A Minha Autobiografia

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Paulo José Antunes Ascensão 2010

A minha Autobiografia O meu nome é Paulo José Antunes Ascensão, nasci a vinte e seis de Abril de mil novecentos e sessenta e nove, tenho quarenta anos de idade, moro na Rua da Igreja, Nº 28 - 3 Dtº, 6215-405 Paul, no Concelho da Covilhã, Distrito de Castelo Branco. O Meu numero de bilhete de identidade é o 10698788, (Arquivo de identificação de Castelo Branco), e Número de identificação fiscal 194239080. O meu Nº de telefone e fax é 275 962 209 e telemóvel 967 375 852. Tenho a carta de condução nº GD-6374 7. Tenho dois e-mails que são paulo.ascensao@sapo.pt e paulo.ascensao@licores-serrano.pt. Sou filho de José Custódio Ascensão e Maria de Jesus Custódio Antunes. Sou casado com Maria Fernanda Costa Carvalho, temos uma filha com 13 anos de idade, ela chama-se Cintia Andreia Carvalho Ascensão. O meu pai nasceu em sete de Setembro de mil novecentos e quarenta e um, na anexa de Descoberto, sede de Freguesia Bogas de Cima e que também inclui as anexas de Boxinos, Malhada Velha, Bogas do Meio. O Descoberto fica a 32km do Fundão, 43km da Covilhã e 81km de Castelo Branco. Actualmente integra a rota turística das Terras de Xisto. Mais tarde, quando o meu pai tinha quinze anos, os meus avós paternos, não havendo perspectivas de futuro, decidiram alugar uma quinta no Fundão, e trabalhar no meio rural, na criação de gado, cuidando dos pomares, e criar hortas com vários tipos de legumes, e comercializavam tudo o que colhiam, na praça a particulares e também a outros comerciantes. O meu pai trabalhava para o Sr. Paiva um homem muito respeitado no Fundão e que era um dos maiores proprietários da região, tinha viveiros, com toda a qualidade árvores de fruto. Plantavam, faziam enxertos, e tratavam os pomares de outros proprietários da região. Mais tarde o meu pai ainda solteiro decidiu emigrar para a França para procurar uma vida mais estável. Nessa altura a passagem para a França efectuava-se por assalto, ou seja passavam a fronteira clandestinamente com a ajuda dos chamados passadores. Ao fim de alguns anos casou com a minha mãe. Mais tarde decidiram emigrar para o Canadá.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Na minha opinião o conceito de emigração refere-se às pessoas que se mudam de um país para outro. É o acto de entrada de um país para outro, de pessoas com visto permanente ou temporário e com a intenção de trabalhar ou de residir. A emigração em geral dá-se por iniciativa pessoal, ao encontro de melhores condições sociais e financeiros. Também são motivadas por difíceis condições socioculturais a que foram sujeitas nos seus países de origem, como sendo; de subsistência e de pobreza, económicas; inexistência ou esgotamento de recursos naturais; perseguições políticas ou religiosas, étnicas ou raciais bem como fenómenos naturais desfavoráveis; terramotos, secas prolongadas ou erupções vulcânicas, mas também por razões de ordem da educação, da cultura, da investigação científica ou turística. Mesmo que uma boa parte possua elevadas qualificações profissionais e académicas, em países

tais

como

recém

convertidos

ao

capitalismo.

Estimulam

esporadicamente a movimentação de pessoas para áreas ou países que não as de origem, na esperança de encontrarem melhores condições de vida. As razões económicas, provavelmente deverão ser a causa principal que leva as pessoas

a

emigrarem,

quase

sempre

resultante

da

diferença

de

desenvolvimento socioeconómico entre países ou entre regiões. Quase sempre, nestes casos, as pessoas porque querem assegurar noutros locais um melhor nível de vida, onde os salários são mais elevados, as condições de trabalho menos pesadas, onde a assistência social é mais eficaz, enfim, vão para onde pensam ir encontrar uma vida mais agradável. Por exemplo, o meu pai que foi para a França e depois para o Canadá, pois dum modo geral, os salários lá, são mais elevados. As diferenças culturais mais evidentes existentes entre os povos são a língua, a roupa ou as tradições. Existem também diferenças significativas na forma como as sociedades se organizam na sua concepção partilhada da moral e dos bons costumes e na maneira como interagem no seu ambiente. Por analogia com a biodiversidade, que é considerada essencial para a sobrevivência da vida na Terra. É possível argumentar que a diversidade cultural pode ser vital para a sobrevivência da humanidade e que a preservação das culturas indígenas por exemplo pode ser tão importante para a humanidade como a conservação das espécies e dos ecossistemas para a

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 vida em geral. Cada pessoa que emigra do seu local de origem para outro, quer dentro do seu próprio país, quer para outro, mesmo que seja para o lado do mundo oposto ao local onde nasceu, leva sempre consigo a sua verdadeira identidade. Seja a nível social, político ou religioso, os seus hábitos, tradições e crenças acompanham-nos. Dificilmente um Católico se converte ao Islamismo, ou ao Judaísmo, ou Hinduísmo, ou ao Budismo. Assim acaba por levar a sua cultura para outros povos e fazem conhecer os seus costumes.

Meios de Transporte Humano Desde os primeiros tempos da sua existência que o homem reconheceu a necessidade de se deslocar entre variados lugares. O uso do próprio corpo limitava a capacidade humana de se deslocar de um local para outro e de transportar os seus bens com facilidade. Com a evolução natural, necessitou de meios que lhe permitissem deslocar-se entre dois lugares cada vez com maior rapidez. É por volta de 3000 anos antes de Cristo que temos os primeiros registos da invenção da roda. Graças a este invento, o homem foi capaz de criar meios que lhe permitissem o acesso entre pontos muitas vezes distantes com tracção animal. No mar, as primeiras embarcações eram movidas apenas pela força humana (remos), mas por volta do ano 3.000 a.C. embarcações dotadas de mastro com vela quadrada começaram a parecer no Egipto. Ao longo do tempo, a navegação foi evoluindo e para travessias maiores, os remos foram abandonados. Durante muito tempo, a força muscular e o vento constituíram o principal meio de propulsão das embarcações terrestres e marítimas. Mas as distâncias muitas vezes excessivas levaram a que a mente humana não parasse por aqui. Assim, o homem viu-se na necessidade natural de evoluir, e é graças à revolução industrial que surgem os primeiros engenhos com motores a vapor. O aparecimento da máquina a vapor originou uma revolução nos transportes (barcos e locomotivas a vapor e mais tarde os caminhos de ferro). Em 1711 o francês Nicolas-Joseph Cugnot criou um veículo de três rodas movido a vapor, que seria um antecedente rudimentar dos automóveis

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 modernos. Desde a invenção de Cugnot, muitos foram os esforços ao longo do século XIX para melhorar as linhas e o desempenho deste tipo de veículos. Todos esses projectos baseavam-se no uso de caldeiras a vapor como fonte de propulsão. Contudo, a pouca segurança, autonomia e a reduzida potência dos veículos a vapor levou ao desenvolvimento de novos sistemas de propulsão. No final do século XIX uma nova e decisiva descoberta iria acontecer: o motor de combustão interna (motor de explosão). O aparecimento do automóvel coincide, praticamente, com a descoberta do motor de combustão interna Podemos dizer que o motor de explosão interna se desenvolveu a partir da máquina a vapor. O autor deste invento, o belga Etienne Lenoir, conseguia assim um motor que, apesar de consumir grandes quantidades de gás, ser lento e pouco potente, passou a ser produzido em série, tornando-se o primeiro motor de combustão interna a fazer, de facto, concorrência à máquinas a vapor. Só vinte e cinco anos mais tarde (1885) surgia o motor a gasolina. O mérito da criação do automóvel propriamente dito, com motor a gasolina, foi creditado aos engenheiros alemães Carl Benz e Gottlieb Daimler. Ambos construíram, o primeiro em 1885 e o segundo em 1886, veículos que hoje são considerados os primeiros automóveis, mais tarde aperfeiçoados. O motor diesel aparece, pela primeira vez, em 1890, na Grã-Bretanha, cinco anos após a descoberta do motor a gasolina. O seu inventor, Herbert Stuart, viu, dois anos depois, a sua máquina ser aperfeiçoada pelo engenheiro mecânico alemão Rudolf Diesel, passando a ser o motor deste o primeiro a ter ampla utilização. Actualmente, além de transportes terrestres e marítimos cada vez mais rápidos e cómodos, todos os dias milhares de aviões cruzam os céus, permitindo que passageiros e mercadorias percorram enormes distâncias. O desenvolvimento tecnológico permitiu uma melhoria nas acessibilidades, diminuindo a distância tempo e a distância custo. Esta é uma característica fundamental do nosso tempo, contribuindo para mudanças profundas que aumentaram em grande escala as possibilidades de mobilidade e tornaram os meios de transporte acessíveis a um crescente número de pessoas.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010

Migração das Aves Um bom exemplo de migração é as aves. O fenómeno da migração das aves é um dos fenómenos mais fascinantes. Pensa-se que na Europa as migrações surgiram no fim da última época glaciar, quando vastas áreas de gelos se fundiram, pondo a descoberto novos habitats capazes de proporcionar alimento às aves nidificantes. Apesar de serem relativamente frágeis e vulneráveis, numerosas espécies de aves continuam a fazer todos os anos longas viagens, voando horas e mesmo dias consecutivos sem parar. Parece evidente que um dos factores relacionados com a migração das aves é o da abundância ou escassez de alimento. Em muitas regiões do globo, a sua alimentação escasseia durante certas épocas do ano. A maioria das aves morreria se permanecesse nestes locais. É a situação verificada nas regiões com invernos muito rigorosos. Durante esta época, as aves migram para regiões mais amenas com maior abundância alimentar, retornando na Primavera quando, o clima e os recursos alimentares lhes são de novo favoráveis. Por sua vez, as espécies não migradoras são espécies capazes de sobreviver com os recursos alimentares disponíveis nesta época. Com a descida acentuada das temperaturas no Inverno, os insectos escasseiam; é por esta razão que a maioria das aves insectívoras migra. A migração é uma deslocação regular entre habitats, e não deve ser confundida com divagações, deslocações ocasionais e movimentos dispersivos. A migração é um fenómeno intencional e voluntário, uma viagem de certa envergadura e duração. Tem carácter periódico, dado tratar-se de uma viagem de ida e volta que se repete de forma sazonal e implica locais geográficos bem definidos. O movimento migratório envolve toda a população de uma espécie, e não só uns tantos indivíduos. Os lugares de origem e destino são antagónicos do ponto de vista ecológico.

Percurso escolar Eu nasci e fui baptizado numa Vila chamada Albertville, no departamento de Savoie pertencente à cidade de Lyon. Nessa altura os meus pais eram emigrantes em França. Quando tinha treze meses de idade os meus pais

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 decidiram melhorar o nosso modo vida e viaja-mos para a Cidade de Edmonton, Província de Alberta no Canadá a convite do meu tio Armindo, que vivia lá já a alguns anos. Foi então que aos seis anos de idade no ano lectivo de 1975/76 os meus pais matricularam-me na escola da nossa residência chamada

Sacred

Heart School.

