Sustentatibilidade: como fazer isso acontecer? - OpCP36

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www.revistaopinioes.com.br

ISSN: 2177-6504

FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira ano 11 - Divisão F - número 36 - jun-ago 2014

sustentabilidade: como fazer isso acontecer?


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índice

sustentabilidade: como fazer isso acontecer? Editorial:

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Maurício Bicalho de Melo

Diretor-presidente da ArcelorMittal BioFlorestas

Ensaio Especial:

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Elizabeth de Carvalhaes Presidente executiva da IBÁ

Ong´s:

34 35

Adriana de Carvalho Barbosa Ramos Secretária executiva adjunta do ISA

Mario Cesar Mantovani

Diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica

Produtores de Florestas:

8 10 12 14 16 18

Antônio Joaquim de Oliveira Presidente executivo da Duratex

Sandro Morais Santos

Gerente de Qualidade e Meio Ambiente da Cenibra

Mário Donizeti de Sousa

Diretor de AC, Meio Ambiente, Seg da Arauco

Robson Oliveira Laprovitera

Gerente de Planejamento da International Paper

Sabrina de Branco

Gerente de Rel Inst e Resp Social da BSC-Copener

Sara Juarez Sales

Gerente de Sustentabilidade da Eco Brasil

Especialistas:

21 22 24 26 29 30 32

Kaliana Moro Tanganelli

Coordenação do Prg Cert Florestal do IPEF

Celso Edmundo Bochetti Foelkel

Consultor e Escritor Especialista em Florestas

Maria José Brito Zakia

Diretora da Práxis Assessoria Socioambiental

Roberto Silva Waack

Presidente do Conselho da Amata

Gabriela Procópio Burian

Diretora Global de Ecossistemas Agric e Sust da Monsanto

Mônica Cabello de Brito

Diretora da Casa da Floresta Assessoria Ambiental

Maurício Voivodic e Leonardo Sobral

Secretário executivo e Gerente de Certificação da Imaflora

Editora WDS Ltda e Editora VRDS Brasil Ltda: Rua Jerônimo Panazollo, 350 - 14096-430, Ribeirão Preto, SP, Brasil - Pabx: +55 16 3965-4600 - e-Mail Geral: Opinioes@RevistaOpinioes.com.br Diretor de Operações: William Domingues de Souza - 16 3965-4660 - WDS@RevistaOpinioes.com.br - Gerente Nacional de Marketing: Valdirene Ribeiro Souza - Fone: 16 3965-4606 VRDS@RevistaOpinioes.com.br - Vendas: Lilian Restino - 16 3965-4696 - LR@RevistaOpinioes.com.br • Fábio Freitas - 16 3965-4616 - FF@RevistaOpinioes.com.br • Priscila Boniceli de Souza Rolo 16 3965-4696 - PBSR@RevistaOpinioes.com.br - Assistente do Editor Chefe: Fernanda Aparecida da Silva e Silva - 16 3965-4661 - FS@RevistaOpinioes.com.br - Projetos Especiais de Editoria: Eliane Vieira Mendes - 16 3965-4698 - EV@RevistaOpinioes.com.br - Jornalista Responsável: William Domingues de Souza - MTb35088 - jornalismo@RevistaOpinioes.com.br - Edição Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - 16 9132-9231 - boniceli@globo.com - Projetos e Negócios Futuros: Julia Boniceli Rolo - 2604-2006 - JuliaBR@RevistaOpinioes.com.br - Projetos Avançados: Luisa Boniceli Rolo - 2304-2012 - LuisaBR@RevistaOpinioes.com.br - Freelancer da Editoria: Aline Gebrin de Castro Pereira - Consultoria Juridica: Priscilla Araujo Rocha Correspondente na Europa (Alemanha): Sonia Liepold-Mai - Fone: +49 821 48-7507 - sl-mai@T-online.de - Desenvolvimento de Mercados na Ásia: Marcelo Gonçalez - MG@RevistaOpinioes.com.br Expedição: Donizete Souza Mendonça - DSM@RevistaOpinioes.com.br - Copydesk: Roseli Aparecida de Sousa - RAS@rRevistaOpinioes.com.br - Agência de Propaganda: Agência Chat Publicom Fone: 11 5669-2511 - 11 98470-4486 - Tratamento das Imagens: Luis Carlos Rodrigues (Careca) - Finalização: Douglas José de Almeida - Impressão: Grupo Gráfico São Francisco, Ribeirão Preto, SP - Artigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões de seus autores - Foto da Capa: Roosevelt de Paula Almado - Gerente Pesquisa Florestal e Meio Ambiente da ArcelorMittal BioFlorestas 31 8713-4951 - roosevelt.almado@arcelormittal.com.br - Foto do Índice: Gabriela Procópio Burian - Diretora Global de Ecossistemas Agrícolas Sustentáveis da Monsanto - gabriela.p.burian@monsanto.com Fotos das Ilustrações: Paulo Alfafin Fotografia - 19 3422-2502 - 19 8111-8887 - paulo@pauloaltafin.com.br • Ary Diesendruck Photografer - 11 3814-4644 - 11 99604-5244 - ad@arydiesendruck. com.br • Acervo Revista Opiniões e dos específicos articulistas - Fotos dos Articulistas: Acervo Pessoal - Veiculação: Comprovada pela disposição dos documentos fiscais de pagamento da Gráfica e de Postagem dos Correios - Tiragem: 4.500 exemplares - Edição online: Leia online em nosso site a revista original, tal qual como foi impressa. Estão disponíveis todos os artigos, de todos os articulistas, de todas as edições, de revistas de todas as divisões desde, os seus lançamentos - Home-Page: www.RevistaOpinioes.com.br

Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Roosevelt de Paula Almado • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Xico Graziano

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editorial

sustentabilidade:

como fazer isso acontecer?

Gosto da definição de sustentabilidade que nos remete ao agente sustentável como aquele que produz competitivamente, utilizando menos recursos e reduzindo as pressões sobre o meio ambiente, além de estar contribuindo para a melhoria das condições de bem-estar social, da qualidade de vida de seus empregados e da comunidade onde atua. Na prática, para fazer isso acontecer, é fundamental integrarmos os sistemas econômico, social e ambiental como inerentes ao conceito. Devemos promover a informação, a discussão e o desenvolvimento de práticas e de habilidades voltadas para a sustentabilidade, sem que deixemos de fora temas relevantes, como eficiência energética, uso menos intensivo dos recursos naturais, destinação adequada e redução de resíduos, conservação da biodiversidade, recuperação de ecossistemas e redução da pobreza. Uma empresa de base florestal já trabalha, em sua essência, com algo que, por si, tem muito de sustentabilidade em seu negócio: a preservação. Segundo dados da Abraf, as empresas florestais associadas são responsáveis pela proteção de mais de 2 milhões de matas nativas entre Reservas Florestais Legais e Áreas de Preservação Permanente. O manejo adequado das florestas plantadas, desde a sua implantação até a colheita, ajuda, em diversos aspectos, a proteção da água e dos solos, a reabilitação de terras degradadas e a recuperação de paisagens, sem contar a retenção de carbono.

A atividade florestal também é geradora de emprego e renda, fortalecendo comunidades locais, pagando impostos e contribuindo para a desconcentração industrial. Não ficamos apenas no essencial da indústria florestal, somos também multiplicadores de boas práticas, seja diretamente no uso racional da terra, de técnicas de plantio ou conservação, seja em ações sociais que ajudam no desenvolvimento de comunidades, muitas vezes não atendidas plenamente pelo setor público. Temos vários exemplos, em diversas empresas do setor florestal, de atividades sociais comunitárias que dão muito resultado e contribuem para deixar uma cultura local mais forte e pronta para o futuro daqueles que virão. Vejo que, a cada ciclo de plantio, melhoramos técnicas, mas também melhoramos nossa gestão com as pessoas. Criamos cultura e estamos sempre deixando esse aprendizado com nossos empregados e comunidades vizinhas. Na ArcelorMittal BioFlorestas, nossos valores ambientais são continuamente desenvolvidos e aperfeiçoados, servindo para motivar e orientar a participação dos empregados nas ações de gerenciamento. Reconhecemos, valorizamos e estimulamos a participação de todos nos projetos e nos programas em desenvolvimento, atuando na conscientização de combate ao desperdício em suas atividades de rotina. Plantar florestas é armazenar energia solar. É aproveitar o CO2 existente no ar e a energia disponível do sol, que realiza, por meio da fotossíntese, essa transformação maravilhosa em madeira, rica em carbono e água, matéria-prima para a fabricação de papel, móveis, carvão vegetal e diversos outros produtos.

Em cada etapa do processo que gerenciamos, temos sim que observar o que entra, o que sai e o que fica. Não podemos ser alheios a essas etapas. Se alteramos o sistema, temos que retorná-lo ao estado original. " Maurício Bicalho de Melo Diretor-presidente da ArcelorMittal BioFlorestas

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Opiniões Devemos, como gestores, administrar todos os recursos que utilizamos nessa prática. Saber utilizá-los, de maneira racional e ambientalmente responsável, é nossa obrigação. Também o é transmitir essa cultura a toda a nossa organização e permitir que os futuros gestores também adotem práticas das quais poderão se orgulhar de terem participado. Em nossa gestão, temos que estabelecer mecanismos de planejamento e monitoramento, de forma a identificar, evitar e mitigar quaisquer impactos das atividades florestais ao meio onde atua, garantindo respeito aos valores sociais e culturais. Temos que avaliar os impactos socioeconômicos de nossas atividades a longo prazo. Também nos cabe realizar monitoramentos contínuos de fauna, flora, solo, água e ar. Fazer a sustentabilidade acontecer é dar importância a ela. Seu conceito e respectivas práticas têm que estar ligados ao planejamento estratégico da empresa, ao seu DNA. As atividades têm que ser desdobradas em ações e metas, além de serem acompanhadas formal e sistematicamente. Realizar eventos alusivos ao tema e premiar as melhores práticas entre os empregados. É também ir às comunidades e conversar com as pessoas, verificar se as atividades de manejo florestal lhes causam impacto, é entender o que necessitam e como a empresa pode ajudá-las. É ensinar a obter resultados com o que se tem disponível ao redor. Muitas vezes, não sabem que existe tal recurso. Nunca deram oportunidade de considerá-los. Desenvolvemos uma atividade social, que tem tudo a ver com sustentabilidade. Contratamos grupos de teatro, artistas e professores de artes cênicas, para desenvolverem artistas nas comunidades vizinhas onde atuamos. Esses grupos ficam um tempo, suficiente para que sejam desenvolvidos grupos capazes de trabalhar uma peça, ato musical

ou uma atividade completa. São trabalhos de médio prazo, que tomam vários meses. Até que se crie a cultura local de uma opção instalada de uma nova atividade que, antes, não era sequer considerada. Ao final de um ciclo, esses pequenos grupos, muitas vezes apenas formado por crianças e adolescentes, já estão apresentando seus trabalhos. É maravilhoso poder ver, sentir, participar de um evento assim. Aparecem artistas com um potencial e uma qualidade que nos enchem o coração de alegria e orgulho. Em cada etapa do processo que gerenciamos, temos sim que observar o que entra, o que sai e o que fica. Não podemos ser alheios a essas etapas. Se alteramos o sistema, temos que retorná-lo ao estado original. O trato e o manejo do solo têm que ser feitos de maneira racional, sem alterar a composição química a longo prazo. Hoje, se conhece o que a floresta extrai do solo, logo, repor esses elementos deve ser uma prática habitual. A manutenção florestal tem que obedecer a critérios de conservação e do uso de elementos naturais para se combater pragas e competidores à cultura instalada. O uso de técnicas de manejo integrado de pragas é fundamental na linha de um processo florestal sustentável. O uso racional da água é uma prática cada vez mais utilizada. Todos necessitamos de água em nossos processos produtivos e temos que devolvê-la à natureza em um estado ótimo para que o meio ambiente agradeça e retribua essa condição. A cada dia, vemos que é possível trabalhar com menor alteração dos elementos que nos cercam. O trabalho com a sustentabilidade passa por gerar uma cultura empresarial atenta ao fato conservacionista, cuidadosa com as ações de preservação e iniciativas ambientais em todos os seus aspectos. Enfim, fazer a sustentabilidade acontecer é fazer a coisa certa.

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produtores de florestas

a sustentabilidade

precisa ser a linguagem da gestão

Ao longo da minha vida profissional, tive contato com muitas ideias sobre o que é sustentabilidade, com muitos nomes distintos e significados ainda mais complexos. No geral, e durante muito tempo, era um termo associado à questão ambiental. Ainda que alguns fóruns e pouquíssimas empresas já discutissem, na década de 1950, uma visão mais ampla de negócio e de sua relação com o desenvolvimento da sociedade, a maioria dos profissionais possuía uma visão limitada, diferente do que hoje compreendemos como sustentabilidade – um conceito tão complexo e transversal. Hoje, associamos o termo à atuação responsável do indivíduo para com o coletivo e uma visão clara de perenidade da sociedade e, por que não?, dos negócios. Autores renomados como Pavan Sukhdev apresenta em sua publicação, Corporation 2020, uma análise crítica do modelo econômico tradicional e como as empresas deveriam se preparar para uma nova economia.

Uma vez compreendido o momento da empresa, é preciso que todo o processo tenha o apoio incondicional do seu principal executivo. Sem esse apoio, é improvável que essa agenda evolua na velocidade necessária. " Antônio Joaquim de Oliveira Presidente Executivo da Duratex

Para as empresas que se reinventarem, a nova economia oferecerá oportunidades de aumentar o bem-estar humano, a igualdade social, a redução dos riscos ambientais e os prejuízos ecológicos e de continuar a gerar fortes lucros. Quando transportamos o conceito de perenidade para o mundo dos negócios, é necessário cuidado para não associar que a perenidade dos negócios isoladamente

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garante a perenidade da sociedade. O primeiro cuidado é compreender que a empresa faz parte da sociedade, tendo uma influência positiva ou negativa sobre esta e sendo, ao mesmo, influenciada por ela. Isso é o que chamamos de externalidade. De fato, não existe empresa perene numa sociedade deficiente e limitada. O ambiente saudável fortalece o negócio, e o negócio pode contribuir para desenvolver a sociedade que influencia. Desenvolver e fortalecer um ambiente de cooperação, colaboração, confiança e transparência é a base para uma atuação responsável.


