Revista Painel Político - 4ª Edição

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Por Danny Bueno

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om Moacyr Grechi – Arcebispo da Arquidiocese de Porto Velho, 75 anos, natural da cidade de Turvo em Santa Catarina, é frade religioso pertencente à Ordem dos Servos de Maria, datada do ano de 1.200, tendo sido eleito bispo de Rio Branco no Acre a partir de 1972, sucedendo o em então arcebispo Giocondo Grotti, falecido em um desastre aéreo, por 27 anos, até a sua transferência para Rondônia em 1998. Está há 11 anos a frente da Arquidiocese concedeu entrevista a PAINEL POLÍTICO, onde aborda a sua história e os principais problemas sociais encontrados na Rondônia que hoje vivemos. PAINEL POLÍTICO - O senhor é conhecido com um grande defensor de causas sociais. Como foi seu envolvimento com essa temática? Dom Moacyr - Sempre fui ligado às questões de amparo e incentivo as comunidades, quando fui enviado ao Acre assumi o cargo de chefe provincial da Ordem dos Servos de Maria no Brasil, e como tal, temos esse compromisso de viver em comunidade, conseqüentemente a obrigação de me envolver com os membros da igreja e da sociedade para alçar as construções das igrejas desta região norte do país, entregue a Ordem dos Servos de Maria por determinação de Roma. PAINEL POLÍTICO – Com quantos anos o senhor assumiu a cadeira de bispo da Igreja Católica, considerada uma posição importante diante da expressividade e liderança que a função exige? Dom Moacyr – Eu fui eleito muito novo, hoje já não se faz mais isso, eu tinha apenas 36 anos, houve um processo de

escolha, o que é muito complicado, foi muito doloroso pela maneira trágica como foi o falecimento antecessor, a região era extremamente conturbada e precisei absolver todas as crises que o meu clero vivia, entre elas, a da grilagem de terras. Tinha a migração desordenada para a Amazônia, onde desmatar era beneficiar, o movimento dos seringueiros com Chico Mendes, o crime organizado a serviço dos fazendeiros, onde servimos de abrigo na Casa Paroquial por seis meses ao líder seringueiro, pois era constantemente ameaçado de morte, e acabamos ficando muito “chegados”, pois apesar de não ser um membro fervoroso, mas, fazia parte da nossa igreja. PAINEL POLÍTICO – Outro capítulo histórico que trouxe o lado violento e político daquele Estado foi à prisão do ex-deputado e ex-coronel da PM Hildebrando Pascoal, como era esse período? Dom Moacyr – Infelizmente, naquela época quem mandava no Acre era o terror, e eu tive que passar por aquele momento de terror com aquele

povo. A fama daquele homem realmente era de “serrador de gente”, mas quando tudo isso terminou, graças a Deus, nos sentimos aliviados pela maneira como foi conduzido pela justiça àquela condenação. Após essas passagens, tanto o governador do Acre como o presidente do Tribunal de Justiça, que tinham trabalhado comigo quando jovens, me lisonjearam com a seguinte declaração: “Bom, Dom Moacyr... agora quem manda no Acre é o senhor, quando o senhor quiser alguma coisa nos chame que nós vamos obedecer”. PAINEL POLÍTICO – Ao final de 1998 o senhor foi transferido para Porto Velho, como foi essa nossa missão após 27 anos de convivência com o povo do Acre? Dom Moacyr – Eu sinceramente achava que terminaria meu sacerdócio por lá, assim como os que me precederam passaram por lá, e aqui chegando fomos acolhidos com toda ternura e carinho que é a marca registrada de toda a população que foi trazida pelas circunstâncias mais ad-

05 Novembro 2011 PAINEL POLÍTICO

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