O futuro próximo da floresta plantada brasileira - OpCP42

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Opiniões www.RevistaOpinioes.com.br

ISSN: 2177-6504

FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira

ano 13 • número 42 • Divisão F • dez-fev 2016

o futuro próximo da floresta plantada brasileira


QUEM ESCREVE NA REVISTA OPINIÕES:

Em 12 anos de operação, a Revista Opiniões publicou 2.071 artigos exclusivos, escritos pelos mais respeitados especialistas do Brasil e do mundo, sobre 91 diferentes pautas, tornando-se uma das mais respeitadas mídias dos sistemas sucroenergética e florestal do País. Governo e países estrangeiros: 3 Presidentes da República, 2 Candidatos à Presidência, 29 Ministros de Estado, 20 Senadores e Deputados, 18 Governadores, 59 Secretários de Estado, 9 Promotores, 80 Diretores de Autarquias, e 21 Embaixadores estrangeiros

12% 18% 11%

Usinas, Destilarias e empresas florestais: 111 Presidentes, 158 Diretores, 111 Gerentes e 44 Técnicos

20%

Entidades: 192 Presidentes e 74 Diretores

13% 26%

Universidades e Centros de P&D: 212 Professores, 119 Pesquisadores, 93 Lideres de projetos, e 111 Chefes-gerais, Diretores e Presidentes de Centros de P&D

Fornecedores: 364 desenvolvedores de tecnologia Consultores: 241 desenvolvedores de tecnologia

QUEM RECEBE A REVISTA OPINIÕES:

A Revista Opiniões é enviada nominal e gratuitamente para todos os níveis de comando de 100% das unidades produtoras – incluindo as em projeto ou em construção; universidades e centros de P&D; entidades e órgãos governamentais interessados nas áreas industrial, agrícola e silvicultural; empresas fornecedoras envolvidas na produção de Cana, Açúcar, Etanol e Bioeletricidade, Celulose, Papel, Carvão, Siderurgia, Painéis e Madeira Sólida.

Sucroenergético:

Florestal:

Fornecedores: 16% Articulistas: 11% Entidades, Universidades, Centro de P&D e Governo: 5%

Fornecedores: 16%

16% 11%

Articulistas: 18%

68%

5%

Produtores: 37%: Diretores 22%: Gerentes 41%: Todos os níveis de Supervisão

Entidades, Universidades, Centro de P&D e Governo: 12%

16% 18% 54% 12%

Produtores: 19%: Diretores 32%: Gerentes 49%: Todos os níveis de Supervisão

GARANTIA REAL DE IMPRESSÃO E VEICULAÇÃO:

Como prova efetiva da tiragem e distribuição realizada, disponibilizamos ao anunciante, cópias das notas fiscais e dos documentos de cobrança e de pagamento da impressão da Gráfica e do despacho dos Correios, além de relatórios quantitativo e percentual da distribuição por tipo de empresa, estados e regiões geográficas do país. Disponibilizamos ao Anunciante visitas de auditoria, sem prévio aviso ou agendamento, para comprovação física dos sistemas operacionais e de distribuição das Revistas Opiniões. Sucroenergético: 63%: Sudeste 8%: Sul 1%: Norte 12%: Nordeste 13%: Centro-Oeste 3%: DF

Florestal:

13%

3%

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63%

46%: Sudeste 34%: Sul 5%: Norte 5%: Nordeste 6%: Centro-Oeste 4%: DF

4% 6% 5% 5%

Sudeste

46%

Sul Norte Nordeste Centro-Oeste

34%

DF


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Opiniões


índice

o futuro próximo da floresta plantada brasileira Editorial de abertura:

6

Celso Edmundo Bochetti Foelkel

Consultor e Escritor Especialista em Florestas

Ensaio especial:

44

Roosevelt de Paula Almado

Gerente de Pesquisa Florestal ArcelorMittal BioFlorestas

Madeira sólida:

38

Wagner Itria Junior

Consultores:

8 12 16 18 20

Engenheiro Florestal Silvicultor

Nelson Barboza Leite

Consultor especialista em floresta

Mario Sant’Anna Junior

Marcelo Leoni Schmid Diretor do Grupo Index

Rudolf Woch

Diretor da Apoiotec

Chapas:

28 30

Nagi Nader

Gerente de Operações Florestais da Masisa

José Ricardo Paraíso Ferraz Diretor Florestal da Duratex

Consultor da MPR-3 Consultoria Empresarial

Papel e celulose:

Manoel de Freitas

Consultor da Manoel de Freitas Consultoria Florestal

José Maria de Arruda Mendes Filho Consultor da Mendes & Mendes Engenheiros

Membro do Comitê Executivo da Amata

Fornecedor do sistema florestal:

40 42

Edson Antonio Balloni

32 34

Paulo Eduardo Rocha Brant Presidente da Cenibra

Fernando de Camargo Moro Gerente de Silvicultura da BSC

Entidades:

22 24

Elizabeth de Carvalhaes Presidente Executiva da IBÁ

João Fernando Borges

Presidente da Assoc Gaúcha de Empresas Florestais

Siderurgia:

36

Rubens Ferreira Filho

Superintendente-geral da Vallourec Florestal

Editora WDS Ltda e Editora VRDS Brasil Ltda: Rua Jerônimo Panazollo, 350 - 14096-430, Ribeirão Preto, SP, Brasil - Pabx: +55 16 3965-4600 - e-Mail Geral: Opinioes@RevistaOpinioes.com.br n Diretor Geral de Operações e Editor Chefe: William Domingues de Souza - 16 3965-4606 - WDS@RevistaOpinioes.com.br nCoordenadora Nacional de Marketing: Valdirene Ribeiro Souza - Fone: 16 3965-4660 - VRDS@RevistaOpinioes.com.br nVendas: Lilian Restino - 16 3965-4696 - LR@RevistaOpinioes.com.br • Priscila Boniceli de Souza Rolo - Fone: 16 99132-9231 - boniceli@ globo.com nApoio de Vendas: Amanda Vaz - 16 3441-4600 - AV@RevistaOpinioes.com.br • Francine da Mata Silva - 16 3441-0343 - FM@RevistaOpinioes. com.br n Assistente do Editor Chefe: Fernanda Aparecida da Silva e Silva - 16 3965-4661 - FS@RevistaOpinioes.com.br nJornalista Responsável: William Domingues de Souza - MTb35088 - jornalismo@RevistaOpinioes.com.br n Edição Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - Fone: 16 99132-9231 - boniceli@globo.com nProjetos Futuros: Julia Boniceli Rolo - 2604-2006 - JuliaBR@RevistaOpinioes.com.br nProjetos Avançados: Luisa Boniceli Rolo - 2304-2012 - LuisaBR@RevistaOpinioes.com.br nConsultoria Juridica: Priscilla Araujo Rocha nCorrespondente na Europa (Augsburg Alemanha): Sonia LiepoldMai - Fone: +49 821 48-7507 - sl-mai@T-online.de nDesenvolvimento de Mercados na Ásia: Marcelo Gonçalez - MG@RevistaOpinioes.com.br nExpedição: Donizete Souza Mendonça - DSM@ RevistaOpinioes.com.br nCopydesk: Roseli Aparecida de Sousa - RAS@RevistaOpinioes.com.br nTratamento das Imagens: Luis Carlos Rodrigues (Careca) nFinalização: Douglas José de Almeida n Impressão: Grupo Gráfico São Francisco, Ribeirão Preto, SP nArtigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões pessoais de seus próprios autores nFoto da Capa: Banco de Fotos da Revista Opiniões nFoto do Índice: Banco de Fotos da Revista Opiniões nFotos das Ilustrações: Paulo Alfafin Fotografia - 19 3422-2502 - 19 8111-8887 - paulo@pauloaltafin.com.br• Ary Diesendruck Photografer - 11 3814-4644 - 11 99604-5244 - ad@arydiesendruck.com.br • Tadeu Fessel Fotografias - 11 3262-2360 - 11 95606-9777 - tadeu.fessel@gmail.com • Acervo Revista Opiniões e dos específicos articulistas nFotos dos Articulistas: Acervo Pessoal dos Articulistas e de seus fotógrafos pessoais ou corporativos nVeiculação Comprovada: Através da apresentação dos documentos fiscais de pagamento dos serviços de Gráfica e de Postagem dos Correios nTiragem Revista Impressa: 5.000 exemplares nRevista eletrônica: Cadastre-se no Site da Revista Opiniões e receba diretamente em seu computador a edição eletrônica, imagemn fiel da revista impressa nPortal: Estão disponíveis em nosso Site todos os artigos, de todos os articulistas, de todas as edições, de todas as divisões das publicações da Editora WDS, desde os seus respectivos lançamentos nHome-Page: www.RevistaOpinioes.com.br

Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Roosevelt de Paula Almado • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Pedro Robério de Melo Nogueira • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Xico Graziano

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editorial

manter, fortalecer,

entender O Brasil mantém, há algumas décadas, a privilegiada posição de líder global em produtividade florestal, graças aos incrementos excepcionais em volume e peso de matéria seca das suas florestas plantadas de eucalipto. Isso foi conseguido devido a muitos estudos e pesquisas, com enorme integração e cooperação mútua entre empresas setoriais e universidades que atuam na base florestal. Em pouco mais de quatro décadas, conseguimos a façanha de mais do que dobrar a produtividade florestal eucalíptica, atingindo, atualmente, valores que variam entre 40 e 55 m³/ha/ano, conforme a localização geográfica, material genético, tipo de solo e condições climáticas.

Ao invés de focar apenas no crescer, precisamos fortalecer e entender melhor as tecnologias atuais para alavancar novos e sustentados crescimentos futuros. "

Celso Edmundo Bochetti Foelkel Consultor e Escritor Especialista em Florestas

Ao longo dessas últimas décadas de continuado crescimento em produtividade, acabamos nos acostumando com o modelo de crescer, crescer e crescer, não imaginando que, em todos os tipos de negócios, sempre existe a possibilidade de saturação do modelo tecnológico, com etapas de rendimentos marginais decrescentes e atingimento de patamares máximos de produtividade difíceis de serem superados. Grande parte de nosso sucesso com os eucaliptos se apoiou no melhoramento genético e na propagação vegetativa e clonal de híbridos com alto potencial produtivo (vigor híbrido). Os fantásticos ganhos em produtividade volumétrica aconteceram durante as fases de transição entre a silvicultura seminal (mudas obtidas de sementes) e a silvicultura clonal.


Opiniões Entretanto, há pelo menos uma década, não temos mais plantações seminais para serem substituídas por clonais, nem mesmo entre os produtores rurais fomentados ou parceirizados ao setor. Isso porque a disseminação dos clones entre os produtores de florestas plantadas foi abrangente, não existindo mais as barreiras iniciais para oferta de clones melhorados no mercado de mudas florestais. Atualmente, a silvicultura clonal domina nossas plantações de eucalipto e os custos para manter esse padrão tecnológico não são pequenos, pelo contrário, crescem em função da grande necessidade de insumos caros (gel de irrigação, fertilizantes, herbicidas, etc.). No momento, não existem expectativas de grandes saltos em produtividade no curto prazo, já que, em todos os casos, se atingiu uma relativa estagnação tecnológica e fisiológica, o que parece ter resultado em limites de crescimento difíceis de serem superados pelas tecnologias atuais. Evidentemente, essa situação tem levado nossos gestores ao desespero, mesmo mantendo, com margens, a liderança global em produtividade florestal. Há muitas expectativas com o que eles costumam chamar de biotecnologia arbórea, acreditando que, em um passe de mágica, possam ser encontrados alguns genes capazes de dobrar novamente a produtividade florestal. Também existem estudos propondo aumentar significativamente a população de plantas por hectare e reduzir a idade de colheita, para se tirar vantagens em aumento de produção de massa seca de árvores, mas isso à custa de fortes impactos negativos sobre o solo e sobre a qualidade da madeira. Acredito que, entre 1970 e 2000, – três décadas de ouro –, quando os indicadores de desempenho cresciam facilmente devido à clonagem, acabamos nos descuidando de buscar entender melhor as maneiras de manter a nossa capacidade produtiva, ou seja, a tal de sustentabilidade da produção. Era tão fácil subir anualmente a produtividade florestal pela introdução de novos e melhorados clones, que acabamos nos esquecendo de desenvolver maneiras preventivas para manter os ganhos conquistados em produtividade. Em função de algumas crises financeiras, que aconteceram e estão acontecendo com mais frequência no atual milênio, passaram a surgir algumas perversidades também no setor florestal, com reflexos na queda dos preços da madeira e aumento nos custos de produção de florestas. Também se intensificaram os rigores climáticos, principalmente com efeitos maldosos de ventos fortes, geadas e déficits hídricos. Finalmente, como mais uma perversidade às plantações, mas esperada em função das homogeneidades de genótipos nas florestas, intensificaram-se os ataques de pragas e doenças nas plantações. O resultado desse conjunto de situações adversas e a busca de outras regiões geográficas de baixa tradição em plantações de florestas têm levado não a um aumento de produtividade, mas sim a uma pequena, mas preocupante redução em algumas situações e regiões. A situação chegou a um nível crítico para algumas empresas do setor, que tiveram que comprar madeira em mercados distantes para suprir a falta de matéria-prima para operar suas unidades industriais em função do não atingimento das expectativas de crescimento de suas florestas. Quando comecei a refletir sobre o momento atual e futuro da silvicultura brasileira, acabei me recordando dos ensinamentos do grande guru da qualidade,

Joseph Moses Juran, que mencionava, em seus livros e ensinamentos, que, muitas vezes, se conquistava um ganho até com certa facilidade, porém o mais difícil, depois disso, era se manter esse ganho até se conseguir outro salto em desempenho. Em função de uma análise crítica muito simples do atual momento da silvicultura brasileira navegando em direção ao seu futuro, entendo que não devamos ficar somente tentando colocar todas as nossas fichas na busca de novos clones, inclusive introduzindo novas ferramentas da biotecnologia, como genômica, transgenia e poliploidia. Isso é importante, mas precisamos alicerçar nossas ações e operações em um maior conhecimento das interações e interdependências entre a produtividade de nossos clones e os fatores de produção, inclusive os fisiológicos e ecológicos. Com isso, poderemos manter melhor os ganhos conquistados e robustecer nossa silvicultura para continuar crescendo de forma mais saudável e sustentável. Ao invés de focar apenas no crescer, precisamos fortalecer e entender melhor as tecnologias atuais para alavancar novos e sustentados crescimentos futuros. Existe ainda muito espaço para melhoria contínua. Basta olhar com atenção as curvas de crescimento anual de nossas florestas para encontrar oportunidades de melhoria que não sejam apenas suportadas pela substituição de genomas e clones. Essas oportunidades apareceriam com mais clareza caso se pudesse entender mais sobre o crescimento e a fisiologia das árvores em suas relações com as situações práticas de clima, solo, nutrição, água e outros componentes do ecossistema. Também deveria existir mais esforço no desenvolvimento de equipamentos florestais que não nos escravizassem tanto a espaçamentos regulares como os de um pelotão militar, onde a entrelinha tem que ter, no mínimo, 3 metros. Enfim, há muita coisa a ser estudada pelos nossos técnicos e pesquisadores e que possam resultar em novas explicações através de avaliação dos processos fisiológicos e ecológicos. Precisamos dar um basta ao sistema atual de se testarem estatisticamente as relações entre a aplicação de algum fator de produção e os resultados numéricos obtidos, sem a mínima preocupação em entender o porquê de as coisas terem acontecido da forma como aconteceram. Há muito ainda a se entender sobre as relações entre a produção de biomassa e sua alocação nos troncos pelas árvores. Há mais ainda a se aprender sobre as interações da genética com o meio ambiente. Outra coisa que sempre temos deixado de lado é o estudo de relações bióticas nas plantações florestais para aperfeiçoar as relações entre os seres vivos que compartilham, em comunidade, o mesmo habitat que as árvores dos eucaliptos. Portanto, está mais do que na hora de se entender muito bem as causas dos ganhos em produtividade florestal e não apenas se ganhar produtividade numérica só pelos testes de comparações entre clones. A engenharia florestal não é apenas uma engenharia de números e estatísticas, ela se apoia em inúmeras ciências que precisam ser mais praticadas e conhecidas em suas particularidades e fundamentos. Dessa forma, estaremos mais próximos de criar a floresta do futuro, que será mais sustentável, mais produtiva, mais compartilhada com os demais seres vivos e mais respeitosa quanto aos recursos ambientais que utiliza. Em resumo, mais sustentável, o que deve e precisa ser o objetivo principal de todos nós.

