O Saquá 173 - Meio Ambiente

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10 anos sem o líder Brizola  PÁGINA 2

Ano XIV • nº 173 • 1 a 30 de junho de 2014 • Saquarema • Rio de Janeiro

www.osaqua.com.br • Diretora: Dulce Tupy

EDIÇÃO ESPECIAL DE MEIO AMBIENTE

O secretário de Meio Ambiente de Saquarema, Gilmar Magalhães

DANIEL SMORIGO - ASP

A sustentabilidade dos campeonatos de surfe

EDIMILSON SOARES

Fortalecendo o Meio Ambiente U

m município precisa de uma política de meio ambiente para atender à legislação vigente, através de um órgão de planejamento que também formule, coordene, execute, avalie e fiscalize ações ambientais desenvolvidas no município. O secretário municipal de Meio Ambiente, Gilmar Magalhães, é o responsável por essa gestão ambiental e, em entrevista ao jornal O Saquá, falou sobre os desafios de conduzir uma secretaria que, além do licenciamento ambiental, promove medidas de preservação e pela defesa da qualidade de vida no município. Páginas 4 e 5

Pré-sal avança em nossa direção

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produção do petróleo e gás na área do Pré-sal continua acelerada, devido a novos poços que vão sendo descobertos e a novas tecnologias. Assim, a Bacia de Santos está ampliando suas atividades no litoral paulista e fluminense, através de pesquisas, testes e novos empreendimentos. Uma audiência pública em Maricá reuniu representantes dos municípios da Região dos Lagos, para a apresentação do resultado do Estudo do Impacto Ambiental e do Relatório do Impacto Ambiental (EIA-RIMA) da Etapa 2 das Atividades de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural do Pólo Pré-sal da Bacia de Santos. Saquarema esteve presente com uma delegação de cerca de 18 pessoas, entre elas o ex-vereador Zequinha de Jaconé. Página 6

O paulista Wiggolly Dantas foi o primeiro colocado e garantiu a boa performance dos surfistas brasileiros

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Quiksilver Saquarema Prime foi um espetáculo sobre as ondas que resultou na vitória do paulista Wiggolly Dantas, um brasileiro no pódio sempre muito disputado pelos estrangeiros. Esporte aliado ao meio ambiente e à sustentabilidade, os campeonatos de surfe que estão sendo realizados em Itaúna fortalecem as ações de educação ambiental em zonas costeiras, praias e oceanos. Página 7

O resgate da Colônia de Pescadores

DULCE TUPY

Atleta de SUP navega pelo litoral do país Página 8

EDIMILSON SOARES

AVENTURA

Matheus da Colônia de Pescadores

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sustentabilidade pesqueira faz parte da conservação dos recursos naturais e é possível encontrar esse equilíbrio promovendo o apoio social à pesca artesanal. Em Saquarema, o vereador Matheus, presidente da Colônia de Pescadores Z-24, deu entrevista ao jornal O Saquá contando um pouco da história e da realidade da pesca da região. Afinal, a pesca artesanal é aliada à proteção ambiental e às políticas públicas que favorecem essa relação, estimulando a manutenção das condições de trabalho dos pescadores, promovendo a preservação ambiental e as tradições locais. Página 3


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O SAQUÁ

Dia Mundial do Meio Ambiente celebrando a defesa da vida

Desalento com Brasil de hoje remete ao “Brizola na cabeça”

Dulce Tupy

Silênio Vignoli

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Dia Mundial do Meio Ambiente foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em dezembro de 1972, na abertura da Conferência de Estocolmo sobre Ambiente Humano. A Conferência reuniu 113 países e 250 organizações não governamentais, em torno do tema da degradação do planeta. Nesta ocasião, criaram-se instrumentos de defesa da humanidade e do meio ambiente, documentos e um plano de ação. Foram discutidos a poluição do ar, do solo e da água, o desmatamento, a diminuição da biodiversidade e da água potável, a destruição da camada de ozônio e das espécies vegetais e florestas, a extinção de animais, entre outras temáticas. Comemorado anualmente no dia 5 de Junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente celebra a preservação ambiental, destacando o lado humano das questões ambientais, capacitando pessoas para se tornarem agentes ativos do desenvolvimento sustentável, promovendo mudanças de atitudes em relação ao uso dos recursos ambientais que são finitos, buscando parcerias para que a humanidade desfrute um futuro próspero e seguro para todos e todas. A partir de 1974, o Brasil iniciou um trabalho de preservação ambiental, através da Secretaria Especial do Meio Ambiente, e também passou a comemorar o Dia Mundial do Meio Ambiente. Em 2014, o foco do Dia Mundial do Meio Ambiente foi a mudança climática e o tema foi “Aumente sua voz, não o nível do mar”. Segundo especialistas da ONU, o nível dos mares aumentou de 10 a 25 cm nos últimos 100 anos,

