Revista Dascena #1

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versĂŁo digital DASCENA | 1


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Arte: Waldemar Ramos


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A Dascena é uma revista dinâmica. Em nossa primeira edição, exploramos a cena artística contemporânea da cidade de Natal. A capa traz um trabalho do artista Gustavo Rocha, uma colagem manual chamada “People want to whisper when they shout. It’s ‘cause on the inside, they’re in doubt”. Nesta edição, trazemos um conteúdo abrangente das manifestações artísticas: o trabalho surrealista do artista Daniel Nec em entrevista; as colagens de Waldemar Ramos, dentre outras matérias, como o projeto “INarteurbana”, Circuito Cultural Cidade Alta, galeria Arte Iquebana e a videoarte “A Mulher e o Fim do Mundo”.

TA ÇÃO DASCENA | 5

A PRE SEN A galeria, espaço destinado à exposição ampla e eclética do panorama artístico, conta com trabalhos dos artistas: André Soares, Andressa Dantas, Caetano Fontes, Fernando Travis, Filipe Anjo, Gustavo Rocha, Kefren Pok e Luan Rodrigues. Nas próximas edições, investigaremos novos momentos da cena artística de Natal. Nesta ideia de movimento, vestimos um projeto gráfico que permite remodelagem: novos papéis, diferentes gramaturas, diagramação e formatos, rompendo com padrões de uma revista convencional e trazendo estética e conteúdos únicos.


EDITORIAL

A arte como interpretação e reflexo do mundo Discutir o cenário artístico de Natal é discutir os atores que compõem as interrelações do contexto artístico cultural da cidade. O termo “artes visuais” é o objeto de análise geral do que encontraremos a seguir. No entanto, a proposta aqui vai além de discutir noções estéticas, técnicas e conceituais de manifestações artísticas. Nos propomos justamente a analisar a CENA onde se insere o movimento, a cena contemporânea de artes visuais da cidade de Natal. Nesta edição, reunimos as mais diversas formas de expressão, numa mostra ampla e eclética do panorama atual, ao mesmo tempo lançando-se na exploração de novas e emergentes formas e ferramentas expressivas vindas do amplo leque criado pela sociedade da informação e pelos novos meios digitais. Longe de tentar recompilar uma visão rígida e unívoca de quem e o quê protagoniza, a intenção é desenhar uma das muitas imagens possíveis da fértil e mesclada atualidade do mundo da ilustração, pintura, artes gráficas, arte urbana, dentre outras.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores. Os entrevistados não refletem a opinião da revista. Agradecemos a todos que de alguma forma participaram desta publicação, direta ou indiretamente, colaborando para que fosse possível sua realização. É proibida a reprodução dos textos, fotos e ilustrações por qualquer meio sem autorização prévia dos artistas ou do editor da revista.

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Hoje em dia as vertentes artísticas não têm necessidade de se absorver como acontecia nas correntes vanguardistas, uma vez que se interligam e se retroalimentam em suas ramificações para conviver em harmonia. Nessa navegação em torno do panorama vasto e do desconhecido, portanto, surgem questões como: o atual versus o antigo, o digital versus o analógico, o abstrato versus o figurativo, o estético versus o conceitual. Não buscando respostas definitivas, deixase caminhos abertos de acordo com o caráter vivo e mutante da matéria em que se geram novas questões, desmontando os preconceitos históricos para dar protagonismo à singularidade dos artistas e seus contextos, cujas particularidades sensibilidades são a reflexão, interpretação e reflexo do mundo a partir de diferentes subjetividades. No entanto, todos têm algo em comum: o prazer no que fazem.

Capa: Gustavo Rocha Editor: Pablo Figueiredo Diretor de arte: Pablo Figueiredo Impressão: Casa da Cópia - Natal / RN Colaboradores: Agathae Montecinos, Alexis Peixoto, André Soares, Andressa Dantas, Caetano Fontes, Daniel Nec, Eliene Linhares, Fernando Travis, Filipe Anjo, Gustavo Rocha, Kefren Pok, Luan Rodrigues, Mariana do Vale, Pedro Balduino, Waldemar Ramos.

Boa leitura. Equipe Dascena


ÍNDICE

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INARTE URBANA CIDADE REVERSA Entrevista com Agathae Montecinos

Conto por Alexis Peixoto

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WALDEMAR RAMOS

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A MULHER E O FIM DO MUNDO

GALERIA ARTE IQUEBANA

Vídeo Arte

Entrevista com Eliane Linhares

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O trabalho divinatório de

DANIEL NEC Entrevista

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CIRCUITO CULTURAL CIDADE ALTA Entrevista com Pedro Balduino

GALERIA DASCENA


Dentre as ações deste ano, através do projeto InArte Urbana, Magrela (SP) e Acidum Project (CE) concluem painel que vai renovar toda a fachada do Museu de Cultura Popular, localizado no bairro da ribeira em Natal. Concluindo as atividades de 2017, o projeto celebra, ainda, uma exposição com obras urbanas de vinte artistas de oito estados diferentes.

