O brincar e a ludicidade como saberes da profissionalidade docente na educação infantil

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Tal como observamos nas pesquisas da CAPES e da ANPEd, os trabalhos focalizando ou ressaltando funções e significações do brincar na educação infantil alcançam maior interesse da comunidade científica quando relacionamos as demais categorias desse estudo.  O Brincar e a Ludicidade: Funções e Significados na Educação Infantil Selecionamos os trabalhos de Alcântara (2006), Borba (2006a), Carvalho (2008), Salgado (2010), Roure (2010), Almeida (2011) e Maynart (2012), cuja diversidade de abordagens e interesses apresenta funções e significações do brincar e da ludicidade, que contribui para a compreensão do nosso objeto de estudo quanto às conceituações do brincar em realidades distintas e a sua importância na vida das crianças. Iniciamos o nosso diálogo com Alcântara (2006), que, em uma abordagem crítica, à luz da Sociologia da Infância, investigou modos de a criança lidar e desenvolver formas de resistência a mecanismos de subjetivação e, dentre esses, a brincadeira como meio de escape ao instituído, refazendo caminhos e buscando burlar o poder no que a autora considera um jogo de subjetivação e subjetividade. Borba (2006) se aproxima de estudos culturais ao pesquisar espaços-tempos do brincar com um grupo de crianças de 4 (quatro) a 6 (seis) Declara que o brincar é um dos pilares das culturas da infância, que conceitua como "[…] formas próprias de representação, interpretação e de ação sobre o mundo"(p.02). Ou seja, tal como vimos nos estudos de Queiroz (2012), o brincar tem uma função fundamental na compreensão e construção da cultura, por ser uma atividade social significativa que pertence também à dimensão humana. Ainda nessa perspectiva, guardadas as especificidades, Carvalho (2008) investigou a brincadeira de crianças da aldeia Pataxó em Minas Gerais, e crianças moradoras do bairro Taquaril, em Belo Horizonte. A pesquisa buscou compreender a brincadeira vivida pelas crianças nos aspectos sociais e humanos. Como resultados, identificou limites territoriais e sociais diferenciadores da cultura das crianças por caracterizarem os seus jeitos de viver a infância, nos usos e, em especial, nas significações da ludicidade e do brincar na apropriação de cada cultura, aproximando-se do estudo de Queiroz (2012), que ressalta a influência da cultura nas brincadeiras na dimensão política. Também tematizando o brincar como fenômeno de cultura, Salgado (2010) investigou a relação de crianças frente à cultura midiática, em turmas de Educação Infantil: uma no Rio de Janeiro e outra em Mato Grosso. Percebeu nos grupos de pares estratégias de aproximação para fazer amizades, como meio de se inserir nos grupos e participar das brincadeiras. Avaliou que nem sempre os pares são parceiros, pois, quando a relação é regida pelo poder e


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