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s u m á r io negócios 23

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Start Up

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Fitness

Gastronomia

SUSTENTABILIDADE 41

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Tendências

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Empresa verde

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Pro Bem

Turismo

CAPA

O destino Bahia ainda apresenta grandes desafios e muitas oportunidades de negócios.

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ENTREVISTA Roberta Mandelli, CEO da Tidelli in & out, conta sobre a trajetória da empresa que é líder de mercado.

LIFESTYLE 67

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Viagem

Guia Tech

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zoom+

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bloco de notas

ARTE E ENTRETENIMENTO 95

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conte aí

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Música 6

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Teatro

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Arte

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e d ito r ia l

Avenida Contorno vista do MAM

Foto: Eduardo Pelosi / Setur

Um destino particular A Bahia é um destino único. Um lugar que reúne características naturais e sociais tão peculiares que só poderia mesmo atrair pessoas de todo o mundo, ávidas por conhecer um cenário de magia pintado assim, pelo menos, nos melhores postais de nossa terra. Mas depois de aqui chegar, que sentimento acompanha o retorno desses visitantes? E o principal: o que sentem aqueles que aqui vivem, moram, curtem e fazem as férias dos turistas? O olhar para a Bahia do turismo, verão e (muito) trabalho é o que você vai encontrar nas páginas da edição 11 da Revista [B+]. Nossos repórteres traçaram um perfil das chances de negócios que existem na grande Bahia, onde desafios para melhorar não faltam, mas que também desponta com diversas novas oportunidades. Andréa Castro e Felipe Zamarioli mostram o que passa no Vale do São Francisco, em Itacaré, Vitória da Conquista, e, claro, na capital, Salvador, além das características dos principais roteiros de turismo que o estado oferece. Como o assunto é negócios, o verão realça alguns setores. Em conversa com Roberta Mandelli, CEO da 8

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Tidelli, conhecemos a inovação e a ousadia da marca líder em móveis residenciais e as apostas da empresa para as tendências da estação. Fomos visitar os sistemas de casas compartilhadas que vêm surgindo no estado; e também aprendemos sobre o espírito empreendedor de Virgínia Moraes, da Vivire, e também do grupo de designers baianos. Como uma espécie de pequeno “guia da gastronomia”, contamos a história de restaurantes tradicionais que atuam em Salvador, que vai da sofisticação do Alfredo di Roma às crenças do Rei do Pernil. Também soa Brasil afora que a Bahia é a terra da alegria e da cultura. Pois sim, as grandes festas estão presentes nesta edição. Uma oportunidade para entender como funcionam os bastidores de eventos como Carnaval, ensaios de verão e de um dos maiores festivais do país. Bom, se o destino é a Bahia, as histórias são boas. Boa leitura! A Redação.

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e x p ed iente Conselho Editorial César Souza, Cristiane Olivieri, Fábio Góis, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Isaac Edington, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Reginaldo Souza Santos, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira Conselho Institucional Aldo Ramon (Júnior Achievement) Antônio Coradinho (Câmara Portuguesa) Antoine Tawil (CDL) Jorge Cajazeira (Sindipacel) José Manoel Garrido Gambese Filho (ABIH-BA) Mário Bruni (ADVB) Mauricio Castro (Fieb) Paulo Coelho (Sinapro) Pedro Dourado (ABMP) Renato Tourinho (Abap) Wilson Andrade (Abaf)

A edição 11 traz na capa a produção da agência Morya, com a equipe de atendimento e criação formada por Edmond Midlej, Hiram Gama, Isabela Silveira e Roberto Valente Neto.

Diretor Executivo Claudio Vinagre

A cada edição, uma nova equipe é convidada para produzir a capa da Revista [B+]. Uma iniciativa que visa dar destaque aos profissionais do nosso mercado.

Editor Chefe Fábio Góis

Tiragem: 10 mil exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Grasb

Repórteres Murilo Gitel Vanessa Aragão

Capa impressa em papel Couché Suzano® Gloss 170g/m2 e miolo impresso em papel Couché Suzano® Gloss, 95g/m2, da Suzano Papel e Celulose, produzidos a partir de florestas renováveis de eucalipto. Cada árvore utilizada foi plantada para este fim.

Projeto Gráfico e Diagramação Person Design Fotografia Stúdio Rômulo Portela Revisão Rogério Paiva Colaboradores Ana Paula Paixão, Andréa Castro, Clara Corrêa, Danilo Lima, Felipe Arcoverde, Felipe Tapioca, Felipe Zamarioli, João Quesado, Jorge Seixas, Larissa Seixas, Núbia Passos, Rogério Borges, Vinícius Silva, Zeca Amaral Colunistas Carlos Sarno, Fabiana Duran, Giselle Reis, Isaac Edington, Luiz Marques Filho, Nelson Cadena Publicidade publicidade@revistabmais.com

Itamara Morais itamara.morais@revistabmais.com

São Paulo 11 3438-4473 Rua José Maria Lisboa. 860/83 CEP: 01.423-001

Portal Enigma

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Redação [B+] redacao@revistabmais.com www.revistabmais.com Salvador 71 3012-7477 Av. ACM,2671, Ed. Bahia Center, sala 1102, Loteamento Cidadela, Brotas CEP: 40.280-000

Cidinha Collet - gerente comercial cidinha.collet@revistabmais.com

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Realização: Editora Sopa de Letras Ltda. CNPJ: 13.805.573/0001-34

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m u ra l

on- line Segundo Fórum de Liderança [B+]

Fotos: Paulo Sousa / Bahia Vitrine

Promover uma plataforma de relacionamentos por meio de encontros empresariais, rodadas de negócios e seminários. Esse é o intuito do Fórum de Lideranças [B+]. Para o segundo encontro, organizado no dia 23 de novembro, no restaurante Baby Beef, o convidado foi o empreendedor, escritor e professor carioca Jack London, um dos pioneiros da internet no Brasil. O tema em pauta foi: “Tecnologia, comportamentos sociais e mídias de massa”. Estiveram presentes mais de cem lideranças do mercado baiano, que refletiram e debateram sobre como as novas tecnologias estão mudando o comportamento das pessoas e, consequentemente, a forma de fazer negócios. Entre elas, podemos citar Renato Simões (A Tarde), Maurício Castro (Fieb), Antonio Coradinho (Câmara Portuguesa), Dênis Guimarães (Grupo André Guimarães), Renato Tourinho (Abap), Eduardo Daltro (AJE-BA), Marluce Barbosa (Record Bahia), Adriana Eloy (Citibank), Aldo Ramon (Junior Achievement), Aline Reis (Ademi-BA), Maurício Lins (Home Design), Humberto Cardoso (Elemídia), José Menezes Lima Jr (Banco do Nordeste), Moysés Andrade (Secretaria da Fazenda), Sami Melo de Oliveira (Sebrae), Aline Lasza (Marcativa) entre tantos outras que prestigiaram o evento.

Encontre todo o conteúdo [B+] além das páginas da revista.

Jack London entre Isaac Edington, Rubem Passos e Cláudio Vinagre (Sócios da [B+])

Em uma plataforma multimídia, a [B+] disponibiliza todas as reportagens e matérias exclusivas para seus leitores, a qualquer momento e em qualquer lugar. Site

www.revistabmais.com Augusto Argolo (Indal) e José Menezes (Banco do Nordeste)

Facebook

Luiz Marques Filho (Sócio da [B+])

www.facebook.com/revistabmais Twitter

www.twitter.com/revista_bmais Moysés Andrade (Sefaz Bahia) Paulo Guaranys e Henrique Carvalho (Trip Linhas Aéreas) Ivan Suarez (Lazer Salvador)

Maurício Lins, empresário (Home Design e Artline)

Itana Marques e Ana Paula Marques (Consultec)

Rafael Pastori e Cássia Geraldi Montenegro (Sebrae)

Nei Lima (Dica Distribuidora)

Adriana Mira (Leiaute) e Dude (Única) Celso Passos, Sérgio Gordilho (presidente da Entur) e Júlio Cézar (A. Linhares) Cristina Barude (Lume) e Karina Brito (Shopping Barra)

App da [B+] no iPad Com o aplicativo da Revista [B+], é possível navegar por todas as edições anteriores, compartilhar os conteúdos em redes sociais e baixar as novas edições de forma gratuita e simples.

Cidinha Collet (Comercial [B+]) Renata Veiga (Mago) e Mayara Rezende (Baby Beef) Moacir Vidal (Presidente da Femicro)

h t tp://b it .l y/bmais Eduardo Giudice, diretor da Câmara Portuguesa

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@nathaliacomh - Nathalia Meirelles: “@ABAP_BA presente no segundo Fórum de Liderança da Revista [B+], muito bacana!” @alepauperio - Alexandre Pauperio: “Ambientes para impulsionar negócios. Matéria da Revista B+ que inclui a BRAIN: http://t.co/zNUEAv2C.” @elioearli - Elio Earli Jr: “O foco da Revista B+ é no mundo dos negócios, no estímulo ao empreendedorismo, criatividade, inovação. Sigam-na! @Revista_Bmais”

Café da manhã reuniu lideranças empresariais de destaque

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z o o m+

Deck de madeira com vista para o mar na nova “barraca” da Pipa, entre Praia do Flamengo e Ipitanga: qualificação

O que vai acontecer

em nossas praias? Foto: Rogério Borges

Q

O futuro da orla de Salvador, depois da derrubada das barracas há mais de um ano, ainda segue sem uma definição legal. Com a chegada de mais um verão, empresários encontram por si soluções para receber os banhistas que chegam às praias da capital por

Rogério Borges

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ualquer novidade para a reocupação da orla de Salvador terá que passar pelo processo judicial nascido em 2006 e que resultou na demolição das barracas de praia há mais de um ano. A informação da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) na Bahia diz que para mexer na orla, sem pedir licença ao Judiciário, a prefeitura de Salvador terá que aguardar a conclusão do processo movido pelo Ministério Público Federal (MPF). De acordo com o chefe da Casa Civil de Salvador, o deputado federal licenciado João Leão (PP), o projeto está a cargo da Fundação Mário Leal Ferreira, autarquia do município encarregada de prepará-lo. Não há notícia, contudo, do andamento da questão. Ninguém sabe também quando o processo judicial poderá ser concluído. Ao contrário do que aconteceu em Salvador, segundo comemora a prefeita Moema Gramacho (PT) no município de Lauro de Freitas, o Judiciário teria negado uma decisão liminar de derrubada das barracas. Com isso, a prefeitura ganha tempo para pôr de pé um Termo de Acordo e Compromisso (TAC) em que promete remover as que restaram em Ipitanga, Vilas do Atlântico e Buraquinho. O TAC já foi submetido à SPU e encontra-se atualmente em análise na Advocacia Geral da União. Para ter efeito no âmbito do

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processo, ainda terá que ser aprovado pelo MPF. A proposta é desocupar a área de marinha no prazo de seis meses – depois de realizadas novas medições na orla para determinar o que é ou não terreno de marinha. A probabilidade é de que as barracas de Lauro de Freitas fiquem de pé ainda por muito tempo. Os planos para Buraquinho incluem a construção de pequenos quiosques na frente da praça recentemente implantada. Para Ipitanga, a prefeita de Lauro de Freitas propôs um minirresort em frente ao kartódromo, um sofisticado projeto do arquiteto Fernando Frank com financiamento já garantido. Para Vilas do Atlântico, sobra a opção de transformar em restaurantes algumas das residências da orla, mas nada está definido. Enquanto Lauro de Freitas ganha tempo e Salvador adia um desfecho para a reestruturação da orla, a iniciativa privada comparece com a atividade. No exato limite das praias de Ipitanga e do Flamengo, logo no primeiro dia de funcionamento da nova “barraca” da Pipa, já havia turistas instalados no deck de madeira com vista para o mar. A barraca, que é na verdade um bar e restaurante, abriu as portas para um “test-drive” em 25 de novembro. A escassos metros dali, segue funcionando a Barraca do Lorô, pioneira da requalificação dos serviços na orla da Praia do Flamengo. Um terceiro empreendimento do gênero está em construção na mesma área. À beira-mar, na Praia do Flamengo, restaram apenas villages. As casas com acesso direto à praia já foram adquiridas para abrigar esse novo tipo de empreendimento. A derrubada das barracas, há mais de um ano, “afinal veio para bem”, admite o proprietário da Pipa – que aceitou falar com a reportagem da [B+], mas pediu para não ser identificado. O processo de desocupação da área de marinha em toda a orla da capital baiana deixou traumas que nem esta nova fase conseguiu ainda curar. “Eu só quero cuidar da minha vida, legalizado”, sem chamar atenção, diz. A derrubada das antigas barracas “prejudicou muita gente”, lembra ele. E nem todos tinham mais de R$ 1 milhão para investir na compra de um imóvel à beiramar, incluídas a remodelação e instalação de todos os equipamentos. A Pipa prepara-se para atender cerca de dois mil clientes por dia, principalmente durante os fins de semana, nas mesas

Demolição de barracas na praia de Ipitanga, em território de Salvador

O processo de desocupação da área de marinha em toda a orla da capital baiana deixou traumas que nem esta nova fase conseguiu ainda curar

Na praia de Ipitanga, administrada por Lauro de Freitas, surge novo ponto comercial

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Foto: Rogério Borges

Barraca do Lorô: modelo de negócios pós-desocupação das praias faz escola

Para mexer na orla, sem pedir licença ao Judiciário, a prefeitura de Salvador terá que aguardar a conclusão do processo movido pelo Ministério Público Federal

Prefeita de Lauro de Freitas propôs um minirresort em frente ao kartódromo

Fotos: Divulgação

Uma das novas barracas propostas pelo arquiteto Fernando Frank para Ipitanga: aprovação pendente

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distribuídas pelo amplo terreno de marinha pelo qual paga laudêmio à União. A área construída, deck incluído, está fora desse perímetro. O empresário descarta a realização de eventos noturnos por estar em área residencial. Para ele, é importante manter boas relações com a vizinhança. Parte dela recebeu bem os novos empreendimentos, principalmente por trazer alguma segurança à região. Mas há também os que não gostaram da novidade, segundo conta Jorge Santana, presidente da Universidade Livre das Dunas (Unidunas), uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) que procura acomodar as novidades na Praia do Flamengo. Para Santana, será necessário ouvir os moradores e reformar o Termo de Acordo e Compromisso (TAC) que rege a Praia do Flamengo, oficialmente um loteamento, para recepcionar corretamente os novos estabelecimentos. De acordo com a Unidunas, apenas uma pequena parte da Praia do Flamengo admite uso comercial e as áreas de marinha seriam públicas. Os empresários não se mostram preocupados, mas reafirmam a disposição de conversar com os moradores. O restante da faixa de praia da região está hoje ocupado por vendedores ambulantes e autônomos que alugam cadeiras e sombreiros. Em Ipitanga, bem próximo ao antigo estacionamento que hoje abriga uma série de boxes dos antigos barraqueiros, surgiu novo empreendimento ao lado de uma rampa destruída pela maré. Por enquanto são só duas bancadas e um piso improvisado com restos de cerâmica. A lógica do empreendedorismo indica que logo subirão as paredes. [B+]

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b lo c o d e n otas INDÚSTRIA

CONSTRUÇÃO

Peroxy Bahia entra em operação no Polo Industrial

Brasil tem o pior resultado de PIB entre os Brics

A Peroxy Bahia (PB), companhia de capital turco, vai produzir 40 toneladas/ano de água oxigenada e gerar cerca de 60 empregos diretos e 90 indiretos, com perspectivas de ampliação de mais 100 postos de trabalho. Ela foi inaugurada em Camaçari, no dia 5 de dezembro. O peróxido de hidrogênio, mais conhecido como água oxigenada, faz parte da cadeia produtiva da indústria têxtil e de celulose. Segundo o governador Jaques Wagner, com a chegada da empresa ao estado nenhuma indústria precisa comprar o produto fora da Bahia. “A produção de água oxigenada vai proporcionar uma receita anual de R$ 60 milhões, com uma reversão para o estado de R$ 15 milhões, na forma de impostos”, diz Roberto Blanco, vice-presidente da Peroxy Bahia.

O Brasil teve o pior resultado entre os Brics, incluindo a África do Sul, para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2011, em comparação com o mesmo período de 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto a economia brasileira registrou expansão de 2,1% no período, a China teve alta de 9,1%, a Índia teve aumento de 6,9%, a Rússia se expandiu 4,8%, e a África do Sul registrou crescimento de 3,1%. Na comparação com o trimestre anterior, o comportamento do PIB do Brasil, que teve expansão nula no período (0,0%), ficou atrás de Japão (1,5%), Noruega (1,4%), México (1,3%), Coreia do Sul (0,7%), Chile (0,6%), Alemanha (0,5%), Estados Unidos (0,5%), Reino Unido (0,5%), França (0,4%) e União Europeia (0,2%).

Kimberly-Clark investe R$ 100 milhões em fábrica na Bahia A maior produtora mundial de material de higiene, a empresa Kimberly-Clark, vai se instalar em Camaçari, com investimentos na ordem de R$ 100 milhões e previsão de gerar 430 empregos. A multinacional foi atraída pelos insumos que serão produzidos no futuro polo acrílico, cuja pedra fundamental foi lançada no final de novembro pela Basf, que pretende investir R$ 1,2 bilhão na planta de acrílico que construirá em solo baiano. Presente há 15 anos no Brasil, a KimberlyClark atua em 35 países e tem seus produtos comercializados em mais de 150 nações. A multinacional tem planos de investir R$ 250 milhões no Nordeste em uma fábrica e em um centro de distribuição. Embora não tenha confirmado que a Bahia foi o estado escolhido para este fim, a informação foi confirmada pelo governador Jaques Wagner no dia 21 de novembro.

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Foto: Divulgação

PIB baiano cresce 2,6% no terceiro semestre Embalado pelo bom desempenho de setores como a agropecuária e serviços, o Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia registrou alta de 2,6% no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2010, de acordo com dados divulgados no dia 7 de dezembro pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). O primeiro segmento citado cresceu 10,4%, e o segundo 4,3%. A estimativa preliminar da SEI é de que a atividade econômica da Bahia finalize este ano com uma expansão de 2,5%, em relação a 2010. Outro dado positivo é o aumento nas exportações. Entre janeiro e setembro deste ano, a Bahia exportou um total de US$ 8,1 bilhões, com crescimento de 22,6%, em relação ao mesmo período de 2010, com US$ 6,6 bilhões. Elas se concentram nos segmentos de químicos e petroquímicos, papel e celulose, petróleo e derivados e soja, representando 63,3% do total. Entre os países que mais compram produtos baianos estão: Argentina, China e Estados Unidos.

Empresa paranaense quer instalar unidade em Barreiras A empresa paranaense Moinho Régio planeja instalar uma unidade de processamento de trigo na cidade de Barreiras. Representantes da empresa já estão selecionando uma área para a instalação da unidade. Cerca de 40 empregos diretos serão gerados com a implantação do negócio. A expectativa é expandir a indústria para trabalhar, também, com a moagem de milho. “Sabemos que os agricultores não produzem mais por não ter onde colocar, com a chegada da Moinho Régio facilitaremos a rotação de cultura com o trigo e ampliaremos o mercado do milho”, destacou a prefeita da cidade, Jusmari Oliveira.

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Frutos Dias é eleito “varejista do ano” pela CDL A Câmara de Dirigentes Lojistas de Salvador (CDL) deu a Frutos Dias, gerente da concessionária homônima, o prêmio de varejista do ano como forma de reconhecimento ao trabalho que ele desenvolve, após ter herdado do avô a empresa, que completou 88 anos de atuação. “Esse é um prêmio muito importante, que nos dá o reconhecimento pelo trabalho que desempenhamos. Além disso, ele valoriza os nossos índices de desempenho e também os nossos clientes”, destacou Frutos Dias. A Frutosdias é a concessionária GM que mais vende carros para táxi no Brasil e também a que mais comercializa consórcios. “Durante um tempo, a Chevrolet precisou atrasar o lançamento dos novos carros. Mas, agora, com a chegada de novos modelos, temos boas opções de crescimento para 2012”, projeta.

Dow lança solução inovadora para argamassas de revestimento A Dow apresentou no dia 21 de novembro, em São Paulo, uma tecnologia diferenciada para argamassas de revestimento desenvolvida a partir de éteres de celulose. Entre os principais benefícios da linha WalocelTM MKW, a empresa destaca a maior facilidade na aplicação e nivelamento da argamassa, resistência a altas temperaturas e ar incorporado estabilizado, permitindo uma argamassa mais leve e tempo de pega otimizado.

Prêmio Excelência na Construção reconhece qualidade da gestão A quinta edição do Prêmio Excelência na Construção Bahia Ciclo 2010/2011 foi realizada no dia 17 de novembro, no auditório do Sinduscon-BA. Os premiados foram Sertenge S/A (categoria Prata), Pampulha Engenharia e Mills Estrutura e Serviços de Engenharia (Bronze). A premiação reconhece os esforços empreendidos para fomentar a qualidade da gestão das organizações ligadas ao setor da construção ao seguir padrões de excelência, além de disseminar as boas práticas e avaliar seus resultados. “No momento que o setor está aquecido, é necessário estar preparado para melhor gerir as empresas, destacou Carlos Alberto Vieira Lima, presidente do Sinduscon-BA.

CRÉDITO

Microcrédito bate recorde em novembro O programa de microcrédito da Bahia, CrediBahia, bateu recorde de produção no mês de novembro, liberando R$ 4,1 milhões através de financiamento direto a empreendedores baianos. Apesar das dificuldades enfrentadas nos meses de setembro e outubro, comprometidos com as greves dos Correios e dos bancos, o CrediBahia já ultrapassou a meta de R$ 28 milhões de financiamentos estabelecida pela Desenbahia para 2011. Segundo o gerente de Microfinanças da Desenbahia, Marcelo Mesquita, soma-se ainda a este resultado positivo a aplicação de R$ 5,5 milhões em instituições operadoras de microcrédito, que repassam recursos da Desenbahia. O total de financiamentos do microcrédito em 2011 já alcançou R$ 33,9 milhões, o que representa 32% de crescimento sobre o mesmo período do ano anterior e 121% de cumprimento da meta anual da Agência de Fomento.

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mídia+

por Nelson Cadena

Em Boston

EMPREGOS

João Silva, diretor da Maria Publicidade e do Instituto Maria Preta, esteve em Boston, nos Estados Unidos, a convite da Boston University (BU), dia 29 de novembro. Falou sobre “comunicação e a comunidade latino-americana” para uma plateia formada por empresários convidados e mais professores e seus alunos de pós-graduação e graduação do College of Communication, formandos dos cursos de publicidade, RP, televisão e jornalismo. João mostrou como uma linguagem simples, eficiente e popular pode gerar identificação entre produto e comunidade e produzir casos de sucesso local e mundial, como a marca do Olodum, criada por ele.

Em Brasília

Pérolas de Nizan

O humor é a tônica da campanha da Tempo Propaganda para a corretora de seguros do Banco de Brasília, veiculada em todas as mídias, no fim do ano, no Distrito Federal. O plus está no planejamento e na estratégia, toda fundamentada em pesquisas Ipsos Marplan com o software Galileu. Através da ferramenta a agência avaliou o perfil do público-alvo, hábitos de consumo, atitudes de compra...

Nizan Guanaes empolgou a plateia na festa do prêmio Colunistas, realizada no dia 23 de novembro, no restaurante Amado, com frases bem ao seu estilo polêmico e provocativo: “Gente boa é bom estar em grupo, em bando.” “Esse país é gigante pela própria natureza, vem com slogan no próprio hino!” “É bom disputar com gente boa. Disputar com gente ruim é um jogo de squash e o bom é jogar tênis”. “O sujeito que torce contra o seu concorrente é burro... É bom pro mercado que haja competência”. “A pior coisa é concorrência ruim. É a competência que melhora e qualifica a concorrência e o trabalho dos anunciantes”. “O Nordeste vive um momento de ouro, mas o trabalho de construção de marcas no Nordeste precisa ser trabalhado”.

Prêmio Aderbal Linhares Os criativos baianos vão ter uma nova motivação. Breve, a Central de Outdoor Bahia irá lançar oficialmente o prêmio Aderbal Linhares, com regulamento e hotsite que reunirá todas as informações da premiação a ser realizada em agosto de 2012. Sabemos que terá duas categorias: Institucional e Mercado, e abrangerá os profissionais de criação, atendimento e mídia. O nome do prêmio é uma homenagem ao pioneiro da mídia exterior na Bahia, pai de José e Adilson Linhares.

É de Bianca O nome dela é Bianca Issles, estudante do curso de publicidade da Unifacs. Ela fez bonito no concurso cultural da Central de Outdoor, intitulado “Sem outdoor não dá”, que contou com a participação de estudantes de todo o país. Bianca foi para São Paulo, aguardou com expectativa o resultado, e foi só alegria quando o nome dela foi apontado pelo mestre de cerimônias como vencedora do concurso. Ganhou um iMac e um belo prêmio para o currículo. Quando se formar, já chega ao mercado de trabalho exibindo o diploma. 20

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Itabuna: crescimento de emprego e renda segundo

Petrobras procura fornecedores para o pré-sal

A cidade está entre os dez municípios baianos que mais apresentaram avanço na geração de oportunidades de emprego e elevação da renda. Um índice divulgado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) coloca a cidade de Itabuna entre as dez cidades baianas que mais apresentaram avanço na geração de oportunidades de emprego e elevação da renda. A cidade da região cacaueira contribuiu para que a Bahia apresentasse melhora no Índice de Desenvolvimento dos Municípios, em sentido contrário do que se observou no cenário brasileiro.