O INarteurbana foi criado em 2015 pela associação franco-brasileira Pixo e o ponto de cultura Casa Vermelha. Desde de sempre sendo um projeto sociocultural e transdisciplinar, o objetivo inicial era de divulgar a arte urbana como expressão de arte contemporânea, assim como estabelecer um diálogo entre a Pinacoteca do Estado do Rio Grande do Norte e a população da comunidade do Passo da Pátria. A partir da segunda edição, o projeto transformou sua vocação e hoje é um projeto de reativação e desenvolvimento de espaços públicos através da criação e construção de espaços artísticos e de convivência no seio de comunidades desfavorecidas do território norteriograndense. DASCENA | 8

Com ações regulares desde 2016, o projeto se instalou na comunidade do Passo da Pátria, bairro fortemente marcado pela disparidade entre as classes sociais e principalmente pelas fraturas físicas e simbólicas, como pode ser considerado a linha do trem por exemplo. Essas são motivações para desenvolver dispositivos de animação e de ação artística, principalmente através de oficinas de dança de rua, de teatro, graffiti e de construção alternativa com paletes. Com isso, o INarteurbana cria possibilidades para adquirir, valorizar e melhorar as habilidades e as qualidades de cada um em benefício do coletivo.


entrevista com

agathae montecinos

dascena: Considera que hoje o graffiti é uma arte marginal? Quais mudanças têm ocorrido nesse cenário? O graffiti vem ganhando muito espaço no mercado da arte e nos espaços culturais do mundo inteiro. Em Natal, temos o Expo Graffiti Natal, organizado pelo produtor Marcelo Veni há quase 5 anos, se não me engano. Podemos citar vários outros projetos, exposições e festivais no Nordeste e em todo o Brasil que colocam o graffiti como foco de ação. Infelizmente, para os artistas que ainda tem a rua como principal meio de expressão a realidade ainda é outra. Pois o graffiti ainda é muito reprimido e pouco aceito pela maioria da população. Hoje temos programas de vários governos do Brasil (na iniciativa do Doria, em São Paulo, e em seguida adquirida e adaptada por outros governos) lançaram leis de repreensão do graffiti com multas colossais. DASCENA | 9

dascena: O graffiti em lugares rejeitados pela sociedade é vosso contributo para transformar o espaço urbano? O que as pessoas também podem fazer para ajudar nessa transformação? Nós não vemos por esse ângulo e ainda há muito esforço a ser feito para que o restante da população vejam as periferias e seus moradores com outros olhos. Ver esses territórios e bairros por este ângulo é errôneo, pois eles fazem plenamente parte da sociedade. Este já seria um primeiro passo para contribuir na transformação para um mundo melhor. Quanto ao nosso contributo para transformar o espaço urbano, nós levamos arte e cultura para territórios periféricos e pouco lembrados pelo poder público. O INarteurbana tem a arte urbana como principal veículo, o que inclui várias expressões plásticas urbanas, do qual o graffiti faz parte.


dascena: Porque foi escolhido o Museu da Cultura Popular como espaço para intervenção artística? O Museu de Cultura Popular foi escolhido por estar localizado em lugar estratégico, na frente da estação de trem e no caminho de entrada para o Passo da Pátria. Mas também, e principalmente, por ser um símbolo da cultura popular norteriograndense e do nordeste. dascena: Como as comunidades e a sociedade em geral têm reagido às ações desse e de outros projetos de ocupação e ativação de espaços públicos através da arte? Ainda não fizemos um estudo do que pensam os outros. Já estamos bem felizes de ser aceitos e de ter a contribuição dos moradores do bairro onde trabalhamos, isso é o que importa para o desenvolvimento do projeto.

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dascena: O Inarte Urbana conta com participação de artistas de diversas partes do Brasil, além da parceria com a associação franco-brasileira Pixo. Diante disso, qual seria o panorama do graffiti, em termos estrangeiros (ou até mesmo de outros estados), em relação a Natal? A arte urbana é um dos movimentos artísticos mais ricos que conheço. Com a participação de artistas locais, assim como de outros estados do Brasil e cidades do mundo, nós tentamos mostrar essa riqueza de estéticas e estilos. Além disso, são os encontros e partilhas gerados por momentos como este que vão colaborar ao enriquecimento dos artistas participantes, a arte e a cultura das cidades que eles representam só tem a ganhar com isso.


dascena: Quais as diferenças e semelhanças entre intervir artisticamente em espaços periféricos e em áreas centrais das cidades? Não é tão simples assim de dividir em áreas periféricas e centrais, principalmente no Brasil. Por exemplo, o Passo da Pátria faz parte do centro da cidade de Natal.

em agosto. Além disso também temos as ações de correspondência bilateral entre o Brasil e a França, com as crianças da escola municipal Mareci Gomes. E ano que vem vai ter mais residências, oficinas e ações diversas.

dascena: Quais as próximas ações do Inarte Urbana no âmbito artístico em Natal? O INarteurbana tem ações regulares durante o ano todo. Atualmente estamos trabalhando na melhoração da praça do Horto, onde finalizamos a construção do anfiteatro em bio-construção

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Saiba mais sobre o projeto


escola de fotografia | galeria de arte | produtora cultural | estúdio fotografico espacoduas@gmail.com T +55 84 99664.8789 F +55 84 99982.7193 @espacoduas

Confira o portfólio de produção cultural

Rua Praia Diogo Lopes, 2197. Ponta Negra, Natal RN | Brasil DASCENA | 12


o ã it p a C o a m r o f in , u o b a A trégua ac a ç r e t É . io d á r e d o n r pelo sistema inte o ã t s e s o ic n c é t s o , e feira, tarde da noit , a m ir f a d io d é r p o im lt derrubando o ú r o p a v m o c s a in u q á m cancelando as , o d la u e m o a á t s e o quente. O Capitã o d r o u s o o d n a g u x n apoiado na perna boa, e . ó t le a p o d a g n a m a rosto n e t n e m a iv it in f e d o ã t s - Os negócios e o r e d n o c s e m e s , a t n e m arruinados — co e d a id c a r a ix e d s o m a cansaço. — Precis imediatamente. s a m , a s e r p r u s e d o ã s Escolho uma expres ia c n lê a f A . o d in g in f u o t ele sabe que es e d a id C a d s a c li b ú p s a iminente das firm o d a in t u t a m o ã iç d e a Reversa foi capa d o ã s s u c r e p e r e d n a r g m o Impresso Oculto, c s e r o d a r e p o s o o m s e M nos bairros nobres. e d is ia r o s n e s s o t e b a das máquinas — analf r e d n e e r p m o c a r a p is berço, ingênuos dema m e m a r la a f o ã n   —   o ã ç a u a amplitude da sit , e d r a t À . e t n ie d e p x e o e outra coisa durant a id c e h n o c e r e t n e lm a falência foi oficia e s o ic n â p o e e d a id pela alta cúpula da c