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consultores

Opiniões

a floresta plantada e o

repolho

Se, para produzir um metro cúbico, no primeiro desbaste, são necessárias aproximadamente 10 árvores de pínus, com 7 a 8 anos de idade, isso significa que cada árvore vale R$ 2,00... Meu Deus! O valor de um repolho! "

Edson Antonio Balloni

Engenheiro Florestal Silvicultor

Ultimamente, tenho ido ao supermercado fazer compras e comecei a prestar atenção no preço dos produtos e até a compará-los, coisa que, até então, ficava por conta de minha esposa. Parei na banca de frutas e verduras e observei os preços do melão, do tomate, da alface, não sei por que, o repolho roxo, talvez pela cor, me atraiu: R$ 4,00 por cabeça. Voltei para casa, evidentemente com um repolho entre as compras, e fui consultar o Dr. Google para ver o custo do repolho. Com essa “pesquisa” rápida e algumas contas de “carroceiro”, cheguei à conclusão de que o mesmo repolho na roça custaria 50% do valor da banca, ou seja, R$ 2,00 por cabeça. Como sou plantador de árvores há 40 anos, parei, pensei comigo mesmo e fui ao radar da Poyry (2015) para verificar qual seria o preço médio do pínus para polpa no mercado brasileiro. Na média, o preço ficou em R$ 20,00/m³ em pé na floresta.

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Feliz Natal e Um Ano Novo cheio de Sucesso! Em nossos 45 anos de histórias, repletos boas lembranças, gostaríamos de agradecer aos clientes e parceiros pela confiança e parceria sempre! Ponsse

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consultores Se, para produzir um metro cúbico, no primeiro desbaste, são necessárias aproximadamente 10 árvores de pínus, com 7 a 8 anos de idade, isso significa que cada árvore vale R$ 2,00... Meu Deus! O valor de um repolho! Também fiquei pensando... uma muda clonal de pínus chega a custar, nos dias de hoje, perto de R$ 0,70; plantá-la, esperar 8 anos, depois vender essa árvore com 10 a 12 metros de altura, pesando cerca de 100 kg, por R$ 2,00, é de se pensar! Considerando ainda que o ciclo do repolho é de aproximadamente 120 dias e, de nossas árvores, de 7 a 8 anos, o que estaria errado? É evidente que existe uma série de outros fatores econômicos e financeiros a serem considerados em cada uma das atividades, mas essa simbólica comparação serve para reflexão sobre o futuro do mercado da madeira fina no Brasil e seus impactos na motivação do pequeno e médio produtor florestal na continuidade da atividade. Hoje, inclusive, existem áreas onde não se recomenda a colheita e sim um desbaste pré-comercial, deixando as árvores finas para apodrecerem na floresta. O gráfico em destaque mostra que, de 2008 até hoje, o preço médio pago pelos toretes de pínus, com diâmetro entre 8 e 18 cm, postos nas indústrias da região de Jaguariaíva-PR, praticamente não variaram, havendo inclusive uma leve redução nos valores pagos aos produtores, enquanto a inflação no período ficou na casa dos 40%. Ressalta-se que esses valores são “ótimos” comparados com Santa Catarina, onde os preços pagos pelas indústrias são ainda mais baixos. Outro fator importante que impacta diretamente os custos de colheita é o salário-mínimo, cuja variação, nesse mesmo período, foi de quase 90%, sem falar ainda nos últimos aumentos dos combustíveis, que impactam diretamente as operações de colheitas e transportes, desagregando ainda mais o valor da madeira em pé.

Opiniões

Se considerarmos o setor de celulose e papel, no qual o Brasil é o país com menor custo de produção, segundo o Depec do Bradesco de 2015, e no qual a madeira representa 44% desse custo, a situação é ainda mais injusta para o pequeno e médio silvicultor, pois essa commodity teve, nesse período, um aumento acima de 30% em dólar, enquanto a variação cambial foi de 72%. É importante salientar que o preço da madeira fina no mercado é estabelecido e balizado, principalmente, pelas grandes empresas de transformação, que, inclusive, em muitos casos, nem mesmo compartilham as vantagens logísticas de localização do produtor, ou seja, áreas localizadas a 10 km da indústria recebem valores proporcionalmente menores que aquelas a 150 km da mesma indústria. Esse tipo de política comercial tem desestimulado muitos pequenos e médios produtores, que, apesar dos altos custos de conversão, têm voltado suas áreas para outras atividades do agronegócio. Logicamente, isso tudo faz parte das leis de mercado, mas, da forma como vem sendo conduzido, fará com que os plantios florestais se restrinjam às grandes indústrias e grandes produtores, o que, estrategicamente, não convém às empresas, nem ao País. Em razão do exposto, os plantios de pínus devem sofrer uma grande alteração quanto ao sistema de plantio e manejo florestal. As florestas devem ser plantadas para produzir madeira de alto valor agregado, ou seja, com espaçamentos mais abertos e desbaste pré-comercial em idades mais jovens a fim de se produzir o mínimo de madeira fina e agregar valor às árvores remanescentes. Todos sabemos que o resultado de uma floresta vem com o seu corte raso e que os desbastes são operações de manejo necessários para que se consiga chegar, após 15 a 20 anos, ao resultado econômico desejado. Infelizmente, tem muita gente parando no meio do caminho e cortando raso florestas jovens, pois o preço da madeira desbastada, em muitos casos, não cobre os custos, e, assim, mata-se Preço da Madeira fina pago pela indústria no Paraná e o bezerro antes que ele chegue a variações do salário-mínimo no mesmo período boi. Portanto, a realidade de médio e longo prazo para a floresta plantaValor do M3 da madeira fina em Reais da no Brasil, tema desta edição da 788,00 Salário Mínimo em Reais revista Opiniões, pelo menos para o pínus, passa por uma mudança 724,00 678,00 radical no manejo da floresta e um direcionamento para a região tro622,00 pical do País, visto que os espaços no Sul e no Sudeste, bem como os 545,00 510,00 preços das terras, inviabilizam a 465,00 atividade. Ressalta-se que existe 415,00 uma forte tendência de redução das áreas de pínus, substituídas pelo eucalipto ou outras culturas anuais, e, se novos plantios não forem realizados nos próximos anos, seguramente o tão propalado “apagão florestal” acontecerá para a madeira dessa importante conífera. 79,50 80,40 80,80 81,10 81,10 78,10 77,50 77,50 Em razão disso tudo, e como estou próximo de completar 64 anos, fico me questionando: planto floresta 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 ou planto repolhos?

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consultores

Opiniões

certificação, sustentabilidade...

e agora ?

A silvicultura brasileira, em 50 anos, deu salto extraordinário em seu desenvolvimento técnico, social e ambiental. A tecnologia dobrou a produtividade das florestas, avançou e alcançou indicadores qualitativos admiráveis. Diversificou o uso e valorizou a madeira. Nos dias atuais, a madeira das florestas plantadas está na vida das pessoas. E poderia ocupar espaço ainda maior se não fosse, segundo o Professor Garcia da Esalq/USP, “a cultura de cimento e de ferro do brasileiro”.

Mas, mesmo assim, estão se abrindo novas e promissoras oportunidades para a madeira e florestas. Tudo com mercados crescentes e valores econômicos interessantes. O trabalhador florestal saiu da quase indigência e passou a viver dignamente com a família – para o meio rural brasileiro, essa evolução foi mais impactante do que o desenvolvimento tecnológico. Em muitas regiões, o trabalhador florestal foi o primeiro a ter carteira assinada,

Em muitas regiões, o trabalhador florestal foi o primeiro a ter carteira assinada, ser transportado decentemente, comer comida quente no campo e ter seus direitos trabalhistas respeitados. "

Nelson Barboza Leite

Consultor especialista em floresta

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consultores ser transportado decentemente, comer comida quente no campo e ter seus direitos trabalhistas respeitados. Uma revolução aonde chegou, e ainda quando chega, a silvicultura. E os valores ambientais integraram-se aos procedimentos normais de se formar floresta. Deixou de ser uma obrigação ou desperdício de recurso e se transformou em complemento do bom manejo florestal. Tudo isso foi resultado de trabalho, pesquisa e profissionalismo. Crescente demanda, grandes empreendimentos, recurso financeiro envolvido e, consequentemente, muita exposição. A contínua evolução foi quase uma consequência natural. Há, no entanto, um fato marcante no decorrer desse tempo, que contribuiu de forma decisiva na consolidação desse processo: a certificação florestal. É muito difícil quem negue essa enorme contribuição. Foi o reconhecimento que faltava àquelas empresas, que zelavam pelos valores técnicos, sociais e ambientais. De repente, todos sabiam distinguir quem fazia e quem não fazia. Emplacar a certificação não foi tão simples. Foi uma batalha superar a teimosia dos que achavam que era mais engessamento para o setor, que ia diminuir a competitividade da silvicultura brasileira e que era desperdício de recurso, perda de tempo e “frescura de ecologista”. O tempo foi passando, e logo se percebeu que a organização de dados, informações e acompanhamento de diferentes indicadores fazia parte dos procedimentos normais de uma empresa organizada. Respeitar a legislação não entra nessa conta, pois sempre foi obrigação de toda empresa. Num determinado momento, a certificação era uma referência de qualidade, de respeito aos aspectos sociais e ambientais. E fazia a diferença. Muitas empresas se criaram para cuidar da certificação. Surgiram consultores especializados para preparação de empresas, para treinamento de pessoas, para habilitar empreendimentos à certificação e por aí vai... Os principais sistemas de certificação – FSC e Cerflor – cresceram, foram discutidos, sofreram adaptações, abriram atalhos daqui e dali e foram juntando mais e mais interessados. A silvicultura teve ganhos expressivos e passou a ser considerada atividade exemplar no tocante ao respeito à legislação ambiental, social e trabalhista. Daí a se falar em sustentabilidade foi um pulo. Na verdade, quando se junta e se consegue o equilíbrio entre valores técnicos, sociais, econômicos, ambientais e culturais, já se está imbuído dos princípios da sustentabilidade. E como a grande maioria das empresas se encontravam certificadas, foi muito simples à silvicultura colocar mais alguns adornos e receber o batismo da sustentabilidade. E, assim, os procedimentos silviculturais atingiam, reconhecidamente, um alto patamar de qualificação. E, naturalmente, começava uma nova luta. Agora para se manter na posição conquistada. A sustentabilidade é, antes de tudo, um processo dinâmico e exige constante preparo para mudanças e melhorias. Na verdade, o dinamismo é uma das principais características da atividade sustentável. Empresários, consultores, pesquisadores, etc., todos exaltam a sustentabilidade da silvicultura, mas, com certeza, há certo desconforto com problemas que, vez ou outra, pipocam daqui e dali. E, então, vem a dúvida: será que abaixaram a régua da certificação? Fica a sensação de que a certificação já não é suficiente para diferenciar empresas.

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Opiniões Fala-se em fomento e parceiros mal atendidos, em madeira comprada a preços vergonhosos, em contratos descumpridos, em terceiros na justiça, etc. Grandes empreendimentos paralisados e municípios blindados por florestas, gente treinada e desempregada, compromissos esquecidos e comunidades abandonadas.... São sinais de que falta alguma coisa? Será que a certificação, que, depois, passou a ser sinônimo de sustentabilidade, não alcançou todo o leque de responsabilidades da silvicultura? Está na hora de se pensar em novos parâmetros para se diferenciar os empreendimentos? O que diferencia a silvicultura de outras atividades rurais? Na verdade, há uma diversidade de características específicas da silvicultura, e talvez sejam essas diferenças que estejam a desejar tratamento adequado. Quando bem instalada, passa por várias gerações. Quando se trata de um grande empreendimento, é abrangente e abarca comunidades e vários municípios. É quase insubstituível e cria uma grande dependência nas populações envolvidas. Tem um jeitão de “coisa para sempre”. Seriam razões para se exigir mais da silvicultura? E aí, cabem algumas considerações para reflexão: 1. Aparentemente, o tripé da sustentabilidade está baseado em aspectos técnicos, sociais e ambientais. O aspecto técnico e ambiental tem muito de obrigatório e tangível. O social tem muito de obrigatório e muito de facultativo, com forte apelo ético e não tangível. Programas de fomento, construções de estradas de acesso, participação em programas de educação e saúde, treinamento de mão de obra, etc., são algumas das contribuições sociais de grande impacto nas comunidades. 2. As contribuições sociais misturam as responsabilidades de governo com as iniciativas voluntárias de empresas e transformam colaboração em obrigação. Não é fácil encontrar-se o ponto de equilíbrio, mas vira um desastre quando a colaboração é paralisada. E repercute em toda a silvicultura. 3. O fomento florestal, pelos laços que ligam os interessados, pelas expectativas geradas, obrigações e responsabilidades das partes envolvidas, aparentemente, tem peso significativo nas relações de empresas e comunidades. E, talvez, exigisse mecanismos formais mais realistas e mais justos, principalmente no que diz respeito aos valores da madeira produzida e comercializada. O baixo valor da madeira praticado nas negociações cria impactos negativos, desastrosos e irreversíveis em certas regiões. E repercute em toda a silvicultura. 4. A silvicultura, que blinda alguns municípios e impossibilita qualquer outra atividade rural, teria que criar alternativas para uso da madeira e da floresta. A cara da silvicultura “para sempre”, e sem opções às comunidades, deixa pesada sensação de prisão e submissão. Gera insatisfação. E repercute em toda a silvicultura. O importante é que há empresas e profissionais conscientes dessas dificuldades e lutando para superá-las. Há quem já esteja pensando até na qualidade da madeira para nichos específicos. É por esses esforços, às vezes isolados, que a silvicultura continua crescendo e se desenvolvendo. Quem sabe não estejam surgindo novos valores para se distinguir empresas e produtores florestais.



consultores

a realidade de médio e longo prazos já se sabe pelo passado recente que a tendência será a falta de madeira na próxima década se as condições não mudarem, e esse é um claro e preocupante indicador de perda de competividade no futuro próximo. "

Mario Sant’Anna Junior

Consultor da MPR-3 Consultoria Empresarial

Hughes Robert de Lamennais, filósofo, escritor e político francês que morreu em 1854, escreveu uma frase que cabe bem aos nossos tempos e à temática deste artigo: “Se é possível acabar com o passado por meio do esquecimento, não se acaba o futuro por meio da imprevidência”. O Brasil se encontra num estágio depressivo em função da conjuntura atual, assim, tratar o futuro com otimismo ou pessimismo não vem ao caso, mas persistir em uma direção exaustivamente estudada terá mais chance de sucesso e previdência. As vantagens comparativas de suas florestas plantadas podem ter levado o Brasil a uma zona de conforto, e isso tornou países concorrentes mais competitivos e próximos. Diversos especialistas, em distintos fóruns, previam a diminuição dessa distância, e as virtudes do segmento não seriam suficientes para manter a competitividade. Entre outras evidências, a ausência ou descontinuidade de políticas governamentais adequadas, agravadas pelo hiato de décadas do lócus institucional do Setor de Florestas Plantadas no Ministério do Meio Ambiente, que não ofereceu políticas adequadas a uma atividade produtiva, sustentável e de longo prazo. Um bom exemplo é a experiência do segmento de florestas de pínus, que sofre hoje uma estagnação em sua área plantada. O legado de 50 anos de silvicultura, pós incentivos fiscais e a formação de extensas áreas de florestas de pínus no Sul e Sudeste do Brasil, trouxe consigo o surgimento de uma próspera indústria de papel e celulose e a mudança bem-sucedida da matéria-prima da indústria madeireira extrativista baseada na araucária.

