Sim-Amor - Lágrimas, Sangue e Suor

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Sim Amor

Lรกgrimas, Sangue e Suor


Patrícia Marques, autora de Plexo de um [Poe-ma], Escreve agora Sim-Amor: “Onde existe um travessão, existe Escuta, Verdade, Reticências do pensamento que nos Deixa ser mais Tudo, mais Paz, mais Harmonia Mais sinceridade”.

 Agradeço aos meus Pais e Irmã, que me ajudaram a resistir a esta luta feroz que temos travado com a vida!

Te Agradeço a ti, que me ajudas a estar de pé e a acreditar no dia de amanhã! Um bem-haja a vocês! 


“Já corri, já andei, já sorri, já amei; Já saboreei, já chorei, já me lamentei, Já simpatizei, já idolatrei, já rezei, Já passei, já fiquei, já enciumei, Já fui poeta, já escrevi, já falei, Já faltei…”


 Sou como tu, Tenho as sensações perto do coração E vivo respirando o que do ontem chegou ao hoje. Vejo-te nos meus braços, estendidos, Esticados em demasia como que te puxando para mim; Mas não consigo chegar à tua maravilhosa condição de ser, Pois intriga-me o valor que eu escuto no búzio do meu coração, - ele falou de puro e único amor. 


LÁGRIMAS, SANGUE E SUOR Rasuro temporais E o tempo desta poesia dá a primazia perfeita A esta chuva de qualidade, Banhada de sangue e lágrimas e dando asas À reconciliação com Deus.

Vou envolvendo-me com o céu que escuta Madrigais ondulantes escorregando sob a Cultura que nos estraga de mimos e tende a ser Tão deliciosa como uma tarte de limão por debaixo De um grande limoeiro.

E que sombra por inteira me vem pousar Não saindo dos meus pés, dando a volta ao meu ser E não deixando de ser minha?

E qual o sangue? Onde estão as lágrimas? As minhas lágrimas corroem-se nesta pele De um modo fugaz, imperialista, Como se sentissem especiais por escorregar Na matéria dermatológica que ousam sentir. Neste meu sangue, corre um pouco de tudo. Simetrias de esforço e a coragem do desinteresse; A eficiência, o cansaço, o silêncio e maneiras mais sós De estar simplesmente sozinho.


Peço um favor a Deus. Disse-me que sim. Depois de eu escrever os lugares por onde estive, As pessoas que tinham raiz no meu coração os balanços que eu fazia da vida Alteada e poetizada por mim mesma, O império estaria abandonado em minhas mãos.

Pelo meu modo de ver Pelo esquecimento de entender, A salvação pretendida pelo reino dos céus Descurou do meu sangue. Acho o enfadonho da Situação e encontro o tronco do ânimo no Meio expansivo do sorriso alheio. Ouço-te sorrir com o olhar, e que beleza estendida. Gestos indecifráveis vão aquecendo esse lugar Em que te vês sentado, pausado, a respirar fundo E quiçá, a sentir uma pequena saudade minha. Acho que não. Pessoas não têm saudades de pessoas; Podem ter saudade de diálogo, atividade, comunicação, manifestações percetíveis da pessoa…mas da pessoa...


Tenho saudades tuas. Tenho que nascer com uma condição sanguínea Perfeita, quase a respirar tão bem como tu, Delineando condições para o teu acalento breve E a tua permanência de segundos. Tenho saudades tuas; Porque não sei ver se estás perto ou longe, Se o amor é a tua condição radical de feitos mestres De conseguimentos reais, ou se fui eu que criei este problema Que te envolve, sem nada teres haver com isto.

À verdade da Primavera digo ámen. O acalento do sol já vem aconchegar As dores nos ossos. O acalento do sol já vem derrubar As condições precárias da alma. O acalento do sol já vem sugerir O fundamento que sustém a alma E a segura como vidro perguntando-te:

És tu?

Reverencio estátuas desfeitas Cuja mão é o poder soberano para contribuir Para o não esquecimento das maravilhas de Deus. Sou a coluna que vai dizendo qualquer coisa E quando se dá conta, debica os grãos daquilo


Que fez e do que ainda tem por fazer. Contornaram-se pedras, como quem diz, Tempos que teimam em romper o nosso ser feliz E erradicar a nossa harmonia sanguínea. Venceram-se lutas, onde resguardos e memórias Se fidelizaram às consciências e estão guardadas Na caixa: “Posso pedir-te um favor?” Olharam-se vidas por inteiro onde era fácil Reconhecer a esperança, em que emprestaríamos Nossos óculos verdes ao outro.