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. e t n e u q o r r jo m u o espalhou pelas ruas com . s e r io r e f in s o r ir a b s o Capotes esquivos n s o c li b ú p s o r r a c s o n o d Metralhadoras atiran s a lh u r t a P l. ia c r e m o c em pleno horário o d n e lh o c e r s a h n a r a o r vespertinas de hid s ia f a r g o t o F . io r o d pedestres na beira e d s o r t e M . s o lt u m u t s o telepáticas d a ir e im r p a n s o d a if r r o b l massa cerebra página. o t u r a h c e d o c o t o a O Capitão joga for e d a g e r r a c n e e m , o e, falando em códig s o d o t s e r o a a id t r a p e transmitir a ordem d funcionários. e u q a m ir f a a d o t m e ó s - Não há um o iz d   —   e d a id c a r a não sonhe em deix a ir r e u q m é u g in n e Capitão. — Claro qu . ” r io a m a ç r o f e d o iv t parte alguma por “mo o it u m e b a s , s le e d Você os conhece, é um . o d n la a f u o t s e e u q o d bem e r r o c s e s a id t e r r e d s a O caldo das máquin . s o t a p a s s u e m s o a o ã em direç


e t n a t r o p im a is o c a - Estamos diante de um , ia íc t o n a r a d r o f o d n aqui, entende? Qua o a d n e m o c e r   —   s e lh a t e d não entre em , m e r e b u o s s o n e m o t n Capitão. — Qua e e t n e lm a r u t a n o t n u s s melhor. Puxe o a r a it v e o is c e r p É . m deixe que se acostume . o t s u c o d o t a o ic n â p o a v o r p a o ã it p a C O . Concordo em silêncio , a n r e p a o d n a x u p , a tossindo e sai de cen . o t u r a h c o r t u o o d n e d acen e a h c n la a m u s o m a De madrugada, tom a N l. a in m r e T o a o m partimos pelo rio, ru e d io r á n io c n u f o , e u plataforma de embarq e s ia z a v s a p u o r e d o it plantão é um suje m u é o ig m a r o lh e m jo u c olhos de tesoura, m a m r o f s n e m o h s O . cassetete elétrico i a c a v u h c A . o b u t o d a fila diante da entrad o m o c a s jo a g e p e la sobre os casacos, ra o c r o p , s a ç n a in f e d io r cuspe. Nosso secretá s a m , a il f a r a r u f a t n e t , gordo e suarento o ic r t lé e o ã t s a b o o d n muda de ideia qua iz d e lh a m r o f a t la p a d do funcionário s o n e u q is o p e d s o im umas verdades. Part livramos do corpo. . o lt a e u g e s l a r o m o , o b Dentro do tu s A . a id t r a p la e p e t is r t Ninguém está s a d o r id v o n iz r a n o crianças colam

o ã g a v o e u q s io d é r p s o janelas, contando m la u c ir c s a t a r a B . s á r vai deixando para t s a t a p s a o d n a z u r c , o silenciosas pelo tet e c e n a m r e p o ã it p a C no ritmo da chuva. O o d in v u o , o d n a m u f , o ã g a nos fundos do v m e u ib r t is d s o lh e v is a m s sem comentar. O a d s a ç n a r b m le m a c o r t tabletes de doce e . e t n e m a ig t n a e d e d a id c m u z a f a s e r p m e a d a O contorcionist is o d e r b o s é p m e a ic número no qual f e s a n r e p s a e r t n e a ç e b bancos, enfia a ca io r á s r e iv n a u e s e d o ic t á faz um relato dram ia e t la p a m u e d e it le e d de cinco anos, para s a t is m r e id x a t s O . s de estagiários surdo a m u m e o r t s n o c a d n a g do birô de propa s o it u q s o m s o d s a s estátua com as a e s o lg A . o ã g a v o d s queimados nas lâmpada . o g a m ô t s e u e m m e e v o m s n u lg a r o p io c n ê il s O vagão fica em . a ir e t n o r f a a z u r c o b minutos enquanto o tu a id d r e p , a f a r r a g a m Alguém encontra u e d é t a s o m e b e B . m no meio da bagage z lu e d a it f a m u a r t n e manhã. Pela janela, o o d n a r a c n E . s e t n e iv v e r e acorda os sob s a h in m o d in t n e s , o ã h c o teto, me deito n s A . m e r ja e t la s a d a t u p extremidades am e c e r a p s a m , a r o g a s a t baratas estão quie . a t r o p im e s m é u g in n e qu

o t o x i e P s i x Por Ale Saiba mais sobre o autor DASCENA | 14


“Casamata”, de Waldemar Ramos. Colagem para o conto “Cidade Reversa” de Alexis Peixoto. DASCENA | 15


Conversamos com o artista que contou um pouco de sua trajetOria e processos criativos que envolvem seus trabalhos de colagem.