devido ao aquecimento global que degela as camadas polares feitas de gelo. O aquecimento ocorre como consequência da emissão de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito estufa, responsável por 85% do aumento da temperatura do planeta nos últimos 10 anos. No momento em que o Meio Ambiente se apresenta vulnerável diante de fenômenos como o aquecimento global, o aumento do nível do mar, as enchentes, os deslizamentos, a seca e furacões, é preciso refletir sobre a necessidade de ações que levem efetivamente à defesa da vida. Neste sentido, o jornal O Saquá publica pela primeira vez uma edição especial, voltada para o meio ambiente, com entrevistas e reportagens que demonstram o que vem sendo feito na área ambiental em Saquarema, na pesca, secretaria municipal de meio ambiente, na Mata Atlântica, no surfe, como busca de uma vida saudável, e outras variações sobre o mesmo tema. Também publicamos o artigo do editor adjunto do jornal O Saquá, Silênio Vignoli, sobre o ex-governador Leonel Brizola, que criou o PDT (Partido Democrático Trabalhista), primeiro partido político no Brasil a contemplar em seu estatuto a defesa do meio ambiente como uma de suas prioridades, ao lado da defesa das mulheres, dos negros e portadores de deficiência. E mais: uma reportagem sobre a Audiência Pública promovida pela Petrobrás, em Maricá, sobre a Etapa 2 do Pré-sal. Assim, esperamos estar contribuindo com o debate sobre a questão ambiental, tão importante mas ainda encoberta pela carência de informação, cumprindo desta forma uma função social relevante para o município.

A natureza é a casa que abriga o nosso existir

O SAQUÁ O jornal de Saquarema

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o registrarmos os 10 anos do Brasil sem Brizola, ressaltando seu legado político, não estamos apenas tratando de memória, de história, mas destacando as ideias que este coerente líder defendia para impedir as manobras e casuísmos num país onde a classe dominante, defensora do neoliberalismo, bloqueia o direito da nação tornar-se soberana e socialmente justa. Nunca se saberá se a reação ao golpe civil-militar de 1964 proposta por Brizola, mas abortada com a desistência de João Goulart para lutar, poderia ou não ter dado outro rumo ao Brasil. Mas a liderança de Brizola cresceu e ganhou expressão suficiente para extravasar os limites do Rio Grande do Sul. Iniciada em 1962, quando se elegeu deputado federal pelo então Estado da Guanabara, essa trajetória ganhou dimensão, em 1982, com uma retumbante vitória para governador do Estado do Rio de Janeiro, quando adotou na campanha o contundente slogan “Brizola na cabeça”, com o duplo sentido de “na mente” e “no total de votos recebidos”. No governo do Estado do Rio de Janeiro, mais uma vez Brizola adotou como prioridade a Educação, daí surgindo o consagrado projeto dos CIEPs, reconhecido mundialmente, elaborado pedagogicamente por Darcy Ribeiro e arquitetonicamente por Oscar Niemeyer, incluindo uma fábrica de pré-moldados que permitia a instalação de uma escola a cada 120 dias. Foi o primeiro passo para a consolidação do chamado

Editora: Dulce Tupy – dulcetupy@osaqua.com.br Editor adjunto: Silênio Vignoli Diretor comercial: Edimilson Soares Diretora de arte: Lia Caldas / Subito Creative - www.subito.cr Colaboradores autônomos: Alessandra Calazans (redação e revisão), Michele Maria (redação e revisão), Agnelo Quintela, Paulo Lulo e Pedro Stabile (fotografia)

Jornalista Responsável: Dulce Tupy (registro:18940/87/62)

“Socialismo Moreno”, mostrando ao país que um outro Brasil é possível, mesmo lamentando que os governos posteriores tenham destruído esta maravilhosa obra porque prejudicava os cofres dos poderosos proprietários da rede particular de ensino. Um outro fato marcante, na passagem de Brizola pelo poder no Estado do Rio de Janeiro, foi a criação de pagamento do 13º salário para o funcionalismo público estadual, pela primeira vez em todo o país. Nenhum funcionário público no Brasil, nem os federais, recebia o 13º salário. Foi uma pancada forte que, imediatamente, a União, os demais Estados e os Municípios tiveram que adotar também, rebocados por Brizola que passou a não ser mais deste ou daquele Estado... O golpe de 64 interrompeu a carreira política de Brizola, mas não conseguiu apagar a sua liderança reconhecida como a de um grande estadista, inclusive fora do Brasil. Brizola representava a esperança para o povo pobre e despossuído, que ainda tinha na lembrança o nome de Getúlio Vargas e tudo mais que ele representou para os trabalhadores. Brizola era um político que não temia assumir suas ideias e enfrentar as forças que fossem, como fez até depois da abertura política, quando se tornou um pedra no sapato dos ex-ditadores e da elite golpista, cujo porta-voz era a TV Globo, na pessoa de seu proprietário Roberto Marinho, com quem manteve uma emblemática batalha, fazendo-o engolir um memorável direito de resposta no telejornal de maior Ibope, o Jornal Nacional.

