Procura se um marido

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Ele me encarou por mais um segundo ou dois antes de sair, batendo a porta da sala com tanta força que as paredes tremeram ligeiramente. Despenquei no chão, sem conseguir respirar. Um soluço violento irrompeu em minha garganta, liberando meu desespero em forma de lágrimas. Eu o perdi! Eu o perdi!, repeti incoerente e incessantemente para mim mesma. Como era que aquilo acontecera? Eu tinha dito a verdade – ou pelo menos parte dela, já que ele não quis me ouvir. Dizer a verdade deveria contar para alguma coisa. Dizer a verdade deveria mantê-lo por perto. O que dera errado? Eu havia imaginado que talvez precisássemos ficar separados por um tempo, mas ele ainda me amaria. Talvez nos encontrássemos às escondidas, como amantes, três ou sete vezes por semana, quem sabe. Mas eu o perdera. Eu o perdera por simplesmente dizer a verdade. Naquele instante, aquele cheiro de flor invadiu o apartamento. Aos soluços, procurei em volta, tentando entender, mas não era capaz de pensar em nada além do fato de que Max havia me chutado. Enterrei a cabeça entre os joelhos, derramando um oceano de lágrimas. Um formigamento delicado se espalhou por minha mão direita e, por um momento louco, imaginei que meu avô estava ali, segurando minha mão. Foi o suficiente para me dar forças para me levantar. A raiva começou a se infiltrar sorrateiramente, e dessa vez direcionada à pessoa certa. Sequei os olhos com as costas da mão e marchei para o quarto, disposta a tudo para recuperar o controle de minha vida.


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