O meio está descalço para se inteirar Do caminho que tu tens de percorrer Até à tua arrepiante vitória. Já estás Nesse caminho. Vais conseguindo debater A tua consciência com o controlo da moralidade. Encontras a esplêndida condição para amar, As virtudes que atendeste do céu e saboreaste Com o teu olhar sugestivo e galanteador.

“Posso pedir-te um favor?” Falar-te uma última vez, Dizer-te que o esquecimento foi meu E as lágrimas não saíram dos meus olhos, Mas do meu medo interior de rejeição. Dizer-te que gostava de olhar novamente Tua mão, para confirmar de olhos vendados


Se foste tu que chegaste para vencer. Comparo-me. Que arreliação ver-me comovida Nesta exaustividade desproporcional Aos acontecimentos da minha vida. No estado consciente, uma dor de cabeça Recorda-se de mim e vem de mansinho Pousar sobre um dormitar soluçado.

Acordando, vou devorando as nuvens À minha roda, e soletrando acontecimentos Que já passaram e que acho que ainda se vão passar. Depois, seguro em meus cabelos, E repouso meu corpo na lateral, tal como Repousei no lençol onde deixei as minhas lágrimas.

O lençol respirava entendimento. Com um choro contido. Só o lençol Me deliberava o beijo que eu senti ao Amanhecer, quando vi que o meu tesouro Teria sido roubado. O que será feito desse lençol? Gostava de o ter trazido para efeitos De um abraço que me deu, e que estava Inalcançável a qualquer outra pessoa.


A sua branquidão inteirava-se de Deus. Os intuitos negativos e obstáculos lá ficaram: Ao sabor de um lençol confortável e humano Que não corroborou nem extinguiu a minha pessoa, Mas que simplesmente, me aceitou de braços abertos E viu que eu não era senão um pouco mais frágil que ele próprio.

“Onde estarás agora?”

Abdiquei. Tinha de abdicar. Se o medo se tornou insegurança em mim, O privilégio da saúde, Deus ainda mo deu. Há concentrados de energias superiores Que nos elevam a sermos mais comuns Mas mais fortes. Estes concentrados De energias chamam-lhes de muitas coisas. Criaturas celestiais elevadas, que despertam Em nós um interesse peculiar para uma possível ajuda E uma possível compreensão de nossos problemas mais rigorosos. Eu sei que não sou assim, Forte; mas gostava que desligassem as luzes Para poder ser mais eu. Vejo um abraço terno, vejo como sendo eu A dar um abraço a Deus, por uma ou outra razão. Este cansaço que me consome vai assumindo Configurações que vão de mão dada com


A fragilidade do corpo e do sangue. Revejo-me no espelho, e só um pentear de cabelos Dá a volta à vida como se de uma roleta se tratasse. Ai, que vida de cinzas e nevoeiro! Resquícios de amargura que abraçam esta Crise ou este estado de crise em que nos encontrámos, Que mais do que crise do Homem, chamo-lhe a crise do Homem. O pudor de feitos indesejáveis; o avesso da sua obra:

«E o teu trabalho como está?» Somos remexidos nas labutas diárias, Como se fôssemos latas velhas, sacudidas De um lado para o outro; que já gastas deitam-se Ao lixo para não ocupar espaço. As latas velhas, sacudidas com a ponta do pé, Vão-se desgastando com o pontapear quase repetido. A sua cor vai-se desbotando, E o sobrar do tempo vai dando Para se ir chateando uma ou outra lata. Vivo com aquela pena velha, Virada para a montra da vida chorando E soluçando por deitar pelo cano abaixo Tudo o que restara dos sonhos antigos. Aquela visita inesperada, um amor aparecido, É para mim o esquecer mágico de que tenho Mais algumas horas para viver, senão aquelas Em que nunca mais te verei sorrir naquele


Longínquo horizonte pálido e fresco. Quanto de ti sobra do meu corpo Em restos de poesia desdobrada. Palavras corretíssimas, dadas quase de mão beijada Ao suposto simbolismo singular: a ideia. Vejo sopros aquecidos por entre marés encostadas Nas rochas, onde as algas cobrem os pés a quem De mansinho, vem desafiar as pedras num esfoliar Cortejado pelo vento.