Preocupados com a capacidade da indústria para atender à forte demanda do pré-sal, Petrobras e BNDES estão rodando o Brasil em busca de novos fornecedores. O objetivo é encontrar empresas dispostas a adaptar suas plantas para produzir equipamentos de óleo e gás no mercado nacional, o que amenizaria os problemas para cumprir a cota de conteúdo local nos projetos. Vale até empresas que atuam em outros ramos de atividade e nunca produziram uma única peça para o segmento. A Petrobras já teve contato, por exemplo, com a Tramontina, fabricante de produtos como talheres e ferramentas elétricas.


ráp ida

Investir em atendimento para manter liderança regional

startup 24 | carreira 36 | economia 38

interior, que tem se desenvolvido bastante, principalmente com a abertura de lojas próprias junto a parceiros. Já temos olhado com muito carinho para municípios como Vitória da Conquista e Itabuna, por exemplo.

negócios

O conceito “store”, principal característica das lojas inauguradas em setembro e outubro, é uma aposta da operadora para a Bahia? A chance de sucesso é boa? Sim, porque na Bahia tem clientes sofisticadíssimos, ao contrário de quem imagina que é só em São Paulo que eles existam. O perfil de clientes nesse sentido está cada vez mais equilibrado. Os clientes estão ascendendo de classes sociais, de C para B, de B para A, e têm mais acesso a informação, adquirindo um bom nível de exigência. A nossa tônica daqui para a frente é focar na melhoria da qualidade de atendimento e serviço, investir mais no treinamento das pessoas. Eduardo Valdes, diretor de vendas consumer da TIM no Nordeste (ao centro), junto com Bobô (à esq.) e André Catimba, ídolos de Bahia e Vitória, respectivamente

L

Como o senhor avalia o perfil do cliente baiano? O cliente de pré-pago baiano fala, em média, um minuto a mais do que o perfil do cliente do Sul do país, especialmente para longas distâncias. E nós temos incrementado muito esse tráfego de ligações por meio de nossas promoções, como a Infinity, em que você paga apenas R$ 0,25 por chamada, sem limite. Antes, as pessoas eram obrigadas a falar pouco e logo desligar os aparelhos, hoje não.

O Nordeste representa hoje 30% dos negócios da TIM. Como fazer para manter a liderança do número de clientes na região em um mercado tão acirrado? É uma parcela bastante significativa. Estamos com o conceito de ampliar as lojas próprias em Salvador, a exemplo das que já implantamos nos shoppings Iguatemi e Salvador. Ano que vem teremos uma loja no shopping Barra. Também vamos crescer no

O lançamento recente da promoção Infinity do Bahia e o do Vitória busca explorar a paixão do torcedor baiano por futebol no sentido de promover mais a marca TIM? É uma plataforma de relacionamento com as torcidas apaixonadas de Bahia e Vitória, dois times maravilhosos, o que nos dá a certeza de que será uma parceria de sucesso, até porque os baianos, de forma geral, são muito sensíveis às promoções e adoram futebol. O chip tem conteúdo gratuito dos clubes e todos os benefícios do Infinity Pré.

Fotos: Divulgação

íder na regional Nordeste, com 14.830 milhões de clientes (880 mil novas linhas na região só no mês de outubro), a TIM pretende manter-se na ponta do mercado em 2012, por meio de investimentos na melhoria do atendimento e serviços, além da abertura de lojas próprias da marca. Salvador e a Bahia como um todo devem ter atenção especial da companhia, conforme adiantou à [B+] o diretor de vendas consumer da operadora no Nordeste, Eduardo Valdes.

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O empreendedorismo da Vivire

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Corpo e mente em equilíbrio

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Tradição e bom gosto


n e g ó c io s | s t a r t u p Qual o objetivo?

Design em

movimento

Foi a partir da ideia de criar uma hashtag na rede social Twitter que nasceu, no segundo semestre de 2011, o movimento #DesignBaiano, que busca reunir e integrar, de maneira politizada, os profissionais da área por murilo gitel Foto: Divulgação

Designers baianos participaram recentemente da Conferência Livre de Design na Secult

Felipe Arcoverde (à dir.) é um dos idealizadores do movimento #DesignBaiano, (à esq.) o designer Augusto Leal

Q

ue a criatividade é uma das principais características do baiano não é novidade alguma. Imagine então como deve pulsar esse atributo no segmento de design. Foi justamente de uma iniciativa bem pensada que nasceu o movimento #DesignBaiano, criado em agosto deste ano, a partir de uma hashtag no Twitter. Um dos idealizadores é o designer gráfico Felipe Arcoverde, 29 anos. Ele conta que queria fazer algo pelo design há um bom tempo e foi quando a ideia de usar a hashtag #designbaiano teve uma boa resposta. “A partir dela, o designer Thiago Borba propôs a criação de uma Api (Application Program Interface) na rede social, pela qual criamos o site www.designbaiano.com.br”, explica Arcoverde. Os principais objetivos do movimento incluem valorizar, divulgar e integrar os designers baianos, profissionais que hoje desenvolvem trabalhos em agências de publicidade, gráficas, escritórios de design ou mesmo como freelanceres, como é o caso de Augusto Leal, 24 anos, um dos integrantes da ação. “É uma iniciativa muito importante, porque ajuda a unir a classe, articular trabalhos, criar uma rede de trocas de informações, além de nos valorizar”, destaca Leal. Profissional com experiência em design estratégico, Mário Bestetti, 43 anos, ressalta que a iniciativa pode ajudar a mudar a visão fragmentada da atividade na Bahia. “Não concordamos com segmentações, mas sim com uma entidade capaz de proporcionar a união”, defende. O designer lembra que a falta de unidade teria contribuído para o fim de uma entidade com propósito semelhante, a Associação Bahia Design, criada no início dos anos 2000. “Desde então, estávamos órfãos de um espaço para integrar os designers baianos, com o objetivo de trocar experiências”, completa Bestetti, que atualmente é dono de um escritório próprio, o Overbrand. Felipe Arcoverde, que também é sócio-diretor da Person Design, lembra que a ideia inicial do novo movimento foi catalogar os designers da Bahia através da hashtag, que uma vez ‘twittada’ faz com que o seguidor seja incluído automaticamente na Api, ficando com a foto e as principais informações do perfil no Twitter em visibilidade no site. “Com o tempo, por meio de reuniões com pessoas que foram chegando ao grupo, nossa ideia foi aumentar isso, não ser só uma Api no Twitter, mas incorporar algo mais abrangente”, conta Arcoverde.

O movimento ganhou forma Na primeira semana de dezembro, a iniciativa ajudou a trazer para Salvador o designer Alexandre Wollner, considerado um dos principais nomes na formação do design moderno no Brasil. “Através do @designbaiano, entramos em contato com os responsáveis da Penso Eventos e eles nos disseram que, se sentissem um bom número de pessoas interessadas no curso de Wollner, trariam o evento para Salvador. Então coloquei na rede: ‘Quem quer Alexandre Wollner em Salvador responda: eu quero!’. Nós tivemos uma aceitação grande. Foi uma forma de divulgar”, argumenta Arcoverde, que afirma que o movimento é aberto a qualquer designer ou pessoa ligada à área, inclusive estudantes. Atualmente, o grupo conta com mais de 130 seguidores no Twitter e 200 curtidores no Facebook. Outra resposta positiva foi a mobilização para que os designers participassem da Conferência de Livre Design, promovida pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult). “Fizemos uma divulgação em nossas redes sociais e conseguimos a presença de 46 designers, o que surpreendeu a própria secretaria”, enfatiza Arcoverde. Já nos dias 1º e 2 de dezembro, os profissionais do setor participaram da IV Conferência Estadual de Cultura. Uma das reivindicações foi a de que o segmento passe a ser um eixo setorial ou uma subárea da Secult – atualmente, integra a subárea do segmento Serviços Criativos, que também pode ser considerada uma subárea, nessa estrutura. “Não queremos ser vistos como uma subárea, mas sim como um segmento de função transversal, até porque tem design em todos os eixos produtivos do nosso estado, como indústria e turismo, por exemplo.

Mapear Ter noção do tamanho do mercado de design na Bahia. Quem são, onde estão e o que fazem esses profissionais. Integrar Agrupar para ganhar força. Força para realizar eventos, para representar o estado fora do mesmo e, quiçá, do Brasil. Valorizar Mostrar que a Bahia tem profissionais de qualidade. Divulgar Ser referência na Bahia, não apenas para os designers, mas para as instituições de ensino, empresas e sociedade, e depois ser referência nacional e mundial em design.

Algumas das opiniões dos membros do movimento no Twitter: @Marlllon Marllon Carvalho #DesignBaiano é um design arretado, cheio de personalidade e originalidade, e com toque de dendê

@matthausweb Lothar Matthaus Todos tem mercado! Mas comparando com outros, a diferença é absurda. Inclusive em valor de mercado #DesignBaiano

@appaixao Ana Paula Paixão Sim! Precisamos trabalhar com ética, responsabilidade, comprometimento e conhecimento p cobrarmos uma resposta do mercado #DesignBaiano

Precisamos de um olhar mais próprio”, defende Bestetti. Ao término da conferência, os designers baianos conseguiram a criação de um edital público de fomento ao design, o que inclui um fundo estadual de investimento intersetorial e a implantação de um centro de referência, propostas já aprovadas para integrar o Plano

Estadual de Cultura da Secult. Sobre perspectivas para 2012, planejam realizar quatro eventos ao longo do ano, aumentar o número de participantes e finalizar um projeto de apresentação da ação, que deverá ser disponibilizado no sistema de financiamento colaborativo no site Catarse. [B+]

Foto: Peterson Sitônio

Alunos do curso de Identidade Visual com Alexandre Wollner

Foto: Peterson Sitônio

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O universo Vivire “Gostaria muito que os baianos consumissem mais a moda baiana. Temos que valorizar o que é nosso. Só assim nosso estado cresce em todos os sentidos”

Fotos: Divulgação

Virgínia Moraes, empresária no setor de moda praia e criadora da marca Vivire, conta como faz para manter a regularidade de vendas no setor e ampliar a atuação no mercado nacional

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m 2012, a marca baiana de moda praia Vivire completa 15 anos de mercado, sendo uma das poucas sobreviventes de longa data do ramo no estado. A confiança e o espírito empreendedor de Virgínia Moraes, administradora e pós-graduada em moda, arte e contemporaneidade, são algumas das características que permitem o sucesso da empresa. Inicialmente com duas lojas em Salvador e duas em Praia do Forte, Virgínia expandiu nacionalmente a rede em 2010, firmando presença em Recife (PE), Vitória (ES), Ribeirão Preto (SP), Ilha Bela (SP), além do interior baiano, como Alagoinhas, Entre Rios e Vitória da Conquista. “Digo que levamos 14 anos para formar nossa marca no varejo da Bahia, com consistência e admiração dos baianos e

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das faculdades de moda”, comemora, ao acompanhar os novos mercados conquistados. Os reconhecimentos também chegaram ao longo dos anos. O Sebrae premiou a Vivire, em 2010, em boas práticas, o que, segundo Virgínia, se deve ao projeto de apoio ao GACC, que a empresa faz há seis anos. Já no início de 2011, o Senai Bahia selecionou a marca para ser a empresa-piloto a participar de uma consultoria do Politécnico de Milão, uma das mais importantes escolas de design do mundo. Sobre as possibilidade de fazer negócios darem certo na Bahia, Virgínia ressalta: “O mercado é grande, mas é preciso que os empresários saibam como crescer diante do novo perfil de consumidores contemporâneos. A reciclagem e capacitação são imprescindíveis para a maturidade desse novo olhar”. O resultado dessa confiança está em números. A Vivire cresce em torno de 10% ao ano, chegando a 30% durante o verão. Como surgiu a Vivire? Criei a marca em 1997. Sempre tive o espírito empreendedor e, no final do meu curso de administração de empresas, resolvi iniciar meu próprio negócio. Escolhi a moda por ter uma transversalidade com o tema.

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Como você vê o cenário das marcas produtoras de moda praia na Bahia? Esse cenário na Bahia está em grande processo de redução. Infelizmente, em 2010, observamos o fechamento e enxugamento de algumas indústrias e marcas importantes no nosso segmento. Refiro-me ao setor de confecções como um todo e não apenas moda praia. Isso se deu por inexistência de políticas públicas que olhem para o nosso setor de confecções como um grande aliado no combate à desigualdade social. Sempre digo que grandes empresas geram riqueza para o país e pequenas empresas geram distribuição de renda. A demanda por produtos de moda praia é bastante significativa. É necessário somente saber em que públicoalvo se quer chegar. Gostaria muito que os baianos consumissem mais a moda baiana. Temos que valorizar o que é nosso. Só assim nosso estado cresce em todos os sentidos. Onde são feitas as peças da Vivire? A produção é feita por facções (pequenos grupos de costureiras) em Salvador. Nossa mão de obra é local. Apesar de a gente saber que diversas indústrias estão optando por produzir no exterior, utilizando mão de obra escrava, procuramos sempre investir na sustentabilidade do nosso setor

local. Temos um núcleo de criação e desenvolvimento de produto na nossa matriz, com profissionais formados em moda e alguns deles pós-graduados. Temos um compromisso em propor um trabalho onde a pesquisa, o design e a paixão em fazer moda são aspectos imprescindíveis. Como vem sendo feita a expansão do negócio? Digo que levamos 14 anos para formar nossa marca no varejo da Bahia, com consistência e admiração dos baianos e das faculdades de moda. O atacado da marca foi iniciado ano passado e estamos buscando aos poucos os novos mercados. Não se abre a carteira de cliente da noite para o dia. Um dos nossos planos a médio prazo é atender as solicitações de franquia da marca. A Vivire costuma usar a frase que diz: “Para quem tem o espírito dos trópicos, o que menos importa se é inverno ou verão”. Qual é a mensagem que vocês querem passar com ela? A regularidade de venda é nosso principal desafio. Hoje temos duas linhas de produto. A linha Praia, que é a mais conhecida; e a linha Balneário. A Balneário surgiu como uma forma de driblar a sazonalidade e porque identificamos que nosso cliente queria estar fazendo parte do nosso

“Universo Vivire” durante todo o ano. Assim, a Vivire buscou a nossa essência baiana de espírito alegre, extrovertido, leve e sempre disponível em acolher. A moda Balneário abusa das estampas exclusivas, dos tecidos escolhidos criteriosamente com o objetivo de propiciar mais conforto e leveza aos nossos clientes. Por isso nasceu a frase acima. Como é a preparação para o verão? Intensa, pois é nossa mais importante estação. Iniciamos nossa pesquisa do tema cerca de seis a sete meses antes. Como trabalhamos com tecidos e estampas exclusivos, o processo é bastante demorado e é todo feito fora do nosso estado, por não termos indústrias têxteis. Como tem mantido a marca durante tanto tempo e tem driblado as dificuldades? Nossa proposta era diferenciada desde o começo. Lógico que ela foi aprimorada ao longo desses 14 anos. Acredito que a busca do conhecimento científico, do design diferenciado, do investimento em estampas exclusivas, ambientes de loja contemporâneos e parcerias com bons profissionais fizeram com que a Vivire fosse percebida de forma diferente por esses novos consumidores. [B+]

Vivire precisou de 14 anos para consolidar a marca no mercado

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n e g ó c io s | m e rcad o

Saúde em boa forma A reconfiguração das novas academias como centros de bem-estar, a ascendência do elo entre a qualidade de vida e a estética e a ampliação dos negócios na área demonstram o atual estágio da cultura fitness na Bahia por Vanessa Aragão

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O triatleta Pedro Paulo Bandeira e sua rotina de treinamento: natação, ciclismo e corrida Fotos: Rômulo Portela

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or melhoria da qualidade de vida, diminuição do estresse, promoção da saúde, hobby, corpo definido, perda de peso ou lazer. Seja qual for o objetivo, a prática de exercícios físicos se tornou praticamente indispensável em nosso atual modelo de vida. Mas o que tem provocado a mudança de hábitos dos brasileiros e mais especificamente dos baianos em relação ao corpo? E como os donos desses negócios e investidores da área estão suprindo essa demanda? “O mercado fitness, não só no Brasil, mas no mundo todo está em franca expansão. A demanda está crescendo, em função da mídia e dos médicos que têm influenciado muito”, diz Leandro Cardoso, sócio da rede Alpha Fitness, que tem a primeira unidade da academia localizada na Vila Laura. Paulo André Cavalcante, proprietário da Estação Atlética, academia voltada para atividades aquáticas e musculação, diz que há 12 anos (quando inaugurou a unidade) não se cogitava ter uma pessoa da terceira idade, com artrose e outros problemas nos ossos, fazendo musculação, pegando peso. “Sem dúvidas é mais uma questão de saúde do que de estética. A gente observa que as diferentes gerações da mesma família continuam na academia, um leva o outro, avós e netos se encontram lá”, completa Cavalcante. O triatleta Pedro Paulo Bandeira concorda que o aumento da informação contribuiu para que a atividade física ultrapassasse os objetivos estéticos e estivesse cada vez mais relacionada com a saúde e o bem-estar. Para ele isso resulta no aumento da quantidade e da qualidade não só nas academias como das assessorias esportivas. “Atualmente, acredito que estamos na terceira posição nessa área de educação física, atrás de Rio e São Paulo” destaca.

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Nesse ritmo, o mercado soteropolitano do setor não para de crescer, tanto em número de matrículas, como em atividades, grupos de corrida e academias. Acompanhando a tendência da cidade, a rede de academias Alpha Fitness está se expandindo e inaugura uma nova unidade no Costa Azul, com capacidade para 2.500 pessoas. Além dessa, já está tudo preparado para a terceira, na Barra. “Desenvolvemos uma pesquisa de mercado nesses bairros para saber o grau de satisfação do atendimento dos clientes e avaliar os objetivos dos frequentadores de academias. Como está caindo a cultura do fitness e agora o bem-estar é mais valorizado, nosso trabalho vai ser todo estabelecido pelos médicos. Teremos endocrinologistas, nutricionistas, avaliadores físicos dentro da academia, fazendo um tratamento diferente”, explica Leandro Cardoso.

Centros de bem-estar Na nova configuração das academias, elas passaram a ser denominadas como centros de bemestar, por concentrarem uma série de atividades voltadas para a melhoria de vida. Ioga, pilates, boxe, dança, hidroginástica, natação, krav–magá, jiu-jítsu, muay thai, clubes de corrida, capoeira, massoterapia, dentre outras atividades, proporcionam variadas opções para um público cada vez mais diversificado. A academia Vidativa, dirigida por João Nunes Dias Júnior, nasceu em 2006 com o conceito multidisciplinar e mostra que esse é um desejo do mercado. “Está comprovado pelos próprios alunos que essa é a grande tendência. É gratificante quando ouvimos de algumas pessoas que não gostavam de academia e que agora não conseguem ficar sem frequentar”, garante.

Ao completar dez anos em 2011, a Villa Forma trouxe novidades como o squash e a ginástica funcional, que prepara o corpo para o melhor desempenho das atividades do dia a dia. Carol Sousa, dona da academia, afirma que o carro-chefe ainda é a musculação, mas há bastante interesse nas outras atividades. “A preocupação com a estética é muito forte, mas a maioria entende que a saúde está em primeiro lugar”, garante Carol. Além da sazonalidade soteropolitana na frequência das academias – no inverno sempre há uma queda, entre outubro e dezembro há um aumento de matrículas, e o ápice se encontra nos meses de março e abril –, o proprietário da Estação Atlética percebe que ainda há muita dificuldade para abrir academias pela inviabilidade imobiliária. “Para construir uma academia de médio a grande porte é necessário um local grande, perto da residência das pessoas, de

fácil acesso. Uma área dessa com uma boa localização é praticamente impossível em Salvador hoje em dia”, declara Cavalcante.

Crescimento esportivo Com a experiência de quatro anos em uma academia, o personal trainer Paulo Marques avaliou o mercado e resolveu montar seu próprio negócio, a Evolution Assessoria Esportiva. Ela é destinada a desenvolver projetos de musculação, aulas de futsal, natação, hidroginástica em condomínios e empresas. “A maioria dos grandes e médios empreendimentos tem academia, é muito cômodo você fazer um exercício físico sem sair de casa, além de ter a segurança e de evitar o trânsito caótico. Então concentramos tudo isso onde as pessoas moram. A comodidade das academias nos condomínios já é uma realidade e isso vai crescer ainda muito mais”, torce.

Ao completar dez anos em 2011, a Villa Forma trouxe novidades como o squash e a ginástica funcional para seus alunos

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Foto: Rômulo Portela

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Assim como as academias e assessorias, as redes de lojas esportivas também trilham o mesmo caminho, como é o caso da Centauro, que tem cinco lojas em Salvador. Gerente da loja no Iguatemi, Marcelo Miranda percebe que o Brasil está muito voltado para o esporte e que as pessoas consomem mais no verão e em eventos sazonais. Com expectativa de crescimento anual entre 8% a 12%, Marcelo afirma que informação e orientação são cruciais tanto para as atividades quanto para as compras: “Há pouco tempo saiu uma matéria na televisão sobre o bom uso da corda para a prática de exercícios aeróbicos. A procura desse acessório foi a que mais cresceu em todas as lojas. A cultura do corpo, saúde, bem-estar, esse tipo de imagem que é vendida hoje contribui muito para o crescimento do segmento esportivo”, explica Miranda. A gerente da loja Track&Field do

Salvador Shopping, Vanessa Oliveira, afirma que, além da segunda unidade instalada no Shopping Barra recentemente, há espaço na capital baiana para mais lojas da marca: “Salvador está em pleno crescimento esportivo, essa foi a segunda loja na capital, mas com certeza tem mercado para uma terceira e quarta. Esse crescimento não está ligado só ao culto ao corpo e sim à busca de uma melhor qualidade de vida”.

Clubes de corrida Outro resultado desse momento vivido no Brasil é percebido em Salvador com o aumento do número de treinadores de grupos e de adeptos da corrida de rua. André Araújo, presidente da Associação de Treinadores de Corridas de Rua (Atec-BA), que existe há dois anos, e treinador do grupo Corpus Vitalle, diz que hoje são cerca de 70 profissionais

Segundo a nutricionista Izabella Ferraz, os cuidados com o corpo aumentam no verão. Para manter a forma e a autoestima são indispensáveis uma boa alimentação e a prática de atividades físicas, como: Alimentação

O café da manhã é fundamental, almoço e jantar leve. Entre essas refeições, fazer lanches ricos em fibras e minerais, como frutas frescas, castanhas do Pará ou sementes de abóbora e gergelim. A hidratação é fundamental ao organismo e nenhum líquido substitui a água.

Atividades

Nesta estação, costumamos priorizar atividades ao ar livre, como a natação, corridas, caminhadas. O importante é que a atividade escolhida seja prazerosa. Uma dica básica é estar alimentado antes da prática de qualquer atividade física.

Pele O uso de protetor solar é indispensável, independente da época do ano, porque evita doenças decorrentes da exposição ao sol e mantêm uma pele saudável e sem manchas. No verão, são recomendados procedimentos como uma esfoliação suave semanal e hidratação diária com produtos adequados ao tipo de pele.

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cadastrados e estima que existam 100 grupos na cidade. “De três anos para cá o crescimento foi vertiginoso. Para se ter ideia, em 2009, nós tivemos aqui cerca de 36 corridas. Em 2010, esse número já pulou para 48, e este ano nós chegamos a 70, com grandes provas, grandes circuitos”, ressalta. Nos clubes ou grupos de corrida, há horários e locais pré-determinados para treinos acompanhados e as pessoas recebem recomendações de acordo com o objetivo de cada um. Segundo Araújo, pode-se dizer seguramente que a capital baiana hoje é um polo de corrida de rua: “Salvador hoje tem o maior número de provas, o maior número de grupos de corrida, o maior número de cadastrados na Federação Baiana de Atletismo como corredor de rua (cerca de dois mil). Com certeza é o maior polo do Nordeste”. O triatleta Pedro Paulo Bandeira acredita que, como todo fenômeno social, as pessoas vão praticando, gostam e chamam as outras. Assim os eventos se multiplicam e o crescimento acontece. “Isso é bom, uma moda saudável, que pegou e continua evoluindo. Esses grupos estão cada vez mais se aperfeiçoando com relação às orientações multidisciplinares. Não é só a prática da atividade física. Ela está em conjunto com a alimentação, a fisioterapia, profissionais de educação física, uma série de coisas que fazem parte do treinamento da assessoria esportiva”, explica. Para a fisioterapeuta Evellyn Rangel, as pessoas têm se preocupado mais com saúde de uma forma geral e vários fatores podem estar associados, como o maior número de informações sobre saúde, o aumento da expectativa de vida, o sedentarismo e o estresse do dia a dia. “Tudo isso tem nos levado a buscar a saúde e o bemestar”, conclui. [B+]

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Com o segredo no tempero e na tradição

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m meio às vielas do Comércio de Salvador, precisamente na rua Conselheiro Saraiva, nº32, há uma lanchonete que sobrevive às mudanças vizinhas e acolhe um punhado de clientes fiéis. O Rei do Pernil foi fundado há exatos 80 anos pelo pai de Manolo, um espanhol simpático que começou no negócio com 14 anos e hoje recebe ajuda do filho, Fernando Perez, na gerência do estabelecimento. A tradição está preservada nos mínimos detalhes. Seja no quadro em homenagem a Nossa Senhora de Aguassanta, mandado fazer pela esposa de Manolo; ou pelas três velas que o espanhol acende pedindo proteção enquanto durar o dia de trabalho. A lanchonete funciona de segunda a sábado, das 7h às 18h, mas os trabalhos começam às 4h. Essa hora é quando Perez chega para preparar o pernil, que demora de duas a três horas para ficar pronto. Os apetitosos sanduíches levam nomes de pontos turísticos de Salvador, como o Elevador Lacerda (pernil, queijo e salame em um pão italiano) e o Plano Inclinado (pernil, queijo e presunto). Outros tantos restaurantes de Salvador conservam a clientela há muitos anos. Listamos a seguir uma seleção de delícias gastronômicas que apaixonam tanto baianos quanto turistas.