Waldemar Ramos

dascena: Como e quando começou a explorar a colagem? De onde surgiu esse interesse? Comecei a fazer colagem de modo despretensioso em 2014 quando morava em São Paulo. Nessa época dividia apartamento com minha irmã, que um dia apareceu com um monte de National Geographic antigas, revistas de fotografia e outras doideiras que tinha comprado num sebo. Ela me disse que ia começar a fazer colagem e eu achei massa a ideia de sentar, relaxar um pouco, escutar um som e viajar nos recortes e possibilidades de combinações. O interesse de fato já vinha de antes, da admiração das capas de disco, que usavam esse ‘photoshop analógico’ para criar pérolas como as capas do Revolver/Stg Peppers, ou algo mais tosco, mas igualmente genial, como na capa do Sabotage do Black Sabbath. dascena: Quais temas e elementos mais te estimulam quando está criando trabalhos pessoais? Isso é realmente pensado ou sua criação é mais dirigida pela aleatoriedade do subconsciente? Ficção, política, religião, sociedade, artes, tudo isso influi no que faço, mas nem sempre quero expressar algo concreto, as vezes a colagem é só uma piada, um jogo de imagens, uma combinação de cores, ações e formas.

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dascena: Tecnicamente, você faz colagens digitais, analógicas ou ambas? Uso as duas técnicas, mas quase todas as colagens começam analógicas. O digital entra mais na hora de fazer uma animação ou trabalhar com as cores, como nas releituras neons que fiz de algumas. dascena: Em sua opinião, em quais aspectos o cenário artístico contemporâneo de Barcelona se diferencia do de Natal? O que mais diferencia os dois cenários diria que é a internacionalidade de Barcelona, isso e todas as facilidades que se pode esperar em um país sem uma enorme lacuna social entre as classes.

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dascena: Quando inicia um trabalho, você já tem em mente como ele vai terminar ou é algo construído ao longo de experimentação? Conte-nos um pouco sobre seu processo de criação. As vezes tenho uma ideia e consigo imaginar qual vai ser o resultado, mas em geral a colagem sai de um processo de experimentação e feeling. Transmito muito meus próprios gostos e inspirações nas colagens, por isso gosto de produzir durante e depois de ver um filme massa, ler um conto ou escutar um som, de preferência algo bem louco. É sempre bom também estar acompanhado de um estupefaciante pra ajudar a fluir as ideias.

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dascena: Como foi sua trajetória até chegar a Barcelona? Enquanto morou em Natal, você possuía contato com artes visuais? Em Natal fiz minha formação audiovisual e também tive algumas bandas. Sempre unia o útil à necessidade e a falta de recursos para produzir algumas capas de demos, produzir clipes ou criar estampas de camisas. Depois de 11 anos vivendo lá, me mudei para São Paulo, dois anos e meio mais tarde minha esposa conseguiria uma bolsa de estudos para fazer seu doutorado em Barcelona, onde estamos a dois anos. Um dia fui a uma feira de segunda mão perto de onde morava, movido tanto pela necessidade de produzir algo que fosse economicamente viável quanto pela vontade de expressar minhas ideias. Com 5 euros comprei 7 livros, entre enciclopédias, livro de acervo de museus, fotos de paisagens e revistas. Numa sentada produzi 10 colagens, em uma semana já tinha cerca de 30, o que seria minha primeira exposição uns meses depois. Desde então fui adquirindo outros materiais e produzindo sobre outras influências. Nunca mais fiz 10 colagens em uma sentada, mas acredito que pude desenvolver técnicas e um estilo que estão em constante aperfeiçoamento e metamorfose. dascena: Quais suas expectativas para seus trabalhos futuros? Possui alguma projeção? Continuar produzindo, colaborando e viajando. Sem pressão, com verdade e curtindo o processo. Não vamos colocar projeção. Vamos deixar a projeção aberta, mas quando atingimos a projeção, vamos dobrar a projeção. rs

Saiba mais sobre o artista DASCENA | 20


edital Câmara Centro Cultural Câmara dos Deputados

VEM EXPOR COM A GENTE. Está aberto o processo para selecionar projetos de exposições temporárias artísticas e históricas para a Agenda Cultural da Câmara dos Deputados de 2018. Oferecemos amplos espaços, divulgação e visibilidade aos artistas e às suas obras. As inscrições vão até 30 de novembro de 2017. Con ra o edital e participe. www.camara.leg.br/centrocultural

Centro Cultural

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Secretaria de Comunicação Social


texto de

A Mulher e o Fim do Mundo [AMFM] é um projeto colaborativo de mulheres artistas. A partir de uma convocatória, uma equipe formada por 11 mulheres participou de uma imersão artística de três dias na Lagoa do Bonfim realizando proposições que refletiam sobre o que é ser mulher na sociedade contemporânea. As imagens capturadas durante a imersão foram editadas e viraram uma videoarte. O tema da AMFM surgiu a partir do cenário caótico em que vivemos atualmente. Seja na violência, na política, na economia, na arte, no convívio social. Reunimos mulheres para pensar juntas como poderíamos responder às inquietações do Fim de Mundo em que estamos inseridas desde uma ótica feminina. Esse foi nosso ponto de partida. Abordamos questões como violência, maternidade, submissão e empoderamento. A ideia de pensar a construção de uma videoarte a partir de uma imersão artística nos ocorreu por acreditarmos que esse formato nos possibilitava explorar uma

Mariana do Vale

maior intensidade e liberdade criativa. Além disso, o projeto foi pensado, desde sua concepção, como obra colaborativa. Isto é, toda a equipe assina a obra. Para nós, era imprescindível que o envolvimento de todas se desse durante todo o processo, para já desde aí pensarmos a sororidade como um dos caminhos possíveis. A videoarte AMFM será exibida pela primeira vez no dia 11.11.2017 no Cinépolis – Natal Shopping às 10h. Após a exibição teremos um bate-papo com todas as artistas. A arte contemporânea abre espaço para vários novos formatos antes não explorados. A videoarte é um deles. Natal tem apresentado um aumento nas produções audiovisuais nos últimos anos. Tem muita coisa boa sendo produzida. Ainda que o apoio financeiro para essas produções seja tímido, aos poucos vem acontecendo, como é o caso da AMFM que teve o patrocínio do Sebrae/RN através do Edital de Economia Criativa.

