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3.3 A Eucaristia

A idade do corpo não constitui um prejuízo para a alma. Assim, mesmo na infância, o homem pode receber a perfeição da idade espiritual da qual fala o livro da Sabedoria (4, 8): ‘Velhice venerável não é longevidade, nem é medida pelo número de anos”. Assim é que muitas crianças, graças à força do Espírito Santo que haviam recebido, lutaram corajosamente e até o sangue por Cristo. (CCE 1308)

A Confirmação é uma efusão especial do Espírito Santo (CCE 1302) e produz no confirmado o crescimento e o aprofundamento da graça batismal (CCE 1303). Outros efeitos podem ainda ser observados como um estreitamento na relação com o Pai, maior união com Cristo e sua Igreja, um aumento considerável na ação do Espírito Santo com seus dons e carismas, além da força especial vinda do mesmo Espírito para testemunhar Jesus vivo e ressuscitado.

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A preparação para a Confirmação deve ser feita de forma integral, madura e sólida, e visar conduzir o confirmando a uma união mais íntima com Jesus Cristo (CCE 1309). Desde seu começo, deve buscar trazer o fiel para Deus e dar bases que inicie um relacionamento profundo com o Criador, através do seu Filho, no poder do Espírito Santo. Antes da etapa catequética, apresenta-se um tempo de conversão através da evangelização querigmática. O RICA – Rito da Iniciação Cristã de Adultos – apresenta um itinerário seguro que versa em torno da tríplice etapa: querigma (instituição dos catecúmenos) – catequese (eleição) – sacramento (celebração).

Nesse itinerário, além do tempo de informação e amadurecimento, há etapas ou passos, pelos quais o catecúmeno, ao caminhar, como que atravessa uma porta ou sobre um degrau: a) verifica-se a primeira etapa quando, aproximando-se de uma conversão inicial, quer tornar-se cristão e é recebido como catecúmeno pela Igreja; b) a segunda quando, já introduzido na fé e estando a terminar o catecumenato, é admitido a uma preparação mais intensiva para os sacramentos; c) a terceira quando, concluída a preparação espiritual, recebe os sacramentos de iniciação cristã. (RICA 6)

3.3 Eucaristia

O sacramento da Eucaristia é a fonte e o ápice de toda a vida cristã (LG 11). O homem batizado, rei, profeta e sacerdote, e confirmado, revestido da fortaleza do Espírito Santo para ser soldado de Cristo, encontra na Eucaristia o alimento que o sustenta para a caminhada. A Eucaristia é o Sacramento dos sacramentos, pois todos os demais apontam para ela e dela tiram todo o seu bem espiritual, pois a Eucaristia dá a graça e, também, o Autor da graça, Jesus Cristo. A Igreja vive da Eucaristia (EdE 1). E isto não é apenas uma verdade de fé, nem uma experiência diária de fé, mas é o núcleo do mistério da Igreja. Jesus prometeu estar com o homem até os finais dos tempos (Mt, 28, 20). E a Eucaristia é essa presença real do Senhor no

meio do seu povo. A conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo é o cumprimento perfeito da promessa de Jesus. Desde o início da Igreja, em Pentecostes, que a Eucaristia marcou o ritmo da marcha da Igreja rumo a Pátria Celeste.

A Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento espiritual, é o que de mais precioso a Igreja pode ter em seu caminho ao longo da história. Assim se explica a cuidadosa atenção que ela sempre reservou ao mistério eucarístico, uma atenção que sobressai com autoridade no magistério dos concílios e dos sumos pontífices. (EdE 9)

Eucaristia significa ação de graças. É agradecimento a Deus por tamanha graça de se fazer tão próximo do homem. Também significa a Ceia do Senhor em memória daquela que Jesus tomou com seus discípulos às vésperas de sua paixão. É ainda a Fração do Pão como recordação do gesto do Senhor em repartir o pão com os seus na ceia derradeira, além de ter sido o gesto pelo qual seus discípulos o reconheceram no caminho de Emaús. Outros termos ainda definem o queé aEucaristia: assembleia eucarística, memorial da paixão e da ressurreição do Senhor, santo sacrifício, santa e divina liturgia, comunhão e santa missa. Contudo, tudo remete à presença sacramental do Cristo no meio do seu povo: diversos termos, diversos nomes, um só Deus e Senhor, um só milagre, uma só presença real. A Eucaristia foi prefigurada em diversas passagens bíblicas. Logo no Antigo Testamento, “Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho; ele era sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14, 18); os judeus comeram pães sem fermento (Ex 12, 15). Já no Novo Testamento, o primeiro milagre de Jesus foi numa festa de casamento, transformando a água em vinho (Jo 2, 2-10) por intercessão de sua Mãe, Maria. Já no milagre da multiplicação dos pães (Mt 14, 14-20), Jesus prefigurou a abundância sem igual que seria seu Corpo na Eucaristia. Em outra ocasião, o Senhor exortou o povo a trabalhar não por um pão que alimenta somente o corpo, mas um pão que permanece até a vida eterna (Jo 6, 27). Alimento esse que Ele mesmo dará à humanidade; um alimento que o Pai marcou com seu selo. Mais adiante, o Senhor revela que pão é esse, ou, melhor, Quem é esse pão: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6, 35). A Eucaristia, como Sacramento dos sacramentos, ganha uma importância diferenciada na responsabilidade dos fiéis batizados na Igreja. “A celebração dominical do Dia e da Eucaristia do Senhor está no coração da vida da Igreja” (CCE 2177). Era no dia da Ressurreição que os fiéis se reuniam para celebrar a Eucaristia. Estes são obrigados a participar da Eucaristia dominical e nos dias de preceito. Contudo, aos que são impedidos por motivos muito sérios, não há pecado em não participar nos dias em que a Igreja determinar.

