TFG Arquitetura e Urbanismo 2015 | Perus

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BRUNO AUGUSTO RODRIGUES EDUARDO MESTRINER FÁBIO GARCIA DA SILVA FELIPE DOS SANTOS NERES GIOVANNA SIMÃO CINO LETÍCIA LEÃO GAGLIARDI MARIANA TEALDI SANT’ANNA PAULA ALEKSA BIANCHI ORIENTADOR | ANTONIO FABIANO JR FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO | 2015 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS


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“A origem da arquitetura não está na cabana primitiva, mas sim no primeiro momento / ato de marcar o lugar. Antes de colocar pedra sobre pedra, o homem coloca pedra sobre a terra”. Vittorio Gregotti

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Vemos buracos como princípios de coisas, como um abirgo onde nos sentimos protegidos. O buraco como princípio. O princípio da vida como o ato de semear na terra. O princípio do fim como o ato de esconder o nosso passado. Tem-se a ideia de que dentro do buraco não há luz, mas você nos mostrou o contrário. Dentro desse nosso buraco estava o princípio e o fim. O fim dessa jornada e o início de outra. Bem vindo ao grupo, Antonio!


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PERUS É SUPER ou: ANTES DA ARQUITETURA vidro, pretende-se, será transformado em um lustre para a casinha. As cinzas esperaram, quiA primeira atividade consistiu em um pequeno etinhas durante um ano como pleno carbono. ritual coletivo. Os dezesseis alunos do TFG e os A outra noção a ser vivenciada muito levemente, dois orientadores que iriam trabalhar sobre o porque é impossível realiza-la como real, é o fato território de Perus de modo conjugado foram de que hoje existe ainda muita gente que não para Gonçalves e acamparam juntos no terreno dispõe de arquitetura, não tem um teto onde morar. Então o que seria a primeira arquitedois dias. tura? Para a dos primórdios há muitas teorias. Tratava-se de meditar ou vivenciar de forma Para a de hoje também. Mas, apesar de todas singela e despretenciosa que houve tempos elas segue que há muitas pessoas no mundo humanos anteriores à existência da arquite- que não têm acesso à arquitetura. Porisso escoltura. O combinado era: não usar a casinha ao hemos Perus. Porisso escolhemos sempre nos lado para nada, somente o banheiro era libera- trabalhos de TFG as bordas da metrópole e sua do. Sem chuveiro, sem fogão, sem teto. Comer interface com as áreas rurais e ambientais e perjuntos o que trouxéramos, passear juntos pelo meadas por uma infraestrutura metropolitana rio, quem quisesse que entrasse nele naquele forte, como o Rodoanel, por exemplo. Porque frio. Desenhamos ao entardecer, juntos, em um há muitas pessoas que também têm dificuldade grande rolo de papel Kraft aberto sobre a grama. para conseguir comer e muitas florestas, floras e A noite caiu. Todo o grande desenho que ao fi- faunas que estão em desequilíbrio com as áreas nal não se podia ver mais foi queimado, para urbanas. Como proceder em busca de novos parassombro dos alunos. Amor ao desenho e a se- adigmas para procurar estabelecer um equilíbrio guir desapego ao desenho. O desenho foi guar- conjunto mais inteligente, sensível, justo e eficidado secretamente em forma de cinzas em um ente? Esta é uma das perguntas deste trabalho. vidro de palmito, pelos dois orientadores. Esse


Todos nós sobraremos em forma de carbono um dia, como as cinzas e o diamante. Lógicas e intencionalidades da matéria que nos compõe, que vão muito além da lógica humana em seus desígnios. Ah, a matéria. Substância que nos constitui e que, em forma de arquitetura – porque constitutiva e inerente a ela – é capaz de nos comover. E, se possível, mudar o mundo.

Vera Luz

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As cinzas de puro carbono – base de toda matéria orgânica, portanto da biologia ou mais simplesmente, da vida -, foram devolvidas aos dezesseis alunos no fim do ano para que as utilizassem em seu último desenho – o memorial que agora não mais lhes pertence de forma secreta, posto que entregue ao mundo, revelando a memória do percurso traçado. Nada de novo pois quase todo desenho é feito mesmo com grafite, puro carbono.


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Respeitando e levando em consideração as condicionantes de tempo e lugar, fez-se o exercício do TFG – Trabalho Final de Graduação - que aqui se apresenta, de análise e produção de arquiteturas e cidade entendendo que elas são pensadas de forma complementar e indissociável em um território frágil e esburacado pelo homem, que propiciou novos enfoques, representações e registros não só de práticas sociais, mas de memórias coletivas, apontando para desenhos de resistência como luzes vindas, talvez, do tempo da delicadeza, capazes de costurar também novas relações com o espaço construído e natural. Entre o bom senso, o senso comum e o consenso reconhecidos pela história, os estudos a seguir flertam com o estado da problemática da origem do homem e sua relação intrínseca de que ele em si é território. Porque ato é ação e estamos aqui para agir, como uma semente que germina até em concretos duros e cinzas. Porque ao redor de uma terra cheia de buracos feitos pelo

homem, na margem de sua linhas, tudo é beira, mas em seu interior há erupção e vontade de buscar novas vidas. “Hoje sou marginal ao marginal, não marginal aspirando a pequena burguesia ou ao conformismo, o que acontece com a maioria, mas marginal mesmo: a margem de tudo...” - Hélio Oiticica 1| em entrevista para a Conversão: Adriano Suassuna in https://www.youtube.com/ watch?v=Qe0FOrzgDbk 2| Hélio Oiticica de 1968 em carta para Lygia Clark

Antonio Fabiano Jr


APRESENTAÇÃO gar novos paradigmas nas relações Homem x Homem e Homem x Natureza. É pressuposto da leitura e resposta através dos atos projetuais vistos a seguir, a necessidade de compreender o território como terra contínua, dada a extensão que tomaram nossas cidades e sua cada vez maior vida urbana. Para tanto é importante frisar no ato inaugural a não distinção entre os territórios urbano e rural pois é fato que a organização dos homens e a produção de bens para uso e consumo assim separados estão em desequilíbrio perante os recursos naturais do mundo.

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Este trabalho tem por objetivo apresentar proposta de qualificação urbana do distrito de Perus, localizado na zona noroeste da cidade de São Paulo. O projeto traz diretrizes, estratégias e desenho urbano a fim de melhorar, qualificar e humanizar o território, transformando-o e o aproximando do homem que ali coexiste. Para isso, é proposto autonomia e independência ao tempo do território, respeito e valorização de sua história, uso racional de recursos ambientais, melhoria à qualidade de vida, participação social e valorização do cidadão. Sua estrutura metodológica se apresenta por elementos caros ao processo do fazer arquitetônico: linhas, planos e pontos capazes de investi-

É nesse impasse, e na relação centro-periferia nas grandes metrópoles, que o projeto se insere.


