Procura se um marido

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- É que... eu não sei, Mari. Parece que tem algo errado. Não sei dizer o que é. - Humm... Talvez você esteja se sentindo culpada por enganar seu avô. - Talvez. – Mas, sendo sincera, não era esse o problema, era? - Amanhã eu passo aí pra conhecer sua nova casa. Boa noite, Lili. - Até amanhã, Mari. Demorei um pouco para pegar no sono. O colchão mole afundava e minhas costas doíam. Depois de me remexer por mais de uma hora, finalmente adormeci, mas preferia ter me mantido acordada a noite toda. Vovô voltou a assombrar meus sonhos. Estávamos no cartório, Max conversava animadamente com Mari, e vovô, no fundo da sala, me observava. Caminhei lentamente até ele. Ele não sorria, seu rosto marcado pelo tempo estava triste. Uma tristeza profunda, que fez meu coração doer. - Que foi? O que está errado? Ele olhou para Max por um longo tempo, depois voltou os olhos azuis para os meus. - Você não gosta dele? – perguntei insegura. Ele não respondeu. - Olha, vovô, eu não queria fazer isso, tá legal? Mas o Clovis disse que eu ia para a cadeia se não pagasse os meus cartões, e tive até que vender o meu cupê, e você mais do que ninguém sabe como eu amo aquele carro... e... e as coisas estão meio fora do meu controle e você morreu. Então não tem o direito de me julgar. Ele suspirou. - Vai partir seu coração – disse, com um pesar que me causou calafrios. - O Max? Não. Eu juro que não. Ele é um cara bacana, mas eu nem gosto dele. E ele não gosta de mim desse jeito. Ele meio que me tolera e é só até tudo se resolver – expliquei apressada. Ele me mostrou um sorriso triste. - Vai doer além do que você pode suportar.


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