2 minute read

O RICO PATRIMÓNIO RELIGIOSO VAREIRO

A Igreja Matriz de Ovar e a Capela do Calvário serão, porventura, os exemplos mais destacados da arquitectura religiosa vareira

No inventário monumental e artístico de Ovar sobressai o espólio religioso, constituído pela igreja matriz (século XVII-

Advertisement

-XIX), Capelas dos Passos (XVII) e outros templos, bem como as preciosas imagens e alfaias litúrgicas, algumas das quais patentes no Museu de Ar te Sacra da Ordem Terceira de São Francisco.

A devoção dos Passos em Ovar vem de 1572 e à respetiva confraria concedeu o Papa Inocêncio X, em 1642, um Breve de Indulgências. Eram seus protetores, nessa época, os Condes da Feira, que lhe ofereceram um riquíssimo Relicário Processional (ainda em uso).

O valiosíssimo património artístico da confraria vem, sobretudo do século XVIII, período durante o qual lhe foi concedido o real de água para a construção das capelas.

Destas, realce para a do Calvário, com mais de vinte figuras. Destaca-se, pela nobre expressão dolorida, a imagem de Cristoo mestre Teixeira Lopes apontou-a como uma das melhores da Península Ibérica.

Espetaculares são, ainda, a fachada da capela e o escadório de acesso disposta em patamares sucessivos. No interior, há outras duas imagens a não perder de vista: São Pedro, titular de uma anterior capela que se situava no fundo do escadório, e Santo Agostinho, a lembrar uma antiga irmandade de clérigos. Além da igreja matriz, de aspeto grandioso, dignas de visita são a Capela da Senhora da Graça (1895), a Capela de Santo António (século XVII-XVIII), a Capela de São Lourenço e a Capela da Família Nunes da Silva (ambas em ruínas), a Capela da Senhora do Parto e a Capela da Misericórdia, com a imagem da Senhora do Leite, em pedra (século XV).

Se a este vasto património juntarmos as igrejas matriz de Válega e de Cortegaça, consideradas das mais belas de Portugal, o roteiro fica quase completo.

Não admira que a candidatura da Paróquia de Ovar para integrar a Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa tenha sido aprovada em tempo recorde por um comité internacional, que reconheceu estas procissões e capelas, com cinco séculos de história, como património dessas tradições católicas.

Segundo revelou o pároco Victor Pacheco, a rede é dirigida por instituições de vários países - entre os quais Espanha, Itália, Malta e Eslovénia - e foi criada para coordenar a investigação em torno das práticas europeias mais simbólicas da Semana Santa, para que essas possam vir a constituir um dos itinerários culturais tutelados pelo Conselho da Europa.

"Quadros Vivos de Caravaggio" é um espetáculo que cruza teatro, música clássica e pintura barroca, numa interpretação em palco e em tempo real de 21 obras do mestre pintor de origem italiana.

Depois de uma primeira edição em Lisboa, e de seus sessões, em dezembro, na Igreja de Santo Ildefonso, no Porto, “Quadros vivos de Caravaggio” apresentou-se na Igreja Matriz de Ovar, no domingo, dia 12 de março, no âmbito das comemorações da Quaresma e Semana Santa ovarense. A produção do espetáculo é 100% portuguesa, com dramatização encenada por Ricardo Barceló, que reúne cinco atores que dão vida aos quadros de

Caravaggio através da expressividade física e facial, das poses e dos trajes, intercalando entre movimentos delicados e estudados.

O espetáculo tem a duração de uma hora durante a qual Ricardo Barceló recria em palco uma dramatização completa de uma sequência de obras do pintor Michelangelo Merisi da Caravaggio, que se vai construindo e desconstruindo, acompanhada de música sacra da época (Requiem), trabalhadas com luz por forma a emular o efeito luminoso característico das obras do pintor italiano.

This article is from: