A floresta industrial e a floresta negócio - OpCP33

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www.revistaopinioes.com.br

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ISSN: 2177-6504

FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira ano 10 - Divisão F - número 33 - Set-Nov 2013

a floresta industrial e a floresta negócio



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índice

as alternativas de modelos de gestão do negócio florestal Editorial:

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Celso Edmundo Bochetti Foelkel

Consultor e Escritor Especialista em Florestas

Ensaio Especial:

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Osvaldo Ferreira Valente

Professor Titular, Aposentado, da UF-Viçosa

Visão de Governo:

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Marcus Vinicius da Silva Alves Diretor do Serviço Florestal Brasileiro

Floresta Industrial:

12 15 18

Carlos Henrique Garcia

34 38 42 44

Sebastião Renato Valverde

Diretor de Operações Florestais da Vale Florestar

Osni Aparecido Sanchez

Diretor de Operações Florestais-BA da Suzano

Cláudio Laert Cotrim Passos Diretor da Bahia Specialty Cellulose

Centros de P&D: Professor Política, Gestão e Legislação da UF-Viçosa

João Carlos Garzel da Silva

Professor de Adm Florestal e Gestão da UF-PR

Edson Tadeu Iede

Chefe-geral da Embrapa Florestas

Julio Eduardo Arce

Professor de Manejo, Planejmt Florestal da UF-PR

Floresta Negócio:

22 25 28

Nelson Barboza Leite

46 48 52 54

Marcelo Santos Ambrogi

Diretor Florestal da Eco Brasil Florestas

Roberto Silva Waack CEO da Amata

Geraldo Alves de Moura

Membro do Conselho de Administração da Plantar

Consultores e Especialistas: Diretor de Operações Florestais da Weyerhaeuser

Enivanis de Abreu Vilela Jr.

Diretor-geral da Inflor Consultoria e Sistemas

Marco Antônio Fujihara

Diretor da Key Assoc e Conselheiro do Banco Mundial

Jefferson Bueno Mendes Diretor da Pöyry Silviconsult

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Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Roosevelt de Paula Almado • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Xico Graziano


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editorial

inquietudes sobre os modelos de gestão dos

negócios

A gestão de qualquer negócio (florestal, agrícola, industrial, etc.) consiste no eficaz (estratégias corretas) e eficiente (operações bem-feitas) gerenciamento de uma rede produtiva, focado em resultados (produtividade e lucratividade) e sustentabilidade. Por sustentabilidade, entenda-se a perpetuidade do negócio no longo prazo e os aspectos socioambientais relevantes relacionados.

Essa mudança nivelou para uma mesma base inicial todas as empresas e em todos os negócios. Quem foi mais rápido e saiu na frente acabou sendo privilegiado. Por isso o crescimento enorme e rápido de algumas organizações e a queda de outras. " Celso Edmundo Bochetti Foelkel Consultor e Escritor Especialista em Florestas

Em passado recente (até os anos 1980), isso tudo era executado pelos gestores com base em seus princípios, valores, liderança, comportamento, conhecimentos, compromissos e competências. Quem alavancava tudo eram os cérebros e os comportamentos das equipes gerenciais. As coisas passaram a mudar fortemente a partir da última década do século passado. As revoluções tecnológica e empresarial se propagaram com as explosões nas tecnologias da informação, TI, e das comunicações, TC. Em 1999, o sociólogo espanhol Manuel Castells lançou sua obra-prima, a qual denominou de Sociedade em Rede, que se alicerçou em explicar o novo

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Opiniões modelo de capitalismo – denominado pelo autor de “capitalismo informacional” – em função das acelerações causadas pelas poderosas tecnologias da informação e comunicação. Esse novo capitalismo se fundamenta, basicamente, na eleição das tecnologias informacionais para controlar, monitorar, otimizar, desempenhar, fortalecer, estrategiar, prever, comparar, comprar, vender, estocar e mais tantos outros verbos importantes. Trata-se de mudanças radicais que aconteceram na simples troca de um século para o outro. Alteraram-se, com isso, e de forma radical, os modelos e as formas de gestão em praticamente todos os negócios. Essa mudança nivelou para uma mesma base inicial todas as empresas e em todos os negócios. Quem foi mais rápido e saiu na frente acabou sendo privilegiado. Por isso o crescimento enorme e rápido de algumas organizações e a queda de outras. O curioso disso tudo é a paixão que algumas dessas ferramentas gerenciais têm trazido a muitos gestores de negócios. Afinal, elas oferecem controle de operações e monitoramento de pessoas com simples estabelecimento de indicadores de desempenho, de metas e de desafios que precisam ser conquistados, às vezes, a qualquer preço. Entretanto muitos gestores ainda não se deram conta de que seus negócios são redes de valor e não cadeias lineares de gestão. Quando se mexe em um nó da rede, podem-se desestabilizar inúmeros outros – positiva ou negativamente. Esse entendimento parcial do capitalismo informacional, potencializado pelos computadores, tem levado as empresas (pela ação de seus gestores) a multiplicarem seus indicadores de desempenho – com isso, os desafios para crescer, sobreviver e competir despencam como cataratas turbulentas sobre as pessoas, sejam as da própria empresa, dos terceirizados ou da própria comunidade. A gestão por custos unitários mais baixos tornou-se o modismo do momento, até mesmo como reflexo da crise financeira que começou em 2008 e ainda não terminou. Muitos dos que acreditavam que a tecnologia da informação iria facilitar suas vidas agora se surpreendem com o torpedeamento por mensagens de e-mails, de metas cada vez mais apertadas para cada um dos talentos humanos da empresa e de se ter que justificar todos os dias os não atingimentos de muitos índices criados para gerenciar o que não precisaria ser necessariamente gerenciado. Esse turbilhão todo acaba se convertendo em prato cheio para os vendedores de novos modelos de gestão. A cada ano, surgem novas e charmosas ferramentas para alimentar o sonho de vida melhor e mais duradoura para muitos gestores. As celebridades da gestão do século passado (Porter, Juran, Deming, Peters, etc.) vão sendo esquecidas e substituídas pelos nomes das ferramentas de gestão (Seis Sigma, Lean Manufacturing, Green Belts, Balanced Scorecard, Balanced Sourcing, KPI’s, Shared Value, etc.). Com isso, estamos sendo sempre paparicados por acadêmicos (que raramente praticaram gestão de negócios) para que nos interessemos pelas suas novas ferramentas gerenciais. Vendem sonhos e ventos – algumas vezes compramos tempestades. Não que isso seja a regra – mas as ferramentas gerenciais estão sempre sendo desembarcadas nos mercados –, e nós, do setor de base florestal, que sempre relutamos em adquirir uma tecnologia industrial não comprovada, acabamos acreditando e trocando as ferramentas gerenciais com alguma frequência. O maior problema que vejo nisso tudo é que a gestão informacional acabou distanciando as pessoas das realidades das operações. Os técnicos preferem ver suas fábricas e

florestas virtuais, e poucos vão ao campo ou às áreas industriais conversar com as florestas ou com os processos fabris – ou mesmo com seus produtos. Outra inquietude que tenho é em relação aos desafios cada vez mais difíceis de serem atingidos e que são colocados como metas gerenciais. Eles passam a governar a vida das pessoas, fragilizam as relações humanas e desagregam a fidelidade das pessoas em relação às empresas ou ao próprio negócio. Já ouvi de muitos jovens a preocupação deles em só entender de árvores ou de celulose – a maioria acredita que precisaria ter mais mobilidade para transitar de um tipo de negócio para outros. O “bafo na nuca” também precisa ser gerenciado para evitar que nossas pessoas se tornem dependentes de fármacos como Lexotan, Valium ou Gardenal. Por outro lado, a sociedade vive também os conflitos das explosões das TI’s e TC’s. O que era para nós privativo ou pessoal ficou escancarado para todos. Hackers invadem nossas senhas e copiam nossas declarações de imposto de renda, extratos bancários, conseguem tirar documentos em nosso nome, etc. Recebemos milhares de mensagens spam tentando nos vender algo – já o telemarketing virou uma praga internacional. A vulnerabilidade cresceu para as pessoas e para as empresas – nada mais natural que isso acontecesse. Nunca tantas coisas de bom e de ruim aconteceram em tão curto intervalo de tempo. Definitivamente, vivemos mudanças incríveis em apenas duas décadas. Alguns negócios sucederam bem, outros nem tanto. Algumas empresas floresceram, outras sucumbiram. Como a história é contada pelos vencedores e não pelos perdedores, parece que as coisas estão dando certo na gestão. Os que perdem são logo esquecidos, não importa quão bons, justos, responsáveis e honestos eles tenham sido. São até mesmo rotulados de fracassados por causa dessas virtudes, hoje vistas por alguns como coisas do passado. E fica, então, a questão: até quando essas mudanças radicais continuarão acontecendo, fortalecidas que são pelo capitalismo informacional? Como será que faremos a gestão dos negócios florestais em uma década mais? As nossas árvores plantadas ainda estarão crescendo melhoradas com base nos paradigmas de consumo e nas especificações de hoje! E o que estaremos produzindo com elas? Biocombustíveis gasosos e líquidos? Nanocelulose? Bio-óleo e biodiesel? Ou simplesmente lenha, carvão vegetal, celulose, papel e painéis de madeira, como fazemos hoje, com muito orgulho das nossas conquistas recentes? E quanto aos nossos concorrentes? Estarão eles dentro de nosso próprio negócio ou distantes dele? Para onde vamos? Caminho difícil de ser enxergado por máquinas que não possuem intuição. Talvez esteja na hora certa de tentarmos hibridar as TI’s e TC’s com a gestão mais humana, mais intuitiva, mais dialogada entre pessoas e menos por controles de múltiplos índices desafiadores e causadores de estresses. Se olharmos os exemplos mostrados pela natureza e pela própria sociedade, veremos que, após anos de fortes mudanças radicais, acabam acontecendo ajustes de equilíbrio que perduram até o surgimento de novas revoluções. Só não sabemos em que estágio se está nessa revolução atual se apenas começando, se no meio ou no final dela. Enfim, a sociedade muda, o consumo de bens e serviços, idem. Nada mais normal que mudem os modelos de gestão. Mas peço que não se esqueçam de manter um foco na humanização das empresas e não em sua robotização.

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visão de governo

Opiniões

florestas brasileiras: um negócio de

520 milhões de hectares Globalmente, as florestas apresentam-se como elemento-chave de uma emergente economia de baixo carbono, ou, como alguns preferem, de uma economia verde. Suas características e seus múltiplos usos posicionam esses ativos florestais – naturais ou plantados, nativos ou exóticos, públicos ou privados – como uma fonte praticamente inesgotável de bem-estar social. Apesar disso, os nossos 520 milhões de hectares de cobertura florestal (60% do território brasileiro) ainda estão longe de proporcionar o desenvolvimento econômico e os avanços socioambientais esperados. Esse fato, porém, não decorre de questões triviais, mas, sim, em razão do elevado grau de complexidade que envolve as florestas e toda a gama de relações existentes – possíveis e imaginárias. Superar os enormes desafios para alcançar, de forma contínua e gradual, uma parcela cada vez maior de toda a potencialidade que as florestas nos oferecem passa, necessariamente, pela gestão profissional e competente desses recursos naturais.

os avanços já obtidos na gestão de florestas públicas para a produção sustentável ... credenciam o Serviço Florestal Brasileiro a recepcionar novas ... atribuições relacionadas à gestão florestal, agrupando, em uma única estrutura de Governo Federal, as ações inerentes ao desenvolvimento e à gestão florestal " Marcus Vinicius da Silva Alves Diretor do Serviço Florestal Brasileiro

Por essa razão, a efetiva contribuição das florestas ao desenvolvimento sustentável requer esforço de todos os segmentos da sociedade e modelos de gestão de excelência que resultem em ambientes de boa governança florestal. Transparência, responsabilização, equidade, segurança jurídica, clareza de papéis institucionais, participação social, eficiência e efetividade e outros produzem o ambiente apropriado para o negócio florestal prosperar na sua plenitude. Aqui, vale ressaltar que governança não está restrita a governos: inclui os setores público e privado e a sociedade civil.