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Essa indústria madeireira foi responsável por uma imensa transformação empresarial, desde o manejo das florestas até a formação de mão de obra especializada. Contudo, para não “acabar com o passado por meio do esquecimento”, sugere-se um olhar mais atento para as décadas de 1980 e 1990, marcadas pela enorme sobreoferta de madeira de pínus. Os produtos do manejo florestal não tinham preço, comprava-se madeira a US$ 1.00 a tonelada, e a rentabilidade do negócio era inexistente, o desestímulo era geral. No final da década de 1990 e boa parte da década passada, assistiu-se a uma verdadeira e positiva revolução. Uma indústria madeireira renovada e emergente, com capacidade de agregar valor ao produto, com domínio e posicionamento no mercado externo, registrou taxas crescentes de demanda por madeira muito acima da oferta sustentável; surgiu aí a expressão “apagão florestal”. Foi o primeiro ciclo, em décadas de atividade, em que a produção pulverizou-se, as florestas de pínus passaram a ser uma opção de investimento para as pessoas físicas que viam nesse ativo uma forma de garantir uma aposentadoria. Fundos de investimentos internacionais e nacionais procuravam ativos, atraídos pela rentabilidade viabilizada por uma rede de consumidores pulverizados e capazes de agregar valor à madeira. O setor experimentou o tão almejado estágio de percepção do ganha-ganha pelas partes interessadas, esvaziamento de pressões sociais mais agudas e relações mais saudáveis com as comunidades. Mario Henrique Simonsen dizia que, “se a inflação aleija, o câmbio mata”, e, nos últimos dez anos, volumes expressivos de produção dessa então próspera indústria deixaram de ser exportados majoritariamente pelo efeito cambial. Novamente o setor atravessa um período de sobreoferta em algumas classificações de madeira; as jovens florestas cresceram e não encontram mercado e preços para remunerar seus investimentos, e, com isso, pequenos investidores estão saindo do mercado, desestimulados pelo alto preço da terra e baixos preços de venda.


Opiniões “Não se pode acabar o futuro por meio da imprevidência”; já se sabe pelo passado recente que a tendência será a falta de madeira na próxima década se as condições não mudarem, e esse é um claro e preocupante indicador de perda de competividade no futuro próximo. Algumas regiões experimentam um período expansionista e promissor, como é o caso de Mato Grosso do Sul, contudo, sem esquecer décadas passadas, a região teve extensas áreas plantadas sem aproveitamento industrial. Dizia-se, na época, “formem-se as florestas que as indústrias virão”. Ato contínuo, essa visão foi derrubada pelo redirecionamento da política governamental da época. Em contrapartida, Minas Gerais atravessa também uma sobreoferta de madeira pelo enfraquecimento da demanda da indústria siderúrgica, repetindo o ciclo na década de 1990. Os ciclos econômicos sempre existirão, a defasagem em atividades de longo prazo tem explicação na teoria econômica e não é exclusividade do setor, várias commodities, como minério, carvão mineral, aço entre outros, estão atravessando um severo período de ajustes. Especialistas não se arvoram prever quanto tempo grandes potências continuarão a influenciar o comportamento das commodities, nem prever a rentabilidade atual no início da cadeia e nível de suporte ao longo do tempo. De certo, a boa notícia é que existe um mercado com potencial de crescimento a médio e longo prazo para todas as cadeias produtivas de florestas plantadas, apesar de todas as suas dificuldades agregadas. O traço cultural do Brasil preza pelo direcionamento do governo, e o setor não deixará de ser reativo às demandas

dos governos em todas as esferas, contudo a tendência é que os estímulos governamentais continuem tímidos na construção de um plano estruturado de longo prazo. Não se fala em subsídios ou financiamento, mas inteligência programática para o setor. O que há de novo: as associações de classe, agora mais profissionalizadas, compreendem a perda coletiva de competitividade e esforçam-se em construir uma agenda para mitigar as causas. A nova governança dos interesses do setor não se resume à presença construtiva e consistente no ambiente legislativo e executivo em todos os níveis, mas, por uma atuação mais holística, desde relacionamento com outras associações, ONG´s, academia e setores produtivos que apoiam as cadeias do segmento. A jornada da competitividade passará pela revisão dos processos dentro das empresas, pela liderança de uma agenda envolvendo todos os segmentos de florestas plantadas e persistência em retirar os pontos que obstruem esse desenvolvimento. Com esses esforços, espera-se cobrir as lacunas da falta de proatividade e visão de futuro e assim dar a oportunidade da “realidade de médio e longo prazos para a floresta plantada no Brasil”; “não acabar com o futuro por meio da imprevidência”, mas um exercício de sobrevivência e de previdência.


consultores

até onde

chegaremos ? Até 2035, chegaremos por volta de 10,6 milhões de hectares com a área plantada com eucaliptos e pínus no Brasil. A produtividade média do eucalipto no País deverá estacionar em algo como 39 ou 40 m3/ha/ano. "

Manoel de Freitas

Consultor da Manoel de Freitas Consultoria Florestal

Neste artigo, desenvolveremos dois temas dos mais relevantes para prospectar o futuro do setor de plantações florestais no Brasil: a área plantada e a produtividade dessas plantações. Como Eucalyptus e Pinus predominam no Brasil ─ 92% do total plantado em 2014 ─, teremos em mente somente esses dois gêneros florestais quando nos referirmos às projeções da expansão da área florestal. Importante mencionar que, em 2005, o eucalipto representava 61% da área plantada, e o pínus, 33%. Contudo, em 2014, o eucalipto passou a 72% do total, e o pínus caíra a 21%. O pínus reduziu-se de 1,83 milhões de hectares, em 2005, para 1,59 milhões de hectares, em 2014 (queda de 240 mil ha), enquanto o eucalipto subiu de 3,41 milhões para 5,56 milhões de hectares, um aumento de 2,15 milhões de hectares. Isso posto, como consequência disso, no tocante às projeções da produtividade florestal, optamos por focar, neste artigo, apenas o gênero Eucalyptus, o mais plantado e que detém também a maior produtividade entre as espécies citadas nas estatísticas do setor. Por último, concernente a essas estatísticas, os dados que serão citados nesta matéria têm como fontes os arquivos de Manoel de Freitas Consultoria e os conhecidos relatórios da Abraf e Ibá.

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No que se refere ao histórico das florestas plantadas, comecemos pelo ano de 1966 – início do programa de incentivos fiscais para fins de reflorestamento. Nesse ano, estimava-se uma área de 600.000 hectares de florestas plantadas no País. Quando da extinção do programa de incentivos, em1987, corria a informação de que os incentivos permitiram que a área plantada no País alcançasse uns 5 milhões de hectares, com predominância de eucaliptos e pínus. A disposição de reflorestar, turbinada pelos enormes atrativos do programa de incentivos fiscais, permitiu que, em 21 anos (tempo em que durou o programa), se produzisse uma média de expansão da área plantada de algo como 210.000 ha/ano, calculada para o período. Tem-se como boa a informação de que a área líquida plantada existente, poucos anos após o fim dos incentivos fiscais, caíra para uns 4 milhões de hectares, formada predominantemente de eucaliptos e pínus, isso no começo dos anos 1990.


Opiniões Lá pelo ano 2000, a área de pínus e eucaliptos, conforme registros, totalizava 4,8 milhões de hectares. Considerando, agora, como ponto de partida, os 4 milhões de hectares do começo dos anos 1990, encontramos um aumento médio da área plantada de 80.000 ha/ano entre 1990 e 2000. Ressalte-se que, nesse período todo mencionado, de 1966 a 2000, as exigências quanto a licenciamentos não tinham o mesmo rigor que existe nos dias de hoje. Também as disponibilidades de terras e seus preços, mão de obra eram muito menos limitantes ao crescimento florestal do que nos dias atuais. E, mesmo assim, não conseguimos sair de um máximo de 210.000 ha/ano no crescimento da área plantada. Vindo para o presente, no final de 2014, já alcançamos 7,2 milhões de hectares com plantios de eucaliptos e pínus. Foram 2,4 milhões de hectares a mais, tendo como base o ano 2000, o que nos deu, de média, um aumento na área plantada de 170.000 ha/ano. E contando com um período virtuoso da nossa economia em pelo menos uns 10 anos nesses últimos 14 anos. Cabe o esclarecimento de que nos referimos sempre a aumento anual da área plantada, para diferenciar de área de plantios anuais, pois é sabido que houve, ao longo dos tempos, muitas reformas em áreas já existentes e que não entraram nas contas acima. Quanto à perspectiva futura da floresta plantada, supondo que continuaremos a expandir a área florestal ao ritmo dos últimos tempos, de 170.000 hectares ao ano, chegaremos a um total de florestas plantadas, nos próximos 20 anos, em 2035, ao redor de 10,6 milhões de hectares, entre eucaliptos e pínus. Submetendo essa conclusão a algumas outras evidências, principiamos por comentar que se percebe certo esgotamento nas áreas disponíveis para reflorestamentos nas áreas tradicionais da silvicultura brasileira. Vejamos. Em estados como Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo, que, de larga data, plantam florestas, observamos que, no período de 2005 a 2014, o crescimento da área florestal foi de 114.000 ha/ano. Esses estados representavam, em 2005, aproximadamente 90% do total existente. Por outro lado, nas demais regiões do País, nesse mesmo período, a expansão foi de 143.000 ha/ano. Essas regiões, que representavam 10% em 2005, agora, em 2014, respondiam por 26% do total plantado. No período mais recente, 2010 a 2014, a média de expansão nos citados estados tradicionais, de repente, caiu para 45.000 ha/ano. Tudo indica, portanto, que a expansão da base florestal deverá ocorrer a partir de outras regiões não tradicionais. Para se chegar aos mencionados 10,6 milhões de hectares até 2035, um montante de 3,4 milhões de hectares deverá ser acrescido aos atuais 7,2 milhões de hectares. Em acontecendo, serão mobilizados algo como uns 6 milhões de hectares de terras totais, num aproveitamento médio estimado entre 55 e 60%, já que boa parte será em regiões onde haverá maior exigência com Reserva Legal (exemplo: no estado do Tocantins, a Reserva, se em área de cerrado, é de 35%) e com

aproveitamento menor em função da qualidade do solo, normalmente inferior às regiões tradicionais. Por último, esta quantia elevada de 6 milhões de hectares de terras por si só esbarrará em 3 entraves da maior importância: • disponibilidade de áreas; • localização estratégica para fins de interesse industrial e comercial; e • preços que sejam compatíveis com o negócio florestal. No que se refere ao Incremento Médio Anual – IMA, pelo meu banco de dados, tenho como produtividade média do eucalipto, no início dos anos 1970, um IMA de 20 m3/ha/ano. Em 2000, o IMA já crescera para 30 m3/ha/ano. Este salto – de 50% – muito se deveu à adoção da clonagem, que se iniciara para valer a partir dos anos 1980. Em 2005, o IMA já alcançara 34 m3/ha/ano. Em 2014, a produtividade passou para 39 m3/ha/ ano, o que deu quase 100% de ganho em 44 anos – 1970 a 2014. Cabe observar, contudo, que, conforme os dados, de 2005 a 2014, o IMA cresceu apenas 5 m3/ha/ano no período, ou algo como 15% em 9 anos, sinalizando uma perda de ritmo de aumento na produtividade das plantações de eucalipto no País. Esclareço que eu trabalho sempre com média e descarto os casos pontuais, em que o privilégio de contar com solos de fertilidade para agricultura, chuvas abundantes e bem distribuídas, clones apropriados, manejos corretos podem levar a produtividades superiores a 50 e mesmo 60 m3/ha/ano. Tenho acompanhado, dentro do possível, o que acontece com as grandes plantações comerciais. Recebo a informação, quase generalizada, que está ocorrendo, em inúmeros locais do Brasil, certo declínio clonal do eucalipto (na ausência de um melhor nome) com recuos de 10 a 20% nas produtividades antes conhecidas. De momento, a explicação mais aceita é aquela que é decorrente das mudanças climáticas, com ocorrência de poucas chuvas, bem como do surgimento, nos últimos anos, de novas pragas, com elevados efeitos danosos. Devemos, ainda, considerar que o aumento de área plantada com certeza se fará de forma considerável em novas regiões com maiores déficits hídricos, solos com fertilidades mais baixas, o que deve contribuir para que a média do IMA futuro sofra o efeito de um viés de baixa em relação às produtividades atuais. Muito se fala em plantas geneticamente modificadas, poliploidia e outros recursos da biotecnologia. Talvez aí, o caminho para o aumento da produtividade. Mirando o futuro, como consultor, até 2035, chegaremos por volta de 10,6 milhões de hectares com a área plantada com eucaliptos e pínus no Brasil. A produtividade média do eucalipto no País deverá estacionar em algo como 39 ou 40 m3/ha/ano, e, se passar disso, será por incrementos pequenos e de forma lenta – salvo avanços concretos na biotecnologia que permitam produção de mudas em larga escala e economicamente viáveis, acessíveis à maior parte dos empreendedores florestais.