Estabelecimentos em Salvador preservam antigos costumes para fidelizar um público que gosta de bom humor, descontração e um tempero irresistível por Vinícius Silva

Manolo exibe o tradicional sanduíche de peru - preparo da carne leva até três horas

Recanto da Tia Maria Avenida Constelação, 213, Pedra Furada – Monte Serrat Com mais de 35 anos de cozinha, o dendê do Recanto da Tia Maria já foi até pauta do jornal britânico The Guardian. Entre moqueca de peixe, casquinha de siri e bolinho de bacalhau, o siri-boia é o prato mais pedido do restaurante, acompanhado de farofa e vinagrete. O “Recanto”, que começou como uma quitanda de frutas, é praticamente uma sala de estar, onde a proprietária recebe os amigos e conversa sobre a vida. Com os frutos do mar preparados na hora, Maria explica que o movimento é imprevisível: “Às vezes alguém liga avisando que vem e faz logo o pedido do almoço, outras vezes isso aqui enche de turista trazido por pousadas e companhias”. O restaurante funciona de 8h até o último cliente. No verão, os visitantes gostam de ficar sentados na parte de fora, tomando uma cerveja e apreciando a vista da Baía de Todos os Santos.

Cozinha de Tia Maria é aberta e clientes podem acompanhar o preparo do siri-boia, especialiade da casa Fotos: Rômulo Portela

Simplicidade marca o Boteco do França, no coração do boêmio bairro do Rio Vermelho

Boteco do França Rua Borges dos Reis, 24-A - Rio Vermelho A história do Boteco do França, no Rio Vermelho, começa pelo restaurante Extudo, também localizado no endereço boêmio de Salvador. Nele, Antônio França e José Raimundo trabalharam como garçons e firmaram parceria ao fundar o famoso boteco. As mesas, espalhadas por uma tranquila ruela, deixam o ambiente mais despretensioso e o lugar só fecha depois que o último cliente sai. Para os dois empreendedores, o Boteco do França se tornou um reduto de jornalistas e intelectuais. E não poderia ser diferente, uma vez que o jornalista Antônio Rizério chegou a participar da fundação do estabelecimento, sendo o responsável pelo nome e pelas primeiras versões do cardápio. Aos sábados, o prato favorito e mais pedido é a feijoada Olívia Santana - uma homenagem à vereadora que é cliente antiga do Boteco. O segredo para tanto sucesso é guardado a sete chaves.“Nossa feijoada é magra, tem todos os tipos de ingredientes, mas não é uma comida gordurosa. Nosso cozinheiro bota uma dose de pinga dentro, que tira totalmente a gordura. O resto, a gente não pode mais contar”, conta José Raimundo.

Fotos: Romulo Portela

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Foto: Divulgação

Alfredo di Roma traz um toque especial da culinária italiana para Salvador

Restaurante Maria de São Pedro Praça Visconde de Cayru, 250 – Mercado Modelo (2º piso)

Alfredo di Roma

Certa vez, o escritor baiano Jorge Amado escreveu em uma de suas crônicas que “Maria de São Pedro era uma rainha da Bahia feita de porte, bondade e arte”. O restaurante fundado por ela e localizado dentro do Mercado Modelo tem 86 anos de existência e hoje é administrado pelo filho caçula da matriarca, Luis Domingos. Amado era apaixonado pela moqueca de peixe inventada pela dona. Mas o prato não conquistou somente ele. Outras personalidades como Orson Welles, JeanPaul Sartre e fregueses assíduos como Calazans Neto e Carybé provaram e ajudaram a criar a fama internacional do lugar. O restaurante está instalado no terraço do Mercado Modelo e funciona de segunda a sábado, das 11h às 19h, e domingo até às 16h.

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Fotos: Romulo Portela

Churrascaria O Líder

Rua Morro do Escravo Miguel, s/nº, Hotel AtlanticTowers - Ondina Com a tradição italiana por trás das massas, risotos, carnes e frutos do mar, o restaurante Alfredo di Roma começou sua história em 1905, lá na Itália, pelas mãos do chef Alfredo di Léio. A casa ganhou fama quando os atores do cinema mudo Mary Pickford e Douglas Fairbanks se encantaram pelo lugar e o presentearam com um garfo e uma colher de ouro. O principal prato do restaurante, o “Fettuccine Alfredo”, foi criado em 1914, motivado pela perda de apetite que a mulher de Alfredo apresentara durante a gravidez. O molho delicioso caiu no gosto dos clientes com sua receita simples: manteiga e queijo parmesão ralado. Muitas histórias foram criadas para explicar como Alfredo reuniu os ingredientes e formulou o prato mais famoso da casa, sendo passado por três gerações que comandaram o restaurante Alfredo di Roma na Itália e que foram os responsáveis por sua expansão, abrindo outras filiais em Nova York e, claro, em Salvador.

Em pleno Mercado Modelo, o Maria de São Pedro já caiu no gosto de intelectuais como Jorge Amado, Jean-Paul Sartre e Carybé

Largo Dois de Julho, 32 – Loja B

“Malassado” de filé mignon e sanduíche de pernil são os carros-chefe do “O Líder”, que costuma receber estudantes, professores e políticos no 2 de Julho

Com 53 anos de história, a churrascaria O Líder já passou por cinco gerentes. Quando ainda se chamava Dom Q’Choppela passou de choperia para churrascaria a pedido dos clientes. “Eles sugeriram refeições e ajudaram a construir o cardápio”, conta o atual dono do negócio, Eduardo Garcia. E a seleção de pratos continua em construção. Segundo Garcia, o pedido que mais sai é churrasco regado a um molho avermelhado feito à base de tomate e torresmo, invenção da casa – além do sanduíche de pernil, é claro. Atualmente, a clientela é formada basicamente por professores universitários e políticos, que se encontram no final da tarde para desfrutar das guloseimas oferecidas pelo restaurante. Aberto desde as 7h, O Líder só fecha as portas às 3h e funciona de domingo a domingo. [B+]

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n e g ó c io s | ca rreira

Competências profissionais

ideias novas e originais. Mas, para ser criativo é necessário expor, apresentar ideias e pontos de vista e permitir riscos, sem medo de errar. >>

Foto: Secom BA

Rosival Fagundes

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Rosival Fagundes lista dez habilidades para conquistar espaço no mercado competitivo e exigente em que vivemos mercado de trabalho hoje exige muito mais do que um diploma. Longe estão os dias em que frequentar uma universidade altamente credenciada era uma garantia para conseguir um bom emprego ou uma boa posição profissional. Você precisa de muito mais: experiência, comunicação e outras habilidades. Mas o que é competência? Quais são os elementos exigidos atualmente? As competências são formadas basicamente por três fatores: conhecimento, habilidades e atitudes. As dez competências mais procuradas pelo mercado de trabalho atual são: 36

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Com a evolução da tecnologia, surgiram diversas ferramentas de comunicação. Por outro lado, fazer uso dessas novas ferramentas não significa ter facilidade de comunicação. Você precisa saber expor claramente as ideias e opiniões, o que exige ser capaz de observar os acontecimentos e situações, e ouvir os outros. A comunicação pode ser feita de várias maneiras: verbalmente, por escrito e não-verbalmente. Às vezes nós nos comunicamos facilmente por meio de uma dessas formas, mas também há a necessidade de desenvolver as outras. Às vezes dizemos algo verbalmente, mas os nossos olhos ou sorriso podem dizer o oposto. Para trabalhar na atualidade, é preciso se comunicar através de vários instrumentos, em línguas diferentes e você tem que entender a linguagem dos vários membros da equipe profissional.

Aluno a caminho de se inserir no mercado de trabalho ao receber o diploma do programa Jovem Aprendiz

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3. Iniciativa

4. Facilidade de comunicação

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1. Adaptabilidade

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É a capacidade de adaptação às mudanças, a diferentes situações e realidades, a novas atividades e projetos. As empresas hoje estão constantemente transformando-se para acompanhar as frequentes mudanças no cenário econômico mundial. Para sobreviver financeiramente, elas estão buscando os profissionais com um elevado nível de adaptabilidade, que sejam abertos, que aceitem mudar de posto, de cidade, de país, que modifiquem projetos e prioridades, que aceitem novas ideias. >>

2. Criatividade É o processo através do qual as ideias são geradas, desenvolvidas e transformadas em valores. O processo envolve a descoberta de maneiras novas e eficazes de lidar com o mundo, resolver problemas e ampliar o círculo de influência. A criatividade manifesta-se pela capacidade de inovar e de resolver situações inesperadas e da capacidade de decidir autonomamente e, acima de tudo, pelo senso crítico. Não aceitar passivamente o que a tradição, moda e opiniões dominantes procuram impor incondicionalmente. O mercado de trabalho busca os profissionais que têm

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6. Capacidade de resolver problemas Resolução de problemas faz parte da rotina diária em todas as atividades de trabalho. O que muda é o tipo e a dimensão de tais problemas. Há dificuldades muito simples e outras que exigem maior esforço e persistência. Para resolver um problema, devemos analisá-lo de diferentes ângulos, investigar possíveis formas de resolver, avaliar alternativas, prever consequências e tomar uma decisão assumindo riscos.

8. Liderança “Não é a posição que faz o líder, mas o líder que faz a posição”. Um bom líder ouve as ideias dos outros, inspira confiança nos colegas de equipe, respeita, é seguro o suficiente para defender suas ideias e as dos seus subordinados. É capaz de atrair voluntários para suas iniciativas e projetos, influencia outros e cativa a sua atenção, coordena e organiza projetos. O mercado de trabalho hoje procura as pessoas que podem, em algum momento ou ocupação, assumir o papel de líder e conquistar seguidores.

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9. Empreendedorismo Essa competência não é necessária apenas para aqueles que querem seu próprio negócio, mas para qualquer profissional. É muito importante saber mostrar o seu conhecimento e valor, seu “know-how”, saber vender seu produto ou projeto, tratar o negócio como se fosse seu, buscar novas oportunidades, ter perseverança e compromisso, assumir riscos, planejar e definir metas. No mercado competitivo, ter um espírito empreendedor abre muitas portas. Você não pode esperar até que alguém lhe dê uma oportunidade de emprego ou negócio. Você deve ir a campo para encontrá-la.

5. Facilidade de relacionamento interpessoal Relacionar-se facilmente com os outros exige ser empático, aceitar a si mesmo e aos outros com os pontos fortes e fracos de cada um, estar disponível para o outro. Na sociedade de hoje, as relações são cada vez mais breves, superficiais, temporárias e até mesmo virtuais. No mundo do trabalho, fala-se agora da importância da “rede” ou rede de contatos, pois ela frequentemente facilita desde novas oportunidades de carreira até a troca de informações, realização de negociações e parcerias.

7. Capacidade para trabalhar em equipe Não podemos mais trabalhar sozinhos. Vivemos em um mundo globalizado que exige que o trabalho seja feito em equipe, às vezes composta de pessoas que estão a milhares de quilômetros de distância. Não é fácil trabalhar em conjunto, porque isso requer expor ideias e ouvir os outros; aceitar sugestões, respeitar opiniões diferentes, colaborar, construir juntos e aceitar os limites de si e dos outros membros da equipe.

É tomar a iniciativa de resolver problemas e realizar tarefas fáceis ou difíceis. Não só ter a ideia ou solução, mas acima de tudo, tomar medidas. O mercado está procurando profissionais que respondam com rapidez e agilidade às demandas da vida cotidiana.

por

Consultor do Sebrae e professor universitário

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10. Domínio das novas tecnologias de comunicação e informação Hoje em dia é essencial conhecer e saber usar as novas tecnologias de comunicação e informação. A internet mudou as relações e lugares de trabalho. Você pode se comunicar facilmente com os profissionais que estão longe, trocar ideias por e-mail, MSN, Skype, fazer reuniões, comprar e vender produtos em sites comerciais de diferentes países e assim por diante. As relações interpessoais foram facilitadas e expandidas com redes como Orkut, Twitter, Facebook, MySpace, e outros. Hoje, quem não está conectado nem acompanha o mundo tecnológico fica em desvantagem no mercado de trabalho. [B+]

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n e g ó c io s | e con om i a

Shadow Banking

luiz marques Filho

Economista, superintendente da FEA-Ufba, diretor da ADVB-BA e professor da Faculdade Baiana de Direito

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Que os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) se tornaram a tábua de salvação global, e que a China tem sido nos últimos 15 anos a máquina propulsora da economia, todo o mundo já está mais careca do que eu de saber. Mas ao lado do inferno astral da Eurozona e da crise da economia norte-americana, outra sombra de tensão começa a se formar. Vários artigos estão sendo publicados (aqui e no exterior) dando conta de um fenômeno: a possível redução do ritmo chinês de crescimento. Isso já era esperado, pois a economia não cresce infinitamente, há sempre ajustes naturais, isso pode ser explicado pelo controle da inflação (que surge em momentos de pico de atividade) e por gargalos estruturais no mercado de fatores (matérias-primas, mão de obra e capital financeiro). Ademais as instituições talvez estejam produzindo impactos negativos sobre a macroeconomia chinesa, pois a economia não é só números: as instituições sobre as quais ela está construída importam sim: institutions matter. No caso da China o sistema bancário, como instituição, parece estar em xeque, e isto é interessante. Nos acostumamos a ter a China como uma superpotência capaz de rivalizar com os EUA. Não acho que isso seja irreal, mas nem tanto ao mar e nem tanto à terra. Não devemos ser binários, pois entre o zero e o um existem infinitos pontos. A China sofre problemas institucionais graves: além do descontrole ambiental e da falta de democracia, agora surge à tona a questão do seu mercado bancário. O Banco Mundial estima que 8% dos empréstimos totais da China sejam ofertados pelo mercado informal (os agiotas), um mercado totalmente desregulado e muito poderoso, o chamado shadow banking, que tem como demandantes micros e pequenos empresários, e o aquecido (mas já esfriando) boom imobiliário chinês. Além disso, o grosso do mercado chinês é controlado pelas estatais, “teoricamente” mais politizadas e menos amigas do mercado. Paria piorar, o BC chinês está fazendo uma política monetária contracionista para conter

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a inflação de demanda por lá. Esse ambiente produz problemas de confiança, e pode travar o crescimento chinês, pelo encarecimento do crédito e seus altos custos de transação. Pode-se argumentar que o sistema bancário chinês possui solidez até em razão de abrigar os dois maiores bancos do mundo, o Industrial and Commercial Bank of China e o China Constrution Bank. Assim, o sistema bancário do império do sol seria mais competitivo do que o nosso brasileiro, por exemplo. Ocorre que o dinamismo capitalista somente aportou na China nos anos 70 passados, por meio das reformas econômicas de Deng Xiaoping. Diferentemente do Brasil que sempre viveu o capitalismo e a danada da inflação, a economia chinesa somente agora afunda nesses “vícios”. O sistema bancário brasileiro se tornou eficiente dada a sua tecnologia (para se proteger da hiperinflação nos anos 80 até 1994) e por ter sobrevivido à crise bancária do início do Plano Real. Aqui nunca tivemos os créditos Ninja (empréstimos imobiliários para pessoas sem renda, sem trabalho e sem ativos) como nos EUA, nem o shadow banking chinês. Nossas elevadas taxas de juros, os astronômicos spreads e a dura regulação do nosso BC blindaram nosso mercado, produzindo altíssimas taxas de lucratividade bancária. Temos também democracia política e um mercado competitivo. Nossos gatos gordos se tornaram eficientes. Assim, como dizia o professor Delfim Netto: devemos ter em mente que o copo está sempre meio cheio de água ou meio cheio de ar, depende do modo que o olhamos. Temos que olhar a China como se olhássemos este copo de água. Um pouso forçado dos chineses em função de um travamento do seu sistema de crédito trará impactos negativos para o mundo e, claro, para o Brasil. Isto para nós é complicado, em razão de que nossa estimativa de crescimento do PIB para 2012, feita pelo FMI, nos coloca atrás de nossos vizinhos da América do Sul: empatamos com a estagflacionária Venezuela. A China deve ser respeitada pelo seu tamanho e velocidade e pelo impacto negativo que ela pode trazer ao mundo, se ela crescer mais devagar. Não temos o tamanho e o ritmo chinês de crescimento, mas o copo está meio cheio de ar.


Apoio:

sustentabilidade tendências | 42 pro bem | 48 soluções sustentáveis | 52 economia criativa | 53

E do lixo fez-se energia Em um contexto em que aliar desenvolvimento com preservação ambiental cresce cada vez mais, três usinas termelétricas transformam o lixo dos aterros em biogás, que vira energia elétrica

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s ustenta b ilida d e | t e n d ência s EcoD completa 3 anos

Linha de estofados da Florense tem lona de caminhão reciclada

Há três anos surgiu no Brasil o Portal EcoDesenvolvimento.org por iniciativa do empresário baiano Isaac Edington, diretor-presidente do Instituto EcoD. Ao tratar de um assunto ainda pouco divulgado nas mídias de forma atenta e inovadora, o EcoD logo se tornou o maior portal sobre sustentabilidade do país de iniciativa da sociedade civil, e acompanhou de perto alguns dos fatos mais importantes que aconteceram nesse período. Para levar essas informações ao maior número de pessoas, o EcoD lançou uma série de iniciativas pioneiras, como ser o primeiro portal sobre sustentabilidade a ter conteúdo em celulares por meio do m.ecod. org.br, além do primeiro aplicativo brasileiro com notícias em tempo real sobre o tema para iPhone, iPad e iPod Touch. Hoje, o EcoD também está presente em mídias em elevadores, shoppings, aeroportos, supermercados, bares e restaurantes, ônibus e metrô. Por tudo isso, o EcoD já recebeu prêmios importantes, como os Top Blog 2009 e 2010, além de ser finalista do Prêmio Greenbest 2010, que teve a participação dos principais veículos de comunicação do país. “Acreditamos em um futuro melhor, mais justo e próspero, mas sabemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido, e convidamos você a seguir nesse trajeto com a gente”, afirma Isaac Edington.

Morro de SP ganha prêmio de Turismo Sustentável A paradisíaca ilha de Morro de São Paulo, no Baixo Sul da Bahia, conquistou o prêmio “Destaque Companhia de Viagens”, considerado o Oscar brasileiro do setor de viagens, na categoria “Turismo Sustentável”, no dia 30 de novembro, em São Paulo. Foram 12 categorias selecionadas para premiação. Em “Turismo Sustentável”, Morro de São Paulo concorreu com Fernando de Noronha, Praia do Forte (também na Bahia), Parque Nacional do Iguaçu, Lençóis Maranhenses e Manaus. Além do prêmio recente, Morro de São Paulo também será destaque no portal UOL Viagem em dezembro. Ainda neste ano, o destino baiano também estampou a capa do Guia de Praias da revista Quatro Rodas. 42

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Foto: Divulgação

A nova linha de estofados da Florense Móveis inova com as lonas de caminhão recicladas, estonadas e costuradas à mão. São diversos modelos disponíveis, em linhas modernas ou clássicas, cores variadas e materiais diferenciados. Nos acabamentos, tecidos washed (100% algodão, macios e com cores mais resistentes), linho, fibra de bambu, sedas, rami e camurça, além da nobreza dos veludos e couros ecológicos. Este ano, a empresa comemora dez anos de conquista do certificado de gestão ambiental ISO 14001, além de ser credenciada como green company (empresa verde). A Florense afirma já ter reduzido 67% no consumo de água, a diminuição quase total da emissão de gases na atmosfera, a redução de 65% na geração de resíduos líquidos industriais e o corte de 64% no consumo de lâminas de madeira e de 25% no consumo de tintas.

Fundadores do EcoD: Fabio Góis, Isaac Edington, Ines Carvalho

Empresa que comprar lixo reciclável de catadores terá desconto As empresas que comprarem resíduos sólidos recicláveis de cooperativas de catadores de lixo terão desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O Decreto nº 7.619 determina as condições necessárias para que as empresas tenham acesso à redução do IPI, de acordo com o material utilizado. Já as cooperativas devem ter, no mínimo, 20 cooperados. Os descontos no imposto variam de acordo com o tipo e a quantidade de resíduos sólidos usados no produto final. Plásticos e vidros vão proporcionar redução de 50%. O desconto para papéis e resíduos de ferro ou aço é 30%, enquanto resíduos de cobre, alumínio, níquel e zinco permitem o abatimento de 10% do valor do IPI. A emissão da nota fiscal para a comprovar a compra do material reciclável é obrigatória.

Fábrica de geradores eólicos é inaugurada Montar equipamentos para importantes projetos do setor eólico no Brasil e na América Latina é o principal objetivo da fábrica de aerogeradores da empresa francesa Alstom, inaugurada em 30 de novembro no Complexo Industrial de Camaçari. Segundo a diretoria da empresa, a Bahia foi escolhida por ser considerada o segundo parque eólico do país. A unidade conta com investimento inicial de R$ 50 milhões e tem capacidade de 300 MW por ano, além de gerar até 150 empregos diretos. O primeiro parque eólico da Bahia, instalado em Brotas de Macaúbas, na Chapada Diamantina, entrará em operação até o final do ano, e deverá produzir eletricidade suficiente para abastecer uma cidade com mais de 200 mil habitantes. A meta estadual é que sejam implantados outros 51 parques eólicos.

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Foto: Divulgação

TEDx Salvador O impossível pode se mostrar em nossas vidas de diversas formas. Mas cada pessoa é capaz de lidar com as suas impossibilidades e transformá-las em algo real. “Não sabia que era possível, foi lá e fez”, como afirmou certa vez o intelectual Jean Cocteau. O tema “O que é ‘impossível’?” guiou as minipalestras do TEDx Salvador, realizado no dia 7 de novembro. Cada um dos palestrantes contou histórias sobre como lidar com os desafios e alcançar aquilo que antes era um sonho, mas que com um pouquinho de trabalho e empenho, deixa de ser algo inalcançável e se torna parte de suas vidas. Uma das históricas compartilhadas foi a de Márcio Okabe. Ele criou a Wikisocial para reunir programadores e designers voluntários e projetar sites de fácil gerenciamento para ONGs. Com base no conceito open source, no qual a comunidade virtual se ajuda, Okabe realizou um sonho: conseguir usar o conhecimento em benefício dos outros - um ensinamento que sua mãe lhe deixou.

Foto: Fernando Naiberg

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s ustenta b ilida d e | e m p resa verd e

Termoverde opera no Aterro Metropolitano de Salvador, no bairro de São Cristóvão

E do lixo fez-se

energia

FotoS: Carol Garcia / Secom BA

abastecem empresas com negócios no Nordeste, como Carrefour e Telemar. “Somos a maior do Brasil em volume de geração”, comemora Ronaldo Gaspar, presidente da SVE. “Como o nosso aterro tem uma boa vida útil, a expectativa é que a usina continue gerando uma boa quantidade de energia. Esperamos chegar a 20 MW/h até 2013”, acrescenta. A termelétrica é composta por usina geradora de energia com 19 motogeradores de 1.038 KW cada, unidade de tratamento do biogás, subestação elevadora e linha de transmissão de 7,8 quilômetros que liga a usina à rede elétrica da Coelba (concessionária estatal), que faz a distribuição às empresas consumidoras. “Temos capacidade para colocar mais quatro motores. Teríamos que fazer um estudo sobre a curva de geração de biogás para implantá-los. Existe a possibilidade de novos investimentos, mas eles não estão previstos em curto prazo”, adianta Gaspar.

Sustentabilidade ambiental

A utilidade dos resíduos sólidos para a sociedade vai além do que costumamos supor. Em um contexto em que aliar desenvolvimento com preservação ambiental cresce cada vez mais, três usinas termelétricas transformam o lixo dos aterros em biogás, que vira energia elétrica. Detalhe: a primeira do Nordeste opera em Salvador

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O

que lhe vem à cabeça quando a palavra “lixo” é pronunciada? O sentido associado ao termo costuma estar ligado ao descartável, inaproveitável, aos restos, produto ou algo de pouco valor, dotado geralmente de mau cheiro. No entanto, existem diversas práticas de reaproveitamento dos resíduos sólidos. Em tempos de preocupação com o fator ambiental, um dos pilares do desenvolvimento sustentável (juntamente com o social e o econômico), a transformação desses materiais em energia limpa ganha cada vez mais destaque. No Brasil, atualmente três usinas termelétricas situadas em aterros sanitários transformam os resíduos sólidos em biogás, que acaba convertido em energia elétrica – e uma delas opera na Bahia. Inaugurada em março de 2011, a Termoverde recebe parte do lixo produzido na capital baiana, Lauro de Freitas e Simões Filho no Aterro Metropolitano Centro de Salvador, no bairro de São Cristóvão. Terceiro empreendimento deste tipo no Brasil, a termelétrica do grupo Solví Valorização Energética (SVE) converte cerca de duas mil toneladas diárias de resíduos em energia renovável, algo em torno de 15 MW/h, que

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Coletar e controlar os gases causadores de efeito estufa (GEE) que compõem os resíduos sólidos, como dióxido de carbono (CO2) e metano, transformando-os em seguida em energia é o diferencial desse tipo de empreendimento. Quando utilizados como fonte energética alternativa, evita-se o lançamento dessas substâncias na camada de ozônio e seu consequente impacto, contribuindo com a saúde do meio ambiente. “O lixo, na sua decomposição, gera um gás. Esse gás tem CO2, metano e vários componentes. Além de gerar energia, eu substituo (no processo de conversão) o metano por CO2, que é 21 vezes menos destrutivo do que esse primeiro gás – e aí está o ganho ambiental. Estamos queimando um gás renovável, que antes seria muito

prejudicial na atmosfera, e gerando energia limpa”, destaca o presidente da SVE. Sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, lei nº 12.305/2010, que prevê, entre outras medidas, o fim dos lixões até 2014 e a substituição desses espaços por aterros sanitários controlados, Gaspar avalia que a nova legislação só tem a beneficiar o negócio. “Porque nosso aterro atende as exigentes normas ambientais e essa nova lei busca isso. Ela vai querer aterros cada vez mais preparados, onde justamente é possível captar o gás.” Outra vantagem desse tipo de negócio diz respeito aos custos, uma vez que se torna apto a participar do chamado mercado livre de energia elétrica. “Você tem produtores e compradores credenciados. Eu ponho energia no sistema e as empresas consumidoras retiram do outro lado. E nossa energia é incentivada, ou seja, não paga o custo da transmissão, porque é 100% derivada de resíduos. Porque as distribuidoras têm um

custo para transmitir. Isso acaba tornando essa energia mais barata, o que atrai esses compradores”, explica Gaspar. Os investimentos para a implantação da Termoverde foram de cerca de R$ 50 milhões. A construção da usina contou com incentivos fiscais do Governo do Estado, por meio do programa Desenvolve.