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A presença de condições favoráveis ampliará a gestão de negócios florestais, por meio de parcerias público-privadas para o manejo de florestas públicas para a produção de bens, garantindo o suprimento regular e sustentável de insumos para diversos outros setores da economia, como a construção civil, a siderurgia, a energia e os transportes. Da mesma forma, parcerias dessa natureza para o reflorestamento podem contribuir para a ampliação da disponibilidade de



visão de governo florestas plantadas para fins de produção, reduzindo um enorme passivo ambiental, caracterizado pelas paisagens alteradas ou degradadas. Negócios florestais que busquem o aproveitamento integral da matéria-prima florestal e a maximização da agregação de valor aos mais variados tipos de produtos, quando estruturados em arranjos que oportunizam a formação de consórcios, associações e clusters com empresas locais ou parcerias com as comunidades do entorno do empreendimento, reduzem os riscos e aumentam as chances de sucesso, especialmente em áreas de maior sensibilidade social. Setor público, iniciativa privada e terceiro setor também precisam ser mais ousados e inovadores para atuarem em sinergia, de modo a potencializar e amplificar as experiências exitosas na gestão de ativos florestais, que efetivamente contribuem para a conservação de florestas e da qualidade dos seus serviços ecossistêmicos, beneficiando as populações e as demais atividades econômicas presentes na área de influência dessas florestas. Para tanto, as estruturas de articulação, coordenação e execução dos entes responsáveis por integrar a cadeia produtiva florestal com outras cadeias de valor, as quais mantêm vínculos diretos ou relevantes relações de interdependência, precisam atuar em harmonia, reduzindo a sobreposição de competências e eliminando a competição e os conflitos institucionais ainda presentes, principalmente, na administração pública, mas também nas entidades e organizações representativas do segmento florestal, em todos os níveis. A consolidação de uma arquitetura gerencial construída a partir dos pressupostos já mencionados mostra-se capaz de enfrentar e superar desafios de grande magnitude, como aqueles que o novo Código Florestal apresentou à sociedade brasileira. Da mesma forma, espaços de articulação, discussão de propostas de políticas públicas e reformas estruturais e de assessoramento precisam

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Opiniões ser prestigiados e valorizados, como fóruns de gestão colegiada e participativa. Particularmente, a Comissão Nacional de Florestas – Conaflor, precisa ser revitalizada para constituir-se o principal mecanismo de concertação intra e intersetorial para florestas. O Programa Nacional de Florestas – PNF, por sua vez, demanda revisão e atualização urgentes. O PNF deve atuar como um instrumento de gestão florestal intersetorial, em suporte a uma plataforma de desenvolvimento florestal que contemple as dimensões da produção, do mercado e da conservação, promovendo e fomentando atividades industriais, comerciais e de serviços de base florestal, nas mais diferentes tipologias e escalas. Nesse contexto, o Serviço Florestal Brasileiro tem aperfeiçoado os seus mecanismos de gestão florestal, com o objetivo de construir um espaço institucional cada vez mais alinhado com a valorização dos ativos florestais e o estabelecimento de uma economia florestal vigorosa, em bases sólidas e sustentáveis, compatíveis com as realidades e as necessidades regionais e setoriais. O reconhecimento da sofisticada rede de interdependência em torno das florestas e da urgência no encaminhamento de soluções de interesse coletivo para os problemas enfrentados pelo segmento florestal tem norteado o estabelecimento de parcerias estratégicas, tais como: 1. com o setor privado, para a produção sustentável, por intermédio das concessões florestais; 2. com a comunidade acadêmica e científica, agências e organismos estaduais, nacionais e internacionais, para a realização do Inventário Florestal Nacional; e 3. com organismos internacionais, para a melhoria de processos e a implantação de uma gestão por resultados. Os avanços já obtidos na gestão de florestas públicas para a produção sustentável, associados às medidas adotadas para o seu fortalecimento institucional, credenciam o Serviço Florestal Brasileiro a recepcionar novas competências e atribuições relacionadas à gestão florestal, agrupando, em uma única estrutura de Governo Federal, as ações inerentes ao desenvolvimento e à gestão florestal em nível nacional. Sem dúvida nenhuma, não obstante o progresso realizado, tanto o Serviço Florestal Brasileiro quanto outras estruturas dos governos Federal e estaduais ainda precisam empreender esforços substanciais para alcançar padrões de excelência na gestão pública florestal. Do contrário, inciativas isoladas, mesmo que bem intencionadas, mas invariavelmente desorganizadas e desconexas, prevalecerão, comprometendo as boas práticas de gestão e o alcance de uma boa governança florestal. Devemos, contudo, sempre nos lembrar de que a gestão de negócios florestais demanda consciência e compreensão multidimensional dos diversos valores associados às florestas, normalmente presentes em ambientes de boa governança, de modo a permitir escolhas e a tomada de decisões com o menor grau de incerteza, mesmo em situações de alta complexidade. A importância e o valor das florestas se materializarão a partir da adoção de arranjos e mecanismos de gestão contemporâneos e criativos que valorizem a abordagem intersetorial, garantam o comprometimento dos principais stakeholders e assegurem coerência e coordenação às diversas iniciativas nacionais, regionais e locais, sejam governamentais, não governamentais ou privadas.

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floresta industrial

Opiniões

alternativas de modelos de

gestão O plantio de florestas industriais como atividade econômica no Brasil é bastante recente, remontando à década de 1900 os primeiros plantios de eucalipto visando à utilização de madeira para a fabricação de dormentes. Já a implantação de florestas para a produção de celulose e papel teve início em meados de 1950, e sua grande expansão ocorreu na década de 1960, com o programa de incentivos fiscais promovido pelo IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Vale destacar que a primeira produção de papel, em 1942, pela Leon Feffer & Cia, ocorreu com utilização de matéria-prima (celulose) importada. Em dezembro de 1987, apenas 45 anos depois, o País contava com mais de 6 milhões de hectares plantados para esse fim. Atualmente, existem mais de 7 milhões de hectares plantados. Observa-se, assim, que uma importante característica do setor de florestas plantadas é passar por constantes transformações que visam tornar a atividade cada vez mais competitiva e desenvolvida. Tais mudanças ocorrem não somente do ponto de vista de reestruturação do arcabouço da legislação, como se observa com a recente aprovação do novo Código Florestal brasileiro, mas também em relação ao desenvol-

as metas e as formas de aferição dos resultados se baseiam, principalmente, em indicadores relacionados à produtividade, produtividade da floresta (em si), retorno do investimento, acompanhamento de condicionantes ambientais e valor à vida. " Carlos Henrique Garcia Diretor de Operações Florestais da Vale Florestar

vimento de diferentes processos operacionais, resultado de anos de pesquisa conduzidos por universidades e institutos de pesquisa. Em consequência, as empresas do ramo florestal também passam, obrigatoriamente, a adotar novos e mais complexos modelos de gestão. Na década de 1980, as empresas verticalizadas, que detinham a tecnologia para produção de papel e promoviam a



floresta industrial forte expansão dos reflorestamentos, mantinham o foco de gestão no ganho de produtividade através do aprimoramento de técnicas de manejo e do forte investimento na pesquisa e no melhoramento genético do eucalipto. Na década de 1990, as atenções se voltaram para a utilização racional dos recursos naturais, procurando preservar, conservar e interligar as áreas naturais, manter a produtividade florestal, promover o uso múltiplo das florestas e desenvolver sistemas e equipamentos, visando à minimização do esforço físico dos trabalhadores. É nesse período que as empresas adotaram novos modelos de gestão, passando por processos de reengenharia e terceirização de atividades operacionais. A produção de madeira de eucalipto para outras finalidades passou a ser considerada também com maior ênfase pelas empresas florestais. No final dos anos 1990, as empresas que atuavam principalmente nas regiões mais próximas aos grandes polos de desenvolvimento, notadamente as regiões Sudeste e Sul do Brasil, passaram a pesquisar novas fronteiras para implantação de florestas. A recente expansão de projetos florestais para os estados do Mato Grosso do Sul, Maranhão, Pará e Tocantins são os principais exemplos, apesar de estarem pautados por diferentes modelos de gestão. Os empreendimentos em implantação no Mato Grosso do Sul (Fibria e Eldorado) se pautam pela construção de fábricas para produção de celulose e papel, ao mesmo passo em que as florestas vão sendo implantadas. Trata-se de um modelo ousado, com intensivo investimento na aquisição de terras e na formação de florestas para o fim específico de produção de celulose e papel. No estado do Maranhão, foi a preexistência de florestas plantadas, anteriormente utilizadas para a produção de carvão vegetal, que possibilitou a implantação de uma fábrica de celulose no município de Imperatriz, investimento que está sendo realizado pela Suzano Papel e Celulose. Dessa forma, uma das preocupações da empresa é promover a certificação das florestas já plantadas, além da expansão do parque florestal, a fim de garantir a comercialização da celulose no mercado internacional. A expansão do reflorestamento ocorre, nesse caso, tanto através da aquisição de novas terras como de atividades de fomento florestal e arrendamento de terras para plantio. Já nos estados do Pará e do Tocantins, as atividades de reflorestamento vêm ocorrendo de forma bastante diferenciada das demais. Os grandes formadores de florestas são os fundos de investimentos formados por associação de duas ou mais empresas de gestão pública, notadamente Bndes e Caixa Econômica Federal, com empresas privadas. Em casos como esses, o plantio de florestas não tem a finalidade definida quando da formação dos fundos, assim como há maior liberdade para estabelecer a localização das florestas. O objetivo principal é atrair indústrias de base florestal visando firmar contrato com novos investidores, como produtores de papel e celulose, chapas e compensados, usos múltiplos e outros. A compra de terras passa a ser uma opção de investimento e é realizada com a finalidade de obter maior retorno com a venda tanto da madeira como das terras. Alternativamente, como adotado pela empresa Vale Florestar, os plantios podem ser realizados em terras arrendadas, com contratos de 15 anos. Nesse caso específico, a madeira será produzida com a finalidade de abastecer uma fábrica de celulose instalada em Imperatriz, no Maranhão. Nesses últimos modelos de gestão de florestas, a venda de madeira não integra a cadeia de custódia do empreendimento.

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A madeira é comercializada como ativo biológico (floresta em pé), e não como mercadoria (madeira cortada). O processo de colheita é de responsabilidade do comprador (cliente), e, por essa razão, é importante que haja um estreitamento nas relações entre comprador e vendedor, para otimização das operações, ou seja, as equipes operacionais e de planejamento das duas empresas devem estar intimamente relacionadas, visando à redução de custos operacionais e à renovação das florestas da forma mais econômica possível. Não obstante, o modelo de gestão baseado no arrendamento de terras pode trazer alguns inconvenientes que exigem grande preparo e acompanhamento por parte de seus profissionais, a fim de garantir o sucesso do empreendimento. É essencial a parceria com empresas de porte, afinal de contas, o retorno do investimento é de longo prazo. Há ainda grande competição por terras com as áreas agrícolas, o que dificulta o alcance de metas de implantação de novas áreas. O valor de arrendamento pago para atividades agrícolas, principalmente plantio de soja, é fator que dificulta o arrendamento de terras para produção de florestas, principalmente pelo fato de que os agricultores geralmente utilizam a quase totalidade da área das fazendas. A dificuldade é aumentada em função da necessidade de regularização de áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente das propriedades arrendadas e, principalmente, no levantamento da documentação das terras, normalmente incompletas, caracterizando-as apenas como áreas de posse. Nesse sentido, os processos de licenciamento são mais complexos e morosos e podem contribuir negativamente para o atendimento dos cronogramas de implantação. Comum a todos os modelos de gestão atuais é o fato de que a sustentabilidade deve ser a base de todo e qualquer empreendimento, constituindo-se como importante fator para a promoção do desenvolvimento social e econômico da região onde o empreendimento está inserido. A produção de madeira, a conservação da água e da vida selvagem são objetivos que devem ser alcançados, independentemente do modelo de gestão. Não obstante, as metas e as formas de aferição dos resultados se baseiam, principalmente, em indicadores relacionados à produtividade (área plantada), produtividade da floresta (incremento médio anual), retorno do investimento (taxa de retorno), acompanhamento de condicionantes ambientais e valor à vida (saúde e segurança). Por fim, não se faz gestão de florestas sem as principais ferramentas para tomada de decisão, tais como elaboração de inventário florestal contínuo, simulação de modelos e análise de cenários, estudo de projetos, acompanhamento econômico permanente, pesquisas de mercado, utilização de softwares adequados para gestão de florestas, capacitação e treinamento de profissionais, elaboração e revisão de planos de manejo, além de discussão das estratégias da empresa com os sócios. E como o setor florestal brasileiro passa constantemente por transformações, o atual gestor florestal deve estar atento a mais uma forte tendência: a primarização das atividades operacionais. As empresas verticalizadas podem facilmente terceirizar atividades como silvicultura, construção e manutenção de estradas, colheita de madeira, etc. Já para as pequenas empresas florestais, suportadas por fundos de investimento, a pressão para primarização é maior em função de sua atividade-fim. Cabe ao gestor assumir ou não o risco, de acordo com a estratégia do empreendimento.


