Sabrina no 639 leigh michaels amor imperfeito

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Sabrina nº 639

Amor Imperfeito

Leigh Michaels

— Além do mais, poderia magoá-la devolvendo o presente. Seria muito indelicado. Ele hesitou pensativo. — Tudo bem. Então, diga-lhe que comprei algo que sempre quis e agradeça-lhe por me proporcionar o melhor aniversário que já tive. — E o que vai comprar? — indagou timidamente. Sob a luz fraca do poste, Justin parecia ter dezesseis anos. Rindo, respondeu: — Um telefone para meu carro. Assim que for instalado, ligarei para ela... Nunca mais vai falar comigo e terei todos os meus problemas resolvidos! Foi um longo trajeto de volta ao apartamento. Laura sentia-se exausta. Aquela fora uma semana estressante e, Justin piorara tudo investigando seu passado. Qualquer um adoraria ter um final de semana tranqüilo, dormir até tarde, ficar de pijama o dia todo. Laura, no entanto, pensava nos fins de semana como uma espécie de ameaça. Não dormia bem, detestava não ter o que fazer... Dois dias de descanso a angustiavam. Um apartamento tranqüilo, nessas circunstâncias, não era um santuário, mas uma prisão. E a liberdade de ignorar o telefone nada significava, uma vez que o aparelho quase não tocava... O telefone! A única vantagem daquele convite para jantar tinha sido esquecer Shelley. "As coisas podem mudar", dissera Justin. E se Shelley tivesse ligado para dizer-lhe que... Ela e Clay estavam se separando? Para contar-lhe suas mágoas? Bem, de qualquer modo, ela não tinha nada a ver com isso. Ou talvez Shelley tivesse ligado para acusá-la... Não! Shelley jamais soubera nada e nem ia saber... Abriu a porta do apartamento; no mesmo instante seu gato apareceu como que para acusá-la de negligência. Estava na cozinha, abrindo uma lata de atum para o gato, quando o telefone tocou. — Onde esteve? — indagou uma voz ofegante, inconfundível. — Deixei um recado para você há horas. Aposto que teve um encontro, não foi? — Shelley, eu tentei falar com você, mas não deixou o número de onde estava. Houve silêncio, então uma risada. — Não deixei? Que cabeça... Ligou para minha casa a tarde toda e não me achou? Pobrezinha! Laura suspirou, irritada. — Disse que era urgente Shelley — lembrou-a. — O que aconteceu? — Oh, é urgente... A coisa mais maravilhosa do mundo! Mal podia esperar para lhe contar! Estou grávida, querida. Você vai ser tia no próximo outono. Não é fantástico? Laura precisou sentar-se. "Minha irmãzinha vai ter um bebê", pensou. "O bebê de Clay! O bebê que devia ser meu." Esforçou-se para recuperar o controle. — E Clay? Como está se sentindo? — Oh, está nas nuvens! Devia vê-lo. Até parece que foi ele quem inventou os bebês. Não está feliz por mim? Você me pareceu um pouco... — Claro que estou Shelley. É maravilhoso. — E isso não é tudo. Disse a papai que queria muito ver você... É tão importante para mim. E... Ele nos presenteou com as passagens de avião. Laura, nós vamos estar em Phoenix na próxima quinta-feira. E vamos ficar aí por duas semanas inteirinhas! No mesmo instante o coração de Laura disparou. — Não é fantástico? Vamos poder ficar acordadas até tarde, conversando e dando boas risadas, como nos velhos tempos... — Como nos velhos tempos — concordou, desejando que tudo fosse como antes de Clay aparecer em suas vidas. Mas era impossível. Tudo agora era diferente, tinha de receber Shelley... E Clay... Em sua casa, conviver com eles e... Esconder sua dor. "Não posso fazer isso", concluiu. "Não vou suportar." Por outro lado, Shelley era sua irmã. Como podia recusar-se a hospedá-la sem uma boa desculpa? E a verdade... Bem, era melhor 13


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