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consultores

Opiniões

uma visão do futuro da floresta plantada Edmundo Navarro de Andrade, o “pai do eucalipto”, quando decidiu criar os hortos da Companhia Paulista de Estrada de Ferro com plantios comerciais de eucalipto, 100 anos atrás, pode ter previsto o sucesso de seu uso, mas nunca imaginou que o Brasil teria os atuais 6 milhões de hectares plantados. E, daqui a 100 anos, quanto será essa área plantada? Vamos pensar... O eucalipto foi plantado visando à produção de lenha e dormentes. Em meados do século XX, a madeira oriunda de árvores de Eucalyptus tereticornis com 15 anos de idade foi usada para postes, pois superaram a resistência daqueles em uso, de guarantã, com 110 anos de idade. Nas décadas de 1960 e 1970, o uso para celulose e carvão impulsionaram seu plantio, contando, inclusive, com incentivos fiscais para reflorestamento, época em que as Escolas de Agronomia abriram os cursos de Engenharia Florestal. Atualmente, o eucalipto é responsável por cerca de 1,1% do PIB brasileiro. Os plantios comerciais para uso doméstico e industrial saíram de São Paulo e se expandiram para quase todos os estados. As áreas plantadas cresceram, e o eucalipto foi ocupando, em ritmo acelerado, áreas de cerrado e/ou substituindo ciclos de lavouras tradicionais e, mais tarde, a partir da década de 1980, passou, basicamente, a substituir pastagens degradadas. As técnicas silviculturais não pararam no tempo. Melhoramento e manejo florestal fizeram a diferença no incremento da produção volumétrica de madeira por hectare plantado. Saímos dos históricos 10 a 15 m3/ha/ano para 40 a 50 m3/ha/ano, alcançando, em alguns sites, a produção de até 70 m3/ha/ano. O que precisamos para o futuro das florestas plantadas? Grande parte do mundo já usa papel e aço. Muitas das frutas e verduras que chegam à nossa mesa usam o eucalipto na caixotaria. Nós ainda o encontramos em portas, janelas, móveis, telhados e decks. Na próxima década, poderemos utilizar a madeira nobre, premium, de eucalipto, que vem sendo preparada no campo para atender a mercados mais exigentes. O consumo tradicional aumentará em função do aumento da população, da desativação de fábricas obsoletas, de outros usos, principalmente com o uso da madeira para energia e nanocelulose. O Brasil tem terras para plantios, e seus técnicos sabem como aproveitar as melhorias alcançadas nas novas fronteiras. Além do engenheiro florestal silvicultor, os novos tempos precisarão

Desafios e mais desafios virão adiante. Questionamentos, contestações, incertezas que sempre caminharam com o processo da silvicultura continuarão presentes no futuro. "

José Maria de Arruda Mendes Filho

Consultor da Mendes & Mendes Engenheiros Associados

do engenheiro florestal socioambiental, aquela pessoa que vai para o campo, que toma a decisão técnica visando ao desenvolvimento da espécie plantada sem prespezar a comunidade circunvizinha, que converse, que respeite os anseios, que atue como facilitador, que crie oportunidades e faça com que a comunidade entenda seu trabalho e admire o empreendimento. Ora o próprio consumidor inicia o plantio, ora busca regiões com plantios em andamento, desde que determinadas exigências em logística e infraestrutura satisfaçam suas necessidades. Cada vez mais demandarão do planejamento de onde implantar o empreendimento florestal. Além do solo, clima e espécie, o engenheiro florestal socioambiental necessitará de perfeita interação com as comunidades locais. Todos precisam ganhar com o novo empreendimento. Será fundamental que eles sejam submetidos às certificações florestais. Com isso, ficará claro que esse empreendimento está regido por normas e procedimentos que garantem o cumprimento da legislação, o menor impacto no meio ambiente e respeito às comunidades. A duplicação da área plantada nos próximos 50 anos ou triplicação nos próximos 100 anos será uma tarefa árdua. Um exemplo é o estado do Mato Grosso do Sul, que, dos 152 mil hectares reflorestados em 2005, passou para 900 mil hectares, com uma boa expectativa de apresentar de 2 a 2,5 milhões de hectares em 2025/2030. Os estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste apresentam muitas oportunidades de incremento do reflorestamento. Estados do Sul e Sudeste certamente terão um menor ritmo de expansão da base florestal, entretanto caminharão para uma melhoria significativa da produção com o incremento da qualidade das florestas já plantadas. Desafios e mais desafios virão adiante. Questionamentos, contestações, incertezas que sempre caminharam com o processo da silvicultura certamente continuarão presentes no futuro. Navarro de Andrade usou grande parte do seu tempo para justificar o plantio comercial de uma árvore exótica em um país com uma infinidade de espécies arbóreas. Os atuais silvicultores são constantemente bombardeados com uma série de questões que a Academia tão bem responde com dados científicos de extrema confiabilidade. O futuro não será diferente. Floresta plantada no Brasil é e continuará sendo muito importante para as novas gerações de brasileiros e do mundo.



entidades

desafios no

longo prazo cada hectare plantado com eucalipto rende, em média, 39 m³/ha/ano e, com pínus, 31 m³/ha/ano. Para efeito de comparação, o Chile registra uma produtividade média de 20 m³/ha/ano para o eucalipto e 18 m³/ha/ano para o pínus "

Elizabeth de Carvalhaes

Presidente Executiva da IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores

O setor de florestas plantadas evoluiu muito nos últimos anos no Brasil, tornando-se um dos mais relevantes no mundo. Com uma área de 7,74 milhões de hectares de árvores plantadas, o setor é responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais no País, além de ser um dos que apresenta maior potencial de contribuição para a construção de uma economia verde. Sua importância na economia nacional vem crescendo, tendo representado 5,5% do PIB (Produto Interno Bruto) da indústria brasileira em 2014 e sido responsável pela geração de R$ 10,23 bilhões em tributos federais, estaduais e municipais. Isso tudo, sem deixar de mencionar os crescentes investimentos do setor de florestas plantadas, que, apenas em 2014, registrou um aumento de 8%. Apesar de representar menos de 1% do território nacional, a área de árvores plantadas para fins industriais vem sendo ampliada

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Opiniões ano a ano e deverá se expandir ainda mais diante das perspectivas de aumento populacional e da demanda por alimentos e produtos mais sustentáveis. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) prevê uma população mundial de aproximadamente 9,5 bilhões de habitantes em 2050, o que exigirá aumentar em 70% a produção de alimentos do planeta. Ainda, a FAO projeta que a demanda por madeira para uso industrial e geração de energia terá um acréscimo de 40% nos próximos 35 anos. Ao mesmo tempo, as expectativas são de que o setor de base florestal tenha crescimento significativo de sua área, condicionado ao desenvolvimento de mecanismo de valorização dos produtos e serviços da atividade, além de políticas públicas de incentivo. De olho nesse cenário, as empresas do setor trabalham para aprimorar as técnicas de uso da terra, da água e dos demais recursos, conciliando a produção sustentável dos chamados 4Fs (do inglês: food, fiber, fuel and forests). É fundamental entender que o aumento da produção não ocorre em detrimento do meio ambiente e, nesse contexto, as florestas exercem papel vital para equilibrar o atendimento às demandas da população com a capacidade de regeneração dos recursos do planeta. As árvores plantadas atualmente são fonte de mais de cinco mil produtos e subprodutos e geram diversos benefícios climáticos, como sequestro de carbono e preservação de recursos hídricos. As florestas plantadas para fins industriais estão presentes na vida das pessoas em produtos como papel para impressão e papel higiênico, fraldas, móveis e painéis de madeira. Mas, além desses produtos, elas ainda podem contribuir para a matriz energética, com insumos como pellets, carvão vegetal e lenha. Isso sem mencionar as pesquisas para elaboração do etanol celulósico e outros subprodutos da madeira. Dentro dessa necessidade de conciliar aumento na produção com sustentabilidade, a biotecnologia vem se destacando como instrumento para superar esse desafio. A inovação tecnológica levará ao cultivo de árvores com características específicas, como maior produtividade, melhor forma, mais densidade e maior quantidade de fibras, além de maior resistência a pragas e a doenças, à seca, ao frio ou à salinidade, características particularmente relevantes por causa dos efeitos das mudanças climáticas. Outra ação de destaque é a Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF), que une diferentes sistemas produtivos na mesma propriedade e pode ser uma estratégia de inovação, com grande potencial de diversificar as receitas do produtor. Esse modelo tem sido incentivado nos programas de fomento com

pequenos e médios produtores rurais ligados à cadeia das empresas do setor florestal e tem papel social importante ao gerar emprego e renda e contribuir para o desenvolvimento das comunidades nas quais os plantios e as unidades industriais estão inseridos. O setor florestal brasileiro já é destaque ao redor do mundo por ter a maior produtividade. Além de o Brasil registrar o menor ciclo de colheita de eucaliptos, de apenas sete anos, cada hectare plantado com essa espécie de árvore rende, em média, 39 m³/ha/ano. Nas plantações com pínus, essa média é de 31 m³/ha/ano. Para efeito de comparação, o Chile, outro importante produtor na América do Sul, registra uma produtividade média de 20 m³/ha/ano no caso do eucalipto e 18 m³/ha/ano em pínus. Diversas ações têm sido adotadas para ampliar a produtividade das florestas plantadas brasileiras. Apesar disso, o setor sente a falta de amparo financeiro às pesquisas em áreas como inovação, melhoramento genético e biotecnologia. Cabe às companhias do setor manter seus programas de pesquisa independentes e buscar melhoria contínua em termos de produtividade. A verdade é que, apesar da liderança mundial, ainda há graves entraves que precisam ser considerados para a continuidade do crescimento do setor florestal brasileiro. Nos últimos anos, a produção de madeira ficou mais cara no País. Enquanto, em 2000, o custo era 40% menor do que nos Estados Unidos, no fim do ano passado, essa diferença não chegava a 10%. Apenas em 2014, a inflação do setor de árvores plantadas, medida pelo Índice Nacional de Custos da Atividade Florestal (Incaf-Pöyry), foi de 7,9%, enquanto a inflação nacional medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) ficou em 6,4%. A redução dos custos passa por desafios que impactam o longo prazo, como a legislação ambiental complexa e de difícil aplicabilidade e restrições para a aquisição de terras por empresas brasileiras com maioria de capital estrangeiro, além da política de crédito incompatível com a realidade de longo prazo da silvicultura. Mudanças em políticas de estímulo ao consumo de derivados de petróleo também são importantes para o setor de florestas plantadas, para que se crie um incentivo a fontes renováveis e à biomassa florestal e, além disso, às pesquisas envolvendo o etanol celulósico, que podem ampliar ainda mais a importância das florestas plantadas brasileiras no mundo. As árvores plantadas desempenham função crucial na discussão dos desafios para atender às demandas futuras da população e conservar recursos naturais. Embora o setor adote metas e projetos independentes, resultados maiores poderão ser alcançados, desde que haja um diálogo transparente e propositivo com os diferentes setores, governos e fóruns nacionais e internacionais, além da sociedade civil. Apenas assim será possível construir pontes entre os diferentes setores de uso da terra, permitir uma visão mais ampla de uso do solo e a inclusão de aspectos sociais, ambientais e econômicos na tomada de decisão. A tendência para o futuro é de que o setor de árvores plantadas se torne ainda mais relevante para a sustentabilidade, seja pelo fortalecimento de fontes renováveis, seja pelo uso crescente da biomassa florestal. A superação dos desafios nacionais é cada vez mais necessária para manter o setor florestal brasileiro em destaque crescente no mundo, tanto em produtividade, quanto em inovação.

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entidades

Opiniões

os futuros vencedores O setor florestal e o agronegócio brasileiro estão entre os poucos segmentos importantes da economia brasileira que podem manter perspectivas de ganho de competitividade. " C

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João Fernando Borges

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Presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais

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É cada vez mais evidente que o padrão de vida das nações e das pessoas é resultado da competição econômica. A competitividade das empresas, no entanto, não se limita às questões econômicas, mas é fruto também de sistemas sociais e regulatórios coerentes. No caso brasileiro, ainda são muitas as transformações necessárias para que o País seja competitivo, com uma ampla e profunda mudança nas nossas políticas econômicas. Nos últimos 20 anos, a população brasileira passou de 140 para 205 milhões de pessoas, houve importantes ganhos nos índices de desenvolvimento humano, e o PIB praticamente dobrou (de US$ 1,2 bilhão para US$ 2,2 bilhões). No entanto, o País deixou de fazer as reformas estruturais e os investimentos na infraestrutura que possibilitassem deslanchar como nação desenvolvida. Nesse contexto, a indústria brasileira de base florestal tem se destacado pelo seu desenvolvimento, apesar das muitas barreiras e ambiente macroeconômico desfavorável ao longo de seu curso. A silvicultura brasileira conta com uma história de mais de cem anos, mas foi a partir da década de 1960 que ganhou impulso, com a legislação do Código Florestal, criação do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – Ibdf e dos Incentivos Fiscais (Fiset). Nesses últimos 50 anos, a área plantada passou de 500 mil para 7,8 milhões de hectares.

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Na década de 1970, o Plano Nacional de Desenvolvimento, que objetivava o desenvolvimento da indústria com foco na redução das importações, incluiu, entre os setores industriais estratégicos, a siderurgia e a indústria de papel e celulose, que, combinados com os incentivos fiscais, propiciaram um representativo crescimento das florestas plantadas no País. Atualmente, os principais segmentos da indústria de base florestal no Brasil tem expressiva participação no mercado mundial. O País tornou-se o 4º produtor mundial de celulose de mercado, o 9º entre os países produtores de papel e o 7º entre os produtores de painéis. O Brasil possui o terceiro maior PIB florestal mundial, R$ 60,6 bilhões ou US$ 25,7 bilhões, que correspondem a 1,1% do PIB brasileiro (2014). À exceção da indústria de celulose – a produção brasileira corresponde a 43% da produção mundial de celulose de mercado de fibra curta –, nossa participação nas indústrias de papel (2%), produtos de madeira (1%) e outros segmentos industriais do mercado mundial é pouco expressiva. Apesar de que os custos de produção de madeira aumentaram significativamente acima da inflação e a competitividade brasileira, de modo geral, regrediu, o País tem expressivo potencial de crescimento nos segmentos industriais que utilizam madeira de florestas plantadas. O Brasil está entre os três países com menor custo de madeira de processo. O crescimento da área de florestas plantadas no período 2006-2015 foi de 3% a.a., enquanto o PIB brasileiro cresceu 2,8% a.a. no mesmo período. A possibilidade de conciliar desenvolvimento ambiental com crescimento da geração de renda e do emprego e ao mesmo tempo incorporar progresso técnico torna a indústria de base florestal um setor com elevado potencial de expansão a médio e longo prazo.

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Opiniões

O setor possui 3,8 milhões de hectares de áreas preservadas. Essa expansão dos diferentes segmentos – celulose, papel, produtos de madeira, madeira para energia e outros – está atrelada a oportunidades de maior participação do Brasil no mercado mundial e ao próprio crescimento do PIB nacional. Setores como o de celulose têm expansões importantes já anunciadas, enquanto outros, como o de bioenergia, dependem de políticas de incentivo a fontes de energia renovável e da retomada do crescimento da indústria brasileira. Embora as empresas tendam a investir no aumento de suas capacidades, independentemente das políticas públicas, a criação de um ambiente de negócios favorável, através da simplificação do licenciamento ambiental, de regulamentação que possibilite investir com segurança, da melhoria da infraestrutura logística e de crédito para os produtores, entre outras ações, é fundamental para que o crescimento do setor aconteça. Na questão do licenciamento, por exemplo, predomina no Brasil a discricionariedade administrativa: nossa legislação ambiental é desatualizada e, na ausência de normas claras que definam as competências para licenciar, fiscalizar e punir, os órgãos ambientais atuam de maneira discricional e em um ambiente de ampla insegurança. Ainda que a legislação ambiental brasileira seja vista como uma das mais avançadas, o fato é que ela se ressente de critérios balizadores que equilibrem o ideal de desenvolvimento com o ideal de preservação. O setor de florestas plantadas tem sido penalizado por essa discricionariedade. Além disso, os estados brasileiros adotam diferentes regras para licenciar, o que dificulta que as empresas abram novas bases florestais em alguns deles, o que, consequentemente, desestimula novos projetos industriais. A silvicultura deve ter um rito de licenciamento desburocratizado e isenção de licenciamento para pequenas propriedades. Temos um Código Florestal que já estabelece as regras de uso das propriedades rurais. Os plantios florestais usam percentual de área muito abaixo dos limites 6,3% 2,9%