Opiniões

inclusão, inovação e ética podem fazer

diferença

Todos aqueles que, de alguma forma, estão envolvidos com a silvicultura empresarial no Brasil, sejam eles empresários, investidores, executivos, administradores, técnicos ou gestores, têm se perguntado como poderemos continuar produzindo e competindo numa atividade cada vez mais complexa, multifacetada e com restrições de toda ordem, que vão das dificuldades impostas para a obtenção de licenças ambientais, da interpretação e da aplicação da legislação e, em especial, daquelas definidoras das relações de trabalho e da posse da terra, das invasões às vezes toleradas por instituições públicas, além da confusão e prazos para a regularização fundiária. Não bastasse esse emaranhado de burocracias e exigências, esse segmento do chamado “agronegócio” é percebido pela sociedade como concentrador de renda e potencialmente danoso ao meio ambiente, apesar de ter uma história, embora relativamente curta, de grande sucesso, além de ser um exemplo no cumprimento das suas obrigações legais e, não raras vezes, transcender na criação de valor. Nascida da iniciativa pública nos anos 1960, com a criação da política de incentivos fiscais, caracteriza-se, principalmente, pela ocupação de grandes extensões de terra, com vinculação verticalizada à indústria de base florestal.

Outra característica facilmente perceptível é a monocultura, além de gozar, em alguns casos, de isenções fiscais. Essa é justamente a sua força e também a sua fraqueza. Força proporcionada pelo ganho de escala e pela competência técnica, inegavelmente adquirida, e fraqueza pela incapacidade de ser percebida pela sociedade como um modelo inclusivo que proporciona geração e distribuição de renda. Por sorte, desde o seu nascimento, a valorização da competência técnica obtida pelo desenvolvimento de uma perfeita simbiose entre as principais instituições de ensino e pesquisa do País e as empresas de base florestal sempre foi uma prioridade. Dessa importante parceria, resultou a consolidação de uma tecnologia aplicada, genuinamente nacional, que permitiu o

Por razões de sua própria gênese, a silvicultura está intrinsecamente associada ao conceito de sustentabilidade, de forma que é fundamental ter em suas práticas, além da transparência e da honestidade, a conservação e a preservação dos recursos naturais e culturais como parte integrante e indissociável. " Osni Aparecido Sanchez Diretor de Operações Florestal-BA da Suzano Papel e Celulose

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floresta industrial estabelecimento de metodologias de seleção e melhoramento genético, manejo, nutrição e gestão florestal, que, aliados às nossas excelentes condições de clima e disponibilidade de terras, proporcionaram as condições ideais e necessárias para a consolidação e perenização da atividade. Nos últimos quarenta anos, a produtividade das florestas plantadas mais que triplicou, garantindo uma posição privilegiada, elevada competitividade, com consequente ocupação de espaços importantes nos mercados nacional e internacional. Obviamente que, sozinho, esse excelente crescimento da produtividade não garantiu a ocupação de mercado que tivemos, mas, certamente, foi o principal instrumento de alavancagem. Apesar de os horizontes da produtividade florestal ainda serem promissores, especialmente com as perspectivas das pesquisas em biotecnologia, parece que, sozinha, não mais será suficiente para nos garantir uma posição de destaque. Nos dias atuais, não basta possuir grande competência técnica florestal para sobreviver nesse negócio. É também necessário que a produtividade da mão de obra seja igualmente competente, além de ser socialmente aceita, e aí está um dos principais desequilíbrios existentes na atualidade, que são o descasamento dos interesses da sociedade e os do empreendedor em silvicultura. Para complicar um pouco mais, ocorreu que, a partir dos anos 1990, no Brasil, com uma maior abertura da nossa economia aos mercados internacionais e, na última década, com a valorização real e crescente do salário mínimo, foi desencadeada uma forte elevação dos custos de produção, devido, principalmente, à sua característica de atividade desenvolvida com o emprego intensivo de mão de obra. Também é fato que a silvicultura empresarial, invariavelmente, é confundida na consciência coletiva da sociedade urbana atual e pelos meios de comunicação de massa como uma atividade

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Opiniões predatória, muitas vezes danosa ao meio ambiente, detentora de latifúndios, promotora da miséria rural e da expulsão em massa do homem do campo. Ocorre que, numa sociedade democrática, a imagem percebida coletivamente resulta no reconhecimento e na importância a ser dada por essa sociedade para a existência de determinada atividade. Sem isso, as dificuldades tornam-se crescentes, elevando os custos, até a sua inviabilização, pela imposição de restrições pelos órgãos reguladores e certificadores do plano de manejo. Essa imagem distorcida que a sociedade tem da silvicultura torna-se quase incompreensível, uma vez que o setor é, talvez, o único agente econômico que é submetido regularmente aos mais rigorosos mecanismos de licenciamento e que cumpre, integralmente, as legislações, especialmente aquelas de caráter ambiental e trabalhista, além de investir maciçamente em pesquisas relacionadas à sustentabilidade. Parece claro que, se quisermos continuar participando e contribuindo para o desenvolvimento nacional, precisamos encontrar uma nova forma de agir. O modelo ideal a ser buscado precisa, em primeiro lugar, ser economicamente INCLUSIVO, no sentido de possibilitar o aumento das oportunidades para os agentes locais, contribuindo, de forma significativa, para a geração de empregos, do crescimento e da distribuição da renda. Não é mais possível ocupar grandes extensões de terra, às vezes a quase totalidade das terras agricultáveis em determinadas microrregiões, sem oferecer oportunidades compensatórias. Um exemplo claro do oferecimento de oportunidades, já explorado pelas indústrias de base florestal, são os programas de fomento que caminham no sentido da redução da verticalização e do aumento da participação dos negócios e dos comércios locais. A percepção dos benefícios gerados por essas políticas é demorada, devido às características da silvicultura, que são de maturação de longo prazo; entretanto, após consolidadas as mudanças, tornam-se ciclos importantes e duradouros. Em segundo lugar, precisa ser tecnicamente INOVADOR. Parece ser consenso entre os atores das indústrias de base florestal que o principal fator de competividade é a produtividade florestal. E essa produtividade foi obtida graças à competência técnica adquirida através de investimentos de longo prazo contínuos e constantes. Obviamente, é necessário ser competente e inovador em todas as áreas do conhecimento, indo da logística ao financeiro. Entretanto foco aqui apenas a produtividade florestal por ser esta uma exclusividade da silvicultura. A continuidade da existência de um diferencial competitivo é fortemente dependente da promoção de um ambiente favorável ao desenvolvimento da criatividade e da inovação, e isso precisa ser garantido. Em terceiro lugar, é necessário cultivar a ÉTICA como valor absoluto nas relações, indistintamente, com todos os públicos e interesses. Por razões de sua própria gênese, a silvicultura está intrinsecamente associada ao conceito de sustentabilidade, de forma que é fundamental ter em suas práticas, além da transparência e da honestidade, a conservação e a preservação dos recursos naturais e culturais como parte integrante e indissociável. Sintetizando, o futuro exige dos agentes econômicos, sejam eles públicos ou privados, razões claras e objetivas para a sua existência. Essas razões devem atender aos interesses das pessoas como indivíduos e da sociedade em seu conjunto. Aqueles que não perceberem a tempo, provavelmente não sobreviverão.



floresta industrial

Opiniões

gestão empresarial na produção de

florestas

Assim como profissionais tem características próprias e individuais e desempenho consequentemente diferenciado, as empresas também têm suas individualidades, e é isso que as diferencia umas das outras. Essa diferenciação é causada, principalmente, por características próprias do seu modelo de gestão e cultura organizacional, que impactam diretamente no desempenho de toda a organização. A gestão empresarial não se resume mais a um simples processo cíclico e linear de planejar, organizar, dirigir e controlar toda a atividade organizacional. É muito mais do que isso. É um modelo de trabalho orientado por valores, com o objetivo de planejar, alocar e gerir recursos, ações e iniciativas, procurando viabilizar o alcance dos objetivos propostos por uma organização.

Uma boa gestão é capaz de integrar, acelerar e impulsionar toda a atividade organizacional, no sentido de definir e implementar ações estratégicas, reduzir custos, agregar valor, melhorar a qualidade, aumentar a produtividade, resolver problemas e conflitos, criar e inovar e, sobretudo, trabalhar na busca pela superação dos resultados esperados. A cultura organizacional é o “como fazer” de cada empresa. É claro que os maiores influenciadores dessa cultura e os definidores do modelo de gestão são os fundadores e as principais lideranças da empresa, que imprimem suas convicções e o seu jeito próprio de fazer as coisas acontecerem. O projeto florestal da Bahia Specialty Cellulose, por exemplo, integra um grupo empresarial multinacional chamado Sateri, que possui unidades industriais no Brasil e na China. Nosso projeto florestal é peça-chave no planejamento estratégico do grupo e é administrado pelo mesmo modelo de gestão e cultura organizacional, tanto aqui quanto fora do País, o que, nos últimos anos, nos tem proporcionado bons resultados.

A gestão empresarial não se resume mais a um simples processo cíclico e linear de planejar, organizar, dirigir e controlar toda a atividade organizacional. É muito mais do que isso. "

Cláudio Laert Cotrim Passos Diretor da Bahia Specialty Cellulose

Dentro do Grupo Sateri, nossa estratégia está totalmente definida, com base em dois focos principais: o aumento da penetração no segmento de celulose solúvel de alta pureza e o aumento do nível de integração entre nossas operações de celulose solúvel (rayon-grade) e fibra de viscose VSF. Em nível tático-operacional, nossa unidade florestal tem buscado contínua melhoria na produtividade, contribuindo para o atingimento dos objetivos empresariais, já que os custos da produção florestal determinam a base da formação do custo da nossa principal matéria-prima: a madeira.

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floresta industrial E o planejamento adequado da atividade florestal, aliado à busca por alternativas estratégicas de gestão, é o que nos dá a garantia de termos matéria-prima de qualidade com o custo ideal para abastecimento das nossas atividades industriais. Nesse cenário, a cada dia que passa, os gestores florestais são mais cobrados pelo planejamento qualificado de ações e pela manutenção dos custos de suas operações em níveis controlados e competitivos, sem deixar de lado a preocupação com uma operação economicamente viável, ecologicamente correta e socialmente justa. Nos últimos anos, foi possível alcançar resultados no controle sobre os custos de formação das florestas, gestão de ativos florestais e custos de colheitas, criando valor para a organização e seus investidores. Temos conseguido monitorar os gastos desde a produção da muda, passando pelo preparo do solo, implantação e manutenção das florestas, até a maturidade, e atividades ligadas à colheita e ao transporte. A eficácia do modelo de gestão florestal que escolhemos exige a adaptação dos nossos profissionais aos conceitos e aos critérios determinados e sua agregação à cultura da empresa, para alcançarmos um modelo totalmente integrado e voltado para os resultados. No entanto é preciso conhecer, entender e saber quando utilizar as ferramentas adequadas de gestão. No caso da Bahia Specialty Cellulose, utilizamos ferramentas de gestão empresarial que nos ajudam a atingir nossos objetivos, sejam eles reduzir custos, inovar, melhorar a qualidade ou traçar um planejamento para o futuro. E as principais são: o Balanced Scorecard, o Plano de Ação Anual, o orçamento e o benchmarking. Para alinhar nosso foco operacional e tático ao planejamento estratégico do grupo, usamos o Balanced Scorecard, uma ferramenta que nos ajuda a definir as prioridades e os critérios de desempenho e a mensurar se estamos ou não no caminho certo para alcançar os resultados esperados pela organização. A ferramenta equilibra as dimensões financeiras e não financeiras do negócio, e é com ela que conseguimos definir o peso das metas ligadas à sustentabilidade do negócio, demonstrando para a organização que queremos construir um negócio sustentável, que gere lucros para a empresa através da utilização de recursos de forma respon-

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Opiniões sável, sem comprometer a disponibilidade para as futuras gerações, e, ainda, estreitando o relacionamento e incentivando o desenvolvimento das comunidades que vivem no entorno dos nossos projetos. Com base no Balanced Scorecard, é hora de estabelecermos um plano de ação anual. Costumamos dar atenção especial ao planejamento de todas as ações necessárias para o bom andamento do nosso negócio. A correta identificação das necessidades, com base nas linhas estratégicas da empresa e o bom controle no planejamento das ações permitem à empresa se antecipar aos problemas, identificar pontos críticos e adotar as medidas necessárias para a correção e a melhoria dos processos. Em nossa cultura organizacional, planejar é pensar nas melhores alternativas antes de agir, detalhando previamente cada passo das ações. E controlar é acompanhar se o que foi planejado está sendo executado de forma organizada, de modo a atingir os resultados, ou seja, medir o grau de sucesso ou o fracasso dos nossos processos administrativos. E isso, para nós, é fundamental. O orçamento é outra ferramenta de controle extremamente importante para o sucesso das atividades da empresa e está diretamente relacionada ao planejamento das atividades. Nós valorizamos muito o planejamento consistente do orçamento, pois ele é quem vai garantir que a empresa tenha disponibilidade de recursos suficientes para implementar tudo o que foi planejado. E, por fim, a empresa utiliza o benchmarking, através da busca contínua da melhoria dos seus processos a partir da identificação e da implementação das melhores práticas reconhecidas pelo mercado. Quando gestores comparam o desempenho dos seus custos e/ou processos, externamente, com empresas-modelo e, internamente, com outras áreas da empresa que realizam atividades similares, eles têm a oportunidade de verificar pontos de melhoria. Buscamos encontrar exemplos de desempenho superior e entender as práticas que determinam o sucesso, para, então, incorporá-las às nossas operações. A filosofia do nosso grupo pode ser resumida em obsessão por controle de custos, definição de metas objetivas e meritocracia. Dessa forma, vivenciamos a valorização de uma cultura empresarial que estimula a meritocracia e a busca de reconhecimento para quem atinge metas ambiciosas. Por isso prezamos, em nossos profissionais, além de sua experiência e formação, a capacidade técnica e a liderança necessárias para definir critérios e indicadores de monitoramento de suas atividades e assim, temos obtido bons resultados. Nosso grupo tem um estilo próprio, que estimula o desempenho e desafia as pessoas, com a adoção de uma filosofia de trabalho baseada em metas agressivas, com foco total nos resultados e na eficiência. Essa cultura acaba por exigir um senso de urgência permanente. Todos são cobrados e incentivados a oferecer contribuições, concentrar seus esforços nas tarefas mais importantes, para, juntos, alcançarmos os resultados. A Bahia Specialty Cellulose preza muito pela valorização da cultura organizacional do Grupo Sateri e tem trabalhado de forma orientada e integrada em suas unidades florestal e industrial, podendo ser um exemplo de que a aplicação de ferramentas de gestão empresarial podem ser utilizadas com sucesso na produção de florestas, sempre aliado à cultura organizacional própria do nosso grupo empresarial, a fim de alcançar os melhores resultados.