Catholic A

Fátima,

filha da minha ama decidiu levar-me no primeiro aulas.

dia Os

primeiros

de meus

minutos

foram terríveis, não queria entrar na sala de aula, mas com aquele falar meigo da Fátima e com o apoio da professora, convenceram-me a entrar, e assim começou o meu percurso escolar. Mantive-me nesta escola até completar o quinto ano. Os meus pais nessa altura decidiram mudar para outra zona da cidade, foi então que comecei a frequentar a escola St. Leo School a partir do ano lectivo de 1980/81 até o ano lectivo de 1981/82 completando assim o sétimo ano nesta escola, este ano que seria o ano mais marcante e mais produtivo em todo meu percurso escolar. O meu professor do sétimo ano chamava-se Mr. M. Engel. Mr. Engel leccionava, Inglês, Matemática, Estudos Sociais, Educação Física, Musica, Art, e Drama. A disciplina de ciências era dada pelo director da escola Mr. JP Thomas. No ano anterior estava-mos habituado a visitas de estudo, e varias actividades digamos normais, mas nesse ano foi tudo diferente. Para além desse tipo de actividades, participamos também com grande sucesso num couro de igreja, onde estávamos sempre presentes todos os domingos, e a nossa noite especial foi a missa do galo, no órgão estava o professor Engel. Participamos também numa peça de teatro dos desenhos animados de Charlie Brown, chamado Peanuts (Amendoins), em que gravamos essa peça para o canal dez de televisão por cabo Luso Americano, e foi apresentado para os Estados Unidos e Canadá. Tivemos que fazer um casting

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 para entrar na peça. Eu participei na peça com a personagem de Pig Pen, era um jovem que andava sempre sujo, e que já não sabia o que fazer com a poeira a seu redor. Era considerado a quinta personagem mais popular da serie. Todo o cenário da peça foi construído pela turma com ajuda do professor Engel. Peanuts foi uma tira diária escrita e banda desenhada pelo cartoonista Charles

Schulz

que

foi

publicada de 2 de Outubro de 1950 a 12 de fevereiro de 2000. A banda desenhada foi uma das mais populares e influentes da história da mídia. Peanuts aparecia em mais de 2600 jornais, com um número de leitores estimado em 355 milhões em 75 países, e foi traduzido para 40 línguas. Peanuts ajudou a tornar as tiras a quatro quadrinhos um padrão nos Estados Unidos. Reproduções das tiras ainda são publicadas em diversos jornais do mundo. Ainda hoje me lembro desse ano como se fosse hoje, e certamente os meus colegas também. Obrigado Mr. Engel. Quando acabamos o sétimo ano no St. Leo School, eu e os meus colegas tivemos de mudar de escola, por não haver seguimento dos estudos nesta escola. Foi então que mudamos para o St. Clare Junior High School. Aqui frequentamos os anos lectivos de 1982/83 (oitavo ano) e também 1983/84 (nono ano). No nono ano foi a tomada de todas as decisões para o futuro. Neste ano, tivemos de escolher a profissão que gostaríamos de exercer no futuro, e escolher a escola secundária que queríamos frequentar, porque o ensino na St. Clare acabava no nono ano. No geral todos os alunos escolhiam o St. Josephs High School por ser uma escola de prestígio. O objectivo de ter que escolher a nossa profissão, foi a preparação da escolha das disciplinas

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 para o décimo ano, orientado pelo nosso conselheiro o professor Huculak. Foinos dado um catálogo, de todas as universidades e institutos tecnológicos existentes da nossa cidade, com as disciplinas para cada curso, e as médias necessárias entre o 10º e 12º ano, para entrar na universidade escolhida. Na minha opinião, esta iniciativa por parte do sistema educativo Canadiano é excelente. Ficamos a saber exactamente o que temos de fazer para alcançar os nossos objectivos, em termos de futuro. No Canadá o ensino secundário é dividido por semestres. Quando nos matriculávamos para o secundário, escolhíamos em primeiro lugar as disciplinas, adequadas a profissão escolhida. Eu decidi seguir duas áreas como opção, arquitectura e medicina, portanto escolhi as seguintes disciplinas; Inglês, Estudos Sociais, Matemática, Biologia, Química, Princípios de arquitectura, Estudos Religiosos, processamento de Informática, e Dactilografia. A seguir tínhamos de elaborar o nosso horário escolar, escolhendo metade das disciplinas para o primeiro semestre, e o resto para o segundo semestre. No meu caso escolhi na altura as disciplinas mais difíceis para o primeiro semestre e resto para o segundo, e a escola tentava manter dentro do possível as nossas escolhas. Os alunos tinham direito a um intervalo dentro de um dos semestres, eu escolhi para o segundo semestre, por uma simples mas importante razão. Se por acaso não consignemos tirar uma boa nota nalguma disciplina ou chumbar, podíamos aproveitar ou aumentar a nota, matriculando no segundo semestre a mesma disciplina, nesse intervalo. Ficamos a saber também, que o diploma de liceu geral era atribuído aos alunos que obtivessem o mínimo de cem créditos, sujeitos aos seguintes requisitos; 1) Inglês - mínimo de quinze créditos, 2) Ciências sociais e estudos sociais - o mínimo de dez créditos, 3) Educação física - o mínimo de dois créditos, 4) Matemática - o mínimo de quinze créditos 5) Ciências - o mínimo de três créditos. O nono ano fica também marcado pelas várias actividades em que participei, tais como futebol, hóquei, atletismo, ganhei um diploma pelos vários serviços prestados há escola, etc. Como era o ultimo ano na escola e ter completado o nono ano, a escola realizava também uma noite especial chamado Prom Night (baile de finalistas), em que os rapazes tinham de escolher uma rapariga para os acompanhar nessa noite especial. Aqui estão algumas fotos recolhidas desse ano.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Foto antes do baile de finalistas do 9º ano

Após ter concluído o 10º ano obtendo no décimo ano trinta e cinco créditos., os meus pais, como a maior parte dos emigrantes, desejavam voltar a Portugal. Perguntaram-me se eu não me importava de vir viver para Portugal. Eu como vinha normalmente de dois em dois anos para passar férias, e gostava de cá estar e como era cidadão Canadiano e podia voltar quando quisesse, disse-lhes que sim, que não me importava de experimentar. Foi então que começaram a tratar do processo para voltar a Portugal. Chegamos a Portugal em Setembro de 1985. Os meus pais já tinham comprado um apartamento no Fundão há dois ou três anos, portanto foi fácil a nossa instalação em Portugal. Como estava interessado em continuar os estudos, decidi matricular-me no 11º ano. A escola era nas antigas instalações da escola Industrial do Fundão, mas fui informado pelo secretariado da escola, de que estava em fase de acabamento as novas instalações escolares para todos os anos escolares, e que já nesse ano as aulas iriam começar nas novas instalações. Ao efectuar a matricula, fui informado de que teria de efectuar uma prova chamada exame Adoc., para ter equivalência ao nono ano. Tinha que

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 fazer uma pequena formação sobre os assuntos a tratar no exame para estudar e estar melhor preparado para o exame, disse-lhe não havia problema. Informei o secretário de que queria matricular-me no 11º ano. Foi então que sugeriu a minha primeira desilusão, disse-me que não poderia matricular-me no 11º ano, porque seria muito difícil para mim, e que teria de primeiro completar o 10º ano cá em Portugal. Para mim foi como o céu me tivesse desabado de cima da minha cabeça. Argumentei que já tinha completado o 10º ano no Canadá, e apresentei toda a documentação necessário devidamente traduzido para Português, por uma identidade certificada para que não houvesse dúvidas, mas mesmo assim não me matriculou no 11º ano. Aceitando a decisão, surgiu a minha segunda desilusão, o sectário perguntou-me em que área que me queria matricular, eu disse-lhe que no Canadá, estava a estudar na área de arquitectura ou medicina. Informou-me que em Portugal, não havia áreas específicas mas sim áreas gerais, como línguas, secretariado, etc., e depois ao chegar à universidade que iríamos escolher uma área específica. Disse-me que na opinião dele como vinha do estrangeiro, que o mais fácil seria matricular-me na área de secretariado. A minha vontade nessa altura era voltar ao Canadá. Foi ai que percebi as enormes diferenças entre o ensino Canadiano e Português. Nesse dia apenas perguntei quais os documentos necessários para me matricular e quando podia fazer o exame adoc., e fui para casa para reflectir sobre o que me estava acontecer. Ao fim de alguns dias de reflexão, decidi continuar e tratei de todos os documentos necessários para me matricular no 10º ano. Fiz o exame Adoc, e consegui adquirir a equivalência do nono ano. O décimo ano não foi nada fácil e acabei por chumbar esse ano, só passando em Inglês, estenografia e dactilografia. Um verdadeiro ano de desastres. Não havia apoio nenhum por parte dos professores. Pensavam que mesmo por vir do estrangeiro que não precisávamos de ajuda, e a única solução que nos davam era estudar. Havia mais três colegas que também vieram do estrangeiro e tiveram a mesma sorte que eu tive. Uma colega que vinha da África do Sul, e os outros dois da França. Enfim um ano para esquecer. O Canadá é construído na base de uma sociedade multicultural. Toda a sociedade Canadiana aprende desde a sua infância a conviver e aceitar várias

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 culturas sem preconceitos ou racismo. Não quer dizer que possa haver, um ou outro caso de racismo e preconceito contra outras culturas, mas na sociedade em geral não existe esse sentimento. Aprendi desde cedo a aceitar a vinda de novos colegas vindos de outros países e ajuda-los na sua integração na nossa sociedade. No meu primeiro ano de escolaridade em Portugal, não senti nenhuma discriminação nem racismo mas sim de algum preconceito por parte de professores e alguns colegas. No caso dos professores porque senti a sua indiferença em relação a estudantes que vinham de outros países. Cheguei a pedir em certos momentos ajuda para poder compreender melhor a matéria dada nas aulas em certas disciplinas, o qual foi negado. Expliquei várias vezes que tinha dificuldade em compreender a linguagem utilizada nas aulas e que precisava que me explicassem com palavras mais simples, para poder compreender melhor porque tinha vindo do Canadá e tinha dificuldades. Respondiam que agora não estava no Canadá e se tinha dificuldades, então tinha que estudar muito, que não estavam ali para dar as aulas duas vezes. Em relação aos colegas também sentia algum preconceito quando falava do Canadá e as minhas vivencias naquele país, não acreditando nalgumas situações em que falava, respondiam-me “Oh não acredito, isso não deve ser bem assim” ou “sonhas com elas de noite para as dizer de dia”, etc. Então passei a não falar sobre o Canadá e a partir desse momento já não me respondiam dessa maneira. Considero que hoje Portugal já é um país multicultural e os Portugueses já começam a conviver melhor com esta realidade. Sinto que hoje já são os Portugueses a querer saber mais sobre a cultura de quem vêm de outros países e começam aceitar as diferenças dessas mesmas culturas e ajuda-los na sua integração. No ano lectivo de 86/87, foram criados os primeiros cursos profissionais com direito a estágio de seis meses numa empresa da nossa escolha, para quem tinha o nono ano e que pretendia o primeiro emprego. Havia duas opções, uma na área de Auxiliar Administrativo de Secretariado e a outra na área de Contabilidade. Após de ter chumbado no ano anterior, eu decidi matricular-me no Curso de Auxiliar Administrativo de Secretariado. Conclui o ano lectivo e escolhi a empresa Sociedade de Fabricantes sediada no Tortosendo para efectuar o estágio profissional de 6 meses. A razão pelo qual

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 escolhi esta empresa foi muito simples. Nesse verão trabalhei no restaurante Hermínia no Fundão, e travei conhecimentos com uns clientes ingleses da fábrica que ficavam hospedados no Hotel Samasa no Fundão e normalmente jantavam neste restaurante. Como sabia falar correctamente o Inglês era o escolhido

para

servir

os

estrangeiros.

Numa

das

muitas

conversas

perguntaram-me se continuava a estudar. Expliquei que andava a frequentar um curso e que tinha de procurar uma empresa para efectuar o estágio de seis meses na área de secretariado e disseram-me que não tinha de procurar mais, que eles tinham a minha solução resolvida. Foi então que combinamos nos encontrar na Sociedade de Fabricantes com hora e dia marcado. Ao chegar há fábrica perguntei por eles e apresentaram-me ao Sr. Sérgio proprietário desta empresa, após uma pequena conversa aceitou que fizesse o estágio na sua empresa. No Ano Lectivo de 1987/88 comecei o estágio profissional. O escritório da empresa tinha dezassete funcionários. O escritório era dividido pelas

seguintes

áreas;

correio,

telex,

estatística,

arquivo,

comercial,

dactilografia, chefias, financeiro, contabilidade. Passei pelas várias secções e foram seis meses muito enriquecedores para a minha vida profissional.

