Próxima Paragem: Metro Mondego

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para as ruas circundantes e todos os atravessamentos foram revistos e condicionados de forma a garantirem apenas os acessos necessários. Tratou-se de pensar, não só o canal do metro, mas toda a estrutura rodoviária da zona envolvente, devolvendo assim a rua aos habitantes. Possibilitando um atravessamento fácil e seguro, é agora possível verificar um aumento no comércio e na convivência entre as pessoas. Logo, ao libertar a rua do congestionamento automóvel, as montras e entradas dos estabelecimentos comerciais assumem tranquilamente o papel principal. O trabalho do projecto metro, nesta inserção, passa também pela escolha dos vários materiais que foram utilizados na proposta. O centro do rua, destinado à circulação dos veículos, é pavimentado com uma calçada de granito onde sem inserem, discretamente, os carris. Junto às fachadas, um lajeado contínuo de granito faz o remate do chão e marca o espaço mais dedicado à circulação do peão. Uma grelha metálica permite fazer a transição entre os dois pavimentos que simultaneamente faz o escoamento das águas pluviais. No entanto, existe a possibilidade de uma circulação livre do peão sobre todo o espaço da rua. "Houve uma clara escolha de materiais de acabamentos e uma rigorosa e sistemática polarização da construção, introduzindo assim um critério de sóbria unidade."70Nesta rua, a catenária que electrifica a via é, neste espaço, fixada às fachadas dos edifícios que o delimitam. Assim, o chão é libertado dos perfis de ferro verticais que habitualmente lhe dão suporte. Vive-se assim uma rua de grande unidade, com um desenho de chão que promove uma leitura de continuidade. O trabalho discreto de integração da infra-estrutura ao longo do canal metro é reforçado pelo design da paragem, que não procurar interromper, mas antes prologar o desenho do chão. O espaço do cais não é mais que um lugar de paragem dos veículos que percorrem a rua. Um simples trabalho de cotas faz a diferenciação do espaço de embarque. Enquanto a cota do passeio sobe ligeiramente, a faixa central afunda. Esta pequena inclinação do passeio e via central resultam no desnivelamento dos 50cm necessários para permitirem criar, neste lugar, uma entrada de nível para o veículo. O gesto discreto, no entanto, assinala uma clara configuração do cais lateral em que desencorajam eventuais tentativas de atravessamento da via central. Numa rua em que o objectivo principal era proporcionar o seu fácil atravessamento, esta simples manipulação de cotas do chão permitiu criar o espaço protagonista da estrutura do metro de superfície. A construção da infra-estrutura da paragem, nesta rua de Matosinhos, serviu como polarizador do espaço, já que promoveu a capacidade de marcar o lugar, criar centralidade e, fundamentalmente, fazer circular de novo peões nesta rua. A sua localização neste espaço foi um dos factores que contribui para reanimar várias actividades quer de comércio, quer de lazer e de 70

Ibidem

Terceira Paragem 450 |055


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