«E esta falta aqui dentro!» Em lembrete falado, digo-lhe que me faltam Algumas coisas pessoais: Uma escova de cabelo, um batom com sabor A lealdade e um rouge breve, para que as pequenas Bochechas encontrem alguma alegria num estado De viver concreto, sonhado e por realizar. Quanto de paz me veio acordar Para me vir dizer que um afago teu bastava Para que minha discórdia interior se revelasse na concretização plena dos momentos perfeitos. Esta falta veio ao calha quando abriste teu vidro E o rádio já deixara de soletrar os sons que já Não queríamos escutar durante toda a viagem Naquela seta de cimento vazio. Era esta a seta que ansiava pelo amor; Reparaste no rapaz que distribuía as chaves


Aos moradores daquela área? A chave mais importante Havia-se esquecido de me dar. “ Queria uma chave que sustentasse o amor Que trouxe de longe, e que abrisse as portas do quarto Eternidade adorável!” Mas não perguntei ao rapaz por ela. Aliás, Não se pergunta pelas coisas que nos Dilatam a maior condição para amar Inigualavelmente.

«Mas porquê tudo isto ainda?” Até parece que estou esgotada de amar, Ou que quero surpreender as sensações do amor. Não. Esgotei números, quebra-cabeças lembrados como Canções sonoras, melodias de Debussy ou Suspensões dos níveis de homeostasia humana, Para vir agora entender a verdade do amor. Há que viver alegre para o dia ser também ele alegre, Há que viver solarengo, para o dia se estender de sol, Há que ser dedicado, para que a chuva se magnifique Em tardes lembradas nos ventos dos inícios Outonais.


O vão da janela Vai transbordando lágrimas Que estão de sentinela a espreitar Por entre a maravilhosa sensação de abertura ao mundo: Conjuntura de duas estrelas emancipando-se Por entre as nuvens vermelhas que rodopiam E vestem esse teu jeito singular. As portas do sol vão-se abrindo. Lâmpadas, luzes, Lanternas e purpurinas vão-se esfarelando, Dourados entreluzes decaindo em mansidão Perpétua nessa vida fiel que é tua, Que é a minha.

Um verdadeiro gesto entorna a beleza natura De um poema ligeiro, de um sorriso de paz, De um verde que vai rodopiando por entre A mente de quem sabe o que é a dor, Mas insiste no cultivo assíduo do amor, Na delicadeza, em virtude da luz, Na esperança, no aceno perfeito ao que uns chamam De Bem e outros de satisfação no mundo.

«Que horas são?» Um fio de corrente fulgura no rio e nos enleva os cabelos entretidos


Nas asas do vento que corre.

«Que horas são?» As luzes prediletas deslizam Por cada estrada como se fossem o último lumiar Da lua embravecida, em enlaces esverdeados Das árvores que ainda passam pelo homem.

Na preferência do tempo São assinalados sorrisos no estofo De um consciente ténue. Do poema vai surgindo a vaidade De fascículos inéditos de recompensas: Os passos já rodopiam na videira E vão cantarolando ao saber da existência humana. Vão contando as folhas de Outono, Debicando lagartas destinadas a borboletas, A transformação deliberada da filosofia Que já se ouvira no tempo ligeiro dos nossos dias. A chuva entala ventos soprados a rigor, Reunidos por uma orientação marítima Capaz de nos fazer crescer água na boca Diante da orla. Os barquinhos de papel Estão já a caminho; levam enseadas De razões - soberanas idolatrias do nosso rosto Perpétuo - atitudes garantidas e expressões fotografadas


Com o jeito perfeito no esboço da face e o fundamento detalhado no papel.

«Em que pensas agora?» Arrepio-me nos cortes esfarelados, Ossos do ofício e agora, solidões de quem ama Respondendo ao mundo com as lágrimas de uma dor constante numa observação quase estática. A inflamação das palavras repara pontos essenciais Alheias ao perfil destinado do amor. Sim-amor, enquanto espalhavas os vidros dessa dor, Suspirava todas as reclamações possíveis do meu corpo. Uma mente estalada – varanda embebida pelo sol – Acalenta múltiplas flores que perfuram o sustento da terra E se eternizam em sementes celestiais de um solo arenoso.

Um dizer respirado em triplas funções. Um caminho íngreme que nos tira o fôlego e nos Consome a viver em palavras saudadas E restos de paisagem que ainda seguram o pensamento. O bater do coração vai recuando até aos pulmões Até se poder servir do oxigénio natural do ambiente envolvente.

Quantos verdes restaurados na alegria e no amor. Aprenderam-se como se formam vestígios de amigos pródigos, A sinceridade enlaçada pelo vulto de um rosto, Ou pela existência de sonoridades maravilhosas


Arrepiadas pelo sonho de violinos originais Onde nos vimos sorrir no espelho - olhar de outrem.