3,3%

2,3% 3,0% 6,1%

7,5% 0,0%

5,2%

4,0% 2,7%

PIB Brasil % a.a média 2,8% a.a. 2006

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2007

0,3%

2008

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2011

do Código e, consequentemente, mantêm áreas de proteção bem acima das exigências legais. As plantações florestais geram benefício com reduzido impacto ambiental, é necessário, pois, que a legislação que regulamenta o setor seja condizente com essa realidade. O que passa pela revisão no Conama da classificação vigente da silvicultura – sem justificativa e fundamentação científica – como atividade potencialmente poluidora. A produtividade florestal – que, no caso do eucalipto, passou de 24 m3/ha/ano na década de 1980 para mais de 40 m3/ha/ano na década atual – deve evoluir ainda mais nos próximos anos. Para que essa evolução prossiga, no entanto, é importante manter os investimentos no melhoramento genético convencional e em novas tecnologias (biotecnologia), no desenvolvimento operacional (novas tecnologias de mecanização específicas para a silvicultura) e no aprimoramento do sistema de prevenção e controle de pragas. O setor privado certamente se manterá atento à necessidade dos investimentos mencionados, mas é fundamental também que o setor público faça a sua parte, por exemplo, estabelecendo procedimentos nos órgãos de defesa sanitária que tornem mais ágeis os mecanismos de liberação de defensivos para o setor florestal, que permitam o controle eficaz de pragas florestais. No atual momento brasileiro, é particularmente difícil projetar o crescimento de setores da economia. Há projeções de crescimento do PIB em torno de 2% a.a. ao longo da próxima década. Como a base florestal tem se expandido um pouco acima do PIB, pode-se esperar que, em 2025, a área plantada alcance entre 9,5 e 10 milhões de hectares. Vale lembrar que o governo brasileiro comprometeu-se a restaurar 12 milhões de hectares de florestas para múltiplos usos como parte do Acordo Global da ONU sobre Mudança do Clima. Como não há indicação, a curto e médio prazo, de que o real irá se valorizar em relação ao dólar, os segmentos exportadores poderão se beneficiar enormemente com o aumento do volume de exportação. Por outro lado, a ineficiência do gasto público vai prosseguir, e, com isso, não se podem esperar grandes melhoras na infraestrutura. Investimentos industriais em regiões mais remotas serão limitados pelos custos de logística. Entraves como a restrição à compra de terras por estrangeiros, se removidos, podem atrair investidores externos com foco em objetivos de resultados de longo prazo. O real desvalorizado pode tornar mais atrativos os investimentos florestais e formar base de suprimento de madeira para futuros investiExpansão da Área de mentos industriais. Florestas Plantadas % a.a. O setor florestal e o agronemédia 3,0% a.a gócio brasileiro estão entre os poucos segmentos importantes da economia brasileira que 2,7% 4,2% podem manter perspectivas de ganho de competitividade. 3,9% Também vale lembrar que, em 1,3% momentos de turbulência e in2,7% certezas, como o atual da eco1,0% nomia nacional, os modelos e 0,1% estratégias de negócio podem -1,2% ser alterados ou ajustados, o 2015 2012 2013 2014 que pode determinar os futuros vencedores do setor.



chapas

Opiniões

aguardando a retomada do crescimento O setor florestal brasileiro é um dos mais desenvolvidos e produtivos do mundo, o que nos garante alta competitividade. Nosso sucesso está alicerçado nos investimentos em tecnologia e condições edafoclimáticas privilegiadas, além de sermos destaques no nível de conhecimento, comprometimento e dedicação dos profissionais do setor. Em comparação ao Chile, que é um país referência em técnicas de produção florestal, a produtividade média/ano chega a 18 m3/ha, enquanto, em nosso país, chega a inacreditáveis 50 m3/ha. Por esses motivos, o Brasil é, hoje, um dos países com maior montante de investimentos em terras florestais no mundo. Atualmente, o cenário do setor florestal é de queda de preços de madeira e redução de empregos. A exceção é o setor de celulose, que está retomando suas forças em relação aos demais segmentos do setor florestal, comprovado com grandes investimentos em novos players nesse setor, alavancando, assim, exponencialmente o consumo de madeira para esse fim. Com o cenário econômico desfavorável para grande parte dos setores produtivos, a cultura de florestas plantadas, em algumas regiões, enfrenta acentuadamente uma competição pelo uso do solo, especialmente se comparado à agricultura e pecuária, em virtude de sua rentabilidade e ciclos de produção. Neste cenário de crise econômica, os produtores de florestas devem intensificar a diversificação de sua produção, com foco no aumento de valor agregado, como o manejo de florestas de melhor qualidade que atendam a demandas das indústrias de serrarias, laminação, entre outras. Porém nossos principais limitantes estão concentrados na falta de infraestrutura de rodovias e portos para suportar o escoamento da produção. E, ainda, a malha ferroviária que temos hoje não atende ao nosso potencial de produção e à necessidade de expedição, fato que implica custos

A exceção é o setor de celulose, que está retomando suas forças em relação aos demais segmentos do setor florestal, comprovado com grandes investimentos em novos players nesse setor, alavancando, assim, exponencialmente o consumo de madeira para esse fim. "

Nagi Nader

Gerente de Operações Florestais da Masisa do Brasil

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logísticos mais altos, tornando inviável a implantação de florestas que não estejam muito próximas aos centros de consumo dessa madeira. Especificamente nos estados do Sul do País, temos uma grande demanda de produtos agrícolas para escoar via férrea, ficando os produtos florestais em segundo plano, pois os produtos agrícolas são, em sua maioria, perecíveis. Cargas tributárias elevadas e, mais recentemente, a perda de credibilidade econômica do País tornam esse cenário um pouco mais difícil. Dessa forma, diante de tantos desafios, devemos adotar, imediatamente, uma estratégia de sobrevivência para o curto prazo e reajustar os negócios para o médio e longo prazo. Intensificar o foco no contínuo trabalho de melhoria da produtividade e competitividade das florestas plantadas com a finalidade de aumentar a oferta de madeira de qualidade para todos os produtos desse setor, agregando valor na base industrial, para tornar crescente nossa participação no mercado nacional e internacional, tanto de celulose quanto de madeira serrada, painéis de madeira e demais produtos. Visar ganhos de competitividade, com base no desenvolvimento tecnológico, nos aspectos do melhoramento genético, das melhorias nas técnicas de plantio, fertilização e de manejo de solo, pois, em comparação com o avanço tecnológico obtido na área de colheita de madeira, a silvicultura ainda tem espaço para desenvolvimento e aperfeiçoamento. O setor florestal gera um Valor Bruto da Produção de R$ 53,9 bilhões e uma contribuição tributária entre R$ 7 e 8 bilhões; com isso, temos representatividade suficiente na economia para influenciar positivamente a tomada de decisões. Uma decisão que poderá dar um significativo incremento nos investimentos florestais é o fim da restrição à aquisição de imóveis por empresas de capital estrangeiro no Brasil, principalmente no momento econômico que estamos vivendo, que gerará maiores investimentos, assegurando e aumentando a geração de empregos e a qualificação profissional. Enfim, temos grandes e promissores mercados consumidores, tanto interno quanto externos, aguardando a retomada do crescimento econômico, para o qual precisamos estar preparados, sempre alicerçados no tripé que é precursor da sustentabilidade: socialmente justa, ambientalmente correta e economicamente viável.


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florestas:

garantia de sustentabilidade

O tema para reflexão desta edição da revista Opiniões, colocando em perspectiva o desafio de recuperar e reflorestar 12 milhões de hectares até 2030, compromisso do governo brasileiro, remete a dois fatos incontestáveis: a competência e a excelência da engenharia florestal do Brasil e a pujança e a sofisticação tecnológica que podem atingir os empreendimentos industriais de base florestal quando a matéria-prima é ofertada. Segundo dados da IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores, em 2014, o País apresentava 7,7 milhões de hectares com árvores plantadas, sendo 63%

Pela dimensão social, 4,2 milhões de pessoas estiveram empregadas de forma direta ou indireta. Números não faltam para afirmar a capacidade do Brasil na produção de árvores e utilizá-las na indústria e outras aplicações. "

José Ricardo Paraíso Ferraz Diretor Florestal da Duratex

deles certificados pelos escopos do FSC e/ou Cerflor. As plantações brasileiras possuem um IMA Incremento Médio Anual, do pínus e do eucalipto, superiores ao verificado nos EUA, África do Sul, Chile, Austrália e China. A industrialização das madeiras das árvores colhidas resultou em mais 16 milhões de toneladas de celulose, 10 milhões de toneladas de papel, 8 milhões de metros cúbicos de painéis, quase 14 milhões de metros

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quadrados de pisos laminados e aproximadamente 4 milhões de toneladas de carvão vegetal, sem considerar outras importantes aplicações na construção civil, serrarias e biomassa para energia. Nessas atividades, toda a arrecadação foi de R$ 10,23 bilhões de tributos. Ainda, segundo a IBÁ, na dimensão ambiental, pode-se destacar de 2014 que o estoque de carbono chegou a 1,7 bilhão de toneladas, bem como a proteção de áreas de conservação com formações vegetais nativas e áreas em restauração, em limites que ultrapassam os requisitos da lei florestal, o que não se constata como regra em outros setores do agronegócio.


Opiniões Pela dimensão social, 4,2 milhões de pessoas estiveram empregadas de forma direta ou indireta. Números não faltam para afirmar a capacidade do Brasil na produção de árvores e utilizá-las na indústria e outras aplicações. Para o setor crescer, o Brasil não terá dificuldades com disponibilidade de áreas a recuperar e reflorestar. Pelo menos cerca de 60 milhões de hectares de pastagens degradadas estão à espera de recuperação, e parte dessa área pode receber os 12 milhões de hectares de reflorestamentos. Pela nova lei florestal (Lei 12.651; 25/05/2012), estima-se que 24 milhões de hectares deverão ser recuperados até 2030. Esses números, entre outras fontes, constam da revista Exame, de 05/08/2015, em entrevista de Carlos Rittl, da ONG Observatório do Clima, o qual se manifesta sobre não ter havido, até então, movimento real para alcançar os objetivos. Para um país que planeja ampliar sua base florestal em 12 milhões de hectares, algo soa estranho quando se depara com um desmatamento que, embora decrescente nos últimos anos, continua presente. Em 2014, foram desmatados 501.200 hectares da floresta amazônica no Brasil (revista Exame, 14/10/2015). Segundo a mesma fonte, considerando a biomassa de carbono, houve aumento de florestas nas zonas boreais e temperadas, com redução de florestas nas áreas tropicais, numa das quais se encontra o Brasil. Faltará coerência à estratégia que preconiza o crescimento das plantações sem compromissos e resultados efetivos com o desmatamento ilegal, ainda mais quando se discute o desmatamento zero. Próxima consideração de destaque nesta reflexão, cabe ao enquadramento atual da silvicultura como atividade causadora de “alto impacto ambiental” (Resolução Conama 237/1997). Não se concebe que uma atividade reconhecidamente necessária para combater o desmatamento ilegal, na medida em que gera madeira e outros produtos florestais, permite a recuperação de solos degradados, integra-se a outras atividades de cultivo do solo em propriedades de todos os portes e que, bem planejada, promove a recuperação de Áreas de Preservação Permanente e proteção de fragmentos de matas nativas, mantenha-se caracterizada como de “alto impacto ambiental”. Não se trata de preocupação com o enquadramento em si, mas em todo o arcabouço legal que resulta na necessidade de complexos e onerosos estudos de impacto ambiental para projetos com mais de 1.000 hectares, estudos que resultam em condicionantes também onerosas para o pleno licenciamento ambiental da atividade. No extremo desse cenário, tem-se os zoneamentos agroecológicos que, em várias regiões do Brasil, são impeditivos à expansão dos plantios de árvores em áreas há décadas antropizadas. A expectativa que se tem é que essa normativa legal seja revista, que se prevaleça o

bom senso e o posicionamento técnico-científico. Nisso têm grande relevância as iniciativas da IBÁ, e que o setor, em suas várias frentes e representações regionais, vem conduzindo e articulando com outros atores, inclusive com as ONGs, que são capazes de ver valor na silvicultura com foco no abastecimento industrial. Para avançar na expansão da base florestal, além de uma visão atualizada e despojada de mitos sobre o plantio de árvores para o abastecimento industrial, é preciso atenção à forma como vêm atuando setores de nossa sociedade que, motivados por razões ideológicas e sem fundamentação técnico-científica, fazem luta sem trégua contra o uso de defensivos e fertilizantes. O Brasil domina técnicas que permitiram a utilização de solos que, por muitos anos, foram vistos como inviáveis aos cultivos, e, para tanto, há de se reconhecer o extraordinário trabalho da Embrapa, do IPEF, da SIF, entre outros, que permitiu, em meio século, mais do que triplicar a produtividade das florestas de eucalipto. Na medida em que os cultivos foram ampliados, não faltou o surgimento das novas pragas. Nessas circunstâncias, os defensivos, utilizados de modo responsável e dentro das premissas técnicas que acompanham cada produto, podem e devem ser utilizados para assegurar produtividade com segurança para as pessoas e o ambiente. Os estudos avançados dos ciclos hidrológicos, nutricionais e do carbono nos monocultivos, praticados em amplas extensões contínuas de terras, têm levado a uma maior compreensão das interações existentes entre eles e vêm trazendo importantes inferências dos efeitos das mudanças climáticas na conservação dos corpos de água na agricultura e na silvicultura. Com isso, fazem-se necessárias novas abordagens na ocupação dos solos e destinação de áreas para a conservação, o que resultará em novos desenhos das paisagens nas quais o agronegócio se desenvolve. Trata-se de tema complexo, cujas estratégias e soluções obrigatoriamente deverão passar por consensos setoriais e intersetoriais. Com o conjunto de soluções e estudos para a conservação da biodiversidade, um projeto de expansão das plantações deve considerar criteriosa avaliação integrada das informações de que as empresas florestais e outras do agronegócio já dispõem. Muitos são os estudos com informações valiosas sobre a fauna e a flora que permanecem internos às organizações ou depositados e esquecidos em órgãos ambientais. Resgatar e avaliar as informações da conservação da biodiversidade se faz prioritário ao plano de expansão desejado pelo governo e pelo agronegócio. A partir de bases de dados construídas cooperativamente, com envolvimento da academia, no médio e longo prazos, poderão ser assegurados avanços na proteção de espécies ameaçadas, no estabelecimento de propostas que reduzam a fragmentação e aumentem a conectividade das áreas de conservação da biodiversidade. Isso se torna fundamental para conferir efetividade na ampliação dos serviços ambientais associados a uma silvicultura com alta performance socioambiental. Por fim, são necessárias iniciativas que, priorizadas, possam permitir alguma viabilidade do grande desafio apresentado; tais iniciativas estarão ligadas à elevação da oferta de crédito ao produtor, ao aumento da competitividade na produção, acompanhado do destravamento dos processos burocráticos, adequação de soluções de infraestrutura e, o mais relevante, o estabelecimento de políticas públicas que incentivem a indústria de base florestal ao crescimento.

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Opiniões

papel e celulose

um desenvolvimento justo e perene Afora as adversidades enfrentadas em função da gravíssima crise, de múltiplas dimensões, que atinge o País, o Brasil é uma terra reconhecidamente fértil em diversas vertentes; tem vocação para produção de florestas; é privilegiado pela dimensão territorial e condições favoráveis, como abundância de luz, calor, períodos de chuva distribuídos ao longo do ano, tecnologia de ponta, maior produtividade e qualidade mundial. Parafraseando Gonçalves Dias na “Canção do exílio”, posso dizer que as árvores que aqui crescem e se desenvolvem não se desenvolvem como lá, em outros países. Nesse sentido, é importante a sociedade compreender que, no setor de árvores plantadas brasileiro, está o rumo sustentável para uma solução efetiva frente à demanda global por fibras, energia e bioprodutos. Sendo assim, a adoção segura de tecnologias inovadoras e processos otimizados é fundamental para obter resultados que possam evoluir em um continuum. A premissa para o desenvolvimento das tecnologias e processos necessários é romper paradigmas com boas ideias e integrar as gerações em prol de um futuro palpável, onde há ordem no progresso sustentável, gerando valor (e não apenas riquezas) para todos. As perspectivas para o crescimento do setor são animadoras e extremamente possíveis. No País, são aproximadamente 7,7 milhões de hectares de árvores plantadas, correspondendo a apenas 0,9% do território nacional. Uma leitura preliminar da paisagem brasileira já indica que o País possui grandes áreas antropizadas e subutilizadas. Apenas com a conversão da pecuária extensiva para o modelo de confinamento controlado, estima-se a liberação de 70 milhões de hectares para outras atividades de manejo responsável. Diante da possibilidade de expansão, as organizações devem refletir quanto ao comportamento da sociedade e seus anseios por produtos com uma cadeia produtiva limpa, em que recursos são usados de forma equilibrada e responsável. O próximo, e até mesmo simultâneo passo, é pesquisar, compreender e utilizar o potencial de aplicabilidade e transformação da madeira, especialmente de eucalipto. Trata-se de avançar em inovação com uma produtividade focada em alavancar a participação em novos mercados, mesmo que ainda incipientes. Para isso, a aplicação da ciência e o alinhamento com as instituições científicas são fundamentais. A promissora nanocelulose, por exemplo, está em ritmo acelerado de pesquisas nas instituições.