Biogás Engenharia Ambiental foi a pioneira no Brasil Antes da Termoverde, o grupo Biogás – São João Energia Ambiental S.A, em São Paulo, já operava duas usinas termelétricas que atuam em aterros sanitários. Entre os acionistas do grupo figuram a Arcadis Logos Engenharia, a Heleno & Fonseca Construtécnica S.A. e a holandesa Van der View. A Biogás Energia Ambiental foi construída em 2004, após a assinatura de um contrato de concessão para exploração de gás do Aterro Sanitário

O Protocolo de Kyoto introduziu três mecanismos para que os países em desenvolvimento contribuam com as metas de redução dos GEE das nações ricas: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) Implementação Conjunta (IC) Comércio internacional de Emissões (CE) As termelétricas que geram energia limpa podem se inscrever na primeira modalidade, junto à ONU, e comercializar os créditos de carbono.

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FotoS: Carol Garcia / Secom BA

Bandeirantes, situado na Grande São Paulo, com a prefeitura da capital paulista. As atividades nesse aterro, um dos maiores do mundo, começaram em 1976 e foram encerradas em março de 2007, o que possibilitou o armazenamento de um total de 30 milhões de toneladas de resíduos. A Biogás pontua que se os gases nele produzidos simplesmente fossem queimados nos drenos, lançariam milhões de toneladas de poluentes na atmosfera. Caracterizado como um projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), vinculado ao Protocolo de Kyoto, o empreendimento da Biogás já chegou a gerar oito milhões de créditos de carbono, dos quais 50% pertenceram à Prefeitura de São Paulo, graças à quantidade de metano que deixou de ser emitida na atmosfera – 190 mil toneladas até 2009.

Usina São João A outra termelétrica do grupo é a Usina São João, localizada no aterro São João, zona leste de São Paulo, que funciona desde 2007. O local de instalação do empreendimento operou durante 15 anos (encerrou as atividades há quatro anos) e possui 82,4 hectares de área, dos quais 50 hectares (60,68%) serviam como depósito para o lixo produzido pela cidade. Ao fim de sua operação total, em outubro de 2007, o local recebia, em média, 5.812 toneladas de resíduos por dia e gerava 1.800m2 de líquido percolado (chorume). Durante sua vida útil, foram depositados no aterro 28 milhões de toneladas de resíduos, que formaram uma montanha de aproximadamente 150m de altura. Quando o funcionamento da usina teve início, ela chegava a gerar energia suficiente para abastecer 400 mil pessoas. À época, foram investidos R$ 85,5 milhões no projeto. [B+] 46

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A usina geradora de energia tem 19 motogeradores de 1.038 KW cada, unidade de tratamento do biogás, subestação elevadora e linha de transmissão

“O grupo SVE estuda a implantação de outras usinas como a Termoverde nos próximos cinco anos. Uma em São Paulo, no nosso aterro de Caieiras, e mais duas no Rio Grande do Sul, em aterros também pertencentes à companhia”

Ronaldo Gaspar, presidente da SVE

A termelétrica converte cerca de 2 mil toneladas diárias de resíduos em 15 MW/h de energia renovável. A expectativa é chegar a 20 MW/h em 2013

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s ustenta b ilida d e | p ro bem

Gestão

para o bem de todos

Davis é cofundador da NESsT, uma empresa focada em apoiar organizações não governamentais na gestão de recursos e usar os princípios e práticas de empreendedorismo e investimentos para solucionar problemas sociais. Essa história começou em 1997, quando ele e Nicole Etchart perceberam que as organizações que trabalhavam para resolver os desafios sociais e ambientais tinham algo em comum, além do desejo de uma sociedade mais justa e sustentável: a eterna necessidade de dinheiro. Ambos sabiam que filantropia e caridade eram questões importantes para resolver os problemas, mas não suficientes. Era preciso capturar o poder e potencial do mercado para financiar e sustentar as mudanças sociais. “Isso que atualmente chamamos de ‘iniciativa social’ - um negócio

criado para solucionar um problema social crítico”, explica Lee Davis. Hoje a equipe da NESsT atua em dez países em busca de soluções para problemas críticos das comunidades em nações em desenvolvimento, inclusive com projetos na Bahia. É o caso do instituto Incores, em Salvador, que ajuda jovens a se inserir no mercado formal de trabalho. Em 2010, o então recém-criado instituto participou dos desafios nacionais da NESsT de pré-seleção de empresas sociais com potencial para receber o treinamento, capital financeiro, aconselhamento e acesso a mercados e redes. Após selecionado, passou pela etapa de planejamento, que dura de seis a nove meses, em um processo rigoroso de estudo para testar a viabilidade da ideia da empresa, e também para ajudá-la a

“É preciso redefinir o conceito de como os mercados funcionam” Lee Davis, cofundador da NESsT

Instituto Incores ajuda jovens a se inserir no mercado de trabalho

Fotos: Divulgação

Redefinir o conceito de mercado, investimento e retorno está entre as metas de organizações que acreditam no potencial do terceiro setor como ferramenta para uma sociedade mais justa. NESsT e Ashoka estão na Bahia mostrando um nova forma de apoiar empresas sociais por

Clara Corrêa

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ão adianta mais apenas discutir sobre empresas socialmente responsáveis que atendam seus negócios de uma forma ética, social e ambientalmente responsável. Esse é apenas o primeiro passo. Precisamos ser mais fundamentais e reconhecer que os negócios, por si só, podem criar benefícios socioambientais e que eles não precisam ser um auxílio secundário.” A opinião é do norte-americano Lee Davis, que acredita nas iniciativas sociais como um novo jeito de fazer negócio e, ao mesmo tempo, ser financeiramente sustentáveis e potencialmente rentáveis, enquanto criam benefícios para a sociedade. “É preciso redefinir o conceito de como os mercados funcionam”, acrescenta.

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determinar se o empreendimento tem o potencial de alcançar as metas sociais e financeiras. Hoje o instituto Incores está na fase de incubação, a segunda do programa. Ela dura de três a cinco anos. É nesse momento que as empresas sociais dão início às suas atividades ou implementam as melhorias necessárias. O papel da NESsT nesse momento é oferecer financiamento, tutoria e apoio de gestão. “Além de nossa equipe fulltime, nós incluímos uma rede de líderes de negócios locais através da nossa Rede de Aconselhamento para providenciar suporte pro bono em áreas especificas, como marketing, estratégia e desenvolvimento de produtos”, explica Davis. A Ashoka, em parceria com a McKinsey, é outra organização internacional que também atua na Bahia com objetivos similares aos da NESsT. Pioneira no campo da inovação social, trabalho e apoio aos empreendedores sociais, ela atua na consultoria de gestão e desenvolve um programa que busca facilitar o processo de planejamento do crescimento de empreendedores sociais. “Estamos na terceira edição desse programa, que tem trazido um conhecimento novo em termos do que são os modelos de crescimento e quais são os desafios existentes. Há uma variedade enorme de formas de investimento, que vai desde a doação até compras de capital de organizações de negócios sociais. Nosso papel é estudar um pouco desses formatos de capital para viabilizar os projetos de crescimento”, conta Carina Pimenta, da Ashoka. Ela cita como exemplo positivo a atuação do programa no Instituto Chapada de Educação de Pesquisa, com sede em Caeté-Açu, distrito de Palmeiras, uma Oscip que há dez anos trabalha para contribuir com a melhoria da qualidade da educação pública.

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Fotos: Divulgação

O apoio financeiro para empresas sociais e Ong, especialmente nos estágios iniciais das organizações, é defendido por Lee Davis como vital. “Estes primeiros anos são os mais arriscados, o que faz com que nem todos os investidores estejam a favor de apoiá-los”, diz. Mas, além de angariar fundos, ele lembra que é fundamental saber gerenciar esse capital de forma eficiente e ter os suportes necessários para prosperar.

Como potencializar a gestão para empresas sociais Para a mestre em administração de empresas Tanya Andrade, diretora executiva do Incores, é essencial aplicar mecanismos de gestão considerados do “mundo dos negócios” para aumentar a eficiência e eficácia de uma organização social. “O terceiro setor não é diferente nem do setor público e nem do privado. Precisa adotar mecanismos de gestão que o tornem mais eficiente. Só porque o terceiro setor tem finalidade pública não quer dizer que não precise ser bem gerido”, declara. “Uma organização só existe quando consegue criar um projeto que tenha impacto duradouro. Ela tem valor para a sociedade quando consegue trazer o impacto positivo que é demandado, porque há um problema social a ser resolvido. Assim ela precisa mobilizar recursos para fazer isso acontecer, ninguém faz isso sozinho”, reforça Carina Pimenta. Lee Davis resgata o conceito de “filantropia de risco” ou “filantropia engajada”, que se diferencia do modelo tradicional de caridade por não se limitar à doação de dinheiro e por utilizar os conhecimentos, habilidades e networks de empresários, investidores e outros profissionais para ajudar ONGs e outras instituições. “Esses ‘filantropos engajados’ fundem suas 50

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“Uma organização inteligente é aquela que entende o que são as boas práticas dentro do seu setor e traz isso para si” Carina Pimenta, coordenadora da Ashoka doações com os princípios e ferramentas do investimento de capital de alto risco, fazendo parcerias com organizações por um longo período”, conta. A opinião de Carina, no entanto, é a de que não existem “ferramentas do setor social” e “ferramentas do setor privado”. “Existem boas práticas de gestão, e você vai encontrar isso nos setores social, público e privado. Acho que uma organização inteligente é aquela que entende o que são as boas práticas dentro do seu setor e traz isso para si. Gestão não é uma questão de setor um, dois ou três. É

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uma questão que todo o mundo precisa ter”, diz. Com tudo isso é possível esperar resultados positivos para todos os envolvidos, opina Tanya. Segundo a diretora, os investidores ganham a segurança de apoiar organizações sustentáveis e que podem oferecer contrapartidas que existirão de fato; a sociedade passa a ter organizações com serviços consistentes; e as organizações ganham não apenas com a sustentabilidade financeira e a diversidade de fontes de recursos, mas também com a credibilidade. [B+]


s ustenta b ilida d e | s o lu çõ es sust ent á veis

su st e ntabilidade | econ omia c riativa Dicas para realizar o home office:

Trazer a estrutura de um escritório para dentro do conforto do lar é uma das vantagens do home office

Com base na consulta realizada pelo site Lifehacker com internautas, o Efetividade.net listou dez dicas para quem quer trabalhar em casa de modo eficiente:

O Brasil, a Bahia e a Economia Criativa

1. Adapte seus horários de trabalho aos demais horários da sua vida doméstica, buscando eficiência e redução do estresse; 2. Identifique o período do dia em que você é mais produtivo, e certifique-se de alocá-lo para as tarefas mais essenciais;

Dono do seu próprio escritório Novos tempos, novos comportamentos. O advento da internet e suas ferramentas de produtividade modificaram bastante os ambientes de trabalho. Não é de hoje que gestores, funcionários e colaboradores podem trabalhar sem um espaço físico definido. Pode ser no aeroporto, avião, táxi, shopping... Trabalhar em casa, em vez de nos escritórios empresariais, já se tornou tendência em diversos países, inclusive no Brasil. Chamado de home office ou telecommuting, a prática valoriza a produtividade, a inovação, a satisfação do colaborador e a responsabilidade socioambiental.

Vantagens: - Evita o deslocamento até o local da empresa; extingue gastos com transportes (metrô, ônibus, carros), reduz a quantidade de automóveis nas avenidas, o consumo de combustível, além das emissões de gases causadores do efeito estufa. - Fatores subjetivos, como a satisfação pessoal, capazes de resultar em um rendimento mais produtivo.

Desvantagens: - Um estudo da Network World publicado em 2008 mostra que o home office pode ser um obstáculo no avanço da carreira, pois as melhores vagas tendem a ser dadas às pessoas que atuam presencialmente. - Desafio de ser percebido como um profissional produtivo, sem o preconceito que pode ser despertado por uma pessoa que fica o dia inteiro em casa. 52

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3. Registre aquelas atividades que você gosta de fazer quando começa a procrastinar, e passe a definir um momento certo para pausas que permitam realizá-las – em horários definidos, ou após cumprir determinadas metas ou alcançar marcos; 4. Defina indicadores, marcos e metas realistas, e acompanhe-os todos os dias para se certificar de que estejam sendo cumpridos, e eventualmente programar compensações. Defina a sua própria marcha que permita chegar onde você quer e certifique-se de cumpri-la; 5. Descubra o que é necessário para sinalizar a todas as esferas da sua mente que você está em “modo de trabalho” – para algumas pessoas basta vestir-se com a roupa que usariam para ir ao escritório, ou sentar-se em uma determinada escrivaninha. 6. Tenha um ambiente exclusivo para o seu trabalho em casa, com todos os recursos necessários; 7. Utilize secretária eletrônica ou um identificador de chamadas para não permitir que os telefonemas “da casa” interfiram no seu trabalho; 8. Em um escritório doméstico, alguns dos eventos que sinalizam claramente a passagem das horas do dia em uma empresa não ocorrem. Se você notar que seu dia às vezes passa voando, sem você perceber, procure um relógio ou algum outro tipo de alerta; 9. Saiba quando fazer uma pausa; 10. Se você for seu próprio patrão, programe dias ou períodos para cuidar das necessidades domésticas.

Isaac Edington

Empresário e diretor presidente do Instituto EcoDesenvolvimento.org

Em novembro último, foi divulgado o segundo Relatório sobre Economia Criativa, iniciativa da ONU, em uma parceria Unctad/ Pnud. A economia criativa é formada pelos segmentos de bens e serviços que contam com capital intelectual, conteúdo criativo e valor cultural e comercial. Tendências de mercado para todos os setores criativos nas diversas regiões do mundo e dados de comércio internacional de seus bens e serviços fazem parte desse detalhado estudo que analisa as implicações de acontecimentos recentes, principalmente o impacto da crise financeira e da degradação do meio ambiente na economia criativa. O relatório reafirma que as indústrias criativas são um dos setores mais dinâmicos da economia mundial e podem ajudar dos países a diversificar suas economias. Aponta ainda que a economia criativa e a economia verde se complementam e que as políticas de governos devem se adaptar à realidade atual. Esse estudo constata também aquilo que já percebemos em nosso dia a dia: que na era do conhecimento e da conectividade, está havendo um poder crescente das redes sociais e um novo estilo de vida da sociedade contemporânea. Um número cada vez maior de países está priorizando a economia criativa em suas estratégias nacionais de crescimento socioeconômico. Sabem por quê? Bom, na economia criativa é possível trabalhar com um modelo de desenvolvimento mais inclusivo, com impacto não só econômico, mas também social. Contribui muito para a inserção por meio da criação de empregos, promove a diversidade cultural e um desenvolvimento mais humano e sustentável. Outro motivo, mais fácil de compreender, mais terreno por assim dizer, para aqueles que acham esse assunto coisa menor, é que

os dados comprovam que a indústria criativa, é mais resistente a crises. Bom, agora talvez você ache esse tema mais atraente, caro empreendedor. Segundo a Unctad, produtos criativos tais como a música, vídeos, jogos digitais e outros bens criativos de consumo doméstico mantiveram demanda estável mesmo durante a recente crise financeira internacional. Os bens e serviços criativos têm tido um desempenho extraordinário. Apesar de nós brasileiros nos orgulharmos de nossa cultura, talento, diversidade, e estarmos entre as sete maiores economias do mundo, não conseguimos ficar nem entre os 20 maiores produtores do setor, liderado por China, Estados Unidos e Alemanha. Temos ainda um longo caminho a percorrer. Caminho esse que a Bahia deve trilhar mais rapidamente, pois tem um potencial extraordinário para o desenvolvimento da economia criativa. Alguns setores como o da música, por exemplo, vêm desempenhando um papel importante nessa direção, cresceram bastante nos últimos 20 anos, são bastante profissionalizados e geram empregos em diversas camadas sociais. Entretanto, a Bahia pode muito mais. A economia criativa vincula artes, cultura, negócios, conectividade e inovação. Requer estratégias próprias, articulação intersetorial e políticas públicas que apoiem e estimulem toda uma cadeia de valor que, se bem estruturada, pode alavancar em muito o nosso desenvolvimento. Viva as ferrovias, minas, petroquímicas, montadoras e afins, e vamos trabalhar fortemente com o mesmo pragmatismo, pela nossa música, difundir o nosso design, estimular a inovação, divulgar a nossa arte e nossa rica cultura, estruturar nossos destinos, fortalecer nossos palcos, educar e capacitar nossa gente.

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Foto: Alex Oliveira / Setur

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Considerada o destino turístico mais visitado por estrangeiros no Nordeste, a Bahia ainda apresenta grandes desafios e muitas oportunidades de negócios por Andréa Castro e Felipe Zamarioli

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“Criamos produtos novos que já têm apresentado bons resultados, como o GP Bahia de Stock Car, que aquece a nossa hotelaria em um mês como agosto, que é muito ruim para o setor, e o São João da Bahia, que melhorou as taxas de ocupação para o mês de junho em nosso litoral. Era uma contradição ver os nossos hotéis cheios no interior e totalmente vazios nas localidades litorâneas”, afirma o secretário de Turismo do Estado, Domingos Leonelli.

Os negócios para driblar a sazonalidade

primeira ideia que vem à cabeça ao falarmos em turismo na Bahia é diversão. O que muita gente esquece é que, por trás de tantas festas e atrativos, existe todo um mercado repleto de oportunidades e nuances. Para os empreendedores que pensam em investir no ramo, ainda há muito a ser explorado e com grande rentabilidade, desde que os investimentos sejam trabalhados de forma profissional e estratégica. De acordo com um relatório divulgado pelo Ministério do Turismo, a Bahia é líder isolada no Nordeste na atração de turistas internacionais, com 6% de participação no mercado brasileiro, número três vezes maior que os estados de Pernambuco e Ceará, que possuem 2% cada um. Apesar das crises internacionais, que reduziram bastante a chegada de estrangeiros no Brasil, a Bahia conseguiu se manter entre os cinco principais destinos do país. Se o estado está bem na fita, e os devotos do Senhor do Bonfim que o digam, por outro lado, trata-se de um destino turístico ainda com muitos entraves e aspectos a melhorar. A questão da sazonalidade, por exemplo, é um desafio a ser vencido. No verão, as taxas de ocupação dos hotéis não se comparam às apresentadas nas demais estações do ano. O turista vem aproveitar as festas, sobretudo o Carnaval, e as praias nessa época, sendo que o número de visitantes cai bastante nos outros meses.

Outra alternativa para atrair visitantes durante todo o ano é o turismo de negócios. O mercado já sentiu os bons resultados. Uma prova foi a ocupação hoteleira da capital baiana de 73% no mês de outubro, de acordo com a Bahiatursa. Além de movimentar a atividade em épocas menos visitadas, o turismo de negócios é altamente rentável. Segundo o presidente da ABIH Bahia, José Manoel Garrido Filho, o turista de eventos (no qual se enquadra o de negócios) gasta em média US$ 253 por dia. Mas para atender a essa demanda é necessário investimento, sobretudo em hotelaria. A novidade na cidade é o recém-lançado hotel Quality Bahia, com 224 apartamentos e um centro de convenções para três mil pessoas. O hotel é da incorporadora JHSF, que tem outros três hotéis em construção na Bahia. O estado já tem confirmados US$ 5,7 bilhões em investimentos privados, previstos na área hoteleira, até 2017. A Bahia está entre os três primeiros estados para o turismo de negócios e Vitória da Conquista, localizada a 500 quilômetros de Salvador, é outro destino que tem atraído empreendimentos para atender a essa demanda. O terceiro maior município do estado possui excelente localização e boa rede hoteleira. Da capital baiana, saem dez voos diários. Além disso, Conquista possui outros atrativos como a Serra do Periperi; o Cristo Crucificado, do artista Mário Cravo, com 15 metros de altura por 12 de largura; a Catedral Nossa Senhora da Vitória; a primeira Igreja Batista de Vitória

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Foto: Rita Barreto / Setur

Líder isolada no Nordeste na atração de turistas internacionais, a Bahia tem 6% de participação no mercado brasileiro, número três vezes maior do que Pernambuco e Ceará, que possuem 2% cada um

da Conquista, considerada uma das mais bonitas da América Latina; além de diversos museus. Um novo atrativo que chega para ampliar o leque de opções é a Casa dos Carneiros, em construção, um espaço para ópera idealizado pelo cantor e compositor Elomar Figueira Mello, que promete trazer atrações renomadas, inclusive no cenário internacional.

Da Bahia para o mundo Em novembro, a Bahia foi representada pela Bahiatursa na 32ª edição da Feira Internacional World Travel Market, maior evento de turismo da Grã-Bretanha, considerada por muitos profissionais como o maior fórum global da indústria de turismo. Um dos pontos destacados no evento foi a crise financeira na Europa, que coloca os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) no centro das atenções também no turismo. Durante o evento, a Embratur apresentou o Roteiro Integrado - Bahia, Rio de Janeiro e Amazonas. Ele proporciona ao turista internacional, em uma mesma visita, passeios nesses três grandes destinos do Brasil. Da Bahia, foram também promovidos o golfe, o turismo étnico afro, o ecoturismo, sem esquecer o turismo de lazer e o de negócios. Um dos serviços divulgados no evento foi o Disque Bahia Turismo, que é o maior call center do país (71 3103-3103). Através desse

número, o visitante pode obter informações sobre programação de cinema, teatro, shows, festas populares e ainda telefones e endereços de farmácias, hospitais e outros serviços de saúde e órgãos de segurança pública. O serviço, que dispõe de operadores trilíngues, poderá ajudar os turistas na sua localização geográfica e no acesso aos meios de transporte para deslocamentos, dentro e fora do estado. “Para a Bahia, foi muito importante participar, pois, além de promover os novos produtos, tivemos a oportunidade de fazer uma reunião com a companhia aérea British Airways para captar voos diretos da Inglaterra para a Bahia e reuniões com outros operadores para possibilitar a vinda de voos charters e de promover voos diretos da Europa da TAP e da Air Europa para o estado”, declarou a diretora de relações internacionais da Bahiatursa, Rosana Decat França. A Secretaria de Turismo da Bahia e a Embratur também estão priorizando as promoções internacionais nos mercados da América do Sul. Dessa forma, investem na captação de novos voos da Argentina, Chile, Peru e Venezuela. Hoje a Bahia possui 25 voos internacionais semanais diretos de Portugal, Espanha, Alemanha, Argentina e dos EUA, além de inúmeros voos charters da França, Itália e também de cidades da Argentina Buenos Aires, Córdoba e Rosário, desafiando as dificuldades econômicas internacionais.

Mar, Ernani Pettinati. Segundo ele, o aeroporto de Ilhéus não comporta as demandas existentes. “Há uma promessa de construção de um novo aeroporto, mas ainda está tudo no papel. Nós, empresários, precisamos de um posicionamento claro e definitivo do governo em relação a isso”, completa Ernani. O empresário explica que, de Camamu para Itacaré há uma estrada muito boa, mas para o turista chegar de outros lugares como Salvador, por exemplo, ele encontra dificuldades. Com isso, a ocupação hoteleira ainda não é satisfatória. Os empreendimentos são pequenos para o imenso potencial da região. Outro ponto que estaria na contramão do desenvolvimento são as altas tarifas dos voos. Para apostar no potencial do que há de latente naquelas localidades, a empresa Conchas do Mar Empreendimentos Imobiliários está com um projeto para implantar próximo a Itacaré, o que promete ser praticamente uma nova cidade. A Reserva Itacaré terá um investimento estimado em R$ 150 milhões. Está prevista a construção de um hotel com 112 apartamentos, um hotel charme com 15

bangalôs, oito condomínios, um centro de convenções, uma escola profissionalizante, um centro esportivo e um hospital – primeiro no município. O arquiteto que assina o projeto é Sidney Quintela. De acordo com o assessor da Conchas do Mar para o projeto Reserva Itacaré, Érico Mendonça, a parte construída do empreendimento ocupará apenas 6% da área total do projeto, que é de 233 hectares. Os outros 94% permanecerão como área verde. “A ideia é de preservar ao máximo o meio ambiente e manter o clima bem característico de Itacaré”, ressalta. Segundo a secretária executiva do Instituto de Turismo de Itacaré, Cláudia Cruz, a empresa apresentou um Master Plan ao Conselho Gestor da APA Costa de Itacaré e Serra Grande (do qual a prefeitura também faz parte), que é um conselho tripartite consultivo, não-deliberativo, para informar quais os equipamentos seriam implantados e onde poderiam ser localizados. A empresa ainda busca parceiros para a realização do projeto e o início das obras da primeira etapa está previsto para 2013.

A BA-001 é a nova estrada que liga Camamu a Itacaré. Apesar da boa qualidade da pista, empresários ainda questionam que é difícil chegar a outras localidades da região.