Há 10 anos, o Brasil perdia uma liderança histórica

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Matheus, de presidente da Colônia de Pescadores a vereador de Saquarema FOTOS: EDIMILSON SOARES

Filho e neto, pai e avô de pescadores, Matheus da Colônia retomou a sede, trouxe o defeso e resgatou a tradicional Festa de São Pedro

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le nasceu e sempre viveu em Saquarema. Filho e neto de pescadores, tem filho e neto que pescam também. Presidente da Colônia de Pesca Z-24, cumprindo seu primeiro mandato como vereador, Matheus é um líder nato, que mudou os rumos da Colônia, quando ela estava prestes a sucumbir, depois de ter perdido a sede, situada numa rua às margens da Lagoa de Saquarema, devido a uma causa trabalhista, que envolvia um dentista e outros funcionários. Nesta ocasião, a imagem de São Pedro, cultuado como santo padroeiro dos pescadores, ficou um período na casa de Matheus, outro período em Itaúna, perambulando pra lá e cá. Sem sede, a Colônia funcionou precariamente numa salinha nos fundos do Posto de Saúde, ao lado da Defesa Civil, vizinha à Capela Velório. Funcionou também em curto tempo num pequeno entreposto construído na margem da Lagoa de Saquarema, mandado destruir pelo Ministério Público, por estar em lugar impróprio para construções. Junto com um grupo de pescadores, Matheus

então conseguiu com o governo do prefeito Antônio Peres, aliado do deputado Paulo Melo, a devolução da sede da Colônia onde estava funcionando uma boate, no prédio arrendado pelo proprietário do imóvel. Em 29 de junho de 2003, dia de São Pedro, Matheus e os pescadores receberam de volta as chaves da sede da Colônia. Foi mais uma luta que os pescadores de Saquarema tiveram que vencer. Fundada em 1936, a Colônia já tinha sofrido um grande embate, quando as Colônias de Saquarema e de Itaipu foram unificadas à Colônia de Pescadores de Maricá, ficando sem autonomia. Matheus, que quando menino estudou o primário com a professora Quiqui, esposa do pescador e poeta José Bandeira, na sede da Colônia de Pescadores, não se conformou e acompanhou de perto esta situação em que sua família e outros

A sede da Colônia de Pescadores Z-24 hoje restaurada e preservada para os pescadores e suas famílias, onde se realizam as reuniões e assembleias, as festas de Natal e os preparativos que antecedem a procissão dos barcos, nos festejos em homenagem a São Pedro

pescadores locais lutaram para reconquistar a condição de Colônia de volta para Saquarema, um patrimônio do município. “Mesmo pequeno, eu acompanhei tudo, quando o Inácio pegou a Colônia e fez das 3 colônias - Itaipú, Maricá e Saquarema – uma colônia só! Ele destruiu nossa Colônia; nós viramos capatazia; um escritório de Maricá. Mas eu tenho um livro que comprova que Saquarema tinha Colônia desde 1936. Lá tem escrito os nomes do meu avô Matheus, meu pai Anolfo e meu tio Ito. Nós somos uma família de pescadores, de tradição. Aí vieram o Adalto, o Claudir e o Biunga, para resgatar a Colônia de volta. Naquela época, tinha o Expresso Saquarema, de Totinha, que cedia o ônibus para a gente ir lá brigar pela nossa Colônia...” recorda Matheus. Eleito presidente da Colônia de Pesca em 2001, Matheus se

Os pescadores abraçaram a causa da pesca

dedicou aos pescadores, participando das audiências no Rio e em Brasília, aprendendo aos poucos sua função e consolidando sua liderança. Apesar de ter “pouco estudo”, como ele mesmo diz, considera que o mais importante é trabalhar “em cima do certo”. Com Matheus, os pescadores abraçaram a causa da pesca. De 2001 a 2002, foi feita a Barra Franca, que não se tornou um canal navegável, mas garantiu que não tivesse mais mortandade de peixes na lagoa. Nesse mesmo período, os pescadores ganharam do governo municipal uma capelinha de São Pedro, instalada na Praça dos Pescadores, em frente à Padaria da Ponte e resgataram a Festa de São Pedro, fazendo bingos e com a bandeira do santo percorrendo as casas dos pescadores... “Registrei a Colônia no Ministério do Trabalho porque ela não era registrada e, em 2006, a gente conseguiu o defeso do camarão e da sardinha. Depois perdemos o defeso do camarão e da sardinha porque, no entendimento do Ministério da Pesca, o defeso é apenas para quem tem embarcação grande e em Saquarema a pesca é artesanal.

Mas continuamos trabalhando, com apoio do Paulo Drude, da EMATER-RJ. Fizemos um projeto com a Petrobras, o PEISPA – Projeto de Integração Social da Pesca Artesanal de Saquarema. Foi uma parceria de 3 anos. Levantamos a Colônia, que estava toda destruída, com mais de 15 mil reais de luz cortada pela antiga CERJ, não tinha poste, estava quebrada, vazando água. E resgatamos também a festa de São Pedro, com a procissão de barcos pela lagoa”, continua Matheus, em sua sala na Colônia de Pescadores. Atuando em parceria com os governos municipal, estadual e federal, Matheus é parte de um processo de ascensão dos pescadores no Estado do Rio de Janeiro, como em Iguaba Grande onde também o ex-presidente da Associação de Pescadores, o Leandro, foi eleito vereador. Em Paraty, o Vidal, que chegou à Superintendência da pesca do Estado do Rio de Janeiro, hoje sonha em ser prefeito. É a pesca se organizando, lutando agora também por uma melhor distribuição dos royalties do petróleo, o ouro negro que brota no mar. Mas aí já são outros quinhentos...