Conclui o curso com o seguinte aproveitamento:  Português

11 Valores

 Inglês

15 Valores

 Relações Públicas

10 Valores

 Dactilografia

12 Valores

 Técnicas Administrativas

12 Valores

 Cálculo Comercial

09 Valores

 Contabilidade Geral

12 Valores

 Técnicas de Secretariado

13 Valores

 Documentação Legislação Comercial

10 Valores

 Aptidão Profissional

12 Valores

A média final foi de doze valores.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Percurso profissional Apesar de ter tido vários parte times alongo da minha vida, durante as férias de verão com a intenção de ganhar algum dinheiro, por exemplo no Canadá na distribuição de jornais, para o Edmonton Jornal, funcionário da Macdonalds, e como empregado de mesa no Beverly Crest, um Motel da cidade de Edmonton. Em Portugal como empregado de mesa, no restaurante Hermínia e servindo casamentos na Estalagem da Neve no Fundão do conhecido empresário Carlos Couto, após o estágio profissional do Curso de Auxiliar Administrativo de Secretariado, veio a altura de procurar o meu primeiro emprego. Após um mês de procura, sobe por pessoas amigas, de que tinha recentemente iniciado há um mês uma Fábrica de Confecções no Tortosendo. Descolei-me então ao Tortosendo para procurar a fábrica. Durante a minha procura, encontrei a D. Albertina, uma senhora que era dactilógrafa na fábrica onde fiz o estágio profissional, e considerava minha amiga por me ter apoiado bastante nessa altura. Perguntou-me o que andava a fazer, e eu contei-lhe do sucedido, e disse-me, “olha que coincidência a fábrica que procuras é esta, é do meu marido”, e perguntou-me se eu queria falar com ele, e eu disse-lhe “claro que sim”. Foi então que me apresentou ao Sr. João Vaz, e o sócio o Sr. Manuel Leal proprietários das Confecções J. Vaz, Lda. Após uma longa conversa, perguntaram-me qual o emprego que pretendia, e eu disse-lhes que gostaria de trabalhar no escritório, mas como a fábrica tinha iniciado há pouco tempo esse lugar era ocupado pela D. Albertina, e que por enquanto não precisavam, de ninguém, mas que havia uma vaga no armazém de produtos acabados para o lugar de embalador, que era chefiado pelo Sr. Jorge Vaz, filho do Sr. João e D. Albertina. Aceitei de imediato. Em Maio de 1988, iniciei o meu percurso profissional nas Confecções J.Vaz Lda., como embalador. A função de um embalador é o processo de embalagem e expedição dos produtos acabados, seguindo as exigências dos clientes relativamente à etiquetagem e modo de embalagem, sempre que este seja previamente especificado.

À medida que as encomendas iam entrando

em armazém verificava as quantidades dos materiais necessários para as

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 encomendas, através das OT’S (ordens de trabalho) e instruções gerais dos clientes. Recebia os produtos no armazém, e através das OT’S, procedia à separação dos mesmos por tamanho. Colocava

as

etiquetas

de

marca e procedia ao modo de embalagem especificação

conforme prévia

a dos

clientes. A seguir procedia à expedição da mercadoria. Executava entregas de produtos sempre que foce necessário. Limpava e arrumava o meu posto de trabalho, e cumpria as instruções do responsável de armazém. Ao longo dos anos cumpri sempre as minhas obrigações. Cumpria as normas internas da empresa, respeitava os colegas e os superiores hierárquicos, e colaborava com os colegas na melhoria do trabalho. Fui pouco a pouco conquistando responsabilidades e obrigações dentro da empresa e no meu sector. Conheci três encarregados de armazém ao longo dos anos, e era sempre considerado o braço direito de todos. Em meados dos anos noventa, houve uma revolução tecnológica nas Confecções J.Vaz, Lda. Durante muitos anos, emitíamos todos os documentos manualmente. Emitir todos os documentos necessários era muito moroso. Como um dos responsáveis do armazém, tinha de preencher os packing lists, as guias de transporte, preencher fichas de stock para controlar as quantidades existentes de materiais, referenciar as etiquetas de marca com um carimbo manual, etc. Havia dias em que certas tarefas demoravam um dia inteiro para concretizar, não havendo tempo para ajudar os meus colegas na embalagem dos produtos. Havia necessidade de simplificar todo o processo administrativo e comercial e laboral, da empresa. Foi então que todos os responsáveis de cada secção, passaram a ter à sua disposição computadores. Todos os computadores da fábrica estavam ligados a um servidor, assim qualquer funcionário podia aceder a documentos do servidor ou de outro computador desde que devidamente autorizados. No caso do armazém de embalagem & expedição, as diferenças foram as seguintes; em cada etiqueta de marca era

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 colocado o artigo, referencia, cor, e tamanho, com um carimbo que tinha uma almofada de tinta, que tínhamos de colocar os números e letras manualmente com uma pinça, mas com a vinda do computador para o armazém passei a imprimir em autocolantes com um programa adequado a essa função, para depois colar nas etiquetas de marca ou sacos plásticos. Os packing lists e as guias de transporte, tinha de mandar imprimir a uma gráfica livros com os respectivos número de cópias, mas depois passei a efectuar no computador. As guias transporte passaram a ser realizadas com o programa da primavera software. Os packing lists também passaram a realizar-se no computador no Word, com a vantagem de elaborar um packing list personalizado para cada cliente. Com o programa da Primavera Software verificava os stocks de todo material necessário, porque à medida que as encomendas iam sendo expedidas, o programa dava baixa das quantidades de material utilizado. Passei a controlar as horas extras de todos no computador através do Excel. Enviava e-mails aos clientes e fornecedores quando necessário, pelo Outlook Express. Nessa altura tinha em casa um Computador de secretaria Celeron que equivalia a um Pentium IV. O Celeron pertence há Intel. Escolhi um Celeron porque os processadores são mais baratos que os outros processadores de maior poder de processamento, sendo assim, indicado para o mercado de usuários domésticos ou para usuários que não necessitem de um poder computacional muito elevado. Como o computador do meu local de trabalho era similar ao de casa, foi fácil a minha adaptação. Ambos tinham o Windows Xp profissional. Na minha opinião hoje em dia, o uso dos computadores no trabalho é indispensável, devido ao avanço da sociedade e da tecnologia. Permitindo, deste modo, uma comunicação mais rápida e eficiente, uma maior rentabilidade no trabalho e uma maior troca de dados entre as diferentes empresas, facilitando assim, a resolução de problemas. Para poderemos falar sobre esta facilidade de comunicação entre as empresas e também dos cidadãos em geral de todos os países a nível mundial não podemos esquecer de falar da evolução da Internet. O sistema binário ou base 2 é um sistema de numeração posicional em que todas as quantidades se representam com base em dois números, com o

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 que se dispõe das cifras: zero e um (0 e 1). Os computadores digitais trabalham internamente com dois níveis de tensão, pelo que o seu sistema de numeração natural é o sistema binário. Toda a electrónica digital e computação está baseada nesse sistema binário e na lógica de Boole, que permite representar por circuitos electrónicos digitais (portas lógicas) os números, caracteres, realizar operações lógicas e aritméticas (acesso, apagado). Sistema Binário A internet foi desenvolvida nos Estados Unidos nos tempos da guerra fria, pela Agencia de Projectos de pesquisa Avançados com nome de ARPA (Advanced Research Project Agency). Nos anos sessenta a União Soviética, lançou o primeiro satélite chamado Sputnik para o espaço. Perante a ameaça de um ataque nuclear por parte da Rússia, os Estados Unidos enfrentavam o problema da falha de comunicações. Em resposta o Departamento de Defesa dos estados Unidos, criou a ARPA. O objectivo era desenvolver uma rede segura para transmissão de informação entre as instituições Norte Americanas que trabalhavam no desenvolvimento e fornecimento de recursos militares. Nos anos setenta, com o arrefecimento da guerra fria e como a União Soviética já não apresentava uma ameaça, foi criada a ARPANET. A ARPANET serviu para interligar laboratórios e universidades nos Estados Unidos e mais tarde noutros países. Devido ao rápido crescimento do nº de universidades nela ligados, a ARPANET começou a ter dificuldades em administrar todo sistema. Foi então criado uma nova rede para fins militares, chamada MILNET (militar), e a ARPANET ficava apenas para fins civis. Assim nascia um dos maiores fenómenos da história da humanidade, a Internet. Mais tarde para interligar as duas redes e para que as duas pudessem trabalhar em simultâneo, foi criada uma tecnologia de comunicação em redes de computadores chamado TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol). Assim a Internet deixa de ser restrita apenas para fins académicos e passa a ser permitido o seu uso comercial por todo mundo. A Internet é usada como um meio de comunicação entre pessoas de todo Mundo. O fenómeno da Internet e das novas tecnologias, sem dúvida, algo de muito positivo, uma vez que nos abre as portas da informação global, de uma forma que não sonharíamos há alguns anos atrás. Com a abertura das novas

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 tecnologias de informação, as distâncias reduziram-se, deixou de haver fronteiras e criou-se uma nova forma de comunicar. Veio proporcionar a ligação de milhões de pessoas entre si. Com ela conheço pessoas novas, falo com os meus amigos, por vezes formo redes de amigos, troco menagens em tempo real, marco reuniões, não é o meu caso mas as pessoas podem namorar inclusivamente á casais que casam depois se conhecerem na internet, tudo isto através dos blogues, e-mails, salas de chat, MSN, Skype, Windows Live, etc. Antigamente a comunicação só era possível pelo telefone, cartas, etc. Temos também acesso de toda a informação necessária pelos motores de busca, no meu caso utilizo o Google por considerar o mais completo e o mais popular entre os cibernautas. Hoje em dia as novas tecnologias criaram um conjunto de serviços que facilitam o dia-a-dia da sociedade em geral, por exemplo faço a gestão das minhas contas bancárias através da Net, faço os meus pagamentos de serviços, pago o selo do carro, envio o IRS pelo portal das finanças, de uma forma cómoda e rápida. Lembram-se do tempo na fila de espera para, comprar o selo do carro, meter o IRS, nos bancos para movimentar as nossas contas? Tudo isso acabou. Mas se a internet é um fenómeno do bem, também pode acontecer que ela se torne um fenómeno do mal. Ela criou uma dependência excessiva, com o uso prolongado pela internet por parte dos adultos e adolescentes, remetendo-os para o mundo virtual, em que as suas relações de amizade com os amigos e família parece já não ter sentido. A solidão e o isolamento aumentam. No meu caso tento estar o menos tempo possível ligado à internet e passar mais tempo com a minha família. Não quer dizer, que às vezes sem querer não se ultrapassa um pouco o tempo que eu considero normal. Também existem outros perigos. Na minha opinião, os maiores perigos são os sites e certas atitudes que envolvem crianças inocentes que infelizmente tanto ouvimos pelas notícias tais como, de visionamento de material impróprio (ex: pornografia, pornografia infantil), Incitamento à violência e ao ódio, violação da privacidade, encontros “online” com pessoas menos recomendáveis, racismo, drogas,

pedofilia, tráfico de crianças, crimes

informáticos etc. Por isso tento falar abertamente com a minha filha sobre estes perigos, e não me canso de alertar e aconselhar as formas como os evitar.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Nos finais dos anos noventa, com a forte concorrência dos países de leste e da China em termos de Confecções, a gerência das Confecções J. Vaz, Lda. decidiu implementar uma politica de qualidade na empresa, através do processo de certificação pela norma NP EN ISO 9002. O objectivo desta certificação por parte das Confecções J. Vaz era fornecer aos nossos clientes a preços competitivos produtos que respeitassem as normas e legislação aplicáveis e que satisfizessem plenamente as exigências dos clientes. Acompanhar permanentemente os nossos clientes, verificando e optimizando o seu estado de satisfação. Obtenção de lucros alicerçados na qualidade dos nossos produtos e excelente relacionamento com os nossos clientes. Em primeiro lugar foi criada um grupo dinamizador para a melhoria da qualidade (G.D.M.Q.). O grupo tinha como objectivo dinamizar o processo de melhoria da qualidade fazendo com que a qualidade fosse o objectivo fundamental para todos. As áreas abrangidas eram as seguintes; produtividade, manutenção, qualidade do processo, qualidade do projecto, condições do trabalho (Higiene e Segurança no trabalho). Os resultados a obter com a implementação do grupo era a melhoria na comunicação, entre os elementos participantes e entre estes e as Confecções J.Vaz, Lda. Promover uma maior realização e enquadramento profissional dos elementos participantes. Promover o maior interesse de cada elemento em participar no processo de melhoria da qualidade na empresa. Possibilitar aos elementos uma intervenção mais directa na resolução de problemas relacionados com cada um dos sectores. O objectivo em termos práticos era documentar e normalizar todos os sectores. O esquema FIG O1 abaixo ilustra as equipas responsáveis pela implementação e obtenção do certificado da qualidade nas Confecções J.Vaz, Lda. No inicio das Confecções J.Vaz ainda não havia uma politica ambiental. Os resíduos gerados pela empresa era simplesmente despejado para o meio ambiente. Carregávamos os desperdícios de tecido para uma carrinha e deslocávamos até ao pinhal e ali eram descarregados. Estes actos que hoje consideramos criminoso eram uma prática comum de todas as confecções. Normalmente íamos a locais onde já existiam desperdícios de outras confecções. O resto tais como cartão, sacos plásticos, materiais orgânicos, papel era colocado nos contentores á porta da confecção. Com a crescente voz