«Quando chegas?» Pedi para o sol se poisar quando deres o primeiro passo Para a grande finalidade da tua vida. A dor, vai contornando O ser humano, como se fosse circular e não removível. Vencem as ocasiões inspiradoras mais as ocasiões que ninguém se pode alegrar, Comemorar, ou dizer simplesmente: «Como gosto de ti». Os dias inteiros, são horas arremessadas pelo gosto do ânimo Que não pode ser de grama pesada. Triste. Silêncio. Existem mares que não nos trazem boas novas, Que trazem somente, provas da nossa capacidade de luta E o calendário da data da nossa admirável desistência.

Um século XXI – um cheque dado ao progressismo, Assinado, datado e com uma boa rasura paralela. Estas são derivações do fazer por fazer, da solução que já diz: «Meu filho segue o curso que tem saída». Fundamentos, Excertos em negrito com que o sonhador se faz derivar, Se faz saber do gosto e do preciso. Desta forma, Renunciámos à visão de um XXI sonhado para nós, E oferecido àqueles que pereciam nas suas atitudes sustentáveis E continuadas não na mão do dinheiro, mas na mão De um mendigo que precisa da sopa para se aquecer.


É esta luz que deslumbra humanidades, Caridade é a possibilidade do enriquecimento do espírito, A gruta que abriga abraços, sorrisos, festejos e durabilidade de conceções. Chegas quando o vento me disser que tudo continuou E está calmo, como o momento vencido em que te senti em paz. Esmoreço quando a falha de tudo é a consequência do preenchimento; A falha acorda para o amanhã quando a dor se faz atribuir, A contemplação humana se faz sorrir como o esquecimento Das negatividades retiradas aos momentos impossíveis E dotados do ouviu-se dizer as impossibilidades.

Aconteceu. Recuámos os três tostões que nos valem na carteira E remendamos as meias sem o cheiro ao novo antigo. E o que se chama a isto? Perder? Vulnerabilidade? Solução rápida? E onde está o plexo do ser mais maravilhoso do mundo, Que respira e deita fora as vulgaridades, Que abdica de um criticismo opinioso e da libertação Dos resíduos corporais em excesso?

Esta mesma leitura, Que te diz esta pequena leitura torta e fragmentada, Quase inútil nos teus olhos e parecida como a mais importante para mim? E é mesmo isso que dói. É mesmo essa a regra trancada No esconderijo que te revela que és tu que ouves e sou eu que faço, Que és tu que dispões e sou eu que te gravo aí, nesse monte De papéis que tens na mão a minha soberana intenção.


Ouvi dizer por parte de outro autor Que afinal, a escrita é divertida. Não confundi. O autor disse mesmo que a escrita é divertida. Este é um sinal de que são esses, aqueles que acreditam num séc. XXI Esponjoso, como um doce comido à variação de uma grande amizade Que se resume a ter tudo sem ter nada.

«De que te lembras?» As verdades são inconfundíveis, são incidentes Dispostos na necessidade de vermos algo satisfeito Ainda que com uma lista de reparações ainda por fazer. O tempo disponibiliza a verdade nas interpretações encalhadas Na barra do muda-de-assunto de que um ser precisa para ser A perfeição que ora deseja e ora se desfez em pequenos pedaços de desilusão.

Batatas fritas, hambúrguer e um deslize do ketchup. Lembretes e vales que servem de desconto à angústia humana Que cisma requerer balões e palhaços de riscas vermelhas, Imitando o fogo das mais belas labaredas da sapiência. Um dia são Cakes Design, uma noite são escritas efervescentes, E outra madrugada são limpezas que vencem a agonia do corpo, Reunindo os filhos e filhas mais limpos da crosta terrestre, Dos polos achatados e dos fenícios interessados em tecido, Louças e alfabeto.


A atenção submerge nestas coisas mundanas. Vem rodopiar comigo sobre a encosta solarenga, perto do mar.

La traviata te espera decifrando os exercícios do espírito Que permanecem inertes. Os dedos segredam aos teus ouvidos Que a dor vai para além da montanha, onde a superação Vai de mãos dadas, rindo do além e esperando chamas e labaredas Até aos nossos olhos.

“ E como vai esse amor?” Dou-te razão, as ruas são casulos onde Se escondem todos os restos: os restos da comida, Restos da razão, restos da paciência, restos e mais restos. Mas diz-me, aquelas luzes que cintilavam sobre teu corpo E me deixavam na sensação divina de viver de pé, De respirar o triunfo de poder amar a liberdade Como um sonho de dever comprido? Onde estão? Aquelas fotografias que temia em tirar, Quando estendias o vermelho, amarelo e verde Sobre a minha sensação universal de estar contigo? Como vai esse amor, esse não-amor, esse Sim, Como vai esse teu Sim, Amor? Perguntam-me por entre ouvidos: “Não tens vergonha, Olha para ti, desmontada, tipo Pinóquio retirado Da sala ao fundo, que cheira a mofo!”; mas continuo Perguntando, esse Sim, porquê? Porquê esse Sim? Tinha razão de sentir, tinha o porvir em teus olhos e porque Sim?