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12 I Introdução 16 I As Linhas 27 I O Plano - Perus e sua história 33 I O Plano - Intenção e estratégias de transformação 55 I O Ponto - Introdução, análise e projeto 72 I Pré apresentação dos projetos individuais 74 I Referências 83 I Bibliografia

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ÍNDICE


INTRODUÇÃO

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Hoje, segundo IBGE 2010, 85,43% dos brasileiros vivem em áreas urbanas. O crescimento urbano rápido e desordenado resultou em superfícies impermeabilizadas por ruas, avenidas e edifícios, rios e córregos represados, canalizados e enterrados, redes de saneamento e outras tantas infraestruturas necessárias para suportar a vida nessas áreas ocupando o que um dia foi natureza. As consequências desse desequilíbrio são que os próprios centros urbanos são os grandes consumidores de insumos das também áreas não urbanizadas e costumam devolver a elas todo tipo de poluição, além da poluição que permanece no interior dos seus próprios centros. Além disso, a escassez de áreas verdes nas áreas urbanas vem impactando não apenas os microclimas e a gestão dos recursos naturais, mas as próprias infraestruturas, a saúde das pessoas e os ecossistemas, que por pouco, ou nada, resistem.

A proposta aqui sugere reorganizar uma rede verde, capaz de permear a cidade desempenhando funções gestoras como a drenagem das águas e outros benefícios tanto para o metabolismo urbano quanto para a qualidade de vida das pessoas. Não cabe a medida de incorporação de matas do tamanho e densidades daquelas encontradas antes dos assentamentos urbanos ocorrerem, nem mesmo uma resposta milagrosa à falta de áreas verdes nas cidades. Ao invés disso, é apresentada a possibilidade de incorporação de técnicas de baixo impacto (Low Impact Development), que trazem a água e o verde de volta para os centros urbanos através da sobreposição e mescla com as infraestruturas existentes, capazes de permear as diversas escalas da paisagem, desde o pequeno jardim até os grandes parques periurbanos reduzindo, dessa forma, o impacto que causamos nessas áreas, associados a benefícios diretos para a cidade.


como meio institucional, experimentar o modo de dar forma ao mundo. Afinal, que cidade nossos corpos precisam para não se tornarem adoecidos? Que veias e vias precisamos abrir para que possamos sair de nossas capsulas? Que espaços precisamos construir para podermos contaminar uns aos outros, no melhor sentido da palavra contágio (2)? É preciso entregar-se aos espaços para habitá-los. O corpo humano, em sua grande variedade de formas, é o que deve guiar a construção dessa moradia comum. Nossos corpos querem uma cidade que preze pela construção coletiva e pela liberdade de pensa-la, repensa-la e reinaugura-la sempre.

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Através dessa rede verde rompe-se a ideia de ilha de concreto, integrando cidade e natureza e, dessa forma, é possível mitigar ilhas de calor urbano (1), melhorar a qualidade do ar através da evapotranspiração, dispor massas verdes capazes de reduzir o volume de ruído que chega até as pessoas e direcionar ou amenizar vento e formar proteções aos pedestres contra material particulado lançado por automóveis nas ruas. Mas sobretudo, quando olhamos para a micro escala da implantação da rede verde, percebemos que além dos benefícios urbanos, ecossistêmicos e humanos citados, está a possibilidade de retomar um contato direto, sensível, tátil, olfativo, sonoro, saboroso e visual com o espaço da natureza potencializando o caráter corriqueiro de passar por um local e perceber uma flor. É preciso dar possibilidade de virarmos agentes ativos da criação de um lugar, seja ele nossa casa, a parede de um beco, a calçada ou a pequena praça onde todos podem, através da arquitetura

1| diferença de temperatura entre áreas densas da cidade e sua periferia. 2| con.tá.gio, sm (lat contagiu) transferência e intensificação rápida de estados emocionais entre indivíduos de uma multidão, segundo dicionário Michaelis.v


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AS LINHAS Leitura Território, o entorno e a influência

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O território em questão é a região metropolitana de São Paulo com 11,25 milhões de habitantes, e 1.521,10 km² (IBGE, 2010) lida aqui a partir de suas linhas. As linhas dos rios, do seu sistema de transporte e do traçado metropolitano. Linhas de troca, de convívio e moradia; as linhas nos levam ao limite físico e natural, ao norte da metrópole, nas bordas da Serra da Cantareira e do Pico do Jaraguá. Perus. Lugar do maior parque público de São Paulo (Parque Anhanguera), da antiga Fábrica de Cimento Perus, do antigo Aterro Bandeirante, território marcado pela retirada e exploração ao longo do tempo. Perus é o distrito de escolha da intervenção urbana. Localizado na região noroeste de São Paulo, tem

como limites o município de Caieiras ao norte, o distrito de Anhanguera a oeste, a Serra da Cantareira a leste, e o distrito de Jaraguá ao sul. Tendo como acessos principais as rodovias Anhanguera, Bandeirantes, Rodoanel Mário Covas (encontro do Eixo Oeste – Norte), Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, e linha sete Rubi da CPTM, que corta o território. Área : 23,9 km² População: 85.002 habitantes Densidade: 35,57 hab/ha Renda média: R$650,36 reais IDH: 0,772 (posição em São Paulo: 83) Dados Subprefeitura de Perus


Propostas

O Rodoanel e Ferroanel Metropolitano o que somatiza apenas 44km a serem construídos, com o intuito de amenizar as intervenções ao meio-ambiente, principalmente na região sul da Grande São Paulo, a qual possui grande reserva nativa de Mata Atlântica e mananciais importantes como as represas Billings e Guarapiranga e foi adotado como parte da diretriz urbana proposta nesse trabalho. A estação Perus está localizada no Eixo Norte do projeto, Estação Campo Limpo Paulista – Estação Perus (pela Linha sete rubi da CPTM), e Estação Engenheiro Manoel Feio (Linha 12 da CPTM) no Município de Itaquaquecetuba.

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O projeto do Rodoanel é uma autoestrada de aproximadamente 180 quilômetros que circunda a região metropolitana de São Paulo e seu objetivo é aliviar o tráfego de caminhões na metrópole a fim de fazer o escoamento de produção de forma mais eficiente. Perus está em um dos entroncamentos do projeto do Rodoanel, o eixo norte que ligará o distrito com os municípios de Arujá e Guarulhos, com as rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias e o eixo oeste, já finalizado. O Ferroanel projeto de ligação ferroviária entre as ferrovias que cortam a região metropolitana de São Paulo, visa à ligação e escoamento de produção, complementando o projeto do Rodoanel. O projeto complementará ferrovias existes,


Metrô e Corredor de Ônibus Metropolitano

A Companhia de entrepostos e armazéns gerais de São Paulo (CEAGESP), localizada hoje na zona oeste da capital no bairro da Vila Leopoldina, centraliza a maior parte do abastecimento da metrópole, centro de comercialização de hortícolas e armazenagem de produção. Acreditamos que ela deve estar fora do perímetro urbano e próximo de seu escoamento, mais eficiente pelo Rodoanel e Ferroanel, e com isso desmembramos sua unidade em dois polos: O CEAGESP Norte, às margens da Rodovia dos Bandeirantes, e o CEAGESP Sul, no Distrito de Parelheiros.

O Projeto da linha seis laranja do Metrô, ligará o bairro da Mooca na zona leste, com a zona norte pela futura estação Bandeirante, fazendo assim, ligação direta com a linha sete Rubi da CPTM (Jundiaí – Francisco Morato – Luz), pela estação Vila Clarice na zona norte. Faz parte da proposta a implantação do corredor metropolitano, fazendo a extensão do corredor já em operação Pirituba – Lapa – Centro, pela Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, ligando o Terminal Pirituba na zona norte ao terminal Perus e ao município de Caieiras.

