Lixo
Arte
O Manifesto O Criador A Criatura Os Tentáculos Catálogo 2017
Movimento Catamisto – Arte Humanitária
O MANIFESTO Manifesto do Movimento Catamisto Para onde se olha, tem lixo. No desprezo. Na mendicância. No orgulho. Nos pensamentos, têm! Num assassinato, um lixo de alma. Tem lixo na rua, até em casa. Se olhar pra cima, cuidado com o lixo espacial. Pergunte-se, então; de onde vem tanto? Todo e qualquer lixo tem somente uma origem: O homem! E cabe ao próprio saber o que fazer com tanto lixo. Fazer o quê e fazer menos! Portanto, isto não é um Manifesto. É um desafio! Subscrevem este manifesto: André Soares Monteiro, Wilson Luiz, Alexandre Almeida, Cláudia Cruz, Jota Azevedo, Luiz Milha, Leopoldo Nóbrega, Jacaré, Rafa Mattos, Alancacio Carneiro, Valmir Reginaldo, Luiz Carlos Santos, Eliaquim Antônio, Jader Damaná, Alfonso Pepe, Carlos Araújo, Augusto Ferrer, Paulo Lionetti, Paulo Emilio Campos, Petrus Vinicius, João Savio, Zakeu Vitor, Thiana Santos, Gil Almeida, João Natureza, Ivanilde Gallo, Paulo Genehr.
02
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
O CRIADOR
ANDRÉ SOARES MONTEIRO Nascido em Recife, André Soares Monteiro é nome do artista plástico cujo sobrenome é, por opção, Catamisto. Suas primeiras pinceladas, no apagar dos anos 70, já não eram pensadas solitárias, mas solidárias. Começou ao pintar sobre a foto numa capa de caderno velho, onde esboçou os primeiros passos de seu movimento e surgiu a busca por materiais em desuso ou desperdiçados. Era o prenúncio de uma nova forma de encarar o mundo e suas questões ambientais. Nascia o Movimento Catamisto. Atualmente, André Soares usa a técnica catamisto na pintura sobre banner, como forma de substituir a tela convencional.
03
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
A CRIATURA
O MOVIMENTO CATAMISTO CATAR e MISTURAR o LIXO. Isto é o Catamisto. O resultado é arte. Uma arte humanitária, não apenas contemplativa. O foco do movimento é a transformação de banners, revistas, jornais, livros, cartões postais, borracha, papelão, polietileno, vidro - rejeitos industriais e de consumo - em matéria prima para a arte socioambiental. Há de se ressaltar que o Movimento Catamisto - como ferramenta artística de múltiplas vertentes - não se restringe à pintura, mas se une à escultura, fotografia, música, moda, teatro, gastronomia, dança, cinema e aos anseios de uma geração de artistas que clamam por um mundo melhor para se viver.
04
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
OS TENTร CULOS
05
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
PINTURA A pintura foi a manifestação artística pioneira no Movimento Catamisto, sendo a vertente com maior número de representantes na atual fase do movimento.
06
Movimento Catamisto – Arte Humanitária
André Soares Monteiro
PINTURA
André Soares Monteiro
Recife - PE Brasil.
Pintura sobre lona de banner e colagem de materiais de descarte.
07
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
PINTURA
Bao Moitinho
Pintura em madeira de demolição.
Bao Moitinho
Belo Campo – BA. Brasil.
08
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Rafa Mattos
PINTURA
Rafa Mattos
Rio de Janeiro, RJ. Mora em Recife. Brasil.
Pintura em objetos encontrados em vias pĂşblicas e deixados no mesmo lugar.
09
Movimento Catamisto
Arte HumanitĂĄria
Paulo Lionetti
PINTURA
Pintura e colagem com jornais e revistas.
Paulo Lionetti
Sรฃo Paulo, SP. Brasil.
10
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
PINTURA
Ivanilde Gallo
Ivanilde Gallo
Teresópolis, RJ – Brasil.
Pintura em folha de palmeiras
11
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Cláudia Cruz
PINTURA
Cláudia Cruz
Belém - PA. Brasil.