Como desaguo minhas reminiscências Em papel flutuante, incolor, manchado Com carimbos açucarados de um avesso Que parece já não ter fim. O quadro verde está já apagado de gatos Que gatinham e decalcam vezes sem conta A minha consciência com sorrisos sinceros. É um estado local. É um revigorar de sentidos Que parecem exagerar o meu sorriso interior. Estas palavras vivem neste interior, branco leve, Multiplicado em pronúncios de cor. A vida por nossas lágrimas vai passando, Um golpe de dedos se vai instalando no desalinho De um choro que eu gostaria de ter compreendido, e até hoje não compreendo. Mas afinal, Deus também dá a recompensa, não dá?

Amei pássaros, flores, amei campos vermelhos, Amei montanhas, nevoeiros e até o sol eu amei… E no final, Tu. Terei ainda de passar estradas, informações, Estear dias de chuva e terei de madrugar os meus sonhos Para os pedaços dos dias de sol? O princípio branco a que sujeito a minha opinião Ainda é o que me alimenta neste mundo que é a árvore da vida. Raízes alimentadas do deslumbramento Que me deixam alinhar o segredo do olhar vibrante.


« Não te lembres, escuta o coração » Esse que por sorrisos eternos te dá um abraço caloroso E te faz bem, e te acolhe como quem acolhe a um filho Digno de ser amado. E tu estás aí; olhando, zelando, Preocupada se temos o que comer, como viver, Como silenciar, como recuperar tempo perdido, Como achar equilíbrio, como participar. Admiro teus sorrisos silenciados pelo sol que por detrás Te levanta, como o ser mais maravilhoso do mundo – Eis a minha confiança. De joelhos, disse não, não à Separação, não ao longe do pensamento, não ao tormento De sentir a longinquidade da justiça e do bem; e assim aconteceu, Sem esquecer pequenas realidades assumidas com amor Fui apurando teu acolhimento belo, o segregar de conhecimentos Que vão facilitando a saúde da vida e da realidade presente. Ouviste o que de pior eu tinha pensado, Sentiste o que de pior eu tinha sentido, E quem sabe, reparaste nas maravilhas que eu tinha sonhado. Por isso esta saudade do longe cá perto, Esta ansiedade do querer ajudar inteira e presente, Num coração comum – a preciosidade do teu Ser Que descobriu o meu quando ele mais precisou. Esse Lugar habitado por todos nós e habitado por ninguém, Que respira o ar límpido e culto, recuperando a esperança Alegre dos minutos felizes de uma semana por inteiro.


Estes dias húmidos, reverenciados nas paredes por entre manchas à procura de tinta, por entre o frio à procura do calor e da cor, da manhã e da felicidade; por entre a atitude frívola, desanimada em busca da sensação perfeita, da situação perfeita, da harmonia mais-que-perfeita… Estes dias são estrelas Perto do que o ontem me veio dizer Acerca da vida e da morte, acerca do futuro que não anda, nem desanda. Ajudou-me a sua interpretação. Grandes, são os que em humildade fazem grandes obras, Ou os que em silêncio as executam. Esses são os grandes. Virgulas e pontos finais, revelam a massa atómica, o estorvo E a dificuldade atenta ao pensamento recuperador de ação.

“Belo Entardecer” Estudava-se a recuperação da tarde Enquanto a noite já embebia a nossa experiência. Tu tinhas a tua ligação, eu fazia questão de tornar Mais belo aquilo que por poucos segundos vivia. As portas estavam abertas, hoje consigo perceber, Abertas para recuperar sonhos perdidos E tu eras exemplo disso. Daí todas as palavras Escritas, daí o meu esmorecer, a minha mente Ligada à tua, como se o amanhã já não houvesse


Tal e qual estes versos simples. Sim Amor, mas ainda me lembro dos nossos olhares, Cruzados, livrando o orgulho da nossa conversa À humanidade que ainda restava naquele momento, E que então não sabíamos. Sim Amor, que estas lágrimas, sangue e suor, Não cheguem na água escurecida pelas sombras Das árvores. Que até ti chegue o esgueirar do sol, Que vai percorrendo esse teu caminho limpo Até chegares ao culminar do teu Templo.

Há…se os dois percebêssemos o que fizemos, O que detemos destas palavras esquecidas pelos demais, Seríamos mais tudo, Seríamos mais Sim, Sim-amor.



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