Opiniões Para integrar os princípios da sustentabilidade no modelo de gestão de uma empresa, é necessário compreender o momento da organização. Ou seja, como a empresa tem lidado com os desafios que transcendem os conceitos tradicionais do que é fazer negócio. Esses desafios não sobrepõem o princípio básico de uma empresa que, por natureza, deve agregar valor à sociedade e remunerar o capital. Pretende, por outro lado, criar um novo conceito de se fazer negócio, tendo, ao mesmo tempo, a preocupação em mitigar seus impactos em toda a sua cadeia de valor. Criar um olhar holístico e crítico da cadeia de valor e conhecer profundamente como é o relacionamento com fornecedores, colaboradores, clientes, formadores de opinião, etc., com foco naquilo que é mais relevante. Entender a externalidade do negócio é compreender o que é material para a empresa. Não existe materialidade para aquilo em que a empresa não influencia direta ou indiretamente – sua “zona de influência”. Repensar as entregas dos principais executivos agregando os princípios da sustentabilidade nas áreas de atuação de cada um deles é uma forma eficiente de provocar o pensamento crítico e, ao mesmo tempo, de estimular a criatividade para repensar o negócio. Ainda que, em nossa sociedade atual, tenhamos uma visão de retorno no curto prazo, estimular o pensamento de médio e longo prazo, sem descuidar das entregas do tão falado “trimestre”, é uma forma de conciliar o resultado no curto prazo com a evolução cultural necessária para um novo modelo de gestão. Esse modelo contribuirá efetivamente para a perenidade dos negócios. Uma vez compreendido o momento da empresa, é preciso que todo o processo tenha o apoio incondicional do seu principal executivo. Sem esse apoio, é improvável que essa agenda evolua na velocidade necessária. Como executivos, fomos treinados para medir e gerenciar, criando valor econômico para o negócio. Sustentabilidade vai além desse pensamento. É ter ciência de que é preciso medir e valorar, mas que apenas isso, no momento histórico atual, não é mais suficiente. O Sistema de Governança tem o papel de contribuir para elevar o nível de consciência dos executivos e colaboradores em geral. Se não houver comprometimento, não haverá evolução, e o tema passará a ser uma agenda de conveniência. A sustentabilidade trabalha com produtos e projetos que só podem ser construídos mediante o alinhamento com as bases e com o operacional. Diferentemente das outras áreas, a sustentabilidade, dada a sua transversalidade, exige o comprometimento de muitas pessoas. E isso só acontece se se consegue construir uma sólida relação de confiança. É um esforço grande para uma mudança cultural. Lembremos que uma empresa não se move sozinha, ela é composta por pessoas que tomam decisões o tempo todo. A forma como as decisões são tomadas revela o momento da sustentabilidade na empresa. Tomemos um exemplo simples de aquisição de energia: o executivo que toma a decisão prioriza preço e qualidade do serviço e, além disso, considera aspectos como a qualidade da energia e sua intensidade de emissão de carbono. Nesse caso, esse executivo está incorporando os princípios da sustentabilidade. Isso porque considera fatores além dos tradicionais e passa a desenvolver a análise

crítica da contribuição que a empresa promove para o bem comum ao priorizar uma matriz energética mais limpa. Isso afeta custo muitas vezes. Mas uma empresa comprometida com os princípios da sustentabilidade entende que deve trabalhar com o melhor preço, e não com o menor preço, para aquisição de produtos, insumos e serviços. Na prática, o preço passa a ser definido como um todo, ou seja, uma visão de longo prazo na aquisição que, portanto, considera outros atributos no processo de decisão. Com o apoio da liderança, as ações aprovadas pela alta administração serão implantadas pela área industrial, pelo jurídico, pelo RH ou outra área e não necessariamente por uma área dedicada. Seria impraticável pensar que a agenda de sustentabilidade pudesse ser conduzida e implantada por uma área. No geral, as empresas adotam uma estrutura que visa atuar como facilitadora, e, nesse caso, cabe a essa estrutura o papel de comunicar bem. Ao mesmo tempo, cabe aos responsáveis pelas áreas estarem abertos e preparados para entender a importância dessa nova visão para a empresa. Isso não acontece da noite para o dia. Nesse caso, definir claramente uma estrutura para o tema, assim como orçamento dedicado, metas e entregas, é fundamental para fortalecer o compromisso com a sustentabilidade. Ter uma equipe focada no projeto que seja coesa e competente é fundamental para o sucesso do trabalho. O processo de transformação e aprimoramento é difícil, já que é comum se deparar com gestores descrentes, outros expressamente contrários ou ainda aqueles indiferentes. Um projeto que visa implantar a sustentabilidade no modelo de gestão tem o desafio de provocar reflexões, quebrar paradigmas e abordar questões sensíveis, tanto na cultura quanto no negócio. Isso, por si só, já incomoda aos que são avessos a sair da zona de conforto. Vejo três pontos marcantes e complexos para a inserção da sustentabilidade no processo de gestão. O primeiro é conferir materialidade ao ganho na hora de decidir pela implantação de um programa ou de um projeto de sustentabilidade. Os caminhos encontrados exigem persuadir a alta direção e inserir o tema no planejamento estratégico. O segundo ponto consiste em criar valor para a marca relacionada, convencendo um executivo de que determinado atributo pode representar um diferencial de vendas. E o terceiro diz respeito ao risco, ou seja, ao custo de não fazer, de se omitir, de não se relacionar ou de não assumir uma postura de transparência. São equívocos que podem pesar muito, por exemplo, para uma companhia de capital aberto e que precisa prestar contas a seus públicos. Outro ponto de grande importância é o medo de errar que inibe a inovação e faz com que as pessoas evitem iniciativas. Na verdade, errar faz parte do processo de aprendizado. O profissional que deseja trabalhar na área de sustentabilidade precisa entender do negócio, ir para área comercial, acompanhar a fábrica, o desenvolvimento do produto. O conceito de sustentabilidade pode ser aprendido, mas é preciso fazer a relação com o negócio, falar a linguagem da gestão. É necessário, ainda, observar as janelas de oportunidade para a mudança. Por fim, para avançar, é fundamental ter envolvimento pessoal e alinhamento de valores entre empresa, sociedade e indivíduos, para garantir que o projeto seja perene.

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produtores de florestas

Opiniões

diálogo: a principal ferramenta da sustentabilidade Ser sustentável é uma questão vital para qualquer empreendimento. O conceito e a prática da sustentabilidade buscam, além da promoção e da melhoria da performance social, ambiental e econômica desse empreendimento, manter a harmonia em todas as esferas da gestão interna e a interação com a sociedade: acionistas, diretorias, gestores, empregados, fornecedores, clientes, sindicatos, governo, organizações sociais, entidades de classe, populações vizinhas e as demais cadeias produtivas. Sem uma necessária harmonia nessas esferas de ação, não há como o empreendimento ser sustentável. E, para a Cenibra, o diálogo é o principal caminho para fazer a sustentabilidade acontecer, estando presente em todas as etapas do processo produtivo da empresa. Na produção da principal matéria-prima – a madeira –, o diálogo é um instrumento eficaz para equacionar as demandas das populações com as operações de plantio, manutenção, colheita e transporte de madeira. Isso se dá por meio de um planejamento que consulta e envolve as comunidades nas tomadas de decisão sobre o manejo da floresta, de forma que as operações causem os mínimos transtornos e o máximo de benefícios possíveis. Além da inserção no planejamento da empresa, o diálogo com as comunidades ocorre permanentemente, por meio de um canal de comunicação com partes interessadas. Nas interações com a sociedade organizada e as agências governamentais, o diálogo é a base de uma estabilidade necessária para que o desenvolvimento ocorra. Para tanto, participa de conselhos de meio ambiente, comitês de bacias hidrográficas, conselhos de política ambiental, entidades associativas. Nesses fóruns, os representantes são orientados para, acima de tudo, contribuir proativamente para a construção de políticas e de estratégias que conduzam a sociedade a novos patamares de desempenho social e ambiental, sem deixar de lado as referências econômicas que garantam a perpetuação da empresa. Destaca-se a participação da empresa no Diálogo Florestal, um fórum que mantém uma pauta de discussões sobre os grandes temas ambientais do Brasil. Com a participação de Organizações Não Governamentais e empresas de base florestal, os diálogos ocorrem em âmbito nacional e em fóruns estaduais e promovem o desenvolvimento de ações voltadas para a conservação da biodiversidade, políticas florestais e informação à sociedade. Junto aos governos, a empresa mantém canais de diálogo direto e por meio de entidades associativas, buscando

sempre ser ouvida para contribuir para a construção de políticas, legislações e normatizações. Nesse contexto, a empresa tem participado de processos legislativos, como o da atualização do Código Florestal Brasileiro, da Política Estadual de Florestas Plantadas, do desenvolvimento das regras para gestão de recursos hídricos e das políticas ambientais nos municípios onde atua. O diálogo entre gestores e empregados é também de importância estratégica, pois é por meio desse diálogo que são construídas e atingidas as metas de melhoria da eficiência dos processos produtivos, com a compreensão de todos os níveis hierárquicos sobre o valor da contribuição de cada trabalhador. É dessa forma que a administração da empresa estimula a todos a desenvolver ações que contribuem para a busca da sustentabilidade. Ainda com relação aos empregados, uma experiência recente, no contexto de uma estratégia de modernização e otimização de custos em que ocorreram a mecanização da colheita e a incorporação, ao quadro próprio, dos trabalhadores do processo florestal, foram estabelecidos canais de diálogo que se mostraram de fundamental importância para que todo o processo ocorresse de forma tranquila e com sucesso. Com os clientes, a empresa dialoga continuamente para satisfazer, da forma mais eficiente, as demandas requeridas dos processos produtivos. Assim, o produto vendido é entregue exatamente com as especificações desejadas para cada cliente, evitando desperdícios de insumos e energia e menor geração de resíduos, emissões e efluentes no processo produtivo. A Cenibra tem atuação em mais de 50 municípios e centenas de pequenas comunidades. Suas propriedades rurais produzem, além de madeira, água de classe especial utilizada pelas populações vizinhas. Mantém ainda altos valores de biodiversidade e importante contribuição para o equilíbrio climático em mais de 100 mil hectares de áreas com vegetação nativa. Um programa de fomento florestal envolve mais de 800 pequenas e médias propriedades rurais que fornecem madeira para o processo fabril da empresa. Num contexto de atuação tão amplo, com características tão diversas e envolvendo tantos atores, o diálogo é considerado pela Cenibra como um dos principais instrumentos para fazer a sustentabilidade acontecer. É por meio do diálogo que são internalizadas, construídas e mantidas as relações harmoniosas com todas as partes interessadas, a fim de buscar o equilíbrio em todas as etapas do processo produtivo da empresa.

A Cenibra tem atuação em mais de 50 municípios e centenas de pequenas comunidades. Suas propriedades rurais produzem, além de madeira, água de classe especial utilizada pelas populações vizinhas. " Sandro Morais Santos

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Gerente Corporativo de Qualidade e Meio Ambiente da Cenibra


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trazendo a sustentabilidade para o

dia a dia

Acabei de googlear a palavra “sustentabilidade” e encontrei 9,5 milhões de resultados. Para "sustainability", 42 milhões. Busquei na internet algumas entrevistas de líderes de negócios, líderes sindicais, líderes sociais, representantes de ONGs e políticos e, invariavelmente, lá está a expressão “sustentabilidade”, em todo contexto possível e imaginável. Tal qual como já mencionado pelo comentarista da CBN Max Gehringer, existem palavras ou expressões que parecem chiclete, ou seja, podem ser esticadas em qualquer direção e grudadas em qualquer lugar. Segundo a consultoria internacional Mckinsey&Company, em sua pesquisa How companies manage sustainability: McKinsey Global Survey results, de 2010, a maioria das companhias pesquisadas não está ativamente gerenciando o tema sustentabilidade, apesar de grande parte dos executivos o considerar relevante para seus negócios. A falta de uma definição clara sobre sustentabilidade para os negócios é apontada como uma das razões. De fato, faz todo sentido: todos nós que trabalhamos em companhias privadas sabemos que, sem definições claras e, portanto, sem o envolvimento dos principais executivos, sem sistematizações, sem processos

competitiva, segundo a pesquisa da Mckinsey. Para a maioria das empresas, no entanto, o trabalho de casa ainda é extenso e começa pelas definições mais básicas. Não existe, naturalmente, uma receita pronta de sustentabilidade e que sirva a todos, mas, a partir das experiências boas e não tão boas daquelas empresas que avançaram primeiro, podemos considerar alguns elementos básicos que deveriam ser considerados em qualquer estratégia séria. Diversas publicações e conceitos estabelecidos por pensadores contemporâneos seriam de grande ajuda nessa construção, e, portanto, usarei alguns poucos, porém importantes, apenas para um adequado embasamento das principais perspectivas aplicáveis a esta discussão, a qual está limitada a processos e operações. Considerações econômicas e sociais: Milton Friedman, Prêmio Nobel de Economia de 1976, em seu artigo de 1970, no jornal The New York Times, afirmou que a única responsabilidade social de um negócio seria aumentar seus lucros sempre dentro das regras do jogo, ou seja, envolvendo-se em competição aberta e livre, sem enganação ou fraude. Muitos discutiriam se essa seria realmente a única

Existem palavras ou expressões que parecem chiclete, ou seja, podem ser esticadas em qualquer direção e grudadas em qualquer lugar. Sustentabilidade é uma delas. " Mário Donizeti de Sousa Diretor de Assuntos Corporativos, Meio Ambiente, Segurança e Saúde Ocupacional da Arauco do Brasil

definidos, sem responsabilidades designadas e sem follow up, qualquer iniciativa terá chance zero de perdurar em uma organização – estará mais para “discurso chiclete” do que iniciativa estratégica. “Fazer a sustentabilidade acontecer” requer, portanto, um entendimento básico do que isso significa para cada companhia em particular. Algumas grandes empresas, através de erros e acertos, já encontraram um caminho claro para a aplicação do conceito de sustentabilidade em suas operações, o que já é considerado uma vantagem

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responsabilidade social de um negócio, mas o cumprimento das “regras do jogo” apontado por Friedman é a base irrefutável para um modelo de governança minimamente sólido, ainda hoje perseguido por várias companhias. Peter Drucker, em 1992, se bem concordando que a performance econômica seria a primeira responsabilidade de um negócio, avança sobre a argumentação de Friedman e expande o conceito de responsabilidade de um negócio para além do retorno aos acionistas. Já Michael Porter e Mark Kramer, em seu trabalho sobre valor compartilhado na


Opiniões Harvard Business Review, ao início de 2011, reconfiguram o conceito de responsabilidade das empresas no que chamam de reinvenção do capitalismo e caminho para inovação e crescimento através de políticas e práticas que melhoram a competitividade das companhias, enquanto, simultaneamente, trazem progressos econômicos e sociais para as comunidades onde operam. Considerações ambientais: Em 1987, o relatório da ONU Our common future popularizava a definição conceitual de desenvolvimento sustentável: “satisfazer as necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfação de suas próprias necessidades”. Fundamentalmente, é o objetivo mais direto do que hoje chamamos de sustentabilidade. Os objetivos do milênio, lançados posteriormente no ano 2000 pela ONU, estão intimamente relacionados a esse conceito. A temática ambiental, que já era vista como importante, passou a ganhar ainda mais força em todo o mundo após a intensificação dos estudos sobre mudanças climáticas na década de 1990. Mas, de fato, os discursos inflamados não se tornaram, necessariamente, ações ambientais eficientes. Anthony Giddens, sociólogo inglês, defende, desde a última década, que as políticas ambientais precisam ser incorporadas ao dia a dia da política real, fazendo com que os temas ambientais sejam parte das estruturas de direitos e responsabilidades que constituem o contrato de cidadania entre governos e cidadãos. Também inglês, o naturalista David Attenborough, famoso apresentador de documentários da vida selvagem, trouxe tons mais escuros à temática ambiental em uma entrevista ao jornal britânico The Telegraph, em janeiro de 2013, ao afirmar que "a raça humana é uma praga na Terra e que a limitação do crescimento populacional seria uma ação necessária". Digerindo essas perspectivas em um contexto empresarial: Mais do que contradições entre Friedman, Drucker e Porter, suas teorias podem ser vistas como etapas que devem ser percorridas pelas empresas em sua busca contínua pela sustentabilidade. Nenhum deles abandona o fato de que a performance econômica é a primeira responsabilidade de uma empresa, ou, como diria Drucker: “um negócio que não apresenta lucro no mínimo igual ao seu custo de capital é socialmente irresponsável. Desperdiça recursos da sociedade”. Porter e Kramer destacam, por sua vez, que a criação de valor compartilhado tem, como pré-requisito a conformidade legal e com padrões éticos, assim como a mitigação de qualquer impacto indesejado causado pelo negócio. Em resumo, o cumprimento das regras do jogo é uma etapa inegociável em qualquer contexto e serve como alicerce para novas e mais amplas iniciativas. Na perspectiva ambiental, há de se entender o conceito original de desenvolvimento sustentável exatamente como uma missão: o propósito de todos nós engajados em uma visão futura de um planeta sustentável. Giddens nos alerta que o assunto ainda não “aterrissou” na agenda diária de governos e cidadãos, e Attenborough, por outro lado, expressa o sentido de urgência, em razão da nossa imobilidade e ineficiência nesse assunto. A mensagem é clara: se a primeira responsabilidade ambiental de uma empresa é a gestão de seus próprios impactos, não há como se isolar do mundo externo. A partir da análise das perspectivas econômicas, sociais e ambientais e das experiências de grandes empresas, podemos considerar três etapas típicas

para a operacionalização da sustentabilidade (não levando em conta as especificidades de cada organização): • Liberdade para operar: é, sem dúvida, o que deve vir primeiro e significa permanecer dentro das regras do jogo. Trata-se do conjunto de ações necessárias para assegurar a perenidade de um negócio, ou seja, da satisfação dos requerimentos mínimos de todas as partes fundamentalmente interessadas (acionistas, autoridades, funcionários, clientes e comunidades). Para isso, é requerido o cumprimento disciplinado de um arcabouço extenso e complexo de leis, códigos e práticas relacionados à condução responsável de um negócio e a identificação, a avaliação e a mitigação dos impactos causados ao meio ambiente e à comunidade local. • Gestão da área de influência: uma vez alcançado um nível adequado de conformidade dos aspectos mais básicos para a perenidade de um negócio, cabe à empresa considerar o avanço da sua área imediata de influência, assegurando que o mesmo esforço requerido em sua busca pela “liberdade para operar” seja também realizado por toda a sua cadeia de fornecimento, o que, convenhamos, traz consigo uma complexidade relevante, já que, em geral, inclui outras empresas em estágios diversos de desenvolvimento e interesses. Nessa fase, espera-se, também, uma ação mais ativa da empresa junto à comunidade local, integrandose e entendendo melhor os problemas, dificuldades e potencialidades e participando das discussões para o desenvolvimento local. Seria o momento, também, de assumir o compromisso de cumprimento do Pacto Global da ONU e de definir metas, tanto para a redução continuada de emissões quanto para o uso racional de recursos naturais. Além disso, a empresa já poderia começar a exercer uma função mais atuante em suas respectivas associações de classe, fomentando a busca do diálogo com governo e sociedade para definição de uma agenda séria da temática ambiental em todos os segmentos. • Iniciativas de valor compartilhado: nesse estágio, uma empresa está em condições de considerar a adoção do modelo definido por Porter e Kramer, ou seja, de buscar a criação de valor compartilhado para a região onde opera. Essa etapa implica uma forte simbiose entre empresa, comunidade e administração pública e tem como premissa um forte trabalho conjunto, um engajamento e uma racionalidade de gestão que, em geral, são ainda pouco comuns no cenário nacional. Trata-se de algo muito novo, e os primeiros cases estão justamente começando a ocorrer. O tempo se encarregará de mostrar a eficiência do modelo e os caminhos que as empresas deverão considerar no futuro. Essas etapas, se bem sequenciais, aceitam sobreposições, e a decisão do momento correto de sua aplicação dependerá de avaliações precisas dos times executivos de cada empresa. Não é possível, no entanto, iniciar a etapa seguinte sem alcançar um nível mínimo de maturidade e robustez no passo anterior. Com esse roteiro básico recebendo os ajustes requeridos em cada empresa, bastará conduzir sua implantação através das etapas formais que todos nós conhecemos: compromisso dos acionistas e altos executivos, envolvimento de todos os funcionários, inserção do tema no planejamento estratégico e sistemas de gestão e, por fim, aplicação de uma forte disciplina de seguimento. Dessa forma, será possível abandonar o “discurso chiclete” e passar a trabalhar a sustentabilidade como uma iniciativa estratégica... de verdade.