afloresta eicas negócio

Opiniões

a silvicultura e os seus

comandantes

A silvicultura brasileira, em seus anos de existência, tem atendido a diferentes demandas, diversos objetivos e tem convivido com formas de gestão bastante variadas. Saímos da simples aquisição de madeira e plantios rudimentares do departamento de suprimento das antigas indústrias consumidoras, passamos pelas empresas constituídas para se beneficiar dos incentivos fiscais e formar florestas, com diretoria e diretores que lideraram o grande avanço da silvicultura dos anos 1970/1980, e chegamos aos tempos modernos, em que a floresta virou um negócio, às vezes antes de ser matéria-prima. Aqueles diretores, de fato, que precisavam encontrar a receita para produzir a madeira para segurança das indústrias e que compartilhavam das decisões estratégicas da empresas, foram cedendo seus postos para disciplinados seguidores de regras que, no máximo, forneciam informações para tomadas de decisões. Depois de alguns anos, no final dos anos 1990, tivemos uma grande modificação na forma de se administrar o negócio florestal. Desde então, na maioria dos casos, começaram a valer os números que entravam e saíam dos registros de campo e iam às mesas de decisões. E o diretor florestal,

quando foi mantido, antes de conhecer de silvicultura, precisava ser um emérito condutor de planilhas e analista das inflexíveis variações numéricas. E as pessoas, como foram tratadas nesse processo? Como sempre, continuaram peça fundamental em todo o processo produtivo, mas com algumas diferenças fundamentais. Antes, um grande reconhecimento pela competência, liderança, ética e comprometimento setorial; nos dias atuais, essas características não parecem fazer tanta diferença. Um bom administrador de modernos instrumentos tecnológicos de programação e controle é candidato à direção florestal, e, fazer floresta, para muitos, é só uma questão de receita, cronogramas e planilhas. A participação do profissional de silvicultura nas decisões estratégicas das empresas foi diminuindo na medida em que a pesquisa evoluiu, os problemas foram sendo resolvidos e os estoques de madeira foram crescendo. A criatividade e o apoio à pesquisa florestal e a valorização à informação técnica e científica foram cedendo lugar à disciplina e à obediência às receitas. O conhecimento biológico começava a ser batido pela exatidão matemática, e o

Estamos vivendo momento oportuníssimo para que essas correções sejam feitas e possamos manter a competitividade de nossa silvicultura. "

Nelson Barboza Leite Diretor Florestal da Eco Brasil Florestas

equilíbrio biologia-matemática só ficou para algumas empresas, tidas até como conservadoras. Na verdade, aquele dono fundador que tinha a missão de abastecer a indústria foi se afastando do dia a dia, e os que chegavam, que nunca tinham sentido o problema de falta de madeira, transformaram a silvicultura numa questão de logística e custo. Há no estoque? E o assunto voltou para o departamento de suprimento.

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“o seu parceiro florestal” CARREGADOR TMO C770 COM CARRETA ETS1250


floresta negócio Tempos áureos aqueles dos diretores florestais que tomavam decisão e souberam, inteligentemente, construir os caminhos da rica silvicultura brasileira, que deve muito à dedicação de brilhantes pesquisadores, instituições de pesquisas e à interação com as universidades tão atuantes na época. Foi essa conjugação de esforços que permitiu a criação de instituições como Ipef, Sif, Fupef, Embrapa Florestas, dentre as inúmeras instituições de pesquisas florestais que construíram a silvicultura brasileira. No final da década de 1990, surgiram os fundos de investimentos, e a silvicultura se transformou em negócio independente. Passou a ser analisada, administrada e monitorada pelos números na entrada e na saída. Surgiram novos donos, uma administração de cronograma e de planilhas. Na maioria dos casos, partiu-se do princípio de que formar floresta já não trazia nenhuma dificuldade. A biologia estava resolvida e a questão passava a ser de matemática. Foram mudanças significativas na postura empresarial, no perfil dos profissionais que passaram a comandar os empreendimentos, e até a floresta foi apresentando novas características. A boa produtividade só passou a valer se emoldurada com novos adereços. O social, o ambiental, o cultural, a integração com as comunidades regionais entraram em pauta, e os dirigentes mudaram o discurso. Numa linguagem mais sofisticada, tudo isso na direção da sustentabilidade. Se não deixassem para trás valores imprescindíveis para o sucesso dos empreendimentos florestais, seria possível até se afirmar que as mudanças, ao longo do tempo, só enriqueceram a silvicultura. Mas, nos últimos anos, os dados setoriais mostram que a silvicultura brasileira, considerada altamente competitiva, em nível internacional, começou a dar os primeiros sinais de exaustão em suas regiões de plantios tradicionais, e, nas novas fronteiras, estão sendo encontradas dificuldades bastante complexas. Mas agora temos situações diferentes nas empresas. Não existe mais aquele diretor florestal com a liberdade de ir atrás de soluções para produzir. Aliás, na maioria dos casos, nem existe espaço em seu orçamento para promover pesquisa e participar ativamente de programas de desenvolvimento técnico-científicos. Mas não se pode negar a significativa evolução no monitoramento e controles dos processos produtivos com os novos sistemas e os modernos instrumentos de tecnologia. E tudo ainda mais enriquecido com os melhoramentos agregados pelas inumeráveis contribuições da certificação florestal. Da mesma forma, a chegada dos investidores independentes, transformando a silvicultura em negócio, também foi muito oportuna e pode iniciar um processo de verdadeira valorização profissional. A silvicultura brasileira seria muito enriquecida se, ao longo dessas transformações, se se mantivesse o respeito pela competência técnica, pela ética profissional e se se mantivessem os estreitos laços da integração com as instituições de pesquisas e seus brilhantes profissionais. Estamos vivendo momento oportuníssimo para que essas correções sejam feitas e possamos manter a competitividade de nossa silvicultura. Para nossa felicidade, as instituições de pesquisas, com certeza, com as dificuldades inerentes das circunstâncias, conseguiram se manter firmes e fortes.

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Opiniões

o valor das

externalidades

Negócios florestais são excelentes exemplos para tratar da forma como empreendimentos devem ser geridos nessa evidente mudança de paradigma em que vivemos hoje. Foi-se o tempo em que se discutia a pertinência da inclusão de elementos socioambientais na gestão de operações. É evidente que impactos ambientais, como danos aos recursos hídricos, à biodiversidade e aos ecossistemas de alto valor de conservação, emissão de poluentes, disposição de resíduos, degradação do solo, têm que ser levados em conta nas decisões estratégicas e operacionais. Felizmente, da mesma forma, não há a menor possibilidade de incorporação de práticas como trabalho em condições degradantes, contratações informais e cerceamento da liberdade de organização. Segurança no trabalho e relacionamento com as populações que vivem no entorno das operações são requisitos mínimos para qualquer empreendimento, rural ou urbano.

Desenvolveu um dos primeiros e, hoje, o mais reconhecido e bem-sucedido sistema de certificação independente do planeta, o selo FSC – Forest Stewardship Council. Embora ainda objeto de saudáveis discussões e controvérsias, além de ser demandante de desenvolvimentos complementares, a certificação florestal trouxe para o mundo empresarial o exercício da governança multistakeholder. Um conceito extremamente simples: é preciso ouvir a sociedade e considerar as demandas das partes afetadas, para a definição das práticas operacionais, administrativas e comerciais. A certificação coevoluiu com o evidente aumento do poder da sociedade civil na definição do que é aceito como efeitos primários e secundários da atividade produtiva. Instrumentalizou, por meio de princípios, standards e sistemas de auditorias independentes, como as empresas devem operar. Não só lida com “o quê”, mas

Um país que conta com imensas áreas subutilizadas como o nosso, com as condições de clima, relevo e solo, pode, como nenhum outro, surfar nas oportunidades de novos modelos de negócio que integrem florestas à pecuária, agricultura, mineração, turismo e outras atividades. " Roberto Silva Waack CEO da Amata

A gestão dessas práticas é fator de diferenciação empresarial. A forma como as empresas lidam com esses assuntos é um elemento competitivo central. Ou seja, o tempo “do que deve ou não ser feito” passou. Vivemos o momento do “como incorporar essas práticas no dia a dia”. O setor florestal foi um dos primeiros a lidar com esses elementos de forma concreta.

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afloresta eicas negócio apresenta concretos caminhos para “o como”. À frente do seu tempo, é provocativa, inquietante, controversa, instável e, por vezes, imprevisível, por ser uma construção coletiva, com implementação quase simultânea à sua formatação. Mas é, evidentemente, vencedora. O setor florestal foi a plataforma para modelos de gestão certificados, que hoje contaminam os mais diversos setores da economia, como o agronegócio, a mineração, o turismo e vários outros. Missão cumprida? Certamente, não. Se, por um lado, a incorporação de elementos socioambientais e a licença social via certificação já fazem parte das ferramentas fundamentais da gestão, o desafio da incorporação de novos modelos empresariais e de negócios alinhados com o novo paradigma da relação com os recursos do planeta permanece a ser consolidado. Explico melhor: o enfoque a que me referia nos parágrafos anteriores tratava de evitar, mitigar ou compensar impactos negativos das operações, as chamadas externalidades negativas. Não é aceitável e, em vários casos, legalmente impossível, desmatar, poluir, expor pessoas a condições degradantes, etc. Danos inevitáveis devem ser mitigados ou compensados. Passivos legais são gerados em casos de não cumprimento de regulamentações. Passivos morais e reputacionais são assimilados à imagem das corporações. De uma forma mais simples, práticas socioambientais inaceitáveis (pela sociedade ou pela lei) representam riscos e, com frequência, afetam o valor econômico das empresas. Um bom gestor não pode deixar de, no mínimo, incorporar esses elementos à sua rotina. No entanto isso soluciona parte da equação, não, necessariamente, incorpora os desafios e as oportunidades de negócios diretamente relacionados ao uso mais racional dos recursos naturais. A produção de fibras para celulose, painéis ou energia incorporou, em grande parte, as boas práticas mencionadas. Infelizmente, ainda não se pode dizer o mesmo da produção madeireira tropical, embora haja sinais evidentes de que o ambiente institucional do setor aponta para a exigência legal e mercadológica desses elementos. Mas a floresta vai além da produção de madeira ou fibras. Ela aufere benefícios de outras naturezas para seus proprietários, para as populações do entorno e para a sociedade como um todo. A atividade florestal bem gerida tem externalidades positivas inquestionáveis. Já são bastante comentados e estudados os efeitos no estoque e sequestro de carbono, a manutenção da biodiversidade, a preservação de recursos hídricos, a conservação de solos, a regulação de chuvas e efeitos térmicos, o enriquecimento da paisagem, o abrigo à diversidade cultural, a oferta de energia, alimentos e matérias-primas não madeireiras, além da composição de saudáveis mosaicos no uso ampliado da terra, integrando-se à agricultura ou à mineração, por exemplo. O desafio a que me referia é a consolidação de modelos de negócios que integrem esses elementos no centro de suas atividades. Empreendimentos que vão além da simplista incorporação desses temas a suas missões, descritas em pôsteres e disseminadas em peças de comunicação. Corporações que saibam gerir esses ativos de forma a garantir escala e compartilhar amplamente seus valores. Ativos monetizáveis, compreensíveis e atrativos para o mercado financeiro, com claros efeitos