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Dr. Gilmar Magalhães, um ambiente inte

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le é natural de Saquarema, assim como seu pai e sua avó. Nascido em Rio de Areia, o engenheiro Gilmar Magalhães é filho de um pequeno sitiante, Menaldo Carlos de Magalhães, hoje nome de uma escola no Asfalto Velho, que trabalhou num posto de gasolina, o antigo Texaco, na rodovia, hoje Ipiranga, e depois num restaurante como balconista, até montar seu próprio negócio, vendendo tecidos, viajando o estado todo. Mas foi como motorista de caminhão, carregando pedra de São Pedro da Aldeia para Saquarema que ele se consolidou até entrar na política e ser eleito vice-prefeito junto com o prefeito Valquides de Souza Lima. Gilmar Magalhães, o popular Gima, estudou no Colégio Oliveira Viana, em Bacaxá, no Alfredo Coutinho, em Saquarema, e no Colégio Araruama. Como queria fazer engenharia, foi estudar em Niterói, onde dividia apartamento com Joedson, filho do ex-prefeito Jurandir Melo, então prefeito de Saquarema. Assim como o colega Joedson, Gima passou para o curso de Engenharia da Veiga de Almeida, completado em 5 anos, com muita luta. Quando se formou, voltou para Saquarema. “Meu pai tinha uma fábri-

ca de laje e comecei a trabalhar com ele. A Padaria Bela Bel foi o meu primeiro projeto como engenheiro. Trabalhava como autônomo e depois com o prefeito Carlos Campos da Silveira, como secretário de obras, de 1989 a 92. Depois, perdemos a eleição e, da forma que eu entrei, saí, inclusive com o mesmo carro velho. Mas Paulo Melo já era deputado estadual. Havia uma vaga na Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável em Araruama e o deputado me convidou para assumir um cargo de confiança na SERLA, Superintendência de Rios e Lagoas, que era o órgão ambiental do estado na gestão de recursos hídricos. Lá eu fiquei no governo de Marcelo Alencar e no governo Garotinho. Fui o único gerente de meio ambiente do estado que permaneci no cargo. Foram 6 anos de SERLA e saí porque Peres ganhou a eleição e me convidou para ser secretário de Obras de Saquarema e eu voltei”, conta Gima em sua sala na Secretaria Municipal de Meio Ambiente, nos anexo nos fundos da Prefeitura. Formado no Curso de Engenharia Ambiental da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), um curso intensivo com 420 horas, Gima se qualificou também no curso de mestrado em meio am-

DULCE TUPY

Gima mostrando o recorte das microbacias hidrográficas de Saquarema

Planos de Conservação e Recuperação da FLÁVIA LANARI

A exuberância da Mata Atlântica na Serra do Roncador, em Sampaio Corrêa

Os planos irão beneficiar os 12 municípios da Bacia Hidrográfica Lagos São João

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o dia 27 de maio, Dia Nacional da Mata Atlântica, foram assinados 12 Termos de Adesão para o lançamento e divulgação dos Planos de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica, nos municípios integrantes do Comitê de Bacia Hidrográfica Lagos São João. O secretário estadual de Meio Ambiente, Carlos Portinho, a superintendente de Biodiversidade e Florestas da Secretaria de Estado do Ambiente, Denise Rambaldi e o presidente da Associação

Estadual de Municípios do Rio de Janeiro (AEMERJ), Anderson Zanon, entre outras autoridades, participaram do evento que aconteceu no Teatro Átila Soares da Costa, em São Pedro da Aldeia, reunindo prefeitos, secretários de meio ambiente, vereadores e ambientalistas. Os planos são instrumentos de planejamento e gestão que promovem, junto aos municípios, diagnósticos e ações para a conservação e a recuperação da Mata Atlântica, da qual estima-se que restam apenas 5% da


