O brincar e a ludicidade como saberes da profissionalidade docente na educação infantil

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para conseguir um novo estado de equilíbrio (reequilíbrio) [...]" (p.31). Não percebemos na fala da professora C2 alusão ao movimento de rupturas e reequilibrações inerentes à aprendizagem a que se referem os autores acima citados, o que nos faz pensar que as práticas referidas

pela formadora em relação ao brincar podem

também integrar situações de

controle, conforme já discutimos anteriormente, mesmo que esta não perceba. Remetemonos, assim, a Fortuna (2012): "[...] dependendo de quais e como são fixados seus fins pedagógicos, o jogo desfigura-se, porque se transforma não só em atividade dirigida, mas manipuladora [...]" (p. 24-25). Trazemos a seguir falas de professoras da Instituição D, dizendo dos saberes que construíram a partir da formação continuada na escola e que também nos fizeram refletir acerca da complexidade da pesquisa nas Ciências Humanas, dadas as subjetividades que permeiam o processo, o que foi percebido no conjunto de vozes da Instituição D. Nossa interpretação é que o brincar e a ludicidade são saberes considerados importantes da prática docente junto às crianças, mas, ao mesmo tempo, em relatos anteriores, demonstravam concepções ainda muito híbridas, especialmente ao inscreverem-se visões românticas das crianças e do brincar. Emerge, entretanto, uma visão do que vivem e compartilham momentos de estudo e no seu prolongamento no dia-a-dia, como sendo decorrente de relações dialógicas que estabelecem na instituição, o que pode representar indícios da construção de uma visão mais crítica acerca do brincar e da ludicidade, relacionada a uma imagem de criança interativa, em uma escola viva. Nessa compreensão destacamos, respectivamente, as falas seguintes: da professora D1, que ressalta o repensar do brincar na aprendizagem da criança; da professora D2, sobre a importância da escuta da criança na reorganização do ambiente; da professora D3, que se refere ao brincar e à ludicidade na mudança de sua visão de escola de educação infantil; e, por fim, a fala da formadora D4, que ressalta de maneira reflexiva o repensar da brincadeira e do lúdico como elos entre as linguagens que permeiam a educação infantil e sua repercussão na aprendizagem e desenvolvimento da criança brincante, tal como Freitas (2005) encontra na sua investigação.

Trouxe um repensar para a prática pedagógica com relação à brincadeira e ao lúdico na educação infantil. Por que não é que a gente não brincasse, não é verdade? A gente sempre brincou em escola, sempre, mas o que é que ele fez repensar? Como a brincadeira é importante e como é que ela ajuda na aprendizagem. Muitas práticas a gente já fazia, mas como a gente faz agora,


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