Novas oportunidades de negócios A Bahia já é um destino turístico pra lá de consolidado, mas possui ainda diversos produtos a serem melhor explorados. Uma região que tem despertado a atenção de investidores é a Costa do Cacau. Praias paradisíacas, natureza exuberante, clima agradável são apenas alguns dos atrativos dessa região, que só não explodiu ainda turisticamente porque tem alguns entraves. “O maior problema que nós temos hoje aqui na região é a acessibilidade. Para o turista chegar a algumas localidades, muitas vezes ele precisa enfrentar péssimas estradas ou o sistema de ferryboat, que possui um serviço precário”, aponta o diretor do hotel Aldeia do Foto: Rita Barreto / Setur

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Foto: João Ramos / Bahiatursa

Potencialidades e desafios Paulo Gaudenzi, ex-secretário de turismo, membro da Academia Brasileira de Eventos, diretor do Hotel da Bahia e empresário, ressalta que oportunidades de negócios podem ser apontadas a depender do tipo de investimento. Para Salvador, por exemplo, ele destaca a necessidade de hotelaria de alto nível, e para a Baía de Camamu observa o não aproveitamento de vários produtos com grande potencial, inclusive para o turismo náutico. Novos atrativos a serem descobertos ou trabalhados turisticamente não faltam. Rosana Decat reforça: “Cito Itacaré, Boipeba e Maraú como destinos que agregam a sustentabilidade ambiental às motivações do turismo de sol e praia, e ao conforto das pousadas e hotéis; a Baía de Todos os Santos, com 56 ilhas com grande número de atracadouros, águas mornas, sol e bons ventos o ano inteiro, é uma excelente escolha, a Costa dos Coqueiros, com a excelente infraestrutura hoteleira no segmento de resorts, ecoturismo e golfe; entre outros”. Ter um bom produto ou uma série deles não é garantia de boas vendas. Mais do que os atrativos naturais, culturais ou de qualquer outra natureza, o turismo é uma atividade que exige, substancialmente, planejamento estratégico. Na visão de Paulo Gaudenzi, o mais importante é sempre renovar. “Eu já vi seis rótulos diferentes de uma determinada marca de cerveja que até hoje tem mercado forte no Brasil. A embalagem do produto deve sempre ser atualizada”, compara.

O secretário Domingos Leonelli durante evento em que anunciou o investimento de R$ 32 milhões na Feira de São Joaquim

Foto: Rita Barreto / Setur

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Segundo ele, é necessário também investir em tecnologia da informação e qualificar as pessoas, sobretudo por meio de empresas que sejam reconhecidas dentro e fora do país. A esperança segue sendo a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. Contudo, não se pode esperar que esses investimentos pontuais possam transformar a vida da população ou incrementar de forma ampla e definitiva o trade turístico. Para a Copa, há investimentos em diversas áreas. “Nós do turismo, por exemplo, estamos com dois grandes investimentos previstos para os próximos anos, da ordem de R$ 134 milhões na Baía de Todos os Santos, e de R$ 32 milhões na requalificação da Feira de São Joaquim. Outros R$ 20 milhões serão destinados a qualificação profissional. Além desses, o governo tem projetos na área de mobilidade urbana, segurança pública, dentre outros”, conclui Leonelli. Os empresários do turismo acreditam, porém, que há questões sobre a atividade que não podem ficar ligadas somente a esses grandes eventos. Os investimentos público e privado devem garantir a geração de emprego e renda para o estado de forma permanente, deixando um legado importante para todos os segmentos da cidade. É necessário criar condições seguras para que os empresários possam investir em grandes projetos para ganhos a médio e longo prazos, não só para a capital baiana, mas para todo o estado, mostrando o que a Bahia tem de bom para oferecer. O músico espanhol José Eloy Garcia Alonso esteve na Bahia recentemente e apostou que apesar de possuir um entorno natural muito bonito, shoppings modernos bem diferentes dos pequenos centros comerciais europeus, atrativos turísticos interessantes como o Pelourinho, entre outros aspectos positivos, o abandono notório da cidade, sobretudo no Centro Histórico e na Cidade Baixa, e a insegurança causam um desconforto ao turista que vem de fora. O músico comparou o aspecto da cidade a Cuba, “bem terceiro-mundista”, mas também demonstrou vontade em empreender na cidade. “Se sentisse um maior comprometimento do poder público, investiria em uma vinhoteca por aqui”, arriscou.

O sabor do enoturismo A Bahia possui 13 zonas turísticas e algumas delas, que não eram muito trabalhadas, já começam a despontar, como o Vale e os cânions e lagos do São Francisco. Essa região compreende o entorno dos municípios de Juazeiro e Paulo Afonso, que possuem um grande potencial para o enoturismo e o turismo de aventura, respectivamente. Em Paulo Afonso, são realizadas algumas das principais competições de esportes radicais nacionais e internacionais; enquanto em Juazeiro já há um fluxo mensal de cerca de duas mil pessoas visitando a principal vinícola do local. Um dos principais atrativos é o roteiro do Vapor do Vinho, um passeio que, há alguns anos, só seria possível na Europa ou no Sul do Brasil, mas que está se consolidando no Vale do São Francisco, segundo polo produtor do vinho nacional. O roteiro começa em Juazeiro, onde os visitantes navegam em uma embarcação típica da região, conhecendo a barragem e realizando a eclusa, podendo, em seguida, apreciar as águas calmas do lago. Ao chegar à Vinícola Ouro Verde (Miolo/Lovara), no município de Casa Nova, o turista visita os vinhedos, conhece mais sobre viticultura e aprende como são elaborados os vinhos tinto, branco e espumante. Tudo com o sabor marcante de degustações e o conhecimento de diversos produtos, como cosméticos à base de uva e vinho, confecções, acessórios, taças e artesanato. “Por ser uma região que possui potencial para produção de uva e vinho com até duas safras completas por ano, o grupo decidiu investir no turismo como algo a mais para a região. De janeiro a dezembro, o turista pode conhecer o plantio de uva e a produção de vinho, o que não é comum em regiões vitivinícolas tradicionais. Esse diferencial foi que levou à exploração do enoturismo. O mercado é crescente. Fazendo a comparação de crescimento do numero de visitantes de 2010 e 2011 até agora, consta um aumento de 78%”, afirma o coordenador de turismo da Vinícola Ouro Verde, Rafhael Loura.

Segmentos turísticos O turismo já foi pensado com a simplicidade de origem-destino e a visitação de lugares comuns. Com a profissionalização da atividade, percebeu-se que, pelo fato de abranger públicos e interesses diversos, a atividade tem que ser trabalhada de acordo com as peculiaridades de cada grupo. Assim o trade turístico ampliou o turismo segmentado, no qual se faz necessário ter o conhecimento profundo do destino, equilibrando a relação da oferta com a demanda. Na Bahia, existem roteiros para os mais diversificados públicos em segmentos como cultural, arqueológico, LGBT, náutico, religioso, étnico, esporte e aventura. Foto: Rita Barreto / Setur

Turismo Cultural Apresenta como diferencial a possibilidade de ser explorado durante todo o ano. É uma alternativa para a redução dos impactos da sazonalidade nos destinos. Sendo assim, consegue atrair mais a atenção de empresários e investidores, pois os riscos de mudanças causadas pelas condições climáticas, por exemplo, são mínimas. Nesse sentido, torna-se necessário que o governo apoie ações que visem à ampliação dos investimentos privados no segmento, sensibilizando empresários para a importância do turismo cultural. Por ser tão amplo, ele pode abarcar demais segmentos, como o turismo religioso, étnico-afro, arqueológico, dentre outros.

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capa Foto: Rafael Martins / Secom

Turismo Náutico

Foto: Elói Corrêa / Secom

Turismo Étnico-Afro

É a grande aposta do turismo na Bahia. Com enorme potencial, ganhou espaço no planejamento de novos produtos turísticos e tem a seu favor o maior litoral do Brasil, com 1.181 quilômetros de extensão. Além disso, a região apresenta clima de verão o ano inteiro, propício para a atividade. Destacam-se nesse segmento as regiões conhecidas como Costa das Baleias; Costa do Cacau; Costa do Descobrimento e Costa do Dendê. A Baía de Todos os Santos sobressai como um berço para o turismo náutico. No mês de novembro, o governo da Bahia anunciou que vai investir R$ 85 milhões em infraestrutura náutica, recuperando atracadouros e potencializando a qualificação profissional. Essa iniciativa será mais um incentivo para investidores e, consequentemente, poderá aquecer a demanda de turistas para conferir as 56 ilhas que compõem a maior baía do Brasil.

Salvador é a cidade mais negra do mundo fora do continente africano. A forte herança desperta a curiosidade de turistas do mundo inteiro que desejam conhecer mais sobre cultura, comida, religião, arte e dança provenientes dos povos africanos. Por essas características, a capital baiana é o grande polo desse segmento, atraindo milhares de turistas todos os anos. As atenções de muitos turistas se voltam para o bairro da Liberdade, mais especificamente para o Ilê Aiyê, bloco fundado há 38 anos e que desenvolve projetos de inclusão social de crianças e adolescentes. Seu modelo de gestão é referência, sendo considerado um dos melhores lugares do estado para a realização de atividades socioculturais, segundo pesquisa realizada pelo Instituto Rio Branco.

Foto: Carla Ornelas / Secom

Predominante em regiões de sol e praia, o turismo LGBT cresce a cada ano em cidades como Salvador, Porto Seguro, Ilhéus e Itacaré. Segundo o vice-presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, a preferência pelas cidades litorâneas pode estar no clima de interação proporcionado por essas cidades. Considerados gay-friendly, esses destinos se destacam por proporcionar ambientes democráticos, respeito à diversidade e vida noturna agitada. Como grande evento do segmento destaca-se a Parada Gay da Bahia, que atrai todos os anos milhares de pessoas para o estado. “A Bahia possui também o diferencial de ter uma veia artística muito forte, além de ser famosa pela cordialidade do seu povo”, declara Cerqueira. Ele explica também que esse público costuma viajar, normalmente, em grupos pequenos de duas ou três pessoas e prefere se hospedar em locais mais centrais, pois, segundo ele, são mais seguros. Mas se nem tudo é festa, o GGB vai transformar a Parada Gay 2012 num evento para incrementar o fluxo turístico de forma mais ativa, promovendo uma semana cultural com data já marcada - de 1º a 9 de setembro. Sobre a ilha, uma curiosidade: uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2010 indica que os municípios de Vera Cruz e Itaparica, ambos localizados na Ilha, apresentam os maiores índices de concentração de casais homossexuais. Um dos locais mais frequentados é a praia de Ponta de Areia, tanto que o site GGB indica o local como ponto de paquera.

Turismo LGBT Foto: Jota Freitas

Foto: Ciro Brigham

Turismo religioso

Turismo Arqueológico

Estado de todos os santos e crenças, a Bahia é conhecida mundialmente pela fé do seu povo, que vem tanto das raízes africanas, como das igrejas católica e protestante. A busca espiritual e a prática religiosa fazem com que milhares de pessoas desembarquem na principal porta de entrada do estado, Salvador. Os visitantes vêm principalmente em busca de peregrinações e romarias; retiros espirituais; comemorações de caráter religioso, como as festas da Nossa Senhora da Conceição da Praia e do Nosso Senhor do Bonfim; e visitação a espaços religiosos (igrejas, templos, santuários e terreiros). Desde 2010, a Bahia faz parte do roteiro de turismo religioso do Vaticano, por meio da agência de turismo oficial daquele país, a Ópera Romana de Peregrinação (OPR), sendo reconhecida internacionalmente. O roteiro de visitas pode ser ampliado com a proposta de inclusão das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid), através do Santuário da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres e do Memorial Irmã Dulce (MID), que recebem cada vez mais pessoas, desde que “O Anjo Bom da Bahia”, como ficou conhecida a irmã Dulce, foi beatificada pelo Vaticano e pode vir a se tornar a primeira santa baiana. 60

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Pensar em turismo arqueológico na Bahia remete a um destino: Chapada Diamantina. Com uma área aproximada de 1.520 quilômetros quadrados, o Parque Nacional da Chapada Diamantina abriga alguns dos mais importantes sítios arqueológicos do Brasil e é referência para pesquisadores e turistas. Rochas, montanhas e grande acervo arqueológico estão acessíveis a todos àqueles interessados em conhecer um pouco mais sobre a história dos nossos antepassados. Podemos afirmar que esse tipo de turismo evoluiu bastante nos últimos anos e que o envolvimento da comunidade local é de fundamental importância para a preservação do patrimônio cultural e no desenvolvimento econômico sustentável na região. Os empresários do segmento têm apostado na abertura de novos empreendimentos, como hotéis e restaurantes, e investido em serviços, como visitas guiadas aos sítios arqueológicos. Além disso, existe uma preocupação em estabelecer uma infraestrutura necessária para os visitantes sem causar grande impacto ambiental. Entre os locais de visitação mais procurados por turistas, encontram-se os municípios de Morro do Chapéu, Central e Gentio do Ouro, que agrupam cerca de 30 sítios com pinturas rupestres. Seguindo pela BA-052, conhecida como Estrada do Feijão, encontramse algumas dessas ricas obras de arte que contam a história da humanidade e foram conservadas por milhares de anos. Há também trilhas que podem ser feitas, como a do rio Cumbuca, em Mucugê, onde os turistas podem ver algumas inscrições rupestres e assistir ao pôrdosol no alto do Morro do Cruzeiro. [B+]

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Fotos: Divulgação

A Tidelli atua há 22 anos no mercado. O que fazer para se manter na liderança e evitar a aproximação da concorrência? Fomos líderes no segmento de móveis externos, do qual somos pioneiros. Há 22 anos não havia fabricantes nessa área e hoje nós já devemos ter uns 20 concorrentes, fora os de fundo de quintal. Nós investimos em design, contratamos há dois anos uma designer que trabalha em São Paulo e no Rio de Janeiro, que é a Maria Cândida, e constantemente nós lançamos coleções assinadas por muitos baianos, designers de mobiliários que tenham um peso capaz de agregar estilo. Paralelo a isso, nós fazemos uma constante procura por materiais diferenciados. Passamos a importar da Indonésia há uns seis anos toda a fibra que trança o produto. É uma fibra melhor do que a nacional, texturizada e muito próxima da fibra natural, porém, sem ter desgaste. Atualmente, importamos um contêiner a cada dois meses. A fibra importada nos proporcionou um grande salto, porque ela vende três vezes mais do que as outras.

Com a corda toda Foto: Rômulo Portela

Líder de mercado no setor de móveis residenciais, a Tidelli in & out acredita na ousadia ao inovar nos negócios. Referência na utilização de fibras sintéticas, a empresa coloca no mercado mobiliários feitos com cordas náuticas. A fábrica fica no coração do Subúrbio de Salvador por Murilo Gitel

É

de uma moderna fábrica instalada no bairro de Coutos, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, que a Tidelli in & out, líder no mercado de móveis residenciais, produz mais de 200 artigos entre chaises, sofás, almofadas, bancos, poltronas e mesas - peças ricas em estilos e cores, comumente vistas em casas das classes A e B, restaurantes, hotéis e clubes. A ousadia ao inovar e acreditar nos negócios é a principal marca da pioneira no segmento de móveis externos no Brasil. Com 22 anos de atuação, a empresa capitaneada pelos irmãos gaúchos Roberta, Luciano e Tatiana Mandelli também é referência em mobiliário exclusivo para áreas

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internas e tem como carro-chefe a utilização de fibras sintéticas. Além de trabalhar com uma linha de ombrelones, a companhia orgulha-se de ter sido a primeira a se especializar em produtos outdoor. Em uma visita ao condomínio empresarial no qual a fábrica da Tidelli está situada, a [B+] conversou com a CEO da empresa, Roberta Mandelli, que revelou a filosofia da gestão do grupo, centrada na inovação, além de adiantar novidades referentes às lojas da organização e avaliar os rumos do mercado na Bahia e no Brasil como um todo. “A Bahia é uma ótima praça”, adianta a executiva.

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E agora vocês apostam na corda náutica como tendência? Como a concorrência passou a nos copiar em relação ao uso das fibras e o produto nacional também evoluiu um pouco, embora ainda esteja abaixo do importado, a necessidade de inovar ficou mais forte. Neste ano, nós acabamos de fazer o lançamento de uma coleção completamente nova, já nos colocando em outro nível de mercado, no qual a altíssima decoração tem olhado muito para a Tidelli. Além da fibra, que é o nosso carro-chefe, entramos com um material novo, que é a corda náutica. É algo muito inovador. Ninguém havia sonhado em trabalhar com isso. Esse é o nosso grande diferencial hoje. Lógico que, no final do ano que vem, todos vão estar copiando. Estudamos muito essa tecnologia, pois é um produto de área externa, que não pode mofar, e aí acabamos montando dentro da nossa fábrica, que é muito verticalizada, uma microfábrica de cordas. Hoje, o que nós importamos é o fio. É um produto que cai no gosto de quem quer algo realmente diferenciado, de quem não se limita ao que a média comum consegue oferecer. De que forma a Tidelli avalia o mercado de móveis atualmente? Está em expansão, tanto que tem aumentado a concorrência (risos), que vem se aprimorando. Então, se manter na liderança é um trabalho diário. Como os três irmãos estão na Tidelli desde o início, respirando móveis, estamos sempre muito antenados. A ideia da corda náutica surgiu da gente, e não do estúdio interno onde trabalha a

“O estado [Bahia] era considerado a “China brasileira”. Havia um nível de salário que hoje não tem mais. Conseguíamos ser mais competitivos graças ao custo Bahia, que hoje está altíssimo” Roberta Mandelli

designer que contratamos, por exemplo, embora sempre troquemos informações. Viajamos constantemente para o exterior. Fizemos a Feira de Milão até para ver se os nossos produtos estão de acordo e, para nossa surpresa, a conclusão é que estamos muito dentro das tendências. Eu morei muitos anos nos EUA e também tenho relacionamento com os fabricantes de lá e com os europeus. A Tidelli, por meio de suas lojas, atua em boa parte do Brasil. Vocês são gaúchos. Por que escolheram implantar a fábrica na Bahia? Estamos aqui no Subúrbio desde 1996. Antes, estávamos na região do Cia/Aeroporto. Bem, somos do Rio Grande do Sul, um estado frio que dói (risos), sendo que o nosso processo é 100% manual. O material costuma enrijecer no frio e os próprios atos de tecer e trançar acabam acanhados em temperaturas frias. Além do clima, escolhemos vir para cá por uma questão de logística de distribuição. Na Bahia, além do clima, você está no centro. E o Rio Grande do Sul é o mercado que menos consome, porque tem pouco verão. Lá, uma pessoa gasta R$ 3 milhões em um apartamento e coloca móvel de plástico no terraço. A Bahia é uma excelente praça. Hoje os baianos ocupam a terceira posição entre os que mais compram Tidelli (atrás apenas de SP e RJ) e estiveram na primeira posição durante muitos anos. Outra razão é que o estado era considerado a “China brasileira”. Havia um nível de salário que hoje não tem mais. Conseguíamos ser mais competitivos graças ao custo Bahia, que hoje está altíssimo.

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A fábrica está instalada no Subúrbio de Salvador, em um projeto social que envolve um conjunto de indústrias e a comunidade local. Como você vê essa relação? Quando instalamos nossa fábrica aqui, o bairro estava recém-criado, sendo que o índice de criminalidade era de 95%. Foi quando o então governador Paulo Souto bateu na Fieb e expôs o problema. A sugestão dada foi a implantação de um condomínio industrial. A Tidelli foi uma das empresas que encabeçaram esse projeto, porque muitas não tinham coragem de vir para aquele verdadeiro “faroeste”. Até os funcionários que nós trouxemos de nossa fábrica antiga ficavam com medo. O Senai também abraçou o projeto e ajudou a capacitar a mão de obra local. Hoje são 23 empresas no Condomínio Empresarial Moradas da Lagoa. Quando viemos para cá, o governo nos deu parte de um prédio, que nós quintuplicamos depois. Ao contratar, priorizamos trabalhadores daqui da região. Contribuímos com a escolacreche, com a academia de karatê, com um projeto de costureiras que

fazem bolsas com retalhos da fábrica de biquínis, por meio da associação de moradores do bairro. Quais foram os resultados das vendas neste ano? Há perspectiva de ampliar as lojas pelo Brasil em 2012? A estabilidade marcou as nossas vendas em 2010, quando os resultados foram muito parecidos com os de 2009. Já em 2011, apesar de todos os trancos e barrancos, houve uma melhora, sendo que, até novembro, já faturamos o equivalente ao registrado no ano passado. Deveremos fechar com uma alta de 10%, algo em torno de R$ 20 milhões, divididos entre corporativo e varejo. Há perspectiva de ampliar as lojas pelo Brasil em 2012? O planejamento macro nós fazemos em vista dos próximos cinco anos. Hoje são nove lojas plenas da Tidelli (85% dos produtos fabricados pela própria empresa): São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Estrada do Coco, Porto Alegre, Vitória, Natal, João Pessoa e Fortaleza. Para 2012, nós estamos convertendo mais três unidades

para lojas plenas: Goiânia, Recife e Maceió. A conversão de Belo Horizonte deve ser concluída até o final de 2011. Já as lojas multimarcas, que normalmente destinam uma área de 200 metros para os nossos produtos, são 15. Quais são os maiores desafios para se tocar o negócio? O custo Brasil. O desafio do industriário no Brasil é o nosso governo, a nossa tributação alta. A baixa qualificação também é uma coisa complicada, o que se gasta em treinamento de pessoal. Os seus dois irmãos e você são os gestores da Tidelli. Dá muita briga? Às vezes dá briga, mas aí a gente respira fundo e desfaz (risos). Em qualquer empresa ocorrem contratempos, mas nós os coordenamos bem. Cada um tem suas qualidades e defeitos. Estou à frente das questões da fábrica. Tatiana, que fica em Goiás, cuida da parte comercial, relacionamento com lojas, e o Luciano atua no varejo nacional e também dá um suporte no industrial.

“A necessidade de inovar ficou mais forte. Além da fibra, que é o nosso carrochefe, nós entramos com um material novo, que é a corda náutica” Roberta Mandelli Foto: Rômulo Portela

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Você tem seu perfil na internet? Especialistas garantem que é necessário planejamento e conhecimento técnico para alcançar objetivos na web

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Foto: Nilton Souza

sem estresse por

Murilo Gitel

Foto: Eduardo Moody

Pensando em arrumar as malas? E se você pudesse otimizar o tempo das suas férias em uma casa de alto padrão, com serviço de hotelaria, intercâmbios mundo afora, sem se preocupar com absolutamente nada? É isso o que o sistema de tempo compartilhado oferece. Saiba como funciona esse mercado

O

engenheiro Roberto Costa, 61 anos, radicado em Brasília, e o empresário Walter Leite, 54 anos, que mora em Sergipe, possuem algo em comum. Eles fazem questão de não se preocupar com absolutamente nada no período das férias, além de usufruir de uma casa de praia de alto padrão, com serviço de hotelaria de luxo e possibilidade de intercâmbio para variados destinos paradisíacos espalhados pelo mundo. Essas opções são oferecidas no sistema de tempo compartilhado (timeshare), comum há mais de 20 anos nos Estados Unidos e em parte da Europa, uma tendência que atualmente engatinha no Brasil, mas que tem tudo para virar tendência no mercado. Uma boa notícia para a Bahia, estado que abriga dois dos três empreendimentos de luxo que atuam hoje com esse modelo aqui no país: o

Itacaré Paradise, em Itacaré, e o Quintas Private Residences, na Costa do Sauipe (o terceiro é o Aguativa, que fica no Paraná). Funciona assim: você pode comprar uma fração do imóvel (costuma ser 12 frações) e usufruir quatro semanas anuais por meio de um rodízio de datas, estabelecido de maneira igualitária para os proprietários em um calendário randômico (assim eles alternam o uso das semanas de alta e baixa estação). A administração e a manutenção das propriedades ficam por conta das empresas responsáveis pelos empreendimentos, o que significa deixar de se preocupar com a insegurança e gastos com caseiro, jardineiro, contas de IPTU, água e luz, por exemplo. “Eu não me preocupo com absolutamente nada”, destaca Roberto Costa, que já adquiriu duas frações de

Espaço interno e conforto no Quintas Private

Foto: Divulgação

Casa de praia

uma casa no Itacaré Paradise, que é administrado pela Eko Arquitetura e Construção. “Se eu fosse comprar uma casa, mobiliá-la e providenciar todos os serviços que a empresa faz, eu teria muito dispêndio. Eu não quero saber se a lâmpada queimou, se o chuveiro quebrou, se faltou água. Tem alguém que cuida de tudo isso”, pontua o engenheiro carioca radicado na capital federal. Opinião semelhante tem o paulista Walter Leite, radicado em Aracaju. Ele adquiriu uma fração do Quintas Private, empreendimento administrado pela Odebrecht Realizações (OR) em julho de 2010. “Casa de praia costuma dar muito trabalho. Eu tenho uma casa de praia que não me dá trabalho. O outro lado é que ela não fica disponível o tempo todo para o meu bel-prazer”, pondera. No entanto, pesquisas recentes de mercado mostram que os proprietários de casas de férias as utilizam apenas 10% do tempo de um ano. “Você vai usar essa casa full time cinco anos, depois, para de utilizar e ela acaba virando um grande elefante branco. Nossa proposta é que a pessoa invista 10% em relação à casa e utilize 100% do investimento”, argumenta Wiliam Nascimento, consultor de vendas do Quintas Private e mestre em tempo compartilhado pela Universidade de Valência, na Espanha.