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produtores de florestas

a disciplina na execução do

negócio

Se o maior desafio no campo da sustentabilidade é fazer acontecer, a disciplina na execução da estratégia é que irá garantir os resultados. Nessa perspectiva, a International Paper vem aplicando a equação preconizada por Vicente Falconi (O verdadeiro poder, 2009) para a obtenção de resultados inerentes à sustentabilidade do manejo florestal: Resultados = Liderança + Conhecimento Técnico + Método. Onde consideramos as seguintes definições: 1. Liderar significa estabelecer e bater metas consistentemente, com o time e fazendo certo; 2. A absorção do conhecimento técnico ocorre pela prática do método gerencial; 3. O método é o caminho para o resultado, aplicação sistemática de um modelo PDCA (planejar, executar, controlar e agir). Para ilustrar a aplicação desse conceito, e também demonstrar parte dos nossos resultados, o presente artigo traz três exemplos sobre a melhoria do desempenho na produção de serviços ecossistêmicos e na segurança do trabalho das operações florestais. Segurança do trabalho: P: A segurança é um tema fundamental para a International Paper, tanto que integra o rol de valores da companhia. Em 2009, a empresa iniciou, na unidade florestal, o programa “indicador de performance de segurança” para melhorar continuamente as condições de segurança no ambiente de trabalho e, em 2011, iniciou o programa

Se o maior desafio no campo da sustentabilidade é fazer acontecer, a disciplina na execução da estratégia é que irá garantir os resultados. "

Robson Oliveira Laprovitera Gerente de Planejamento da International Paper

de “auditorias comportamentais de segurança” que se utiliza de uma abordagem comportamental para melhorar o engajamento das pessoas. D: Em ambos os programas, os líderes e auditores possuem metas de desempenho que são acompanhadas pela empresa. Através da aplicação sistemática do indicador de performance de segurança, cada frente

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de trabalho é verificada mediante um check list de mais de 100 indicadores, atribuindo-se uma nota, que é calculada mediante o processamento estatístico das informações. Dessa forma, a tratativa das oportunidades de melhoria detectadas é fundamental para o alcance da meta em cada equipe. Em relação às auditorias comportamentais, os 80 auditores (65% deles são líderes) possuem uma meta pessoal de realizar ao menos duas auditorias por mês; essas abordagens visam corrigir comportamentos inseguros ou reconhecer o trabalho seguro. C: A aplicação desses dois métodos vem apresentando resultados surpreendentes. As operações alcançaram um padrão rigoroso para o atendimento de requisitos legais em segurança, oferecendo uma qualidade bem acima da média sobre condições seguras no ambiente de trabalho rural; a média de desvios observados durante as auditorias comportamentais caiu 50% de 2012 para 2014, o que denota um maior comprometimento das equipes em atender às normas e aos procedimentos de trabalho. A: O atendimento das metas é acompanhado pelo “staff florestal”, em que os líderes são encorajados, continuamente, a obter os melhores resultados, havendo reconhecimento e premiações. Esse trabalho vem ganhando destaque no Grupo International Paper, sendo reconhecido como best practice em gestão de segurança.


Opiniões Produção de água: P: Em 2002, a empresa instalou uma microbacia experimental, em parceria com o Ipef, para avaliar o efeito do manejo florestal na quantidade e na qualidade da água produzida, um estudo de hidrologia florestal. D: Em 2008, foi empregado o conceito de manejo de bacia hidrográfica, em que houve mudança de espaçamento, introdução de novo material genético, ampliação da área de Reserva Legal em zonas hidrologicamente mais sensíveis e redução da densidade de estradas. C: Em 2014, efetuou-se a colheita do segundo ciclo e, comparativamente ao primeiro ciclo, observou-se que houve um aumento médio da precipitação em 22%, mas a produção de água na calha do rio foi 100% maior no 2º ciclo, demonstrando que o manejo de bacia hidrográfica produziu o efeito desejado na vazão, sem, contudo, reduzir a produção total na microbacia, em termos de toneladas de celulose. A: Em 2011, já cientes dos efeitos positivos do manejo na microbacia, os mesmos conceitos foram aplicados numa propriedade vizinha a um núcleo de pequenos produtores, onde os mesmos tiveram a oportunidade de participar da decisão de alocação das áreas de Reserva Legal, numa abordagem de “engajamento hidrossolidário” de partes interessadas no bom manejo florestal. Biodiversidade: P: Em 2006, a IPaper iniciou a aplicação sistemática do método da “Regeneração Natural Assistida” para a restauração ecológica de áreas destinadas a recompor a Reserva Legal. A estratégia contemplou, ao todo, 4.000 hectares, espalhados em 39 fazendas e em 12 municípios do estado de São Paulo.

D: As árvores de eucalipto foram colhidas, sua rebrota foi controlada, bem como foi efetuado o controle de formigas cortadeiras e o controle de gramíneas exóticas em alguns casos. A partir de então, foram definidas parcelas permanentes para avaliar a diversidade de espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas ocorrentes e seus parâmetros fitossociológicos. C: Os resultados dos últimos monitoramentos (2013 e 2014) obtidos nas áreas onde os eucaliptos foram retirados há mais tempo, entre os anos de 2006 e 2009, apontam uma diversidade média de 46 espécies herbáceas, 37 arbustivas e 43 arbóreas. A: Para avaliar se essas áreas estariam caminhando para uma trajetória de sucesso do ponto de vista ecológico, os resultados foram comparados com uma publicação oficial do estado de São Paulo para recuperação de áreas naturais, em que concluímos que as áreas convertidas pela empresa entre 2006 e 2009 já possuem boas evidências de uma efetiva autorrecuperação. Caso fosse aplicado o método de reflorestamento com espécies nativas, o investimento de restauração ecológica seria o triplo do valor empregado. Esse conteúdo, como dito anteriormente, ilustra a nossa abordagem cartesiana para a gestão de indicadores em sustentabilidade. Contudo lembremo-nos de que a silvicultura é a ciência e a arte de administrar florestas, e a arte de uma silvicultura sustentável está em se aplicar a ciência para produzir obras que se perpetuam com o tempo. Na International Paper, por ora, temos a certeza de que estamos “fazendo o nosso papel”.

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produtores de florestas

a regra de três

na habilidade de sustentar

Quem nunca ouviu falar na regra de três? É aquela prática fórmula que permite – dado um conjunto de valores de várias grandezas direta ou inversamente proporcionais a uma delas – determinar o valor desconhecido, estabelecendo a correspondência com o grupo de valores restantes. Com certeza, todos nós, em nosso tempo de escola, utilizamos muito essa técnica, e alguns a utilizam até os dias de hoje. Mas não é da regra de três aplicada às ciências exatas que desejo tratar aqui. Mas sim da regra de três aplicada à sustentabilidade. Aos três pilares da sustentabilidade, o Triple Bottom Line ou o tripé da sustentabilidade,

que corresponde aos resultados de uma organização medidos não apenas em termos econômicos, mas também considerando as questões ambientais e o desenvolvimento social. Com isso, as fronteiras entre os valores corporativos e humanos começam a se dissolver, já que as corporações precisam se empenhar em obter um desempenho bem-sucedido com relação aos três pilares. Pelo aumento do nível de exigência do mercado consumidor, as empresas tiveram que buscar, simultaneamente, não somente o tradicional pilar da lucratividade, mas também a qualidade ambiental e a justiça social.

Quando as pessoas sentem-se participantes de um projeto, é como se elas estivessem sendo convidadas a fazer parte da construção de uma história " Sabrina de Branco

Gerente de Relações Institucionais de Responsabilidade Social da Bahia Specialty Cellulose / Copener Florestal

Considerando que a sustentabilidade é o princípio que assegura que as nossas ações de hoje não limitarão a gama de opções econômicas, sociais e ambientais disponíveis para as gerações futuras e que o desenvolvimento sustentável proposto pelo governo e líderes corporativos como solução para os problemas que começam a fazer parte da pauta internacional, aumenta, a cada dia, a expectativa de que as empresas podem ser parceiras na busca por um mundo melhor. Aliás, parceria é outro pilar que, juntamente com valores e transparência, forma mais um dos triângulos ou tripés da sustentabilidade. Nessa regra de três, buscamos encontrar um quarto elemento: o engajamento das partes interessadas e seu envolvimento em todas as etapas do projeto de uma organização.

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Opiniões As empresas precisam entender que mapear e envolver suas partes interessadas, ao longo de todo o seu projeto, pode trazer resultados inimagináveis e altamente produtivos. Quando as pessoas sentem-se participantes de um projeto, é como se elas estivessem sendo convidadas a fazer parte da construção de uma história para a qual elas terão o enorme prazer em contribuir. As empresas sabem o que fazer para alcançarem os resultados econômicos desejáveis. Quando as questões ambientais passaram a ser consideradas com grande ênfase nas análises dos diferentes projetos, as organizações precisaram se preparar para entender, identificar e analisar os impactos ambientais para, então, propor medidas de mitigação. Então, por que será que, com a área social, muitas empresas ainda insistem em oferecer pacotes prontos de projetos para as comunidades que vivem em suas áreas de influência? Por que essas pessoas devem aceitar qualquer ajuda que venha como se fosse um “cavalo dado, do qual não devem olhar os dentes”? Por que muitas empresas ainda não dão a devida atenção a uma área que está sendo considerada nos principais processos de certificação empresarial? No caso das empresas de reflorestamento, por exemplo, a certificação mais desejada, a de manejo florestal do Forest Stewardship Council (FSC), considera as questões sociais com grande prioridade, incluindo dois princípios específicos para tratar do desenvolvimento da população e do respeito e reconhecimento das comunidades tradicionais, além de critérios que integram outros princípios, como os outros usos da floresta, o respeito aos direitos trabalhistas, os direitos costumários de comunidades tradicionais, a identificação, a análise e as medidas de mitigação de impactos sociais, dentre outros. Dessa forma, mesmo que a empresa seja referência em plantio de eucalipto, em inovação tecnológica, em treinamento e capacitação profissional e em responsabilidade ambiental, se ela não buscar conhecer a realidade socioeconômica da região onde atua e envolver todas as partes interessadas no desenvolvimento de ações socioambientais, perderá espaço dentro de um mercado que não cansa de ser cada vez mais exigente.

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E aí entra a próxima regra de três: a união dos pilares sustentados pelo governo, as empresas e a sociedade, na busca do quarto e fundamental elemento: a parceria pelo desenvolvimento integrado e sustentável. Como a própria palavra sustentabilidade já diz: é preciso habilidade para sustentar cada um desses pilares para que eles formem um tripé forte e duradouro. Caso contrário, se cada um desses pilares tentar atuar de forma independente, não passará de traços, sem qualquer ligação de apoio. O que quero dizer é que as diversas áreas de uma empresa precisam estar alinhadas e trabalhar de forma integrada em busca de melhor desempenho. Voltando ao exemplo das empresas de reflorestamento, de que adiantaria desenvolver projetos sociais, se, ao mesmo tempo, as comunidades se sentissem desrespeitadas por alguma atuação da empresa em qualquer uma das suas frentes de trabalho, como, por exemplo, durante o transporte de madeira? De que adiantaria contar com a melhor tecnologia para produção de mudas, se os impactos ambientais da atividade não fossem evitados ou mitigados? De que serviria ter em sua carteira de clientes grandes empresas multinacionais e oferecer um produto de altíssima qualidade, se nada fosse feito pelo desenvolvimento das pessoas que estão dentro e nas áreas vizinhas à empresa? Fica muito claro que uma coisa puxa a outra e que, se todos andarem em filas, ao invés de darem as mãos e trabalhar de forma integrada, os resultados esperados jamais serão alcançados. É preciso enxergar a regra de três como a regra de nove, composta pelos três triângulos que formam um grande e coeso triângulo em busca de um elemento maior: a sustentabilidade em todos os seus sentidos. Então, por que não inovarmos, chamando de ninesided triangle, ou o triângulo de nove lados? Se cada um dos nove pilares aqui citados for sustentado por todos os envolvidos, com certeza o resultado será o desenvolvimento de projetos melhores, mais viáveis economicamente, ambientalmente corretos e socialmente justos, como rege a teoria da sustentabilidade. Para que a teoria realmente possa ser realidade na prática, ainda há muito a fazer, refletir, discutir e construir. Os pilares ambiental e social precisam possuir o mesmo valor do pilar econômico dentro de uma organização. Caso eles sejam vistos apenas como obrigações a serem cumpridas, jamais se tornarão sustentáveis. A habilidade de sustentar, conforme falei anteriormente, tem que vir de cima para baixo, de baixo para cima, pelas laterais e até mesmo pelas tangentes. O compromisso da empresa precisa ser visto em toda a sua cadeia produtiva, independentemente de nível hierárquico. Quando os funcionários de uma empresa enxergam que trabalham em uma organização ética, comprometida com seus valores, transparente com seu público interno e externo, parceira do governo e das comunidades, responsável com os recursos naturais e que investe em capacitação e tecnologia, entendem que possuem um papel fundamental na construção de uma história de sucesso.