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CEAGESP


Percurso, museu linear do índio. Essa linha passa a limpo a história de elos dos índios, hoje concentradas não estranhamente nos únicos verdes significativos da cidade (Jaraguá e Serra do Mar), passando pelos bairros cujos nomes nascem deles (Moema, Butantã, Morumbi, Mooca, Cambuci, Pari, Sapopemba, Itaquera, Jaraguá, Perus) É um museu de linhas, onde o chão nos conta a história do território em si. Como demarcação, desenhos gráficos indígenas serão base para pavimentação de calçadas, mobiliários urbanos e placas informativas serão afixadas por todo o percurso.

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Cadarço do chão


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O Cadarço aéreo Em cima dessa infraestrutura de teleférico seria instalado sistema de captação de energia eólica, criando um marco único na paisagem fragmentada. Ainda como ato de resistência da natureza, seria fornecido em suas paradas sementes para as pessoas jogarem na cidade, fazendo com que o verde, ato histórico do território primordial retomasse seu terreno a fim de criar uma nova conectividade com o homem. O cadarço aéreo também criaria um eixo educacional ligando a Universidade de São Paulo (USP), ao Instituto das Cidades (Unifesp – Zona Leste) e a URSP (Universidade Rural de São Paulo – Perus), proposta do grupo.

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É proposta uma grande costura entre os limites naturais da cidade, um cadarço que apertaria as áreas verdes e reconectaria os parques urbanos entre eles. Para isso, um teleférico que trabalharia aqui não só no âmbito simbólico mas como mais um ponto nodal de pequena escala de transporte, ligando os dois portões de entrada da cidade: o posto da guarda florestal (proposta do grupo) instalado na Serra da Cantareira ao posto da guarda florestal (também proposta do grupo) instalado no pé da Serra do Mar, passando pelos importantes pontos verdes da cidade como os parques Guarapiranga, Parque do Estado, Parque do Carmo, Parque do Ibirapuera, Trianon, Jaraguá e Parque Ecológico do Tietê.


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A região metropolitana de São Paulo, a Subregião norte e o distrito de Perus


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O distrito de Perus e o centro da metropole

S達o Paulo, centro e o distrito de Perus


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O PLANO. PERUS E SUA HISTÓRIA do, não apenas na questão da demarcação, mas também quanto a investimentos em saneamento básico, saúde, educação e a contaminação da lagoa do parque que serve à comunidade. No ano de 1867, ocorreu a inauguração da Estação Perus junto com o restante da São Paulo Railway (atual E. F. Santos Jundiaí), dando início ao processo de urbanização do Vale cujos grandes marcos foram a Companhia Melhoramentos de São Paulo (1890), o Hospital Psiquiátrico do Juquery e sua Fazenda (1898), a Estrada de Ferro Perus - Pirapora (EFPP, 1910) e a Companhia Brasileira de Cimento Portland (1926). Também digna de menção é a Fábrica de Pólvora, erguida a uns duzentos metros da Estação de Perus, da qual ainda restam alicerces. Nos primeiros anos da República, junto com a Ipanema, esta fábrica foi a principal fornecedora de munição para o sistema de defesa do Porto de Santos. Como resultado dessas iniciativas, seriam criados os núcleos fundamentais de Perus e de suas cidades vizinhas: Caieiras, Franco da Rocha, Francisco Morato e Cajamar.

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Situado na região do Vale do Rio Juquery e da Serra da Cantareira, Perus é um núcleo urbano isolado do restante do Município de São Paulo por um cinturão verde, dificilmente sendo reconhecido como integrante da Zona norte da Capital - confusão explicável pelas fortes ligações históricas e culturais entre Perus e as cidades vizinhas. A região do Vale do Rio Juquery e da Serra da Cantareira foi zona de passagem de tropas militares e importante entreposto de abastecimento durante o período colonial sob a vigência do Império, fato que ficaria materializado em vias que fazem a ligação entre Perus e os bairros de Parada de Taipas e Jaraguá. Ao passar pela saída do Parque Estadual do Pico do Jaraguá, quase não se percebe que a região conta com a presença de cerca de 900 guaranis que moram ao redor do Pico do Jaraguá numa área que não chega a dois hectares em que eles reivindicam há 60 anos. A área do parque fica em sobreposição da aldeia e é uma região também usada pra retirar material de artesanato e remédio. Hoje a tribo ocupa um território que sofre com o descaso do Esta-


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que ao longo das quatro décadas seguintes atendeu uma parcela do mercado que variou entre um terço e um quinto das demandas nacional e paulista. Em termos menos abstratos, no intervalo de quando a cidade de São Paulo passou de 600.000 para 3.000.000 de habitantes. Em Perus, foi produzido o cimento utilizado da construção da maioria de seus edifícios, nos túneis e viadutos da Av. 9 de Julho, na Biblioteca Mario de Andrade, nas obras da Light em Santos, no trecho inicial da Via Anhanguera e posteriormente na construção de Brasília entre outros. Trazendo o sangue e a energia indispensáveis a tamanha tarefa, chegou ao bairro uma segunda leva de pioneiros formada pelas famílias da Fábrica e da EFPP, que na década de 20, levaria a criação de vilas dentro e fora do perímetro da empresa. O fato ficaria marcado de forma emblemática no momento em que Perus, já com 3.504 habitantes foi elevado a Distrito em 21 de Setembro de 1934 - data reconhecida pela Câmara Municipal de São Paulo como fundação do bairro.

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As origens da E.F.P.P. remontam ao século passado, quando se iniciaram as explorações de cal na região compreendida entre Caieiras e Cajamar. A região, hoje cortada pela Via Anhangüera, apresenta uma grande concentração de calcário, cuja exploração para obtenção de cal crescia conforme os anos devido o uso cada vez maior de cal nas edificações que iam sendo erguidas. Em decorrência disso, surgiu a ideia de instalar uma Fábrica de Cimento para exploração do cal produzido na região, o qual tinha vantagem em relação a outras fábricas de cimento não só pela excelência da matéria-prima, mas também por ser a única reserva de calcário para cimento de toda a Grande São Paulo com uma composição química praticamente ideal para a atividade. Tanto foi extraído de lá que hoje as pedreiras são muito presentes na paisagem de Perus. De imediato, ou melhor, antes da inauguração da Fábrica de Cimento, o acesso ferroviário trouxe a vinda de novos proprietários para Perus, nomes que, em sua maioria, estampam placas de ruas e avenidas do bairro. Período que se encerra em 1926 com a entrada em funcionamento da Cimento Perus, primeira indústria do ramo no país,


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a região é servida por duas grandes rodovias Anhanguera e Bandeirantes além da Raimundo P. de Magalhães, de menor porte, mas que ainda é bastante utilizada como acesso a outros municípios próximos a Capital. Possivelmente a instalação do Aterro em Perus é decorrente destes fatores, contudo o crescimento acentuado na cidade ampliou a produção de lixo e, consequentemente, em pouco tempo houveram problemas por conta do lixo. O aterro só foi desativado em 2007. O fim da emissão de pó de cimento, em 1980, e o fechamento da Perus - Pirapora (1983) e da Fábrica (1986) anunciou o período em que Perus finalmente é convertido em bairro - dormitório, já dispondo de um dinâmico setor de serviços no momento em que os trens da CBTU/CPTM e o transporte por ônibus (e, mais recentemente peruas e vans) atingem níveis razoáveis de eficácia, Perus está a não mais meia hora da Lapa e das Estações Barra Funda e Luz, situação que contrasta com municípios mais afastados da Capital.