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Opiniões no valor das organizações que a ele se dediquem. Ativos que, ao mesmo tempo, representem benefícios para quem se envolver diretamente com sua conservação e sua produção, para quem viver em seu entorno e para a sociedade em geral. A abordagem pode parecer por demais socioambientalista, mas há exemplos práticos em direções de outra natureza. O agronegócio é um dos maiores detentores de florestas no Brasil. Sem entrar na pertinência ou não do Código Florestal, o uso da terra está diretamente associado à coexistência da atividade agropecuária com a silvicultura. Provavelmente, uma situação com maior grau de intensidade no nosso país, mas crescentemente válida no mundo todo, especialmente nas economias emergentes. Pode-se argumentar se essa situação representa um ônus para o agronegócio, mas, certamente, o caminho inexorável da lei e das demandas da sociedade é que deveria ser considerado e, principalmente, gerido como um bônus. Um país que conta com imensas áreas subutilizadas como o nosso, com as condições de clima, relevo e solo, pode, como nenhum outro, surfar nas oportunidades de novos modelos de negócio que integrem florestas à pecuária, agricultura, mineração, turismo e outras atividades. Negócios voltados para a recuperação de áreas degradadas com o plantio de florestas, por exemplo, são completamente alinhados com cenários futuros de crescente demanda por terra, fibras e energia. Empreendimentos florestais que vão além da lição de casa básica do cuidado com as externalidades negativas, mas que se fundamentem nas externalidades positivas. Há mais boas notícias para os gestores florestais! As grandes empresas de consultoria, seguradoras e importantes agentes financeiros estão empenhados em incorporar as externalidades nos balanços e nas metodologias de cálculos de valor das empresas. As negativas, evidentemente, corroem valor. As positivas constroem. Os desafios no campo da contabilidade estão sendo enfrentados por organizações como GRI – Global Reporting Inititive e IIRC – International Integrated Reporting Council e, no Brasil, especialmente considerados, pela Bovespa. A discussão, complexa, vai além da simples monetização dessas externalidades, mas engloba o desenvolvimento de sistemas contábeis que incorporem ativos intangíveis derivados dessas externalidades. Florestas têm grande potencial nesse novo paradigma. Mais uma vez na fronteira, forjando novos modelos de negócios, estratégias e rotinas de administração. Várias corporações do setor, no Brasil e no exterior, estão na linha de frente. Lidam, como aconteceu com a consolidação da certificação, com inquietudes, instabilidades, incertezas e imprevisibilidade. Convivem, ao mesmo tempo, com a informalidade, a ilegalidade e a impunidade que caracterizam o mundo da floresta tropical. Navegam com vários elementos intangíveis. Haja “is”! Haja oportunidade! Haja desprendimento! “Floresteiros”, mãos à obra! O “i” da inovação na gestão bate novamente à porta. O “i” da integração dos ativos tradicionais e tangíveis com os intangíveis é evidente. O “i” da interconexão da floresta com as finanças é necessário. O jogo é bom e vale a pena.


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Opiniões

alternativas de modelo de gestão do

negócio florestal

A floresta industrial: Por falta de outra opção, e como era a política da época, as indústrias de celulose e de ferro à base de carvão vegetal foram impelidas a verticalizar sua produção, produzindo sua própria madeira para consumo. A exceção ocorreu em parte da indústria de ferro, que se valeu de madeira nativa, para alimentar seus altos fornos a carvão vegetal, opção que se mostrou insustentável. A base do desenvolvimento florestal brasileiro que conhecemos hoje decorreu, inicialmente, das pesquisas desenvolvidas por essas indústrias, através de seus departamentos florestais, apoiadas por universidades e centros de pesquisas florestais que existiam. O domínio da tecnologia de branqueamento da celulose de eucalipto pelo Brasil foi a propulsora nessa fase.

Cada vez mais, os acionistas exigem que as indústrias desonerem seus ativos imobilizados e que foquem no seu negócio principal, na busca de maior rentabilidade para seus investimentos. " Geraldo Alves de Moura Membro do Conselho de Administração da Plantar

Os incentivos fiscais ao reflorestamento: Nos primórdios da década de 1970, o Brasil passou a perceber a importância das florestas industriais e criou os Incentivos Fiscais ao Reflorestamento. O objetivo do governo foi gerar emprego e renda na formação de maciços florestais em regiões não industrializadas do País, mas aptas para o reflorestamento, e, com isso, atrair as indústrias e o desenvolvimento. O cerrado brasileiro, até então fadado a queimadas anuais para o uso como pastagem extensiva de gado, foi “descoberto” para o reflorestamento.

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Inúmeras empresas especializadas em reflorestamento surgiram em todo o País, universidades de engenharia florestal e centros de pesquisas também. Criou-se uma forte estrutura e capacitação empresarial em torno dessa nova oportunidade. Ainda que não tenha sido perfeito, considero altamente positivo o balanço da adoção dos incentivos fiscais ao reflorestamento. A celulose brasileira de eucalipto ganhou o mundo, as florestas formadas com os incentivos fiscais, a base



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floresta negócio tecnológica e de gestores florestais, então formados, deram sustentação à alta demanda e à urgência por novos plantios. O mesmo ocorreu na expansão da siderurgia. O Protocolo de Kyoto: O Protocolo de Kyoto e o seu Mecanismo de Desenvolvimento Limpo deram reconhecimento global ao potencial do eucalipto como poderoso e ágil agente de resgate do CO2 da atmosfera e liberador eficaz de O2 puro. Além dessa característica marcante, associada a toda a base florestal do Brasil, incluindo os segmentos de papel e celulose, siderurgia, chapas, painéis, móveis, lápis e madeira tratada para a construção civil, a biomassa proveniente das florestas plantadas pode ser usada no lugar de combustíveis ou produtos de origem fóssil ou não renovável. Um bom exemplo é o uso do carvão vegetal de florestas plantadas, ao invés do carvão de matas nativas, na indústria de ferro gusa. Juntamente com a incorporação de novos critérios de gestão socioambiental, esse vasto potencial de mitigação da mudança do clima contribuiu para mudar a percepção da sociedade mundial com respeito aos plantios de eucaliptos. A floresta negócio: Neologismo criado recentemente, ele pretende definir a formação e a gestão de florestas plantadas como um negócio em si, autônomo, bem gerido, tecnologicamente desenvolvido, ecológica e economicamente sustentável. Sem concentração regional e empresarial, ele pretende suprir a demanda das indústrias por madeira plantada e superar um déficit que já é histórico. Recursos financeiros complementares podem ser levantados através da comercialização de créditos de carbono, e o respaldo científico que embasam os atuais plantios e os cuidados socioambientais efetivamente aplicados pelas empresas fazem da base florestal, dessa forma desenvolvida, uma boa ferramenta a ser utilizada de maneira muito forte, principalmente pelos setores de celulose e de siderurgia, tão importantes para o Brasil. E o meio ambiente agradece. A floresta negócio, assim conduzida, vem adicionar nova opção de suprimento para essas indústrias.

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Opiniões Acompanhei, certa feita, a visita de um grupo de japoneses aos nossos maciços florestais. Em um dado momento, um visitante parou em frente a um dos eucaliptos e perguntou ao interprete: “qual a altura dessa árvore?”. Após consultar o engenheiro local, ele respondeu: “25 metros”. “E qual a idade”, indagou. “Cinco anos”, respondeu. “Oh!”, exclamou o visitante, “no Japão, levamos cinco anos só para produzir as mudinhas”. Pois bem, os sete anos que levamos aqui para colher o eucalipto, extremamente curto para os padrões da silvicultura, transformava-se em um século, quando íamos aos bancos dizer que precisávamos de empréstimos com sete anos de carência para pagar, prazo inviável para os nossos padrões bancários. Ou seja, não existia financiamento, o próprio industrial tinha que se financiar. A capacidade de gestão e o grau de sofisticação alcançados pelos produtores de florestas plantadas no Brasil, aliados ao grande potencial de demanda, principalmente para esses dois setores industriais, chamaram a atenção dos fundos de pensão nacionais e estrangeiros para esse mercado. Capital paciente, que busca segurança e rentabilidade de longo prazo, os fundos vislumbraram, na atividade florestal no Brasil, um porto seguro para seus investimentos. Cada vez mais, os acionistas exigem que as indústrias desonerem seus ativos imobilizados e que foquem no seu negócio principal, na busca de maior rentabilidade para seus investimentos. Se, hoje, começamos a vislumbrar novas oportunidades de acesso a capitais e a financiamentos de longo prazo, sobra-nos a competência acumulada para uma boa gestão e rentabilização das “florestas negócio”. No entanto qualidade e produtividade devem constituir o foco na formação da “floresta negócio”. As boas práticas empreendedoras devem ser estimuladas, assim como o uso de empresas especializadas e experientes em engenharia florestal, para que possam trazer conhecimento e qualidade de serviço, valorizando o trabalhador e remunerando adequadamente o seu trabalho. Todas elas são condições nas quais repousa o sucesso desse novo modelo. E isso deve ser perseguido com afinco, determinação e persistência.


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Opiniões

a legislação que

afaga pune

é a mesma que Embora os reflorestamentos no Brasil tenham iniciado, de fato, com os plantios de Navarro de Andrade para abastecer de lenha o transporte ferroviário no limiar do Século XX, foi por questões legais, a partir da década de 1960, que a silvicultura deslanchou. É que, com os benefícios fiscais concedidos às empresas consumidoras de madeira de floresta nativa – notadamente pela Lei nº. 4.771/65 (finado Código Florestal) e pela Lei nº. 5.106/66 (que incentivou os reflorestamentos) –, acrescidos aos programas de desenvolvimento das indústrias de celulose ocorridos na década de 1970, a área reflorestada no País saltou de 500 mil para 6 milhões de hectares em 1988, ano em que cessaram os incentivos fiscais por ordem da Lei nº. 7.714/88.

Paradoxalmente, tanto a criação quanto o fim das leis de incentivo ao reflorestamento foram fundamentais para a consolidação do Brasil como um player internacional e para a construção de um mercado de madeira sob competição perfeita, no qual os proprietários pudessem investir num negócio florestal de risco, mas rentável. Em que pese a constatação de alguns insucessos, prevaricações, má localização de projetos e, ainda, circunstâncias tecnológicas da época, é inegável o quanto os efeitos dessas legislações mostraram ao País como ele é forte na cadeia produtiva das indústrias de base florestal. Aliás, mesmo diante das críticas de lideranças do setor ao fim da política de incentivos, é justamente ela que mudou a forma de gerir as plantações, já que, até então, com disponibilidade de recursos subvencionados e de longo prazo, pouco se exigia em termos de eficiência de gestão da plantação, ao contrário do que hoje ocorre.

apesar de ter sido divinamente contemplado pelas condições naturais, o País é penalizado por tecnocratas incompetentes, abduzidos pelo “ovni” da petulância etnoambientalista, que se colocaram a serviço de determinadas ONGs para dificultar o crescimento do setor florestal " Sebastião Renato Valverde Professor de Política, Gestão e Legislação Florestal da UF-Viçosa Colaboração: Lumma Papaspyrou Ferreira, graduanda em Engenharia Florestal

É de conhecimento de todos da área florestal que as regras de incentivos também beneficiaram os produtores, no entanto a condição daquela época em que não havia mercado florestal estabelecido – não se tinha preço e, muito menos, perspectiva de mercado – não permitiu, obviamente, aos produtores arriscarem em reflorestamento, mesmo porque se convivia com inflação e juros altos, incompatíveis com a natureza desses projetos, havendo, ainda, o receio de ser refém de único comprador.

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centros de pesquisa e desenvolvimento Dessa forma, coube às indústrias florestais, sobretudo às de celulose e siderurgia, reflorestarem em áreas próprias, inclusive por exigência legal de autoabastecimento, acarretando, naturalmente, no tão combalido latifúndio de monocultivos florestais. Daí, àquelas empresas não se exigia tanta competência gerencial para se ter plantações lucrativas, dado o lucro significativo nos produtos celulose, aço, painéis, dentre outros. Diante desse quadro, o maior desafio da gestão florestal foi evitar a falta de madeira na fábrica. Porém, com o fim dos incentivos, dada a crise na década de 1980, as indústrias reduziram os plantios, ainda que na contramão do aumento da demanda por madeira. Nada mais óbvio que, com o aumento anual da demanda e a estagnação na oferta – que se refletiria no longo prazo, em virtude do estoque florestal que se formou no período dos incentivos –, faltasse madeira e seu preço aumentasse. Tal colapso na oferta – o bendito “apagão florestal” –, a partir de 2004, tornou o investimento florestal atrativo. Daí, com os proprietários rurais investindo em reflorestamento, liberando as indústrias do “dever” de produzirem madeira para focar naquilo que as coloca no mercado em condições de competir – que é industrializar –, o mercado florestal ficou tendente a ser mais justo socialmente e mais exigente gerencialmente. O fato é que, enquanto não acontecia a influência negativa dos movimentos misantropos etnoambientalistas, aquelas leis que traçaram políticas de incentivos às plantações florestais realmente contribuíram para o progresso do setor. Mas, a partir da influência de organizações com interesses duvidosos, o setor caminha para uma estagnação perigosa, sendo colocada em risco a conquista obtida nos últimos 50 anos.