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produtores de florestas

Opiniões

a sustentabilidade nas

operações diárias atuar na área de sustentabilidade exige uma grande dose de resiliência e paixão. ... na definição de prioridades e, principalmente, das financeiras, essa percepção perde espaço. "

Sara Juarez Sales Gerente de Sustentabilidade da Eco Brasil

A naturalidade com que a base florestal deve tratar a sustentabilidade em seu processo de produção possui diferentes vieses em função do momento, tamanho e visão futura do empreendimento. O momento da empresa pode estar direcionado à busca por captura de valor ao longo de sua cadeia de produção e/ou ao fazer o suficiente para atender a requisitos socioambientais de um processo de certificação. Mas fazer os princípios de sustentabilidade parte integrante do processo de produção, de forma natural, implica tornar a operação florestal mais comprometida com as melhores práticas socioambientais exercidas no setor. A decisão pela abrangência do compromisso com os princípios de sustentabilidade na empresa florestal

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diz muito sobre a forma e o respaldo, principalmente financeiro, com que as áreas operacionais florestais executam suas atividades diárias. As áreas operacionais florestais sabem o que é necessário fazer para se ter uma produção mais sustentável e executá-la com naturalidade, mas necessitam de apoio, assessoramento e motivação. O modelo de governança adotado pelas empresas contribui para ganhar aderência aos princípios de sustentabilidade. Quanto mais distantes as áreas operacionais e aquelas que atuam de forma transversal ao processo de produção estiverem das discussões sobre sustentabilidade, menor importância terá o exercício das melhores práticas socioambientais. A governança corporativa de sustentabilidade da empresa e de seus clientes influencia as operações diárias. As áreas corporativas demandam, frequentemente, dados para acompanhar o plano de metas ou elaborar relatórios de divulgação, diligência e pesquisa.



produtores de florestas Para tanto, as áreas operacionais são obrigadas a organizar registros e reportes de informações de desempenho socioambiental, o que normalmente toma tempo e afasta a equipe do foco da produção. Para evitar esse tipo de situação, são criadas áreas ambientais e sociais para apoiar a operação florestal. Por outro lado, algumas atividades devem ser reservadas a áreas ambientais específicas, seja por motivos regulatórios, seja por disputa orçamentária. Por exemplo, a recuperação de áreas degradadas, que, em função de seu custo, quando executada pelas áreas operacionais florestais, disputam orçamento com perda para o processo de recuperação. Assim, para reconhecer naturalidade no processo de produção, algumas abordagens devem ser observadas, como: 1. os critérios socioambientais para a implantação de projetos florestais sustentáveis; 2. a gestão socioambiental do processo de produção florestal; 3. e o desenvolvimento de relacionamento interno e externo. Definição de critérios socioambientais em projeto: o projeto florestal tende a enxergar o uso do solo a partir das áreas de aproveitamento e das Áreas de Preservação Ambiental (APP), sobrando áreas para Reserva Legal (RL) e remanescentes. Naturalizar os princípios da sustentabilidade no desenho do uso do solo implicaria adotar critérios de maior aproveitamento, mas dando pesos consistentes à conectividade e preservação de fragmentos florestais, resultando em um zoneamento onde também se consideraria a produção, APP e RL dos vizinhos, buscando impactar positivamente a biodiversidade regional. A tendência atual não é essa, o projeto florestal ainda olha o maior aproveitamento interno da propriedade, adquirindo áreas para compensar a Reserva Legal, até o limite possível, na bacia hidrográfica de mesmo bioma. Sendo impositivos os critérios econômicos para o uso do solo sobre os ambientais, então, é natural partir para um segundo processo compensatório, fomentando o Desenvolvimento Sustentável Local, ao promover a organização do uso do território em escala regional por diferentes meios, seja no apoio a estudos ambientais, à elaboração de Zoneamentos Ecológicos Econômicos, seja fomentando recuperação de áreas degradadas, seja apoiando a aplicação de políticas de Pagamento por Serviços Ambientais, entre outros. A gestão socioambiental do processo de produção florestal: é importante a independência da área que monitora os impactos ambientais e sociais ao longo da cadeia de produção florestal da área operacional. Não que seja necessário haver vigilância, mas sim o monitoramento e o assessoramento para o processo de melhoria contínua, de integração da gestão, de articulação das diferentes áreas em processos de certificação, de obtenção de dados, de sistematização de informações e de organização de reuniões de análise crítica que concluem o processo de monitoramento. Também cabe a essas áreas gerenciar dados e informações que são reportados nos relatórios de sustentabilidade, Due Dilligence Socioambiental, ou utilizados em projetos especiais como os Relatórios de Emissões, de Pegada Hídrica, Investimento Social, entre outros. Esses projetos são, comumente, centralizados em áreas corporativas específicas, conhecidas ou não por sustentabilidade. Importantes resultados são obtidos quando todos os assuntos ao redor dos princípios de sustentabilidade são levados para as reuniões mensais da área operacional florestal, ao tornar as decisões socioambientais próximas aos diretores,

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Opiniões gerentes e supervisores, possibilitando que esses colaboradores contribuam para o experiente olhar de quem executa as atividades em campo. Esses momentos são importantes para identificar oportunidades de sinergias e parcerias com as áreas de desenvolvimento, pesquisa e tecnologia na busca por eficiência do uso dos recursos naturais no processo de produção. Desenvolvimento de relacionamento externo: o setor florestal, principalmente as grandes empresas, vem acompanhando todas as discussões socioambientais que foram travadas internacionalmente e que repercutiram no Brasil. Ao longo desse processo, o conceito de sustentabilidade do negócio se fortaleceu ao conceito de desenvolvimento sustentável, que ficou menos visível dentro das políticas de responsabilidade social. Desenvolvimento sustentável na perspectiva de uma territorialidade onde se encontra instalada uma empresa e sua cadeia de produção, que atinge colaboradores, comunidade, municípios, e, em grande escala, regiões, estados e País. Nessa perspectiva, o setor florestal pode e deve exercer a liderança nas discussões atualmente colocadas internacionalmente e que impactam diretamente o País, nos questionamentos sobre as emissões, alteração do uso do solo, utilização de novas tecnologias e necessidade de adaptação do processo de produção às alterações climáticas. Também importante é a participação da empresa no desenvolvimento de localidades. A empresa florestal deve exercer sua responsabilidade social nas regiões onde atua, promovendo o desenvolvimento sustentável do seu entorno, compatível com o seu próprio crescimento. Cabe destacar a importância de monitorar os impactos provocados pelo processo de produção e de manter canais de diálogos para apresentar planos de correção, mitigação ou compensação para o público afetado. Esse relacionamento acontece de forma natural e é exercido pelos colaboradores operacionais, o que otimiza recursos, mas deve ser acompanhado de perto por pessoal especializado, para evitar a exposição da área florestal à situação de conflito. Desenvolvimento de relacionamento interno: atuar na área de sustentabilidade exige uma grande dose de resiliência e paixão. Internamente, todos percebem a sustentabilidade como um dos mais importantes compromissos da empresa, mas, na definição de prioridades e, principalmente, das financeiras, essa percepção perde espaço. É muito importante para o sucesso da política de sustentabilidade um padrinho de peso, o CEO. Comprometer as metas corporativas às metas de sustentabilidade também repercutem muito positivamente, como também envolver novos atores ao processo de tomada de decisão, sobre os diferentes assuntos que compõem a agenda estratégica. Dentro da estrutura de gestão, já existem espaços consolidados para diálogo interno, como as reuniões de gestão integrada, reuniões operacionais e comitês. Esses espaços podem e devem receber agenda programática a ser discutida, e seus resultados, incorporados ao processo de tomada de decisão das instâncias superiores, como os comitês ou conselhos de sustentabilidade. A naturalidade com que os princípios da sustentabilidade venham a ser aplicados será mais consistente quanto mais vezes e mais pessoas tratarem do assunto e, cada vez, com mais profundidade. A empresa que não tem conversa não tem sustentabilidade!


especialistas

Opiniões

certificação e sustentabilidade Globalização, crise, tecnologia, sustentabilidade. Palavras presentes no dia a dia e interligadas entre si, mas nenhuma delas alcança caráter tão peculiar quanto a palavra “sustentabilidade”. A sustentabilidade foi ingressando gradualmente na mídia mundial até garantir seu espaço e conquistar um público fiel, que agora desconhece trilhar caminhos sem que ela esteja no meio ou se torne um fim, ou até uma busca sem fim. A busca pela chamada sustentabilidade é tanta, que qualquer área do setor industrial gerencia a temática através de programas, políticas e projetos com o intuito de seguir requisitos socioambientais de forma a suprir as necessidades da geração presente sem comprometer as gerações futuras. Ferramentas para medir o seu desempenho foram desenvolvidas de forma a contemplar as exigências do mercado. O termo é tão vasto que pode ser cabível em qualquer situação de ordem ambiental. Portanto, com a amplitude que o conceito possui intrinsicamente no seu sentido, cada um possui uma forma de ser, pensar e agir sustentável. Dessa forma criou-se intimidade e valores com o que a palavra implica àquele que a detém, tanto na forma como ela pode ser aplicada no cotidiano quanto pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias de mercado. Em se tratando de sustentabilidade e a fim de concretizá-la no contexto florestal, ampliou-se o manejo florestal sustentável, que, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, “é a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema, objeto do manejo, e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços florestais”. Portanto não só de colheita vive o manejo florestal, a sustentabilidade foi inserida de forma a garantir o uso múltiplo da floresta e dos seus recursos, mantendo o seu nível de biodiversidade e garantindo a manutenção de seus recursos às próximas gerações. Através de normas legais específicas e diretrizes que visam orientar as atividades do plano de manejo do empreendimento, é possível elaborar um programa de monitoramento, promover a conservação florestal e adotar medidas mitigatórias dos impactos sociais e ambientais. Portanto a sustentabilidade do manejo florestal está integrada ao planejamento adequado, bem como a qualidade das práticas silviculturais

e a manutenção da biodiversidade que atendam aos requisitos legais. As boas práticas da sustentabilidade essenciais ao manejo florestal sustentável obedecem tanto às exigências previstas em Lei como aos princípios e aos critérios adotados pela certificação florestal. De caráter voluntário, a certificação abrange a implementação de medidas mais amplas que as previstas na legislação. Tem sido com base na sustentabilidade que a certificação florestal tem ganhado forças, pois se fundamenta em seus três pilares: ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável. Dessa forma, o processo de certificação visa garantir ao consumidor que determinados padrões de desempenho do manejo florestal sustentável sejam monitorados, avaliados e promovidos pelos sistemas de certificação reconhecidos internacionalmente. As questões ligadas à sustentabilidade no setor florestal se dão prioritariamente na certificação florestal, já que é o processo que abrange diferentes temáticas: legislação, comunidades, povos indígenas, trabalhadores, área de alto valor de conservação e florestas. Desse modo, as relações da certificação com a sustentabilidade compreendem dinamismos mais abrangentes, práticos e estáveis ao setor. O intuito inicial era somente o de atender às demandas de mercado, porém a adoção efetiva de padrões e do comprometimento organizacional tornou a certificação vital para a garantia do sucesso a longo prazo do empreendimento, visto que o amplo envolvimento das partes interessadas contribui para o diálogo e a cooperação, implicando o aprimoramento do processo e também garantindo ao consumidor produtos de origem legal e que foram produzidos dentro do conceito da sustentabilidade tão desejada pelo mercado. A certificação florestal contribui no atendimento dos aspectos que compõem a sustentabilidade do manejo florestal de forma a acompanhar os desafios ambientais e concretizar, ao máximo, o desenvolvimento sustentável. A interação entre o cumprimento da legislação e a obtenção da certificação determina o emprego do desenvolvimento da sustentabilidade, que, como base para os negócios atuais, contribui para a melhoria do desempenho social, econômico e ambiental. Dessa forma, os caminhos existentes para o alcance da sustentabilidade que considera as práticas e ferramentas existentes para que ela aconteça, permeiam a busca incessante do meio produtivo em enfrentar os desafios que a sustentabilidade requer.

Globalização, crise, tecnologia, sustentabilidade. Palavras presentes no dia a dia e interligadas entre si, mas nenhuma delas alcança caráter tão peculiar quanto a palavra “sustentabilidade”. " Kaliana Moro Tanganelli Coordenação do Programa em Certificação Florestal do IPEF

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especialistas

sustentabilidade é um caminho sem fim... Tenho acompanhando com intrigante interesse e até mesmo devoção ou paixão as inúmeras discussões e opiniões que aparecem em diferentes tipos de mídia onde se fala ou se escreve sobre sustentabilidade, em especial acerca do setor de base florestal. Parece que, de um momento para outro, todos no mundo dos negócios se tornaram sustentáveis ou se autoproclamam como tal. Essa parece ser a palavra mágica do momento, que agrega valor às empresas, às pessoas e aos produtos. Surgiram iniciativas em praticamente todos os setores para demonstrar esforços para cuidar melhor dos impactos das empresas sobre a saúde do planeta Terra.

Nosso setor deveria responder dessa forma mesmo, afinal, nossos impactos ambientais, e mesmo os sociais, são de magnitude muitas vezes significativas, e temos responsabilidade para garantir um ambiente adequado para as gerações que nos sucederão. Temos grandes extensões de terra sendo utilizadas, gastamos muita energia, água e outros insumos, que também têm efeitos ambientais. Portanto estamos tentando cuidar bem desses quesitos e também dos problemas gerados pelas nossas contaminações (efluentes e resíduos). Quanto aos aspectos sociais, também evoluímos muito, basta dar uma espiadela no passado e notar que, se o Brasil melhorou, nós também, no setor florestal,

essa carga antropocêntrica exagerada acaba cabresteando a visão em relação ao que seria a própria sustentabilidade do planeta Terra ao invés de apenas a do ser humano no planeta Terra. " Celso Edmundo Bochetti Foelkel Consultor e Escritor Especialista em Florestas

Nada mais natural que ações e exemplos surgissem também no setor de base florestal, que tem uma identidade notável com a natureza e com a renovabilidade dos insumos que utiliza a partir das florestas, em especial das plantadas. São inúmeros os exemplos positivos que o setor florestal carrega em seu portfólio de ações nos aspectos ambientais e sociais, o que é uma excepcional virtude da gente que atua no setor e que está acreditando que esse seja o caminho a trilhar. É muito bom se notar que as certificações ambientais, florestais, de segurança e responsabilidade social, até mesmo os selos verdes, tenham sido adotadas com tanta intensidade por grande proporção das empresas do setor, independentemente de seu tamanho.

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melhoramos bastante. Entretanto todas essas ações que empresas e dirigentes têm procurado relatar como sendo suficientes para colocar suas empresas em nível adequado de sustentabilidade esbarram no dilema conceitual de que a sustentabilidade nunca será atingida plenamente, uma vez que, a cada dia, sempre teremos novas gerações que deveremos procurar contemplar com um ambiente justo e adequado. Portanto sustentabilidade é uma rota sem fim – nunca estaremos sustentáveis –, isso porque estaremos sempre buscando a sustentabilidade. Além disso, sustentabilidade é um processo que, em sua conceituação central, tem características essencialmente antropocêntricas, já que foi criado pelo ser humano para tentar garantir a sua própria existência futura, em condições de felicidade e cercado das melhores


Opiniões condições ambientais, econômicas e sociais possíveis de serem atingidas em momentos que chamaremos de futuro. Evidentemente, essa carga antropocêntrica exagerada acaba cabresteando a visão em relação ao que seria a própria sustentabilidade do planeta Terra ao invés de apenas a do ser humano no planeta Terra. Da forma como vem sendo colocada, a sustentabilidade esbarra em diversos conflitos difíceis de serem tocados, principalmente no mundo dos negócios, como é o caso do crescimento populacional, que, cada vez mais, tenderá a consumir recursos finitos e escassos da natureza. Maior população significa mais votos, mais devotos e mais consumidores, todos altamente desejados pelas forças de maior poder na sociedade. Outro ponto que não é considerado nos critérios de sustentabilidade são os aspectos emocionais, dentre os quais os indicadores de felicidade. Se o ser humano é movido tanto pela razão como pela emoção, esse ponto poderia fazer parte das atuais formas de se demonstrar que empresas e pessoas trabalham pela sustentabilidade em seus lares, empregos e negócios. Se isso aparecesse com mais força nos critérios de sustentabilidade, acredito que teríamos grandes avanços da qualidade de vida não apenas do ser humano, mas de suas relações com a natureza. O ser humano privilegiaria mais a natureza e apoiaria mais sua conservação se descobrisse, com mais intensidade, a sua beleza e a sua singularidade e não apenas a enxergasse como fonte de recursos para seu usufruto. Empresas talvez pudessem praticar a gestão com mais positivismo, enfatizando mais os aspectos positivos do que os negativos.

Ao invés de seus programas reducionistas de diminuição de custos (“mundo do menos”), estariam mais focadas em programas de eficiência no uso dos recursos (“mundo do mais”), já que tudo que utilizam são recursos naturais e que, se mal utilizados, aumentam os custos, diminuem os resultados e, além do mais, reduzem o estoque de recursos naturais do planeta. Não estariam, obviamente, sustentáveis, considerando que essa é e sempre será uma meta diária e eterna, mas fariam seus esforços com maior grau de felicidade e de adesão das pessoas que costumamos denominar de partes interessadas. Há muito ainda a ser feito e conquistado – o mundo do mais precisa se sobrepor urgentemente ao mundo reducionista do menos que nos ameaça frequentemente. Será que um dia as culturas dos cidadãos e das pessoas de nossas empresas conseguirão fortalecer a visão positiva de sustentabilidade como uma rota sem fim a ser perseguida sempre? Eu sempre acreditei que a bandeira da sustentabilidade e da ecoeficiência no uso adequado dos recursos naturais é algo muito mais fácil de ser agitada com paixão do que as inúmeras bandeiras reducionistas que nos são apresentadas praticamente todos os dias em nossa vida diária (e também em nossas empresas). Enfim, o ser humano é emocional mesmo – pena que tenda a carregar bandeiras inglórias grande parte das vezes em sua vida. Talvez a gente consiga mudar isso, mas, para mudar, há que se começar a fazer muito mais, em adição ao que já conquistamos até hoje – vocês não acham? Caso concordem, que tal começarmos agora mesmo?