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Em 1958 ocorreu a primeira grande greve operária na Cimento Perus. O sindicato, que fora criado em 1933, trouxe diversas conquistas para os trabalhadores locais, inclusive durante a Ditadura Militar. Ditadura cujo braço mais visível em Perus era o Cemitério Dom Bosco, criado durante a OBN (Operação Bandeirantes) para esconder os corpos de cidadãos perseguidos e assassinados por causa de seu engajamento nas causas de justiça e liberdade. A vala clandestina foi aberta em 1976 e abrigou cerca de 1500 pessoas em 3 metros de profundidade e 35 metros de extensão. A vala só foi reaberta em 1990 desenterrando não só todas as ossadas mas também um passado que os militares e os governos que respaldaram a ditadura quiseram ocultar. Em 1979, o Sítio Santa Fé, antiga fazenda de reflorestamento, foi adquirida pela Prefeitura e uma parte foi transformada no Parque Anhanguera, o maior da cidade. O restante foi destinado ao aterro sanitário Bandeirantes, o “lixão” de Perus. Como Perus é um bairro fronteiriço na periferia da cidade, ainda no final da década de 60 e início de 70, apresentava amplos espaços verdes, isolados da área urbana. Por outro lado


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O PLANO. A INTENÇÃO E ESTRATÉGIAS DE TRANSFORMAÇÃO O Plano. A intenção “ao invés de um cenário de passagem entre um ponto e outro de um deslocamento, o espaço da cidade passa a ser um espaço vivido. É evidente que a cidade, tal qual se organiza hoje, é absolutamente hostil a essa prática, uma vez que claramente a prioridade no espaço público é a circulação e, particularmente, a circulação de automóveis. Entretanto, quem busca conhecer a cidade a pé tem a oportunidade de se reconectar com a cidade, sendo capaz de fazer a crítica desse modelo e exigir outro, no qual estar será tão importante – ou mais – do que passar!” (ROLNIK, 2013).

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Perus pertence a metrópole São Paulo, estando e sendo um bairro periférico com configuração tradicional. Um grande deslocamento populacional ocorre do distrito de Perus ao restante do município a procura não só de trabalho mas de estudo, equipamentos de utilidade básica como hospitais e postos de saúde, atividades de lazer e culturais, entre outros. A consequência é clara: mesmo possuindo um transporte de massa com ligação direta para o centro - trem – ela se torna a única opção coletiva e, como única ligação, se apresenta de forma insuficiente. O Plano possui subsídios para que essa área tenha a infraestrutura necessária para sua conexão metropolitana por via de ligação com o metrô e linhas de ônibus já citados, mas que olhe para seu chão e perceba que seu ato também deve ser local.

Assim identificamos a necessidade de dois eixos de análise e proposta de ação que se fazem presente no território: Eixo Metropolitano e Eixo Local.


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O Eixo Metropolitano tem caráter histórico, econômico, de produção e disseminação cultural através de fatores e ligações com toda a cidade como a Vala Clandestina, as Pedreiras e a Fábrica de Cimento (que foram as principais fontes de renda e geração de emprego na região), a Linha Férrea, o antigo Lixão, o Pico do Jaraguá (ponto mais alto do município de São Paulo) e o Parque Anhanguera. São todos alicerces históricos que configuraram Perus. O Eixo Local define a sua relação de bairro, seus vazios urbanos, seu rio, seu percurso, sua dinâmica de relação direta com o seu redor. Essa estrutura foi percebido in loco; sua dinâmica local se configura como a de um pequeno município independente. Porém hoje esses eixos não são valorizados

além de não se conectarem. Perus para se tornar tanto autossuficiente quanto produtor para a metrópole se inserindo no território de forma plena, precisa de uma base de produção que gere emprego, ensino, cultura e espaço para que essas trocas ocorram. É preciso que o território entenda seus valores para que o pêndulo de dependência de emprego e formação com a área central seja desenhado de uma nova forma. Para o Eixo Metropolitano foram criadas possibilidades de bases capazes de erguer uma ideia identidária a partir do território e para o Eixo Local, a proposta é a de tornar Perus uma área exemplar para a cidade com tratamento de esgoto, produção de alimentos, geração de energia, tratamento de lixo e criação de empregos.


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A transformação desse território se dará então através de ações que costuram e criam articulações capazes de resolver essas problemáticas além de proporcionar identidade e reconhecimento do/ao território: Criação de sistema verde e tratamento de circuito fechado de seus ciclos (esgoto, água, energia, mata nativa e lixo); Potencialização de espaços de usos públicos e coletivos; Transporte: promoção de mobilidade e articulação multimodal, circulação metropolitana x circulação local; Produção: desenvolvimento de economia, cultura, emprego e conhecimento; Participação: discussão, mobilização e ação da população.


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Cinturão verde Foram criados dois anéis que se conectam: o cinturão de produção agrícola e o anel de parques verdes que ligam o Parque do Jaraguá, Parque Anhanguera e o Parque Linear Ribeirão Perus, criando um eixo verde que conecta o território onde seu limite começa na serra da Cantareira e se espraia até a reserva do Juquery e o interior paulista. O cinturão de produção é formado por pequenas chácaras que emolduram a área urbana existente. Seus lotes vão crescendo de dimensão conforme vão se afastando do núcleo urbano de Perus, criando um sombreamento entre produção agrícola e área urbana, começando com terrenos de 500 m² e indo até 2500 m². Todos os lotes terão que produzir em pelo menos 70 % de sua área e serão criadas cooperativas para organizar a produção dos pequenos produtores. A evacuação dessa produção se dará por meio do Ferroanel (eixo norte Jundiaí – Perus) e Rodoanel.

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O Plano. Estratégias de transformação 1.Sistema Verde O Plano propõe Perus como área de contenção urbana e uso sustentável, área de controle de qualificação urbana e ambiental, de preservação dos ecossistemas naturais, inserida na zona rural de São Paulo, polo de desenvolvimento econômico, social, e de proteção ambiental.


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Água O Ribeirão Perus é a chave da água para a área estudada. Sua preservação é prioridade. É predicada a sua navegação devido a proposta de sistemas de tratamento e recuperação do curso do rio e, ao longo de seu percurso, serão criadas paradas para transporte de pessoas e pequenas cargas locais.

Energia Todas construções receberão incentivo e subsídio para a implantação de produção de energia solar. A energia não consumida será comprada pelo poder público, e investida em áreas públicas de uso coletivo.

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Esgoto Tratamento de esgoto por meio de lagoas de estabilização, onde os efluentes são depositados e mantidos durantes vários dias, com a união do oxigênio do ar, o sol e a criação de algas e vegetais, através da fotossíntese, digerem o esgoto. Os jardins filtrantes ou wetlands serão implantados nos córregos afluentes do Ribeirão Perus.


