Premio Latinoamericano de Arquitectura Rogelio Salmona. Espacios abiertos/espacios colectivos.

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mente ferido pela emigração das antigas populações em direção aos novos subúrbios enquanto os velhos subúrbios se transformam em novos centros. A perda de liderança e efetividade do urbanismo público para criar, cuidar e fazer frutificar o espaço público das nossas cidades pode ser compensada, ao menos em parte, pela boa disposição da arquitetura (pública e privada) para dinamizar os espaços existentes, ceder novos espaços públicos à cidade ou abrir o interior dos edifícios para um uso público. É claro que isto é ainda mais possível, talvez até obrigatório, nos programas de arquitetura dos serviços públicos e sociais, cujo próprio uso sugere uma intensa relação com o espaço público, o que os representa como uma oportunidade para gerar novos focos de civilidade ou introduzir, nos centros degradados, elementos dinâmicos ao redor dos quais se comece a recuperar a dignidade do espaço urbano: sedes municipais, edifícios de apoio social de organizações não governamentais, bibliotecas, escolas e museus, alguns deles com espaços abertos integrados a praças públicas. Esse é o caso do Centro Cultural Chimkowe em Santiago do Chile e da Biblioteca Belén em Medellín, edifícios públicos que se esforçam não só por cumprir adequadamente com os serviços exigidos pelos seus programas, mas também por oferecer espaços comunitários de distintas escalas. O primeiro, obra da Gubbins Arquitectos, destaca-se pela cuidadosa articulação com o tecido circundante, cuja escala preserva

Parque Biblioteca Belén, Medellín, Colombia, 2008. Autor Landscape and Civic Design Lab – Hiroshi Naito y Empresa de Desarrollo Urbano (EDU). Foto: Parque Biblioteca Belén.

enquanto oferece um generoso átrio exterior, prelúdio das atividades programadas no interior, mas também uma galeria alta interior que convida a passear, olhar e participar das atividades no grande espaço multi-propósito que circunda. A Biblioteca Belén, obra do japonês Hiroshi Naito, cria diversos espaços públicos, que vão desde a praça urbana e a praça-jardim até espaços interiores onde as galerias e o pátio com espelho d’água convidam a um tempo reflexivo. Hoje em dia é frequente que a expansão sem maior planejamento das nossas cidades dê lugar a extensas áreas carentes da articulação e noção de lugar, que espaços urbanos qualificados ou grandes edifícios públicos criariam. Começando a atender essas carências, o programa de descentralização dos serviços municipais de Rosário criou vários novos centros, entre eles o Centro Municipal do Sudoeste, projetado pelo estúdio de César Pelli,

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