Certificação Florestal A Sysflor atua no Brasil desde 2007, como representante da SCS Global Services em projetos de certificações, proporcionando credibilidade e agregando valor aos sistemas de gestão, e incentivando práticas sustentáveis. Com uma equipe multidisciplinar de profissionais, a certificadora opera em todo Brasil, sendo referência em avaliações para certificação de manejo florestal, de empreendimentos agrícolas, produtos e serviços, tais como:

P Avaliações para certificação FSC® e de madeira controlada (CW) P Verificação de legalidade (LHV) P Verificação e validação de projetos de carbono (GHG – Greenhouse Gas) P Certificação de cana-de-açúcar (BONSUCRO –Better Sugarcane Initiative) P Certificação de biocombustíveis (RSB – Roundtable on Sustainable Biomaterials) P Certificação da pesca (MSC – Marine Stewardship Council) P Certificação de aquicultura (ASC – Aquaculture Stewardship Council) P Certificação CERFLOR para manejo florestal SYSFLOR - CERTIFICAÇÃO DE MANEJO E PRODUTOS FLORESTAIS Av. Senador Salgado Filho, 1385 - Sala 114/116 - 81510-000 - Curitiba - PR Fone: 41 3344-5061 - www.sysflor.com.br - sysflor@sysflor.com.br


especialistas

a gestão da rotina da

sustentabilidade

Conforme o tempo passa, vamos aprendendo que nossas maiores virtudes são também nossos maiores defeitos. Com as empresas, isso também pode ser verdade. Uma das maiores virtudes de uma boa empresa é ter a chamada gestão da rotina. A gestão da rotina de trabalho é uma metodologia essencialmente prática, de aplicação imediata, para que todos gerenciem suas atividades objetivando os resultados esperados. Um dos requisitos para o gerencimanto das atividades é o estabelecimento de metas claras e com indicadores mensuráreis. E, dessa forma, é importante entender o que significam "Resultados" em tempos de sustentabilidade e como estabelecer metas com indicadores mensuráveis. Então, quando pensamos em colocar em prática o conceito de sustentabilidade, há que se ter como reconhecer uma empresa sustentável. E é nesse momento que a grande virtude é também um defeito, pois os procedimentos e a gestão ajudam a organizar a realidade, mas atrapalham a percepção de coisas novas. Então, quando pensamos em colocar a sustentabilidade em prática, há que se seguir alguns passos, os quais apresentamos abaixo: Passo 1: Engajamento do conselho de administração: há a necessidade de ajustes na Missão, na Visão de Futuro e nas Políticas do empreendimento. Ou seja, se, na Missão e nos valores da empresa, não houver compromisso com sustentablidade, já haverá um problema para colocar em prática o conceito. Passo 2: Conscientização: há a necessidade da sensibilização para os conceitos de responsabilidade social e para a importância da abordagem de sustentabilidade empresarial em todos os níveis da empresa. Passo 3: Capacitação: há que haver domínio das particularidades e das implicações sobre o tema sustentabilidade. Passo 4: Redesenho de processos internos: Incorporar elementos da sustentabilidade nas operações (rotina) da organização. Conforme afirmei, os procedimentos e os modelos seguidos são ótimos e são necessários, mas podem ser um obstáculo para que novas ideias e novos procedimentos sejam colocados em prática. E, quando as novas ideias são aceitas, tudo o que desejamos é que virem procedimentos e modelos a serem seguidos e que façam parte da rotina. A figura em destaque, de forma esquemática, mostra os componentes da gestão da rotina. Não há dúvida de que cumprir os três primeiros passos é mais fácil (mas não menos importante), mas, depois, há que se mudar as “operações” e, nesse momento, torna-se imprescindível a tal da “métrica”. Quem nunca ouviu a frase “sem métrica não há gestão”?

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Não há como fazer gestão (ter rotina) baseada unicamente em sentimentos, desejos e visões. Há que se apoiar as decisões em fatos confiáveis, provenientes tanto das empresas como da sociedade. E o que é, então, essa métrica? São indicarores e valores de referência. Mas atenção: é muito fácil chegar a métricas erradas, caso se faça uma análise superficial da situação. Um pouco sobre indicadores: Para começo de conversa, vamos a uma citação: “Na prática, nem sempre o indicador de maior validade é o mais confiável; nem sempre o mais confiável é o mais inteligível; nem sempre o mais claro é o mais sensível; enfim, nem sempre o indicador que reúne todas estas qualidades é passível de ser obtido na escala espacial e periodicidade requerida“. (Jannuzzi, Mello, Tibau e Arruda - Curso Indicadores sociais e políticas públicas. Citado por Vilarelli, 2005)

COMPONENTES DA GESTÃO DA ROTINA Estabelecer Metas

Formulação Estratégica Missão/Visão Plano longo prazo Médio Prazo Anual Metas anuais da empresa

Desdobrar Metas e Medidas

Desdobramento das Diretrizes

Metas anuais Atingir Metas

Gerenciar para Manter

► A S C D

Padronização

Gerenciamento da Rotina do Trabalho do Dia a Dia Funcional

Gerenciar para Melhorar A P

C D

Plano de Ação


Opiniões Os indicadores, portanto, são meios para obtenção de informações objetivas, qualitativas ou quantitativas. Indicadores são parte de um processo de busca de respostas a questões formuladas sobre o desempenho ou resultados esperados e não podem ser pensados em si, de forma isolada. A partir do trabalho de Vilarelli (2005), pudemos adaptar quais seriam as características de um bom sistema de indicadores: • É coerente com a visão que a empresa tem dos objetivos centrais e das dimensões do manejo florestal; • Considera as particularidades do contexto – em especial social e ambiental; • Define indicadores que captam os efeitos atribuíveis às ações, aos serviços e aos produtos gerados pelo manejo florestal; • Tem indicadores bem definidos, sem ter pretensão de dar conta da totalidade; • Está orientado para o aprendizado, estimulando novas reflexões; • Prevê e especifica os meios de verificação que serão utilizados, bem como os responsáveis pela coleta de informação, pela análise e pela tomada de decisões; • É simples, capaz de ser compreendido por todos, e não apenas por especialistas, sem ser simplista; • É viável do ponto de vista operacional e financeiro; • Fornece informações relevantes e em quantidade que permitem a análise e a tomada de decisão; • Aproveita as fontes confiáveis de informação existentes, poupando recursos, tempo e energia do projeto; • É progressivamente internalizado na organização e apropriado por todos, no cotidiano das ações que desenvolvem; Como falar é fácil, difícil é fazer, vamos apresentar um exemplo de indicador e métrica: 1. Meta: plantar 300 hectares de mata nativa em 2014. Para cumprir essa meta, há que se fazer um plano de ação

b. Que, evidentemente, esse planejamento deve ser concomitante ao planejamento da colheita; c. Que haverá uma análise pós-colheita, na qual vai ser verificado se o que foi planejado foi realmente realizado. 3. Meta: Podem-se usar também indicadores para criar novos procedimentos: Implantar um sistema de atendimento de demandas da sociedade até outubro de 2014. Essa meta exigirá um plano de ação com todos os passos até que se alcance a implantação do sistema, e, nesse caso, o que se monitora mês a mês é a % do plano cumprida. Pode-se criar também um índice em que várias verificações conjuntas fazem mais sentido, como o índice de desempenho ambiental, ou também o índice de desempenho socioambiental. Por exemplo, um índice de desempenho socioambiental pode ter metas sobre: 1. Desempenho nas auditorias externas; 2. Número de reclamações recebidas; 3. Tempo de resposta para as demandas das comunidades locais. Exemplos de metas podem ser consultados nos relatórios de sustentabilidade das empresas, em especial aquelas que fazem seus relatórios com base no GRI (Global Reporting Initiative), que promove a elaboração de relatórios de sustentabilidade e busca uma economia global sustentável, em que organizações podem medir seus desempenhos e impactos econômicos, ambientais, sociais, bem como os relacionados à governança, de maneira responsável e transparente.

Conforme o tempo passa, vamos aprendendo que nossas maiores virtudes são também nossos maiores defeitos. "

Maria José Brito Zakia

Diretora da Práxis Assessoria Socioambiental

com os hectares a serem plantados mês a mês. Portanto temos um indicador = hectares plantados por mês e o item de verificação, que é o número de hectares planejados para serem plantados por mês . E, assim , mês a mês, faz-se o acompanhamento. 2. Meta: Cumprir 100% do planejamento ambiental em todas as fazendas com operações de colheita em 2014. Observem que essa meta pressupõe: a. A existência de um procedimento para o planejamento ambiental de cada fazenda;

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especialistas

Opiniões

valor,

o novo nome do jogo O enfoque atual das questões socioambientais insere-se numa evolução contínua da forma de como interagimos com bens naturais e sociais. Podemos focar em vários pontos da história da humanidade e encontraremos elementos dessa natureza. O fim da escravidão e a grande crise da produção de trigo na América do Norte, nos séculos XVIII e XIX, são dois exemplos. Nos últimos 20 anos, experimentamos a rica ascensão da sociedade civil organizada nos debates e na governança mundial, suprindo lacunas da ineficiência dos mecanismos globais e da democracia em várias partes do mundo. Concordando ou não com o ativismo ambiental do Greenpeace e outras ONGs, é inegável que essas organizações trouxeram temas extremamente relevantes para o debate mundial.

... as questões socioambientais estão acontecendo. E esse acontecer está sendo impulsionado pelo mundo econômico, financeiro e contábil. É daí que surgem os elementos que faltavam para que capitais naturais e sociais sejam traduzidos em valor. " Roberto Silva Waack Presidente do Conselho da Amata

Em um zoom temporal entre a consolidação do conceito de sustentabilidade, do final do século XX aos dias de hoje, passamos do mapeamento de temas socioambientais relevantes ao difícil exercício de sua aplicação no dia a dia empresarial. Já não é concebível que executivos deixem de usar o arsenal básico que lhes permita conhecer, evitar, reduzir, mitigar ou compensar impactos negativos ao meio ambiente, a seus funcionários ou a comunidades em que se insiram. São inúmeros os exemplos de danos reputacionais por práticas inadequadas em cadeias de suprimento. A mídia cobre e divulga amplamente, no mundo todo, marcas associadas a práticas nocivas ao meio ambiente, a empregados, a populações. Podemos dizer que o “livro de boas práticas” socioambientais está escrito, disponível e conta com um volume substantivo e crescente de casos práticos.

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Alavanca a formação de culturas florestais Supre as necessidades do sistema solo planta Ativa o crescimento radicular em maior profundidade Amplia a taxa de pegamento e acelera o crescimento inicial Favorece a formação de árvores mais altas e com maior diâmetro Resulta no aumento da densidade e peso, e plantas com maior resistência Alavanca o desenvolvimento das florestas e melhora a qualidade final da madeira Potencializa a capacidade produtiva da floresta e maximiza os resultados econômicos Possibilita um manejo florestal mais sustentável, com uma exploração mais racional da área www.catafos.com.br

supraphos

para uma boa fosfatagem use

O supraph supraphoo s é recomendado para a prática da fosfatagem em áreas florestais, suprindo o sistema solo planta com 14% de fósforo e 12% de cálcio

Procure o pessoal da equipe técnica da Nutrion, ela tem um time de agrônomos preparado para oferecer atendimento especializado e otimizar o uso dos produtos nas áreas florestais.

Promover uma boa adubação, usar os insumos corretos é investimento com retorno garantido

Melhora a formação do plantio florestal www.nutrion.com.br Favorece o crescimento de raízes mais profundas Diminui bastante ou zera o efeito do estresse hídrico Fornece enxofre (SO4) na forma adequada para absorção Promove aumento no teor de lignina e no peso final da madeira Reduz os danos causados por morte de ponteiro e quebra por vento Amplia a taxa de conversão de água em madeira, de água em matéria seca Potencializa a capacidade de rebrota das raízes após o corte da área florestal Aumenta o potencial produtivo da floresta, o valor e a qualidade industrial da madeira

nutrigesso

para uma boa gessagem use

O nutrigesso garante boas doses de cálcio (20%) e enxofre (15%), o que torna este produto indispensável para o manejo de solo em plantios florestais

Nutrigesso e SupraPhos em campo é promessa de boa colheita!

2014 © Spectrum Art Company


especialistas O tema hoje tem outra dimensão. Afeta modelos de negócios. Dos departamentos de Responsabilidade Social Corporativa, em grande parte ligados à área de Recursos Humanos, foi alçado às diretorias com dedicação exclusiva à sustentabilidade. E continua sua viagem hierarquia acima, atingindo o topo da estrutura organizacional. O assunto chegou aos conselhos de acionistas e à comunidade de investidores. O “como fazer a sustentabilidade acontecer”, tema provocado pelos editores da Revista Opiniões, passa por essas instâncias. Uma nova linguagem vem se consolidando. A palavra-chave é “valor”. O mundo empresarial, incluindo acionistas e investidores, percebeu que ações das empresas geram impactos, positivos e negativos, que vão além dos produtos e resultados financeiros. Impactos sempre foram evidentes, em maior ou menor grau. Apenas não eram considerados nas métricas econômicas. O adjetivo “intangível” serviu amplamente para, em certa medida, justificar a falta de atenção a esses impactos. Se era intangível, não se media, não virava prioridade, não entrava nas planilhas de metas, não afetava remuneração, não era considerado estratégico, não se incorporava nas valorações. A sofisticação da discussão sobre esses impactos aumentou muito. Iniciativas como certificações e reporting, FSC – Forest Stewardship Council, na área florestal, e GRI – Global Reporting Initiative, no campo dos relatórios de sustentabilidade, serviram para instrumentalizar práticas empresariais. Os danos reputacionais em empresas como Nike e BP, apenas para citar dois casos, foram traduzidos em perdas econômicas significativas. O sistema financeiro incluiu em suas práticas de due diligence riscos socioambientais, tornando a alavancagem financeira dependente, em grande parte, de boas práticas relacionadas à sustentabilidade. Mais, evoluiu de um sistema de avaliação de riscos – negative screening – para identificação de oportunidades – positive screening. No kit de ferramentas de gestão, adicionaram-se os relatórios de sustentabilidade e cuidados para documentar práticas voltadas para evitar ou reduzir passivos ao meio ambiente. A inserção do mundo financeiro nesse jogo teve desdobramentos no campo da contabilidade. Como evolução dos relatórios de sustentabilidade, surgiu o conceito de relatório integrado. O IIRC – International Integrated Reporting Council publicou as bases do que deverá ser a contabilidade num futuro próximo. Do alicerce em dois capitais, o financeiro e o da produção, o Relatório Integrado incorpora mais quatro capitais. O intelectual, associado a ativos como marcas e capacidade de inovação, há algum tempo no radar das empresas de contabilidade. A questão da reputação entra nessa categoria. O capital humano passa a ser explicitado, com enfoque no valor dos recursos humanos de uma organização. Também bastante reconhecido, este capital não era tratado como ativo. As boas práticas de RH, o valor de esforços de treinamento e retenção de talentos passam a ser tratados de forma mais explícita. E surgem duas novas categorias de capital. Um deles, capital social, trata não só dos impactos da atividade da empresa no ambiente que a cerca, mas também da chamada “licença social para operar”. Lida com a capacidade da empresa em se articular com seus stakeholders, em estabelecer relacionamentos além de sua base operacional, em obter endosso da sociedade, muitas vezes através de certificações

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independentes e voluntárias. Por fim, o capital natural, abordando não só o que a empresa consome de ativos naturais, mas também o valor de impactos positivos na conservação de ecossistemas, recursos hídricos, minerais e climáticos. De uma maneira geral, trata-se de uma visão mais ampla (óbvia, diga-se de passagem), das externalidades causadas pela ação empresarial. Torna mais tangíveis efeitos na natureza e na sociedade. Facilita a tradução desses efeitos no valor das empresas. Ao desenvolvimento do relatório integrado juntam-se organizações como GISR – Global Initiative for Sustainability Ratings, PRI – Principle of Responsible Investments e outras instituições das áreas de rating, seguros, investimentos, além de grande mobilização das empresas de consultoria, como PWC, EY, KPMG e Deloitte. Ícones da estratégia empresarial, como Michael Porter, lançam iniciativas como Valor Compartilhado em artigos na Harvard Business Review, amplamente festejados. Empresas líderes em seus segmentos, como a Puma, lançam seus balanços ambientais – EP&L –, pavimentando metodologias de contabilidade ampliada. Liderado por Pavan Sukhdev, o braço ambiental da ONU lançou as bases para o TEEB ou Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade. Nos EUA, crescem significativamente os modelos empresariais alinhados ao Sistema B, uma classe de corporação com requerimento formal e estatutário para criar impactos positivos na sociedade e no meio ambiente, com standards específicos de contabilidade e transparência, expansão das responsabilidades fiduciárias para incorporação de interesses não financeiros e verificação por terceira parte independente. Inexoravelmente, acionistas, investidores e conselhos passam a lidar com o assunto incorporando-o em suas decisões de modelos de negócios. Recentemente, um dos ícones do mundo empresarial, o CEO da Unilever, Paul Polman, publicou artigo desafiando líderes empresariais a não só lidar com questões como integridade, inteligência, conhecimento e dedicação, mas incorporar a habilidade de focar no longo prazo, de ter uma causa, de pensar sistemicamente e trabalhar de maneira mais transparente e em parcerias. O desafio se estende a fundos de pensão, responsáveis por grande parte dos investimentos globais, com revisão de como lidam com decisões de investimentos e incentivos a seus gestores no longo prazo. O conceito de externalidades e seu impacto nas valorações desses empreendimentos deve ser levado em conta. Retomando o desafio proposto pela Revista Opiniões, as questões socioambientais estão acontecendo. E esse acontecer está sendo fortemente impulsionado pelo mundo econômico, financeiro e contábil. É daí que surgem os elementos que faltavam para que capitais naturais e sociais sejam traduzidos em valor. Mais do que isso, com uma visão ampla de valor, que vai além da simples monetização, mas incorporando elementos morais e reputacionais, traduzidos em riscos e oportunidades de negócios. De certa forma, é a chamada nova economia se consolidando. Para as empresas, o como fazer depende não apenas de incorporar os instrumentos amplamente disponibilizados para a boa gestão operacional e comercial, mas também de passar a lidar seriamente com as questões socioambientais no âmbito de suas instâncias financeiras e de governança.