Pintura sobre papelão.
12
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
PINTURA
Brasília Maria Ferreira
Brasília Ferreira
Natal - RN. Mora em Recife. Brasil.
Pintura sobre lona de banner.
13
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Alfonso Pepe
PINTURA
Alfonso Pepe
Pagani - Itรกlia.
Pintura em bonecos e brinquedos abandonados.
14
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
João Sávio
PINTURA
João Sávio
Escada – PE Brasil.
Pintura em porta de armário de madeira retirado do lixo, com aplicação de cacos de vidro.
15
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
MÚSICA
A música se encaixa no Movimento Catamisto de duas formas. Pela letra e/ou nome da música inspirada na Linguixo – a linguagem que veio do lixo; e através de instrumentos musicais fabricados com materiais de reuso.
16
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
João Natureza
MÚSICA
João
Natureza Recife - PE Brasil.
Compositor do hino do Movimento Catamisto. Criador dos instrumentos Berimbalixo e Baixalão.
17
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
DANÇA
A dança incorporou - em sua manifestação catamista - o uso de materiais reciclados em seu figurino e adereços.
A dançarina Rosália Cavalcanti, com sua cadeira de rodas, dá exemplo irrefutável de fazer o inusitado com os recursos – de toda ordem – disponíveis.
18
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Rosa Cavalcanti
DANÇA
"Valorizar a diversidade e a singularidade de cada um não deve ser vista como uma ameaça aos nossos interesses e à nossa própria identidade, mas sim como uma complementaridade às nossas competências e capacidades.“
Rosa Cavalcanti
Rosália, de nascimento, Rosa, Recife - PE Brasil.
19
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
GASTRONOMIA
A premissa do Movimento Catamisto é “ ... algo que já tenha sido útil ao ser humano em algum momento, pode ter sua utilidade resgatada .“
Carnipal
A gastronomia se harmoniza a este conceito a partir da revalorização dos “ restos“ de alimentos em novas receitas e ao dar uso ao que seja normalmente desprezado, exemplo dado pelo Cheff Marcos Lôbo através do uso da palma, rica em vitaminas e sais minerais, mas que não faz parte da cultura culinária local. Arupemba de Carbona
20
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Marcos Lôbo
GASTRONOMIA
Marcos Lôbo
Galipama – galinha, palma e flor do mandacaru.
São Luís - MA Brasil.
21
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
ESCULTURA
Das manifestações artísticas no Movimento Catamisto, a escultura é a que mais tem elementos à sua disposição para se expressar. Todo tipo de material industrializado – desde produtos meio (embalagens pet e outras), como produtos fim, a exemplo de computadores e celulares, são colados, soldados para dar vida e forma à imaginação do artista.
22
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Alancacio Cordeiro
ESCULTURA
Alancacio Cordeiro
Recife - PE Brasil.
Escultura com sucata.
23
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
ESCULTURA
Alexandre Almeida
Escultura com sucata.
Alexandre Almeida
Recife, PE Brasil.
24
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
Augusto Ferrrer
ESCULTURA
Escultura em sucata de ferro.
Augusto Ferrer
Recife - PE. Brasil.
25
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
Carlos Araújo
ESCULTURA
Escultura com papel de jornal.
Carlos Araújo
Recife - PE. Brasil.
26
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Eliaquim Antônio
ESCULTURA
Escultura com descartes de madeira.
Eliaquim Antônio
Agrestina - PE. Brasil.
27
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Jacaré
ESCULTURA
Escultura em sucata.
Jacaré
Recife - PE. Brasil
28
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
ESCULTURA
José Luiz Milha
Escultur a em sucata de madeira .
José Luiz Milha
Recife - PE. Brasil.
29
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Jota Azevedo
ESCULTURA
Jota Azevedo
Recife - PE. Brasil.
Escultura com descarte de peรงas de computadores, rรกdios e recipientes plรกsticos.
30
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
Luiz Carlos Santos
ESCULTURA
Luiz Carlos Santos
Recife - PE. Brasil.
Escultura com sucatas metรกlicas.