Embora a implantação dos nanocristais de celulose no mercado mundial em larga escala comercial esteja distante, há quem defenda que a nanotecnologia da madeira será uma alternativa aos plásticos em determinadas aplicações. Portanto a sociedade deve entender que o setor de árvores plantadas não concorre com a produção de alimentos, mas a complementa na medida em que apresenta produtos essenciais ao cotidiano a partir de fontes renováveis. Seja qual for a direção escolhida pelas empresas, é importante manejar com responsabilidade os recursos naturais e buscar vencer o desafio de equilibrar os custos de produção, as adversidades operacionais e climáticas, bem como o atendimento a uma legislação cada vez mais restritiva e burocrática, no famigerado sentido da palavra. Decisões como a restrição, desde 2010, determinada pelo parecer da Advocacia Geral da União (AGU), que impõe limite para a compra de terras pelo capital estrangeiro, com base na Lei n° 5.709, de 1971, mesmo que seja revertida, gera insegurança jurídica, impactando fortemente a confiabilidade e os investimentos estrangeiros, especialmente os de longo prazo. O efeito em cadeia dessa regulamentação interfere no desenvolvimento do País tanto em relação à preservação da biodiversidade quanto à geração e à distribuição de renda. O modelo econômico contemporâneo tem apresentado nuances de uma orientação determinada pela demanda final do consumidor. A partir de análise de especialistas, como Mark Dutz (economista-chefe do Dpto. de Práticas de Comércio e Competitividade Global do Banco Mundial), que define as quatro forças que orientam o cenário econômico mundial, como competitividade, abertura, conectividade e capacidade, torna-se evidente a necessidade de uma reorientação no posicionamento do Brasil. O País precisa se integrar às cadeias globais de valor sem perder sua identidade, mas promovendo a expansão e permeabilização das fronteiras do conhecimento, das relações institucionais e comerciais. O Brasil precisa estar cada vez mais alinhado com o que há de inovação no mercado, de forma a buscar competir sem perder conquistas sociais históricas que confirmam a sobriedade e a responsabilidade da iniciativa privada, em especial das empresas de base florestal, como a Cenibra. Aqui, priorizamos a conservação dos biomas e a revitalização de áreas verdes, aliadas a investimentos em tecnologias para uma produção limpa, segura, eficiente e rentável. Não há dúvida de que as empresas ou setores que não introjetem esse aspecto como um valor cultural estão fadados à estagnação e até mesmo ao colapso comercial.

Parafraseando Gonçalves Dias na 'Canção do exílio', posso dizer que as árvores que aqui crescem e se desenvolvem não se desenvolvem como lá, em outros países. "

Paulo Eduardo Rocha Brant Presidente da Cenibra



papel e celulose

boa realidade

A liderança tecnológica da indústria de base florestal brasileira e sua contribuição para a economia nacional são incontestáveis. Seu principal diferencial competitivo está associado a fatores naturais e tecnológicos que têm suportado o contínuo aumento da produtividade das florestas e alavancado o desenvolvimento dos negócios nos diversos segmentos que compõem a indústria de florestas plantadas no Brasil. Atributos do ambiente, como clima favorável, solos e disponibilidade de terras para cultivo, associados ao conhecimento aplicado em pesquisa e desenvolvimento, permitiram que o Brasil se mantivesse em posição de destaque mundial no setor florestal, tendo como principal fator de referência a produtividade. Instituições de ensino e pesquisa solidificaram a ciência florestal e disseminaram técnicas ao longo do País, através de programas cooperativos. Incentivos fiscais ao reflorestamento, programas nacionais de desenvolvimento e, principalmente, iniciativas privadas se lançaram ao empreendedorismo e foram responsáveis pelo crescimento da área plantada e das indústrias dos diversos segmentos no País. A indústria de base florestal consolidou seus nichos de mercados, e entidades de representação se organizaram valorizando os atributos econômicos e socioambientais do setor. Como resultado desse esforço e investimento em pesquisas, a produtividade média das florestas plantadas, no Brasil, atingiu um patamar de referência mundial, sendo reforçado pelos avanços significativos obtidos em qualidade da madeira e fibras para seus mais diferentes usos, homogeneizando e garantindo o suprimento das linhas de produção.

Como resultado desse esforço e investimento em pesquisas, a produtividade média das florestas plantadas, no Brasil, atingiu um patamar de referência mundial "

Fernando de Camargo Moro

Gerente de Silvicultura da BSC - Bahia Specialty Cellulose

Contudo a competitividade se distancia de seu potencial, ano após ano, e, mesmo que tais diferenciais tenham suplantado os índices de referência ou subsidiado as ineficiências estruturais, eles não têm sido suficientes para manter o Brasil em posição de liderança. Com o passar do tempo, modificações no modelo de produção e negócios estão sendo demandadas em maior ou menor velocidade, dependendo das áreas às quais se relacionam: produção, mercado, investimentos, sustentabilidade do negócio, políticas de desenvolvimento, gestão, dentre outros. Na cadeia produtiva, a sustentabilidade se tornou obrigatória.

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Atualmente, o gerenciamento de aspectos ambientais, sociais, políticos e culturais se agregam aos negócios juntamente àqueles comumente gerenciados, como produtividade, qualidade, segurança e custos. A compreensão do uso inteligente dos recursos naturais e dos impactos das atividades de produção nos ecossistemas, onde a soma das interações realizadas em um ambiente é muito maior do que a simples soma das ações de cada componente individualmente, traz consigo uma mudança radical na forma de pensar e, por conseguinte, de gerir os recursos naturais disponíveis. A globalização da economia incita a competição por mercados que demandam produtos competitivos, onde baixo custo de produção é imperativo. A eficiência logística, escala de produção e inovação tecnológica são fatores conclusivos para manter-se a competitividade. Os níveis de investimento em infraestrutura atuais criam gargalos estruturais no País (custo Brasil) e majoram a perda de competitividade dos produtos, e consequentemente da economia nacional. Mesmo com um cenário de crescimento debilitado da economia nacional, a indústria de base florestal teve crescimento (1,7% em 2014) superior à maioria dos setores da economia, demonstrando sua importância para a economia nacional.


Opiniões A produtividade florestal que sobrepuja as ineficiências da cadeia produtiva do País tem sofrido ameaças constantes na manutenção de seus níveis de referência, dado o aparecimento de pragas e doenças, bem como das alterações climáticas, capazes de minar os ganhos conquistados até o presente momento. Nesse mesmo embaraço, obstáculos de cunho estratégico, como políticas de investimentos pouco atrativas, regimes tributários complexos, burocracia inútil e sumiço da credibilidade da classe política brasileira, clamam por soluções competentes e imediatas, além daquelas relativas aos ganhos de produtividade, já no caminho do sucesso. Então, como mudar esse cenário? Quais ações são imediatas para a sobrevivência dos negócios e quais são estratégicas ao desenvolvimento? No conceito de novas tecnologias, equipamentos que utilizam posicionamento global por satélite (GPS), rádio frequência (RFID), associados a sistemas operacionais customizados (ERPS) e ferramentas de (GIS), operam com o suporte de dispositivos, como vants, tablets e celulares e dão a tônica do progresso. A rápida tomada de decisão e gerenciamento de indicadores de desempenho em tempo real ganha o foco. A mecanização das operações é uma tendência. Máquinas mais eficientes e ergonômicas, com implementos conjugados, têm se apresentado como soluções para o ganho de rendimento, dentro do manejo de cultivo mínimo. Detalhes de atividades são monitorados por sensores e telemetria e registradas em seus computadores de bordo, para uso do gestor. Para áreas declivosas, atividades mecanizadas vêm tomando espaço, como a subsolagem com escavadeira hidráulica e a colheita com guincho, estabelecidas em estados como SC, PR, SP e MG. Simuladores de realidade virtual são utilizados para o aperfeiçoamento de operadores de máquinas, que, por sua vez, estão se tornando polivalentes. No transporte de cargas, modais mais eficientes estão sendo desenvolvidos com o uso de composições mais leves de ligas de metais resistentes. Viveiros de mudas e laboratórios estão mais automatizados, reduzindo mão de obra e evitando perdas. É importante ressaltar que nenhuma mecanização e automação substituirão o acompanhamento do profissional, sob pena de arruinarem seus resultados. Modelos de prestação de serviços especializados, terceirização e primarização de atividades passam por revisão de viabilidade do negócio. Os modelos de crescimento da floresta tem se modificado frente aos fatores adversos de campo que impactam seu padrão, como estresse hídrico, novos clones em 3ª rotação e outros. Redes neurais, Lidar e solvers vêm somar na geração de informações. No que tange à biotecnologia, ganhos significativos de produtividade e qualidade de fibras são esperados com o desenvolvimento de OGMs e também com o melhoramento genético clássico. Também são esperados resultados em tolerância a fatores bióticos e abióticos, como: estresse hídrico, pragas e doenças, além de tolerância a pesticidas. As discussões sobre o uso de OGMs recaem sobre princípios da biossegurança. Com respeito ao mercado, o aumento do consumo de produtos de madeiráveis e serviços ambientais é inevitável. Multiprodutos com rastreabilidade resultantes do bom manejo das florestas são tendências atuais.

Do enunciado princípio da conservação da matéria, de Lavoisier, que diz que " na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", se traduz em: tudo se reutiliza, se recicla e, consequentemente, se repensa sobre os hábitos de consumo. Mapeamentos de mercado, conhecimento dos principais players e concorrente, benchmarking de preços, tarifas, produtividade e novas tecnologias são atualizações rotineiras no mundo interconectado. A capacidade de gestão, a ética nas negociações, o respeito aos contratos e a boa governança, além da rentabilidade dos projetos, serão bases para novos investimentos no Brasil. Processos eficientes, produtos inteligentes são cada vez mais requeridos. Uma nova economia com olhar além da produção tem direcionado os negócios de muitas empresas. Danos à reputação por práticas inadequadas são verificados em due dilligences e tem sido decisivas em negociações entre empresas. Em breve, passivos ambientais, sociais e culturais serão monetizados nas regras de contabilidade internacional. A venda de produtos passará por análise reputacional, validada por selos ambientais e divulgada em relatórios de sustentabilidade (GRI). A confiança dos stakeholders determinará o sucesso das operações, amparadas pela vigilância da mídia, na construção de valor compartilhado. No tocante às políticas do setor florestal, estas têm papel categórico na velocidade e no sucesso das ações. Esforços isolados não podem vencer os entraves aplicados ao desenvolvimento. Lembro-me de quando o estado do MS apresentava área plantada inferior a 200 mil hectares, há 15 anos. Hoje, fruto de políticas integradas e bem definidas, apresenta-se como um caso de sucesso, potencializando sua vocação florestal (833 mil hectares, 2014). Políticas de incentivo à produção e apoio ao uso da madeira devem ser estimuladas, juntamente com programas corporativos estratégicos que despertem a inovação. A inserção de pequenas propriedades em modelos de produção que diversifiquem seus negócios é determinante. Na posição mais central da conjuntura, se encontra o capital humano. Afinal, somos nós que conduziremos os processos na direção em que acreditamos ser a mais correta. Sustentável? Rentável? Ética? Para saber escolher as respostas, o profissional precisará estar aberto para desenvolver competências que ultrapassam as tradicionais. Muito mais do que prodígios administradores, o profissional deverá buscar a visão sistêmica, dando atenção aos valores éticos e morais de seu entorno. Será necessário que reflita sobre a complexidade na integração entre produção, ambiente, comunidades e outras externalidades, mas em campo, a partir de suas próprias experiências. Neste caminho, deverá este indivíduo ser incansável na busca por conhecimento e integração de outras áreas do saber, como agroenergia, ecologia, hidrologia, finanças, línguas, etc. Deverá ter humildade e paciência para aprender com a sabedoria dos práticos e despir-se de vaidade para realizar trabalhos em rede. A automotivação e o engajamento são premissas, e, para tanto, seus propósitos individuais devem fazer confluência com os da organização. Para exercer tal liderança legítima e ser capaz de sustentar seu comprometimento, deverá esse profissional conhecer-se e saber que jamais estará pronto, pois o ambiente estará em constante transformação.

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siderurgia

desafios da produtividade Coautor: Helder Bolognani Andrade, Gerente de P&D da Vallourec Florestal

podemos destacar tecnologias de produção de carvão vegetal que permitem agregar à etapa de carbonização termoelétricas para aproveitamento dos gases provenientes do processo, transformando-os em energia elétrica "

Rubens Ferreira Filho

Superintendente-geral da Vallourec Florestal

Muitos trabalhos e cenários apresentados nos últimos anos apontam para um aumento na demanda de produtos oriundos de florestas plantadas de diferentes segmentos já existentes no setor (celulose, carvão, produtos de madeira sólida, entre outros). Há também o surgimento de novos, tais como os de energia e biocombustíveis, levando a uma necessidade expressiva de madeira, a médio e a longo prazos. Nesse contexto, o Brasil desponta com um potencial incrível de atendimento a essas demandas. No que se refere à busca por novas alternativas energéticas, a utilização da biomassa da madeira é de fundamental importância, não apenas pelo uso de resíduos florestais, mas também pelo desenvolvimento e aplicação de tecnologias que possam ser integradas aos processos hoje existentes e que possibilitem uma utilização de 100% desse recurso. Como exemplo, podemos destacar tecnologias de produção de carvão vegetal que permitem agregar à etapa de carbonização termoelétricas para aproveitamento dos gases provenientes do processo, transformando-os em energia elétrica. A aplicação dessa prática nos proporcionará um processo com 100% de eficiência, fato que possibilitará uma redução expressiva nos custos de produção, aliada à solução para grande parte das questões ambientais.

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Com relação à demanda por mais biomassa, o setor deverá, estrategicamente, focar na expressiva importância acerca da melhoria da produtividade das florestas existentes. Atualmente, elas estão comprometidas em função de duas questões que merecem atenção. Uma delas se refere ao aumento de ocorrência de pragas já conhecidas e o surgimento de novas, que, devido à dispersão dos plantios, facilitam a sua propagação e dificultam as medidas de controle. A outra diz respeito às alterações climáticas que têm impactado de forma negativa. Ambas levam à perda da produtividade nas diferentes regiões com plantios florestais. Temos a experiência necessária para alcançarmos nossos objetivos. Porém, se realmente acreditamos no aumento da demanda por produtos oriundos de florestas plantadas, a médio e a longo prazo, temos que investir na mitigação dos riscos que podem comprometer a produtividade das florestas, bem como no desenvolvimento de tecnologias que minimizem os custos vinculados ao manejo silvicultural. Para conseguir o sucesso e alcançar o estabelecimento de florestas economicamente viáveis, é necessário passar por essas turbulências e conquistar, além da produtividade, a qualidade do sortimento de madeira para diversos usos.