Opiniões

um mundo melhor

para os nossos filhos

Se você, como eu, tem filhos, provavelmente também está preocupado com o futuro deles. E fazendo tudo que é possível para que encontrem um mundo melhor. Neste mês, acontece o Dia Mundial do Meio Ambiente, data definida pelas Nações Unidas para promover conhecimento e incentivar ações em favor de uma conscientização de cuidados para com o Meio Ambiente. Excelente período para refletirmos. Assim como cada criança merece acesso à boa nutrição, as próximas gerações também têm direito a um planeta com recursos suficientes para saciarem suas necessidades. Em meio ao desafio que temos nos próximos quarenta anos, de produzir a mesma quantidade de alimentos produzida nos últimos 10.000 anos, a melhor maneira de fazer parte dessa solução é trabalhar no setor agrícola. Assim, sinto-me pessoalmente abençoada por trabalhar, no dia a dia, ajudando na produção de mais alimentos com o uso de menos recursos naturais – estabelecendo estruturas e caminhos em direção a uma agricultura sustentável. Com essa visão, a Monsanto associou-se ao Ação 2020 – uma plataforma de ação iniciada e liderada pelo World Business Council for Sustainable Development (Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável) para que, uma vez definidas as prioridades globais, empresas possam trabalhar e mensurar com parceiros suas principais soluções para os desafios globais. E, assim, nosso trabalho tem sido desenvolvido com foco na questão da água e de mudanças climáticas, em parceria com agricultores e parceiros, para

produzirmos mais, conservando mais e ajudando a melhorar vidas. Alguns de nossos trabalhos que vão nessa direção são: • Participamos de uma iniciativa da National Corn Growers Assocition (NCGA) com agricultores e ONGs: Soil Health Partnership (SHP), incluindo, entre outros, a The Nature Conservancy (TNC) como conselheiros técnicos. E, junto com eles, participamos do Field to Market Alliance, trabalhando para promover práticas agrícolas sustentáveis na cadeia de valor, da fazenda ao mercado. • Com a TNC, trabalhamos para melhor entender como a mudança climática afeta a agricultura na Tanzânia e como agricultura de precisão pode interagir com a conservação de solo e o gerenciamento de água no Brasil. Nesses dois países, que são megabiodiversos (Brasil e Indonésia), temos parceria com a Conservação Internacional (CI) para ajudar a proteger e restaurar florestas, enquanto produzimos mais em cada área plantada. As florestas têm o papel crucial de combater as mudanças climáticas, além de proteger a biodiversidade. Um importante aspecto dessa parceria foi a demonstração do valor econômico da área de floresta protegida (através do TEEB - The Economics of Ecosystems and Biodiversity). Essas parcerias, entre outras, são boa parte da razão da minha alegria ao subir na minha bicicleta elétrica para ir ao trabalho quando não estou viajando, sabendo que, junto a agricultores e parceiros, estou ajudando a fazer desse um mundo melhor para meus filhos de 9 e 13 anos e para os filhos deles e para as próximas gerações que vierem. É isso que me motiva a levantar de manhã.

boa parte da minha alegria ao subir na bicicleta elétrica para ir ao trabalho vem do saber que estou ajudando a fazer desse um mundo melhor para meus filhos de 9 e 13 anos e para os filhos deles e para as próximas gerações que vierem. " Gabriela Procópio Burian Diretora Global de Ecossistemas Agrícolas Sustentáveis da Monsanto

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especialistas

prática diária ou

compilação de índices Historicamente, podemos ver como alguns termos foram sendo utilizados e depois descartados para incorporação de outros mais em alta. Primeiro, veio a reengenharia, depois a qualidade total, mais tarde a responsabilidade social, que, depois, passou a ser chamada de responsabilidade socioambiental, e, hoje, a sustentabilidade é a bola da vez. A palavra sustentabilidade está presente hoje na totalidade das empresas florestais. Por onde você caminha, pode-se ver lá escrito: gerência de sustentabilidade, relatório anual de sustentabilidade, pilares de sustentabilidade, valores de sustentabilidade, projetos de sustentabilidade e por aí vai. É consenso que a sustentabilidade deva estar presente nas empresas do setor florestal. Isso poderia ser um motivo de comemoração, embora, na prática, isso seja, por vezes, bem diferente.

É consenso que a sustentabilidade deva estar presente nas empresas do setor florestal. Isso poderia ser um motivo de comemoração, embora, na prática, isso seja, por vezes, bem diferente. "

Mônica Cabello de Brito Diretora da Casa da Floresta Assessoria Ambiental

O que podemos comemorar é que muitas delas vêm trabalhando duro para que a sustentabilidade não fique só no papel. Muito se tem avançado, e, diferente de outros setores mais próximos, como o da agricultura, o setor florestal avançou muito nos últimos anos, e isso sim é de tirar o chapéu. Mas ainda há muito o que se discutir, há muito o que fazer para que o termo não seja só mais uma exigência de mercado. Se tomarmos como ponto de partida que sustentabilidade, para resumir, seja gerar o menor impacto

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Opiniões possível ao meio ambiente e às comunidades de humanos e não humanos, passa a ser premissa que o termo deva ser transversal dentro de toda e qualquer atividade que englobe a produção de florestas. E é aí que mora o perigo! O que podemos ver é que o entendimento sobre sustentabilidade passa pelo tripé ambiental, social e econômico, mas, no ambiental, se resume a olhar para a biodiversidade dentro dos remanescentes florestais nativos e listar algumas áreas de interesse ambiental e social, para que possam ser elegidas como Áreas de Alto Valor de Conservação porque estão na pauta da certificação, além de correr atrás para que a legislação seja cumprida; no social, olha-se para as comunidades que estão no entorno e geram-se projetos socioambientais de geração de renda, formação de viveiros, educação ambiental dentre outros e no âmbito econômico... bem, daí é mesmo a saúde financeira da empresa o que importa aos olhos dos acionistas e investidores. Acontece que tudo isso é dividido em setores e há pouco diálogo entre eles. Isso já se inicia no processo de aquisição de terras. Nesse momento, o fator distância dos sites, possibilidade de produtividade e valor da terra são os itens que são levados em consideração. Mas onde fica a sustentabilidade? Quais são as empresas do setor florestal que fazem estudos sobre território para entender a dinâmica de comunidade do local onde se compram terras, ou, ainda, fazem um estudo ambiental para entender o bioma onde se estão instalando e usam ferramentas da ecologia da paisagem e de microbacias, por exemplo, para adquirir terras, onde os impactos ambientais e sociais sejam os menores possíveis? A compra de terras é feita a toque de caixa e está longe de incorporar valor de sustentabilidade. Além disso, se formos pensar pelo lado econômico, momentaneamente, fazem-se bons negócios, e os acionistas comemoram, mas, a médio prazo, onera-se em muito a produção, adquirindo passivos ambientais e sociais incalculáveis. Conclusão: não é lucrativo para empresa, nem se ganham pontos no quesito sustentabilidade. Quando se fala em manejo florestal, então, quantas empresas utilizam os relatórios de seus monitoramentos de fauna e flora para direcionarem suas atividades de silvicultura? Quantas empresas, mesmo já tendo o conhecimento adquirido, ainda continuam “empurrando” a fauna nativa em direção a estradas e na contradireção dos remanescentes florestais na hora do corte do eucalipto ou pinus? Quantos drenos de estradas ainda são direcionados para remanescentes de florestas nativas, quando se sabe que a contaminação desses remanescentes por plantas invasoras é bem maior com essa prática? Esses são apenas alguns exemplos dos muitos pontos que ainda necessitam ser incorporados no dia a dia de muitas empresas florestais, mas poderíamos fazer uma lista enorme na pauta de diferentes setores que passam até mesmo pela área de suprimentos da empresa. Para mim, o problema continua a ser o mesmo: a sustentabilidade ainda não foi verdadeiramente incorporada ao negócio da empresa; ela é um setor que cuida da agenda de sustentabilidade e passa quase sempre a ser pauta do setor de meio ambiente. Muitas das empresas usam os índices GRI (Global Reporting Initiative) para comporem seus relatórios anuais de sustentabilidade, e isso vale ponto no mercado financeiro, portanto as empresas não podem deixar de cumprir para que sejam competitivas. Acontece que esses índices deixam de fora muitos indicadores de sustentabilidade que deveriam

ser discutidos e eleitos por cada empresa, em cada setor, para cada particularidade do negócio florestal, inseridos em biomas diferentes, situações diferentes de relação com as comunidades do entorno, com os fornecedores, com o dia a dia particular de cada empresa. Um olhar sistêmico sobre o fazer da empresa com os óculos da sustentabilidade. A proposta é sair da zona de conforto, de índices globais preestabelecidos, criando seus próprios índices, em que todos os setores da empresa estejam olhando para o seu pedaço e para o todo, vendo onde estão as falhas e incorporando, no dia a dia, ações necessárias, tendo como meta o menor impacto. Indicadores palpáveis permitem que sejamos assertivos nas decisões de mudanças dos processos de cada setor. Em se falando de indicadores, que mereceriam um artigo à parte, a confusão é ainda maior. Fácil ver empresas discutindo, por exemplo, qual grupo faunístico é o melhor para dar respostas sobre um ambiente natural, e, é claro, cada especialista puxa a sardinha para o seu lado, mas nenhum é melhor que o outro, se não nos fizermos a pergunta sobre o que exatamente queremos saber. Há casos em que a herpetofauna irá dar melhor resposta; em outros, a avifauna; ou ainda os mamíferos, talvez dentre eles os morcegos; mas para que os dados levantados digam o que fazer, como colocar em prática alguma ação, a escolha desses indicadores corretos é imprescindível para permitir que se seja assertivo nas decisões de mudança nos processos. Nenhum deles será o senhor absoluto. Cada grupo poderá dar uma resposta, dependendo do local e da pergunta. Não é possível generalizar. Voltando ao setor de aquisição de terras, como exemplo, se os processos sempre foram feitos do mesmo jeito, é possível parar o “carro” e olhar para ele? É possível pensar se há formas diferentes de se fazer isso, incorporando também o olhar social e ambiental? Para mim, é claro que é uma questão de política da empresa, mas também coragem e determinação dos profissionais que ali estão, de proporem mudanças, olharem para as suas agendas e entenderem que talvez não seja incorporar mais trabalho ainda na pressa e excessos do dia a dia, mas a assertividade de iniciar uma expansão que não gere impactos negativos futuros. Hoje, há ferramentas para isso, que podem auxiliar esses profissionais. Sabemos que, para os colaboradores de uma empresa, é motivador perceber que há desafios em relação a ações positivas que levem ao menor impacto e ao menor desperdício de recursos e de tempo, ou seja, para o negócio, menor desperdício, maior motivação e maior competitividade estão intrinsecamente ligados. O setor de planejamento da empresa, que decide onde e quando será feito o corte do eucalipto para o abastecimento das fábricas, também é outro setor estreitamente ligado à questão de sustentabilidade, embora pouco se integre à área de meio ambiente, para que entrem nessa matriz de planejamento ações voltadas a conhecimentos também já disponíveis em relação a cortes em mosaico, direção de corte, abertura e manutenção de estradas, dentre outras práticas que contribuem, em muito, para a conservação ambiental. Enfim, um dia almejamos, que me desculpem os gerentes de sustentabilidade (diga-se de passagem, hoje, peças fundamentais para a incorporação e a internalização do valor sustentabilidade em todos os setores da empresa): que eles não mais precisem existir num futuro próximo. A sustentabilidade será senso comum, será o habitual em qualquer departamento/setor da empresa.

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especialistas

o árduo

caminho

Assim como as florestas tropicais, o setor florestal brasileiro é marcado por uma imensa diversidade. Coexistem no setor empresas que estão na dianteira da sustentabilidade – inovando na forma de produzir e de se relacionar com a sociedade – com empresas que ainda operam de forma arcaica, produzindo madeira ilegalmente, realizando conversão de áreas naturais e utilizando mão de obra em condições precárias e insalubres. Se, por um lado, essa diversidade impede qualquer tipo de aferição sobre o quão sustentável é o setor florestal brasileiro, por outro, permite algumas análises sobre as principais características que marcam o posicionamento de empresas nesse longo gradiente da sustentabilidade.

essencial para a sustentabilidade. Em um país como o Brasil, em que as leis são bastante rígidas, mas o seu cumprimento é, em alguns casos, mais exceção do que regra, o atendimento a leis fundiárias, trabalhistas e tributárias, ao código florestal, às normativas de manejo florestal, de gestão de resíduos e efluentes, etc. é, inquestionavelmente, um enorme passo rumo à sustentabilidade. Entretanto seria equivocado alegar que uma atividade é sustentável simplesmente por cumprir com as leis. Mesmo dentro da lei, empresas podem converter áreas de florestas naturais e de cerrado e podem gerar passivos sociais e ambientais enormes nas regiões onde operam e ao longo de suas cadeias produtivas.

os impactos regionais causados pelo processo de construção de uma nova fábrica, ou de ampliação da base florestal, ou os impactos causados por fornecedores, nem sempre são assumidos pela empresa, e ainda se argumenta que “tudo foi feito sobre o estrito cumprimento das leis” " Maurício Voivodic e Leonardo Sobral Secretário Executivo e Gerente de Certificação da Imaflora

Uma das principais dificuldades nesse debate é a confusão que existe em torno da definição de o que é sustentabilidade. A ausência de uma definição consagrada (algo impossível, dada a natureza subjetiva da sustentabilidade e a necessidade de análises sempre caso a caso) permite o uso indevido do termo, muitas vezes associado a campanhas de marketing greenwash ou a práticas produtivas que estão longe de ser sustentáveis. Nesse campo do debate público, tem sido aceita a ideia de que sustentabilidade não é um fato, e sim um objetivo a ser constantemente buscado. Um processo contínuo, e não uma conquista definitiva. Um alvo móvel que se distancia sempre que nos movemos em sua direção. Já é possível caracterizar as principais etapas nesse processo de busca pela sustentabilidade. O cumprimento legal é, sem dúvida nenhuma, um primeiro passo. Operar a atividade florestal dentro do marco legal aplicável é condição

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Além disso, cumprir as leis é o mínimo e não deveria ser tratado como a agenda verde ou da sustentabilidade, pelas empresas no setor. Uma vez cumpridas as leis, um segundo passo bastante típico no processo rumo à sustentabilidade é fazer uma gestão para minimizar, ou zerar, os danos causados à sociedade ou ao ambiente (do no harm, na conhecida expressão em inglês). Passar a se responsabilizar as empresas pelos impactos negativos causados direta ou indireta por suas operações, é um enorme desafio, e são realmente poucas as empresas no setor florestal que já alcançaram esse patamar. Casos clássicos como os impactos regionais causados pelo processo de construção de uma nova fábrica, ou de ampliação da base florestal em uma nova região, ou os impactos negativos causados pelas atividades de seus fornecedores, nem sempre são assumidos como impactos próprios da empresa, e ainda se escuta muito o argumento de que “tudo foi feito sobre o estrito cumprimento das leis”.