“As videoartes não são narrativas audiovisuais necessariamente lineares, muitas vezes não apresentam nem roteiro, nem enredo como estamos acostumadas a ver no cinema, por exemplo. A ideia é apresentar ao espectador inquietações em torno de um tema, para que ele mesmo trace os caminhos possíveis a partir de seu próprio repertório cultural. O potencial da videoarte está aí: nesse emaranhado de ideias que invade o imaginário do espectador e permite que ele também seja criador. Para a arte, a videoarte é um terreno muito fértil que acompanha o avanço das tecnologias ao mesmo tempo em que não perde o desejo de criar um discurso e inquietar”.

Saiba mais sobre o projeto

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dascena: Como começou o seu envolvimento com a arte? A paixão pela arte vem desde os tempos de estudante, o trabalho profissional com decoração e o curso de arquitetura ampliaram ainda mais o meu olhar e admiração pelas artes plásticas. Nesse cenário, fui conhecendo os nossos artistas e suas obras maravilhosas, seus vários estilos e tendências e o envolvimento foi natural. dascena: No início, a Arte Iquebana era uma loja de decoração. Em que momento foi concebida a ideia desse espaço voltado exclusivamente à exposição de artes?

Arte Iquebana

Galeria

Conversamos com a galerista e curadora, Eliene Linhares, sobre o mercado de artes em Natal e no Estado. DASCENA | 24

A Arte Iquebana surgiu há vinte anos e tinha como produto principal os arranjos florais permanentes que juntamente com outros artigos de decoração formavam o nosso portfólio de produtos. Com o tempo a empresa ampliou a sua área de atuação com assessoria e projetos de decoração em residência e empresas e a entrada no seguimento de móveis. Com esse novo conceito veio a necessidade de buscar um espaço físico mais amplo, considerando que as lojas em Shopping Centers da cidade não atendiam a esse propósito. No início de 2016, buscávamos novas ideias para a empresa e fomos encontrar inspiração nos artistas de nosso estado e suas obras maravilhosas, desse momento em diante foram várias reuniões e planejamentos para que o sonho se tornasse real. O projeto tinha tudo para dar certo, pois tínhamos a disponibilidade de um ambiente no piso superior da loja em nosso endereço atual na Av. Prudente de Morais, 4588, no bairro de Lagoa Nova para a instalação da Galeria de Artes, um espaço exclusivo exposições e para quem deseja contemplar e adquirir obras em vários estilos e tendências de mais de 30 artistas.


dascena: Quais os fatores que levaram a essa mudança?

dascena: Existem propostas de eventos para expandir e promover o espaço da galeria de artes?

Um dos principais motivos que nos levaram a dedicar um pavimento inteiro da loja para a Galeria de Artes foi a ausência ou carência de espaços dedicados a arte em Natal. Consideramos também a riqueza cultural de nosso estado que carece de incentivo governamental e apoio de outros setores da sociedade, não só nas artes plásticas, mas também na música, teatro, etc.

Sim, estamos elaborando uma agenda anual onde pretendemos promover exposições de artistas com temas específicos ou associados a outros eventos, como: lançamento de livros, saraus, palestras, workshop, de forma a inspirar e trazer as pessoas para conhecer nossos artistas e suas obras.

dascena: Como você descreve o mercado de artes atualmente em Natal? Como disse antes, existe uma grande carência e falta de incentivo governamental, como também do setor privado e alguns dos nossos artistas não conseguem sobreviver exclusivamente de sua arte, embora seja um de todos. Outros, no entanto, migram para outros estados ou até para outros países onde são reconhecidos, valorizados e premiados. É uma triste realidade, mas a riqueza de seus trabalhos é o que nos move e incentiva a seguir adiante com a Galeria de Artes.

dascena: Qual o papel da galeria Arte Iquebana no contexto da cena atual das artes visuais em Natal? O nosso objetivo é poder contribuir com a valorização e divulgação da nossa cultura, através de nossos artistas e suas obras, podendo oferecer ao público do RN e a nossos visitantes um espaço para apreciar e adquirir obras belíssimas para decorar e dar vida a seus ambientes comerciais ou residenciais, sendo um atrativo a mais para a cidade além das nossas lindas praias e nossa excelente gastronomia.

A Galeria Arte Iquebana fica localizada na avenida Prudente de Morais, 4588. Natal - RN. Visitação de segunda a sexta feira, das 9h às 19h; sábados, das 9h às 13h. Saiba mais sobre a galeria

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dascena: Quem é Daniel Nec? Pai ausente, mãe onisciente, padrasto violento, criado na 2 de novembro, ruas vazias, mar e madrugada. Fascinado por morcegos e pelo processo e de decomposição das formas vivas. dascena: Conte sobre sua trajetória. Além de artes visuais, com quais outras esferas da criação você se envolve? Arte – poesia – histórias – ideias - atividades físicas. dascena: Fale um pouco sobre as técnicas que você utiliza em seus trabalhos. Como funciona a escolha dos materiais em suas produções? Eu utilizo o que tem, mas gosto de tinta preta no branco e vice-versa. Se tenho cores, também uso. Aí varia, depende do momento e de onde vem a ideia e para onde vai, mixed media. dascena: O processo de criação de suas obras envolve algum planejamento prévio ou o resultado é garantido por meio de experimentações? Conte-nos um pouco desse processo criativo. Depende. Tem para os dois casos, as vezes uma ideia faz com que eu me mova, as vezes me movo para que surja uma ideia. E aí as vezes o traço que vai dizer o que vai surgir, as vezes o desenho já está pronto na cabeça.