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Opiniões

Ao contrário das leis que incentivaram os projetos florestais, as regulamentações relativas às questões socioambientais – amparadas em causas justas, mas submissas aos delírios e destemperos de ambientalistas e medievais – têm desperdiçado o potencial competitivo neste mundo globalizado. Em doze anos, o Brasil, que ostentava o status de país com o menor custo de produção de madeira, caiu quatro posições no ranking. Torna-se realidade a ameaça de melhor produtor florestal por países asiáticos e, em breve, pelos africanos, caso a silvicultura brasileira continue atravancada por uma legislação subserviente, ineficaz e, portanto, inócua e refém de preconceitos ideológicos. Já não bastasse o desnecessário licenciamento ambiental exigido das plantações florestais em áreas de pastagens abandonadas, alguns estados-membros têm cobrado levantamentos arqueológicos nas fazendas, fundamentados em alucinações medievais. Teóricos, ao se depararem com ossos de bovinos nas fazendas, criam regramentos arqueológicos no campo como se tivessem descoberto “fósseis” de unicórneos. Não será descobrindo o passado e enterrando o futuro que se alcançará o almejado desenvolvimento sustentável. Ao contrário, as futuras gerações olharão para trás e verão um mundo estagnado pelo medo, herdarão um verde desprovido de qualidade de vida, já que emoldurado, estático e, portanto, sem finalidade real de congregar todos aqueles fatores que permitem ao homem se desenvolver de forma completa, holística. Embora a política de incentivos tenha terminado em 1988, o Brasil continua, praticamente 30 anos depois, com os mesmos míseros 6 milhões de hectares reflorestados. Inaceitável para um país continental e florestal por natureza. Caçadores de “chifre em cabeça de cavalo” são culpados por manter o setor florestal nesse limbo, achincalhando com as esperanças de milhões de famílias que trabalham para o setor. Poucos países reúnem tantas condições favoráveis para o desenvolvimento das plantações florestais como o Brasil. Nem mesmo os mais próximos concorrentes, como alguns países asiáticos e os africanos, as possuem em seu conjunto. Solos, água, clima, extensão territorial, tecnologia, gestão e certa “estabilidade” democrática são ingredientes que contribuíram para tornar o Brasil essa referência florestal. Ocorre que, apesar de ter sido divinamente contemplado pelas condições naturais, o País é penalizado por tecnocratas incompetentes, abduzidos pelo “ovni” da petulância etnoambientalista, que se colocaram a serviço de determinadas ONGs para dificultar o crescimento do setor florestal e, com isso, desperdiçar as oportunidades de geração de riquezas, empregos e divisas para as presentes e futuras gerações brasileiras. Não há modelo de gestão que resista a tanta restrição arbitrária e questionável – ineficiente na proteção e na melhoria de vida das pessoas. Imaginar que o setor florestal se desenvolva nessa “camisa de força”, que, além de todas as consequências, perceptíveis até aos leigos, encarece o produto brasileiro, é o mesmo que exigir que um peixe sobreviva fora d’água. Impossível! Urge que se dê liberdade para quem produz, primando pelo princípio da presunção da inocência, não no da culpa. Basta de preconceito.


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formigas cortadeiras:

uma praga a ser combatida...

As formigas cortadeiras, saúvas e quenquéns, são as principais pragas no cultivo de diversas plantações, podendo ocasionar perdas expressivas no cultivo se não forem devidamente controladas. São originárias da região Amazônica brasileira e desta migraram para regiões sul e norte do continente, limitando-se ao paralelo 33 norte (Sul dos EUA) e 33 sul (Argentina) não ocorrendo no Chile e Fernando de Noronha devido às condições climáticas desfavoráveis no primeiro e obstáculo geográfico no segundo (distante do continente). As saúvas e quenquéns cortam as folhas das plantas para cultivarem um fungo do qual se alimentam, e quanto maior o tamanho da colônia, maior a quantidade de folhas cortadas e maiores serão os prejuízos em cultivos de espécies florestais. O corte de folhas e plantas é mais intenso no período de março a setembro, período no qual a colônia necessita de muito alimento para desenvolver as formas aladas, conhecidas como tanajura (fêmea) e bitu (macho), responsáveis pela reprodução da espécie, que ocorre no período chuvoso de outubro a janeiro (revoadas). Este comportamento nos ajuda a definir uma excelente estratégia de controle, pois se a necessidade de folhas é maior no período de março a setembro, o uso de formicida granulado neste período terá excelente resultado no controle, pois todo produto aplicado será carregado e usado pelas formigas. A isca formicida granulada é formulada com excelentes atrativos para a formiga, como polpa de laranja, óleo de soja, entre outros ingredientes e também com inseticida que não é percebido por elas.

O formicida é usado pelas formigas como fonte alimentar para desenvolvimento do fungo, assim como as folhas. O comportamento de preparar a folha para colocar no fungo é o mesmo em relação ao formicida granulado e desta forma a formiga se contamina com o inseticida. A melhor técnica usada no combate a formigas cortadeiras é o uso da isca formicida granulada, pois contém inseticida de baixa toxicidade ao homem e ao meio ambiente, é usado de forma localizada, próximo ao formigueiro e na quantidade adequada ao tamanho do formigueiro, pois considera a área de terra solta do mesmo. A segurança do formicida é reconhecida pelo Ministério da Agricultura, por isso a necessidade de usar somente produtos com registro neste orgão. O local de aplicação do formicida deve ser sempre próximo aos olheiros de carregamento (orifícios onde as formigas constroem carreiros para cortar folhas), ao lado do carreiro. Deve-se ter muito cuidado com o armazenamento da isca formicida, evitando colocar o produto juntamente com combustível e outros defensivos que tenham odor forte, pois a isca pode adquirir odor diferente ao atrativo e não ser aceito pelas formigas, que não irão carregá-la para o formigueiro. O uso correto do produto, com EPI adequado, na época correta é a técnica que proporcionará melhor resultado de controle e garantirá uma boa colheita de espécies florestais cultivadas.

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Opiniões

as alternativas de

gestão

A Revista Opiniões lançou o desafio de comparar dois modelos de gestão de florestas plantadas ao longo do seu período de existência. Para melhor compreendê-los, temos que voltar ao passado mostrando as suas características e verificar que não houve uma inclusão abrupta do modelo de investimentos florestais como visão de negócio, mas sim gradativa. O primeiro modelo, denominado pela revista de “floresta industrial”, se iniciou com a política de incentivos fiscais, e não se pode negar que o suporte dado pelo Estado foi fundamental para uma alavancagem tão rápida. Como o objetivo era, principalmente, o desenvolvimento da base industrial brasileira, a floresta plantada tinha a função de ser fonte de matéria-prima para a indústria, e, assim, a visão estratégica para elas era maximizar o ganho em escala – e aí se entende a busca pela produtividade – com a consequente redução dos custos, respeitando as premissas de qualidade exigidas pelo processo industrial. Assim, era possível apoiar a competitividade industrial, já que a maioria dos produtos eram, e são, pouco diferenciados, e a competição por preço, fundamental. Visto que os maiores investimentos eram na planta industrial, foi possível que erros naturais de um processo novo pudessem ser suportados, o que dificilmente seria possível se o setor florestal se iniciasse como um negócio independente, mesmo tendo, na época, recursos a fundo perdido. Portanto foi lógica a escolha estratégica implementada na época. Como característica ainda desse modelo, as indústrias procuraram o máximo controle da produção da matéria-prima, reduzindo riscos de desabastecimento e qualidade.

verifica-se que não há dois modelos, mas um número maior e que eles foram se desenvolvendo gradativamente. Há um melhor? "

João Carlos Garzel da Silva Professor de administração florestal e gestão empresarial da UF-PR

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Ocorre que o sistema econômico é dinâmico, e, assim, as estratégias empresariais devem mudar. A terra começou a ficar cara nos locais onde as florestas estavam implantadas bem como o próprio capital, e há ainda a finalização dos incentivos fiscais. Além destes, novos fatores, como a necessidade de a empresa inserir o conceito de responsabilidade social, fazem com que as empresas repensem a estratégia. A política de inserção de produtores rurais dentro da região de influência começa a ser realizada, iniciando a mudança no modelo original. Critérios econômicos e sociais são procurados, a imagem da empresa fica preservada, por exemplo, minimizando as resistências à monocultura de florestas, que ainda existem em muitos lugares. O problema desse modelo é o aumento da complexidade e do risco. Os produtores rurais, normalmente, não têm capital de investimento, e, portanto, as empresas necessitam apoiar a viabilização desses plantios de algum modo. Também não há proximidade cultural, já que floresta é de longo prazo, e os produtores rurais são, normalmente, ligados à produção de curto prazo.



centros de pesquisa e desenvolvimento Há ainda o risco da não manutenção da qualidade esperada. Os departamentos florestais das empresas se deparam, agora, com novas características, já que necessitam trabalhar com fatores, muitas vezes, fora de seu controle, além de iniciar conhecimentos de mercado, pois devem oferecer preços que atraiam o produtor rural e alguma segurança de que irão absorver pelo menos parte do volume produzido. Portanto esses departamentos deixam de ter a visão de somente produzir para a indústria e devem atuar como agentes indutores de crescimento do setor florestal, de certa forma, independente. Por outro lado, grande parte dessas empresas se depararam com um excedente de madeira, e esta teria que ser destinada a outros mercados que não a indústria coligada. Um novo fator é incluído, a venda. O modelo novamente se modifica – os departamentos florestais devem, de forma sucinta, produzir, comprar, vender. Se, no modelo original, o objetivo era suprir a própria indústria, agora é necessário repensar o sistema para adquirir e suprir outros clientes e se começa a pensar o Departamento Florestal como uma SBU (Strategic Business Unit). As exigências são diferentes, as competências mudam, o conhecimento da dinâmica do mercado como um todo deve ser absorvido, e, em muitas empresas, o retorno do investimento na floresta começa a se tornar mais importantedo que a entrega pelo menor preço à indústria coligada. Essa mudança causa conflitos naturais, não sendo rara a dificuldade de internalização dessa nova óptica e, muitas vezes, com recuo nessa estratégia. Esse processo permitiu, porém, analisar o setor florestal não somente como uma área de suprimentos em uma empresa verticalizada, mas também como um negócio. Some-se ainda uma nova fase de crescimento industrial, e investidores independentes, entre eles fundos dos países desenvolvidos, percebem uma nova oportunidade estratégica para investir, iniciando uma nova fase, que não substitui os modelos anteriores, mas agrega uma nova opção. Esse modelo, porém, também tem sua complexidade e seu risco, até porque o investimento é de longo prazo. Os conhecimentos somente sobre produção de florestas não são mais suficientes. Devem-se agregar vários outros

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Opiniões

para o setor florestal independente, entre eles planejamento estratégico, cenários, mercados e finanças. Conhecimentos estes que, normalmente, ficavam sob responsabilidade da holding ou da indústria. Portanto, nesse novo modelo, o setor florestal, na visão de negócio independente, atua tanto na produção como no mercado, mas assume todo o risco, diferente dos outros modelos em que a indústria ou a empresa absorvia grande parte do risco florestal. O objetivo maior nesse modelo é a rentabilidade, já iniciada nos Departamentos Florestais, porém com uma característica diferente: ela deve ser suficientemente atrativa para investidores independentes, com uma análise de riscos mais estruturada, já que o investidor tem opções para o seu capital. Para isso, devem existir novos procedimentos, em que, eventualmente, um custo maior não significa necessariamente uma perda de competitividade, pois pode estar atendendo melhor aos seus clientes e conseguir um melhor preço, maior market share e/ou maior fidelização. Assim, estratégias modernas de gestão são inseridas e um novo profissional também. Fica claro que esse é um negócio de maior risco, pois, além da sua absorção total pelo setor florestal, as indústrias tenderão a dar preferência, sempre que possível, à sua própria matéria-prima e a utilizarão para negociar preços. Quando eles estiverem baixos, haverá o incentivo para comprar no mercado; quando o preço se eleva de aquisição própria. Essa é uma característica com as quais os investidores florestais independentes terão que conviver por um bom tempo, até que as indústrias tenham tranquilidade de que poderão depender do mercado sem riscos de desabastecimento, do aumento de preços não justificados dos fornecedores e/ou de que a qualidade exigida será mantida. Assim, deve-se ter paciência, até que esse novo sistema chegue à sua maioridade. Em resumo: verifica-se que não há dois modelos, mas um número maior e que eles foram se desenvolvendo gradativamente. Há um melhor? Considero que não. Cada empresa tem que ter claros seus objetivos estratégicos e utilizar aquele que melhor corresponde a eles. As empresas independentes devem ser altamente profissionalizadas para sua efetiva inserção. Eles irão conviver por um bom tempo.



centros de pesquisa e desenvolvimento

gestão florestal e

pesquisa científica

Para o crescimento sustentável, é primordial que se estabeleça uma base econômica sólida com aderência à realidade do País, visando à inclusão social e à distribuição da renda com diversificação de produtos e aumento da oferta de empregos. Nesse contexto, o setor florestal ocupa lugar de destaque e precisa incorporar, continuamente, novas tecnologias e processos para manter sua competitividade no mercado nacional e internacional. O Brasil, cada vez mais, é influenciado pela globalização econômica, ambiental e social. Ao lado de uma economia organizada, coexistem diferenças regionais, e nossas dívidas sociais, de raízes históricas, cobram soluções. O setor florestal é multifacetado, abrigando desde empresas que investem em indústrias com alto nível de sofisticação tecnológica até comunidades que sobrevivem de extrativismo puro. Assim, há fortes demandas por tecnologias, no setor primário e secundário, desde silvicultura de precisão com equipamentos sofisticados até tecnologia silvicultural para aplicação direta em propriedades rurais familiares; desde cultivos com base genética muito melhorada até material genético original, mesmo sem seleção inicial. Em qualquer dessas situações, os modelos de gestão do negócio florestal exigem a aplicação de critérios econômicos, operacionais e mercadológicos. Somam-se a eles, e cada vez com maior peso, critérios sociais e ambientais, que podem ser vistos como oportunidades. Entretanto, se não observados, podem resultar em problemas de diversas naturezas. Todos esses critérios incorporam, em sua essência, forte componente científico. No entanto o potencial de cada um deles em beneficiar o desempenho de um empreendimento florestal será otimizado com a inserção de pesquisa científica ligada ao desenvolvimento tecnológico. Os empreendimentos com gestão que incluem nos processos a aderência de pesquisa e inovação sempre se mostram os mais eficientes, tanto nos sistemas de produção da matéria-prima como da produção industrial.