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 por parte dos ambientalistas, governos e a nível europeu, e também a legislação que ia sendo implantada, a gerência da J. Vaz também decidiu juntase á causa ambiental. Foram sendo implementadas a nível interno regras para os resíduos gerados pela empresa. Portanto o desperdiço de tecidos eram metidos em sacos de plásticos pretos e colocados num só local. Também era separado o cartão, sacos de plásticos, papel que era depois recolhido por várias empresas contratadas para o efeito. O material orgânico era colocado nos contentores da junta. Na minha opinião estas iniciativas traz inúmeras vantagens quer ambientais, quer económicas ou sociais. No meio ambiente a reciclagem pode reduzir a acumulação progressiva de lixo, a produção de novos materiais, como por exemplo o papel, que exige o corte de mais árvores; as emissões de gases; as agressões ao solo, ar e água, entre outros tantos factores negativos. No aspecto económico, a reciclagem contribui para a utilização mais racional dos recursos naturais e a reposição daqueles recursos que são passíveis de serem reutilizados. No âmbito social, a reciclagem não só proporciona melhor qualidade de vida para as pessoas, através da melhoria ambiental, como também tem gerado postos de trabalho na área da reciclagem. A certa altura não posso precisar uma data ou ano, fui convidado para o lugar de Encarregado de Armazém de Produtos Acabados, pelo Sr. João Vaz, e pelos filhos Jorge Vaz e João Eduardo Vaz. Para mim foi uma grande alegria, senti que o esforço e lealdade perante a empresa durante muitos anos foram devidamente recompensados. A minha responsabilidade na empresa passou a ser muito mais acentuada. As minhas principais actividades passaram a ser os seguintes; Ler cuidadosamente as ordens de trabalho. Dirigia o trabalho no armazém. Fazia e imprimia as etiquetas autocolantes para colar nas etiquetas de marca e caso necessário para o canto superior lado direito dos sacos. Realizava os Packing Lists para cada encomenda e enviava a mesma ao responsável do departamento comercial para efectuar a factura, quando necessário. Coordenava e supervisionava e distribuía as tarefas dos colaboradores. Arquivava os documentos. Recebia as amostras, etiquetavas e embalavas de acordo com as instruções gerais do cliente. Recebia os produtos e separavas por ordens de trabalho e tamanho. Colocava as etiquetas de

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 marca. Supervisionava o modo de embalagem. Avaliava e recebia as necessidades de material e preenchia as requisições necessárias. Executava os programas de produção de acordo com as instruções recebidas e mão-deobra disponível. Procedia à expedição. Entregava sempre que fosse necessário. Comunicava e / ou solucionava as eventuais anomalias detectadas procedia à sua correcção, quando necessário. Controlava as entradas e saídas da secção. Cumpria as instruções do autocontrole. Dava formação aos colaboradores nos postos de trabalho. Registava ocorrências no MOD015 – (Boletim de ocorrências). Limpava e arrumava o posto de trabalho. Em relação ao meu relacionamento com os colegas de trabalho e superiores, aprendi que têm de haver uma harmonia entre todos. Aprendi a ouvir os meus colegas, saber valorizar as ideias que eles têm em relação à organização do trabalho, e saber expor as minhas, mesmo em relação aos anteriores encarregados de armazém. Uma empresa precisa de todos os colaboradores, tal como nós da empresa e dentro da equipa de trabalho uns dos outros. Nos últimos anos nas Confecções J. Vaz, Lda. como encarregado de armazém, sempre adoptei uma politica de consenso entre todos os meus colegas. Quando destinava alguma tarefa a um colega, deixava que ele decidese como a executa-la, mas não deixava de dar a minha opinião em relação à mesma se necessário. Quando havia algum problema entre os colegas, a minha preocupação era de acalmar o mais rapidamente possível a situação para que pudessem voltar a efectuar o seu trabalho. Quando eles tinham algum problema em relação ao trabalho, ordenados, ou qualquer situação delicada, eu sempre os apoiava em tudo o que eles precisassem. Transmiti sempre que eles tinham um amigo e não um superior hierárquico. Em relação à empresa, comparecia com pontualidade à empresa geralmente sendo o primeiro a chegar ao meu posto de trabalho. Fui sempre leal à empresa. Não divulgava informações, que podiam por em causa o bem-estar da empresa, e a sua organização. Cumpri sempre as ordens dos meus superiores. Para que possa demonstrar a minha solidariedade com colegas e amigos, não posso de deixar de relatar um acontecimento que me orgulha muito. Tinha um colega e amigo que trabalhava noutra secção nas Confecções J. Vaz. Este colega durante alguns anos andou a tomar drogas. Ele fazia um

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 esforço para as deixar, até que um dia conseguiu. Mas também é preciso dizer que, o facto de ele andar a tomar drogas não influenciava a sua profissão. Era e é um bom profissional. Os patrões sabiam da sua situação e também o ajudaram bastante. Um dia foi para a Amadora para visitar uns primos que lá viviam. Os primos também se envolviam nesse tipo de actividades, e convenceram-no a ir com eles para comprar a dita droga. Ele lá foi, e nesse dia teve uma recaída. A seguir foram para um café e decidiram tomar a droga na casa de banho, primeiro foi o primo e depois foi o meu colega. O primo ao sair da casa de banho deparou com uns polícias à paisana e fugiu deixando o meu colega sozinho. Os polícias sabiam das actividades do primo e como meu colega estava com ele, admiraram a demora na casa de banho e decidiram invadir a casa de banho. Encontraram o meu colega já depois de tomar uma pequena dose que tinha comprado e foi preso pelas autoridades. Nesse dia foi presente a um juiz. Como foi uma dose muito pequena o juiz concedeu-lhe a liberdade na manhã seguinte, mas disse-lhe que ia ser notificado para se apresentar a tribunal. A advogada que o acompanhou, disse-lhe que devia encontrar alguém para serem testemunhas abonatórias para o ajudar a defender. Ele na altura não tinha carro e precisava de encontrar uma testemunha que levasse o carro. Uns disseram-lhe que iam ser testemunhas mas não levavam o carro, outros nem uma coisa nem outra. Foi então que me pediu para ser testemunha dele e se podia levar o meu carro. Aceitei de imediato, mas na condição que ele paga-se todas as despesas, e ele aceitou e agradeceu imenso a minha ajuda. Chegou o dia do julgamento que foi realizado no tribunal da boa hora. O meu testemunho foi no sentido de provar em tribunal que ele era um bom colega e amigo. Era um bom profissional e que nunca me passou pela ideia, nem mostrava sinais que se metesse nesse tipo de situações e que o cargo que ele ocupava na empresa, o desempenhava com muito profissionalismo e dedicação, e ele era uma peça fundamental na estrutura da empresa. No final do julgamento o juiz decidiu suspende-lo de todas as acusações e saiu em liberdade. Hoje é um homem casado com dois filhos e vive uma vida muito tranquila. Para além dos meus deveres mencionados em parágrafos anteriores que fazem parte da boa ética profissional, também tenho os meus direitos tal

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 como todos os cidadãos do nosso país. As Confecções J.Vaz, Lda. também tinha consciência dos deveres para com os funcionários e cumpria integralmente. Todos os funcionários tinham um contrato de trabalho. Tínhamos um ordenado variável consoante as nossas categorias profissionais. Trabalhávamos oito horas por dia, sendo quarenta horas semanais. Tínhamos direito a receber cinquenta porcento pelas horas suplementares efectuadas, acordado entre os trabalhadores e a entidade patronal mesmo aos sábados. Gozávamos férias por um período anual de vinte e dois dias úteis. Recebíamos subsídio de férias e subsídio de Natal. Tínhamos direito à greve mas como a empresa cumpria com as suas obrigações nunca houve a necessidade para o fazer. Tínhamos todas as condições de segurança e saúde. As mulheres tinham direito à licença de maternidade em caso de gravidez. Entre o ano de dois mil e dois mil um começaram rumores de que as Confecções J. Vaz, Lda. estaria numa situação financeira muito delicada. Os bancos nessa altura começaram a cortar os créditos sobre as exportações o que levou a uma quebra de entrada imediata de receitas relativamente à mercadoria exportada. Com este facto as dividas da fábrica começaram a acumular, e juntamente com este facto clientes começaram a deixar de pagar a mercadoria que tinham recebido e as dividas a fornecedores aumentava a ritmo alucinante. A solução encontrada pelo Sr. João Vaz e os Filhos foi de iniciar uma nova empresa que seria liderada pelos filhos do Sr. João e que se chamaria de Intersuit S.A. Esta nova empresa iria pagar uma renda às Confecções J. Vaz pelo uso do edifício e esse dinheiro servia para ir pagando as dívidas aos poucos os fornecedores da fábrica. As Confecções J. Vaz depois entraram no programa de recuperação de empresas do qual recebeu algum dinheiro. Uma das soluções da empresa também passava pelo despedimento de alguns colegas para reduzir os custos. Um dos critérios para esses despedimentos foi cortar os ordenados mais altos, este facto aconteceu por duas vezes. Nos finais do ano de dois mil e quatro os credores decidiram reclamar as suas dívidas não aceitando o pagamento por prestações. A Confecções J. Vaz como não tinha meios de pagar aos fornecedores decidiu pedir a insolvência da empresa e comunicou a todos os funcionários de que ultimo dia de Setembro iria encerrar a fábrica. Para mim e os meus colegas foi

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 um balde de água fria. Durante algum tempo foi o culminar de muitas emoções. Passou a ser o tempo de recordar todos os bons momentos passados ao longo de dezassete anos na empresa, recordar todos quantos passaram pela empresa e o inúmero de pessoas que conhecemos. Também passou a ser o momento de virar a página e tentar imaginar o que fazer no futuro. Nesses momentos pensamos nos colegas, na nossa família, nas despesas da casa, começar a pensar num novo emprego, etc. Através de um liquidatário nomeado pelo tribunal começamos a tratar de todo o processo da cessação do contrato de trabalho, para poder receber a indemnização de que teríamos direito parte pelo fundo de garantia salarial, e o resto no fim da venda em hasta pública de todo património da empresa e bens do proprietário. O liquidatário procedeu á entrada dos processos em tribunal. Na última semana de Setembro, o Jorge Vaz liga-me para o armazém e perguntou-me se podia chegar ao gabinete dele, que precisava de falar comigo. Entrei e disse-me para me sentar um pouco. Perguntou-me se queria continuar a trabalhar. E disse-lhe que “isso não se pergunta”. Foi então que me convidou para continuar a trabalhar para a Intersuit e mais tarde para a J. Vaz & Irmão. Explicou-me que o nosso melhor cliente que queria continuar a trabalhar com a nossa empresa, e pediu que fosse eu a organizar todas as encomendas desde a parte comercial até a exportação. Fiquei muito feliz e aliviado ao mesmo tempo, porque já não teria de pensar num novo emprego. A ideia era encontrar fábricas para elaborar as nossas encomendas. Passei a receber as encomendas do cliente através de e-mail. Elaborava as ordens de trabalho utilizando o programa Excel. Organizava todo material necessário; escolhia os botões para cada um dos tecidos, pedia ao João Eduardo Vaz os planos para as encomendas em função dos modelos pedidos pelo cliente. Recebia e controlava todo o material enviado pelo cliente, através do pano de bolso mandava fazer fita cós para as calças, reunia todo material e entregava às respectivas fábricas para fabricarem as peças. A seguir realizava todo o processo de embalagem e expedição de que já estava habituado, e descrito em parágrafos anteriores. Em Maio de 2005, foi com muita tristeza que o cliente me comunicou, que já não iria precisar dos nossos serviços a partir de Junho desse ano. O cliente começou a trabalhar com fábricas sediadas na