Opiniões O terceiro passo almejado seria aquele em que as empresas assumem que suas responsabilidades na sociedade vão além de gerar empregos, pagar impostos, cumprir as leis e não causar danos. Assumem que a responsabilidade por tornar o mundo melhor não pode ficar apenas nos ombros dos governos e que os atores do setor privado são, provavelmente, aqueles que detêm, hoje, as melhores condições para contribuir para a resolução de alguns dos principais problemas que a humanidade enfrenta: pobreza, fome, mudanças climáticas, escassez de água, perda de habitats e de biodiversidade, corrupção, etc. Essa postura foi inicialmente definida por professores de Harvard como sendo a evolução das políticas tradicionais de responsabilidade social corporativa e foi denominada “valor compartilhado”, ou seja, empresas que, além de gerar valor para seus investidores, geram valor à sociedade e ao planeta e, ao fazerem isso, aumentam a sua competitividade e lucro. As empresas que conseguem operar dessa forma são aquelas que estão realmente próximas do que se entende hoje por sustentabilidade. Importante também lembrar que esse caminho rumo à sustentabilidade, e a responsabilidade sobre ele, não deve se limitar apenas ao elo produtivo da cadeia de valor. Ou seja, já superamos a fase em que toda a responsabilidade pelos impactos negativos da produção florestal recaía exclusivamente sobre as empresas florestais ou madeireiras na Amazônia. A abordagem defendida nos parágrafos anteriores é aplicável também às empresas que utilizam o

produto florestal em suas atividades produtivas e, portanto, são corresponsáveis pela forma como essas florestas estão sendo manejadas. Isso vale para as construtoras quando compram madeira para suas obras; para as produtoras de ferro gusa quando compram carvão vegetal; e até para um órgão de governo quando encomenda uma obra pública que utilizará grandes volumes de madeira. Não apenas a responsabilidade deve ser compartilhada ao longo da cadeia de valor, como também os custos da produção sustentável. Pagar um valor superior por uma madeira da Amazônia com o certificado FSC não é uma questão de luxo, mas sim de reconhecer que os seus custos de produção são, naturalmente, mais altos do que aqueles associados à produção ilegal e predatória. E optar pela madeira com o selo é a forma para evitar que a empresa seja associada aos impactos negativos de tal produção predatória. Ainda que não seja possível prescrever uma receita de como tornar a sustentabilidade possível no negócio, o caminho para isso parece já estar bem traçado. É, realmente, uma questão de responsabilização e de ética nos negócios. Empresas são criadas para gerar valor aos seus acionistas, mas não significa que, para isso, tenham que reduzir o valor de terceiros ou do ambiente. Adotar a sustentabilidade como estratégia de negócio significa estar preocupado com os efeitos que esse negócio gera à sociedade e ao planeta e, ao final, entender que a prosperidade da empresa depende diretamente da prosperidade do mundo ao seu redor.


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como fazer a sustentabilidade acontecer A sustentabilidade ganhou o mundo. Em todos os setores e segmentos, ela é palavra-chave nos discursos. Não há uma página de grande empresa na internet que não tenha ao menos um item relacionado ao tema. O mesmo acontece com a responsabilidade social. Com diferentes designações, a questão do compromisso das empresas para com o desenvolvimento da sociedade também é uma abordagem obrigatória no mundo dito moderno. A adoção desses dois conceitos como valores nos negócios é fundamental, pois a sustentabilidade só é efetiva se a responsabilidade social for verdadeira e se expressar em atitudes. Em uma empresa do setor florestal, é no território que os valores devem se transformar em ações em prol do desenvolvimento social e da sustentabilidade. Muitos dos conflitos envolvendo empresas do setor estão relacionados às populações que vivem em suas regiões de atuação. A maior parte oriunda da falta de reconhecimento desses territórios como matriz primária para a reprodução desses grupos sociais. Na relação de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais com a terra, é ela que os possui e não o contrário. Eles pertencem ao território. Os diversos modos de viver, de produzir, de estar e de ser desses grupos refletem a diversidade cultural e de identidades que formam o tecido social do território, a quem o desenvolvimento social pretendido deve se dirigir. Reconhecer e respeitar os direitos sociais, culturais e territoriais dessas comunidades é, portanto, um pressuposto fundamental para se alcançar a sustentabilidade. No que diz respeito ao modo de uma empresa fazer isso, há experiências relativamente bem-sucedidas em diversos setores, que, em sua maioria, incluem processos de diálogo embasados por diagnósticos, elaborados em conjunto, sobre as demandas e as necessidades das comunidades e a construção de espaços de governança das iniciativas desenvolvidas, visando ao fortalecimento da organização social local. A aproximação entre a empresa e as comunidades deve ser precedida de um processo de consulta prévia, livre e informada sobre o empreendimento. Prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário, a consulta funciona como um reconhecimento mútuo entre as partes. Ela tem que ser prévia porque, sendo o território o lugar da comunidade, não se pode entrar sem pedir licença. Deve ser precedida de um processo informativo, que leve em consideração as necessidades específicas de linguagem e tempo de cada comunidade para se apropriar da informação, discutir a respeito e emitir sua opinião em total liberdade. Na maior parte dos conflitos existentes entre empreendimentos, sejam eles privados ou públicos, e comunidades,

o processo de consulta não levou em consideração todas essas etapas e características, fazendo, muitas vezes, com que não se consiga sequer chegar à etapa de diagnóstico da situação local e das demandas sobre o qual se podem discutir protocolos de convivência e possibilidades de parcerias. A ineficiência do Estado implica, muitas vezes, maiores responsabilidades para as empresas nos territórios. Esses descompassos entre as demandas sociais e os serviços públicos estiveram no cerne das grandes manifestações que ocorreram no Brasil em 2013. A sociedade brasileira, de diversos modos, tem demonstrado não tolerar mais o mau trato da coisa pública. Contribuir para que o Estado tenha condições de retornar à população serviços de qualidade no território é parte do fazer acontecer a sustentabilidade. Da mesma forma, a responsabilidade social e o compromisso ético das empresas passam por uma governança transparente, em especial na relação com o poder público. Esse é, talvez, um dos pontos mais complexos na questão da ética e da sustentabilidade nas empresas. Recentemente, por exemplo, a Câmara dos Deputados arquivou representação de um conjunto de organizações e cidadãos que pediu o afastamento do relator do novo marco legal da mineração pelo fato de haver, entre os doadores de sua campanha, empresas do setor mineral e siderúrgico. A justificativa dada à rejeição do pedido foi de que o inciso VIII do Art. 5º do Código de Ética da Câmara afirma que fere o decoro parlamentar “relatar matéria submetida à apreciação da Câmara dos Deputados, de interesse específico de pessoa física ou jurídica que tenha contribuído para o financiamento de sua campanha eleitoral”. A interpretação do Presidente da Casa é a de que só haveria quebra de decoro caso o projeto de lei tratasse de alguma empresa específica. Dentre as empresas que doaram à campanha do deputado, há 5 dos ramos de mineração e siderurgia, sendo que todas elas afirmam em seus sites compromisso com a sustentabilidade. Esse caso demonstra que, na abordagem ao que é ético e responsável, as empresas atuam sob uma linha tênue entre a legitimidade de seu discurso de responsabilidade e a legalidade, que, no caso, é questionável, já que a Constituição é clara quanto ao princípio da impessoalidade no trato da coisa pública. O Brasil é um país que almeja liderança no cenário socioambiental. Durante a Rio+20, as empresas brasileiras ganharam destaque como grandes promotoras da sustentabilidade socioambiental. Mas o desafio de contribuir para o desenvolvimento sustentável do País reside em ações efetivas de sustentabilidade socioambiental, inclusão social e na postura ética e na opção inquestionável de contribuir para a construção de um país justo e democrático.

A ineficiência do Estado implica, muitas vezes, maiores responsabilidades para as empresas nos territórios... A sociedade brasileira, de diversos modos, tem demonstrado não tolerar mais o mau trato da coisa pública. " Adriana de Carvalho Barbosa Ramos

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Secretária executiva adjunta do ISA - Instituto Socioambiental


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antes de tudo, atender à lei ambiental Seja qual for o tamanho ou o setor de atuação de uma empresa, a incorporação da sustentabilidade em sua gestão é um fato. Para poucas, já é uma prática. Para a maioria, ainda um desafio. Em março deste ano, a Fundação Dom Cabral publicou uma pesquisa sobre o tema. Foram ouvidos 602 profissionais de mais de 400 empresas de todos os setores e regiões do Brasil. A proposta era observar como as organizações estão comprometidas com a sustentabilidade, tema no qual se incluem, e se destacam, as questões ambientais. O levantamento apontou que essas companhias já têm a sustentabilidade na estratégia, mas falta, para boa parte delas, aplicá-la no dia a dia – definirem metas e políticas específicas, conduzirem a agenda com as lideranças e investirem em educação para o tema. Ou seja, faltam investimentos para que a sustentabilidade seja uma realidade nos setores produtivos do País, incluindo-se aqui o setor florestal brasileiro. Para termos um exemplo, 55% da madeira serrada consumida no mercado interno brasileiro, cerca de 14 milhões de m3, ainda é originária de florestas nativas, como observou Vanderley Porfírio-da-Silva, pesquisador da Embrapa Florestas, em artigo publicado na 35ª edição dessa revista. Outro exemplo: o estado de São Paulo é o maior consumidor de madeira do País, utilizando o produto principalmente na indústria moveleira e na construção civil. Para fomentar ações em favor do comércio responsável de madeira, a Secretaria do Meio Ambiente (SMA) criou o CadMadeira - Cadastro Estadual das Pessoas Jurídicas que comercializam, no estado, produtos e subprodutos de origem nativa da flora brasileira (Decreto Estadual nº 53.047/2008). O principal objetivo do cadastro é permitir aos consumidores e ao setor público identificarem no mercado as empresas que comercializam o produto de forma sustentável. Segundo Andreia Brito de Maceno, especialista ambiental da Secretaria do Meio Ambiente, em depoimento no seminário “Programa Madeira é Legal”, realizado na cidade de São Paulo em outubro de 2013, “só 9% das madeiras que circulam no estado são de empresas do CadMadeira” que indica o nível de informalidade desse setor, que ainda inclui, entre outros, a produção de celulose e carvão.

Nessa matemática da ilegalidade, os grandes prejudicados ainda são os remanescentes de florestas nativas brasileiras. Destaque aqui para a mata atlântica, um dos biomas mais ricos do planeta e a floresta mais ameaçada do País. Hoje, restam 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares do que existia originalmente. Somados todos os fragmentos de floresta nativa acima de 3 hectares, temos 12,5%. Há 28 anos, a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE, monitoram, por meio do “Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica”, as áreas do bioma, que ocorre em 17 estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. Nessas regiões, vivem cerca de 118 milhões de pessoas – 69% da população brasileira –, que dependem da mata atlântica para a disponibilidade de serviços ambientais vitais, como a regulação do clima, a produção e o abastecimento da água e a qualidade do ar. Durante esses anos, o estudo diagnosticou o desmatamento de mais de 1,8 milhão de hectares de vegetação, ou 18.500 km2, área equivalente a 14 cidades do tamanho do Rio de Janeiro. Com a regulamentação da Lei da Mata Atlântica, em 2006, o ritmo de desmatamento caiu nos últimos anos, mas a situação do bioma é crítica. O levantamento mais recente do Atlas, referente ao período 20122013, cujos dados foram divulgados no último 27 de maio, Dia da Mata Atlântica, apontou o desmatamento de 23.948 hectares, ou 239 km2, um aumento de 9% em relação ao período anterior (2011-2012). A taxa anual de desmatamento é a maior desde o ano de 2008, cujo registro foi de 34.313 hectares. Dados que nos levam à constatação de que o desmatamento continua a avançar sobre as já tão fragilizadas áreas de mata atlântica. A situação é mais preocupante em Minas Gerais (8.437 ha de áreas destruídas), Piauí (6.633 ha), Bahia (4.777 ha) e Paraná (2.126 ha), que, juntos, foram responsáveis por 92% do total dos desflorestamentos. Em Minas, que lidera o ranking pelo quinto ano consecutivo, a supressão da floresta nativa ocorreu para obtenção de carvão e posterior substituição por eucalipto.

a mata atlântica é um dos biomas mais ricos do planeta e a floresta mais ameaçada do País. Hoje, restam 8,5% de remanescentes florestais acima de 100 hectares do que existia originalmente " Mario Cesar Mantovani Diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica

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A situação impõe um alerta sobre a necessidade de se protegerem os recursos ambientais por meio do cumprimento da legislação ambiental vigente, além da criação, implantação e regularização de áreas protegidas, também previstas em lei. Do que sobrou da mata atlântica, cerca de 80% pertencem a proprietários particulares, que precisam ser envolvidos na causa, orientados sobre a legislação ambiental e fiscalizados, para que, assim, compreendam o seu importante papel na conservação. O novo Código Florestal (Lei 12.651 de 2012), que já completa dois anos, pode promover a regularização de 5,2 milhões de imóveis rurais por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e efetivar a recuperação de áreas degradadas no País. Apesar de retrocessos, como a anistia a desmatadores e a redução das Áreas de Preservação Permanente do entorno de rios e nascentes, há, na atual Lei Florestal, instrumentos positivos, como o CAR e o PRA (Plano de Recuperação Ambiental), que precisam ser tirados do papel e implementados, necessidade que motivou organizações civis a lançarem a campanha “Cumpra-se”. Desde então, encontros técnicos, seminários e fóruns têm sido promovidos em várias regiões do País com o objetivo de implantar o CAR e, a partir desse grande cadastro, criar condições reais para minimizar

conflitos fundiários e regularizar a gestão da terra, compatibilizando-a com a conservação ambiental. Não há, por exemplo, como garantir a origem dos produtos do campo sem a regularização ambiental. No último dia 5 de maio, foi publicado o decreto da Presidência da República que regulamenta o Código Florestal. Agora, proprietários rurais têm o prazo de um ano para cadastrar as terras e iniciar o processo, em caso de danos em áreas de Preservação Permanente (APP), de Reserva Legal (RL) e de uso restrito. O fato é que, para que a sustentabilidade aconteça na produção florestal, é necessário, antes de tudo, que o setor regularize-se em sua plenitude e que produtores, sejam eles familiares ou grandes corporações, atendam à lei. Há muito, o agrenegócio entendeu o seu papel na economia do Brasil. Em 2013, o setor representou 23% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. O País é o primeiro produtor mundial de café, açúcar e laranja; o primeiro exportador mundial de carne boniva e aves. É também o segundo produtor mundial de soja e o terceiro em celulose. Falta, agora, compreender sua responsabilidade socioambiental. Assim, poderá escrever sua história por um novo caminho, no qual o desenvolvimento e a conservação andem lado a lado, de forma realmente sustentável.

O MEIO AMBIENTE É A BASE DE TUDO O MEIO AMBIENTE É A BASE DE TUDO

A ArcelorMittal BioFlorestas trabalha para que o homem A oArcelorMittal BioFlorestas trabalha parasustentável. que o homem e meio ambiente tenham uma relação e o meio ambiente tenham uma relação sustentável. Você depende da natureza para sobreviver e ela também precisa de você. Você depende da natureza para sobreviver e ela também precisa de você.