31
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
Paulo Campos
ESCULTURA
Paulo Campos
Belém - PA. Brasil.
32
Escultur a em papel machê com sucata. Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Petrus Vinícius
ESCULTURA
Escultura em papel machê.
Petrus Vinícius
Campina Grande - PB. Brasil.
33
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Thiana Santos
ESCULTURA
Thiana Santos
Recife - PE. Brasil.
Lustres – em descarte de garrafas PET.
34
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Valmir Reginaldo
ESCULTURA
Valmir Reginaldo
São Paulo, SP. mora em Agrestina - Pe. Brasil.
Escultura com sucatas recolhidas em oficinas mecânicas.
35
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Vilma Meireles
ESCULTURA
Escultura com sucata de ferro.
Vilma Meireles
Salvador – BA. Brasil.
36
Movimento Catamisto
Arte HumanitĂĄria
Wilson Luiz
ESCULTURA
Artigos com refugos da indústria de revestimentos e materiais de demolição.
Wilson Luiz
Recife, PE. Brasil.
37
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
LITERATURA O DICIALETO A Literatura está no contexto catamisto através da LINGUIXO - a linguagem do lixo - formada por neologismo de palavras utilizadas nos títulos das obras e no dia a dia das manifestações artísticas ligadas ao Movimento Catamisto. Para facilitar a compreensão da linguixo foi criado o “Dicialeto”, o dicionário do “dialeto sustentável”.
A linguixo está a serviço das manifestações artísticas do Movimento Catamisto, seja na nomenclatura das obras, como nas suas formas de expressões.
38
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
André Soares Monteiro
LITERATURA
A primeira poesia na Linguixo Mupído
Mundo pendurado e poluído
Eu queria o amapião. Fui atrás do Carolifez. Destruí o Berrafome... em busca de esperuz. Muluído, no muluído Tem lixibeca. Com homixo. Lutando contra urubixo. Canixo e tartarorta Gorilinto e polunora Cinzeimadas e págição Muluição. no muluição Tem catamisto Tafalde E alfeço pintelão múciclada Palhixo com samblé sumarão Eu queria o amapião.
Eu queria o amor de Maria Bonita e Lampião. Fui atrás do carnaval de Olinda, Recife e Zona da mata Destruí o berro da fome em busca de esperança e luz. Mundo poluído, no mundo poluído Tem lixão de muribeca, Com homem e menino no lixo. Lutando contra urubu do lixo. Canal com lixo e tartaruga morta Gorila extinto e poluição sonora Cinza das queimadas e pássaro fugindo da extinção Mundo sem poluição, no mundo sem poluição Tem catar e misturar o lixo Tambor feito de balde E alfaia feita de aço pintura em papelão música reciclada Palhaço do lixo com samba e balé sururu com camarão Eu queria o amor de Maria Bonita e Lampião.
(Dicialeto da Linguixo)
André Soares Monteiro O idealizador do Movimento Catamisto não se conteve apenas com a pintura. André também se enveredou pelo mundo da Literatura. Criou a primeira poesia na linguagem do lixo, a Linguixo, com a MUPÍDO – O Mundo Pendurado e Poluído. Na próxima página, outra imersão de André na Literatura, desta vez com a ASSOMBRIXO, a lenda da assombração que veio do lixo.