Itacaré Paradise conta com a presença de mata atlântica

Expansão “É uma tendência mundial. Cada vez mais, as pessoas querem ocupar o tempo com o que realmente interessa e não ter que se preocupar com uma série de ações que desviam a atenção daquilo que de fato é fundamental”, observa Franklin Mira, diretor da OR. O gerente de vendas do Itacaré Paradise, Jefferson Magalhães, concorda. “É um produto que está em alta, uma

Quintas conta com 20 casas para frações Foto: Nilton Souza

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Foto: Acervo Pessoal

Roberto Costa curte a piscina em Itacaré ao lado da esposa, Cássia Regina

“Se eu fosse comprar uma casa, mobiliá-la e providenciar todos os serviços que a empresa faz, eu teria muito dispêndio. Eu não quero saber se a lâmpada queimou, se o chuveiro quebrou, se faltou água. Tem alguém que cuida de tudo isso” Roberto Costa, engenheiro

quebra de paradigma. Quem compra sempre sai satisfeito.” Prova disso é o sucesso de vendas desses empreendimentos. “Nossa meta para o primeiro um ano e meio de projeto era comercializar 80 frações. Nós já passamos das 100, sendo que no final de ano nós costumamos vender três vezes mais em relação aos outros meses do ano”, comemora Mira. “Temos a meta de vender 240 frações até o final de 2012. Com certeza chegaremos à metade até o fim de 2011. Temos 20 casas para esse sistema de frações”, reforça o diretor da OR. De acordo com Mira, 50% das pessoas que compraram no Quintas foram indicadas pelos amigos. “A 70

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outra metade é vendida no próprio local, com captação, visitas. Mas nós temos tido um sucesso muito grande, porque quem está usando percebe o resultado, tanto para o usufruto da família como para o lado econômico”, justifica. “Como nós estamos com a nossa economia e com as nossas classes ascendentes, fatalmente teremos mais gente viajando, tirando férias, pois este é um mercado com potencial fantástico.” O Itacaré Paradise, por sua vez, já vendeu todas as 12 frações da casa de quatro suítes que disponibiliza. Já a residência de três suítes conta com uma fração comercializada. A Eko Arquitetura e Construção pretende construir mais seis imóveis nos próxi-

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mos três anos. “Eu adquiri minha primeira cota no início de 2011. E a segunda em setembro. E se bobear ainda compro mais uma”, projeta Roberto Costa. Em média, as empresas que atuam com esse sistema permitem que os proprietários de frações levem de oito a dez acompanhantes para usufruir do imóvel. Entre os serviços essenciais oferecidos, destacam-se: administração de bens; limpeza de piscinas; jardinagem e paisagismo; manutenção predial; segurança; TV por assinatura; internet wireless; concierge; balsa para praia. Já as opções pay-per-use incluem: Supermercado delivery; café da manhã; bufês especiais; chefs de cozinha; churrasqueiro; garçom/barman; serviços de governança/limpeza /lavanderia; massagista; serviços de transfer e passeios; locação de carros e bicicletas. Uma pesquisa do The Registry Collection (TRC) constatou que o número de empreendimentos de luxo que atuam com o sistema de tempo compartilhado em todo o mundo passou de quatro, em 2002, para 154 em 2008. O mesmo estudo revela que 72 frações foram vendidas até 2004, número que atingiu a marca de 7.125 quatro anos depois.

de luxo distribuídos por mais de 30 países. Existe uma espécie de banco onde são depositadas as semanas dos proprietários de frações que não querem ir todos os anos para o mesmo lugar. Quem compra fração aqui no Sauipe, por exemplo, pode disponibilizar a semana que não vai usar e solicitar o intercâmbio para Cancún, por exemplo”, explica Wiliam Nascimento, do Quintas Private. Segundo Nascimento, o banco de semanas disponibilizado pelo TRC é extremamente ágil. “Em agosto deste ano, um cliente nosso pediu Nova York para novembro. Ele solicitou às 10h e às 17h já estava feita a confirmação no e-mail dele”, exemplifica. Existe um valor de administração para o TRC para viabilizar o programa, uma taxa que é inferior a R$ 700. “Para o ano que vem já estamos estudando alguns roteiros internacionais, como África do Sul, Estados Unidos, Cancún (México) e Europa”, revela Walter Leite, que costuma usufruir de sua fração na Costa do Sauipe com a esposa, os dois filhos e os amigos. Tanto o Itacaré Paradise

como o Quintas Private estão classificados em um nível elevado no TRC, o que possibilita aos proprietários de frações conseguir vantagens adicionais no intercâmbio, como mais tempo de estada, número de acompanhates, aluguel de veículo e passagens aéreas. “Essa possibilidade é muito interessante”, completa Leite. “Para que eu vou comprar uma casa e me preocupar com diversas questões se eu posso ter tudo isso no sistema fracional?”, pontua um entusiasmado Roberto Costa. “A vantagem do meu concunhado, que tem uma casa de férias própria, é que ele pode usufruir na hora que ele quiser, se bem que ele só pode nas férias. Ele me disse que hoje não teria feito a casa dele se tivesse o conhecimento do sistema fracional antes”, garante o engenheiro.

Iberostate prioriza a compra Embora não atue no sistema de tempo compartilhado e prefira priorizar a compra de imóveis, em vez de frações, o Iberostate Praia do Forte

também aposta no conceito de “uma casa de praia que não dá trabalho”. O Residencial Mediterrâneo é o novo produto do complexo e conta com 76 apartamentos e vila comercial. As unidades de um a três quartos medem de 70m2 a 100m2, custam em média R$ 450 mil e a previsão de entrega é final de 2013. Entre os serviços disponíveis para os condôminos estão o day pass e night pass no Hotel Praia do Forte; golf; SPA; centro de convenções; lavanderia; manutenção; aluguel de casas; catering gourmet em domicílio; transfer para o aeroporto; abastecimento de alimentos; limpeza; internet; TV pay per view; aluguel de veículos; excursões; tours de golf; baby sistter; serviços de mensageiro e fax. “O nosso perfil de clientes de veraneio é mais de comprador. Esse conceito de tempo compartilhado ainda não está suficientemente consolidado, em nossa opinião. O sentido de propriedade ainda é muito forte no Brasil”, esclarece o diretor do Iberostate Praia do Forte, Javier Trinidad. [B+]

Foto: Acervo Pessoal

Foto: Divulgação

Intercâmbio Uma das principais vantagens oferecidas pelos empreendimentos que operam no sistema de tempo compartilhado diz respeito à associação junto ao The Registry Collection (TRC), um programa de intercâmbio de casas de férias de alto padrão, que possibilita aos proprietários trocar uma ou mais semanas no local onde adquiriram originalmente as frações por outras em diversos destinos turísticos do mundo. “Nós disponibilizamos, por meio do TRC, mais de 180 empreendimentos

Walter Leite e família no Quintas Private, em Costa do Sauipe

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Iberostate: unidades têm entre 70m2 e 100m2

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Peru é onda certa Alfredo coloca em dia o surfe nas ondas de Lobitos, no Peru Fotos: Acervo Pessoal

Alfredo Tavares, sócio da Tempo Propaganda, relembra as ondas de sua viagem ao país do ceviche por Vanessa Aragão

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aís de cultura milenar e belezas naturais marcantes, o Peru tem fortes atrativos turísticos. Além da capital Lima, da misteriosa Machu Picchu e das trilhas dos incas, é nas belas praias que o país sulamericano tem um toque especial para um determinado grupo de visitantes: os surfistas. As ondas que quebram no Peru seduzem turistas de todo o mundo, a exemplo de Alfredo Tavares, sócio-diretor da agência baiana Tempo Propaganda.

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Alfredo surfa para relaxar de sua rotina de trabalho. Ao menos uma vez por ano, o empresário graduado em jornalismo viaja para fora do Brasil para praticar seu hobby favorito. O arquipélago de Galápagos, Costa Rica e Nicarágua foram alguns dos lugares que ele já desbravou com sua prancha. Há oito anos, por meio de uma mudança de hábitos, na qual incluiu a decisão de “parar de fumar, entrar na academia e voltar a surfar”, Alfredo decidiu voltar a conviver com o mar e garante se sentir uma nova pessoa. “O surfe é uma atividade bem relaxante para mim. Tem esse aspecto de prazer e deleite, e é também um combate ao estresse do cotidiano”, enfatiza. Em 2011, a viagem escolhida foi ao Peru. Foram 12 dias entre Lobitos, Punta Hermosa e Lima com um grupo de quatro amigos. Essa foi a segunda vez que o empresário-surfista foi em busca das ondas do país. Lobitos foi o primeiro destino. Desembarcaram em outubro em Lima, e de lá seguiram rumo ao norte, a um dos seis distritos de Talara, quase na divisa com o Equador. A região, que tem em média mil moradores, trata-se de uma zona pesqueira e já foi local de uma base da petroleira PetroPeru. “O grande lance lá é o turismo de surfe. Tudo em Lobitos gira em torno do surfe”, explica Alfredo. Durante os sete dias que passou no local, a rotina foi “surfar, surfar e surfar”. Acordavam cedo para pegar onda e às 10h saíam do mar. “Nesse horário, começava, religiosamente, um vento forte que não deixava ninguém mais surfar”, lembra. Em seguida, tomavam café da manhã e iam dormir até a hora de voltar às ondas. “Não tinha outra coisa a se fazer, a não ser estar no mar, andar de kitesurf, ser pescador ou dono de pousada. Lá tinha uma única pizzaria, de massa caseira. Ela passou a se in-

Lobitos

PERU Lima Punta Hermosa

“O surfe é uma atividade bem relaxante para mim. Tem esse aspecto de prazer e deleite, e é também um combate ao estresse do cotidiano” Alfredo Tavares

Visual de fim de tarde na pacata praia no norte do país

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Fotos: Acervo Pessoal

Alfredo com os amigos no restaurante Puro Peru

corporar na nossa atividade noturna, onde batíamos um papo e tomávamos umas cervejas peruanas”, recorda os momentos de descontração. Pessoas hospitaleiras, paisagens desérticas, pousadas seguras, frutos do mar, praias limpas e claro, o mar, compunham o cenário visto e vivido pelo diretor da Tempo Propaganda. “No Peru não para de ter onda, elas são perfeitas, apesar de a água ser gelada”, destaca. Mas as ondas começaram a baixar.

De malas prontas A segunda parte da trip foi em Punta Hermosa, praia a 40 km ao sul de Lima. Como voltaria de Lima para o Brasil e as ondas em Lobitos começaram a diminuir de tamanho, o grupo ficou sabendo pela internet que o mar estava mais propenso ao surfe em Punta. “Então arrumamos nossas coisas e antecipamos o retorno a Lima.” Lá, a rotina foi um pouco diferente: “De manhã a gente surfava e de tarde dávamos uma volta na capital do Peru. Fomos a restaurantes, como o Puro Peru, de cozinha típica, que tinha de tudo. Diversos tipos de ceviche (combinação de peixes e frutos do mar cru, com boa dose de sumo de limão e temperos) risotos, carnes, assados, comida japonesa”. “Também surfamos em Punta Roca, que é um pico de surfe em Punta Hermosa. Um balneário com uma pegada totalmente diferente de Lobitos. O lugar tem muitas casas de veraneio, lugares sofisticados misturados com as casas dos nativos”, conta. Alfredo afirma que gosta bastante de viajar para surfar e conhecer a cultura de outros lugares e que é sempre bacana ir ao Peru, país onde o real é valorizado, além de que “no Peru não tem erro, é certeza de onda”. [B+]

Aquecimentos antes de mergulhar nas águas frias do Pacífico

O balneário de Punta Hermosa mistura o sofisticado e o simples característico do Peru

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l i f e sty le | s ab o r Ingredientes Porção recomendada para duas pessoas

PEIXE - 400g de filé de badejo ou robalo - Sal - Pimenta branca - Azeite de oliva para grelhar MOLHO DA MOQUECA - 150g de camarão médio descascado - 100 ml de azeite de dendê - Suco de 1 limão siciliano - 100 ml de leite de coco - 1/2 pimentão vermelho em brunoise* - 1 colher de sopa de pimenta biquinho natural ou conserva - 1/2 cebola em brunoise*

- 20g de semente de coentro quebrada - Salsa e cebolinha - 2 pimentas de cheiro picadas - 1 pimenta dedo de moça sem sementes, picada em brunoise* (opcional) *Brunoise: minúsculos cubos.

PURÊ DE BANANA DA TERRA - 3 bananas da terra - 1 colher de chá de manteiga - Sal e pimenta ARROZ VERDE DE COCO - 1 e 1/2 xícara de arroz - 300 ml de leite de coco - 100 ml de água - 1/2 cebola ralada - 1 colher de chá de azeite de oliva - Sal a gosto

Modo de Preparo

Fotos: João Quesado

O baiano José Djalma Amaral Júnior, mais conhecido como Zeca Amaral, é um chefe de cozinha e consultor gastronômico radicado em São Paulo. Por meio de muita criatividade, busca a repaginação da cozinha brasileira de raiz, além de se considerar um “cozinheiro da cozinha feliz”. Na visão dele, cozinhar é a capacidade de combinar alimentos para produzir felicidade. “O humor elegante é o tempero das minhas criações. Gosto de proporcionar às pessoas não só o prazer de comer bem, mas principalmente o encanto do convívio à boa mesa”, aponta o personal chef, que a convite da Revista [B+] escolheu compartilhar a receita de sua “Chiq Bahia”, uma moqueca mais leve do que as convencionais, mas sem deixar de remeter aos sabores irresistíveis da “boa terra”. Como surgiu o interesse pela culinária? Lembro de minha mãe fazendo feijão, bife, arroz, “aquele” 76

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mal passado... Humm! Comidinhas que temos saudade sempre, que costumo chamar de “comida de mainha”. Mas eu era inquieto, queria mudar, criar alguma coisa diferente. Achava que comer a mesma coisa todo dia enjoava, podia ser melhor. E esse foi o começo da minha trajetória no mundo da cozinha. Um início sem propósito, descompromissado, sem imaginar que aquela deliciosa forma de diversão se transformaria, um dia, em profissão. Desde quando cozinha? Foi lá pelos 12 anos que comecei a observar o desenrolar da cozinha da minha casa. Chegava da escola e ia direto para o fogão, antes mesmo de perguntar: “O que tem pra comer?” Cozinhar é mais do que fazer comida: é a capacidade de combinar alimentos para produzir felicidade. Cozinhas prediletas: Brasileira e contemporânea.

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Divida o filé de peixe em dois e tempere-os com sal e pimenta. Corte o filé no dorso, no sentido vertical, mas cuidado para não dividir. A proposta é formar uma “falsa” posta de peixe. Grelhe no azeite até dourar. Em seguida, grelhe rapidamente os camarões já temperados com sal, pimenta e azeite de oliva e reserve. Refogue a cebola no azeite de dendê. Quando ela murchar, coloque o pimentão e, em seguida, a pimenta biquinho. Tempere com sal a pimenta de cheiro e a dedo de moça. Acrescente o limão e finalize com o leite de coco até começar a fervura. Cozinhe a banana até ficar bem mole, amasse-a ainda quente, coloque a manteiga e tempere com sal e pimenta. Bata no liquidificador um dente de alho, o leite de coco, a água e reserve. Aqueça o azeite, refogue a cebola ralada rapidamente até murchar, coloque o arroz e refogue. Coloque o leite de coco aquecido e tampe parcialmente a panela até o arroz ficar al dente. Desligue o fogo, tampe e deixe descansar por 5 minutos.

COMO SERVIR O PRATO Faça quenelles* no prato com o purê e o arroz e coloque um ao lado do outro. Disponha o filé de peixe e regue riscando com o molho de moqueca de camarão. Decore com uma pimenta dedo de moça, tomate cereja ou chip de banana. *Quenelles: bolinhos moldados por duas colheres de sopa. *Chip de banana: fatias finas de banana da terra assada em forno até desidratar.

Um espumante brut ou um vinho branco chardonnay (na madeira) completam essa maravilhosa experiência.

Dica Imperdível O escondidinho de carne seca da Barraca Papiri, do meu amigo Paulinho Novis, em Itacimirim. Saudade do mexilhão ao vinho branco da Barraca do Francês, na Pedra do Sal, em Itapuã.


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Elegância no calor

Homem:

Mulher:

Cores: azul, branco, amarelo claro, salmão.

Cores: podem ser vibrantes, como azul klein, amarelo, tangerina, rosa. É hora de inserir o “color block”, a tendência de vestir um look inteiro com uma cor forte.

Camisas: polo, de botão, com mangas dobradas. Sapatos: mocassim, dockside.

Vestidos: longos ou um pouco acima do joelhos. Estampas também valem. Saias: saia lápis é uma boa opção.

Confira as dicas da consultora de imagem Priscila Seijo e da produtora de moda Mariana Caldas sobre como adaptar o vestuário executivo à época mais quente do ano

Maquiagem: sem brilho, sem olho muito preto, sem exageros. Apenas para dar um ar saudável. Acessórios: os maxiacessórios são um ideia interessante. Pode-se investir em um bom anel, colar ou pulseiras. Bolsa: as milk (carteiras maiores) podem ser usadas para não levar tanto peso e dar um charme à produção.

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erão. Época mais quente do ano, com a temperatura na Bahia podendo chegar aos 38°C. Como adaptar o vestuário executivo à esse período do ano? O que se pode usar e o que não é recomendável? Varia de acordo com o cargo e local? Para responder essas perguntas, a consultora de imagem Priscila Seijo explica que é preciso respeitar o local de trabalho e passar sempre credibilidade. “Para o dia a dia dos executivos, usar calça social ou jeans com camisa tradicional (botão e gola) ou polo com blazer mais claro (cinza ou bege) é o recomendável. Se for um cargo criativo, pode-se brincar mais com os looks”, pontua. Segundo a produtora da moda Mariana Caldas, o que influencia na escolha do vestuário é, sem dúvida, a profissão. Mas as peças leves são sempre peças leves. “Tem trabalhos que não exigem tanta formalidade, então as mulheres podem investir em vestidos, saias e shorts, muita alfaiataria, em um comprimento adequado. Um blazer é ideal para acompanhar. Os homens podem investir em camisas polos e tecidos que não esquentam, como algodão, e em sapatos como mocassim”. Uma blusa polo com calça jeans ou uma bermuda mais arrumada é o traje indicado por Priscila para uma confraternização da empresa no sítio ou em uma casa de praia: “Claro que se for para praia e piscina vão ter que usar algo mais flexível. Podem ficar mais à vontade, mas com traje esporte. É válido sempre lembrar que estão sendo analisados pelos chefes”. Para Mariana, o ideal é usar roupas descontraídas, mas com uma certa formalidade, “sem mostrar mais do que deve e sem parecer desleixado”.

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Cargo x roupa

Sapatos: scarpin, espadrille.

Peças Masculinas – VR Menswear Camisa quadriculada - R$ 199 | Jeans - R$ 229 Polo branca - R$ 219 | Sapatênis - 319

Peças Femininas – Le Lis Blanc Blaser - R$ 659,50 | Vestido - R$ 339,50 | Sandália azul - R$ 399,50

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Tecidos leves de fácil transpiração e cores claras são as indicações de Caldas, destacando que “independente do cargo ocupado, as pessoas devem estar sempre bem vestidas no trabalho”. Priscila também lembra que o cuidado com as roupas deve ser grande. “O chefe, principalmente, precisa passar autoridade e credibilidade 24 horas. Os gestores idem. A roupa e a postura devem andar juntas em todos os momentos”. A escolha do vestuário vai de acordo com a política de cada empresa, que pode ser formal, casual ou esportiva. Na ausência de uma definição, a dica é espelhar-se nos superiores. Áreas de atuação mais conservadoras são menos flexíveis e áreas mais criativas proporcionam uma flexibilidade maior. Porém, por mais informal que seja o ambiente de trabalho, a imagem pessoal deve transmitir profissionalismo antes de informalidade. Mulheres podem usar looks mais despojados, mas com glamour. Não precisa usar terninhos e roupas mais sociais. Um vestido com comprimento de dois dedos acima do joelho, com ou sem cores vivas, e um jeans mais uma blusa básica com jaqueta são bem-vindos. Pode-se usar sapatilhas ou salto moderado. As gestoras, executivas e advogadas precisam de mais seriedade, com cores mais escuras, vestidos e saias mais longas, com salto moderado. A maquiagem deve ser também moderada com tons claros. [B+] dezembro 2011 e janeiro 2012

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life st yle | p lan o+

A propriedade industrial e a

Em harmonia com a natureza e a sociedade

Moda

Fabiana Duran

Administradora, mestre em administração. É consultora de negócios, professora de cursos de pós-graduação e sócia da Galpão de Estilo

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“Para ser insubstituível, tem que ser diferente”, já afirmava um dos maiores nomes da moda, Coco Chanel, ressaltando a necessidade de inovação, palavra de ordem hoje nas indústrias. E quando se trata do universo fashion, a busca pelo novo e a definição de novas tendências é crucial. Há quem defenda que o que faz da moda uma das indústrias mais criativas do mundo é a permissão livre para se copiar. Logicamente, tratando-se de design, é inegável que os próprios criadores se inspirem uns nos outros, assim como as fontes de referências para essas inspirações sejam as mesmas. Mas se, por um lado, a moda é pautada em criatividade, por outro lado, uma discussão complexa e polêmica ganha força nessa indústria: a proteção dos direitos de propriedade intelectual (especialmente os direitos autorais) sobre as criações fashion. Obviamente, a questão não se restringe às falsificações e à pirataria, o que é inegavelmente ilegal. Trata-se de algo mais complexo: qual o limite entre a inspiração e uma cópia idêntica? Este ano, por exemplo, uma briga judicial nos tribunais americanos reforçou ainda mais a polêmica. Uma das marcas de sapatos mais luxuosas e desejadas, a Christian Louboutin, abriu um processo contra a gigante Yves Saint-Laurent para tentar impedir que sapatos com solados vermelhos fossem vendidos, alegando que essa característica seria uma marca registrada sua. Mas a tentativa de deixar como sua a exclusividade dessa característica não foi bem-sucedida, já que o tribunal americano entendeu que o uso da cor não merecia proteção legal. A empresa havia recebido o direito de marca pela sola vermelha por meio do órgão americano em 2008 e, por isso, havia entrado com a ação. Isso reforça, inclusive, que o entendimento e a definição do que pode ou não ser protegido

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ainda são bem controversos nesse segmento. Também neste ano, por aqui, uma empresa nacional foi envolvida em outra polêmica. A Hermés moveu uma ação judicial contra uma marca brasileira, que lançou modelos literalmente copiados de uma das suas bolsas mais consagradas, desenhada na década de 1980. A própria empresa brasileira denomina a coleção de I’m not the original e considera como “inspired” os modelos criados. De designs propositadamente idênticos, a diferença seria apenas a utilização de materiais bem inferiores na confecção das peças. Logicamente, se por um lado os direitos de criação são importantes, cautela também é imprescindível para que não seja impeditiva à liberdade de criar e recriar. Afinal, uma restrição exagerada poderia ter limitado a venda (por certo tempo) dos jeans apenas da Levis, trench coats da Burberry e vestidos pretos da Chanel. Alguns países já caminham na atualização de dispositivos para proteção do design de moda, mas ainda há muito o que se evoluir para se definir. No Brasil, o Inpi permite, por exemplo, que vestidos e bolsas sejam protegidos por meio do design, a fim de garantir a propriedade das criações. A questão é a subjetividade envolvida nesse registro, já que a criação será passível de ser registrada se considerada uma forma nova e original. Esse assunto promete ainda gerar muita discussão. Enquanto isso, cabe às marcas e aos criadores continuarem a usar a criatividade não apenas no que diz respeito ao design de seus produtos, mas, como já vem acontecendo, usando formatos arrojados de lançamento, relacionamento com os clientes e métodos de venda. Assim, ações pautadas em inovação continuarão a contribuir para a vida longa às criações do mundo fashion.

correndo nas veias. Engenharia agronômica teria sido a minha profissão, como melhor alternativa. Ainda traz alguma dessas memórias para o seu dia a dia? Gosto de cozinhar, pescar, caçar, cavalgar, tudo em harmonia com a natureza e a sociedade. Meu próximo passatempo será, e já comecei meus primeiros passos, a preservação da mata atlântica, no que me cabe.

Foto: Rômulo Portela

Seixas, como é conhecido o diretor e fundador da Engequipo, é engenheiro mecânico graduado na Universidade Federal da Bahia, com mais de 30 anos de profissão, pós-graduação em análise de sistemas, graduação em negócios na Austrália... E assim o currículo por aí segue. Mas o Antônio Jorge Barbosa Seixas, 53 anos, baiano, ainda guarda uma herança do tempo de criança, quando plantava verduras no quintal de casa. Lembrança essa que mantém viva e ativa até hoje, pois é no campo onde Seixas rega seu Plano +. Como o senhor iniciou sua carreira? Ingressei na profissão ainda antes dos 23 anos, quando recebi o diploma. Foram outros 23 anos de, literalmente, “mão na massa” na engenharia mecânica, o que ainda me dá saudades, claro. Tempos depois, com as experiências somadas no exterior, abri mais meus horizontes. Foi quando me senti na forquilha da “Carreira Y”. Nós devemos saber migrar em outras buscas, ou até mudar por completo. Hoje, à frente da Engequipo, uma pequena empresa de representação de equipamentos industriais, me mantenho na profissão ao passo em que me exponho ao mundo dos negócios. Mas o que faria se os planos não fossem a caminho da engenharia mecânica? Quando criança, morando em casa, meus pais nos incentivavam a plantar verduras no quintal e consumir nossa produção, vez por outra. Não sei se isso despertou meu “instinto agrícola”, mas o fato é que, à época do vestibular, pensei em engenharia agronômica como segunda opção profissional. E sempre mantive o sangue de agropecuarista

Como funciona esse projeto? A Engequipo possui um conjunto de fazendas contíguas que perfaz 460 hectares. Elas estão a 2 km de distância da Linha Verde, a 64 km de Salvador. Chamo essas propriedades de “Boa Mata”. Elas somam a maior propriedade de mata atlântica virgem da região. Acredito que existe um grande potencial de retorno ligado à preservação da mata, associado a atividades ambientais, educativas, de exploração da mata. Tudo no sentido de aprendizado e não de devastação, extrativismo, derrubada. Imagine que tem empresas com passivo ambiental que podem estar se redimindo perante a sociedade, utilizando essas matas preservadas por outros, em caráter de compensação. Imagine também que existem muitas pessoas e empresas mundo afora que têm uma consciência ecológica grande e que gostariam de “adotar” árvores nativas, com identificação da espécie, idade aproximada, localização exata, com possibilidade de visita. Tudo está começando como um hobby. Qual mensagem que deixa para novos empresários, empreendedores? Aos novos entrantes, diria que a emoção nos negócios é muito importante, mas deve-se atribuir um conceito maior à razão. E na razão incluo a pesquisa, o planejamento, a estruturação, a educação formal, a visão empresarial. Não é novidade que o mundo está cada vez mais competitivo, globalizado, profissionalizado. Portanto, cada vez menos se vê o “sortudo” apenas, no mundo dos negócios. Deem ênfase ao relacionamento interpessoal, social e abracem sua fórmula de vencer. Cada um de nós tem uma “winning formula”. Essa, sim, tomem com muita emoção, e serão vencedores, ainda que não aparentem para os outros. [B+]

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l i f e sty le | b a n d a larg a Foto: Rômulo Portela

José Almeida e Leandro Silveira, da ADSS

C

Você tem seu perfil na

internet?