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eiro para o secretário do meio ambiente biente. No governo Peres, ficou os 3 primeiros anos na secretaria de Obras, acumulando Meio Ambiente, até ser deslocado para a secretaria de Transportes e Serviços Públicos, onde ficou mais de 1 ano. Em 2004, foi para a Secretaria de Meio Ambiente, onde permanece até hoje. Criada no governo do Dr. João, a secretaria de Meio Ambiente foi Diretoria de Meio Ambiente e não tinha estrutura nenhuma. Estrutura mesmo a secretaria do Meio Ambiente só conquistou com a autonomia municipal para licenciamento ambiental que só aconteceu depois da descentralização do licenciamento instituído pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, em 2008. Segundo Gima, com a descentralização, houve a obrigatoriedade das secretarias se capacitarem para poderem fazer o licenciamento, porque não é admissível licenciar uma atividade sem corpo técnico capaz. Hoje, a secretaria tem 3 biólogos, um cedido ao município, o analista ambiental da antiga FEEMA Alexandre de Brito, 2 engenheiros e 2 guardas ambientais; mas não tem químico, o que limita o licenciamento no município. Outro problema da secretaria é a falta de recursos. “Meio Ambiente, como costumo dizer, é uma das secreta-

rias de segundo escalão. O meio ambiente não desperta interesse como outras secretarias. As pessoas são imediatistas; tem gente que diz que quer respirar o ar de hoje e não está preocupada com o que vai acontecer daqui a 500 anos. Quem trabalha com meio ambiente é visto como intransigente, radical, xiita. Mas as pessoas que vêm para Saquarema só vêm para cá pela qualidade de vida, pelo que a natureza oferece. Neste ponto eu sou um radical, minhoca da terra”, desabafa Gima.

O Rio Bacaxá

“O rio Bacaxá hoje é taxado como o maior poluidor da nossa lagoa, ao ponto de se estabelecer uma Estação de Tratamento de Esgoto na sua foz. Mas eu nadei e pesquei ali. O rio Bacaxá começa em Rio de Areia, próximo aonde hoje é o lixão. Quando ele chega na Parada 70, recebe uma contribuição de um outro rio que vem do Retiro, passa por baixo da ponte, no bairro São Geraldo, ao lado da escola Padre Manuel e vai para o Verde Vale. Na rodovia Amaral Peixoto, atrás do posto Psiu, tinha uma nascente onde é hoje um lava jato, no Posto Ipiranga. Mas hoje está tudo canalizado! Aquele riacho vinha até o bairro São Geraldo, onde era o HBM, atual

posto Vértice. Por isso que alaga tudo ali, por conta da canalização do rio. A natureza tá aí; no que ela se excede, alaga”, explica o engenheiro. “O rio Bacaxá passa pela Faetec, mas antes recebe outra contribuição, na Rua 9 Irmãos, na entrada da Barreira. Da Faetec recebe uma contribuição que vem do Centro de Bacaxá. Também tinha uma nascente que passa por baixo do mercado Bacaxá, cruza a Francisco Fonseca, por baixo da antiga Utilidades Bacaxá, passa por trás do Posto da Polícia Militar, passa embaixo da antiga Lojas Costa, passa na subida da rua Regociano de Oliveira, passa de novo próximo à casa de Dalton Borges, no Calçadão, cruza por onde a guarda municipal tá instalada hoje, por baixo do restaurante Mac Bel e recebe uma contribuição da Vila Pereira, onde passa por baixo da casa de Zequinha, em seguida embaixo do posto Mubravi, onde tem uma galeria que eu obriguei a construir quando fui secretário de Obras e continua, passando embaixo da Loja Maçônica, embaixo da loja de tintas, embaixo da marmoraria, atrás da Padaria Maroca’s, e vai para a Lagoa de Saquarema. Ontem à noite eu sonhei que estava no rio Bacaxá mergulhando; eu ia fugido de casa com meus

irmãos e meus amigos. Levava uma muda de roupa. Mergulhava naquela ponte da Parada 70”, sonha acordado o secretário. Sem verba para recuperar todo esse ecossistema, apesar do município receber ICMS Verde, o ICMS Ecológico, que hoje está na faixa de 1 milhão por ano, Gima se ressente. Mesmo com a criação da faixa de conservação marginal obrigatória em todos os rios, mesmo com a criação de uma nova Unidade de Conservação, um Refúgio de Vida Silvestre, que incorpora uma área de 9 mil e 900 hectares, desde a Serra do Mato Grosso, em Sampaio Corrêa, até a Serra Castelhana, em Bacaxá, incluindo as cordilheiras, planícies, lagoas e brejos – e que deve render um aporte de verba de 1.200 milhão de reais, com o imposto verde - com tudo isso Gima fica inquieto quando pensa no que poderia fazer se houvesse mais empenho. O decreto de criação da nova Unidade de Conservação, com uma área de cerca de 212 Maracanãs, foi assinado pela prefeita Franciane no ano passado, mas os limites ainda estão sendo readequados, para não haver conflito no uso da terra. “A natureza é a coisa mais perfeita que existe. É sábia! O que acontece é que o ser humano sempre busca ocupar as áreas que não

são próprias para ocupação, por serem mais fáceis de viver, por omissão do poder público, que são áreas de preservação permanente e as pessoas acham que não tem dono. Uma bacia hidrográfica é limitada por pontos altos, que são ladeadas de morros. Toda a água que cai na superfície da terra tem um escoamento natural, que não obrigatoriamente precisa ser um rio, e que tem características perenes, tem uma nascente, um fluxo de água e tem uma foz, que deságua em uma lagoa ou no mar. Então tudo o que cai em uma bacia, escoa. A calha funciona como um bolsão; armazena água, para no decorrer do fluxo escoar naturalmente, se infiltrando e depois voltando novamente. Porém, as pessoas ocupam esses territórios. Não estou criticando as pessoas porque tudo isto é resultado de um processo de crescimento demográfico. As pessoas não têm lugar para morar e ocupam os terrenos, mas quando tem enchente põem a culpa no governo. Não que o governante não tenha culpa, mas a área não deveria ser habitada. Ou então para ser habitada teria que fazer primeiro o dimensionamento da calha do rio, para evitar enchentes. Estes impactos se dão por falta de organização, por culpa dos dois lados, quem ocupa e quem deixa ocupar”, diz o Dr. Gima.