André Soares Monteiro
39
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
André Soares Monteiro
LITERATURA
Titulo: ASSOMBRIXO Dicialeto da Linguixo: Assombração do Lixo . Um dia uma jovem menina catadora de materiais recicláveis, que vivia no lixão, pensou em se casar. Ela catava tudo que encontrava pela frente, como revista, papelão, garrafa pet, vidro e colchão. A única coisa que ela não conseguia encontrar era um noivo (ou um príncipe do lixo). Foi passando o tempo e ela mudava de lixão em lixão à procura do seu amado. Numa certa noite fria, a menina achou um vidro de perfume com um líquido pela metade. Tinha um aroma suave e encantador – quando usado em pequena quantidade causava sonolência e fazia sonhar com o amor. A jovem foi tomar banho no rio e, quando voltou, passou um pouquinho do perfume, pegou um colchão velho e se deitou. Olhando uma estrela cadente, desejou cair no braços de uma paixão. Então o “Nopixo” – O Noivo príncipe do lixo – surgiu do lado dela. E com capricho segurava uma flor. Foi amor à primeira vista e o sonho se concretizou. Ele a pediu em casamento. Ela logo aceitou e e juntou as sobras de comida para a festa, que seria na noite seguinte. Mas não tinha dinheiro para comprar o vestido. Num baú no qual guardava suas tralhas encontrou um mosqueteiro bem velhinho – fora a primeira coisa que, quando criança, ela catou. Vestiu-se com o mosqueteiro – que parecia o véu de um manto sagrado – e tomou banho com todo o resto do perfume. Pegou a máquina fotográfica descartada por uma senhora e pediu para um amigo artista bater uma foto dela vestida de noiva. A máquina não funcionou e ela ficou muito triste. Mas artista era um “Catamisto”, que catava e misturava lixo e transformava em arte humanitária. Veio a ideia de pegar uma revista usada com uma imagem da foto de um mosqueteiro, pincéis velhos e resto de tinta. Ele pintou o retrato da linda jovem com o título: A Noiqueteiro – A Noiva do mosqueteiro. E ela era só alegria.
40
Movimento Catamisto
André Soares Monteiro
Arte Humanitária
TEATRO O teatro está inserido na realidade do conceito Catamisto através do ator Adriano Cabral não só pelos personagens “Cata” e “Misto”, mas pelo figurino e cenário produzidos a partir de materiais de descarte, bem como obras de artistas do movimento são utilizados como elementos cenográficos. Também marcante é a utilização do Dicialeto da Linguixo nas suas performances.
41
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Adriano Cabral
TEATRO
Adriano Cabral
Recife, PE. Brasil.
Figurino, adereços e cenografia com materiais descartados. A Linguixo – Linguagem que veio do Lixo – tem destaque em seus textos.
42
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
CINEMA
Filmes – curta ou longametragem – e documentários utilizando o Dicialeto da Linguixo, e que tenham cenários e indumentárias produzidos com materiais de descarte são manifestações artísticas integrantes do Movimento Catamisto. A vida de que cada artista já é um filme! ... declara André!
43
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
André Soares Monteiro
CINEMA
Cineclube na exposição do artista André Soares Monteiro.
44
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
MODA A sustentabilidade em Pernambuco tem forte representação no mundo fashion através do Ciclo Pernambucano de Moda, Arte e Sustentabilidade. Forte vertente do Movimento Catamisto.
45
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
MODA
Leopoldo Nรณbrega
Leopoldo Nรณbrega Recife - PE. Brasil.
Confecciona a partir de materiais de descarte.
46
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
FOTOGRAFIA
O registro fotográfico das manifestações do Movimento Catamisto ganha importância tanto para sua divulgação, como na sua preservação. Seus resultados podem ser verificados neste catálogo, em galerias de arte ou mesmo em exposições à céu aberto através da caravana de bicicletas adaptadas.
47
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Miguel Igreja
FOTOGRAFIA
Miguel Igreja Recife, PE. Brasil.
48
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
TEATRO de BONECOS
O Teatro de Bonecos tem sua responsabilidade aguçada na questão ambiental, tanto no uso de sucatas para a confecção dos bonecos, quanto nas mensagens chamando as crianças à sua própria responsabilidade para a qualidade do ambiente. Hoje e amanhã!
49
Movimento Catamisto
Arte Humanitária
Jader Damanรก
TEATRO de BONECOS
Bonecos e cenografia com materiais descartados.
Jader Damanรก
Paulista - PE. Brasil.
50
Movimento Catamisto
Arte Humanitรกria
CATÁLOGO CATAMISTO
Idealizador e Curadoria: André Soares Monteiro 81 98441.9462 andresoaresmonteiro@gmail.com
Projeto Gráfico e Diagramação: Paulo Bernardo Genehr 81 99557.3676 catamisto.projetos@gmail.com
51
Movimento Catamisto
Arte Humanitária