Nos últimos trinta anos, o Brasil foi o país que mais ganhou produtividade com florestas plantadas. Foi um investimento muito pequeno em relação ao retorno que vem proporcionando. "

Edson Tadeu Iede Chefe-geral da Embrapa Florestas

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A pesquisa científica tem sido um dos principais pilares para os sucessos no setor florestal. Nos últimos trinta anos, o Brasil foi o país que mais ganhou produtividade com florestas plantadas. Foi um investimento muito pequeno em relação ao retorno que vem proporcionando. Com contribuições efetivas e relevantes, o sistema brasileiro de pesquisa florestal possui um grande estoque de tecnologias com elevado potencial para aplicação nos segmentos do setor. O sistema nacional de pesquisa florestal é composto, basicamente, pela Embrapa, institutos de pesquisa públicos ou privados, universidades com cursos de pós-graduação na área florestal e de ciências agrárias e biológicas, com relevante produção científica. Fundações de pesquisa agregadas a cursos de pós-graduação e faculdades completam o sistema, além das próprias empresas florestais. Pesquisadores das empresas florestais trabalham de forma integrada com os de outras instituições e viabilizam tecnologias que trazem, sistematicamente, retornos muito significativos. Assim, as empresas florestais se beneficiam quando contam com esses elementos no seu sistema de gestão. A desativação de departamentos de pesquisa dentro de muitas empresas, que ocorreu principalmente no início dos anos 1990, por determinação de proprietários que exigiam redução de custos, foi um erro que custou caro. Na maioria dos casos, a atividade foi repassada para outros departamentos, que se sobrecarregaram com o acúmulo de funções, e, em outros, foi praticamente extinta. Posteriormente, muitos reativaram, mas com prejuízos decorrentes da falta de continuidade. A pesquisa é dinâmica, está sempre evoluindo e viabilizando soluções para o aumento da produtividade florestal e a melhoria


Opiniões da qualidade dos produtos e processos, com sustentabilidade. Uma gestão eficiente deve estar atenta aos resultados gerados, buscando, sistematicamente, incorporá-los aos processos nos empreendimentos. Em geral, a pesquisa florestal tem limitações em gerar resultados em curto prazo, mas precisa se antecipar a demandas futuras, para garantir a capacidade competitiva do produtor. Com os incrementos populacionais, amplia-se a demanda por conhecimentos e ações voltadas à sustentabilidade e ao capitalismo dos recursos naturais. Empresas, comunidades, produtores e governo buscam modelos diferenciados de produção florestal, onde se destacam o fomento florestal, os arranjos produtivos locais, os distritos florestais sustentáveis, as reservas extrativistas e o manejo florestal comunitário. Assim, o Brasil amplia as atividades florestais, aumenta e diversifica os produtos madeireiros e não madeireiros em todo o território e caminha em busca da produção sustentável, fortalecendo a economia verde. A adequação ambiental das propriedades, a recuperação de áreas mal utilizadas ou abandonadas, a necessidade de valorização da agricultura familiar e a ampliação da fronteira agrícola no Centro-Oeste e Norte trouxeram oportunidades e ressaltaram lacunas tecnológicas. O atendimento das exigências da legislação ambiental demanda tecnologias, produtos e processos específicos para aplicação em milhões de hectares, com diferentes especificidades. As Políticas Nacionais de Florestas Plantadas e de ILPF, o Plano ABC, o Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade, as Políticas Nacionais

de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, de Agroecologia e Produção Orgânica e o Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional também trazem demandas urgentes de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Na reintrodução do Eucalyptus no Brasil, no início dos anos 1980, a Embrapa Florestas interligou instituições de PD&I e empresas, estimulando e atuando em projetos cooperativos, e organizando a implantação de mais de duzentos experimentos em todo o País, especialmente nas áreas dessas empresas com material genético coletado por um pesquisador da Embrapa na Austrália. O resultado é a ampliação da produtividade para até três vezes nas últimas três décadas. Hoje, os produtores dispõem de clones altamente produtivos, com biomassa apropriada para cada finalidade industrial e adaptação em diferentes ambientes de cultivo. Com o apoio das empresas, foram desenvolvidos programas computacionais para manejo e gerenciamento florestal das principais espécies plantadas. Pragas que ameaçavam os plantios, como a vespa-da-madeira no Pinus, surgiram e tiveram rápida resposta de controle biológico, com baixíssimo custo. Muitos outros resultados de pesquisa poderiam ser destacados, mas o ponto comum é que todos são exemplos de sucesso com retorno econômico de vários bilhões de dólares ao País e ao setor. Foram viabilizados graças à visão gerencial dos executivos das empresas, que, de forma inestimável, acreditaram nas pesquisas nas diferentes etapas do sistema produtivo e as apoiaram e ao comprometimento, à perseverança e à eficiência dos pesquisadores do sistema nacional de pesquisa florestal.


centros de pesquisa e desenvolvimento

planejamento otimizando

restrições

Há algumas décadas, o Brasil vem se destacando no cenário mundial pelo seu potencial produtivo florestal, alcançando valores de crescimento inéditos e que representam verdadeiros recordes em nível mundial. Atualmente, algumas florestas plantadas com espécies do gênero Pinus vêm crescendo com incrementos médios anuais superiores aos 30m3/ha-1/ano-1, enquanto, para o gênero Eucalyptus, esses incrementos superam os 50m3/ ha-1/ano-1. Esses números representam valores médios comerciais e não valores máximos experimentais, como ocorria há 3 ou 4 décadas.

cadas, é necessário que a produção florestal, caso se trate de florestas próprias, possa acompanhar esse crescimento, proporcionando, anualmente, um volume 5% superior ao do ano anterior. Uma das mais tentadoras ameaças que os administradores enfrentam na hora da tomada de decisões é o fato de estar gerenciando um sistema produtivo em que a fábrica e o produto se confundem, sendo impossível a retirada apenas do produto sem afetar a fábrica. Para realizar o objetivo da produção florestal, que é a retirada de madeira da floresta, é preciso eliminar a fábrica, que é formada pelas próprias árvores. Nesse ponto é que a floresta deve ser vista como uma gigantesca poupança que, anualmente, gera seus dividendos na forma de madeira.

A visualização e o controle espacial e temporal das respostas constituem uma exigência dos tomadores de decisões, devendo ser incorporada aos modelos avaliados. É impossível pensar em planejamento florestal estratégico otimizado sem a utilização de software especializado. " Julio Eduardo Arce Professor de Manejo, Planejamento e Otimização Florestal da UF-PR

Nesse cenário promissor, é importante o planejamento estratégico ou o planejamento de longo prazo, o qual tem como uma das suas finalidades principais o controle dos fluxos físico e financeiro futuros, considerando horizontes de planejamento longos. É importante destacar que o controle dos fluxos físico e financeiro não se refere apenas ao equilíbrio da produção de madeira, critério denominado even-flow pelos administradores florestais; ele pode ser utilizado também como um simulador da capacidade de expansão da produção com vistas à ampliação da oferta para as unidades consumidoras da matéria-prima florestal. Há situações em que o que se busca é o crescimento contínuo da produção florestal acompanhando, por exemplo, o crescimento previsto das vendas dos produtos industriais acabados. Em outras palavras, se um determinado setor industrial que utiliza a madeira como matéria-prima para fabricação das embalagens de seus produtos prevê um crescimento contínuo de 5% para as próximas duas dé-

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Se a rotação da floresta for, por exemplo, de 20 anos para o caso de florestas de Pinus, uma conta muito simples nos diz que apenas uma fração máxima de 1/20 da floresta poderia ser colhida anualmente. No entanto há situações em que fatores externos, como demanda e preço, estimulam a retirada de mais madeira da floresta do que essa fração máxima. No curto prazo, as consequências dessa decisão podem até não ser percebidas, mas, no longo prazo, certamente elas terão seu impacto, e é bem provável que quem tomou essa decisão no passado sequer esteja ainda à frente da administração da floresta quando a falta de madeira se tornar evidente. Atualmente, no Brasil, cada vez mais, as empresas utilizam ferramentas matemáticas de otimização para auxiliar na tomada de decisões. Nesse sentido, o Planejamento Florestal Estratégico Otimizado incorpora critérios matemáticos rigorosos de otimização, visando obter da floresta a máxima produção ou o máximo retorno financeiro possível. Empresas verticalizadas que não são autossuficientes podem adotar como objetivo


Opiniões a maximização da produção física de madeira, enquanto produtores florestais independentes certamente desejarão maximizar o retorno financeiro da sua floresta. Já os responsáveis pelo abastecimento de madeira para uma determinada indústria podem interessar-se pela minimização dos custos de produção florestal. A flexibilidade dos modelos de planejamento florestal estratégico otimizado permite que, antes mesmo da derrubada da primeira árvore, inúmeras simulações sejam realizadas. Os horizontes de planejamento utilizados geralmente vão de 1,5 a 2 vezes a rotação da floresta, no caso do Pinus, com rotações de 20 anos e horizontes de planejamento de 30 a 40 anos, ou até 3 vezes a rotação, no caso do Eucalyptus, para a produção de madeira fina, com rotações de 7 anos e horizontes de planejamento de 21 anos. E, como se não bastasse a complexidade matemática dos modelos, surge, atualmente, a necessidade de se incorporar a eles restrições espaciais e operacionais, sem as quais as respostas otimizadas podem tornar-se, simplesmente, utópicas. A visualização e o controle espacial e temporal das respostas constituem uma exigência dos tomadores de decisões, devendo ser incorporada aos modelos avaliados. É impossível pensar em planejamento florestal estratégico otimizado sem a utilização de software especializado. Neste sentido, no Brasil, já há disponibilidade de programas computacionais para gerar a complexa “árvore” de opções de manejo para mais de uma rotação, permitindo até mesmo a substituição das atuais florestas por outras mais produtivas. Alguns desses programas incorporam simuladores

de crescimento e produção com otimizadores que montam e resolvem os complexos modelos matemáticos com vários milhares de variáveis e restrições. A formação de blocos de colheita anual com área mínima visando atender restrições operacionais para viabilizar a colheita mecanizada já é um fato nos tempos atuais. Com o advento de equipamentos cada vez mais poderosos, é possível resolver, em minutos, problemas que, há um par de décadas, demandavam horas ou até dias para sua resolução. Nas universidades brasileiras, alguns cursos de engenharia florestal já incorporam, no seu currículo, disciplinas específicas que abordam tanto aspectos teóricos quanto práticos da montagem e da resolução desses modelos de planejamento florestal estratégico otimizado, incluindo a utilização de software especializado. Contudo a disseminação do conhecimento ainda pode ser considerada uma grande barreira para o uso generalizado dessas ferramentas avançadas de gestão da produção florestal. As parcerias entre universidades e empresas vêm se fortalecendo a cada ano por meio do apoio a projetos de pesquisa, capacitação dos profissionais das empresas em programas de pós-graduação, treinamentos in-company, dentre outros. É evidente que, aos poucos, o ceticismo de alguns anos atrás que havia em alguns tomadores de decisão deixa lugar, ao menos, à curiosidade, por verificar se os modelos matemáticos de planejamento florestal são capazes de detectar soluções melhores que as por eles adotadas. E é nesse sentido que, como professor e pesquisador da área de planejamento florestal, deixo a seguinte interrogação: Você já planejou sua floresta hoje?


consultores e especialistas

projetos

de investimento florestal

A busca de alternativas de suprimento de madeira para a grande cadeia das indústrias de papel e celulose, chapas de fibras e carvão já vem ocorrendo no Brasil desde os anos de 1980. Iniciativas como projetos de extensão e de fomento florestal foram alternativas de desenvolver a cultura de plantios de árvores no meio rural, desenvolver um pulmão extra para momentos de crises ou expansões, criar uma alternativa de suprimento de madeira que fosse eficiente financeiramente e reduzir o aumento do ativo em terras. Essas iniciativas serviram como uma estratégia de se criar um mercado de produtores individuais de madeira. Até então, todas as formas de desenvolvimento estavam lastreadas pela transferência de tecnologia das grandes cadeias de produção industrial. Num certo momento, as empresas abertas começaram a ser questionadas pelos analistas financeiros pelo aumento do custo caixa da madeira, em função do aumento da compra da madeira de terceiros e fomentados.

