Informativo Pacto das Águas

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I N F OR M ATI VO DO PRO J ETO EDIÇÃO 01 / JULHO 2014 WWW.PACTODASAGUAS.ORG.BR

Produtos da floresta serão comercializados por meio de cooperativa de povos indígenas e extrativistas

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ma experiência inédita promete minimizar o principal gargalo da produção extrativista do Noroeste de Mato Grosso e Sudeste de Rondônia. Foi aprovada em assembleia a criação de uma cooperativa para comercialização de castanha-do-Brasil e outros produtos florestais não-madeireiros, formada por povos indígenas, extrativistas e pelo projeto Pacto das Águas, desenvolvido com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. A criação da cooperativa foi discutida no Seminário de Intercâmbio de Experiências, realizado em maio em Ji-Paraná (RO), onde os grupos que fazem parte do projeto discutiram sobre as próximas etapas do projeto. Plácido Costa, coordenador do Pacto das Águas, demonstrou o quanto a qualidade da produção da castanha-do-Brasil vem atraindo cada vez mais um mercado disposto a pagar um preço justo pela amêndoa. “Desde que o projeto Pacto das Águas começou a apoiar os povos da floresta, há cerca de dez anos, já foram produzidas aproximadamente 2 mil toneladas de castanha, o que gerou

uma renda estimada aos indígenas e extrativistas de cerca de 5 milhões de reais”, aponta. “A qualidade da castanha vem atraindo novos grupos interessados em participar do projeto, tanto é que 25% dessa produção, ou seja, cerca de 500 toneladas, foram produzidas apenas nessa última safra”, explica. Nesta nova etapa do Pacto das Águas, que teve início em dezembro do ano passado, continuam participando a Resex Guariba-Roosevelt e os povos indígenas Zoró e Rikbaktsa. Além destes grupos, integram o projeto os povos indígenas Arara e Gavião da Terra Indígena Igarapé Lourdes, em Rondônia e os Cinta Larga de Juína, em Mato Grosso. O Pacto das Águas atualmente apoia a produção de castanha-do-Brasil, seringa e de outros produtos, em menor escala, como o artesanato indígena, em cinco Terras Indígenas e da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, no Noroeste de Mato Grosso. O apoio se dá por meio de assessorias para gestão no manejo e comercialização, capacitações técnicas, intercâmbios, apoio na logística e infraestrutura das comunidades, como a construção ou reforma de barracões e entre-

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postos, além de mesas de secagem. É exatamente a comercialização desses produtos que muitas vezes se constitui num entrave diante das exigências do mercado. Josias Cebirop, representante do povo indígena Gavião, explica que sua comunidade tem a visão de que é preciso encontrar saídas para facilitar o acesso ao mercado. “Muitas vezes, nossa produção não tem escala porque não encontramos meios legais para comercialização”, desabafa. “Acredito que nós temos o potencial para criar a cooperativa para dar lucro”, finaliza.

Mercado A comercialização em larga escala é uma alternativa para os povos da floresta pois permite a busca de grandes compradores que operam no chamado “mercado justo”. Ou seja, parceiros empresariais que estão dispostos a

Resex obtém certificação e Cinta Larga produz 200 toneladas de castanha em uma única safra

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pagar um valor maior por um produto de qualidade e orgânico comercializados diretamente por essas comunidades indígenas e extrativista. Sem essa formalização legal, os extrativistas muitas vezes não conseguem vender a sua produção a um preço justo, que dependendo da qualidade da castanha em casca chega a ser vendida entre três e quatro reais o quilo. Outra vantagem da formação da cooperativa é a possibilidade de acessarem editais como os do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional do Abastecimento (Conab), para formação de estoque, que na prática funciona como um empréstimo para capital de giro com juros de 3% ao ano. Acessando esse recurso, a cooperativa poderá pagar à vista a produção de seus cooperados, podendo optar em armazenar o produto até um momento mais favorável para a comercialização.

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castanha-do-Brasil produzida na Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, localizada no Noroeste de Mato Grosso, na divisa com o estado do Amazonas, acaba de ser certificada como livre de aflotoxinas. A certificação foi feita pela certificadora Ecocert e garante que a produção feita pelos moradores obedece rigorosos padrões de práticas de coleta, secagem e armazenamento da amêndoa. A aflotoxina é um fungo que ataca as amêndoas da castanha e pode causar intoxicação alimentar. Além dessa certificação, está em processo também a certificação de produto orgânico pelo Ministério da Agricultura. Essas certificações são, mais do que a garantia da boa procedência dos produtos florestais, exigências de grandes compradores. “Nós vamos criar uma rotina de análises das castanhas para que possamos dar garantias às empresas compradoras da qualidade da produção na Resex”, explica Emerson de Oliveira, técnico do projeto Pacto das Águas. "Isso é um reflexo do empenho dos extrativistas e do resultados das ações do projeto", complementa.