No domingo e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa; além disso, devem abster-se das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus, a alegria própria do dia do Senhor e o devido descanso da mente e do corpo. Satisfaz ao preceito de participar da missa quem assiste à missa em qualquer lugar onde é celebrada em rito católico, no próprio dia da festa ou na tarde do dia anterior. (CIC 1247-1248)

A liturgia da Eucaristia consiste, basicamente, em dois momentos que formam uma unidade perfeita: a liturgia da Palavra e a liturgia Eucarística. Numa, ouve-se a Palavra do Senhor aplicada para determinado tempo, celebração, visando, sempre, a maior glória de Deus; noutra,contempla-se a realização miraculosa da transubstanciação, em que o pão se torna Corpo e o vinho, Sangue de Cristo. Na transubstanciação, acontece algo único: altera-se a natureza sem se alterar a forma. É Corpo com gosto e aparência de pão, e Sangue com gosto e aparência de vinho. É Deus envolto em um mistério.

Convém recordar primeiramente aquilo que é, por assim dizer, a síntese e o ponto mais sublime desta doutrina: que no mistério eucarístico é representado de modo admirável o sacrifício da cruz, consumado uma vez para sempre no Calvário; e que nele se relembra perenemente a sua eficácia salutar na remissão dos pecados que todos os dias cometemos. (MF 27)

Os únicos ministros da Eucaristia são os ministros ordenados no segundo ou terceiro graus da ordem: os presbíteros e os Bispos. Não há exceção para a celebração do mistério do próprio Divino. Apenas eles podem presidir a celebração eucarística. Apesar de existirem outros que são também chamados de ministros, que são os Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, nenhuma autoridade concedida por Deus ou pela Igreja têm para celebrar o mistério eucarístico. A Eucaristia deve ser celebrada pelo ministro no Altar e utilizando de pão e vinho.

Somente o sacerdote validamente ordenado é o ministro que, fazendo as vezes de Cristo, é capaz de realizar o sacramento da Eucaristia. Celebra licitamente a Eucaristia o sacerdote não impedido por lei canônica. (CIC 900)

Todos os fiéis batizados devidamente preparados podem receber a Eucaristia; contudo, deve-se observar os impedimentos para tal. Para receber o Cristo, é necessário ser obediente à sua Igreja. Logo, deve-se observar as normas que a Doutrina prescreve para melhor viver comunitariamente esse Mistério. Não se pode estar em pecado grave (ou mortal), que corta o laço com Deus, deve-se observar o jejum eucarístico –de 1 hora – e a confissão periódica, como minimamente prescreve a Igreja. A Eucaristia é o centro da vida cristã, é a fonte de onde jorra a graça do Senhor, é o próprio Senhor no mistério da Trindade. Desta forma, não há vida cristã católica sem a Eucaristia porque, sem ela, toda a fé perde o sentido, as orações perdem o sabor, o homem perde

o rumo de si mesmo, que está contido no Altíssimo Deus. A vida sacramental é necessária para o amadurecimento na fé e no conhecimento de Deus. O Senhor realiza sua obra no homem que procura ser fiel a Ele nos sacramentos e no viver os valores evangélicos, segundo a orientação da Igreja. A conversão parte de uma decisão e é um processo pessoal e experimental, como apresenta o Catecismo:

A conversão e a penitência cotidiana encontram sua fonte e seu alimento na Eucaristia, pois nela se torna presente o sacrifício de Cristo que nos reconciliou com Deus; por ela são nutridos e fortificados aqueles que vivem da vida de Cristo: ‘ela é o antídoto que nos liberta de nossas faltas cotidianas e nos preserva dos pecados mortais’. (CCE 1436)

A Eucaristia é, portanto, o Pão da Vida que regula a vida do homem através do Espírito Santo numa transformação que, antes, acontece dentro e transborda para fora em atos de amor, porque Deus é amor e não pode deixar de amar e fazer o homem mais semelhante a Si mesmo, ou seja, através de manifestações de amor.

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