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 China que fabricavam a preços muito competitivos, sendo impossível praticar em Portugal. Como eu e o Sr. Smart tínhamos uma ligação muito forte, decidiu pagar os meus ordenados relativamente aos últimos dois meses de contracto, para eu poder durante esse tempo procurar um emprego e escreveu-me uma carta de recomendação que também esta incluído nesta autobiografia. Obrigado Sr. Smart. O cliente de que me referi há pouco chamava-se Sr. Smart. O Sr. Smart é sócio de uma das mais antigas e conceituadas empresas de confecções na Inglaterra. Ele é responsável pela organização, fabrico e controlo de qualidade de todas as encomendas a nível mundial da empresa D. Gurteen & Sons, Lda. e o sócio é responsável pelas vendas contabilizando a cerca de setecentos clientes na Inglaterra. A empresa está sediada em Suffolk Haverhill na Inglaterra. A principal actividade desta empresa é a venda e fabrico de fatos, calças, calções, camisas, gravatas, cintos, tudo para homem. A empresa começou a sua actividade em mil setecentos e oitenta e quatro começando por ser uma empresa familiar do qual se manteve até aos dias de hoje, passando de geração em geração e hoje já conta com os filhos do Sr. Gurteen e o Sr. Smart. Como dominava a língua inglesa eu e o Sr. Smart começamos a cimentar uma relação profissional e amizade desde o inicio e passei a ser um dos principais contactos na empresa. Era um amigo e falávamos de tudo, sobre as nossas preocupações familiares, profissionais, sobre os acontecimentos que se passavam em relação as Confecções J.Vaz, e também aprendi muito com ele sobre a grave crise das confecções a nível da Europa consequência directa vinda dos efeitos da globalização. Após ter procurado durante algum tempo, no dia 1 de Julho de 2005 fui admitido como Comercial na firma Licores Serrano, LDA. Era um desafio muito importante na minha vida. Tive de aprender uma nova profissão, uma nova organização de trabalho completamente diferente da que exercia no mundo das confecções. No primeiro dia foi-me dada uma pequena formação, sobre os produtos que ia vender, a quem se destinavam os nossos produtos, aprendi a calcular o IEC (Imposto Especial ao Consumo) e também aprendi as percentagens de

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 desconto que podia fazer a partir das tabelas de preços. Foi-me dada uma lista de clientes para começar a trabalhar. Passados quatro anos no mundo das vendas, faço um balanço muito positivo. Consegui aumentar as vendas, o número de clientes e também aumentar a minha área geográfica. Vender é o processo de deslocação de bens e serviços das mãos dos que os produzem para mãos dos que mais beneficiam com a sua utilização. Na minha perspectiva há sete etapas fundamentais num ciclo de venda: prospecção, o primeiro contacto com o cliente, classificação, apresentação, responder a objecções, fechar a venda e conseguir novos clientes por recomendação. Prospecção significa encontrar um potencial comprador para o meu produto. Utilizo várias formas de prospecção; Internet, através de clientes já conquistados, simples artigos de publicidade, jornais, ir a conduzir e encontrar por

acaso

um

estabelecimento que pode interessar, etc. A Internet é a minha forma

de

fazer

prospecção favorita, é simples e eficaz. Normalmente

utilizo

o site www.pai.pt. Quando se entra no pai.pt encontra-se uma janela de pesquisa, onde podemos inserir o que procuramos. Como sou vendedor de uma fábrica de licores e bebidas espirituosas geralmente procuro distribuidores que façam determinadas zonas geográficas. Portanto, começo por introduzir as palavras-chave, “distribuidores de bebidas alcoólicas”, “comércio de bebidas”, “Comércio de produtos alimentares”, bebidas espirituosos”, etc., portanto o que o pai.pt nos vai dar são nomes, moradas, códigos postais, mapas, sites das empresas que tenham estas palavras-chave. Escolho da lista as empresas que pretendo visitar, e peço ao pai.pt, para guardar a minha lista de clientes. Depois estudo as localizações dos mesmos através dos mapas fornecidos pelo pai.pt

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Já disponho de potenciais clientes. A seguir preparo o que é necessário para a primeira reunião com os clientes. Levo sempre comigo os Catálogos fornecidos pela firma, Tabela de Preços, e calculadora, e também os cartões de visita. Ao visitar um cliente pela primeira vez, tenho sempre cuidado com a minha imagem, uma boa aparência é fundamental no primeiro contacto. Aos olhos de um potencial cliente, qualquer desleixo na minha aparência, pode significar para o cliente o reflexo do desleixo nos meus hábitos de trabalho. No primeiro contacto, estou sempre preparado para cumprimentar, para olhar olhos nos olhos e para criar empatia, com o potencial cliente. Na minha opinião é uma etapa obrigatória, em qualquer novo contacto. A confiança tem de ser cimentada desde do inicio. As pessoas tendem a fazer negócios com pessoas de quem gostam e em quem confiam. Tenho que merecer a confiança dos meus clientes após o primeiro contacto. O objectivo no passo seguinte, é determinar se os produtos que tenho para oferecer se adaptam às necessidades do potencial cliente. Ao entrar nas instalações de um potencial cliente, estou a observar constantemente tudo o que me rodeia, e tirar o maior número de informações possíveis. Tento saber que tipo de produtos e cliente vende. Coloco sempre algumas questões, ao potencial cliente para fazer com que ele fale dos produtos que ele tem naquele momento, e de que maneira é que os mesmos estão ou não a corresponder às necessidades, e quais os produtos que eu possa fornecer para o ajudar a melhorar o volume de vendas. A etapa seguinte é a apresentação dos produtos, que no meu entender será uma mais-valia para o cliente. Nesta faz realço a qualidade de imagem das nossas bebidas, e se for caso disso ponho uma amostra ao lado de outras já existentes na prateleira do cliente. A seguir realço a qualidade da bebida em si, dizendo que as pessoas que levam as nossas bebidas pela primeira vez, normalmente voltam a comprar as mesmas. Realço também o aumento das vendas de outros clientes nomeando alguns, e digo-lhes que, se assim o entenderem pode contacta-los para tirar informações da minha pessoa e dos produtos. Assim estou a transmitir a confiança que eu tenho nos meus produtos, e a minha imagem será positiva e revelará que me empenho nas coisas que faço e honro os meus compromissos.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Por vezes durante e depois da apresentação dos produtos pode haver alguns comentários ou classificações negativas, por parte do cliente. Nesta fase oiço com muita atenção o que ele tem para me dizer, e tento responder da forma mais simples e correcta às questões. O mais comum por parte dos clientes, é tentar adiar a compra e dizem,”tenho que pensar melhor”, esta frase no meu entender, significa que no fundo ele está interessado. Se o problema estiver no preço, faço o que for necessário para fechar a venda, oferecendo percentagens ou algum bónus para que ele fique satisfeito e fechar a venda. Se tudo correr bem nas etapas anteriores, e se o cliente fizer a primeira encomenda, começo a tomar como certa a nossa futura relação comercial. Por vezes não é assim tão fácil. Tenho como exemplo o meu melhor cliente, insisti durante dois anos e meio, e hoje compra anualmente na ordem dos cento e cinquenta mil euros de mercadoria anuais e sempre a aumentar. A vida de um comercial não só passa por vender, mas também receber dos seus clientes o dinheiro das facturas vencidas e caso necessário, entregar mercadoria. Durante o fim de semana estabeleço a gestão diária da minha semana de trabalho. Estabeleço o número de clientes a visitar por dia e a zona. Normalmente quinze em quinze dias, visito os clientes da Serra da Estrela, chamo-lhe, “A Volta da Serra”. Paço a descrever o dia de segunda-feira o primeiro dia da volta da serra. Acordo Às sete horas da manhã. Enquanto a minha esposa faz a sua higiene pessoal na casa de banho, eu fico a ver as notícias geralmente do canal da SIC até às sete e meia. Ajudo a minha esposa a fazer a cama, faço a barba e tomo um duche rápido. Às oito menos dez como o pequeno-almoço. Entre as oito e vinte e oito e meia tomo café, num estabelecimento na parte inferior do prédio onde moro e começo a minha viagem em direcção à fábrica se tiver de carregar alguma mercadoria ou sigo para o primeiro cliente. Geralmente estou no primeiro cliente às nove e meia da manhã. O primeiro cliente nesse dia é o Intermarché da Covilhã. Não tenho um tempo especifico para cada cliente, depende do negócio a realizar ou do tempo de espera por uma possível encomenda, ou assuntos a tratar com o cliente. A seguir visito o Fumeiro da Estrela no centro comercial Serra Shopping, Hua Xia na Fonte das Galinhas, António Ramos no pelourinho, Supermercados Canário na rua da Policia. Depois começo a subir a serra e a primeira paragem é nas

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Penhas das Saúde. Visito a D. Natália que têm um estabelecimento de Artesanato e artigos regionais e a seguir o David Timóteo proprietário do restaurante o Nevão das Estrelas. Subo novamente a serra em direcção à Torre. Na Torre, o ponto mais alto do nosso país, visito os dez clientes lá estabelecidos. Começo a descer a serra em direcção à lagoa Cumprida para visitar mais dois clientes. Continuo a minha volta em direcção ao Sabugueiro a aldeia mais alta de Portugal. Normalmente almoço à uma hora da tarde, mas se chegar um pouco antes ainda aproveito para visitar alguns clientes. Depois de almoço continuo a visitar os clientes do Sabugueiro até chegar ao estabelecimento do Sr. João Maximino. Depois sigo rumo ao Mondeguinho que fica localizado à beira da estrada entre Gouveia e Manteigas para visitar possivelmente os últimos dois clientes do dia, o Roberto Carlos e a Paula Maximino. Na Serra o meu objectivo diário de vendas normalmente é no mínimo de cinquenta caixas. Após ter visitado os últimos dois clientes contabilizo o número de caixas vendidas, e se eu tiver atingido os meus objectivos volto novamente a casa, se não tento mais alguns clientes na tentativa de atingir esse objectivo.

Vida Familiar Eu e a minha esposa fomos educadas segundo os valores da Igreja católica. Embora não praticante aprende-mos esses valores e seguimos todos os paços necessários dentro da nossa religião tais como, o baptizado, a primeira comunhão, profissão de fé, crisma, casamos pela igreja católica, e também baptizamos a nossa filha crendo que ela também siga os nossos valores religiosos. Respeitamos todos aqueles que sejam fiéis seguidores de outras doutrinas religiosas sejam elas quais forem. Casamos em dezoito de Dezembro de mil novecentos e noventa e três com a minha esposa, Maria Fernanda Costa Carvalho. A cerimónia realizou-se no Santuário Nossa Senhora das Dores no Paul. Em dois de Novembro de mil novecentos e noventa e cinco a minha esposa deu à luz uma linda menina e pusemos-lhe o nome de Cíntia. Sempre ajudei a minha esposa nas lidas domésticas. Na minha opinião hoje é fundamental que homem ajude a mulher. A minha esposa também trabalha têm o seu horário e precisa de ajuda para conseguir algum tempo para a família.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Nós sabemos que educar um filho nos dias de hoje é muito complicado. Principalmente se queremos lhe dar tudo o que ele necessita para estudar e o incentivar a continuar os estudos. Porque muitas vezes, as crianças deixam de estudar por falta de incentivo por parte dos pais. Ou porque trabalham muito longe e chegam a casa muito tarde ou porque também não têm habilitações literárias suficientes para os ajudar. Nunca devemos dizer aos nossos filhos que não temos tempo para eles. Porque nem que seja cinco minutos, é muito gratificante para eles, saberem que há alguém que os quer ajudar e ouvi-los. É importante que os pais oiçam mais vez os filhos, e que nas horas das refeições possam falar abertamente de todos os problemas que existem nas aulas e sobretudo perguntar-lhes como lhes correu o dia. Isso é fundamental. Também sabemos que é necessário ter dinheiro disponível para que tenham a melhor educação possível. Por isso eu e a minha esposa decidimos que o nosso futuro projecto de vida passa pela educação da nossa filha. Trabalhar para o sustento do nosso agregado familiar, mas o nosso principal objectivo de vida passa por garantir monetariamente a educação da nossa filha. Em termos pessoais continuar no rvcc nível secundário e melhorar as minhas habilitações, para poder no futuro melhorar o currículo e assim em caso de necessidade, ser mais fácil procurar emprego e quem sabe continuar a minha formação na área de vendas ou até seguir algum curso universitário caso seja possível na mesma área.

