange ao mais positivo: o resgate da autoestima, os concursos públicos e o ajuste fiscal. Estão dizendo que é a primeira vez que se faz uma politica salarial do servidor. Não é verdade. Isso já estava estabelecido desde o meu governo. A equi-
“Foi no nosso governo que nasceu o programa de gerenciamento de crises na Polícia Militar, hoje copiado em todo o Brasil” pe do nosso governo deu uma ajeitada na máquina pública. Imagine o que é colocar mais de 20 mil funcionários em todas as áreas, especialmente, na segurança, na educação e na saúde, porque fizemos concurso para quase todas as áreas, pois era indispensável rearrumar a máquina. Houve também o ajuste fiscal. Passei oito anos sem contrair empréstimo, mas as prioridades foram definidas. Na educação, houve um salto, com a duplica-
ção da oferta de vagas no ensino público, Novas escolas foram construídas e os concursos públicos proporcionaram nova estrutura na educação pública de Alagoas. Paralelo a isso, também houve uma política de alfabetização para quem já havia passado da faixa de idade escolar. Na saúde, a mortalidade infantil decresceu e a sociedade ganhou a Secretaria de Esportes e a Defensoria Pública. O compromisso era de fazer o Estado estar presente nas comunidades, com programas de inclusão social. Foi no nosso governo que nasceu o programa de gerenciamento de crises na Polícia Militar, que hoje é copiado em todo o Brasil. Nossa PM, inclusive, ganhou o Prêmio Nacional de Direitos Humanos. A primeira Secretaria da Mulher, em âmbito estadual, nasceu nesse processo de modernização de conceitos. No campo da realização de obras físicas, o novo aeroporto Zumbi dos Palmares, o Centro de Convenções e a nova Ceasa, por exemplo, foram ações estruturantes que marcaram minha passagem pelo governo. Por tudo que foi feito, reafirmo o que já disse ao Primeira Edição: terei muita honra em voltar a ser prefeito de Maceió.. Ronaldo Lessa É engenheiro e ex-governador de Alagoas
Trabalho remoto: novidade e conseqüências As mudanças ocorrem a todo instante. Cego é aquele que insiste em não vêlas. No trabalho, não poderia ser diferente: elas também estão lá e um dos paradigmas que vem sendo mudado ao longo do tempo é o que se refere ao local de trabalho. Anteriormente, o único local para se trabalhar era na empresa. Com o passar do tempo, os gestores perceberam que o controle dos empregados era importante, mas que mais importante do que controlar era pensar em oportunidades de aumentar a produtividade, com redução de custos e com aumento do bem-estar dos envolvidos. Encontrar bons resultados para essa equação parecia difícil. Mas não era. Várias opções foram surgindo. Entre elas, a possibilidade de realizar atividades em casa. Era a era do home Office. Uma ideia simples e eficiente. Trabalhando em casa, o colaborador se torna mais produtivo. Para a empresa também é bom porque gera economia. No embalo destes benefícios, alguns gestores, adeptos da Lei de Gerson, pensavam erroneamente, em deixar os seus colaboradores trabalhando exclusivamente em casa. Com este procedimento, acreditavam que estariam livres da legislação trabalhista.
Como as mudanças continuam, o home office também mudou. Hoje é possível trabalhar em qualquer lugar. É a era do trabalho remoto, também conhecido como telecomuting ou como teletrabalho. Algumas empresas já começam a utilizar exclusivamente o teletrabalho. E como ficam os seus colaboradores no tocante aos direitos trabalhistas? No Brasil, ainda não existia legislação específica.
“Hoje, já é possível trabalhar em qualquer lugar. Estamos na era do trabalho remoto, tambémconhecido como teletrabalho” Entretanto, a Lei 12.551, sancionada em dezembro de 2011, alterou o artigo sexto da CLT. A partir de então, os efeitos jurídicos dos colaboradores, independentemente do local de trabalho (presencial ou remoto) estão equiparados.
Se, por um lado, representa uma evolução, no outro requer mais atenção dos gestores, que devem ficar atentos. A partir da sanção, permitir que o subordinado envie torpedos, faça ligações telefônicas, escreva e-mail, ou qualquer outro meio de contato fora do horário e local de trabalho, pode ser considerada forma de subordinação ao empregador. Especialistas alertam para o fato de que ainda não existem ferramentas para mensurar o tempo dispendido para a realização de determinada tarefa. Portanto, as empresas terão dificuldades para fazer o controle de atividades remotas. Assim, a recomendação é que os contatos fora do expediente, do gestor para o liderado e vice-versa, sejam ser eliminados. O lado bom é que os trabalhadores serão obrigados a adequar os seus horários a essa nova realidade e assim, talvez, com mais tempo livre, aumentar a sua qualidade de vida. Bom proveito! Odilon Medeiros É mestre em Administração, especialista em Psicologia Organizacional, Pós-graduado em Gestão de Equipes, MBA em Vendas, consultor e palestrante. www.odilonmedeiros.com.br
> OS ARTIGOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES E NÃO REFLETEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DESTE JORNAL
Endereço:
PRIMEIRA EDIÇÃO JORNAL ON-LINE IMPRESSA LTDA - ME CNPJ 08.078.664/0001-85 CMC 130003
Rua Moema Cavalcante Basto, 314 Lot. Barra Mar | CEP 57.180-000 Fone: (82) 3033-2189 PABX: (82) 3325-2815 Barra de São Miguel | Alagoas Atendimento ao assinante: (82) 3033-5213
Luiz Carlos Barreto Goes Diretor-Geral
Romero Vieira Belo Diretor Editorial
Alda Sampaio Diretora Comercial
FTPI Representação Publicidade e Marketing Ltda Representante nacional do Primeira Edição Alameda dos Maracatins, nº 508 - 9º andar - Indianópolis/SP CNPJ 03.269.504/0001-08 / Insc. Est. Isenta Tel: (81) 2128-4350 / Cel: (81) 9175-5829 fred.recife@ftpi.com.br