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Daniel Nec / Raom Hai / Gustavo Rocha. Natal/RN.


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dascena: Quais as diferenças no processo de criação de trabalhos comerciais (como pôster de evento) e de obras pessoais? Para você, os trabalhos comerciais criam algum tipo de limite à imersão criativa? Posters e determinados produtos gráficos precisam de briefing para ser trabalhado, e também correspondem a normas de entendimento. Obras pessoais não seguem linhas para fácil decodificação. Mas não necessariamente trabalhos comerciais criam limites, a maioria das vezes é o cliente que determina esse limite. dascena: É notório o caráter surrealista em seu trabalho. Como você vê o potencial criativo do subconsciente? Ele carrega um significado profundo?

dascena: Qual seria o limiar do real e do irreal? Meio dia/meia noite. dascena: A expo “Dezconstroem” carrega uma bagagem multiconceitual? Como você descreveria sua exibição e o porquê desse título? Foi uma exposição coletiva e conjunta que era aberta a intervenção dos artistas. Foi muito bom, porque foi a abertura de ideias de zona temporária autônoma e relações horizontais, e primeira exposição de uma pá de gente. Dez (10 pessoas) constroem em 30 dias: e desconstroem também. dascena: Descreva arte. Fazer/criar/emancipar ideias.

Divinatório para ser mais exato. Saiba mais sobre o artista DASCENA | 31


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“A ideia do projeto surgiu a partir do início do meu trabalho na galeria do Sesc Cidade Alta. A Dora Bielschowsky que está comigo na coordenação do Circuito surgiu com uma premissa informal de criar uma rede social só para compartilhar exposições de arte e eventos culturais em Natal. A partir disso, iniciei uma pesquisa pessoal sobre os principais pontos de cultura que existiam na cidade, começando pela Cidade Alta, perto do Sesc, onde trabalho atualmente. Minha surpresa foi enorme ao descobrir que existem tantos equipamentos culturais em um trajeto tão curto. Rapidamente fiz a associação com o Circuito Liberdade, um projeto de corredor cultural que existe há alguns anos em Belo Horizonte (onde morei em meados do ano passado) e que funciona muito bem por lá. Me apropriei da mesma premissa do Circuito Liberdade e rapidamente surgiu a base para a ideia do Circuito Cultural Cidade Alta”.

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dascena: Pode nos explicar o processo de síntese e criação DESSE PROJETO? O Circuito Cultural Cidade Alta é um projeto criado com intuito de fomentar o consumo das principais instituições de arte e cultura do bairro Cidade Alta/ Centro de Natal/RN. O plano envolve divulgar a ideia de que não temos um, dois ou três prédios históricos que funcionam como equipamento cultural por aquelas bandas, mas, até onde avaliamos, são mais de quinze instituições de arte e cultura, em um trajeto de pouco mais de um quilômetro. São todas vizinhas e podem ser todas consumidas numa rápida caminhada de meia hora. Muito pouca gente na cidade tem conhecimento de que existe tanta cultura acessível e é propagada a ideia de que Natal é pobre neste sentido. Quando o que percebemos é que a pobreza se concentra na articulação e administração destas instituições muito mais do que na oferta e programação. O Circuito se propõe enquanto iniciativa privada a contribuir com esta articulação entre as instituições através de ações educativas e de divulgação, pautadas em técnicas de turismo, museologia e pesquisa.


dascena: Quais as atrações que o público deve esperar do Circuito? Além de artes visuais, quais outras extensões esse projeto oferta? Inicialmente, o circuito se propõe a articular quinze instituições de arte e cultura no bairro Cidade Alta/ Centro de Natal/RN. A ideia é que se promova, através de educação e divulgação, maior conhecimento para população acerca do patrimônio histórico e artístico disponível ao seu alcance. Sendo assim, as atrações do Circuito são exatamente as mesmas que constam na programação de cada uma das instituições. Nosso trabalho é divulgar todas de uma vez e ampliar as visitações dos espaços, quantitativamente e qualitativamente. Assim, trabalharemos com uma programação de imensa riqueza, abarcando atividades de várias instituições. O Sesc Cidade Alta, por exemplo, recebe exposições de artes visuais na Galeria do Sesc mas também tem projetos como o Cine Sesc e a Biblioteca Sesc. A Pinacoteca do Estado/Palácio da Cultura já abrigou o Festival Goiamum, maior festival de cinema do estado. O Memorial Câmara Cascudo e o Museu da Imprensa, por exemplo, possuem exposição de objetos históricos como livros, documentos e máquinas antigas, além de abrigarem programação itinerante, esporadicamente. A Casa do Cordel realiza saraus entre outros eventos voltados para cultura popular. Estes são apenas alguns exemplos das programações disponíveis e que o Circuito planeja ajudar a articular e organizar. dascena: Quais espaços culturais da cidade farão parte das atividades do projeto? Estamos em fase de pesquisa e articulação com a administração dos espaços e, inicialmente, estamos focando em quinze principais instituições, que podem, dependendo do resultado destas negociações, ampliar em quantidade. São elas: o IFRN Cidade Alta (que conta com um museu histórico, o Museu do Brinquedo do RN e a Galeria de Arte do IFRN, além de diversa programação cultural), o Museu de Arte Sacra, a Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, o Memorial Câmara Cascudo, o Museu Café Filho (que agora, além da exposição permanente, recebe DASCENA | 34