Vida Saudável Na minha opinião a importância uma alimentação equilibrada, é um dos princípios básicos para uma vida saudável. Comer saudavelmente contribui para o bem-estar e ajuda a prevenir doenças. O tabagismo, o stress, o sedentarismo, a ingestão excessiva de álcool e uma alimentação errada com grande quantidade de gordura, açúcar e pobre em fibras, são factores que propiciam o desenvolvimento de doenças como hipertensão arterial, obesidade, colesterol, triglicerídeos elevados e diabetes, todos eles são os principais factores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Para termos uma vida saudável não basta preocuparmo-nos só com uma boa alimentação, o lazer em todas as idades também é fundamental para ter uma mente saudável. Para além do tradicional ver televisão e ler um bom livro

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 temos como lazer que pode ser em ginásios, clubes ou ao ar livre, por exemplo; equitação, caminhadas, esqui, danças de salão, teatro, cinema, campismo, ciclismo, canoagem, pesca, etc. Algumas actividades de lazer também têm o seu componente físico que é essencial para uma vida saudável. Há outras actividades diárias que também podem propiciar uma vida saudável tais como jardinagem, bricolage, subir e descer escadas, indo a pé para o emprego, etc. Também não podemos esquecer de ir ao médico pelo menos uma vez por ano fazer um check-up, como fazer análises ao sangue, à urina, electrocardiograma e outros exames complementares que servem também para prevenir e antecipar certas doenças. Sabemos que os comportamentos alimentares errados e o excesso de sedentarismo na adolescência e nos adultos podem ter consequências graves, como obesidade, cárie dentária, anemia e raquitismo. É este o espírito que nos pensamos e tentamos passar para a nossa filha. A Roda dos alimentos é uma imagem ou representação gráfica que ajuda a escolher e a combinar os alimentos que deverão fazer parte da alimentação diária. É um símbolo em forma de círculo que se divide em segmentos de diferentes tamanhos que se designam por Grupos e que reúnem alimentos com propriedades nutricionais semelhantes. A Roda dos Alimentos Portuguesa foi criada já em 1977 para a Campanha de Educação Alimentar “Saber comer é saber viver”. Existem 5 grupos de alimentos sem indicação das porções recomendadas por dia. Os grupos de alimentos eram os seguintes: A evolução dos conhecimentos científicos e as diversas alterações na situação

alimentar

portuguesa

conduziram

à

necessidade

da

sua

reestruturação. A nova versão da roda dos alimentos traz muitas novidades. O seu formato original, o círculo, mantém-se. Mas, em vez de cinco, passamos a ter sete grupos de alimentos e a água, esse bem imprescindível à vida, ocupa o lugar central do círculo. É composta por sete grupos de alimentos de diferentes dimensões, os quais indicam a proporção de peso com que cada um deles deve estar presente na alimentação diária. Cereais e derivados, tubérculos - 4 a 11 porções (28 %) 1 Pão (50g)

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 1 Fatia fina de broa (70g) 1 e 1/2 batata - tamanho médio (125g) 5 Colheres de sopa de cereais de pequeno-almoço (35g) 6 Bolachas - tipo Maria / água e sal (35g) 2 Colheres de sopa de arroz / massa crus (35g) 4 Colheres de sopa de arroz / massa cozinhados (110g) Hortícolas - 3 a 5 porções (23 %) 2 Chávenas almoçadeiras de hortícolas crus (180g) 1 Chávena almoçadeira de hortícolas cozinhados (140g) Fruta - 3 a 5 porções (20 %) 1 Peça de fruta - tamanho médio (160g) Lacticínios - 2 a 3 porções (18 %) 1 Chávena almoçadeira de leite (250ml) 1 Iogurte líquido ou 1 e 1/2 iogurte sólido (200g) 2 Fatias finas de queijo (40g) 1/4 De queijo fresco - tamanho médio (50g) 1/2 Requeijão - tamanho médio (100g) Carnes, pescado e ovos - 1,5 a 4,5 porções (5 %) Carnes / pescado crus (30g) Carnes / pescado cozinhados (25g) 1 Ovo - tamanho médio (55g) Leguminosas - 1 a 2 porções (4 %) 1 Colher de sopa de leguminosas secas cruas (ex: grão de bico, feijão, lentilhas) (25g) 3 Colheres de sopa de leguminosas frescas cruas (ex: ervilhas, favas) (80g) 3 Colheres de sopa de leguminosas secas / frescas cozinhadas (80g) Gorduras e óleos - 1 a 3 porções (2 %) 1 Colher de sopa de azeite / óleo (10g) 1 Colher de chá de banha (10g) 4 Colheres de sopa de nata (30ml)

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 1 Colher de sobremesa de manteiga / margarina (15g)

A água não possuindo um grupo próprio, está também representada em todos eles, pois faz parte da constituição de quase todos os alimentos. Sendo a água imprescindível à vida, é fundamental que se beba em abundância diariamente. As necessidades de água podem variar entre 1,5 a 3 litros por dia. Cada um dos grupos apresenta funções e características nutricionais específicas, pelo que todos eles devem estar presentes na alimentação diária, não devendo ser substituídos entre si. Dentro de cada grupo estão reunidos alimentos nutricionalmente semelhantes, podendo e devendo ser regularmente substituídos uns pelos outros de modo a assegurar a necessária variedade. De uma forma simples, a nova Roda dos Alimentos transmite as orientações para uma Alimentação Saudável, isto é, uma alimentação: Completa - comer alimentos de cada grupo e beber água diariamente; Equilibrada - comer maior quantidade de alimentos pertencentes aos grupos de maior dimensão e menor quantidade dos que se encontram nos grupos de menor dimensão, de forma a ingerir o número de porções recomendado; Variada - comer alimentos diferentes dentro de cada grupo variando diariamente, semanalmente e nas diferentes épocas do ano.

Medicinas e Medicação Genéricos - Os medicamentos genéricos são medicamentos com a mesma composição e substâncias activas e destinam-se ao mesmo tratamento que os medicamentos de marca ou digamos de referência. O risco de um medicamento genérico e de um de referência é igual, e não podemos esquecer que não há medicamentos seguros. Um medicamento que é seguro para uma determinada pessoa pode ser fatal para outra que apresenta susceptibilidades aos efeitos desses medicamentos. Na minha opinião só devemos tomar medicamentos estritamente quando for necessário e prescritos pelo médico. Os genéricos são medicamentos mais baratos que os de referência. Quem ganha são os utentes e o governo, que por sua vez reembolsa os farmacêuticos aquando os utentes comparticipados pelo estado. Quando o médico receita um medicamento a um paciente, ele terá duas opções, receitar somente o

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 medicamento de referência ou autorizar a sua substituição por um genérico. Se o médico entender que o medicamento de referência é insubstituível em determinados casos ele deverá manifestar-se agregando à receita a frase com os dizeres: “Não Autorizo a Subsituação”. Na minha opinião caso seja necessário e desde que o médico autorize não êxito em comprar um genérico por são mais baratos e o efeito é o mesmo. Geralmente as pessoas não devem tomar medicamentos por auto recriação, ou porque alguém lhe indicou. A compra de medicamentos sem receita médica é um risco para a saúde, porque na maioria dos casos não sabemos se estamos a tomar o medicamento certo para a doença que possamos ter, tal como não seguir as directivas do médico em relação à dosagem, às horas e ao tempo de tratamento. No meu caso pessoal apenas tomo sem prescrição médico um antigripal caso tenha sintomas de gripe. Se por acaso me surgir outro tipo de sintomas geralmente recorro ao meu médico de família. Folheto dos Medicamentos - Os folhetos inserido nas caixas de medicamentos, informa-nos sobre os medicamentos e os seus efeitos em vários casos. Escolhi como exemplo, um dos medicamentos mais vendidos em Portugal, o ben-u-ron. Neste folheto podemos encontrar o que é o ben-u-ron e para que é utilizado. Antes de tomar ben-u-ron, pode verificar se tem alguma doença mencionada no folheto, especialmente nas várias advertências por patologias, gerais, gravidez, aleitamento, efeitos em crianças, efeitos em idosos, efeitos em doentes com patologias especiais, condução de veículos e utilização de máquinas e em relação aos efeitos caso esteja a tomar outros medicamentos. Também dá-nos instruções sobre como tomar o ben-u-ron. Explica o que fazer no caso de sobredosagem. O que fazer caso tenha-mos esquecido de tomar o medicamento. Os efeitos da interrupção do tratamento indicado. Indica-nos também os efeitos secundários possíveis. Como conservar os comprimidos. E também indica-nos a morada e números de telefone da farmacêutica responsável pelo medicamento. E também a data da aprovação do folheto.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Medicinas Alternativas No último século, a medicina alcançou feitos notáveis. Foi quando se descobriu a penicilina, a vacina contra a poliomielite e se aprimorou o transplante de órgãos, entre outras conquistas definitivas. Porém, a promessa de uma saúde perfeita ainda é um desafio. O nosso nariz ainda escorre durante uma gripe, as nossas costas doem depois de um dia diante do computador e as crianças continuam asmáticas sem que se saiba a exacta razão. É certo que as pessoas estão mais saudáveis que nunca. Mas os tratamentos são os mesmos: remédio e repouso. Ao que tudo indica, o paciente parece querer algo mais. E está a pagar caro por isso. As bolinhas da medicina chinesa, a massagem no pé da reflexologia, as ervas da fítoterapia e até artefactos mais exóticos

que

se

propõem a

curar

o

cancro

a

partir

de

campos

electromagnéticos estão a disputar espaço com o clássico estetoscópio. Quando se fala em terapia, é preciso esclarecer que se trata, na maioria dos casos, de práticas proibidas pelo Instituto Nacional de Saúde. Apenas a homeopatia e a acupuntura são reconhecidas como especialidades médicas. Enquanto a cromoterapia, a shiatsu, a aromaterapia, etc., são vistas com imensas reservas pela classe médica. A razão é clara: muitos dos chamados terapeutas alternativos são leigos que fazem um curso de fim-de-semana e saem apregoando poderes curativos e de diagnóstico. É o caso do reiki, uma prática de imposição de mãos que promete desde a cura da impotência sexual até à do cancro. A explosão das medicinas alternativas deve-se a diversos aspectos. Um dos mais evidentes é o cepticismo dos pacientes em relação à medicina convencional. De facto, ainda não há cura para doenças como o cancro, diabetes e sida. É nessa lacuna que os alternativos se evidenciam na conquista de novos clientes. Um exemplo clássico é que há vinte anos 90% dos pacientes com cancro morriam. Hoje, curamos 95% dos casos com cirurgia e quimioterapia. Outro factor com influência diz respeito às mudanças na relação médico - paciente. Em geral, a consulta a um homeopata ou um fitoterapeuta dura mais de uma hora, enquanto a de um médico tradicional pode não chegar

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 a quinze minutos. Essa atitude faz toda a diferença para que o doente opte por um tratamento alternativo. O grande perigo da medicina alternativa é mascarar doenças graves ou acelerar o seu ritmo destruidor, tratando apenas os sintomas. Alguns ramos das terapias alternativas cobrem áreas que a medicina convencional despreza. Em muitos casos, podem ser uma útil complementação ao tratamento convencional. O problema é quando o terapeuta alternativo acena com o combate seguro a doenças graves. Uma das grandes dificuldades de um paciente leigo é conseguir separar verdades (sim, elas existem) de mentiras no imenso leque de quase 800 modalidades de terapias alternativas. É frágil a linha que separa a eficácia do charlatanismo. Segundo o critério da credibilidade científica, a acupuntura, a homeopatia e a fítoterapia merecem ser respeitadas. A primeira é considerada uma ciência real, a ponto de ser usada como anestesia até em partos. A homeopatia é admitida pelos médicos tradicionais em doenças crónicas, sobretudo nas de fundo emocional. Quanto à fítoterapia, é inegável o princípio curativo de alguns chás e plantas. Cerca de 45% dos remédios usados pela medicina convencional são feitos a partir de substâncias extraídas de vegetais. Na minha opinião e como nunca recorri às medicinas alternativas, não posso exprimir a minha opinião segura sobre estas práticas. Sempre que tenho algum problema vou ao meu médico de família, digamos à medicina convencional. Mas ouvindo algumas pessoas que já utilizaram as medicinas alternativas dizem que se sentem melhor, mas nunca ouvi dizer que ficaram completamente curadas. Caso alguma vez venha a recorrer às medicinas alternativas, considero-as como terapias complementares e não definitivas.

