Plantas e seus usos tradicionais

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Introdução Na sequência do primeiro trabalho realizado em 2006, na freguesia da Ilha, em Santana, no âmbito da recolha de informação sobre o uso tradicional das plantas, apresenta-se agora o trabalho realizado na freguesia da Fajã da Ovelha, uma localidade com uma significativa diversidade de plantas e usos. O Parque Natural da Madeira, em conjunto com a Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Divisão de Hortofloricultura), a colaboração da Casa do Povo da Fajã da Ovelha e da população da freguesia, vem contribuir para a preservação e valorização dos conhecimentos, tradições e crenças ancestrais associadas às plantas que, hoje, fazem parte da memória cultural desta comunidade rural e que foram passando de geração em geração, constituindo um significativo património imaterial. Efetuou-se um levantamento da flora aromática e medicinal local, registando os nomes vulgares utilizados e os usos, bem como, algumas tradições associadas, procedendo, à posteriori, à sua identificação e descrição botânica. A população da freguesia sempre se prontificou e colaborou com toda a disponibilidade, abertura e entusiasmo nas entrevistas etnobotânicas. A freguesia da Fajã da Ovelha teve início nos primórdios da colonização, já com referências como paróquia desde 1553, tendo-se formado uma comunidade significativa em torno da capela de São Lourenço, que foi considerada uma das maiores freguesias da ilha. A freguesia estende-se por uma área de cerca de 24 Km2, desde o Paul do Mar até à serra, e ainda entre as Ribeiras da Inês e a Ribeira do Alcaide, estando atualmente a uma distância de 40 Km do Funchal. “A zona habitada desenvolve-se entre as cotas de 300 e 700 m, sendo o sítio do Massapez o que mais se aproxima do nível da costa e os sítios dos Casais da Serra e do Piquinho os que mais se entranham na montanha” (Mendes, 2010). É um território muito acidentado, atravessado por muitas linhas de água em vales profundos e uma linha de costa alta e abrupta, de difícil acesso ao mar. O povoamento ter-se-á feito a partir do Paul do Mar, à procura de mais segurança, melhores pastos e terrenos para o desenvolvimento da agricultura. A população agrega-se por diversos sítios, sendo os principais: Lombada dos Marinheiros, Lombo dos Falcões, Eirinhas, Farrobo, Massapês, Fajã da Ovelha, São João, Casais da Serra, São Lourenço, Lombada dos Cedros, Raposeira do Serrado, Raposeira do Lugarinho e Maloeira. Local de grande desenvolvimento agrícola, tendo tido mesmo indústria de laticínios, segundo Mendes 2010, a população terá aumentado desde 1811, com 1686 habitantes, até 1923, com 4497. A partir desta data, a emigração para o Curaçau, Venezuela, Brasil e África do Sul fez regredir gradualmente a população, sendo esta, segundo os Censos de 2011, de 899 habitantes.


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