a Mata Atlântica com perspectiva regional vegetação original na região. Dados divulgados no Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, elaborado através de uma parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a ONG SOS Mata Atlântica, mostram que a Mata Atlântica perdeu 235 km² de vegetação entre 2012 e 2013, aumento de 9% em relação ao último período avaliado (20112012). A área equivale a quase 24 mil campos de futebol... Os Planos de Conservação e Recuperação são previstos na Lei da Mata Atlântica e servirão como norteadores da política de conservação, integrando ações e projetos. Os planos visam identificar, planejar e ordenar medidas que buscam a conservação e recuperação da Mata Atlântica, promovendo a conectividade

das áreas já conservadas e em recuperação e propondo a criação de outras unidades de conservação como forma de proteção de espécies endêmicas. Hoje, os remanescentes de florestas, mangues e restingas na região ocupam apenas 18% dos territórios. Os planos trarão ainda outros benefícios, como a ampliação da arrecadação de ICMS Verde, o ICMS Ecológico, para os municípios e melhorias para o turismo e a economia local. Segundo a coordenadora de Meio Ambiente da AEMERJ, Janete Abrahão, a primeira região do Estado do Rio de Janeiro contemplada com Planos Municipais foi o Noroeste Fluminense, onde foram elaborados 14 planos municipais. Na Bacia Hidrográfica Lagos São João serão beneficiados os

municípios de Maricá, Saquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Rio Bonito, Silva Jardim e Casimiro de Abreu. Os planos serão feitos pela AEMERJ em parceria com a ONG ISER, que irá executar o plano, o Consórcio Intermunicipal Lagos São João, entidade delegatária do Comitê da Bacia Hidrográfica Lagos São João, e a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA). Articulados com outros instrumentos de planejamento municipais, como os Planos Diretores e os Planos Municipais de Saneamento, eles privilegiam processos participativos, de responsabilidades compartilhadas entre o poder público, usuários da bacia, empresários e sociedade civil organizada.

ASCOM IGUABA GRANDE

O secretário estadual do Ambiente, Carlos Portinho, com representantes dos municípios e autoridades da região, na apresentação dos Planos Municipais da Mata Atlântica


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Realizada Audiência Pública em Maricá sobre a Etapa 2 no Polo Pré-sal da Bacia de Santos

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produção e o escoamento de petróleo e gás natural da Etapa 2 no Polo Pré-sal da Bacia de Santos foi o tema da Audiência Pública promovida pela Petrobras no Esporte Clube Maricá, para um público de vários municípios da Região dos Lagos, entre eles Saquarema, que participou com uma delegação de cerca de 18 pessoas, entre elas o ex-vereador Zequinha de Jaconé. A Audiência Pública para discussão do Licenciamento Ambiental da Etapa 2 foi para expor para a comunidade informações sobre o projeto. A mesa foi composta por representantes do Ministério do Meio Ambiente (MMA-IBAMA), por técnicos da consultoria ambiental Mineral Engenharia e Meio Ambiente responsável pelo Estudo do Impacto Ambiental e pelo Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), além de diretores da Petrobras. A Etapa 2 é um conjunto de projetos que possibilitará a produção e o escoamento de petróleo e gás natural na região conhecida como pré-sal, situada a partir de 200 quilômetros da costa e em profundidade de cerca de 2 mil metros. Nesta etapa estão incluídos 6 Testes de Longa Duração (TLD) e um Sistema de Produção Antecipada (SPA), 13 sistemas de Desenvolvimento da Produção (DP) e 15 trechos de gasodutos marítimos. Localizada numa extensa área do litoral brasileiro, com 800 quilômetros de extensão

e 200 quilômetros de largura, a região do pré-sal vai desde o Espírito Santo até Santa Catarina, passando pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. A maior parte dos seus reservatórios no entanto estão na Bacia de Santos, a maior bacia sedimentar marítima brasileira, bem nas costas do Rio de Janeiro e São Paulo. Todos os Testes de Longa Duração (TLD) e o Sistema de Produção Antecipada (SPA) serão realizados por 2 navios-plataforma. O óleo será periodicamente transferido para navios-aliviadores e transportados para os terminais marítimos. O gás natural será separado do petróleo e usado na geração de energia para as plataformas. Já os 13 sistemas de Desenvolvimento da Produção (DP) objetivam produzir petróleo e gás natural, com base nos dados obtidos pelos testes (TLD) e pelo sistema antecipado (SPA). Os DPs estão previstos para durar 25 anos, possibilitando um acréscimo à produção nacional de aproximadamente 742 mil barris de petróleo por dia e 36 milhões de metros cúbicos diários de gás, cerca de 40% e 50% da produção atual de petróleo e gás, respectivamente. Vários terminais terrestres estão previstos para receber o óleo da Etapa 2: um no Rio Grande do Sul, um em Santa Catarina, um em São Paulo, um na Bahia e dois no Rio de Janeiro (em Macaé e em Itaboraí). Para escoar o gás, serão instalados 15 gasodutos marítimos, com extensões que variam entre 4