O Nosso Apartamento Quando eu e minha esposa nos casamos, decidimos alugar um apartamento em vez de comprar ou construir. Nessa altura não tínhamos um terreno para poder construir uma vivenda. Com o avançar dos anos o tempo foi passando, a crise gradualmente começou a instalar-se, o sobre endividamento das famílias era cada vez mais evidente, e decidimos não avançar com esse sonho. Alugamos um apartamento na Vila do Paul, num prédio com seis

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 apartamentos e quatro lojas comerciais, na Rua da Igreja. O apartamento tem dois quartos, duas salas, uma casa de banho, uma cozinha, três guarda roupas, duas despensas, e também temos direito a um sótão. O prédio foi construído no inicio dos anos oitenta, notando-se já algumas anomalias que precisam de ser corrigidas pela senhoria. Nomeadamente as varandas que já começa a cair pedaços de cimento. Já se nota em volta das janelas umas fissuras que tenho vindo a reparar alongo dos anos. O chão dos quartos, uma das salas e o corredor são cobertos com tacos de madeira. Os tacos já começam a descolar e por vezes tenho que os colar. As persianas também começam a dar problemas, porque são muito pesadas e é necessário substituir as correias. Portanto na minha opinião e dos moradores do prédio a senhoria devia efectuar obras de melhoramento nos apartamentos. O primeiro passo era colocar janelas que deviam ser constituídas por vidros duplos e caixilharias adequadas, servindo de isolante sonoro e impedindo as perdas térmicas. Substituir os tacos de madeira de todos os andares por azulejos, para evitar que estes de descolem, e os azulejos permitem facilmente a limpeza. Substituir as persianas actuais por persianas de PVC que são mais leves e facilita o levantar e baixar das mesmas. Reforçar e corrigir as anomalias das varandas do prédio para evitar acidentes devido á queda de pedaços de cimento e proteger os peões a passar nos passeios e automóveis estacionados.

Equipamentos Domésticos Em dezasseis de Dezembro de dois mil e sete foi até hoje o ultimo dia que adquiri um electrodoméstico. Adquirimos uma máquina de lavar roupa da marca Samsung modelo WF7700NAW, para substituir a anterior que se tinha avariado. Na compra da máquina de lavar tivemos em conta a capacidade de carga, eficiência energética, mais completo em termos de programação e naturalmente o preço. Ao comprar um electrodoméstico tento comprar qualidade ao melhor preço. A única exigência da minha esposa foi que tivesse a capacidade de carga de sete quilos. Ela escolheu a de sete quilos porque a máquina anterior tinha cinco quilos e lavava pouca roupa de cada vez, o que originava que tivesse que lavar dia sim, dia não. Com a de sete quilos passou a lavar duas a três vezes por semana. Quando lava pouca roupa a máquina tem a opção de meia carga que gasta menos água. Assim poupamos em água e

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 electricidade. As principais características desta máquina são as seguintes. Dispõe de várias velocidades de centrifugação e temperaturas para podermos seleccionar as que melhor satisfazem as nossas preferências. Tem uma porta grande que facilita a colocação da roupa na máquina, por isso, não temos qualquer dificuldade em colocar as peças maiores e mais volumosas na máquina. Além disso, com o design ergonómico da porta, o conseguimos abrir facilmente. Tem um ciclo de lavagem rápida que permite uma lavagem rápida e simples para a roupa pouco suja e de uso diário, de modo a poupar água e electricidade. Tem um painel digital simples, é fácil utilizá-lo sem qualquer dificuldade ou problema. Embora seja fácil de utilizar, o painel digital permitenos fazer ajustes rápidos e exactos ao programa para obter excelentes resultados de lavagem. Também tem a função de final retardado, do qual é possível retardar a fase final do ciclo de lavagem para a hora que deseja-mos que a lavagem acabe, desta forma não precisamos de saber quanto tempo falta ainda para acabar determinado ciclo. Regula a hora em que desejamos ter a roupa lavada. Tem o indicador de processo que mostra o ciclo que está a decorrer, em termos de lavagem, enxaguamento e centrifugação. O indicador do tempo restante mostra-nos quanto tempo que falta para acabar o ciclo. A seguinte tabela mostra as especificações técnicas:

Características Principais Marca Modelo Cor Capacidade de Lavagem RPM Resistência Carga Automática

Samsung WF7700NAW Branco 7Kg 1000 Sim Frontal Totalmente Automática

Eficiência Energética Eficiência Energética Consumo de Energia (kWh) Eficiência de Lavagem Centrifugação Consumo de Agua (l)

A 1.14 kWh A C 54 l

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 Ciclos de Lavagem Standard Normal Lãs Delicados / Lavagem à Mão Apenas Centrifugação Enxaguamento+Centrifugação Lavagem Rápida

Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Opções Inicio Retardado Pré-lavagem Enxaguamento Extra Centrifugação Extra Segurança para Crianças

Sim Sim Sim Sim Sim

Temperaturas Número de Temperaturas Extra quente / Frio Quente / Frio Morno / Morno Morno / Frio Frio / Frio

5 95º 60º 40º 30º 0º

Velocidade de Centrifugação Extra Alta Alta Sem Centrifugação

1000 800 Sim

Gaveta Detergente Número de Compartimentos Pré Lavagem Principal Amaciador Branqueadores

3 Sim Sim Sim Sim

Dimensões Profundidade Largura Altura

60 cm 55 cm 85 cm

Juntamente com a máquina de lavar existia um manual de utilizador. No manual existem informações importantes para uso correcto da máquina de lavar. O manual começa por dar informações sobre segurança, tais como símbolos e precauções de segurança importantes, os cuidados a ter antes de utilizar o electrodoméstico e instruções de segurança. A seguir explica-nos como instalar a maquina de lavar roupa tais como, os cuidados a ter ao

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 desempacotar a maquina, descrição geral da maquina, como seleccionar um local para a sua instalação, como ajustar os pés de nivelarão, como retirar os pernos de transporte, como ligar a mangueira de alimentação de água e qual a posição correcta da mangueira de escoamento. A seguir explica-nos como lavar uma carga de roupa. Neste capitula mostra a descrição geral do painel de controlo, instruções para a primeira lavagem, como colocar o detergente na máquina, como lavar a roupa manualmente e sugestões e soluções de lavagem. A seguir explica como fazer a manutenção da máquina, atais como a limpeza do exterior, limpar o filtro de resíduos e limpeza do filtro de rede da mangueira de água. Explica como resolver alguns problemas que podem surgir. A máquina geralmente quando existe algum problema aparece um código no painel. O manual ajuda-nos a compreender as mensagens de erro, para solucionar esses problemas. Existe uma tabela dos programas para nos ajudar na programação das lavagens consoante o tipo de tecido. Incluído no manual, existe um gráfico de cuidados a ter com os tecidos. O gráfico contém os vários símbolos a ter em conta quando lavamos uma peça de roupa. Para a maioria das pessoas a evolução da lavagem da roupa não têm importância. Eu também tinha algumas dúvidas em abordar este tema na minha autobiografia. Mas após ter efectuado uma pesquisa junto da minha mãe, mudei de opinião e achei um tema bastante interessante. A minha mãe nasceu e foi criada na aldeia de S. Martinho pertencente à freguesia da Barroca. Começou bem cedo a ajudar a minha avó nos trabalhos domésticas por volta dos seis a sete anos de idade. Frequentou a escola até à quarta classe. Conhece bem as técnicas utilizadas para lavar a roupa. Começou por explicar-me que nessa altura era muito difícil, porque a roupa era lavada toda à mão. A roupa era lavada na ribeira. Montavam um lavadouro de pedras e punham uma laje um pouco inclinada por cima e ajoelhavam-se para lavar a roupa. Faziam um pré lavagem à roupa para tirar as nódoas, ou as manchas causadas pela transpiração do corpo, especialmente no verão. Como nessa altura não havia lixívia, então utilizavam as seguintes técnicas;  Punham a roupa ao sol a corar 2 a 3 dias.

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Paulo José Antunes Ascensão 2010  Juntavam água quente com as cinzas dos fornos onde coziam o pão dentro de uma celha, mais tarde em alguidares, mergulhavam a roupa até a água arrefecer. A seguir lavavam a roupa com sabão cor azul ou rosa, e diz a minha mãe ficava branca como a neve. Lavavam a roupa pelo menos uma vez por semana. Mais tarde apareceu a primeira lixívia vendido por vendedores ambulantes com lixívia pura depois misturavam -na com água e vendiam-na ao litro. Mais tarde passou a ser promessa eleitoral a construção de lavadores onde havia vários tanques cada um com seu lavador esta estrutura era fornecida com agua da rede, e a estrutura era coberto com telhas de barro, estando ao abrigo da chuva. Ainda hoje existem nas aldeias utilizado pelos mais idosos que ainda não tem máquinas de lavar roupa ou não evoluíram nesse sentido.

Consumo e Eficiência Energética Em casa tenta-mos adoptar varias formas de poupar energia. Evitamos ter as luzes ou equipamentos ligados quando não são necessários. Aproveitamos toda a energia natural que pudemos. Evitamos perdas de calor e infiltrações, através do isolamento eficaz de portas, janelas, reduzindo a utilização de aquecedores. Quando utilizamos os aquecedores geralmente fechamos a porta da peça onde estamos, e quando o ambiente estiver com uma

temperatura

razoável

desligamos

os

aquecedores.

No

Inverno,

aproveitamos a radiação solar para aquecer a casa. No Verão, evitamos a entrada de raios solares directos. Compramos equipamentos que apresentem a melhor eficiência energética normalmente a classe A. Não deixa-mos os equipamentos em espera, desliga-mos no botão para não gastar energia sem necessidade. Evitamos abrir desnecessariamente a porta do frigorífico e tentamos fecha-lo mais rápido possível para não consumir electricidade desnecessária. Utilizamos a máquina de lavar roupa sempre com a carga completa quando possível poupando água, energia e tempo, embora tenho o sistema de meia carga. Utilizamos, sempre que possível, programas de baixa temperatura na máquina de lavar roupa. Utilizamos o microondas para aquecer e cozinhar apenas pequenas quantidades de comida. Optamos

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por


Paulo José Antunes Ascensão 2010 computadores portáteis porque são energeticamente mais eficientes podendo reduzir o consumo de energia até 90%, em comparação com um computador tradicional. Não mantemos os carregadores na tomada depois de os aparelhos estarem carregados. Para melhorar as suas condições de vida, a humanidade tem vindo a consumir quantidades crescentes de energia. Todos os dias ascendemos a luz e a televisão, guardamos os alimentos no frigorífico, mantemos as casas aquecidas no inverno e frescas no verão, usamos a automóvel, etc. No entanto, não perguntamos de onde vêm a energia que consumi-mos. As fontes que, tradicionalmente, nos proporcionam energia não são inesgotáveis. Chegou o momento de reduzir o consumo, recorrendo a um melhor aproveitamento e desenvolvimento das energias disponíveis, melhorando os rendimentos das máquinas e dos processos industriais ou pensando em novas fontes alternativas. Não podemos esquecer que o consumo excessivo de energia acarreta um aumento da poluição, o aparecimento de chuvas ácidas, o problema dos resíduos radioactivos, etc. Devemos encarar não apenas a poupança de energia como também a defesa do meio ambiente. O problema reside nas energias não renováveis, porque são aquelas que existem em quantidade limitada e, portanto, se esgotam progressivamente com o seu consumo. As fontes não renováveis conhecidas são: o carvão, o petróleo, o gás natural, a energia nuclear. Por exemplo, o carvão mineral é uma fonte não renovável porque se formou ao longo de milhões de anos, a partir de florestas que ficaram enterradas de baixo da terra. Para se voltar a formar carvão, partindo dos bosques actuais, serão necessários milhões de anos e assim o mesmo acontece com o petróleo, o gás natural, etc. Muito se tem feito a nível mundial para resolver este problema, mas à medida que estes recursos forem tornando menos disponíveis e mais caros, o homem terá de optar cada vez mais pelos recursos energéticos alternativos e renováveis. As energias renováveis são aquelas cuja quantidade é inesgotável, por exemplo; a energia solar, a energia eólica, a energia hidráulica, as marés e a biomassa. Na minha opinião não necessitamos de esperar que os governos das várias nações nos resolvam este problema. Cabe-nos a todos, cada um em suas casas pensar o que é que nós podemos fazer para ajudar. Por exemplo, em conversa com

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 alguns moradores do prédio onde moro, gostaríamos que a nossa senhoria instala-se um painel solar. Os painéis solares foto voltaicos são dispositivos constituídos por células solares responsáveis por converter a energia solar em energia eléctrica. As células utilizadas para converter esta energia em electricidade podem ser de três tipos: as células mono cristalinas, as células poli cristalinas, as células de silício amorfo. A conversão directa da radiação solar em electricidade consegue-se com a utilização de materiais semicondutores, com campos eléctricos internos capazes de acelerar os pares electrão lacuna criados por incidência dos fotões solares de forma a gerar uma corrente eléctrica que alimenta um circuito eléctrico exterior. Hoje em dia ter um painel solar na nossa casa ficou mais barato com o programa de incentivo à utilização de energias renováveis por parte do governo que iria permitir ter uma garantia de manutenção e benefícios fiscais de 30% do custo de investimento. A tecnologia solar fotovoltaica apresenta um grande número de vantagens: Não tem peças móveis, o que é muito útil em aplicações em locais isolados. Permite montagens simples e adaptáveis a várias necessidades energéticas. Os sistemas podem ser dimensionados para aplicações de alguns miliwatts ou de quilowatts. A manutenção é quase inexistente: não necessita combustível, transporte, nem trabalhadores altamente qualificados. A tecnologia fotovoltaica apresenta qualidades ecológicas pois o produto final é não poluente, silencioso e não perturba o ambiente.

