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Campanha de vacinação de povos yanomami começa hoje
from 25.02.2023
O Centro de Operações de Emergência (COE) notificou a chegada de 24 tablets para otimizar a coleta de dados epidemiológicos das equipes da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) e no restante do território.
No Brasil, entre 800 mil e 2,5 milhões de pessoas vivem com o vírus, segundo estimativas do Ministério da Saúde. No entanto, o número de casos pode ser ainda maior uma vez que o diagnóstico acontece em na maior parte das vezes durante a doação de sangue.
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O HTLV, chamado tecnicamente de vírus linfotrópico de células T humanas, é um tipo de retrovírus, assim como o HIV, vírus da imunodeficiência humana. O HTLV foi o primeiro retrovírus humano com capacidade de levar ao desenvolvimento de câncer descoberto na década de 1980.
De acordo com o Ministério da Saúde, a detecção só foi possível a partir de 1983, quando foram introduzidos testes sorológicos para a avaliação da disseminação do vírus. No Brasil, estes testes foram introduzidos em 1993, sendo obrigatórios em todos os bancos de sangue.
O vírus é classificado a partir de dois grupos: o HTLV-I e o HTLV-II. A transmissão acontece a partir das seguintes situações:
“Uma das ações fundamentais é incluir a triagem para o HTLV nos exames do pré-natal em países com transmissão do vírus. Dessa forma, é possível fazer o aconselhamento das gestantes com relação ao aleitamento materno, que é a via de transmissão mais expressiva atualmente”, afirma.
Nos bancos de sangue, o Brasil foi um dos pioneiros ao implantar a triagem para o HTLV ainda no começo dos anos 1990, mas essa ainda é uma questão em alguns países.
“Medidas como o não compartilhamento de seringas e uso da camisinha nas relações sexuais também são importantes para a proteção, da mesma forma que ocorre com o HIV”, pontua Ana.
Sintomas
A maioria das pessoas não apresenta sintomas, mas aquelas que apresentam podem desenvolver manifestações clínicas graves, como alguns tipos de câncer, problemas musculares, nas articulações, nos pulmões, na pele, nos olhos.
O Ministério da Saúde inicia hoje (25) a campanha de vacinação dos povos yanomami. Os indígenas recebem vacinas bivalentes contra a covid-19 e imunizantes de rotina do calendário adulto e infantil.
De acordo com a pasta, a previsão é que cerca de 20 mil doses bivalentes contra a covid-19 atendam seis comunidades yanomami: Surucucu, Kataroa, Maloca, Paapiú, Auaris, Missão Catrimani e Waputha.
A imunização estava prevista para começar em 27 de fevereiro, juntamente com a campanha nacional, mas foi antecipada em razão do que o ministério descreveu como “grave crise sanitária e humanitária encontrada no território”.
A ação será operacionalizada junto à Secretaria de Saúde de Roraima, com o apoio de profissionais da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) que já estão atuando na Terra Indígena Yanomami. Treinamento
Parte das equipes, segundo o ministério, passou por treinamento para utilizar os 20 telefones satelitais que chegaram na capital Boa Vista. O aparelho vai permitir que agentes enviados para localidades distantes e de difícil acesso mantenham a comunicação com o centro de emergência local.
Na semana passada, foi concluída a construção de um poço para fornecimento de água na comunidade Yeakeplaupi, Polo Base de Palimiu, onde vivem 160 yanomami. Ao todo, o Território Indígena Yanomami tem cerca de 31 mil indígenas, espalhados em mais de 370 comunidades.
Atendimentos
Um mês após a Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional ser declarada na terra yanomami, mais de 5 mil atendimentos médicos a indígenas encontrados em grave situação de desassistência foram realizados na região. Entre as crianças acompanhadas na casa de apoio, 78% evoluíram de quadro grave de desnutrição para moderado.
Os atendimentos emergenciais são realizados pela Força Nacional do SUS nos polos base das regiões de Auaris, Surucucu e Missão Catrimani. Em Boa Vista, parte dos atendimentos é realizada por equipes de voluntários da Casai ou no hospital de campanha montado na área externa, com apoio das Forças Armadas. Os casos mais graves são encaminhados para a rede hospitalar da capital.
A entrada no território e na casa de apoio é restrita a profissionais que atuam na missão, atendendo a pedidos de lideranças indígenas que apontam cuidados à exposição da imagem, sobretudo em relação a indígenas doentes e aos seus mortos.
Transmissão vertical (de mãe infectada para o bebê) durante a amamentação e raramente durante a gestação; relação sexual desprotegida (sem uso de camisinha) com parceiro infectado; compartilhamento de seringas e agulhas.
“O HTLV é um vírus que infecta células do sistema de defesa chamadas linfócitos T e pode causar diversas síndromes. Entre as mais graves está a mielopatia associada ao HTLV, também chamada de paraparesia espástica tropical, que afeta a medula espinhal, provocando dificuldades de movimento, até mesmo com perda da locomoção”, explica a pesquisadora Ana Carolina Paulo Vicente, do Laboratório de Genética Molecular e Microrganismos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
“Outro quadro importante é a leucemia de células T humana do adulto, um tipo de câncer sanguíneo associado ao vírus. Além disso, o vírus está ligado a síndromes dermatológicas, oftalmológicas e www.atosefatos.jor.br
A infecção também pode levar ao desenvolvimento da síndrome de Sjögren, uma doença autoimune que destrói as glândulas que produzem a lágrima e a saliva.
Diagnóstico e tratamento O diagnóstico é realizado laboratorialmente, a partir de imunoensaios e testes complementares, quando indicado.
Quando diagnosticado HTLV na gestação, recomenda-se não amamentar. Nesses casos, deverá ser feito o uso de fórmula láctea para evitar a transmissão do vírus para a criança.
Ainda não foi descoberta uma solução terapêutica definitiva para eliminar o vírus completamente do organismo infectado.
Por isso, o tratamento é direcionado de acordo com a doença relacionada ao HTLV. A pessoa pode ser acompanhada nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e, quando necessário, receber seguimento em serviços especializados para diagnóstico e tratamento precoce de doenças associadas ao HTLV.