Para manter presença no ambiente virtual, existem muitas ferramentas. Mas especialistas garatem que é necessário planejamento e conhecimento técnico para alcançar objetivos por Núbia Passos

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om as novas tecnologias e o surgimento de diversas ferramentas voltadas para redes sociais, possuir um site, um perfil no Twitter ou uma fanpage no Facebook parece tarefa muito simples. Porém, assim como é na moda, é na internet. Se para almejar sucesso na moda é necessário muita preparação, criatividade, planejamento e ainda um diferencial para destacar sua marca, o mesmo acontece com a internet. Não basta estar presente, tem que fazer a diferença. Ser profissional. De acordo com as informações do Interactive Advertising Bureau - Brasil (IAB Brasil), o Brasil tem cerca de 77,8 milhões de usuários de internet e ocupa o quinto lugar entre os países que mais utilizam essa tecnologia. Para marcar presença em um ambiente tão requisitado e competitivo, não basta reproduzir o que está sendo desenvolvido para a comunicação das mídias tradicionais. O público desses meios requer uma atenção, uma linguagem e estratégias próprias. Esse consumidor quer ter voz, ser ouvido e ter um retorno. Dados da Social Media Solution (eCMetrics) mostram que 45% dos internautas costumam ou gostariam de usar a internet para fazer parte da rede do fabricante da marca, e 57% costumam ou gostariam de publicar suas experiências de uso dos produtos e serviços. “Hoje, mais do que atingir o target, as empresas devem

aprender a fazer parte das conversas que estão sendo estabelecidas na internet, a fim de oferecer ao seu cliente muito mais do que um produto ou serviço, fornecer a ele informações e experiências que não poderiam ser encontradas em outro lugar”, afirma Marcel Ayres, planner e diretor da PaperCliQ. Para manter presença no ambiente virtual e auxiliar os menos experientes, muitas ferramentas vêm sendo desenvolvidas na internet. O Conecte Seu Negócio é um exemplo. A iniciativa do Google, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e da Yola possibilita que o empreendedor construa seu site de forma simples e em um domínio gratuito. “Esse tipo de serviço é interessante, no entanto, não substitui a atuação de empresas especializadas na produção/desenvolvimento de websites. Cabe ao empreendedor ter em mente qual o seu objetivo e o que deve fazer para alcançá-lo. Isso é que definirá as escolhas que ele fará na internet”, acrescenta Ayres. Para os especialistas, enganase quem acredita que apenas com ferramentas modernas e sofisticadas conseguirá atingir o público e tornar sua marca competitiva. Esse é o grande problema de quem começa a investir em mídias digitais. Pela facilidade de manuseá-las, muitas empresas acabam cometendo o deslize de designar pessoas não qualificadas para administrar esses perfis. “Por incrível que pareça, dirigentes de empresas ainda pensam que essa atividade pode ser feita por técnicos de TI e estagiários, e não se dão conta que o ambiente de mídias sociais é tão estratégico, importante e delicado quanto qualquer outro com que sua marca se relaciona”, destaca Leandro Silveira, jornalista e sócio-diretor de operações da ADSS – Presença Digital, agência de comunicação

Dicas para manter uma boa impressão na web Por José Roberto Almeida e Leandro Silveira, sócios da ADSS-Presença Digital

1- Pesquise sobre o assunto na internet para identificar boas práticas e cases interessantes no segmento em que atua. Com isso, pode-se ter alguma noção do que deu certo ou não, com quem já usa as redes sociais, e assim obter mais segurança na hora de procurar um profissional ou empresa especializado. 2- Gestão de redes sociais é um trabalho que deve ser feito conjuntamente por profissionais da área de comunicação e de webdesign e desenvolvimento, que possuam experiência e conheçam o mercado como um todo, assim como estratégias, formas de monitoramento e mensuração em redes sociais. 3- Caso opte pela contratação de uma empresa, avalie a estrutura e compare também os cases de clientes que elas já atendem, levando em conta porte, criatividade, complexidade e assertividade das ações. 4- Pegue indicações de empresas parceiras entre os fornecedores, como assessorias de imprensa e agências de publicidade. Por serem empresas de comunicação e que atuam de maneira integrada, esses fornecedores podem ajudar na busca mais direcionada, indicando agências especializadas que têm a ver com o perfil da marca.

45%

costumam ou gostariam de usar a internet para fazer parte da rede do fabricante

57%

costumam ou gostariam de publicar suas experiências de uso dos produtos e serviços Dados: Social Media Solution (eCMetrics)

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Foto: Rômulo Portela

digital, que há pouco mais de um ano atua no mercado baiano na área de gestão de redes sociais. Ferramentas tanto de postagem, quanto de métricas, podem ser adquiridas por qualquer um que resolva investir nesse ramo, entretanto o grande diferencial da empresa deve estar nos profissionais responsáveis por essa comunicação. Esses serviços disponibilizam dados, números, que precisam ser analisados por especialistas, que vão desenvolver estratégias, baseadas no que falam da empresa e também dos concorrentes, para que o consumidor tenha uma opinião a respeito da sua presença digital. “Esse profissional deve ser um havyuser, da área de comunicação, conhecer estratégias, formas de monitoramento e mensuração em redes sociais, além de ter noções de programas gráficos, como Photoshop e Corel Draw”, pontua Silveira. Uma das empresas que há mais de seis meses optou por contratar uma agência especializada para iniciar um trabalho estratégico nas redes sociais foi a grife baiana Elementais. Com mais de 17 lojas em todo o Brasil, a marca de moda feminina tomou essa decisão, principalmente, devido ao custo-benefício. “É uma área estratégica para o crescimento da marca, que exige eficiência e rapidez. Montar uma equipe interna sairia mais caro e ter uma empresa parceira focada nisso nos dá mais segurança”, explica Emilia Medauar, diretora comercial da marca. “Uma empresa que não é ativa na internet acaba por se assemelhar a uma pessoa tímida e calada em uma festa, na qual todos estão conversando. Se a organização não se posiciona, não se manifesta nos ambientes onde o seu público se encontra, ela não será vista, ouvida ou levada em consideração nas escolhas desse público”, compara Marcel Ayres. [B+]

Marcel Ayres é diretor da PaperCliQ

Ambiente de trabalho da PaperCliQ empresa defende interação com as conversas desenvolvidas na internet

Ayres, da PaperCliQ, ministra curso. Segundo ele, as organizações precisam se posicionar Fotos: Divulgação

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Reunimos os smartphones, tablets, notebooks, televisores e câmeras digitais mais procurados no mercado. Confira quais são eles

TABLETS

iPad 2

SMARTPHONES

O iPad2 vem com duas câmeras para chamada com vídeo FaceTime e gravação de vídeo em HD e Chip Apple A5 dual core de 1GHz personalizado, de alto desempenho e baixo consumo de energia com sistema embarcado. A grande tela de 9,7 polegadas em alta resolução do iPad é perfeita para assistir vídeos, podcasts e muito mais. Com design atrativo e excelente gama de serviços, o iPad é um dos preferidos no segmento.

NOTEBOOKS

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iPhone 4 e iPhone 4S

Motorola Atrix

Blackberry Curve 9300

Com um grande display de 3,5 polegadas e uma resolução de 960x640 pixels, as funcionalidades do aparelho são muitas, como o HSDPA e o HSUPA, que permitem a transferência de dados e excelente navegação na internet com Wi-Fi e GPS. Com leitor multimídia e câmera de 5 megapixels, permite tirar fotos com uma resolução de 2592x1944 pixels e gravar vídeos em alta definição (HD). O iPhone 4S chega dia 16 de dezembro ao Brasil e tem chip e internet mais rápidos, além de assistente de voz.

O aparelho guarda em seus 10,9mm de espessura um processador Dual Core de 1GHz em cada núcleo, 1GB de RAM, e 16GB de memória interna (expansível até 48GB). A tela touchscreen com leitor de impressão digital é resistente, tem 4 polegadas e resolução de 960x540 pixels. Para transformá-lo em computador, uma das formas é ligar o dock HD, com saída HDMI, em uma TV ou monitor. A outra forma é usar o laptop dock, criado exclusivamente para ele. Com duas câmeras, uma VGA na frente para videochamadas e outra de 5 megapixels (com flash LED) para fotos, este modelo está custando cerca de R$ 2.000.

O Curve 9300 é um smartphone básico, mas ganha o público pelo valor acessível, sendo um dos modelos mais baratos de BlackBerry. No geral, é um smartphone satisfatório, com conexão Wi-Fi e 3G, GPS, tela de 2,4 polegadas, teclado QWERTY, e 256MB de espaço, expansível para até 32 GB com cartão microSD. Um dos diferenciais desse BlackBerry é a existência de botões (Play/Pause, Back e Foward) externos separados para o comando do Player. Seu preço pode chegar a R$ 900.

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Samsung GALAXY TAB O aparelho conta com um sistema operacional Android 2.2, tela sensível ao toque de 7” de 1024x600 pixels, câmera de 3,2MP com flash LED integrado, WiFi, processador A8 (Cortex) de 1GHz, GPS e capacidade multimídia, incluindo a reprodução de vídeos no formato de vídeo digital DivX. É compatível com Adobe Flash 10.1 para acessar jogos, vídeos e várias aplicações e vem com oSwype para digitação de textos de forma mais rápida e dinâmica. Conta, ainda, com leitor de e-books com 15 livros pré-instalados.

Notebook HP G42 O notebook HP G42 apresenta a tecnologia mais recente e segurança instantânea. O HP G42 se destaca pelo design moderno e alta capacidade. O notebook HP G42 já vem com aplicativos para aumentar sua produtividade e teclas de um só toque para acessar de forma instantânea o e-mail, a internet e outras funções utilizadas com frequência. Por R$ 1.599.

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l i f e sty le | g u i a t e ch TV LG LCD LK310 47’’ Há o Energy Saving por meio da qual é possível controlar o consumo de energia através do ajuste de imagem. Seu Quick Menu permite acesso rápido que possibilita ajuste no formato de tela/ajuste de imagem/ ajuste de áudio/ closed caption/sleep Timer. Além disso, você pode utilizar a LK310 como monitor. Por R$ 3.499.

Sony Vaio EG13 Munido de um processador Intel® Core™ i3 2310M (2.10GHz) da segunda geração, permite utilizar diversos aplicativos ao mesmo tempo e com mais velocidade. Memória de 4GB, HD de 500GB e drive leitor e gravador de DVDs e CDs, conta com quatro portas USB. Por R$ 1.999.

TV LCD Samsung D450 46’’

MacBook Pro 13” Os notebooks da Apple despertam desejo. Seja pelo design atrativo e inovador, seja pela configuração robusta, o MacBook ganhou o mercado nacional. O modelo de 13” vem com o processador Intel Core i5 de 2,4GHz ou o Intel Core i7 de 2,8GHz. Com Turbo Boost, chegando a velocidades de até 3,5GHz, esses processadores permitem que o MacBook Pro de 13 polegadas tenha um desempenho até duas vezes superior comparado a sua geração anterior. Por R$ 3.599.

O design da sua TV deve complementar a sua experiência ao assistir televisão e deve adicionar beleza à decoração da sua casa. O acabamento da TV LCD Samsung D450 Touch of Colour foi inspirado na beleza natural de um pôr do sol. Com design elegante, essa TV vai compor um moderno ambiente para sua casa. Por R$ 2.399.

Câmeras fotográficas Nikon Coolpix S2500

Televisão

TV LCD Sony Bravia BX325 46’’ A BX325 é ideal para sistema de transmissão digital de alta definição, com maior nível de detalhes e melhor qualidade de imagem (1366x768). Através da entrada HDMI, imagens cristalinas e sons de alta qualidade são reproduzidos. O sensor de luminosidade permite o ajuste automático da iluminação do painel, conforme a luz do ambiente. Por R$ 2.699.

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Com menos de 25mm de espessura e pesando menos de 140g, ela é ideal para ser levada para todas as suas aventuras. Seu sensor de 12MP permite tirar fotos nas mais difíceis condições de iluminação. A lente de cristal NIKKOR, uma grande angular com zoom óptico de 4x oferece faixa de zoom de 27mm a 108mm. Por R$ 349.

Nova Cyber-shot DSC-W510 Sony Além de oferecer as tecnologias Face Detection e Smile Shutter, que registra os sorrisos mais espontâneos, ela reconhece a cena a ser fotografada automaticamente e se ajusta sozinha com o iAuto. Também conta com a função foto panorâmica, para registrar cenas em 180º. Por R$ 399.

Samsung PL120 Com duplo LCD, frontal e traseiro, há uma facilidade maior para tirar autorretratos. Apertando o botão para rápido acesso na parte superior da câmera, o LCD frontal de 1.5” será ligado e os usuários poderão utilizar funções como autorretrato em fotos ou até vídeos, modo criança com animação e som e Jump Shot para tirar fotos de seus saltos. Esta câmera oferece resolução de 14.2MP, propiciando imagens de qualidade que poderão ser visualizadas no LCD traseiro de 2.7”. Por R$ 549.

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l i f e sty le | n ot as d e t e c Apple vende novo iPhone 4S no Brasil A Apple vai vender o iPhone 4S desbloqueado no Brasil, através de sua loja on-line, (apple.com/ br/iphone/), a partir do dia 16 de dezembro. As versões do iPhone 4 e 3GS com memória de 8 GB também serão comercializadas. O novo modelo do smartphone foi anunciado em outubro e vem com processador mais veloz de dois núcleos, câmera atualizada com 8 MP, maior velocidade de conexão à internet via rede de telefonia celular e um sistema inteligente de interação via voz: o Siri. A Apple ainda destaca que é possível comprar o novo iPhone a um preço menor por meio de um contrato com operadoras de celular – as principais do Brasil confirmaram o lançamento do novo smartphone da Apple em 16 de dezembro.

Brasileiros terão internet gratuita e ilimitada nos aeroportos O acesso à internet wi-fi em aeroportos, que antes era restrito a apenas 15 minutos, agora será ilimitada para os usuários, segundo decisão da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), que tem até 20 dias para contratar uma ou mais empresas de telefonia para prestar o atendimento e suprir a demanda. De acordo com a companhia, todos os aeroportos estarão conectados a partir de março de 2012. Os locais atendidos serão São Paulo (Cumbica, Congonhas, Viracopos e Campo de Marte), Rio de Janeiro (Galeão, Santos Dumont e Jacarepaguá), Belo Horizonte (Confins e Pampulha), Brasília, Manaus, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Fortaleza, Natal, Salvador e Cuiabá. As empresas vão oferecer a web de graça em troca de publicidade, tanto nos pontos de embarque quanto no equipamento do passageiro. Esse recurso já é usado por companhias que patrocinam aplicativos para iPad: ao clicar no app, uma propaganda surge na tela e desaparece em questão de segundos.

O QUE TEM NO SEU TABLET NOME:

Leonardo Copello

cargo:

Diretor de Marketing da uTouchLabs

tablet:

iPad2 64Gb “O tablet é um excelente equipamento para ter agilidade e facilidade no meu dia a dia profissional”

Top 5 APPs Keynote: Inseparável em minhas apresentações da uTouch pelo Brasil. Simples, produtivo e elegante! Pages: Para documentos “on the road”. Sai do iPad direto para a impressora ou então segue por e-mail. DropBox: HD na nuvem sincronizado com todos os meus dispositivos (tablet, smartphone, notebook). Reeder: Melhor leitor de feeds RSS hoje. Uso diariamente para consumir notícias e conteúdos da internet. É Gol SporTV: Nada como fazer centenas de gols no time adversário. Alivia o estresse e faz passar o tempo.

Top 10 Músicas 1. Don’t Let Me Down, The Beatles 2. Stand By Me, Oasis 3. Mrs. Robinson, Billy Paul 4. Hotel California, Eagles 5. Vou Te Levar Comigo, Biquini Cavadão 6. Sutilmente, Skank 7. Segredos, Frejat 8. Tempo Rei, Gilberto Gil 9. Chop Suey!, System of a Down 10. Toxicity, System of a Down

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l i f e sty le | s u g e s t õ e s d e co m pra s

Cestas Perini.

Mais variedade, qualidade e emoção no seu presente. Sandálias rasteiras de couro Bianca Cabral R$ 85,00 cada

LUXOR R$ 950,00 Biquinis S.A.W por Amir Slama a partir de R$ 137,00

SALUD R$ 750,00

Lenço de seda estampado Scarf Me R$ 298,00

SAPORE R$ 440,00

Blusa malha Cris Barros R$ 296,00 Galpão de Estilo e Galpão de Estilo Closet Rua Prof Sabino Silva, 836, Apipema Center, Jardim Apipema Galpão de Estilo Praia do Forte Av ACM, 21, Vila da Praia do Forte

UNIQUE R$ 380,00

Encomendas: 71 2108-0008 Parcelamento em até 3x no cartão

www.perine.com.br

CHRISTMAS R$ 260,00

www.galpaodeestilo.com.br

Bata de franjas dourada Left R$ 596,00


arte & entretenimento

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Os bastidores dos maiores eventos do verão

Baianos fazem uma companhia de teatro inovadora

arte 106 | Aplausos 108 | produção 112 94

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art e & entr eten im ento | m úsica

Trabalhos aquecidos em meio

às festas baianas

Trivela: uma das festas mais concorridas do verão baiano Foto: Divulgação

Enquanto grande parte das pessoas se diverte, empresas baianas suam a camisa para organizar as festas de verão. Entenda como elas se preparam e realizam os eventos soteropolitanos mais esperados do ano 96

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m dos hinos do verão de Salvador, a música We are Carnaval canta em versos o sentimento de um dos mais importantes eventos da Bahia em termos de entretenimento, economia, planejamento, turismo, projeção nacional e internacional. Como a arte retrata a realidade, produtores culturais dançam no ritmo do trio elétrico para concretizar os esforços e financiamentos que duram, em muitos dos casos, os 12 meses do ano. “Hoje não existe mais lugar para amadores no Carnaval, pelo menos nas grandes estruturas. O Carnaval tem regras e exigências que temos que seguir para atender tudo que nos é solicitado pelos órgãos municipais, estaduais e federais. Temos que ter uma atenção ímpar com nossos clientes internos e ex-

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ternos. Enfim, deixar tudo preparado para a cada ano fazer o maior Carnaval de todos os tempos”, afirma Alexandre Liberato, um dos diretores do Grupo Notável, produtora de bandas e eventos. Organização de pessoal, planejamento estratégico, financiamento, comunicação, marketing, terceirização de serviços, patrocínios, infraestrutura e som são alguns dos itens básicos dos bastidores dessas grandes festas, onde tudo tem que ser providenciado com muita antecedência. “O planejamento começa logo depois do Carnaval com reunião de pós-eventos. Avaliamos o que deu certo e o que podemos melhorar, baseados nas informações de uma pesquisa de satisfação do público”, destaca Nei Ávila, sócio-diretor da NER Esporte e Entretenimento. O trabalho é tanto que ele prevê o aumento de 30% no número de pessoas contratadas para o verão 2012. Já o diretor da Axé Mix, Léo Góes, espera um aumento de 100% em relação a 2011 nas contratações temporárias. A Central do Carnaval, produtora de eventos como Sauipe Fest, Ensaio Geral e do próprio Carnaval, realiza durante todo o ano campanhas promocionais para manter o clima de verão e festas no ar. Segundo Jamile Nery, gerente de vendas da Central, a receita do sucesso das festas baianas é que elas acontecem em diversos meses do ano e fideliza os clientes. “O público já fica na expectativa porque gostou e quer repetir. O Ensaio Geral do Camaleão, por exemplo, começou há mais de 30 anos e continua sendo um sucesso”, destaca Jamile. Além de ser o ápice das festas de verão, o carnaval marca o fechamento do ciclo das grandes festas. “Nosso Réveillon é na verdade na Quarta-feira de Cinzas”, diz Alexandre Liberato.

“Os investimentos e os empresários estão mais voltados a fazer suas apostas (durante o verão baiano)” Ivana Souto, produtora cultural

Para pagar as contas A produtora cultural Ivana Souto, que há sete anos realiza o Camarote Expresso 2222 junto a Flora Gil, foi também diretora do projeto Pelourinho Cultural entre os anos de 2007 e 2010. Segundo ela, as festas de verão enriquecem a cadeia produtiva da cidade e também do estado. “Um volume de recursos da economia criativa é originado e absorvido com a geração de empregos temporários. É quando os empresários estão mais dispostos a fazer novos investimentos e novas apostas”, opina Ivana, afirmando que o maior desafio é ainda conseguir que a viabilização financeira se antecipe para qualquer projeto, seja ele de iniciativa pública ou privada. A temporada de verão do Pelourinho Cultural, programa ligado à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e atualmente comandado pelo Centro de Culturas Populares

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Foto: Divulgação

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Foto: Divulgação

e Identitárias (CCPI), é um exemplo disso. Ele organiza o Centro Histórico para que grupos e blocos baianos planejem seus ensaios de verão no local. De acordo com Arany Santana, diretora do CCPI, esse período começa a ser delineado no final do carnaval anterior, quando artistas baianos já solicitam pautas dos espaços para o verão seguinte. Segundo o Relatório de Indicadores do Carnaval 2009, produzido pela Saltur e Prefeitura de Salvador, o carnaval de 2009 gerou R$ 1,07 bilhão em negócios, os investimentos das entidades carnavalescas e camarotes foram de R$ 125 milhões e a geração de empregos chegou a 219.305 contratações, um número que só fez crescer nos anos seguintes.

Gabriel Monteiro e sua equipe de comunicação durante o Festival de Verão 2011

“Hoje não existe mais no Carnaval, pelo menos nas estruturas maiores, lugar para amadores” Alexandre Liberato, diretor do Grupo Notável

Comunicação Além dos produtores de eventos, outra turma também fica bastante movimentada no período de festas. É o caso das assessorias de imprensa e de comunicação. Elas ficam ligadas em tudo que acontece para divulgar fatos, fotos, notícias, informações que são distribuídos para todo o Brasil, e mundo também. Afinal de contas, a Bahia recebe os holofotes da grande mídia pela tradição que conquistou ao longo dos anos de folia. “São muitas festas, muitas bandas para divulgar suas músicas, seus projetos. Então, o maior desafio é conseguir um espaço em meio a um turbilhão de acontecimentos. Cada nota clippada, notícia divulgada, cada

entrevista realizada é uma vitória”, diz Giselle Reis, sócia da Pense Comunicação, assessoria de empresas e eventos como Axé Mix, blocos Coruja, Cerveja e Cia e Timbalada. Gabriel Monteiro, da Via Press, empresa de comunicação organizacional, é o assessor do Festival de Verão e também está acostumado com essa grande agitação. Ele afirma que é preciso otimizar as ações dos eventos para que se tornem populares e bem criticados na opinião pública. “Esse é o período em que o estado tem mais visibilidade no cenário nacional e, consequentemente, mais efervescência cultural”, garante Monteiro. [B+]

Foto: Rômulo Portela

“O público já fica na expectativa porque gostou e quer repetir. O Ensaio Geral do Camaleão, por exemplo, começou há mais de 30 anos e continua sendo um sucesso” Jamile Nery, gerente de vendas da Central do Carnaval Fotos: Divulgação

Nei Ávila, sócio-diretor da NER Esporte e Entretenimento, em reunião na sede da empresa Camarote 2222 é realizado por Ivana Souto e Flora Gil

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A Central do Carnaval já está preparada para atender os foliões

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Expertise local para um

A experiência, o planejamento e a pesquisa de público mostram as facetas que fazem o Festival de Verão chegar ao 14º ano consecutivo

evento global

Montagem da festa envolve 20 parceiros, entre patrocinadores, apoiadores e serviços de estrutura

O

Festival de Verão Salvador é um forte exemplo da habilidade de trabalho e planejamento de equipes baianas para executar grandes eventos no estado. Assim como o desejo de turistas de vir para o Carnaval e ensaios de verão, o festival cativou o público nacional que deseja vir à Bahia para curtir quatro dias de festas com bandas locais, nacionais e internacionais. Essa afirmação é na verdade o reflexo do resultado de um evento que chega à 14ª edição consecutiva, movimenta cerca de R$ 20 milhões e atrai uma média de 50 mil pessoas por dia ao Parque de Exposições de Salvador. Por isso, o planejamento e a viabilização da festa continuam criteriosos, como afirma Giuseppe Mazzoni, arquiteto que proteja o ambiente da festa desde o primeiro ano, em 1999, quando o Festival de Verão fez parte das comemorações dos 450 anos de Salvador. “Sempre fazemos uma avaliação após o evento, em meados do mês de março. Em junho, já começamos a preparar materiais de comercialização, e é quando definimos a nova planta, os novos conteúdos, as imagens em 3D que serão apresentadas aos patrocinadores”, explica Mazzoni. A equipe inicial é pequena. O festival começa a ser planejado por cinco pessoas da Icontent Entretenimento, empresa da Rede Bahia, mas, durante o decorrer do ano, o número de envolvidos chega a 1.200, como afirma Maria Amélia Ainsworth, coordenadora de marketing do evento.