Orçamentos e Impostos O

nosso

agregado

familiar

é

constituído

por

três

elementos.

Individualmente temos as nossas necessidades, quer a nível de saúde, quer a nível educacional, quer a nível pessoal. Por isso tentamos gerir o nosso orçamento familiar de uma forma simples e eficaz. O nosso objectivo principal ao fim de cada mês é poupar o máximo possível. Temos consciência das nossas receitas e as nossas despesas. As receitas referem-se aos vencimentos, meus e da minha esposa. Como sou vendedor, também são incluídas nas receitas as minhas comissões sobre as vendas efectuadas. Quanto às despesas, dividimo-las em dois tipos, as despesas fixas e as

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 despesas variáveis. As despesas fixas são aquelas que são constantes, ou iguais, todos os meses. As variáveis são aquelas cujo montante pode variar consoante as necessidades. O nosso orçamento é organizado da seguinte forma. O ordenado da minha esposa é utilizado normalmente para pagar as despesas variáveis. Inclui a nossa alimentação, e todas as despesas relativas a ela e da nossa filha, tais como roupa, produtos de beleza, despesas com material escolar, produtos de limpeza, acessórios pessoais, revistas, etc. O meu ordenado juntamente com as comissões, que geralmente ultrapassam o ordenado base, serve para pagar as despesas fixas e também as minhas despesas pessoais, tais como roupa, acessórios, revistas, jornais, etc. Adoptamos este esquema simplesmente para poupar o máximo das minhas receitas. Por vezes, quando é necessário também, ajudo nas despesas da minha esposa. Como no Paul existe só um banco e a minha esposa trabalha no Paul, ela têm uma conta ordenado no Millenium Bcp. Assim, quando tiver que resolver algum assunto, não necessita de deslocar para outra localidade. Como eu trabalho no Tortosendo tenho uma conta ordenado no Santander Totta, e juntamente com a minha esposa temos dois depósitos aprazo e uma conta a forro. Para a conta a forra é canalizado as minhas comissões, porque esta conta permite depositar e levantar o dinheiro quando necessário e ganhar juros ao mesmo tempo. Geralmente esta conta é utilizada para pagar o empréstimo do nosso automóvel, transferindo somente o valor mensal do crédito automóvel. O restante serve para poupar e juntar aos depósitos a prazo os valores acumulados quando estes se vencem. Para pagar o automóvel efectuei um crédito pessoal no banco Santander Totta, porque oferecia um juro mais baixo em relação ao crédito automóvel. O seguinte esquema demonstra como efectuamos o nosso orçamento. Esquema de orçamento familiar Receitas Meu ordenado

0000

Minhas Comissões

0000

Ordenado da minha esposa

0000

Despesas Fixas

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Valores


Paulo José Antunes Ascensão 2010 Renda do Apartamento

0000

Crédito Pessoal

0000

Água

0000

Luz

0000

Gás

0000

Meo

0000

Despesas Variáveis

Dependendo das necessidades

Total de Receitas

0000

Total de Despesas

0000

Total Apurado

0000

Os únicos cartões que eu e a minha esposa utilizamos são cartões de débito. Utilizamos estes cartões para efectuar compras, pagamentos de serviços, consultar os saldos e movimentos das contas à ordem. São muito práticos e seguros. Ao realizar o processo de abertura de uma conta à ordem, podemos adquirir um cartão de débito. Com um simples cartão evitamos de andar com cheques ou grandes quantias de dinheiro. A grande maioria dos comércios já aceita pagamentos através de cartão de debito. Para utilizar o cartão de débito, basta digitar o código pessoal no terminal da máquina. Não utilizamos por norma cartões de crédito, para evitar gastos excessivos e não ultrapassar o nosso orçamento. Muitas famílias recorrem a estes cartões, porque permite adquirir imediatamente um bem pretendido e só efectuar o pagamento no final do mês. O processo de pagamento realizado com o cartão de crédito é fácil e rápido. Após a utilização do cartão, basta assinar o impresso que sai da máquina, ou digitar o código pessoal, no caso do cartão de crédito possuir chip integrado. Na minha opinião desde que as contas sejam bem controladas não há problema em utilizar estes cartões. O problema é que algumas famílias não gerem bem os pagamentos com o cartão de crédito e começam a acumular de tal forma as contas que quando dão por ela já estão numa situação financeira caótica. Por vezes esquecem que têm outros créditos a pagar, como a carro, casa, etc. Um cartão de crédito também tem o problema de segurança, especialmente na Internet. A forma de evitar que nos roubem os

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 dados do cartão de crédito é fazer transacções em websites que estejam identificados com um certificado SSL. Um cartão de crédito tem custos associados como taxas anuais de utilização, ou juros sobre o valor das compras. Se não tiverem um plafond disponível para ser descontado nas mensalidades do cartão de crédito, são acrescidos juros, e o valor das compras pode subir. Por estas e outras razões preferimos não os utilizar. Em relação ao endividamento das famílias Portuguesas na minha opinião começou nos anos noventa. A moeda utilizada nessa altura era o escudo. Nessa altura o nível de vida permitia pagar a alimentação, pagar as despesas da casa, comprar roupas, efectuar créditos para comprar casa, carros, e conseguia-se mesmo assim poupar algum dinheiro. Os juros nessa altura eram muito baixos o que levou muitas famílias adquirir empréstimos sem contar com uma margem de manobra para se algum dia aumentasse os juros estarem mais à vontade com o seu orçamento. Nessa altura na minha opinião o estado devia obrigar os bancos aumentar os juros para barrar o acesso tão eufórico aos créditos. Os bancos nessa altura facilitavam imenso o acesso ao crédito, não acautelando as famílias os perigos que corriam ao efectuar o excesso de crédito. Geralmente quando penso efectuar um crédito tento não ultrapassar os trinta porcento do orçamento para poder estar mais a vontade. Quanto às nossas contribuições para o estado em termos de impostos sobre os ordenados, na minha opinião eu e a minha esposa temos uma carga fiscal quase nula. Passo a explica. Como a minha esposa ganha o ordenado mínimo, durante o ano é lhe descontado apenas onze porcento para a segurança social não sendo descontado qualquer percentagem para o IRS. No meu caso, apenas é descontado dois porcento do meu ordenado para IRS e onze porcento para a segurança social. Como sou trabalhador por conta de outrem usufruindo de ordenado mais comissões, estou inscrito nas finanças como comissionista no regime simplificado de IVA, e sujeito ao regime da categoria B, podendo optar pela categoria A, se as minhas comissões ultrapassarem os dez mil euros anuais. Os nossos rendimentos no total como são baixos geralmente, nos é reembolsado os dois porcento descontado para IRS. Na realidade não fico feliz por descontar pouco, na minha opinião é um sinal que ganhamos pouco. Quanto á carga fiscal sobre os consumíveis e

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 produtos alimentares aí sim é da minha opinião que temos uma carga fiscal demasiado pesada em comparação à nossa vizinha Espanha. Quando trabalhava nas Confecções J. Vaz, Lda., pelo menos uma vez por semana durante mais de três anos, ia a Espanha fazer entregas. O nível de vida neste país, embora também em crise, é estrondosamente muito melhor do que o nosso. Passo a nomear algumas diferenças que na minha opinião podia fazer a diferença em Portugal. Em Espanha, a sobrecarga fiscal dos cidadãos e das empresas é substancialmente menor que a nossa. Isto quer dizer que o estado espanhol cobra muito menos impostos e ao que se sabe presta melhores serviços. Quer seja por melhor organização, menor despesa de estado ou maior rentabilidade, a verdade é que o estado espanhol vive proporcionalmente com muito menos que o nosso, dando melhor qualidade de vida aos seus cidadãos. Como sabemos os salários em Espanha são muito superiores aos nossos e dado que o seu custo de vida não é na mesma proporção superior ao nosso, esta situação permite um bem-estar que em Portugal não existe. A rentabilidade da economia espanhola é muito superior à nossa. Os trabalhadores fazem em média menos horas de serviço com maior salário. Em Portugal infelizmente os portugueses em geral auferem de salários muito baixos, para o nível de vida que temos. Se todos ganhassem salários dignos, consumíamos mais, gerávamos mais riqueza, criavam-se mais postos de trabalho, pagávamos mais IRS, e assim as receitas do estado aumentariam, todos vivíamos muito mais felizes. O euro é a moeda oficial de 16 dos 27 países da União Europeia. O euro existe na forma de notas e moedas desde 1 de Janeiro de 2002. Um euro divide-se em 100 cêntimos, existindo notas de 5, 10, 20, 50, 100, 200 e 500 euros e moedas de 1, 2, 5, 10, 20 e 50 cêntimos e de 1 e 2 euros. Cada moeda em circulação tem uma face comum e uma face que depende do país para que foi cunhada. As notas de euro são idênticas, mas é possível identificar facilmente a sua origem pela letra que antecede o número de série que 15 dos 16 membros do Euro usam, (E - Eslováquia; F - Malta; G - Chipre; H Eslovénia; L - Finlândia; M - Portugal; N - Áustria; P - Países Baixos; S - Itália; T - Irlanda; U - França; V - Espanha; X - Alemanha; Y - Grécia; Z - Bélgica).

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Paulo José Antunes Ascensão 2010 No inicio com a entrada do euro eu e minha esposa, compramos para cada um, uma mini calculadora para nos ajudar na conversão do escudo para o euro. Introduzíamos o valor em escudos e automaticamente aparecia o valor em euros. Foi fácil a nossa adaptação á moeda única. A informação e esclarecimentos que nos era transmitido nessa altura sobre as vantagens para Portugal com a entrada da nova moeda, ajudou-nos a criar elevadas perspectivas para o futuro. Pensamos nessa altura que seria uma mais-valia para melhorar o nosso nível de vida. Em relação aos mais velhos, nomeadamente os meus sogros, tiveram alguma dificuldade em compreender a nova moeda, em aplicar a taxa de conversão, já que estavam habituados ao escudo, a nova moeda trouxe-lhes alguma confusão. Mas com o tempo e algumas explicações foram-se adaptando à nova realidade. Certamente que houve vantagens com a nossa entrada na moeda única nomeadamente, para o turista visto que deixou de ser necessário trocar a nossa moeda pela dos outros países da zona euro. Facilitou a comparação dos preços dos mesmos produtos nos vários países, ou seja há mais transparência. As empresas têm maior capacidade para competir no mercado internacional com a moeda dos Estados Unidos, (o dólar) e a do Japão, (o iene). A eliminação das taxas de câmbio e a eliminação dos custos de transacções de câmbio, tudo isto contribui para um aumento no comércio entre os países da Europa. Com uma única moeda, trabalhar noutro país é menos incómodo para as pessoas porque os salários são pagos na mesma moeda usada no seu país. Permite obter empréstimos bancários mais favoráveis porque os juros são mais baixos. A economia de cada país torna-se mais estável e essa estabilidade gera confiança e leva as pessoas a investir mais. Sobretudo permitiu o fortalecimento da União Europeia, dando-lhe um maior peso a nível mundial. Mas na verdade se existem estas vantagens, também existe uma das maiores desvantagens com a nossa entrada na moeda única, especialmente para os Portugueses. Pressa se começou a detectar o aumento do custo de todos os bens essenciais. Na minha opinião, o problema reside no facto de que os ordenados não acompanharam a subida generalizada dos preços, ou seja os portugueses perderam poder de compra. E é esse o sentimento geral dos meus amigos, familiares e de pessoas com quem eu lido no dia-a-dia.

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