EDIMILSON SOARES

Na mesa da Audiência Pública representantes da Petrobras, do IBAMA e da Mineral Engenharia respondem perguntas e esclarecem dúvidas do público. Abaixo, o mapa das rotas 1, 2 e 3 dos gasodutos de gás e 40 quilômetros e um maior com 120 quilômetros. A Rota 1 já transporta o gás produzido nas plataformas até a UTGCA, em Caraguatatuba-SP. A Rota 2 levará o gás até o Tecab, em Macaé-RJ, e a Rota 3 levará o gás até o Comperj, em Itaboraí-RJ. Os gasodutos Rota 2 e Rota 3 ainda serão licenciados e farão parte de outro processo. Os municípios e baías considerados área de influência no Rio de Janeiro são: Cabo Frio, Araruama, Saquarema, Maricá, Niterói, Rio de Janeiro, Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty, além das Baías da Guanabara, de Sepetiba e de Ilha Grande. Na

A área de influência da Etapa 2 em São Paulo e no Rio de Janeiro abrange vários municípios

Audiência Pública foram apresentados os impactos nos meios físico, biótico e socioeconômico. Foram identificados 129 impactos, sendo 85 impactos efetivos (esperados) e 44 potenciais (incertos). No meio físico, os impactos se referem às alterações no fundo marinho, na qualidade do ar e na contribuição para o efeito estufa. No meio biótico, haverão modificações nas comunidades e espécies que vivem no fundo do mar, perturbação das tartarugas e dos mamíferos marinhos (baleias e golfinhos). No meio socioeconômico, vai gerar expectativas, aumento na procura de imóveis e na demanda de uso da infraestrutura aérea, ro-

doviária e portuária, interferência na pesca e nas atividades de turismo e lazer, dinamização da economia local e fortalecimento da indústria naval e petrolífera. Durante a Audiência Pública, várias pessoas se manifestaram, fizeram perguntas, deram sugestões e aguardam agora o resultado que deverá ser divulgado em breve pelos órgãos oficiais. A Etapa 2, mesmo antes de entrar em operação efetivamente, já demonstra o caminho de enormes mudanças na região, para o bem e para o mal, onde grandes oportunidades irão conviver com problemas que sempre acompanham a onda de desenvolvimento fomentada pelo petróleo, o chamado ouro negro.


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EDIÇÃO ESPECIAL • 7

O SAQUÁ

Quiksilver Saquarema Prime Campeonato com final brasileira

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DANIEL SMORIGO - ASP

“Condição difícil de mar” foi como alguns competidores classificaram as ondas, inclusive o vencedor, que no dia anterior disse estar feliz por ter chegado até ali. A mudança climática assustou um pouco os atletas, mas vitorioso, Guigui, uma das três esperanças do Brasil para conquistar o título ASP World Prime, disse gentilmente que Saquarema é demais e propicia a tirar boas notas.

Campanha de saúde

Durante o Quiksilver Saquarema Prime a secretaria de Saúde desenvolveu diversas atividades, como a distribuição de 1.300 preservativos, além de material informativo sobre

O campeão Wiggolly Dantas recebe a premiação e os aplausos da galera, tendo ao lado a vibração do secretário municipal de Esportes, Lazer e Turismo, Amarildo Orelha

DIVULGAÇÃO PMS

paulista de Ubatuba Wiggolly Dantas, 24 anos, garantiu o lugar mais alto do pódio no campeonato de surfe Quiksilver Saquarema Prime, deixando o havaiano Keanu Asing, em 2º lugar. Guigui, como Dantas é conhecido, levou 40 mil dólares de premiação e somou mais 6.500 pontos, que o deixaram na vice-liderança do ranking unificado da Associação Profissional de Surfe (ASP). O último brasileiro a vencer em Saquarema foi o catarinense William Cardoso, em 2010. O evento aconteceu nas ondas do Maracanã do Surfe, como é carinhosamente chamada a Praia de Itaúna.

doenças sexualmente transmissíveis e hepatites virais. Mas o ponto alto deste trabalho foi a recepção feita por profissionais da saúde a crianças e jovens especiais da Associação Pestalozzi e do Laces (Lar das Crianças

O grupo do LACES participando do campeonato Ao lado, o estudante de psicologia Marcelo Mourão sensibilizando no mar criança especial

