Than shwe

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Than Shwe

Claudio Blanc


Projeto Mem贸ria Sindicato dos Padeiros de S茫o Paulo

Presidente: Francisco Pereira de Sousa Filho (Chiquinho Pereira) Coordenador: Aparecido Alves Ten贸rio (Cid茫o) Curador: Claudio Blanc www.padeirosspmemoria.com.br


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Than Shwe e a ditadura de Mianmar

Em meados de 2007, a mídia do mundo todo noticiou os protestos liderados pelos monges budistas num dos países mais pobres da Ásia, Mianmar, antigamente chamada de Birmânia. Os noticiários mostravam cenas de dura repressão. Participantes dos protestos pacíficos eram alvo de tiros dos militares. Um jornalista japonês que cobria as demonstrações foi assassinado em meio aos conflitos. A opinião pública mundial se deparou com uma das mais violentas ditaduras da atualidade, quase esquecida pelo Ocidente por ser bem sucedida em impedir que os opositores expressem seu descontentamento. E das manifestações de Mianmar a mídia internacional viu emergir uma figura sinistra, o general Than Shwe líder da junta militar que governa esse triste país.

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Generais de Myanmar, membros da junta militar que governa o País.

Desde 1962, quando tomaram o poder, os militares reprimem toda e qualquer forma de dissidência em Mianmar e detêm poder absoluto, mesmo apesar das sanções e condenações internacionais. A imprensa é severamente censurada. Qualquer produção artística, de poesia a filmes, é adulterada. Não só as críticas ao governo são suprimidas, mas também qualquer notícia ruim, como reportagens sobre desastres naturais ou até mesmo as derrotas da seleção nacional de futebol. Os noticiários são repletos de informações sobre as atividades oficiais e religiosas dos generais e de denúncias de tra4


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mas promovidas pelo Ocidente para desestabilizar o país, as quais inexistem de fato. De acordo com os Repórteres Sem Fronteira, Mianmar está entre os 10 piores países em termos de censura. Sem a menor cerimônia, os corruptos generais saqueiam o país e deslocam populações civis a seu bel prazer. O uso de trabalho forçado – até mesmo o de crianças – é uma realidade comum. O regime controla as indústrias dos setores-chave e promove o tráfico de heroína, um dos principais produtos de exportação de Mianmar. A corrupção grassa, o mercado negro floresce e o povo padece à míngua.

Protestos em Rangoon, em 1988.

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Em 1988, a população se ergueu em protestos contra os abusos dos direitos humanos patrocinados pelos militares, mas foi esmagada. As demonstrações de 2007 foram lideradas por monges budistas e tiveram início por conta da baixa qualidade de vida à qual a população é submetida. Enquanto os birmaneses gritavam slogans políticos, as ofensivas do governo contra os civis fizeram diversas vítimas fatais.

Aung San Suu Kyi, a principal voz da oposição à ditadura.

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Manifestantes durante a Revolução Açafrão, em 2007.

Assassino e Corrupto Than Shwe é o presidente do Conselho para o Desenvolvimento e a Paz do Estado, a famigerada junta composta de 12 generais que mandam e desmandam no país, responsáveis por todas as decisões essenciais. Em 1993, Than Shwe estabeleceu a Convenção 7


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Nacional, um processo reconciliatório que visava a elaboração de uma nova constituição. No entanto, o general não fez mais esforços na direção da abertura política, e o único partido de oposição, a Liga Nacional pró-Democracia, LND, liderado por Aung San Suu Kyi, que recebeu o prêmio Nobel da Paz, em 1991, pelos seus esforços para libertar os birmaneses do jugo da ditadura, tem boicotado o diálogo (melhor seria dizer monólogo) com o governo. Em 1990, a LND obteve uma vitória esmagadora nas primeiras eleições multipartidárias de Mianmar em 30 anos. O partido, porém, nunca pôde assumir as cadeiras que conquistou. Como mostra da lentidão da instalação do processo democrático, a constituição iniciada em 1993 foi concluída apenas em 2007. Than Shwe, que nasceu em 1933, entrou para o exército aos 20 anos. Sua carreira inclui uma passagem pela Divisão de Guerra Psicológica. Foi condecorado mais de 16 vezes. Introvertido e supersticioso, sempre busca embasar suas decisões políticas por meio de consultas astrológicas. O líder da junta militar birmanesa ascendeu ao poder em 1992, quando o general Saw Maung, que ocupava a posição anteriormente, resignou alegando motivos de saúde. Num primeiro momento, Than Shwe parecia ser mais liberal que seu predecessor. Ele libertou prisioneiros políticos e permitiu, pela primeira vez, que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha visitasse o país, em 1997, apesar de ter imposto restrições aos membros dessa instituição. Mas a aparência de liberalidade é apenas um verniz. Than Shwe tem 8


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governado em causa própria. Prova disso é o casamento que bancou para filha, em novembro de 2006, cujo custo foi três vezes maior que todo o orçamento de Mianmar para a saúde. Há rumores de que Than Shwe está com câncer de intestino. Mas mesmo com sua morte, dificilmente a junta militar abrirá mão de explorar o país e seu povo. Há severas disputas internas pelo controle do Conselho para o Desenvolvimento e a Paz do Estado. Entre as feras, Than Shwe tem sido a mais feroz, sangrando a nação e a população em interesse próprio. Quem continua a sofrer é a Birmânia, país pequeno e sem grande importância internacional a ponto de justificar que o rico Ocidente venha em seu socorro.

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