Mata Nativa Toda área de mata nativa será preservada. Com isso a Serra da Cantareira não será mais explorada e as pedreiras param sua extração na área citada. Será implantado Núcleo de Estudos de Novas Tecnologias para Construção Sustentável e a Cantareira terá suas terras devolvidas ao índio, verdadeiros donos do território, guardiões da mata e do verde da metrópole. 40 | PERUS

Lixo No local do antigo lixão desativado será instalado o maior Viveiro da cidade além do Centro de Reciclo (projeto a ser desenvolvido por Giovanna Cino). O local que antes era do descarte, agora será de devolução: as mudas aqui plantadas serão replantadas em toda a metrópole. Fechando o ciclo do lixo é criado o sistema de pontos de coletas eco, distribuídos estrategicamente a dez minutos a pé de qualquer pessoa de Perus para que o cidadão entregue seu lixo (orgânico ou não) recebendo, após depósito, créditos a serem

trocados por alimentos em pontos pré-definidos. O material reciclado vai para o Centro de Reciclo que terá como pressuposto o poder de transformação da matéria descartada em matéria prima e o material orgânico transformado em matéria orgânica de qualidade para adubação e fertilização das áreas agrícolas de Perus.


“A origem etimológica da palavra arquitetura, entre os gregos, decorre da necessidade de distinguir algumas obras providas de significado existencial maior do que outras, que apresentavam soluções meramente técnicas ou pragmáticas. Assim, precedendo ao termo tektonicos (carpinteiro, fabricante, ação de construir, construção), acrescentou-se o radical arché (origem, começo, princípio, autoridade)” (BRANDÃO, 1999, p.27). Utilizando o radical arché (princípio) e a definição da Nova Carta de Atenas para o termo cidade (estabelecimento humano com um certo grau de coerência e coesão) é importante que seja necessário comentar sobre a questão do habitar (que é intrínseca à questão das cidades e da arquitetura) ou sobre a noção de habitar a cidade em si. O termo habitar vem associado para a sua concretização ao termo lugar e não à palavra espaço.

A cidade como lugar habitado não estaria vinculada à acepção do espaço genérico, sem forma, sem dono, inóspito, indeterminado. Seria o lugar da unidade na diversidade, abrigo de uma pluralidade de identidades só possível de ser imaginado através da superação da diversidade dos habitantes em favor desta unidade: a cidade como abrigo da humanidade. “Se é espaço, deveria ser público”. Paulo Mendes da Rocha (ROCHA, 2012, p.88). PERUS | 41

2.Potencialização de espaços de usos públicos e coletivos


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Perus sempre foi local de extração e depósito: tiravam pedra e tiravam argila, jogavam lixo e jogavam corpos. Partindo do pressuposto de início/fim de ciclo que a história nos mostra, o primeiro ato é o da criação com vocação no território ancorado justamente nessa história. Onde havia vala, agora existe memória com a criação do Memorial da Vala (a ser desenvolvido por Felipe Neres). Onde havia lixo, existe vida. Habitação Retirada das habitações em áreas de risco localizadas nas margens dos córregos afluentes do Ribeirão Perus e sua realocação nos vazios do território. O projeto entende que a maior alteração de densidade da cidade deve ocorrer nas áreas centrais e não nas periferias, uma vez que essas áreas são dotadas de infraestrutura existente. Em Perus foram estudadas e programadas áreas de realocações e manchas de ampliação urbana nos vazios do território (a ser desenvolvido por

Bruno Rodrigues) além da criação das franjas de habitação e produção rurais.

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A Vala e o Lixão


Fábrica de Cimento desativada

Implantação do Mercado (a ser desenvolvido por Mariana Tealdi) na interface entre os dois anéis verdes e a área rural e urbana sendo também utilizado como ponto de parada de barco. Criação de pequenos espaços públicos ao longo da água com a possibilidade desse caráter se estender ao longo dos pequenos vazios. Se a água rasga o bairro, todos os espaços públicos que margeiam esse rasgo vão se conectar com ela. Instalação do Clube de Regatas na porção Noroeste do Ribeirão, proporcionando um núcleo esportivo náutico.

Na área norte do distrito, no limite de Perus/ Caeiras e entre a malha consolidada urbana e a área predicada para produção agrícola, existe a antiga fábrica de cimento, que hoje abandonada serviria para a criação de um centro de pesquisa e ensino voltado para assuntos de âmbito rural. A criação de uma Universidade Agrícola URSP Universidade Rural de São Paulo, junto com um Centro de Capacitação Rural (a ser desenvolvido por Letícia Gagliardi) mantém o caráter de produção da área. Ao seu redor, serão criadas unidades de habitação estudantil nos moldes das produções rurais.

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Ribeirão Perus

Escola de Samba No núcleo do bairro, na interface entre o rio, o trem e o viaduto (Dona Mora Guimarães), será criada a nova sede da Escola de Samba já existente, oficializando o barracão e oferecendo atividades culturais e esportivas, respeitando as tradições locais (a ser desenvolvido por Fábio Garcia).

Índios e território Os guaranis que moram ao redor do Pico do Jaraguá numa área que não chega a dois hectares reivindicam há 60 anos seu território. No plano predicamos a Serra da Cantareira como terra indígena de direito além da criado um núcleo de pesquisa da cultura indígena, desejo dos próprios (a ser desenvolvido por Eduardo Mestriner).


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3. Transporte: promoção de mobilidade e artic- Os dois lados de Perus: Ligação Leste - Oeste ulação multimodal, circulação metropolitana x Entende-se que a ideia é fazer pequenas e incirculação local úmeras costuras para população, facilitando A construção de uma cidade mais equilibrada os fluxos, as idas e vindas daquele que habita passa pela reversão do atual modelo de mobili- e daquele que transita pelo bairro. Será firmadade, no qual o uso do automóvel individual tem da as duas costuras de carro já existentes, nelas grande destaque. Tratamos a mobilidade urbana passarão também a infraestrutura de transporte a partir da integração e articulação entre difer- urbano, criação de ciclovias desenhadas que acompanham a curva do terreno e a margem do entes meios de transporte. Não é somente permitir a locomoção entre A e B, rio e permitem a chegada eficiente ao transporte mesmo com um destino, o percurso tem que ter público em no máximo quinze minutos, criação seu valor e qualidade. Assumindo que a cidade do corredor de ônibus. acontece na rua, será criado um eixo de ligação metropolitano, um “eixo verde nodal” e não um Caieiras – Perus – Pirituba – Lapa – Centro grande polo nucleado nodal de transporte, criando articulação entre modalidades (rede pedonal, Criação de um terminal intermodal (trem, ôniciclável, automobilística, transporte coletivo pú- bus, bicicleta e barco – este com caráter local, indo do centro do bairro, passando pelo pólo de blico como ônibus, fluvial e ferroviário). produção de conhecimento, até o Parque Anhanguera.