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Desde o início do projeto, foram realizadas diversas capacitações em boas práticas de manejo. Também foram viabilizadas a instalação de mesas de secagem e a construção de barracões para armazenamento. A Resex Guariba-Roosevelt é uma das comunidades mais antigas em tempo de parceria com o projeto. Somente nesta safra, o Pacto das Águas apoiou a comercialização de 45 toneladas de castanha e de 11 toneladas de látex. O projeto também apoiou a estruturação de duas associações, a Amorarr, na comunidade do rio Guariba, e a Amarr, na comunidade do rio Roosevelt. Na safra anterior, entre o final de 2012 e início de 2013, a comunidade conseguiu um empréstimo da Conab por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para formação de estoque que permitiu o pagamento à vista para os produtores de castanha. Com o lucro

obtido na comercialização, foi possível também subsidiar o pagamento da produção da seringa aos moradores. Já o povo indígena Cinta Larga, de Juína, entrou para o projeto no final do ano passado, com muita disposição, produzindo 200 toneladas de castanha-do-Brasil, que foram comercializadas a três reais o quilo. “Nós já tirávamos castanha desde 2007, mas vendíamos a cinquenta centavos o quilo, não compensava”, aponta Zinho Cinta Larga, presidente

de Associação Yterepuya. “Antes a gente não tinha onde guardar a castanha, ficava em nossas casas, mesmo. Agora a gente tem onde guardar e podemos pegar mais na floresta”, explica Zinho. Ele acredita que essa primeira experiência com o projeto Pacto das Águas se mostrou bastante benéfica à comunidade e espera que na próxima safra a adesão dos indígenas, assim como a produção, seja bem maior.

Castanha Certificada Indígena Atrai Empresas

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qualidade da castanha do Brasil que está sendo produzida por povos indígenas no Sudeste de Rondônia e Noroeste de Mato Grosso está atraindo o interesse de empresas em comprar as amêndoas. Em abril, a Associação do Povo Indígena Zoró realizou a comercialização de 50 toneladas de castanha para a empresa Amazon Brazil Nuts, do Pará. Os Zoró são um dos povos indígenas apoiados pelo projeto Pacto das Águas. “Eles têm uma castanha diferenciada porque receberam orientações de boas práticas de manejo e equipamentos necessários para garantir uma atividade florestal sustentável”, explica Plácido Costa, coordenador do projeto. Além dos Zoró, aldeias dos povos Gavião,

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Arara, Cinta-Larga e Rikbaktsa, além da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt, em Mato Grosso, também participam do projeto. Os grupos recebem instruções sobre as melhores formas de se coletar a castanha na floresta, como limpá-las e acondicioná-las para evitar o risco de contaminação. Mesas de secagem e barracões são instalados em locais estratégicos das aldeias ou das colocações, para facilitar o armazenamento. Na associação indígena Zoró e na reserva extrativista também foram instalados secadores rotativos, que aumenta ainda mais a qualidade.

Lenine conhece projetos patrocinado pelo Programa Petrobras Socioambiental

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cantor e compositor Lenine esteve em Cáceres, em Abril, para conhecer projetos patrocinados pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental em Mato Grosso. Foi a sexta etapa do projeto “Encontros Socioambientais com Lenine” que objetiva ampliar a conscientização sobre cidadania e o conhecimento de práticas e tecnologias sustentáveis. Na ocasião, Josias Cebirop, da etnia Gavião entregou um cocar de sua etnia em agradecimento ao comprometimento socioambiental do artista. Participaram do encontro com o cantor os projetos Bichos do Pantanal, Pacto das Águas, Berço das Águas e Poço de Carbono Juruena.

Novo projeto, novo site Foi inaugurado em junho o novo site do Projeto Pacto das Águas. Com layout totalmente novo e com novas seções, como a galeria de fotos e vídeos, a proposta é tornar mais acessíveis as informações e notícias sobre o projeto e seus parceiros. Pelo site é possível também se cadastrar para receber notícias bem como interagir em redes sociais como o Facebook, Twitter e Instagram. PROJETO PACTO DAS ÁGUAS - SUSTENTABILIDADE PARA OS POVOS DA FLORESTA

EXPEDIENTE Jornalista Responsável: André Luís Alves DRT 740/MT imprensa@pactodasaguas.org.br www.pactodasaguas.org.br Esta publicação é produzida pelo projeto Pacto das Águas. É permitida a reprodução desde que citada a fonte.

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