Pampulha - Sáb 27/07/2013

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pampulha jornalpampulha.com.br BELO HORIZONTE 27 de julho a 2 de agosto de 2013

SAÚDE EM FOCO

Remédio

VIDA SAUDÁVEL

só para quem precisa dele

Dr. Telmo Diniz

(CRM-MG 25.398)

telmo.diniz@jornalpampulha.com.br LEO FONTES

Autora diz que médicos receitam antidepressivos quando não há real necessidade Usuária de antidepressivos na adolescência e na vida adulta, a autora Katherine Sharpe lança o livro “A Cura da Infelicidade – Como os Antidepressivos Melhoram, Pioram e Moldam a Vida de Milhões de Pessoas”. A obra trata de como é crescer tomando antidepressivos e “pretende ser uma descrição fiel de uma atividade que se tornou extremamente comum (...), mas que ainda gera sentimento intensos, complicados e conflitantes”, escreve a autora. Além do tratamento da depressão, os antidepressivos também são usados para Dúvidas combater casos de Sharpe lança questões transtorno de ancomo a necessidade siedade generalido uso regular de zada, transtorno antidepressivos e o por estresse pós fato deles mascararem traumático, sína personalidade drome do pânico e do usuário de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Eles também podem ser usados para pressivos, então, são prescricontrolar um comporta- tos para equilibrar essas emomento extremamente im- ções que, se exageradas, acapulsivo em jovens, segundo bam atrapalhando”, afirma. Fernando Silva Neves, professor do Departamento de Saúde Mental da Universi- PERSONALIDADE dade Federal de Minas GeKatherine descobriu que rais (UFMG). certas inseguranças são co“Os antidepressivos muns entre os usuários de atuam no córtex pré-fron- antidepressivos. “Esses e outal, região do cérebro que tros remédios podem fazer controla o excesso das emo- algumas pessoas – especialções”, explica. Se essa re- mente as mais jovens – sentigião não está funcionando rem que não são elas mesadequadamente, a pessoa mas, ou que não sabem realacaba se deixando tomar pe- mente quem são”, conta. las emoções. “Os antide- Contudo, a autora garante

Sherlock Holmes

O

Raquel Sodré (*)

que o sentimento não condiz com a realidade. “Os medicamentos não mudam quem nós somos, ou nos tornam mais ou menos como nós mesmos. Quando eu tomava antidepressivos, sentia que, em momentos de depressão profunda, o remédio definitivamente me ajudava a ‘sair do buraco’ e a colocar a cabeça novamente no lugar”, relata Katherine. Neves concorda. “Os antidepressivos deixam as pessoas menos impulsivas, um pouco menos emotivas e mais racionais, o que eu avalio, geralmente, co-

mo positivo”, analisa. O médico ressalta, ainda, que tristeza e depressão são coisas diferentes e requerem abordagens diferentes. “A tristeza tem um conteúdo, a pessoa sabe por que está triste. Nesses casos, não tem que tratar com antidepressivo”, comenta. Segundo ele, o momento de procurar ajuda é quando a pessoa sente que os sintomas estão atrapalhando a vida, as relações interpessoais e o rendimento no trabalho ou na escola. * Especial para o Pampulha

corpo humano é uma engrenagem completa e complexa, com diversas variantes e nuanças. Só e somente só o clínico geral poderá desvendar problemas de tal complexidade. O clínico geral é como se fosse o Sherlock Holmes da medicina, cabendo a ele seguir as pistas dada pelo paciente para chegar à conclusão, ou seja, ao diagnóstico e, finalmente, tratamento direcionado ao problema. E digo mais: a função do clínico vai além de fazer um diagnóstico para tratar uma doença. Ele deve, acima de tudo, manter firme o propósito de seguir as pistas para praticar a boa velha prevenção. Diagnosticar e prevenir é, sem dúvida, o principal papel do clínico. Um clínico bem preparado é capaz de diagnosticar quase a totalidade das patologias. Estudos mostraram que, com uma boa entrevista (anamnese), o médico obtém o diagnóstico antes mesmo do exame físico e exames laboratoriais, podendo chegar à casa dos 80 % dos casos. O especialista só será acionado nos casos em que o clínico veja que determinada patologia seja vista de forma mais aprofundada. Também conhecida como medicina interna, é ela a responsável por diagnosticar e tratar grandes quadros sintomáticos em adultos, particularmente os polissistêmicos, ou que abrangem diversos órgãos, de acordo com uma perspectiva global e integrada a outras especialidades. Para um paciente que apresenta patologias múltiplas ou de difícil diagnóstico, esta é a especialidade médica mais adequada, pois o clínico possui uma visão abrangente do paciente, assegurando a integração dos cuidados, recorrendo, quando necessário, à opinião de especialistas de outras áreas. O clínico desempenha uma ampla atividade, que inclui: estudo e orientação inicial dos doentes; solicitação de exames de saúde regularmente; diagnóstico e tratamento de grande parte das doenças de adultos; acompanhamento e tratamento do doente crônico; orientação de pacientes que apresentam quadros complexos, com patologias raras e múltiplas, juntamente com a participação de outros especialistas, quando for necessário; entre outras atribuições. A clínica geral é considerada a “mãe” de todas as especialidades médicas e tem fundamental importância no papel de coordenação científica de todas as atividades em nível hospitalar e ambulatorial. Daí, também, sua relevância para os estudantes de medicina. A boa relação médico-paciente se baseia em uma estrita relação de confiança. O paciente que confia em seu médico certamente fará o tratamento proposto. E o clínico pode ser a “porta de entrada” para um relacionamento de anos. Acho que todas as famílias deveriam ter o seu Sherlock Holmes à mão. Certamente, vamos precisar dele, cedo ou tarde. Boa semana a todos.


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