A criação do Cadarço trabalharia tanto com conexões metropolitanas quanto locais pois ligaria o Como já citado, será criado um cadarço aéreo li- Parque Anhanguera com as demais áreas verdes gando não só áreas verdes da cidade (Serra da de grande importância dentro de Perus, além Cantareira, Serra do Mar, Guarapiranga, Parque dos diversos equipamentos de caráter instituciodo Estado, Parque do Carmo, Parque do Ibi- nal com outros equipamentos localizados em rapuera, Jaraguá e Parque Ecológico do Tietê) áreas distantes do extremo sul. mais as principais universidades públicas da metrópole, (USP, Unifesp zona leste, e URSP Universidade Rural de São Paulo em Perus) liga de norte a sul, de leste a oeste, os verdes da metrópole. O teleférico é um manifesto do verde e da cultura, o olhar do homem à natureza. Manifesto: Cadarço

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4. Produção: desenvolvimento de economia, energia, cultura, emprego e conhecimento O projeto visa a possibilidade de criação de uma economia ativa através de frutos colhidos e plantados no próprio território. Pesquisa e conhecimento

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Criação de eixo educacional com calçamento, ciclovia e VLT ligando a Universidade Rural de São Paulo – URSP e Centro de Capacitação Rural ao Centro de Reciclo e Centro de Estudos de Novas Tecnologias para Construção Sustentável com ênfase na pesquisa de novas tecnologias de produção de energia e plantio utilizando o campo e o descarte como espaço para experimento.

Samba Valorização da cultura local, através da qualificação espacial da Praça do Samba, área de importância significativa para Perus. Consolidação da Escola de Samba Valência de Perus, na junção dos dois viadutos próximo à estação Intermodal. Turismo Uso da existente Linha Pirapora Bom Jesus para fim turístico, ligando os dois anéis verdes. Proposta de criação de um Memorial na antiga vala clandestina do cemitério Dom Bosco, depósito de indigentes e presos políticos, e o Pavilhão Guarani myba, ligado a cultura e tradições indígenas, na Serra da Cantareira.


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5. Participação: proporcionar a discussão, mobilização e ação da população.

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Todas as formas de produção dos projetos aqui apresentados se darão através de processo participativo celebrando o poder da inter-colaboração de atores e experiências cotidianas, para conseguir resolver problemáticas e fomentar a inovação social, criando ferramentas capazes de serem a representação cidadã do homem, a fim de proporcionar de alguma maneira uma nova camada de inovação social entre comunidade e governo, uma camada que permite colocar em rede estes atores “de baixo pra cima” e não ao contrário. Os projetos implementados se dão de forma democrática, inclusiva, ambientalmente responsável e produtiva. As produções (de conhecimento e de produtos) serão socializadas e aplicadas no território local como por exemplo: o Centro de Capacitação Rural, vinculado à URSP, ensinará a população local a lidar com a terra para a sua produção também local e serão fornecidos cursos de produção de placas solares cuja matéria prima são as garrafas PET recolhidas na coleta seletiva, para a instalação domiciliar.


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“E o que lhe dá especial sentido contemporâneo, já que há mais de um século, a cultura ocidental, e agora a mundial, globalizada, cessou em produzir cidades, e raramente produz alguma urbanidade. A especificidade urbana portuguesa, tão marcadamente distinta das radicais unificações - e tentativas - de seus vizinhos, pode agora ensinar alguma coisa, em direção a novas possibilidades de sentido urbano que não necessitem reunificação, que aceitem o fragmento constituinte das novas ocupações. Mas que, mesmo assim, afirma a reconstrução dos sentidos de vida coletiva e de seus espaços”. (RECAMÁN in CAFÉ, 2011, p.10). Perus é uma área de contrastes. O nosso recorte não poderia ser diferente. Em uma área periférica da grande São Paulo, Perus apresenta, além de uma área intensamente urbanizada, uma área rural. O território que compõe Perus é dividido em várias formas. Rios e linha férrea formam feridas abertas, as quais apresentam um fluxo frequente que corta o território dia após dia. É tanta água e tanto trem, que ao morador

não deixa passar. A palavra ponto aqui ganha concretude. Ao ato de costurar, unimos de ponto à ponto nossa linha. O cadarço, sendo costurado dentre a cidade aqui já estruturada, ganha espaço ao meio de pedras e cimento. No ponto, um de vários ao longo do tecido bordado, natureza e homem passam a ser únicos. O homem e a natureza. O homem em seu habitat natural, o natural. O planeta. PERUS | 55

O Ponto: Introdução, análise e projeto


Geomorfologia

O recorte localiza-se na porção noroeste do distrito de Perus, situado entre os limites das ruas Ernesto Bottoni, Rua Gualtério, Rua Cavalo Marinho e Rua Tiburno, seguindo e acompanhando o leito fluvial do Ribeirão Perus e foi escolhido pelo fato de ser um exemplo do território de Perus. A área está localizada em um ponto em que seu entorno é diversificado, atingindo praticamente todas as situações típicas encontradas ao longo do território do distrito, possuindo diversidade tipológica construtiva, área rural, proximidade com o leito do Ribeirão Perus e linha férrea além de enfrentamento espacial com o Recanto dos Humildes, bairro de maior precariedade em questão de infraestrutura.

A área de estudo tem uma topografia acidentada, possuindo uma relevo com mais de 50 m de desnível do rio ao ponto mais alto do recorte. Devido ao grande desnível entre as ruas, foram instaladas escadarias no meio das quadras facilitando a transposição pedonal além de escape de águas pluviais (escadas hidráulicas). Com o crescimento da região, a impermeabilização do solo e canalização dos rios, em épocas de chuva o Ribeirão Perus acaba se sobrecarregando e provocando alagamentos que prejudicam não só a locomoção na região mas também as residências que se implantaram às suas margens. As áreas verdes situam-se ao longo do Ribeirão Perus com predominância de vegetação rasteira e vegetação de transição entre arbustos e massa arbórea.

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O território. Análise


Margeando o Ribeirão Perus existe a via coletora Ernesto Bottoni e assim como toda região, o recorte apresenta em sua maioria vias locais, com aproximadamente seis metros de largura e um passeio que acontece de forma irregular e muitas vezes sem pavimentação. Por conta dos quarteirões terem grandes extensões, vielas se apresentam como forma de transposição entre ruas. Uso e Ocupação A área apresenta predominância residencial, porém encontramos a existência de comércio informal nas dependências voltadas para a rua. O recorte está inserido em uma área consolidada, porém apresentando vazios espalhados, principalmente ao desnível acentuado do terreno, com risco de desmoronamento do solo. Na porção oeste ao Ribeirão Perus encontra-se o Recanto dos Humildes, trata-se de um bairro de urbanização precária e alta densidade populacional, sua tipologia consiste em edificações

térreas, predominantemente moradias, muitas vezes localizadas em áreas de risco. Com maior proximidade ao Ribeirão Perus, estão inseridas pequenas propriedades destinadas a produção rural.

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Circulação e ligação


Infraestrutura urbana

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O transporte do recorte de estudo, é alimentado somente por linhas de ônibus municipais, e abrange consideravelmente todo o recorte nas vias longitudinais. Porém a mobilidade é dificultada quando há necessidade de transposição que não nessas vias longitudinais, devido ao desnível acentuado do território. O transporte metropolitano se dá pelo trem CPTM - Linha Rubi que passa margeando o Ribeirão Perus, ligando a cidade de Jundiaí à grande São Paulo, com uma estação ferroviária no centro de Perus. A coleta de lixo é convencional, não havendo coleta seletiva, e má logística de recolhimento de resíduos. No recorte de estudo, o esgoto tem variações de coleta e tratamento. Em alguns pontos é coletado e despejado ao longo do Ribeirão Perus.


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Projeto

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Desde pegar o fruto do pé ao reciclar, o Ponto propõe espaços de ciclos. Ambientes que se sustentam e sustentam outros ambientes. O lugar comunitário, onde todos se beneficiam a partir de pequenas ações. A água que todo mundo bebe abastece a horta que todo mundo come, que recicla o solo onde todo mundo mora, que oferece espaço em que todo mundo se vê. É a cidade oferecendo espaço para as pessoas. A escala do Ponto é a escala humana (a ser desenvolvido por Paula Bianchi).


Cinturão verde Assim como no Plano, o cinturão verde é aplicado no recorte exemplar. Propriedades distribuídas de forma periférica ao distrito de Perus com lotes que aumentam sua área conforme se afastam da malha consolidada. Estas têm o objetivo de cultivo agroecológico visando o abastecimento da metrópole e sobretudo de Perus.

Horta vertical. Pomar coletivo Também encontramos hortas verticais; estas são espaços comunitários onde a população irá plantar o que comer. Aqui entra, em pequenas doses ao longo do recorte, a ideia de ciclos. O plantar e o colher, o se alimentar e o reciclar. Damos ênfase no fato das pessoas se beneficiarem da natureza de forma saudável. O homem faz parte da natureza, e a busca desse convívio onde ambos dividem o mesmo espaço é fundamental para a estruturação da paisagem urbana. Hortas e pomares comunitários preenchem os desenhos espaçados entre as áreas de lazer e convívio, oferecendo alimento e sustento para toda a comunidade. Foram reservados alguns locais de passagem onde a declividade é muito acentuada para o cultivo de hortas verticais coletivas. E algumas parcelas lineares integradas às quadras com uma declividade menos acentuada foram escolhidas para o cultivo de árvores frutíferas também coletivas. Pensamos que, se o espaço é público, e o alimento vem da terra, deve ser fornecido a todos.

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Sistema verde O estar em comunidade com a natureza reflete a implantação do Ponto, estando este ao longo de manchas verdes. Áreas cobertas de árvores que, ao longo dos rios e córregos, criam espaços verdes e refrescantes, os quais se ramificam pelos becos e vielas, como uma raiz que se estabiliza no solo, erguendo esta grande árvore que é a comunidade. Estes ramos, que como a natureza, não encontram obstáculos que os impedem de crescer e serpentear ao longo das moradias, assim abrindo clareiras dentro da selva de pedras, tornando possível a comunhão entre vizinhos.


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Entre os lotes, os vazios que antes eram abandonados, ganham novos olhos. Casas e comércios se viram em direção à estas áreas que agora se tornam lugares de passagem e estar. Paradas de barcos e balsas constituem o grande chão, constituído por decks, que desenham o fluxo da água, criando espaços de passeio e estar ao longo desta. Este espaço apresenta uma vegetação muito densa devido à existência de rios e córregos ao longo do percurso. Praças elevadas O terreno entre os lotes apresenta uma declividade muito acentuada. A solução para tal ocupação foi criar várias passarelas que percorrem, em diferentes níveis, estes vazios criados entre as construções. Estas passarelas formam espaços que permitem a abertura de comércios (e a valorização dos já existentes). Funcionando como costura e preservando a topografia original, permitindo melhor circulação e conexão entre as moradias de diversos níveis.

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Potencializar os lugares


Viela Nas vielas, que já eram utilizadas como vias de pedestres, são reestruturadas e ganham vários patamares que, unindo-se com as manchas verdes, ligam várias áreas comunitárias, costurando o bairro todo.

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Deck Criado à beira rio para a contemplação do mesmo. Exerce a função de convívio e de parada dos barcos e feiras itinerantes. Espaço onde imagina-se uma intensa relação de troca homem-natureza e homem-homem, além da troca já proposta pela feira. Teatro ao ar livre Integrado ao perfil do “deck”, utiliza-se da mesma estrutura, criando várias plataformas, das quais formam pequenas arquibancadas. Estas descem conforme se aproximam do leito do rio, sempre procurando a não intervenção direta com seu desenho. Estruturas de madeira suspensas do solo que a estruturam, a arquibancada se apoia em vários pontos ao longo do leito,

assim mantendo o terreno original. Deste teatro é possível realizar a transposição do rio de forma sutil, integrando o espaço na paisagem e contemplando o mesmo. Passarela do Rap Local de costura. Transposição do rio e linha férrea que liga a área do recorte com o Recanto dos Humildes. Não exerce apenas a função de passagem, mas também funciona como um espaço para atividades culturais e de lazer. A extensa e leve ponte vence o rio e a linha férrea. Uma passagem que une duas pontas, separadas pelas feridas, criando não apenas espaços de transição como também de permanência. O caminho sai de uma das ramificações verdes e desemboca no leito de um pequeno córrego no Recanto dos Humildes, ao lado Sul de Perus. Uma ponte que une o verde, vencendo a distância entre o trem e o rio.


Calçadão Área criada ao fundo de lotes para o lazer e convívio da população residente. Propõe a contemplação e extensão do comércio localizado no térreo dos edifícios mistos.

Edifícios instalados ao longo do recorte que funcionam como pontos de coleta e troca de material didático proveniente de doações. Apoio ao campinho Optou-se por manter o campinho de futebol existente no local pois foi observado que ele era extremamente importante para a área, já que a população tem uma relação muito forte com ele. Foi criado portanto um pequeno edifício de apoio que consiste em vestiários e depósitos de materiais para atividades esportivas.

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Mini bibliotecas


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Ao longo do rio que corta o distrito de Perus, a via que antes era destinada exclusivamente ao automóvel se abre para todos. A via e também a comunidade olha o rio não como um obstáculo, algo que deve ser vencido e sim algo que deve ser desfrutado, contemplado. O rio passa a ter espaço no cotidiano das pessoas que ali circulam. Onde há água, há vida. O rio que corta agora une, abastece e diverte. Ciclovias e pequenos mirantes compõe a paisagem, permitindo a livre circulação de pedestres e ciclistas. Em todos os pontos procuramos preservar o desenho natural do rio, tanto para isso, ao pensar nas transposições, feitas de maneira leve e quase invisível diante a paisagem. Leito ciclável Ao longo do fluxo longitudinal, propomos uma outra alternativa de mobilidade para complementar os transportes atuais. Com instalação de bicicletários em pontos estratégicos.

Estabelecendo recursos mínimos e permanentes para ampliar a rede e qualificar o transporte público e os meios de transporte não motorizados (sistemas cicloviário e de circulação de pedestres), menos poluentes. Funicular e elevadores Em alguns pontos, onde o desnível atinge cotas muito elevadas, dificultando a transição por pedestres, foram propostos equipamentos que vencessem esses obstáculos. A instalação de funiculares procura abastecer a população em certos pontos, para impedir a interrupção dessa “costura” ao longo da malha urbana. Os funiculares, pequenos veículos sobre trilhos que vencem alturas e relevos acidentados, estão localizados em áreas onde há espaço generoso entre edificações. Com isso é proposto interligações com praças e áreas de lazer, tornando o lugar o mais dinâmico possível, sempre buscando o incentivo de várias atividades entre as pessoas que ali frequentam.