programação de exposições itinerantes), a Pinacoteca do Estado/Palácio da Cultura, o Memorial da Justiça Vicente de Lemos, a Casa do Cordel, o Sesc Cidade Alta (que possui a Galeria do Sesc e extensa programação cultural), o Solar João Galvão de Medeiros, o Solar Bela Vista, a Capitania das Artes, o Ludovicus Instituto Câmara Cascudo, o Departamento Estadual da Imprensa (que abriga o Museu da Imprensa) e o Museu de Arte Popular Djalma Maranhão. Sem contar diversos outros pontos históricos presentes no trajeto entre cada um desses prédios, como a Travessa Pax (a única rua da cidade preservada desde sua fundação, 400 anos atrás), e as praças Sete de Setembro e André de Albuquerque. dascena: Há o interesse de incluir artistas de outras localidades que não de Natal? Por enquanto e inicialmente, o trabalho do Circuito Cidade Alta se concentrará em fazer divulgação e articulação dos espaços e conscientização da população para a utilização destes equipamentos, sendo a programação do Circuito a mesma programação das instituições de cultura participantes como pontos oficiais. Estamos avaliando a médio prazo, a possibilidade de o próprio Circuito oferecer propostas para a programação das instituições, sempre com o objetivo de promover a circulação e ocupação destes espaços. Eventos que comecem no IFRN Cidade Alta, continuem na Pinacoteca e concluam no largo do Museu Djalma Maranhão, reforçando a


proposta de se percorrer o corredor cultural proposto pelo circuito. A partir do momento em que o Circuito começar a ofertar programação própria, sim, não há por que não incluir artistas de todas as localidades e diversificar bastante a programação. dascena: O circuito possui relativamente grande porte para a cidade de Natal, sendo um dos maiores movimentos na área de produção cultural local nos últimos tempos. O objetivo é manter esse ritmo em futuras edições? Já há uma periodicidade prevista para o evento? O objetivo é que o projeto se inicie lentamente através das ações sócio-educativas e de divulgação e que ganhe força progressivamente e se instale como uma das principais iniciativas de promoção do patrimônio histórico e artístico da cidade, algo que se torne reconhecível à população local e turística da cidade como um programa ou atração turística permanente e de bastante importância. Ou seja, o funcionamento será de projeto permanente, não de evento. Os eventos, que fazem parte da programação serão parte do projeto, constando na programação das instituições participantes com periodicidade mensal, na maioria dos casos. O importante é perceber que ao articular uma ou duas atividades mensais de cada um dos pontos oficiais do Circuito o projeto passa a abarcar uma programação rica e latente. Sempre está acontecendo alguma coisa. dacena: Qual a importância de um movimento como esse para a cena artística contemporânea da cidade de Natal? A principal força motora do Circuito Cultural Cidade Alta é a consciência de que Natal é uma cidade muito rica em programação cultural e artística e que existe uma cultura de pouca valorização disso, favorecida principalmente pela falta de divulgação das atividades que estão sempre acontecendo. A importância do projeto se faz através da articulação e atividades educativas e de divulgação de importantes equipamentos culturais de apenas um bairro da cidade. Ou seja, nosso trabalho envolve o saneamento DASCENA | 35

desta carência na cena cultural da cidade, focando onde acreditamos que está o problema mais sério: a falta de articulação e conscientização. É a partir de ações como esta que podem surgir outros corredores culturais em outros bairros da cidade e até uma maior articulação entre instituições de cultura locais, e isso é já é uma grande coisa. ascena: Como você situaria a cidade de Natal no cenário de artes visuais? Natal possui uma programação rica em quantidade (apesar da carência de divulgação e articulação entre os equipamentos de cultura) e, muitas vezes, programação pobre em qualidade. Há a necessidade de melhorar a qualidade do que a cidade oferece assim como há a necessidade de ações que se proponham a educar um público mais preparado para coisas melhores e que realmente saiba o que a cidade oferece e qual seu verdadeiro potencial. Atualmente, a classe artística é muito presa ao que acontece aqui e o que funciona por aqui e o público também, o que não é grande coisa. Nos últimos anos podemos ver alguns pontuais avanços de coletivos artísticos admiravelmente persistentes que conseguiram melhorar algumas cenas no teatro e no cinema (o Grupo Carmin e o Caboré Audiovisual, por exemplo). Mesmo assim, num cenário global ou até nacional de artes visuais, Natal se esforça pra ser um aquário numa petshop, principalmente nas artes plásticas.


A galeria é um espaço disponibilizado pela Dascena para exibir trabalhos de criação artística em diversas formas de expressão. Este espaço representa uma geração de artistas e ilustradores numa perspectiva de ângulo aberto e de diversidade - de estilo, técnica e conceito da criação - numa amostra ampla e eclética do panorama atual. Cada um dos artistas aqui expostos tem experimentado seu sucesso em termos de criação. Eles representam o movimento de arte e ilustração contemporânea da cena Natalense.

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É ilustradora, designer gráfico e publicitária. Trabalha profissionalmente com ilustração há quase dois anos. Seu estilo é inspirado em grande parte pelas técnicas de gravura que ilustram literatura de cordel, com muito uso de preto. Trabalha principalmente digitalmente, mas também com nanquim em papel e em momentos, acrílico em tela. Já ilustrou zines: “Malevolente” (Editora Tribo, 2015) de Ciro Guilherme e “Pequeno Livro da Musa Invisível” (2016, Editora Miopia) de Pedro Lucas; livros: “No caminho das palavras” (Editora da UFRN, 2016) e “Aqui, desde sempre” (Editora da UFRN, 2016); discos: “Encharcado” (2017) de Ciro e a Cidade e “A Última Palavra Feche a Porta” (Slap, 2017) de Plutão Já Foi Planeta.

