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pampulha jornalpampulha.com.br BELO HORIZONTE 25 a 31 de maio de 2013
SAÚDE EM FOCO
Automedicação pode causar danos a órgãos
(CRM-MG 25.398)
telmo.diniz@jornalpampulha.com.br
Aposentadoria faz mal?
O
Camila Bastos (*)
RISCOS Para o presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), regional Minas Gerais, Breno Figueiredo Gomes, a intoxicação está entre os principais riscos da automedicação. Ele também alerta para a intensificação dos efeitos colaterais, como ocorre no caso de superdosagem e mistura de medica-
Dr. Telmo Diniz
DENILTON DIAS
Estudo da UFMG alerta que o fácil acesso a drogas sem receita é perigoso O hábito de tomar remédios sem recomendações médicas pode trazer sérios prejuízos à saúde do fígado. O órgão é responsável por processar essas substâncias e acaba sobrecarregado quando a dosagem não é a adequada. A intoxicação e até a morte do fígado são possibilidades. O alerta vem em um artigo que o professor do Departamento de Morfologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gustavo Menezes escreveu junto com os alunos Pedro Elias Marques e André Gustavo Oliveira. O texto trata de remédios de fácil acesso, utilizados, por exemplo, para dor de cabeça, cólica ou resfriados, e as pesquisas do professor são focadas no paracetamol, princípio ativo presente em muitos desses medicamentos. “É um analgésico antitérmico vendido amplamente em farmácia e sem receita, presente na maioria dos antigripais”, diz Menezes. O professor também destaca que ele é indicado para mulheres grávidas ou em amamentação e em casos de dengue. “O alerta maior é para que as pessoas acreditem que, mesmo um medicamento muito seguro, não deve ser usado da maneira que a pessoa acha. Quem toma não deve ouvir fóruns de internet, conselhos de pessoas que não sejam o médico. Isso é muito perigoso”, resume o professor.
VIDA SAUDÁVEL
Sem controle Mesmo tendo consciência de que não deveria tomar remédios sem indicação médica, a empresária Maria das Graças é adepta da automedicação
mentos. Além disso, quando há a automedicação, muitas vezes, a pessoa acaba to-
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O alerta maior é para as pessoas acreditarem que mesmo um medicamento seguro não deve ser usado da maneira que a pessoa acha Gustavo Menezes, professor
mando o remédio errado. A empresária Maria das Graças Barros, 68, é adepta da automedicação. Ela diz que tem consciência de que não deveria tomar remédios sem indicação médica, mas conta que a insatisfação com o sistema de saúde faz com que ela evite procurar o profissional. “Uma vez, tive herpes no quadril, uma doença séria, e fiquei quatro horas na sala de espera. Então, quando tenho uma dor de cabeça, já tomo o remédio”, diz. A empresária também conta que, durante o surto de dengue, a filha levou o neto com suspeita da doença para uma unidade de saúde. “O hospital estava um caos. A própria enfermeira chamou ela e falou: ‘Volta para casa, trata ele com paracetamol e hidrata muito’. Minha filha fez isso”, lembra Maria das Graças. * Especial para o Pampulha
SINTOMAS Pesquisador da UFMG, Gustavo Menezes relata os principais sintomas no caso de intoxicação - Confusão mental - Dores abdominais - Modificação da cor da pele para um tom amarelado (sinal de que o fígado não está metabolizando o remédio corretamente) O médico Breno Figueiredo Gomes explica o que fazer nessas situações: - Não forçar vômito (se necessário, deverá ser feito no ambiente hospitalar) - Procurar o serviço de emergência médica urgente - Se possível, levar a embalagem do remédio ingerido, para que os médicos saibam como neutralizá-lo
termo aposentadoria refere-se ao afastamento remunerado que um trabalhador faz de suas atividades após cumprir com uma série de requisitos estabelecidos por lei, a fim de que ele(a) possa gozar dos benefícios de uma previdência social e/ou privada. Recentemente saiu um estudo apontando que a aposentadoria traria prejuízos à saúde das pessoas. O estudo em questão, publicado pelo Institute of Economics Affairs (IEA), com sede em Londres, em parceria com a entidade beneficente Age Endeavour Fellowship, comparou aposentados com pessoas que continuaram a trabalhar, mesmo após terem alcançado a idade mínima para a aposentadoria, e também levou em conta possíveis fatores e descobriu que a aposentadoria leva a um “drástico declínio da saúde”, no médio e longo prazos. A pesquisa sugere que as pessoas devam trabalhar por mais tempo não só por razões financeiras, mas também por uma questão de saúde. Segundo a pesquisa, a aposentadoria pode aumentar em 40% as chances de desenvolver depressão, enquanto aumenta em 60% a possibilidade do aparecimento de problemas físicos, em especial os cardiovasculares. Os pesquisadores sugerem que os governos deveriam desregular as aposentadorias e permitir que as pessoas trabalhassem por mais tempo. E que com isso haveria uma desoneração previdenciária e de quebra melhoraria a saúde das pessoas. O estudo, focado na relação entre atividade econômica, saúde e política pública na Grã-Bretanha, sugere que há uma pequena melhora na saúde imediatamente depois da aposentadoria, mas constata um declínio significativo na saúde desses indivíduos no longo prazo. A explicação é que, possivelmente, as pessoas não se prepararam para o envelhecimento. As pessoas trabalham sempre pensando no amanhã e se esquecem de viver “o agora”. Aposentaria representa para grande parte da pessoas que o amanhã chegou. Como estão condicionadas a viver em função do futuro, isso acaba desestruturando sua existência. A vida passa a ficar sem sentido. É preciso entender que aposentadoria é um prêmio pelo esforço de anos de trabalho. Nunca deveria ser um causador de doenças. Ela é o reflexo de como se encara a vida no decorrer do desempenho profissional. O trabalho é apenas mais uma função que se desempenha e quando a aposentadoria chega, o indivíduo deve canalizar suas energias para outro foco. Com isso, esse “descanso” passa a ser oportunidade de realizar projetos abandonados por falta de tempo, como o estudo de um novo idioma, fazer uma grande viagem, ou mesmo se dedicar a trabalhos voluntários. O que as pessoas devem entender é que o trabalho que ela desenvolve durante a vida profissional terá de ser substituído por outras atividades que estimulem o intelecto e o corpo. A vida é movida por sonhos e desafios. O cérebro necessita ser estimulado. Portanto, a recomendação é que todos aprendam a dividir bem seu tempo. Aproveite o período profissional desenvolvendo paralelamente outras atividades que deem prazer. Com a aproximação da aposentadoria, crie novas metas a serem conquistadas. Com isso, o afastamento da vida profissional não significará o fim, mas um recomeço. Boa semana a todos.