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Circulação e ligação


Produção

Horta escola

Desta a água que margeia Perus, tiramos o alimento e o distribuímos para toda a população. O mercado, que se localiza na parte Sul do Ponto, utiliza a água para levar o alimento, que esta mesma irriga, para toda a extensão do distrito. As balsas transportam gente e os barcos alimentos, dando vida também a uma grande “feira flutuante”.

Uma das nossas maiores preocupações no trabalho é garantir que a população tenha condições de se manter com o que é fornecido pela natureza. Por isso é importante a criação de um edifício institucional onde se introduz as teorias e práticas do cultivo de hortaliças e sua relação com o meio ambiente. Este espaço será dedicado à induzir as teorias e práticas do cultivo de hortaliças e sua relação com o meio ambiente. Mostrar a importância do solo que abastece a população. Não apenas o verde contemplativo, mas o verde ativo, aquele espaço que nos mantém vivos e que é nosso dever também manter a sua sobrevivência.

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Participação O ato de ser cidadão, fazer parte da comunidade, é feito no coração do bairro. Essas manchas verdes distribuem as atividades e a população, tornan Núcleo de apoio Consiste em pequenas construções onde funciona o centro cívico voltado para atender e discutir questões de necessidades da população.


Como A forma da ação do projeto é o que detém a possibilidade de produzi-lo e a chave de sua luta está na mudança – do homem e do espaço - para que ele, o homem, entenda e valorize o espaço. “A cidade é a maior invenção do homem” Renzo Piano (PIANO in CASSIGOLI, 2011, p.68). A criatividade, a espontaneidade, o domínio do processo do pensamento do pensar torna o homem apto a qualquer momento e muitas vezes em horas, introduzir alterações na mesma, abrindo vãos, criando cômodos, arrancando tudo, evidenciando desse forma o domínio absoluto do espaço em que vive. É um projeto simples pois indica uma ideia de tempo na sua manifestação espacial. Abre-se uma nova rua em cima do verde existente para que nela se monte a base da ideia do social. O predicado para isso é entender que o espaço é um ser público. Que tudo o que toca o ar é público, Porque ser público é uma luta pelo direito à rua, à cultura e ao homem.

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São apenas pequenos vazios com bancos improvisados de madeira ou pedra, meia dúzia de árvores, uma graminha no canto e um espaço para o encontro no meio de um monte de quarteirões lotados de tijolos, de gente, de carro, de tudo. São apenas vazios que não aguentaram tijolos, gente e carros. São apenas respiros de uma cidade lotada e desordenada e que assustadoramente não para de crescer. Olhando para os íngremes e difíceis vazios as perguntas que surgem flertam com a complexa ideia de plano para o futuro da cidade. Qual será a forma de democracia que conseguiremos expressar, aceitando a ideia de que nos próximos 20 anos as áreas urbanas continuarão a crescer a um ritmo ao menos igual aos atuais? A rua é o espaço materializado do coletivo. Ela pode ter infinitas formas, jeitos e vocações mas é sempre isso: uma rua e somente da experiência do lugar podem nascer as exceções que dão forma à ela.


Temos aqui duas chaves: a do valor da cultura e a da experiência da cultura e do ato em si. O desenho urbano apresentado trabalha na permissão de que pessoas conheçam novas pessoas, que pessoas se reconheçam em outras pessoas e que pessoas enxerguem o solo que as sustentam assim como sustentam todas as outras pessoas. Porque cultura é essência e origem. Cultura é cultivo. Do tempo, do espaço e do homem.

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APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS INDIVIDUAIS A partir da proposta urbana, foram desenvolvido os seguintes projetos: Cidade Vertical desensolvido por Bruno Augusto Rodrigues. “Um teto, onde o projeto é o desejo de uma cidade construida pela técnica capaz de desenhar um solo criado.” 72 | PERUS

Trinoga Guarani Mbya desenvolvido por Eduardo Aurelio Mestriner “Chacha chacha chacha chacha.” Escola de Samba Valença de Perus desenvolvida por Fábio Garcia. “Um projeto ao ritmo do samba.” Memorial da Vala desenvolvido por Felipe Neres. “A materialização da ausência”

Cooperativa de Reciclagem desenvolvido por Giovanna Cino. “Um projeto que do lixo nasce natureza que vai para a cidade. Um lixo que se tira energia e aprendizado para a cidade.” Centro de Pesquisa Agrícola desenvolvido por Letícia Gagliardi. “Um projeto onde tocar a terra é terapia e cultivar é exercício.” Mercado desenvolvido por Mariana Tealdi. “As ruas e as praças que interpolam o rural X urbano” Vazio Praticado desenvolvido por Paula Bianchi. “Um projeto que dá voz ao vazio.”


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REFERÊNCIAS

Cantinho do Céu

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76 | PERUS Funicular Salvador. httpdigabahia.com.brplano-inclinado-goncalves-retoma-o-funcionamentojpg


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horta fundo de lote httpwww.decaracomaverdade.net201411hortalicas-de-fundo-de-quintal-livres.html


Ponte Pedonale Sul Torrente SPedro

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Cantinho do CĂŠu


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Referencia Ponte httpwww.hypeness.com.br201409a-nova-ponte-que-comprova-que-copenhague-e-mesmo-a-cidade-dos-ciclistas


Rio convivio httpwww.cobrape.com.brdet_noticia.phpid=168

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ROLNIK, Raquel. “Cononheça sua cidade... a pé”. Blog da Raquel Rolnik, São Paulo, març 2013. Disponível em: <http://raquelrolnik.wordpress.com/2013/03/21/conheca-sua-cidade-a-pe/>. Acesso em: Out 2015. BRANDÃO, Carlos A. L. De arquitetura e urbanismo, Belo Horizonte: EAUFMG, jul./dez. 1999. ROCHA, Paulo Mendes da. “América, natureza e cidade”. Estação Liberdade, 2012 http://www.archdaily.com.br/br/01-144449/inteligencia-coletiva-e-participacao-cidada CAFFÉ, Carlos. “Álvaro Siza & Rem Koolhaas. A transformação do “lugar” na arquitetura contemporânea”. São paulo, Annablume Editora, 2011. http://www.archdaily.com.br/br/760193/arquitetura-de-morar-severiano-porto http://www.archdaily.com.br/br/764190/reflexoes-sobre-o-uso Careri, Francesco. Walkscapes : o caminhar como prática estética / Francesco Careri; prefácio de Paola Berenstein Jacques; [tradução Frederico Bonaldo]. I edição, São Paulo : Editora Gili, 2013.

São Paulo (cidade). Prefeitura do Município de São Paulo - PMSP. Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo: lei municipal n.16.050, de 31 de julho de 2014; texto da lei ilustrado. São Paulo: PMSP, 2015. Siqueira, Mariana. Arquitetura da paz. Revista AU - Arquitetura e Urbanismo. Ano 30, n. 257. Agosto 2015 Gehl, Jan. Cidades para Pessoas / Jan Gehl; tradução Anita Di Marco. ed. 1, São Paulo : Perspectivas, 2013. Mascaró, Juan Luis. Sustentabilidade em Urbanizações de Pequeno Porte / Mascaró, Juan Luis (org.), Porto Alegre, RS, Masquatro Editora, 2010.

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Bibliografia


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