Opiniões Para alinhar todas as demandas do setor, torna-se cada vez mais fundamental a integração dos esforços das instituições que o representam. Isso envolve a necessidade de rever as políticas públicas relacionadas a investimentos, regulamentações diversas, infraestrutura e logística, disponibilidade de áreas (política fundiária), desenvolvimento de máquinas e equipamentos, formação e treinamento de recursos humanos para ocupar as diferentes funções dentro do plano de expansão da atividade florestal, além dos avanços necessários que devem ser obtidos pelas áreas de pesquisa e desenvolvimento. Nesse sentido, várias empresas, como a Vallourec, têm atuado de forma intensiva em projetos de pesquisa. Muitos são tratados de forma conjunta, intermediados por grupos cooperativos, em parceria com universidades, instituições de pesquisa e consultores. Nesse período em que passaremos por grandes mudanças, com deslocamentos para áreas mais desfavoráveis ao desenvolvimento das florestas, aliado às mudanças no clima e ocorrência de novas pragas, surge a necessidade de um realinhamento das ações desses programas. Empresas e instituições representativas do setor já estão se mobilizando. Temos que ter em mente que lidamos com uma realidade caracterizada por muitas incertezas e complexidades. Portanto a ênfase deverá ser dada na antecipação e no planejamento. Assim, considerando o caso de insetos, é preciso que seja direcionada grande parte de nossa atenção às pragas com potencial de infestação que ainda não ocorrem no País, mas têm mais

possibilidade de surgir e causar danos significativos. Identificando esses insetos potenciais e já estudando sua biologia, preferências alimentares e possíveis inimigos naturais, bem como outras alternativas de controle, teremos uma chance muito maior de mitigar os danos que eles podem causar. Tais comentários também se aplicam à introdução e à seleção de novos materiais genéticos e as suas interações com o meio ambiente. Para atingirmos novos patamares de adaptação, produtividade e qualidade das nossas florestas e, adicionalmente, possibilitar que elas tenham diferentes usos, são necessárias novas alternativas dentro dos sistemas de manejo. Devemos repensar as práticas hoje empregadas, que, juntas aos novos materiais genéticos, possibilitem reestruturar o sistema de manejo nutricional e intensificar o controle integrado de pragas. Alguns estudos em andamento demonstram haver uma interação muito forte entre eles e que as possíveis soluções irão depender de ações conjuntas. A interação dos conhecimentos e treinamentos gerados a partir desses programas permitirá um avanço significativo no desenvolvimento da produção de biomassa florestal no Brasil. Devemos sempre lembrar que estamos tratando de um recurso renovável que, se bem manejado, certamente nos trará um resultado cada vez mais sustentável. Teremos um futuro de grandes desafios e oportunidades para alavancar o setor florestal e torná-lo ainda mais fortalecido frente ao cenário nacional e internacional.


madeira sólida

sustentabilidade

do negócio florestal O trabalhador típico do campo está envelhecendo. As novas gerações não são atraídas pelo trabalho básico, mais braçal. A primeira pergunta que um colaborador recém-chegado à empresa faz é 'qual a senha do wi-fi?'. "

Wagner Itria Junior

Membro do Comitê Executivo da Amata

O ano de 2015 ficou famoso por ser o “futuro” do filme De volta para o futuro 2, sucesso nos anos 1980. Do filme, algumas tecnologias futurísticas ainda não chegaram a ser colocadas em prática, como carros voadores, mas a grande maioria é usada por todos nós, como TVs de tela plana, videoconferências, monitoramento por câmeras, biometria, tablets e internet – tecnologias que conectam. Antes de viajarmos para o futuro da floresta plantada, vamos fazer uma conexão com o passado, elencando algumas mudanças que ocorreram nos últimos 20 anos no nosso segmento: o cultivo mínimo foi adotado pela grande maioria das empresas, abolindo o uso do fogo na limpeza de área pré-plantio; a abertura do mercado permitiu a importação de maquinário especializado para a colheita florestal; passamos a dominar as técnicas de produção de mudas clonais e micropropagadas; surgiram os adubos de liberação programada; as moléculas de químicos passaram a ser menos agressivas para o meio ambiente; os sistemas de trabalho foram adequados, visando à segurança e à ergonomia no trabalho; surgiram as certificações florestais; o uso de drones e outras tecnologias no campo são realidade; cresceram vertiginosamente as opções de cursos de graduação e pós-graduação, formando profissionais mais bem qualificados, etc.

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Quando conectamos tecnologia com as condições climáticas do Brasil a todas essas inovações, fica fácil entender o destaque que a floresta plantada tem no cenário mundial, especialmente devido à produtividade florestal. E o futuro? O setor de florestas plantadas, há muito tempo, pratica o planejamento de longo prazo, olhando para a frente 20 anos ou mais. Isso é fundamental para garantir o abastecimento das indústrias de base florestal, bem como refletir sobre a necessidade de compra de terras, ampliação de fábricas, investimentos e contratação de pessoal, entre outros. O foco principal costuma ser a produção e as finanças, mas também é preciso planos para conectar a causa da empresa – a razão de sua existência, o seu why? –, com todos os envolvidos: clientes, acionistas, trabalhadores, fornecedores e moradores das comunidades do entorno das áreas de manejo. Essa conexão da causa, gerando e compartilhando valor, é que tornará o negócio sustentável. Sobre criar valor para os clientes, é preciso identificar qual é a “dor” do cliente. Dor é algo maior do que necessidade. Não basta ter produtos com design inovador, tecnologias modernas e canais de atendimento – esses são itens que resolvem problemas internos. Temos que entender os problemas pelos quais o cliente passava antes de ter o nosso produto.


Opiniões Para isso, é necessário ter aproximação, saber ouvir, analisar e ter persistência para buscar a solução para a dor que o cliente sente, conectando-a com a causa da empresa. Às vezes, a causa é tão forte e evidente, que, ao olharmos para uma marca, enxergamos a causa da empresa. Com relação aos acionistas, além da organização, garantir o atingimento das metas financeiras; torna-se cada vez mais importante um bom planejamento e um corpo de executivos bem alinhado ao Conselho de Administração, implementando e realizando as práticas da empresa, bem como trazendo transparência na divulgação dos resultados. Alinhamento das expectativas em busca da mesma causa é fundamental para atrair e manter investidores e investimentos no negócio florestal. Isso traz valor para o acionista, principalmente para aqueles que procuram investimentos de longo prazo, como são as florestas. No aspecto das relações de trabalho, sejam colaboradores próprios ou terceirizados, o principal desafio do nosso setor é buscar uma solução que equilibre os avanços na qualificação do pessoal e as oportunidades internas de crescimento. O trabalhador típico do campo está envelhecendo. As novas gerações não são atraídas pelo trabalho básico, mais braçal. A primeira pergunta que um colaborador recém-chegado à empresa faz é “qual a senha do wi-fi?”. A busca pela mecanização e automação das atividades de campo não é novidade. Os programas de avaliação de desempenho, bonificação e retenção

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de talentos variam pouco entre as diferentes empresas. Mais uma vez, a chave para o sucesso e o engajamento das pessoas é a conexão dos trabalhadores com a causa da empresa. É preciso selecionar os fornecedores que estejam alinhados com a causa, pois, cada vez mais, o fornecedor passará a ser uma continuidade da empresa. A responsabilidade socioambiental está sendo, cada vez mais, irradiada para os fornecedores. Os consumidores estão, cada vez mais, preocupados com a origem das matérias-primas e impactos ambientais que os insumos possam trazer. A escolha de fornecedores somente pelo critério de preço está com os dias contados. A conexão com os moradores das comunidades do entorno das áreas de manejo deve ser realizada da mesma forma da conexão com os clientes: entendendo a dor. As organizações terão que buscar formas de traduzir a dor das comunidades em programas e projetos sociais. Uma vez que as comunidades estiverem conectadas com a causa das empresas, deve-se reduzir a quantidade de iniciativas assistencialistas, pois ficará claro para as comunidades quais as razões da organização existir e como os projetos sociais estão alinhados aos interesses e às necessidades das duas partes. Uma frase atribuída a Peter Drucker diz que a melhor maneira de prever o futuro é construí-lo. As empresas do setor de florestas plantadas deverão investir esforços na construção de uma marca que conecte a sua causa com as demandas e as necessidades de todos os envolvidos no negócio.

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a floresta e a "A importância das florestas para a vida humana tem sido ressaltada, em copiosa literatura, através dos tempos. Ninguém ignora, já hoje, que, onde não há florestas, as condições favoráveis de vida se reduzem ao mínimo, em face da extensão e do volume consumido da matéria-prima que elas oferecem – a madeira. Daí a necessidade de uma atividade florestal plena, capaz de entreter o rendimento das florestas à altura das solicitações da indústria." Virgílio Gualberto, Presidente do Instituto Nacional do Pinho, em 1950. No ano da publicação dessa obra, ainda não havia interesse em projetos de reflorestamento devido à baixa rentabilidade, ao longo prazo de retorno e aos riscos decorrentes da falta de domínio da atividade. Nessa época, estima-se que o Brasil possuía menos de 400 mil hectares de plantios, concentrados principalmente nas regiões Sudeste e Sul, sem vinculação industrial. Não se tinha a menor ideia de que, após 65 anos, essa área seria, aproximadamente, 20 vezes maior, com florestas plantadas não somente nas tradicionais regiões, mas, inclusive, em regiões em que o plantio parecia pouco provável, devido a condições desfavoráveis. O Brasil possui posição de destaque internacional. É o segundo maior produtor de madeira no mundo, atrás somente dos Estados Unidos e bem à frente dos demais. É o segundo país com maior montante de investimentos (US$ 40 bilhões). Mas há espaço para ir mais longe. Embora tenhamos alguns percalços de curto prazo em economias regionais, a demanda mundial por madeira irá aumentar. O planeta possui cerca de 290 milhões de hectares de florestas plantadas, que respondem por um consumo de 1,5 bilhão de m3/ano. Estima-se que, para suprir a demanda mundial de madeira em 2050, será necessária uma área de florestas plantadas próxima a 450 milhões de hectares. Se analisarmos somente a projeção de crescimento do mercado florestal norte-americano, verificamos que, até 2025, espera-se um

O planeta possui cerca de 290 milhões de hectares de florestas plantadas. Estima-se que, para suprir a demanda, em 2050 será necessária uma área próxima a 450 milhões de hectares. "

Marcelo Leoni Schmid Diretor do Grupo Index

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indústria aumento aproximado de 80% no número de housingstarts, aumento esse que impactará diretamente o setor florestal brasileiro, uma vez que a saúde do mercado norte-americano de construção civil é um importante indicador para as empresas florestais brasileiras. Recordamos a premissa desenhada pelo Dr. Virgílio: será que o rendimento de nossas florestas está à altura das solicitações da indústria? Estamos prontos para atender às solicitações crescentes de mercado mundial e ampliar a importância econômica do setor florestal? O setor florestal possui diversas virtudes que o destaca perante seus concorrentes. Mesmo considerando os gargalos econômicos que estrangulam a atividade produtiva, o setor florestal brasileiro é bastante competitivo. Até mesmo diante do cenário econômico, como o aumento do custo de combustíveis superior a 12% em um ano, o Brasil ainda se apresenta mais competitivo que seus pares. Tendo como base os custos de produção observados na região Sul dos Estados Unidos, segundo maior produtor de celulose branqueada de fibras curtas no mundo, observa-se que a combinação dos custos de produção no Brasil é aproximadamente 15% inferior. Em outros mercados do continente norte-americano, a diferença pode chegar a 65%. A vantagem de custos da cadeia produtiva brasileira se reflete no custo da matéria-prima florestal e, consequentemente, na competitividade da indústria. Mesmo com o aumento do preço da matéria-prima entregue nas fábricas em 2015, o valor ainda é significativamente inferior aos mercados avaliados, em bases de comparação similares. A vantagem competitiva do Brasil é nítida, mas como garantir que tamanha vantagem se converta em um melhor posicionamento no mercado mundial de produtos florestais? Quais são os desafios ao desenvolvimento das florestas plantadas no Brasil que deverão ser objeto de trabalho


Opiniões Mesmo com toda a evolução tecnológica do setor florestal, a desconexão das empresas com informações básicas e confiáveis de mercado Grandes Lagos EUA é um gargalo para o desenvolvimento 149% de uma indústria mais eficiente. Em 1993, no 7º Congresso Florestal Brasileiro, o professor Antonio Albino Nordeste EUA & Sul do Canadá Ramos já mencionava em seus estu147% dos a necessidade de melhor conectar a produção florestal brasileira à demanda da indústria para evitarmos problemas de suprimento. O Brasil segue os passos dos EUA, onde indústrias de base florestal passaram a concentrar seus esforços da porta da fábrica para dentro, deixando a gestão de ativos florestais nas mãos de empresa especializadas. Esse processo permite maior otimização do setor de base florestal, porém, para que se alcance um nível maior de eficiência, é necessário que a indústria tenha um monitoramento confiável dos dados (e custos) de produção, e, por outro lado, que produtores tenham um monitoramento confiável dos dados da demanda, para melhor conectar suas florestas ao mercado. É importante lembrar que a atividade de silvicultura para fins industriais possui poucas décadas de idade. Se pensarmos a partir do momento em que as florestas foram desvinculadas das indústrias, não estamos falando em muito mais do que quinze anos. A visão dos grupos de investidores estrangeiros em florestas sobre o potencial brasileiro reflete essa constatação: o investimento florestal no Brasil pode trazer cabelos brancos se você pensá-lo no curto prazo, porém, em um horizonte mais amplo de análise, as operações amadurecem, e as vantagens de nosso país se tornam evidentes. No longo prazo, vencendo os desafios destacados anteriormente, teremos uma atividade florestal à altura das solicitações da indústria, em acordo com o previsto pelo Dr. Virgílio Gualberto há 65 anos.

Custo de Transporte

Comparação Relativa de Custos da Cadeia Produtiva Florestal entre Mercados Norte-Americanos e o Brasil

Noroeste EUA & British C. 126%

Brasil 85%

Sul dos EUA 100%

Custo de Colheita

US$ por tonelada curta verde

nos próximos anos (e décadas)? Precisamos de um ambiente político e institucional claro, que norteie ações estratégicas para o desenvolvimento do setor em todos os seus segmentos e escalas de produção, integrando-o ao mercado nacional e internacional. Em dezembro de 2014, tivemos a excelente notícia da publicação do Decreto nº 8.375, que estabeleceu os princípios e os objetivos da política agrícola para florestas plantadas e designou o Ministério da Agricultura como coordenador desse processo. Porém, passado cerca de um ano da publicação do decreto, nada evoluiu. O setor florestal ainda não foi internalizado nesse Ministério, e, graças a isso, ainda não temos um plano que trace os caminhos do desenvolvimento setorial em longo prazo, tal qual prevê o decreto em seu artigo 7º. Esse plano deve definir as metas de produção de nosso setor e, obrigatoriamente, vincular as diversas instâncias da administração pública em longo prazo, norteando o desenvolvimento de nosso setor. Hoje, o mercado de produtos de base florestal possui atratividade suficiente para captar investimentos nacionais e estrangeiros. Não dependemos do apoio financeiro do Estado, tal qual à época dos incentivos fiscais, entre Comparação de preços de matéria-prima florestal 1966 e 1986. Porém, somos ainda (hardwood e eucalipto) entre EUA e Brasil carentes de uma política clara, que incentive o desenvolvimento e conexão ao mercado dos diferentes segmentos de nosso setor e não somente daqueles de maior visibi$70 lidade. Apesar de todo o desenvol$65 vimento silvicultural, genético e tecnológico vivenciado pelas empre$60 sas florestais nas últimas décadas, $55 ainda há espaço para melhorias, $50 sobretudo do ponto de vista de $45 produção. Com poucas exceções, $40 as regiões produtivas no Brasil são Nordeste EUA/Sul do Canadá $35 direcionadas a atender a este ou Grandes Lagos EUA Costa Noroeste EUA/British Columbia àquele segmento. Ainda não temos $30 Sul EUA clusters regionais maduros capaBrasil (diversas regiões) $25 zes de atender a diferentes deman$20 2011 2012 2013 2014 2015 (parcial) das e mercados.