5 de junho | Dia Mundial do Meio Ambiente. 5 de junho | Dia Mundial do Meio Ambiente.


ensaio especial

Opiniões

os frutos sustentáveis do setor de

árvores plantadas

O lançamento da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) marca o início de significativas mudanças no setor de árvores plantadas nacional. Com o objetivo de valorizar ainda mais os atributos econômicos e socioambientais dos plantios florestais, a associação passou a representar, institucionalmente, desde abril, os segmentos de painéis de madeira, pisos laminados, celulose, papel e florestas energéticas, além dos produtores independentes e investidores de florestas plantadas. A Ibá reúne as 70 empresas e associações estaduais do setor que participavam da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa), da Associação Brasileira da Indústria de Piso Laminado de Alta Resistência (Abiplar), da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (Abraf) e da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). A criação da nova associação é resultado de um estudo que apontou a necessidade de os diferentes segmentos de produtos originários de árvores plantadas terem um único interlocutor para apresentar, promover e defender seus pontos em comum, principalmente as árvores plantadas como vetor de desenvolvimento econômico e o reconhecimento do setor como referência socioambiental e vanguardista em tecnologia na busca de inovação e dos múltiplos usos da base florestal. A agenda da Ibá visa à melhoria contínua da competitividade das empresas. Esse objetivo baseia-se na certeza de que a árvore plantada é o futuro das matérias-primas renováveis, recicláveis e amigáveis ao meio ambiente, à biodiversidade e à vida humana. Ou seja, o compromisso com a sustentabilidade permeia a origem da entidade, seus esforços para o fortalecimento do setor e o relacionamento com os diversos públicos de interesse. Assim, buscaremos tornar o Brasil a principal referência mundial em produção e manejo de árvores plantadas, pois esses plantios terão cada vez mais relevância para atender às demandas relativas ao crescimento da população mundial que, em 2050, chegará a 9 bilhões. Essa visão de presente e futuro do setor faz

parte, inclusive, de sua sigla. Em tupi-guarani, Ibá significa “frutos”. A expressão pode ser entendida como os diversos produtos e serviços que vêm da árvore plantada, os aspectos sociais da atividade do setor – entre eles, a geração de emprego e renda, a fixação do homem no campo e a promoção do desenvolvimento de comunidades – e a geração de serviços ambientais, com destaque para a absorção de carbono e a manutenção da biodiversidade. Sem dúvida, há os frutos do futuro, a partir das inovações da indústria e investimentos em pesquisa, por meio da biotecnologia e da nanotecnologia, que deve permitir mais de 5 mil usos da fibra e da madeira para distintas indústrias, como automobilística, farmacêutica, alimentícia, aeronáutica, entre outras. A Ibá começa a atuar a partir de uma base estruturada e relevante para a economia nacional, representada pelos 7,2 milhões de hectares de árvores plantadas do Brasil. Em 2013, o setor de árvores plantadas alcançou receita bruta de R$ 60 bilhões, o que corresponde a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial. Além disso, as exportações somaram US$ 8 bilhões, o que equivale a mais de 3% das exportações brasileiras. O setor também é responsável por 5 milhões de empregos no País, cerca de 5% da população nacional economicamente ativa. Outro dado fundamental é que o potencial das árvores plantadas norteia os investimentos de R$ 53 bilhões das empresas, em andamento e previstos, voltados ao aumento dos plantios, à ampliação de fábricas e à construção de novas unidades até 2020. Atuação social: Cada vez mais, a Ibá e suas associadas buscarão destacar a atuação social do setor de árvores plantadas, já reconhecida no mercado. Para isso, promoverão os programas sociais, nas áreas de educação, saúde, treinamento e capacitação profissional; as boas práticas de manejo florestal, a certificação dos plantios florestais e dos produtos deles originários e o uso consciente dos recursos naturais. Destacaremos que todas essas iniciativas e atividades geram relevante valor social em regiões distantes dos grandes centros urbanos do País, por meio da melhoria das condições de

O setor também é responsável por 5 milhões de empregos no País, cerca de 5% da população nacional economicamente ativa. "

Elizabeth de Carvalhaes Presidente executiva da IBÁ - Indústria Brasileira de Árvores

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ensaio especial

Opiniões

vida, da geração de postos de trabalho e das parcerias com pequenos produtores por meio dos programas de fomento florestal. Esses últimos permitem que os produtores participem da cadeia produtiva das empresas, fornecendo madeira de árvores plantadas em suas propriedades, criando parcerias de longo prazo que levam à integração da comunidade no negócio florestal. Além de melhorar a qualidade de vida das comunidades, os programas de fomento fixam, de fato, o homem no campo, gerando prosperidade. Na prática, essas parcerias e programas mostram que o modelo de relacionamento com as comunidades do entorno das áreas de atuação das empresas está mudando. As relações conflituosas e baseadas exclusivamente em projetos filantrópicos do passado estão evoluindo para o relacionamento e o engajamento entre todas as partes interessadas. Esforço coletivo: Essa mudança é resultado do esforço de todos. As empresas começaram a criar e a implantar mecanismos para garantir a efetividade das ações, como diagnóstico para compreender as demandas das comunidades, diálogo constante, encontros com líderes comunitários, agenda presencial de atividades, garantia de atenção às necessidades e demandas dessa população, entre outras atividades. Esse caminho do diálogo tem sido extremamente produtivo, e as comunidades passaram a se beneficiar ainda mais, pois seus representantes, agora, compartilham responsabilidade em iniciativas que promovem o desenvolvimento rural e social local. Os ganhos ambientais são enormes, pois os pequenos produtores são essenciais para um manejo florestal sustentável. Assim, graças aos programas de fomento, eles ajudam

a reduzir a pressão sobre matas nativas e a recuperar solos degradados. E, do ponto de vista social, essas parceiras, que incentivam e dão ampla assistência nos plantios florestais, promovem e diversificam atividades locais, geram emprego e renda e contribuem para o desenvolvimento das comunidades nas quais a floresta e a indústria estão inseridas. Uma das prioridades da Ibá será a promoção da certificação de plantios florestais, com os selos do Forest Stewardship Council (FSC) ou do Programa Brasileiro de Certificação Florestal (Cerflor), em especial para os pequenos produtores, o que lhes dará mais acesso ao mercado, conhecimento sobre regulamentação do uso do solo, melhores práticas de manejo, além de preços mais competitivos para a madeira. Valor compartilhado: Acreditamos que aliar eficiência econômica e desenvolvimento socioambiental a um mesmo objetivo é um conceito que ganhará relevância. A ideia é gerar mais valor social nas áreas de atuação das empresas por meio do valor compartilhado. O que se espera vai muito além da filantropia e se traduz pela busca de soluções práticas para as questões, aproximando a indústria das comunidades. Na prática, surgem situações nas quais a empresa age como facilitadora e sua ação social acaba necessariamente beneficiando a comunidade, ao mesmo tempo em que agrega valor à empresa. Ampliar o conhecimento sobre essa postura do setor de árvores plantadas será uma das prioridades da Ibá. A promoção do desenvolvimento socioambiental do setor beneficiará a todos, pois traz consigo valores relacionados à competitividade, à perenidade, à responsabilidade e à inovação, intrínsecos à nossa atuação.

CBI fez a diferença na Expoforest O segredo de produzir cavaco com baixo custo é usar um equipamento robusto, potente e com alto rendimento.

CBI do Brasil

www.cbidobrasil.com


especial - expoforest 2014

OpiniĂľes


especial - expoforest 2014

expoforest 2014

bate todos os recordes Giovana Massetto

Sucesso! Essa, com toda a certeza, é a melhor palavra para resumir a Expoforest 2014. O evento, realizado entre os dias 21 e 23 de maio, em Mogi Guaçu-SP, em uma área plantada da International Paper, teve todos os recordes quebrados: número de visitantes, negócios fechados, empresas expositoras. Para a Malinovski Florestal, empresa organizadora da feira, um reflexo do crescimento e da consolidação do setor de florestas plantadas. Os 25.107 visitantes de todos os estados do Brasil e mais 26 países (África do Sul, Alemanha, Argentina, Áustria, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Congo, Equador, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, Hungria, Índia, Itália, Japão, Paraguai, Peru, Portugal, República Checa, Senegal, Suécia, Suíça, Uruguai, Venezuela) acompanharam, durante os três dias do evento, o que existe de mais moderno em máquinas, equipamentos e insumos para aplicação em florestas plantadas com foco em eucalipto. “A qualidade do público visitante é o grande diferencial da exibição, afinal, ele é profissional e técnico. Este aspecto garante o alto nível de negociações e satisfação dos expositores”, explica o diretor de negócios da Expoforest, Rafael A. Malinovski. Ao todo, 208 empresas com produtos destinados a silvicultura, colheita, transporte, biomassa e processamento primário da madeira estiveram entre os expositores da Feira Florestal Brasileira. “O número é 63% superior à edição de 2011, quando contamos com 128 expositores”, afirma Rafael A. Malinovski. O aumento interferiu diretamente no volume de negócios realizado na feira. A perspectiva anunciada antes da realização da feira era de um crescimento de 30%, porém o número atingido foi de 52%. “Mais de R$ 152 milhões foram negociados em máquinas e equipamentos. Este número comprova que, a cada edição, a Expoforest se consolida como um evento que propicia a realização de bons negócios”, avalia. Aspecto que dá importância e destaque para a Expoforest é a opção de acompanhar as máquinas e os equipamentos de forma dinâmica e estática. “Quando os visitantes podem acompanhar os grandes lançamentos do mercado sendo operados in loco e observar as vantagens de cada um, o evento se torna muito mais atraente para auxiliar na decisão de compra dos profissionais”, destaca o diretor de negócios da feira. Os visitantes, que percorrem os 4,5 quilômetros de trilha, onde as empresas apresentavam seus lançamentos, puderam conferir os principais sistemas de colheita utilizados no mundo. Empresas como Caterpillar, Dossan, John Deere, Komatsu Forest, New Holland, Penzsaur, Ponsse, TMO, Tracbel contavam, juntas, com mais de 70 máquinas em demonstração, apresentando seus diferenciais, vantagens de utilização e novas tecnologias aplicadas à operação de colheita. A parte dinâmica também ganhou atenção pela apresentação das empresas de picadores e trituradores; mais de 10 empresas estavam expondo suas máquinas. O segmento promete ganhar, cada vez mais, espaço no Brasil nos próximos anos. Mas não há dúvida de que o setor que mais cresceu, quando comparado com a Expoforest 2011, foi o de silvicultura. “Novas soluções foram apresentadas pelas empresas que já possuem anos de experiência nesse mercado, porém se observou que outras, até agora focadas nas operações de colheita, por exemplo, também passam a investir em equipamentos para a silvicultura. Acreditamos que, na próxima edição da Expoforest, este setor terá ainda mais representatividade”, prospecta o diretor de negócios da Expoforest. A Expoforest já carregava, até agora, o título de maior evento florestal dinâmico da América Latina, mas, depois da realização da edição 2014, ela deu mais um passo de grande importância, afinal, se tornou a maior feira florestal dinâmica das Américas. Daqui para frente, segundo a organização do evento, o objetivo de toda a equipe se torna ainda mais forte. “A Malinovski Florestal não tem como meta organizar o maior evento florestal do mundo, mas sim o melhor evento florestal do mundo. Temos consciência que ainda temos muito a fazer, mas acompanhar o crescimento da Expoforest e a satisfação de seus expositores e visitantes nos dá gás para seguir em frente e trazer novamente para o setor florestal um evento que encante cada participante”, afirma Rafael A. Malinovski. A próxima edição da Expoforest está programada para 2017.

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Opiniões Apoiotec

Rudolf Woch, Diretor

"A Expoforest foi a oportunidade de encontro com um público selecionado concentrado em um único local. Havia pessoas dos diferentes segmentos de produção florestal, de dentro e fora do País. Nossa participação na feira foi institucional, deste modo não fomos com o objetivo de fechar negócios durante o evento, entretanto, acreditamos que, envolvendo os negócios fechados na feira e os que estão em andamento com boas chances de serem fechados, geraremos cerca de R$ 1,5 milhão."

Agroceres - Atta Kill

Augusto Tarozzo, Gerente Comercial & Marketing

"A Expoforest representou a consolidação da nossa marca como a mais tecnificada para o controle de formigas cortadeiras. Foi uma grande oportunidade para consolidarmos parcerias com nossos atuais clientes e prospectarmos novos negócios."

Bayer

João Galon, Key Account Manager - Forestry Brasil

"Para a Bayer, a Expoforest foi uma grande vitrine para que pudéssemos apresentar as tecnologias que estamos desenvolvendo, aprimorando e colocando à disposição de nossos clientes do segmento florestal. Utilizamos o período da feira para apresentarmos aos nossos clientes novas tecnologias, as quais acreditamos que irão acelerar ainda mais o nosso faturamento neste segundo semestre de 2014."

Bela Vista

Eduardo Stehling, Engenheiro

"Para a Bela Vista, a Expoforest foi o local ideal para o pré-lançamento dos clones de cedro; pudemos expor em detalhes o trabalho que realizamos e a qualidade da madeira do cedro australiano. Foi um sucesso completo: vendemos, na feira, toda a produção de mudas de cedro do ano, representando algo em torno de R$ 3 milhões."

Bruno Industrial

Mark Andrey, Gerente de Vendas

"Sucesso absoluto. É assim que definimos nossa participação na Expoforest. Lançamos um equipamento novo e inovador para o mercado nacional, com grande aceitação do público presente. Temos expectativas de efetivar a venda em torno de 15 equipamentos no decorrer dos próximos 60 dias, com negócios iniciados na Expoforest. Até o momento, vendemos 8 equipamentos, num montante de R$ 5 milhões."

Cenfor

Eduardo da Silva Lopes, Coordenador Geral

"Para o Cenfor, a feira permitiu o estabelecimento de diversos contatos com clientes do Brasil e exterior, além da divulgação dos programas de treinamento para a formação e reciclagens ofertados. Ainda não há como mensurar o resultado alcançado pela nossa participação na feira, mas, pelo número de contatos realizados e os acertos de treinamento já concretizados, acreditamos que teremos um grande sucesso."

Dinagro

Maurício Romano, Diretor Comercial e Marketing

"A Expoforest é um evento de uma grandeza ímpar, é uma feira que consegue agregar valores e pessoas de alto conhecimento tecnológico. É de suma importância aproximar parceiros com nossa equipe Técnica/Comercial, abrem-se portas para novos clientes e fortalece nossa marca perante o público-alvo. Aproveitamos a oportunidade para apresentar a nova marca da Dinagro, agora mais moderna e alinhada com seus valores Pioneirismo, Dinamismo e Vocação para inovar cada vez mais."

Doosan Infracore South America

Rodrigo Silva, Supervisor de Financiamentos

"A Expoforest mostrou-se um excelente canal para a apresentação do nosso produto preparado para o segmento florestal, uma vez que os clientes desconheciam nossa presença neste segmento. Tivemos um feedback bastante positivo por parte dos clientes que visitaram nosso stand e puderam conferir nosso produto em demonstração. Foram vendidos, durante a feira, 5 equipamentos, e a expectativa é que este número dobre."

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especial - expoforest 2014

Opiniões

FMC

Gustavo Canato, Gerente de Cultura

"A Expoforest foi para a FMC uma grande oportunidade para apresentar uma inovação no manejo de plantas daninhas na cultura do eucalipto – manejo no limpo –, junto ao público especializado do setor. As vendas efetivadas e por se consolidar atingiram plenamente nossas expectativas."

Komatsu

Alexandre Silveira de Almeida Godoy, Gerente de Marketing e Vendas

"A Expoforest representou uma ótima oportunidade de divulgação concentrada de máquinas e equipamentos Komatsu para um público selecionado. O volume de negócios concretizados e iniciados na feira superou nossas mais otimistas expectativas."

Nutrion

Marcelo Modesto Nonino, Diretor Comercial

"Gostamos muito do nível do público e empresas expositoras da Expoforest. Nossa participação teve um objetivo institucional, o qual foi atingido com grande sucesso. A Nutrion busca no sistema florestal alcançar a mesma boa performance já consolidada no mercado de cana e soja, com a aplicação do gesso e do fosfato na nutrição da floresta plantada."

Penzsaur

Daniel Kensy, Coordenador Comercial

"A Expoforest foi uma grande oportunidade para a apresentação de novas tecnologias, conceitos e produtos, além de um ótimo local para os clientes avaliarem os produtos de todos os fabricantes em um único local. Foram negociados na feira 12 equipamentos. Considerando as negociações em andamento, estimamos que poderemos chegar a 30 equipamentos."

Ponsse

Fernando Campos Passos, Gerente de Vendas e Marketing

"A Expoforest foi excelente para Ponsse. Representou uma ótima oportunidade para demonstrarmos nossa linha de produtos em ação, para áreas planas e para áreas acidentadas. Foi um marco para a Ponsse o lançamento do cabeçote processador H77 Euca, desenvolvido especialmente para atender às necessidades do mercado latino-americano."

Roder

Dyme Anderson Roder, Diretor

"Dos 50m² de área na Expoforest de 2011, passamos, neste ano, para 1250 m², para conseguir abrigar toda nossa linha de equipamentos. Fechamos na feira a venda de 8 equipamentos e temos a expectativa de consolidar a venda de mais 30 equipamentos. Nossos objetivos foram alcançados com grande sucesso."

TMO

Yedo Tortato Filho, Gerente Geral

"Embora já sejamos uma marca consolidada no mercado, vimos que a feira foi uma mola propulsora para muitos novos clientes e negócios.Vendemos durante a feira 20 equipamentos e temos mais de 100 propostas em andamento."

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