Mara Mourão

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Por Paula Craveiro

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Mara MourĂŁo: Meus dois primeiros filmes foram de comĂŠdia. Avassaladoras foi um sucesso de bilheteria e a reação do pĂşblico era sempre muito positiva, mas ficava restrita ao “ri muitoâ€?, “me diverti muitoâ€?. Quando decidi fazer um documentĂĄrio sobre os Doutores da Alegria, a resposta do pĂşblico foi completamente diferente daquela que eu recebia com as comĂŠdias. As pessoas diziam-me que o filme havia mudado a vida delas. Isso ĂŠ uma coisa muito forte! Fiquei chocada com o impacto do documentĂĄrio. Ouvi relatos de professores dizendo que mudaram o jeito de ensinar e de jovens que decidiram dar outro rumo Ă s suas carreiras. Foi entĂŁo que resolvi fazer um filme na mesma linha, sĂł que com um foco mais abrangente. Quem se importa veio como resposta Ă reação do pĂşblico, que me fez sentir na pele o impacto social que um filme pode causar. Percebi que o cinema pode ser uma ferramenta poderosa de transformação social.

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MM: Minha relação com o empreendedorismo social Ê antiga. Meu marido Ê um empreendedor social e presidente do conselho da Ashoka (organização internacional pioneira no fomento do modelo). Por isso, hå muitos anos tenho escutado histórias lindas de pessoas que provocam impactos positivos a seu redor. Quando ele chegava em casa contando histórias comoventes sobre a atuação nos hospitais, eu sempre pensava que não era justo que só as pessoas internadas pudessem ter contato e saber do trabalho dos artistas do Doutores da Alegria. Aos poucos, fui amadurecendo a ideia de fazer um filme sobre elas. Quando decidi, de fato, filmar Quem se importa, mergulhei de cabeça nessa temåtica e aprofundei-me nas pesquisas, conversando com diversas pessoas, entre elas Bill Drayton e David Bornstein, dois grandes conhecedores do assunto.

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MM: O painel de empreendedores sociais foi composto por personagens de diversos paĂ­ses e atuantes nas mais variadas ĂĄreas. Escolhi 18 nomes para o filme depois de uma pesquisa extensa, na qual busquei pessoas com ideias inovadoras, de baixo custo e de alto impacto social que soubessem se comunicar bem e cujos trabalhos teriam imagens Ă s quais eu teria acesso. Foi muito difĂ­cil escolher, porque precisei deixar de fora muitas pessoas brilhantes – por isso, estou pensando em criar uma sĂŠrie de televisĂŁo, para poder apresentar essas iniciativas ao redor do mundo. Pesquisei em livros, na internet e na rede Ashoka. Com o filme, vocĂŞ passa a entender que os transformadores podem estar nas ĂĄreas de educação, saĂşde, meio ambiente, direitos humanos, economia, enfim, em qualquer ĂĄrea. A mensagem central ĂŠ a de que todo mundo pode mudar o mundo, nĂŁo importa em que setor, seja ele privado, governamental ou social. Qualquer pessoa pode fazer a diferença. t

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MM: Esse setor cresceu muito nas últimas quatro dÊcadas, por vårias razþes históricas. Primeiramente, porque mais de 90 países, que antes eram sistemas ditatoriais, absolutistas e de apartheid, passaram a promover sistemas democråticos, e só em uma democracia Ê possível que o setor cidadão floresça. Depois, houve aumento da classe mÊdia, com mais acesso à educação e à saúde. Para completar, veio a internet, que ampliou o alcance da informação acerca dos problemas sociais. As empresas resolveram reter seus talentos por meio de programas de responsabilidade socioambiental mais robustos, afinal o jovem hoje em dia estå em busca de propósito, não só de estabilidade financeira. Por fim, acho que as pessoas tambÊm abdicaram da crença de que são os governos e as autoridades os únicos responsåveis por solucionar os grandes problemas da humanidade. Essa conjuntura fez com que o setor cidadão tivesse enorme crescimento. Mas creio que, no futuro, não haverå essa divisão entre empreendedores sociais e cidadãos. Acredito que todos nós seremos cidadãos mais ativos. Isso aconteceu no mundo todo e não foi diferente no Brasil, que, junto com a �ndia, são grandes celeiros de empreendedorismo social. Acredito que o Brasil seja um dos países mais criativos nesse campo. Ÿ

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MM: Existem empreendedores de vårios níveis. Se a pessoa faz um trabalho em grande escala e afeta milhþes de vidas, ela Ê chamada de empreendedor social. Se faz algo em uma escala menor, Ê um transformador ou agente de mudança. Existem vårios nomes, mas acho que isso não Ê o mais importante; são nomes diferentes para um espírito comum, o espírito de parar de simplesmente reclamar e não se conformar com uma realidade que não deve existir, arregaçar as mangas e partir para a ação. O que esses empreendedores sociais têm em comum são as qualidades inerentes a um empreendedor: inovação, visão de futuro, não desistir fåcil, enxergar oportunidades quando a maioria enxerga problemas etc. t

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MM: Para mudar o mundo, basta ter consciência do seu próprio poder de transformação. No documentårio, mostramos projetos de pessoas que possuem essa consciência e, assim, buscamos inspirar mais pessoas a se engajar socialmente. t

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MM: Muitas vezes, as pessoas querem atuar socialmente, mas como isso não estå entranhado em nossa sociedade elas não sabem como começar. Em países como Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, por exemplo, a cultura do voluntariado permeia toda a sociedade. Mas sinto que em países de cultura latina isso não acontece. Então, o Quem se importa inspirou-me a criar um projeto de educação para inspirar jovens a se engajarem socialmente, chamado Sementes de Transformação. t

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MM: O Sementes de Transformação acredita que os jovens do ensino mĂŠdio podem ser agentes de transformação na sociedade a partir do momento que compreendem a realidade em que vivem, sejam capazes de reconhecer suas capacidades e motivaçþes e sintam-se apoiados para a construção de algum projeto de cunho social. Bill Drayton, fundador da Ashoka, acredita que se 3% dos jovens que hoje estĂŁo nas escolas fossem agentes de mudança, mudarĂ­amos o mundo em pouco tempo. Como ele comenta no filme: “Os pais vĂŁo ficar preocupados se o filho estiver indo mal em matemĂĄtica, mas serĂĄ que notarĂŁo se o filho estĂĄ sendo um transformador?â€?. Pergunto: serĂĄ que os pais estĂŁo preocupados em formar cidadĂŁos proativos, pessoas que realmente lutam pelos seus direitos e dos outros? Acredito que todos nĂłs deverĂ­amos nos empenhar mais nesse sentido.


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