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Andressa Dantas


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Andressa Dantas


Ilustrador, tatuador e professor de artes, ex professor das cadeiras de pintura da UFRN. Sempre embalado pelo universo da música e das tatuagens, e atualmente explorando corpos femininos com diversos materiais, observando a particularidade de cada corpo. Trabalha com estamparia e tem bastante influência musical. Trabalhou para os integrantes do Blink182, Cypress Hill, Tossi Sassi e Yelawolf. É artista da empresa do Travis Barker e New Era, sendo essas mais uma de suas colaborações nos designs de estampa. Atualmente está em parceria com um designer de joias na Itália e um dos artistas que compõem a Sullen Art Collective, coletivo de arte mais renomado no que se refere a tatuagem ao o lado de outros artistas ao redor do mundo (Nikko Hurtado, Steve Butcher, Dmitry Samohin, Katy Von D.).

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Fernando Travis


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Fernando Travis


Formado em design gráfico e grafiteiro, pinta na rua há 7 anos, exibindo trabalhos em vários estados brasileiros e exposições na França. Faz seus trabalhos voltados para a parte do olhar das pessoas para a rua, observando as coisas. “Acredito que devemos impor as nossas idéias e expressões para as pessoas, não podemos ficar mudos com o que vivemos na sociedade, e a arte de rua fala um pouco dessas coisas: trazer a realidade para a população, e colorir um pouco do espaço em branco ou mesmo um espaço que é abandonado, transformando a estética da cidade”.

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Kefren Pok


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Kefren Pok


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Kefren Pok


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Kefren Pok


Designer gráfico e de moda, ilustrador autoral nas horas vagas e aspirante a empresário, com uma loja virtual. Tem inspirações nas experiências adquiridas ao decorrer da vida para seus trabalhos autorais. Ao fazer projetos para clientes com demandas solicitadas, o designer busca desenvolver os projetos de acordo com a necessidade e requisitos do sistema. Na coleção “Boys Want Fun”, inspirouse no corpo erótico do homossexual e seus relacionamentos, assim como estudo de cores, de maneira a ter resgates do “pop art” misturando-se com o movimento artístico “fauvista”, através de ferramenta vetorial.

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André Soares


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André Soares


É um artista formado em design gráfico. Seu trabalho, sempre com foco em ilustração, já estampou materiais de bandas como Plutão Já Foi Planeta, Far From Alaska, Hateen, Figueroas e eventos como a Virada Cultural de Natal, Arraiá do outro Par, Braga Music Week (POR) e Soundville (POR). Além da ilustração, ele libera o que vem a sua cabeça em pinturas, pequenas exposições ou compondo pra sua banda Joseph Little Drop, onde também ilustra o material gráfico. Desde criança sempre desenhou e começou a ilustrar assim que entrou no curso de Design Gráfico. Trabalhou como diretor de arte e ilustrador em agências potiguares, sempre dividindo o tempo com freelas. Começou em 2013 a pintar e fazer algumas exposições em Natal. Uma sobre o universo rockabilly e rock’nroll, filmes exploitation, no Experiência Grindhouse (ao lado dos irmãos Casquín), outras duas sobre dois filmes do John Carpenter (They Live e Big Troubles In Little China), David Bowie e uma em homenagem aos 80 anos do mestre do terror brasileiro José Mojica Marins, sobre o seu personagem Zé do Caixão.

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Filipe Anjo


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Filipe Anjo


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Filipe Anjo


É formado em Design Gráfico, atua no mercado publicitário em SP e desenvolve trabalhos como ilustrador. Ministrou workshops de Sombreamento em Nankim pela Zupi Academy e também já teve também suas ilustrações publicadas em algumas revistas, zines e livros como Zupi, Revista Rosa, Computer Arts e J’adore. Recentemente participou da exposição Alfabeto do Samba, na Casa da Luz em São Paulo, onde artistas foram convidados para ilustrar sambistas em homenagem ao centenário do samba.

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Caetano Fontes


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Caetano Fontes


É um artista com campo de atuação que envolve música, ilustração, design, captação e edição de vídeo. Como designer, possui experiência no desenvolvimento de peças publicitárias e logomarcas. Seus trabalhos artísticos são comissionados de forma independente e geralmente estão ligados ao campo da música, como a criação de cartazes para festivais e todo o trabalho gráfico envolvendo a criação de albuns para artistas. No campo de video making, trabalha na concepção de vídeos para exposições de artistas plásticos e em cobertura de shows, possuindo, também, passagem na assistência de edição em um canal de TV.

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Luan Rodrigues


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Luan Rodrigues


Há 8 anos, como designer e diretor de arte. Já trabalhou em 7 das principais agências de Natal. Ao longo da carreira conceituou e fez direção de arte para clientes como: Governo do RN, Prefeitura de Natal, Assembléia Legislativa do RN, Sebrae-RN, Cosern, entre diversas outras. Foi finalista regional do ANJ, a maior premiação publicitária do meio jornal. Trabalha como designer para diversos sites e bandas de música independente nacionais e internacionais. Tem experiência em design de moda, artes plásticas, experimentalismo, animação e edição de vídeo e, há 8 anos, é musicista. Atualmente é tatuador autoral profissional no estúdio Seppuku TTT, em Natal.

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Gustavo Rocha


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Gustavo Rocha


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Gustavo Rocha


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Arte: Luan Rodrigues


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