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Andréia Pimentel e Diego Piva Cezana
o planejamento aplicado
O planejamento florestal tem como objetivo otimizar e garantir a sustentabilidade econômica, ambiental e do abastecimento de madeira às fábricas, a curto, médio e longo prazos. Configurando-se, assim, em uma das principais atividades para o correto manejo dos recursos florestais, dada a complexidade de múltiplos destinos, espécies e produtos da empresa. O planejamento deve ser capaz de olhar para o sistema como um todo, preocupando-se com os vários elos da operação florestal, como colheita, transporte, silvicultura, estradas, ambiência e comercialização, de modo a alinhar ganhos locais com a otimização global da cadeia de abastecimento, respeitando restrições ambientais e de comunidades locais. Existem níveis distintos, com horizontes de tempo bem diferentes, com o objetivo geral de garantir o abastecimento e a minimização de custos, evitando que decisões de curto prazo possam comprometer a sustentabilidade do negócio a longo prazo e para que seja possível identificar gargalos e oportunidades no processo.

Quanto maior o detalhamento do plano, maior a complexidade e a necessidade de respostas rápidas. Um desafio encontrado é o de ter informações acuradas e disponíveis em tempo hábil para se analisar e tomar decisões que visem reduzir custos, aumentar receitas e manter o “equilíbrio” das operações.
Com um planejamento cada vez mais detalhado e complexo, é necessário que se tenha processos estruturados, pessoas capacitadas e ferramentas de alta tecnologia.
Por processos, entende-se um conjunto de atividades que produzam os entregáveis do planejamento florestal. Significa saber o que fazer, o que entregar, para quem e quais indicadores gerar. Pessoas qualificadas: quem faz o quê, papéis e responsabilidades bem definidos e capacitação delas nos processos e nas ferramentas. Por ferramentas, entende-se o apoio computacional para a realização dos processos e da obtenção dos resultados
O planejamento configura-se, como uma das principais atividades para o correto manejo dos recursos florestais, dada a complexidade de múltiplos destinos, espécies e produtos da empresa. "
Andréia Pimentel e Diego Piva Cezana respectivamente, Coordenadora de Planejamento Florestal e Engenheiro de Planejamento Florestal da Klabin
Coautor: Arnaldo S. Gunzi, Consultor de Projeto da Klabin
; desejados, além da governança, que garante que o tripé citado tenha patrocínio gerencial para desempenhar a sua função com autonomia das demais áreas operacionais e que os gargalos e as oportunidades apontados sejam efetivamente mitigados/explorados pela gerência da companhia.
O planejamento utiliza ferramentas de programação matemática para a otimização de recursos. Quanto mais próxima à realidade, ou seja, nos níveis semanal e mensal, mais complexa a modelagem.
Ferramentas de otimização matemática tendem a ser pesadas, difíceis de manipular, exigindo vasta quantidade de dados para gerar respostas. Já simuladores simples, com menos variáveis, têm menos respostas, porém são mais rápidos e leves. O ideal é utilizar as duas abordagens, dependendo da complexidade e maturidade do processo: Além de modelos de otimização e de simulação no auxílio à tomada de decisão, são necessárias informações específicas de campo, que são levantadas com apoio do microplanejamento, que tem um papel fundamental no planejamento da operação em si, definindo a melhor alocação das estradas, pensando em sustentabilidade e custos das operações. O uso de tecnologia é de extrema importância para esse processo. Imagens de satélite, VANT e simuladores de custos são utilizados pensando em como agilizar e acurar as decisões tomadas nesse nível de planejamento.
Os efeitos de uma estratégia são difíceis de serem mensurados diretamente. Um acerto ou erro hoje pode demorar anos até gerar frutos, e um dos desafios do planejamento é avaliar o impacto que cada decisão tomada hoje pode causar ao longo da cadeia florestal.
Algumas práticas vêm sendo adotadas para avaliar ou mitigar esse impacto: • mensurar a valor presente o efeito de ações que desviam do plano; • inserir restrições atreladas a limites ambientais e de comunidades; • aumentar a integração entre níveis de planejamento.
LONGO PRAZO: 30+ anos
Sustentabilidade do Negócio
Cenários Estratégicos
Revisão anual
MÉDIO PRAZO: 5 anos
Formação de Blocos
Plano de Estradas
Investimentos
CURTO PRAZO: 18 meses
Plano de Colheita • Estoques • Orçamento • Silvicultura • Biomassa
OPERACIONAL: 30 dias
Plano detalhado • Estoques • Colheita • Baldeio • Logística • Biomassa
SEMANAL
Plano focado em logística • Estoques • Transporte • Baldeio
Revisão anual
Revisão a cada 3 meses
Revisão mensal
Revisão semanal
Alta Métodos Simulação Métodos Otimização
Planilhas Simulação Planilhas Apoio Planilhas Apoio Planilhas Apoio Média Baixa COMPLEXIDADE MédiaBaixa MATURIDADE DO PROCESSO
Métodos Otimização
Métodos Otimização
Planilhas Simulação
As atividades planejadas estão sujeitas a mudanças, como quebra de máquinas, consumo diferente do previsto e, principalmente, mudanças climáticas: a chuva afeta fortemente a construção de estradas e transporte de madeira; geadas podem impactar as atividades da silvicultura. Os horizontes mais operacionais (semanal e mensal) são os mais sensíveis às mudanças. Para contornar esses problemas, busca-se ter uma relação próxima com os clientes e fornecedores de informação. Para as variáveis climáticas, previamente são levantadas alternativas. Casos especiais necessitam rediscussão com os diversos elos da cadeia.
Existem, ainda, eventos de baixa probabilidade de ocorrência e de alto impacto, são chamados Cisnes Negros (Taleb, 2007), que, apesar de raros, ocorrem na vida real e possuem um efeito devastador no negócio. Algumas práticas adotadas: • mapear possíveis eventos de alto impacto, como chuvas acima da média, geadas, vento ou redução abrupta da frota; • ter planos alternativos; • manter reservas estratégicas de recursos.
O planejamento é fortemente impactado pela qualidade da informação recebida e pelas premissas adotadas; além disso, é necessário acompanhar uma série de indicadores para a tomada de decisão. Nesse contexto, um sistema de gerenciamento de informações é essencial. O sistema deve conter informações acuradas, atualizadas e fáceis de extrair, além de guardar um bom histórico dos dados.
Dessa forma, planejamento florestal é um elo importante para garantir a correta exploração dos recursos florestais de uma empresa, de modo a antever gargalos e explorar oportunidades. Este deve olhar para a cadeia de abastecimento como um todo, mensurando ganhos globais. É importante visar à sustentabilidade no longo prazo, sem deixar de otimizar o curto prazo, assim como a implementação operacional deve ser levada em conta ao rodar o plano estratégico. Os processos de planejamento foram evoluindo a prazos cada vez mais curtos, que são fortemente ligados à logística de construção de estradas, de colheita e de transporte.
O planejamento florestal da Klabin conseguiu avanços importantes nos últimos anos, entretanto há muito mais desafios a serem vencidos. Os processos estão em constante evolução, a fim de acompanhar as mudanças, estreitar laços com áreas clientes e atingir de forma plena os objetivos da empresa. n