1ª Feira do Meio Ambiente CNEC PAULO LULO

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envolvimento da comunidade escolar nas questões ambientais é um grande projeto de conscientização e recentemente foi abraçado pelo Colégio Cenecista Professor Alfredo Coutinho, em Saquarema, com a realização da 1ª Feira do Meio Ambiente, aberta ao público. Foram vários trabalhos interativos desenvolvidos pelos alunos, desde a educação infantil até os que já estão no ensino médio, incluindo apresentações artísticas. Assuntos como reciclagem, poluição, formas de vida, geração de energia e

A interação dos alunos do Colégio Cenecista com o desenvolvimento da exposição até as transformações históricas e a cartografia de Saquarema fizeram parte da feira, que teve como tema “A linguagem do Meio Ambiente através da Alfabetização Cartográfica”. A diretora Claudia Ruas e sua

equipe mostraram total alinhamento à proposta da Rede CNEC de Ensino, que é “promover a formação integral das pessoas, oferecendo educação de excelência com o compromisso social”.

Especiais de Saquarema). A iniciativa foi elogiada pelo cantor Gabriel Pensador, que comentou o trabalho realizado pelos técnicos da saúde, no show que realizou na areia da praia, agitando o campeonato.

Wiggolly Dantas substitui Raoni Monteiro no WCT de Fiji Raoni se contundiu e Wiggolly já está na illha de Tavarua

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epois de faturar o título do Quiksilver Saquarema Prime, o paulista Wiggolly Dantas ganhou a chance de competir com os melhores surfistas do mundo em uma das melhores ondas do mundo, na paradisíaca ilha de Tavarua. Ele substituiu o contundido Raoni Monteiro na seleção brasileira no Fiji Pro, encarando os tubos de Cloudbreak e Restaurants.

Com a vitória no Quiksilver Saquarema Prime, na Praia de Itaúna, Wiggolly assumiu o 2º lugar no ASP Qualifying Series, liderado por Adriano de Souza. Nas Ilhas Fiji, o tricampeão mundial, o australiano, Mitch Crews, tirou do campeonato o brasileiro Wiggolly e também o catarinense Alejo Muniz. Esta é a 5ª das 11 etapas do Samsung Galaxy ASP World Championship Tour 2014.


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O SAQUÁ

Em Saquarema, o navegante Paulo aproveitou sua estadia para curtir o Campeonato de Surfe que estava rolando no “Maracanã do Surfe” e assistiu o show do Gabriel o Pensador. Remando 46 km em 7 horas, saiu de Saquarema num ritmo alucinante rumo a Arraial do Cabo, onde chegou no final da tarde, no dia 30 de maio, e de onde pretende continuar a segunda etapa da viagem que vai do Rio a Salvador. A previsão é chegar a Belém, o destino final de sua aventura, entre janeiro e março do ano que vem. Mas nosso herói – que repete a saga do poeta Camões, quando dizia: navegar é preciso – não rema todos os dias; depende do tempo, do vento e da condição do mar. Desde que resolveu largar o trabalho num estaleiro de Itajaí como construtor naval, vender o carro para comprar o equipamento da viagem e revelar seu plano para a família, pais, esposa, filho e amigos, Paulo nunca pensou em desistir. Com noções de navegação, condições do clima e

ACERVO PESSOAL

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catarinense Paulo Stueber, 33 anos, tinha um sonho: navegar, percorrendo e explorando o litoral brasileiro. Porém, sem um veleiro, resolveu ir de Blumenau a Belém do Pará, um percurso de 5.423 km, em cima de um Stand Up Paddle, um pranchão em que a pessoa fica em pé e usa apenas um remo para se locomover. Partiu do rio Itajaí-Açu, em Blumenau, sua terra natal, no dia 19 de janeiro, até alcançar o mar em Itajaí, ainda em Santa Catarina e depois as praias do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, onde chegou em 26 de abril, fim da primeira etapa de sua longa viagem. Deixando o Rio no dia 18 de maio, saiu da Barra da Tijuca e pernoitou em Ponta Negra, em seguida veio parar em Saquarema, onde ficou hospedado na Pousada Catavento, em Itaúna, depois de passar por grandes dificuldades no mar em ressaca que o impediu de entrar pelo canal da Barra Franca.

DULCE TUPY

Paulo Stueber: Quando navegar é preciso

Paulo saindo da Praia de Itaúna para mais um trecho de sua aventura, de Saquarema até Arraial do Cabo, no Stand Up Paddle, em alto mar A viagem de Paulo começou em Blumenau e vai até Belém do Pará do mar, arrisca tudo para viver esse momento, quando muitas vezes é obrigado a dormir em uma casinha de guarda-vidas, pernoitar ao relento ou em uma casa abandonada numa ilha, em

cima da prancha de Stand Up, na terra ou no mar... Contando apenas com um patrocinador, leva uma bagagem mínima, um só casaco, um saco de dormir e uma esperança. Quem sabe no futuro

escrever um livro. Sempre com a certeza de que fez a escolha certa. É possível acompanhar as fotos e comentários desse aventureiro pelo facebook através da página SUP Verde Mar.


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