Vista aérea do Parque de Exposições, onde o Festival de Verão costuma reunir 50 mil pessoas por dia de evento

Fotos: Divulgação

Foto: Edgar de Souza

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“Cada área tem um responsável que contrata sua equipe e, em cima de um planejamento de atuação, começam a funcionar”, conta. Em 2012, o festival começa dia 25 de janeiro e vai até o dia 28. Mas é no início de dezembro que Mazzoni entra com toda a equipe no Parque de Exposições para começar a urbanização do local. “Porque não deixa de ser uma urbanização, é quase uma cidade, com geradores, instalações hidráulicas, infraestrutura, até a parte de estudo de merchandising, programação visual e cenografia do palco”,

diz o arquiteto. De acordo com o diretor de marketing institucional e eventos da Rede Bahia, João Gomes, a viabilização da festa conta com cerca de 20 parceiros, entre patrocinadores, apoiadores e serviços de estrutura. Dentro dessa “pequena cidade”, há novos espaços na edição 2012, como o Casarão dos Ritmos e o Espaço Maresia. Mas também inclui novidades em relação às medidas de redução do impacto ao meio ambiente. Segundo Gomes, o evento quer se comprometer com o “objetivo também de estimular boas

atitudes de cidadania no verão de Salvador e no espaço do evento em si”. Tratamento de resíduos orgânicos e inorgânicos, uma central de reciclagem, a operação dos geradores do evento com biodiesel e as parcerias com a empresa de marketing ambiental Reclicagem, com o Tamar, com o Projeto Biodiesel da Ufba, além da ONG Joguelimpo e do Instituto EcoD, são algumas das ações firmadas pelos organizadores do festival, que convoca o público para pensar diferente. “O importante é manter a inquietação”, conclui Gomes. [B+]

Foto: Edgar de Souza

Foto: Rômulo Portela

“Estimular boas atitudes de cidadania no verão de Salvador e no espaço do evento em si” João Gomes, diretor de marketing institucional e eventos da Rede Bahia 102

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Eles querem ser

autossustentáveis Fotos: Divulgação

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A companhia de teatro BR116 reúne um forte time de conselheiros para tornar viável a produção teatral no Brasil. Tem baianos nessa história por

Larissa Seixas

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comum ouvir de um artista de teatro a queixa de que todas as linguagens culturais conseguem conquistar status profissional, capaz de gerar lucro, empregos e crescimento - exceto a dele. Não é para menos. Música, cinema, literatura, arte contemporânea são produtos que, quando submetidos ao grande público, tornam-se coisas plásticas, prontas para serem consumidas. Mas o teatro não pode ser impresso, catalogado, copiado para um mp3 player ou tablet. Ele é organicamente vivo, mutante e se alimenta diariamente de seus organizadores. Então, como fazer com que companhias de teatro deixem de acabar com a mesma rapidez com que foram criadas? Esse é o desafio proposto pela BR116, lançada em 26 de setembro, em São Paulo. “Nós não queríamos um teatro isolado, que só produzisse de dois em dois anos, com base em subsídio do governo e sem estabilidade para aprimorar o desenvolvimento teatral. Foi aí que pensamos em um modo de um dia sermos autossustentáveis, com meios para captar recursos, tempo e espaço, já que os caminhos normais são áridos e dificultosos”, explica a atriz Bete Coelho, uma das fundadoras da companhia. Assim, ela e o baiano Ricardo Bittencourt planejaram uma companhia que viajará por todo o Brasil, apresentando as peças sem passar aperto com produção de cenário, figurino ou divulgação. Os espetáculos terão suas próprias rendas, com a ajuda de uma rede social presencial baseada no modelo de voluntariado cultural. O nome da companhia é até sugestivo. BR116 é a principal rodovia brasileira, que corta o país de nordeste a sul, passando por 11 estados. Para funcionar, o projeto convidou um grupo de amigos comprometidos com a causa do teatro. Eles estão emprestando tempo, talento e prestígio para os setores da companhia em que são especializados, divididos em conselhos consultivo, fiscal, artístico e de comunicação. Ninguém recebe por isso, mas todos fazem o máximo para que as peças sejam montadas e consigam patrocínio para que os atores, iluminadores de palco, figurinistas e diretores possam fazer o trabalho deles.

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A BR116 foi lançada no dia 26 de setembro. Na foto, Ricardo Bittencourt apresenta o projeto para os convidados

A companhia quer ter sua própria renda, com a ajuda de uma rede social presencial baseada no modelo de voluntariado cultural A BR116 já montou três espetáculos em 12 cidades de quatro estados brasileiros

Na recepção, Bete Coelho contou com a participação dos amigos Danilo Miranda (diretor geral da Sesc SP), Raí e Fafá de Belém

A rede social é composta pelos baianos Cris Olivieri (presidente e conselheira fiscal), Maurício Magalhães (conselheiro de comunicação) e Isaac Edington (conselheiro fiscal sobre sustentabilidade). Outros participantes são o vice-presidente Gabriel Fernandes, o consultor fiscal e de comunicação Renato Manzano, a Agência Tudo e Malu Molter (entre os conselheiros de comunicação). No conselho consultivo está o renomado psicanalista Contardo Calligaris e o diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Miranda, entre outros. “Nossos conselheiros são pessoas ligadas diretamente à BR. São amigos que já contribuíram com as montagens das nossas peças de uma forma ou de outra”, diz Ricardo Bittencourt. “Esse meu projeto com Bete foi uma oportunidade de incluir oficialmente esses parceiros mobilizados com a causa de resgatar o prestígio do teatro”, acrescenta. Mas outros amigos também apoiam a ideia. Durante o lançamento, a confraternização teve como mestre de cerimônia o ex-jogador de futebol Raí e contou com a participação de artistas, como Malvino Salvador, Mel Lisboa, Dan Stulbach, Fafá de Belém e Regina Braga; além do médico Dráuzio Varela. A companhia já se apresentou em 12 cidades de quatro estados brasileiros com os espetáculos O Homem da Tarja Preta, Terceiro Sinal e Cartas de Amor para Stalin. Essas peças são fixas no portfólio da BR116, que ainda incluirá uma série de novas apresentações e entrará em turnê pelo Brasil. Para a capital baiana, o grupo preparou um festival que será realizado na segunda quinzena de dezembro. Mas os projetos não param por aí. O próximo passo da companhia é lançar a BR Talentos, uma espécie de treinamento para jovens atores, diretores e profissionais do teatro; e a BR Teen, uma formação juvenil em artes cênicas e montagens experimentais. Como subsídio, eles terão a ajuda de algum patrocínio e os recursos que devem surgir com a consagração do repertório da companhia: bilheteria, marketing, convênios, subprodutos, merchandising, etc. Presidente pro bono da companhia, Cris Olivieri explica que tudo isso é possível, principalmente porque o diferencial da BR116 está no modelo de gestão: “Nós já nascemos com expertise em comunicação, questões jurídicas, desenvolvimento, sustentabilidade, branding e profissionais do setor financeiro. Todos por trás da gestão da BR trabalham de forma verdadeiramente atuante e voluntária para que os artistas possam fazer o que lhes compete: atuar”. Sorte nossa! [B+]

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Bertrand DuARTE segue adiante O

Fotos: Divulgação

Em cartaz no cinema com três filmes, com planos para o teatro e conduzindo a própria produtora, o ator e produtor Bertrand Duarte não para e conta sobre seus próximos passos, afinal sua meta é seguir em frente por

Vanessa Aragão

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filme chileno Dawson Ilha 10 foi lançado no Brasil dia 25 de novembro, mas já circulou pelas telonas norte-americanas e chilenas no ano passado. Indicado ao Oscar 2010 como melhor filme estrangeiro, o drama de Miguel Littín, cineasta que já concorreu ao prêmio duas vezes, retrata o período pós-ditadura militar no Chile, onde o recém-empossado governo deporta para a ilha Dawson, ao sul do país, ministros e partidários do presidente Salvador Allende, em 1973. Em precárias condições e sofrendo maus-tratos, os exilados sofriam também com a falta total de informação, quando qualquer instrumento de comunicação era disputado. Na trama está o arquiteto Miguel Lawner, um ex-diretor da Companhia de Melhoria Urbana do governo chileno. Munido de lápis e papel, o arquiteto retrata os companheiros de ilha e aquelas miseráveis condições de vida. O filme é chileno, mas o personagem de Miguel é interpretado por um baiano, o ator Bertrand Duarte. “É um filme que me deixa orgulhoso por ter trabalhado com um dos cineastas mais importantes da América do Sul, cuja contundência política e ideológica é muito forte em suas obras”, diz Duarte, que também lembra da noite sem dormir “de tanta emoção” quando foi convidado para participar do elenco. Dawson Ilha 10 é o primeiro trabalho internacional de um ator que já tem um tempo de estrada no Brasil. Graduado em teatro pela Universidade Federal da Bahia, Bertrand iniciou a carreira em 1980 e protagonizou o médiametragem Superoutro há 23 anos, dirigido pelo também baiano Edgard Navarro. “Era meu sonho fazer cinema. Esse filme até hoje é lembrado. É uma das maiores referências da minha carreira”, destaca Duarte, que ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado (RS) em 1992 com essa produção. Na TV, já trabalhou em novelas, como A Favorita e Caminho das Índias e em minisséries, como Amazônia e Memorial de Maria Moura, da Rede Globo. Duarte encerra o ano de 2011 em cartaz com três produções: Capitães da Areia, O Homem que não Dormia e o já citado Dawson Ilha 10.

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POP&Cult e antenado Com a meta de “sempre seguir adiante”, Duarte, seja como empresário ou intérprete, não para. Em 2010, criou a produtora POP&Cult, com a proposta de produzir conteúdos para TV e cinema e assessorar produtos culturais, a exemplo do trabalho feito na divulgação do Dawson Ilha 10 no Brasil. O ator-produtor estreia em 2012 um curta chamado Romero, que é o piloto para uma futura minissérie. Também está em fase de captação de recursos para uma peça e para um programa de rádio e TV. Em meio a seus trabalhos, ele percebe que hoje Salvador “é a terceira cidade em produção brasileira de teatro”, e se mostra entusiasmado com a postura do público na capital. “Outro dia eu vi um comentário de Fernando Guerreiro dizendo que o público está mais exigente em relação ao conteúdo das peças. Até o humor já está mudando, está tendo uma migração daqueles besteiróis. As pessoas estão preferindo um espetáculo com um teor mais

crítico, de crítica social, e isso é um sinal de avanço, um sinal de que existe uma maturidade, de que o público baiano vai ao teatro”, comemora. Segundo Bertrand, apesar de a Bahia estar vivendo um momento ímpar no cinema, com Os Filhos de João, Jardim das Folhas Sagradas e Bahia, Minha Vida, “dando banho em cima de filmes de Hollywood (nas bilheterias da cidade)”, as leis de incentivo ainda precisam ser aprimoradas. Ele explica que alguns dispositivos da lei de renúncia fiscal melhoraram, mas é necessário uma maior democratização no apoio à cultura. “No momento que dinamizar mais, nós vamos ter um

aumento de qualidade”, enfatiza, concluindo logo em seguida que ele e a classe artística precisam continuar a fazer mais cinema e teatro “como gente grande, de uma forma madura, emancipada”. O atual cenário da produção cultural baiana anima Bertrand e o faz querer participar mais: “O fato de estar na Bahia é muito bom. Estar acompanhando esse movimento e esse momento de mudança é muito bacana”, ressalta. “Quando eu olho para trás, vendo as coisas que eu já fiz e estou fazendo agora, eu sinto que é um caminho, é um caminhar. Os passos estão indo para a frente”. [B+]

No set de filmagem do filme Superoutro, de Edgard Navarro

“As pessoas estão preferindo um espetáculo com um teor mais crítico, de crítica social, e isso é um sinal de avanço, um sinal de que existe uma maturidade, de que o público baiano vai ao teatro”

Bertrand recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Curitiba (outubro de 2009) pelo filme Pau Brasil, de Fernando Bélens

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art e & entr eten im ento | a pl a uso s Rubem Valentim e seu construtivismo no MAM Foto: Divulgação

Connecting South e Gilberto Gil Connecting South é o nome do filme/documentário que tem o artista baiano Gilberto Gil como protagonista. Dirigido pelo suíço Pierre-Yves Borgeaud e pelo francês Emmanuel Gétaz, o filme mostra toda a sabedoria, jeito de ser e talento musical de Gil, enquanto ele viaja por países do Hemisfério Sul como Brasil, África do Sul e Austrália, mantendo contato com aborigenes, tribos ianomâmis entre outros povos.

Peter Gabriel que conhecer Salvador e Brown No Brasil para participar do festival de música SWU, em Paulinia (São Paulo), o músico inglês Peter Gabriel se diz admirador do trabalho de Carlinhos Brown e mostrou interesse em conhecer Salvador e a Escola Pracatum, no Candeal. Um dos artistas mais influentes do rock no mundo, Peter Gabriel foi vocalista e líder durante muitos anos do grupo Genesis.

Rolling Stones disponibiliza arquivos digitalizados em site Prestes a completar 50 anos de carreira, a banda Rolling Stones lançou em novembro o site The Rolling Stones Archive, que disponibilizará um arquivo com vídeos, textos e fotografias raras da banda. O site também trará itens para venda, como litografias autografadas, material promocional exclusivo e boxes luxuosos.

O Museu de Arte Moderna da Bahia apresenta, a partir de 16 de dezembro, a exposição Rubem Valentim, reunindo obras de diferentes fases do artista baiano, desde o início de sua carreira, em 1950, até a década de 1980. Obras do acervo do MAM-BA e de coleções particulares compõem um conjunto que destaca a estruturação da linguagem sígnica que caracterizou a obra do artista. A exposição permanecerá aberta até o dia 12 de fevereiro de 2012. Foto: Divulgação

Artesanato ganha selo de certificação O Instituto Mauá, em parceria com o Programa do Artesanato Brasileiro, lançou no dia 28 de novembro, em Salvador, o Selo de Certificação do Artesanato Baiano. A iniciativa, intitulada “A Bahia Feita à Mão”, objetiva legitimar e diferenciar o artesanato produzido no estado, protegendo-o de cópias e falsificações. O selo é o primeiro do país, em nível governamental, a certificar esse tipo de produto.

Foto: Divulgação

banda Los Hermanos retorna e inclui Salvador na turnê Após um tempo sem realizar nenhum show, a banda Los Hermanos realizará uma turnê pelo Brasil no primeiro semestre de 2012. Os shows vão ocorrer entre abril e maio e vão passar por Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. O show em Salvador será no dia 6 de maio de 2012.

Apresentado à imprensa primeiro artista da 8 Bisz, Magary Lord

Aprovada Lei Orgânica da Cultura da Bahia Após o cancelamento das votações, no dia 16 de novembro, as bancadas do governo e da oposição aprovaram por unanimidade, no dia 22, a Lei Orgânica da Cultura, que tem como um dos destaques, a implantação do Sistema Nacional de Cultura, além da regulamentação do Plano Estadual de Cultura.

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Em uma coletiva realizada no dia 1° de dezembro, na Varanda D’Licia, a 8 Bisz apresentou à imprensa e ao público seu novo artista: Magary Lord. O músico, que vem ganhando notoriedade nos ensaios do verão de Salvador, mistura as matrizes africanas e regionais à black music para fazer o black semba.

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Para dar as boas-vindas a 2012

O destino é Praia do Forte: as melhores prévias da folia de Momo

Celebre 2012

TRIVELA

Uma nova opção para virada do ano em Salvador, o Celebre 2012 acontece na Bahia Marina, no espaço Vila Marina, que envolve os restaurantes Mercearia Todos os Santos, Ercolano, Café do Forte e Oui. A festa será comandada pela banda TH, pelo cantor Faustão e pela DJ Miss Cady, e terá duas opções de espaço: lounge e área vip. Ambos terão o serviço all inclusive, mas claro que a área vip oferecerá alguns mimos a mais para tornar a passagem de ano ainda mais especial.

Réveillon do Forte

Foto: Divulgação

Por Giselle Reis

Os Ensaios de Verão

Com o agito da banda Timbalada, de Peixe e DJs, a festa é uma ótima opção para quem estiver pela Linha Verde. Com uma estrutura característica para comemoração, o evento oferece ao público três opções de espaço: pista, área vip e mesa com oito cadeiras. A pista traz o serviço open bar, e a área vip e a mesa contam com o serviço all inclusive com bufê de frutos do mar, massas, comida japonesa e muito mais! A festa, que é realizada em Praia do Forte, começa às 22h e vai até as 5h.

A tribo do reggae também se diverte! Pelo segundo ano consecutivo, a banda Natiruts realiza para baianos e turistas, que são amantes do reggae, o Luau Natiruts. Com cerca de três horas de música, em um formato diferente do que a banda costuma apresentar, o repertório do show é composto pelos maiores sucessos do grupo e também por hits que eles gostam e quase nunca têm a possibilidade de tocar. O evento é no Bahia Café Hall, no dia 7 de janeiro.

banda Filhos de Jorge tem a melhor mistura de ritmos Foto: Jotafreitas / Setur

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Cerveja e Cia Folia

Timbalada encanta o Museu Du Ritmo A partir do dia 8 de janeiro, é hora de a Timbalada brilhar. Os esperados ensaios de verão iniciam a sua temporada em 2012 e garantem a diversão daqueles que se sentem integrantes da “nação timbaleira”. Tradicional no calendário de festas anuais da Bahia, o evento é realizado no Museu Du Ritmo e atrai turistas dos quatro cantos do país. E atenção! É preciso se programar, afinal só é permitida a compra de apenas dois ingressos por pessoa, a cada edição.

A banda Filhos de Jorge revelou-se como um dos fenômenos da música baiana, desde o verão passado. Os ensaios no Mercado Modelo se tornaram uma febre entre a galerinha descolada da cidade. Toda sexta, o público lota o espaço para curtir a banda, que mistura ritmos latinos, o axé music e uma batida forte percussiva. A festa é sempre a partir das 21h.

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Uma das mais esperadas, a festa começou as vendas em outubro e a corrida para adquirir os acessos é grande. Ela é dia 14 de janeiro, no Espaço Praia do Forte, 1 km após a entrada de Praia do Forte. A banda Asa de Águia se apresenta em um palco móvel, puxado por um trator, que foi denominado por Durval Lelys de Trivela. Nesta edição, além do Asa, se apresentam também a cantora Cláudia Leitte e a banda Batifum. O evento está programado para iniciar às 15h.

A festa, que roda as principais cidades do Brasil, acontece no Espaço Praia do Forte e tem Ivete Sangalo como grande anfitriã. Puxando o trio elétrico, a musa apresenta ao público todas as canções que vão embalar o Carnaval. O evento é dia 4 de janeiro e trará ainda a participação do cantor Tuca Fernandes. Com uma estrutura planejada, os organizadores garantem recepcionar o público com serviços de primeira. Os portões abrem a partir das 15h.

A Melhor Segunda-Feira do Mundo é no clima do Harmonia do Samba Liderado pelo Harmonia do Samba, o evento é uma marca registrada do verão baiano. A banda consegue reunir quase oito mil pessoas por edição em plena segunda-feira. Uma loucura! Este ano, completam-se dez anos da “Melhor Segunda-Feira do Mundo”, como são denominados os ensaios do Harmonia. Para celebrar, convidados de peso incrementam a programação, que se inicia no dia 2 de janeiro, todas as segundas-feiras, e vai até a última segunda que antecede o Carnaval.

Encontro de grandes nomes: Eva Convida

ensaio geral O Ensaio Geral é, realmente, uma das maiores prévias do Carnaval e acontece sempre no fim de semana que o antecede. Os chicleteiros, como são chamados os seguidores da banda Chiclete com Banana, se reúnem no Espaço Praia do Forte para fazer o aquecimento da maior festa de rua do mundo. O evento está marcado para o dia 11 de fevereiro, a partir das 15h e, além do Chiclete, trará também as batidas eletrizantes do cantor Tomate e o agito da banda Oito7nove4.

Os ensaios do Eva, que acontecem sempre às quartas, já têm data marcada. Nos dias 11 e 18 de janeiro e 8 de fevereiro, Saulo e sua turma comandam essa festa, que comemora a quinta edição. Boa música e convidados especiais são marca registrada, e o público pode esperar grandes encontros. Já passaram por lá Ivete Sangalo, Carlinhos Brown, Durval Lelys, Jau e muitos outros. O evento acontece no Alto do Andu.

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Produção acontece

em tempo real

CRISTIANE GARCIA OLIVIERI

Advogada, master em administração das artes e mestre em política cultural (USP- ECA)

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O produtor de eventos é o cara! Faz acontecer! Gestor que, sem participar de convenções de funcionários, sem executar dinâmicas para gestão de pessoas, sem implantar a cultura da empresa, constrói um megaevento em meses, com a participação de 500 profissionais, provenientes de 50 empresas diferentes. E, de fato, realiza festivais, eventos públicos, shows destinados a milhares ou mesmo milhões de pessoas. É, portanto, um profissional mais que especial! Um “quebrador de galhos oficial”, um administrador/solucionador de problemas em tempo real. No início dos anos 80, esse profissional surgiu proveniente de áreas diversas, e se estabeleceu em razão de características pessoais: empreendedorismo, liderança, habilidade com gestão de pessoas, e alguma competência em gestão financeira. Desde então, muito mudou. O aprender fazendo, testando e refazendo, ou a figura de um profissional esbaforido, correndo feito um louco no dia da estreia é coisa do passado. O mercado de cultura e entretenimento cresce sem parar, desde então. E a profissão de produtor tem deixado, cada vez mais, de ser o lugar da possibilidade sem formalidade para se tornar um meio bastante profissionalizado, o que requer gestores habilidosos e com conhecimentos técnicos específicos. Há dez anos, começaram a surgir os cursos de graduação e pós-graduação no Brasil – atualmente são mais de 200 por todo o país. E não é à toa que grandes grupos de comunicação resolveram criar suas próprias empresas de entretenimento. Nessas

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empresas, não existe mais lugar para o sonho de um monte de garotos que começaram, por brincadeira, o movimento do trio elétrico, que desembocou em uma das maiores festas de Carnaval do mundo. Os projetos, hoje, são planejados desde seu embrião. Muita coisa fracassa? Claro! Mas a gestão do entretenimento e da cultura passou a ser feita com indicadores, avaliação de risco, planejamento orçamentário, equipe dedicada, etc. Afinal, estima-se que seja um mercado que cresce 15% por ano no Brasil, e vai manter esta tendência nos próximos dez anos. Isso se traduz em oportunidade para lugares onde a matéria-prima (conteúdo artístico) brota das ruas e das veias de seus artistas todo dia. Com tanto para mostrar e viabilizar, a Bahia precisa aproveitar essa onda e assumir seu lugar nesse negócio. Afinal, existe um conhecimento não sistematizado em produzir o Carnaval com dois milhões de pessoas na rua, em realizar festivais com todas as tribos sem violência, em colocar o São João em diversas cidades ao mesmo tempo, e por aí vai, que deveria ser organizado, registrado e exportado. Conhecimento empírico, testado e retestado, que deveria ser apropriado pela Bahia, como qualidade e formação de terceiros, além de ser usado em tudo de novo que será criado na região. A Bahia já produz artistas que estão entre os melhores do país, e poderia gerar os melhores formadores, gestores, produtores e as melhores empresas de produção. Além de, é claro, continuar realizando e gestando grandes eventos de participação pública.

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A CONTINÊNCIA Por Carlos Sarno A Engenhonovo pegou pra fazer uma campanha majoritária para prefeito que vinha acompanhada pela proporcional dos vereadores. Ora, todo mundo que trabalha com comunicação política sabe como é complicado fazer campanha de um candidato, quanto mais de 50 ou 100, como acontece em toda disputa proporcional de uma grande cidade. É um Deus nos acuda para organizar e dar unidade e sentido a discursos e figuras, as mais variadas e com apelos beirando, às vezes, a maluquice. É um desfile que mistura tantos personagens e performances que se confunde com um circo. Pois bem, naquele ano, o casuísmo eleitoral nacional pariu uma lei que só permitia uma breve apresentação: 3x4 dos vereadores que quase se resumia ao candidato dizer o nome e mostrar a cara. Como é normal, dividimos a campanha em duas. Eu coordenava a majoritária e indicamos um “gladiador” pra conduzir a dos vereadores. O sujeito, aliás, encarava essa parada como dever e não como promoção, porque sabia que ia ter que controlar uma horda de candidatos dispostos a tudo para conquistar seu espaço e sua eleição, porque, ao lado de gente séria, experiente, vinham os defensores de causas curiosas e exóticas, mais humorísticas do que eleitorais.

Carlos Sarno

Sócio-fundador da agência Engenhonovo

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Tudo rodava nos conformes, Henrique, que tocava a dos vereadores em uma casa anexa à nossa, dava conta do recado, ia resolvendo e contornando os pepinos e fazendo as gravações para a edição dos programas. À noite, no jantar, jurava que nunca mais ia se meter naquilo e que já tinha apartado até briga e bate boca entre candidatos. - Vocês me pagam! Isso não é coisa que se peça a um amigo. Não tem dinheiro que pague essa consumição. Mas foi ele que teve que pedir SOS, batendo no nosso “bunker” pra pedir auxílio. - Sarno, você sabe que não sou de pedir arrego. Se assumi, assumi, mas você tem que dar um pulo lá que a coisa tá pegando fogo! Até a Cidinha, produtora e carne de pescoço, já teve um treco; o estúdio ficou uma balbúrdia e até o Brucutu tá com medo do candidato. Atendendo ao apelo de Henrique, chamei o Marcelinho, chefe de produção, pra me acompanhar na missão, e partimos pro estúdio. Lá estava, p. da vida, o candidato num clima tenso e silencioso. - Tenente - disse o Henrique - trouxe o coordenador geral pra conversar com o senhor e ouvir suas ponderações. - Pois é, - emendou o tenente - esperei mais de duas horas pra gravar 15 segundos. Aquele moço me passou pó no rosto, e querem me impedir de fazer o que pensei. - Mas o que o senhor pensou, tenente? - Simples! Sou militar aposentado e como não posso dizer nada, quero me posicionar fazendo continência para meus eleitores, que é o gesto de maior respeito que um militar pode fazer. O rapaz aí disse que isso não é permitido no programa. Assunto complexo! Enquanto eu pensava, Marcelinho, magro e miúdo, mas com vozeirão de estivador, inspirado, falou de pronto: - Tenente, o problema não é a continência, é a televisão. Como o senhor disse, continência é gesto de respeito, consideração... Já imaginou o senhor dando continência e um telespectador sentado no sofá, de cueca, com uma latinha de cerveja na mão? Ou pior, no banheiro, olhando a TV, com a porta entreaberta? O silêncio ficou ainda mais silencioso. O tenente engoliu seco, olhou de cima pra baixo o Marcelinho e completou: - Olhe, você me convenceu, mas posso fazer um pedido? - Pois não, tenente. - Já que não posso dar continência, quero ficar em posição de sentido. Tudo resolvido, depois da gravação, fomos tomar uma cerveja com o tenente no bar da Celeste.

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