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fornecedor do sistema florestal

o que esperar da

floresta na Zona da Mata de Pernambuco, uma região onde se produz cana-de-açúcar há 500 anos, áreas declivosas têm dado espaço para a produção de eucalipto. Existe um projeto da Usina Petribu de plantar cerca de 18.000 hectares de florestas de eucalipto até 2021, para a produção de energia elétrica. "

Rudolf Woch Diretor da Apoiotec

Apesar das dificuldades conjunturais da atualidade brasileira, o setor florestal tem perspectivas de crescimento sustentável para os próximos anos. No ambiente interno, a forte valorização do dólar traz consigo aumento da inflação das matérias-primas, do frete e da energia elétrica, o que gera impactos diretos nos custos de produção florestal. Somam-se a isso a desaceleração da economia e a retração do consumo. Nesse contexto, uma redução da construção civil leva à diminuição da demanda por madeira processada e aço, gerando impactos diretos na cadeia produtiva de florestas plantadas. No ambiente externo, porém, segmentos de exportação, como celulose e papel, se beneficiam da valorização cambial. Outro aspecto que tem impactado a produção nacional é a crise energética, responsável por uma elevação dos custos de produção dos produtos finais da cadeia produtiva. Por outro lado, a crise oferece oportunidades para a produção de bioeletricidade como alternativas para o uso de carvão mineral e de combustíveis fosseis, com o surgimento de usinas termoelétricas com o uso de biomassa. Segundo a Agência Internacional de Energia Renovável – Irena, a demanda energética deve dobrar no mundo até 2050.

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Na Europa, o desafio está na meta de se obter 20% da energia através de fontes renováveis até 2020. Desse modo, a produção florestal como biomassa, seja para abastecimento do mercado interno em termoelétricas, seja na forma de materiais para exportação, como pellets, é uma oportunidade crescente para o setor no País. O Brasil apresenta vantagens competitivas, como disponibilidade de terras produtivas, condições climáticas favoráveis e possibilidade de formação de florestas de ciclo curto. Outro aspecto positivo é a capacidade de inovação do setor, desde o uso da madeira de eucalipto para produção de celulose de fibra curta, na década de 1960, até o desenvolvimento de biotecnologia com materiais adaptados às diferentes condições e usos da madeira. A expansão florestal no Brasil está ocupando locais onde há degradação ambiental, ou em terras onde a produção agrícola tem se tornado inviável. Como exemplo, na Zona da Mata de Pernambuco, uma região onde se produz cana-de-açúcar há 500 anos, áreas declivosas têm dado espaço para a produção de eucalipto.


Opiniões Existe um projeto da Usina Petribu de plantar cerca de 18.000 ha de florestas de eucalipto até 2021, para a produção de energia elétrica. No segmento da siderurgia e carvão vegetal, o futuro é incerto: além da redução do consumo interno do aço, em decorrência da crise econômica, os preços internacionais estão baixos, e a valorização cambial não é suficiente para repor os prejuízos. No 56° Congresso Latino-americano do Aço, Martín Berardi, presidente da Alacero – Associação Latino-americana de Aço, afirmou que, no mundo, existem 770 milhões de toneladas de excesso de capacidade de produção; dessas, 65% estão na China. Segundo o artigo 12° da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), o País deve adotar como compromisso nacional voluntário ações de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com vistas a reduzir entre 36,1 e 38,9% suas emissões projetadas até 2020. Entre outras medidas para atingir os objetivos, o artigo prevê ações para ampliar o sistema de integração com a pecuária em 4 milhões de hectares, expansão do plantio de florestas em 3 milhões de hectares e incremento da utilização, na siderurgia, do carvão vegetal originário de florestas plantadas, com melhoria na eficiência do processo de carbonização. De modo geral, existem várias oportunidades de crescimento e desenvolvimento do setor florestal no Brasil. Para alcançar a potencialidade do crescimento, é necessária uma revisão de conceitos e reavaliação de modelos técnicos e de gestão silvicultural. Novos modelos de silvicultura precisam ser desenvolvidos e/ou aperfeiçoados. Como exemplo, alguns trabalhos da Unesp em Botucatu estão encurtando o tempo de colheita florestal para 18 a 24 meses, com o adensamento populacional para produção de biomassa. O desenvolvimento de novos materiais genéticos também terá papel fundamental nos novos modelos silviculturais. Tolerância a ambientes adversos e resistência a herbicidas permitirão a expansão de áreas para uso com florestas plantadas e redução de atividades de manutenção florestal. No controle de plantas daninhas, pragas e doenças, novos produtos estão em processo de registro, e, nos próximos anos, teremos mais opções de ativos e marcas participando do setor. A fertilização dos plantios está passando por um processo de concentração de volumes de adubo em uma quantidade menor de operações. As aplicações dos novos produtos para silvicultura terão de melhorar substancialmente. Apesar da experiência do setor, muitas operações de distribuição de insumos precisam de um olhar mais atento e de evolução tecnológica. Bons tratamentos são considerados insatisfatórios e descartados, não pela tecnologia que trazem em si, mas por problemas operacionais. Nessa área, as ferramentas de silvicultura de precisão e controles de qualidade serão fundamentais para o sucesso dos empreendimentos silviculturais de todos os portes, em maior ou menor escala, dependendo dos objetivos de cada projeto. Tudo o que pode ser medido pode ser controlado. Diante disso, o uso de sensoriamento permitirá maior controle operacional em tempo real, com o uso de equipamentos

montados em pulverizadores e adubadoras, ou para geração de relatórios gerenciais que permitirão ajustes nos processos com maior acurácia. Num ambiente de sensores e controladores eletrônicos, é necessário um modelo de controle de qualidade das atividades, focado no processo e não nos resultados. É preciso assegurar que os resultados sejam constantes e entender que o básico das atividades, como entupimento de filtros, desgaste de pontas de pulverização ou de engrenagens de sistemas de adubação, a adequação ou atribuição de constantes para os sensores de fluxo, precisa ser monitorado e corrigido por um sistema adequado de controle de qualidade. Este deve levar em conta todos os fatores que interferem nos processos e oferecer um método claro e objetivo para análise e definição de limites de conformidade. A evolução da automação e o uso da tecnologia de precisão somente ocorrerão com uma intensificação da mecanização das atividades florestais. Muita tecnologia já está disponível no mercado, embora a adoção ainda seja lenta na maior parte do setor, por questões culturais ou pelo apego a paradigmas que vêm se mostrando ultrapassados. Os maiores desafios para o crescimento do setor estarão associados a: • Sobre a capacitação de pessoas para a nova realidade de tecnologia no campo, os operadores e seus encarregados precisarão passar por processos de qualificação específica, e muitos deles não conseguirão acompanhar as mudanças. Para os níveis de supervisão e coordenação, será necessário conhecimentos em gestão da tecnologia, como interpretação de mapas de produção ou de prescrição e tomada de decisão baseadas em volumes de dados maiores e mais consistentes. Nesse novo cenário, gerentes e diretores devem promover a descentralização da tomada de decisão, transmitindo-a às equipes e aos indivíduos mais próximos dos problemas, de forma que as soluções sejam aplicadas com maior rapidez e eficácia. • Sobre a inovação tecnológica, que é característica desse setor, a evolução precisará permear toda a cadeia que suporta o setor, além dos produtores florestais. Modelos para promover a mecanização, novos avanços em biotecnologia, sensoriamento e tratamento de dados, informações e comunicação, entre outros, precisam criar ferramentas para o alcance das potencialidades do setor. Aspectos como mudanças climáticas, pressão pelo uso racional e sustentável de recursos naturais e expansão para novas regiões deverão nortear os avanços. • Sobre a evolução das políticas públicas, apesar das metas estabelecidas no PNMC, com a crise atual, boa parte dos financiamentos para a produção florestal está parada. Sem a chegada de recursos aos projetos de pequeno e médio porte, os avanços serão lentos, e as metas estabelecidas no programa serão difíceis de alcançar. Outros esforços dos governos seriam essenciais, como avaliação de alternativas para uso das florestas e proteção comercial na área de siderurgia. O momento atual é de inseguranças e desafios, e o sentimento de pessimismo permeia diversos setores da economia nacional. Contudo o setor florestal tem potencial, pessoas e caminhos para superar essa fase e crescer de maneira contínua e sustentável.

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ensaio especial

Opiniões

a bipolaridade

do setor florestal

Para falar de médio e longo prazo, precisamos falar do momento atual e que nos fazem prospectar o que será a floresta plantada no Brasil daqui para frente. Precisamos urgentemente medicar o nosso setor, pois hoje ele sofre de bipolaridade. O Brasil possui o terceiro maior setor de árvores plantadas do mundo, com US$ 27 bilhões em 2011, representando 1,1% do PIB nacional, entretanto a presença internacional do Brasil se destaca apenas na cadeia de celulose, sendo irrisória nas outras.

O Brasil possui o terceiro maior setor de árvores plantadas do mundo, com US$ 27 bilhões em 2011, representando 1,1% do PIB nacional, entretanto a presença internacional do Brasil se destaca apenas na cadeia de celulose, sendo irrisória nas outras. "

Roosevelt de Paula Almado

Gerente de Pesquisa Florestal e MA da ArcelorMittal BioFlorestas

A celulose branqueada, oriunda de plantações, bate seus recordes tanto de produção como de valor, sustentado principalmente por um alto valor do dólar, enquanto outros setores, como siderurgia e chapas, vêm amargando prejuízos e céus não tão azuis como o da celulose. Para se ter uma ideia do que acontece no setor siderúrgico, em 2015, a expectativa é de atingirmos o mesmo nível de consumo aparente de aços

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ensaio especial longos de 2008, ano anterior à crise no Brasil, e, mesmo se houver uma recuperação da economia, a previsão é de que o consumo aparente de aços longos retornará ao patamar de 2013 somente a partir de 2021. Não há como separar a estrutura silvicultural baseada em cultivos florestais da indústria e da realidade econômica preocupante que o nosso país atravessa. Para 2015, vemos uma inflação com possibilidade de ultrapassar os 10,5%, e já uma previsão bastante desoladora de uma inflação a 6,5% para 2016, com o dólar alto trazendo impactos diretos e indiretos para nossa atividade, como os adubos, que subiram, em média, 20%. Isso sem contar a instabilidade política que mina a confiança dos investidores e suscita a insegurança jurídica de vários temas que são cruciais para a viabilidade da silvicultura nacional. Para quem conhece a obra de Alvin Tofler e, em especial, o livro A terceira onda, vai perceber que o momento que a maior parte do setor vive, devido à precariedade da economia e da instabilidade política instalada, é o da primeira onda(!): “lutando pela sobrevivência”, foco no básico, um senso crítico de urgência aguçado quando não se pode pensar em demorar a reagir. A redução de despesas é doída; gestores atordoados atuam com um raciocínio míope somente pensando no curto prazo, com isso, um alto desgaste emocional de líderes e liderados nas organizações. Menciono isso porque a silvicultura, a médio e longo prazos, também estará diretamente relacionada com o perfil dos líderes e seus desafios em assumir riscos, propor metas e atingir os resultados, atuar de forma a atender a toda uma expectativa social que o cultivo de grandes áreas traz, influenciar pessoas e tomar decisões muitas vezes não muito confortáveis. Ao mesmo tempo, estimular e colaborar para o desenvolvimento de toda uma rede tecnológica e operacional que consiga, em curto prazo, atuar em fatores que aumentem a produtividade dos cultivos, visando à sua sustentabilidade. O gestor florestal terá que ser muito disciplinado para que, através de métodos e instrumentos práticos, possa se capacitar para ter um equilíbrio emocional que o deixe no eixo favorável que permeie a confiança, mas que não o torne vítima e nem corajoso demais de forma que se torne feroz como líder. Em médio e longo prazo, a realidade da silvicultura, ou o seu futuro, estará diretamente ligada a várias questões importantes, mas quero me ater a apenas duas: a primeira é o licenciamento ambiental, e este em todas as suas esferas: outorga de uso da água e jazidas minerais (cascalho e argila), químicos, etc. Para você ter uma ideia, prezado leitor, Minas Gerais tem processos de licenciamento de grandes empresas reflorestadoras parados desde 2011. Pasme!

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Opiniões A plantação precisa ser encarada como um produto que foi planejado e plantado para ser colhido e beneficiado, observado de forma técnica, sem paixões e sem os processos “burrocráticos” que enfrentamos hoje. Recentemente, fizemos um trabalho comparando toda a base jurídica que envolve o processo de licenciamento aqui no Brasil e na Europa. Um processo de licenciamento no Brasil, desde a sua protocolização até sua licença, não demora menos do que 180 dias, imagine o impacto disso para quem esteja investindo. O outro ponto nevrálgico que citarei são os transportes. Segundo o último relatório de competitividade do World Economic Forum, o Brasil caiu do 48° para 56° lugar no quesito infraestrutura de transportes; ainda segundo a ANTF, o Brasil aproveita apenas 58% de seu potencial rodoviário e, apesar de investimentos de R$ 38 bilhões desde 1997, somente 25% do ferroviário e apenas 17% do aquaviário. Não só́ para o escoamento dos produtos florestais, mas esses números traduzem um alto risco para a economia nacional: além de deficiente, a má́ qualidade da infraestrutura tem sido apontada como o principal problema para se fazerem negócios no País. Analisando somente a qualidade das rodovias, 144 países foram avaliados no estudo, e o Brasil ficou no 120° lugar! Se falarmos em pavimentação, o Brasil ocupa o último lugar, quando comparado aos quatro membros fundadores do BRIC. Em médio e longo prazo e sem pensar na crise que assola alguns setores florestais hoje, entendo que, necessariamente, a realidade da silvicultura passará por um aumento da demanda de madeira suprida via cultivos florestais, por aumento de produtividade ou de áreas, sendo um destaque o uso de biomassa para energia e os bioprodutos. Quando analisamos os desafios que temos pela frente, quase podemos apostar que as estratégias para investimentos vultosos para os próximos 50 anos tendem a focar no aumento de produtividade, na prática da silvicultura de precisão alinhada com a genética, e, nesse ponto, não podemos deixar de nos lembrar das árvores geneticamente modificadas (AGMS), no uso mais intensivo dos sistemas de informação geográfica, nutrição com tendência a redução substancial do parcelamento e no controle de pragas. Mesmo assim, a pergunta que não quer realmente calar é: seremos capazes de aumentar substancialmente a produtividade das plantações florestais, ao invés de aumentar a área plantada? A silvicultura de médio e longo prazo terá cada vez mais a sustentabilidade como fator chave, isso englobará políticas, as relações de trabalho e as certificações. As plantações não se resumirão apenas a madeira, portanto a tendência é que as análises dos processos de silvicultura venham diretamente relacionadas com a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos, com avaliações sistêmicas da qualidade do ambiente, ciclagem de carbono e a “bola da vez”, que será a proteção à biodiversidade. As tendências técnicas e operacionais da silvicultura do futuro estão sendo moldadas a partir das nossas necessidades e desafios de hoje, mas a realidade de médio e longo prazo para a floresta plantada no Brasil vai depender de uma melhoria sustentável da economia também em longo prazo, e, para isso, é necessário resolver questões estruturais que compõem o “Custo Brasil”, além, é claro, da desvalorização cambial.


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