Houve uma interrogação em razão da visão contábil versus a visão estratégica e financeira. Muitas instituições colocaram em dúvida a eficiência do modelo de ter programas de fomento no formato que era desenvolvido e até mesmo da eficácia da criação do mercado de madeira nas suas regiões de atuação. A partir do meio da primeira década deste século, começaram a discutir e a ser criadas empresas investidoras e gestoras de ativos florestais, trazendo para o Brasil o que já era comum em países do hemisfério norte, como Estados Unidos, por exemplo. Nas grandes corporações, existia a dúvida de se usar essa nova alternativa dentro de sua cadeia de abastecimento, em função da preocupação estratégica de garantia de suprimento; da pressão do mercado financeiro em função do aumento do custo caixa; da dificuldade de se criar contratos de compra e venda de madeira no longo prazo, dentre outras dúvidas. Mesmo assim, alguns investidores com capital internacional se lançaram à compra de ativos e à criação de novos gestores florestais, que não são os fazendeiros e empresários florestais criados pelos programas de fomento florestal. Criava-se uma nova classe de empresas florestais.

Investimentos florestais concorrem com outros investimentos, e esses investidores, na maioria das vezes, não terão nenhuma relação com a indústria, ou seja, estão procurando retorno e não viabilizar uma nova fábrica. " Marcelo Santos Ambrogi Diretor de Operações Florestais da Weyerhaeuser Solutions do Brasil

No paralelo, a crise financeira ocorrida no período de 2008 a 2011 incorreu em problemas de credibilidade na relação empresas e fomentados, com uma nova revisão estratégica nas empresas e um retrocesso no ânimo do produtor florestal em relação a essa alternativa de diversificação da produção rural. Houve, nos últimos anos, realmente, um grande número de empresas criadas e desenvolvidas para a realização de investimentos e para o gerenciamento florestal, e, com certeza, pela lei do mercado e da eficiência, ainda haverá uma seleção nas existentes, e haverá novos entrantes, mais preparados para o momento atual.

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Opiniões Existe também um momento da macroeconomia nacional que proíbe o investimento de capital externo em aquisição de terras de forma majoritária, o que afasta parte do capital disponível para esse tipo de investimento no Brasil e, ao mesmo tempo, uma redução das taxas básicas de remuneração no Brasil, o que força entidades gestoras de fundos de investimento a ser criativas e buscar alternativas de investimentos para os diferentes públicos que representam. Umas das alternativas são investimentos florestais. Ao mesmo tempo, grandes grupos industriais do setor possuem situação de dificuldades para a realização de novos investimentos que permitam manter ou que façam crescer suas participações nos mercados em que atuam. Com isso, a necessidade de priorização na escolha do investimento pode criar uma oportunidade para que outros investidores participem do crescimento dessa indústria através de investimentos florestais. Além das cadeias de produção já estruturadas, outras poderão ser criadas ou revigoradas para que o País tenha, no mercado internacional, a participação que o seu potencial florestal permite. O Brasil já demonstrou sua capacidade de disputar mercados internacionais com o setor de celulose de mercado. Precisa, agora, construir a capacidade de brigar em outros grandes mercados existentes. Neste momento, existe um ambiente favorável ao desenvolvimento de projetos de investimentos florestais no País. A questão é a qualidade dos projetos de investimento que são desenvolvidos e, principalmente, a capacidade técnica e gerencial alocada para eles. Bons projetos devem apresentar retornos compatíveis com a necessidade do investidor e, fundamentalmente, apresentar

uma governança adequada ao tamanho que investimentos florestais possuem. Investimentos florestais concorrem com outros investimentos, e esses investidores, na maioria das vezes, não terão nenhuma relação com a indústria, ou seja, estão procurando retorno e não viabilizar uma nova fábrica. Projetos que visarem a multiprodutos florestais são alternativas importantes a serem desenvolvidas, principalmente em função da evolução dos custos operacionais, da possibilidade de diversificação do mercado e do aumento da rentabilidade. O aumento dos custos operacionais no Brasil e a ocupação de novas fronteiras exigem eficiência operacional e eficácia na obtenção da produção esperada. Para isso, é fundamental experiência, tecnologia e organização. O acesso à tecnologia e à capacidade de desenvolvimento é uma alteração importante que estará ocorrendo com o aumento desse novo modelo de negócio florestal. Não existirá mais a transferência integral de tecnologia, como nos programas de fomento, e/ou contratos de fornecimento de madeira. Os fazendeiros florestais, criados graças aos programas de fomento, muitos ainda existentes, naturalmente serão inseridos nas oportunidades que virão nos diversos negócios que serão criados a partir dos investimentos florestais desatrelados aos complexos industriais já existentes. Gerenciamento, governança sustentável, tecnologia e eficiência operacional formarão as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de projetos vencedores, que têm grande potencial de participar das cadeias atuais e de alavancar novas cadeias de produção de base florestal a lugares de destaque no mercado internacional.


consultores e especialistas

Opiniões

no início tudo era uma

planilha

O negócio florestal brasileiro ganhou destaque internacional, e não foi somente pelo crescimento excepcional das florestas. Ao longo dos anos, diferentes modelos de gestão foram desenvolvidos e aperfeiçoados. Com um planejamento adequado e uma alta eficiência operacional, foi possível superar dificuldades típicas, como escassez de mão de obra qualificada e infraestrutura deficiente, e alcançar os bons resultados que transformaram o País em referência de gestão florestal. Muitos projetos florestais foram concebidos para suprir unidades fabris, principalmente no setor de papel e celulose. A integração da floresta com a indústria era prevista desde o estudo de viabilidade do empreendimento, que considerava determinados requisitos como a disponibilidade de terras para plantio, meios de transporte, premissas de

autossuficiência, rendimentos e custos de produção. Uma vez definido o local da fábrica, ficavam preestabelecidas as condições logísticas, como a possibilidade de utilização de diferentes modais, e a definição do raio médio de transporte rodoviário. Da mesma forma, a definição dos produtos consumíveis, como madeira de eucalipto sem casca de alta densidade, direcionava não só o esquema de colheita, mas também a escolha dos clones e do manejo silvicultural a ser adotado. A verticalização forneceu as premissas, o capital e a escala necessários ao desenvolvimento e ao amadurecimento de processos e aos modelos de gestão. À área florestal coube a missão de abastecer continuamente as fábricas, com madeira de qualidade e baixo custo. Um dos primeiros desafios foi desenvolver ferramentas de controle. No início dos anos 1990, as empresas possuíam sistemas estruturados somente para áreas administrativas, como contabilidade e recursos humanos.

Com condições ambientais privilegiadas, desenvolvimento tecnológico, modelos de gestão e excelência operacional, o País tem conquistado posição de liderança no cenário mundial. " Enivanis de Abreu Vilela Jr. Diretor-geral da Inflor Consultoria e Sistemas

Os modelos de planejamento estratégico, principalmente os que utilizavam otimização, começavam a ser construídos. A gestão operacional era feita em planilhas eletrônicas, com muito esforço para digitação e conferência dos dados. Com tanto trabalho manual, controlavam-se poucas variáveis, normalmente agrupadas por fazendas ou projetos. Nesse contexto, teve início a terceirização de atividades, e tornou-se necessário maior rigor na medição dos serviços executados. Foram, então, utilizados sistemas de informações geográficas (GIS) para garantir maior precisão na medição dos polígonos e no cálculo das áreas trabalhadas.

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consultores e especialistas Com um histórico de informações mais completo e preciso, tornou-se possível utilizar ferramentas de planejamento operacional. O primeiro passo foi agrupar talhões de comportamento semelhante em estratos florestais, para tornar a indicação de material genético e as recomendações técnicas mais assertivas. Depois, buscou-se o ganho de escala através da padronização de atividades, e a redução de custos através do aprimoramento logístico de toda a cadeia produtiva. Em seguida, foram utilizados padrões de rendimento para elaborar orçamentos mais detalhados e controlar, com mais segurança, a utilização de recursos operacionais. Dessa forma, programar operações, criar ordens de serviço e monitorar a execução dos trabalhos viraram atividades de rotina. Os processos operacionais amadureceram e incorporaram conceitos de sustentabilidade e excelência operacional. Os sistemas de gestão adotaram o monitoramento florestal para refinar as recomendações técnicas e racionalizar a utilização de recursos. O desenvolvimento da floresta passou a ser avaliado sistematicamente, para que as intervenções fossem realizadas no momento mais adequado. Modelos de qualidade foram adotados para verificar e validar a eficácia das operações, num cenário em que as certificações tornaram-se praticamente obrigatórias. A gestão florestal expandiu suas fronteiras e incorporou também o relacionamento com partes interessadas e comunidades. O desenvolvimento tecnológico abriu novas perspectivas para o negócio florestal. Nas operações de silvicultura, uma perceptível evolução na utilização de coletores de dados e smartphones ajudou a simplificar os apontamentos. O uso de dispositivos de posicionamento por satélite (GPS) e identificadores por rádio frequência (RFID) possibilitou a rastreabilidade das informações. O desenvolvimento de tecnologia e soluções em equipamentos para colheita almeja levar a mecanização a 100% das áreas. A leitura de computadores de bordo e sensores tem simplificado o controle da produção, da disponibilidade mecânica e da eficiência global (OEE). Telecomunicações e mobilidade estão levando, para o campo, os painéis de indicadores e o conceito de gestão à vista. A silvicultura de precisão já começa a ter maior expressividade na busca de automação, de produtividade e de redução de custos. Novas tecnologias deram origem a novas soluções. Para lidar com o grande volume de informações, foram implantadas ferramentas analíticas. Para acompanhar etapas de processos e monitorar ocorrências, foram desenvolvidos fluxos de trabalho automatizados. Surgiram novas plataformas de gestão de ativos biológicos que incorporaram as funções administrativas e financeiras dos sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) e as especificidades técnicas e operacionais dos sistemas de gestão florestal. Tornou-se possível gerir, de forma integrada, informações físicas e financeiras, custos fixos e variáveis. No planejamento de produção, agora é possível definir quais equipamentos serão utilizados, elaborar um plano de manutenção, planejar a compra de peças e, assim, estimar, com precisão, não só o custo de operação das máquinas, mas também o custo de produção da madeira.

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Opiniões Esses novos modelos de gestão estão sendo muito úteis na primarização de atividades – uma tendência que emerge no setor. Ao longo do tempo, a gestão florestal cresceu em abrangência e complexidade. Para organizar o conhecimento e tratar a especialização de cada modelo, foram criadas subdivisões. Seguem exemplos de distintas áreas de gestão e os principais temas abordados: • Patrimonial e fundiária: propriedades, contratos, matrículas, licenças, condicionantes, declarações. • Uso do solo: plantios, reservas, estradas, ocorrências e condições de terreno para operações e logística. • Sustentabilidade: partes interessadas, certificações, biodiversidade, riscos. • Pesquisa e desenvolvimento operacional: materiais genéticos, solos, climas, recursos operacionais e experimentos. • Ativos biológicos: inventários, modelos, projeções. • Planejamento estratégico: cenários, recomendações, otimização. • Planejamento e controle operacional: viveiro, silvicultura, estradas, colheita e transporte. • Logística: movimentação de equipamentos, pessoas, insumos e madeira. • Fornecimento de madeira: contratos de fomento, parcerias, arrendamentos. • Administrativo e financeiro: impostos, pessoal, depreciação, custos. O desenvolvimento do negócio florestal tem atraído novos investimentos, que muitas vezes não estão diretamente ligados a um projeto industrial. Nesse caso, o planejamento não considera uma destinação específica para a madeira e busca flexibilidade para adequar-se às oportunidades de mercado. Por exemplo, se a intenção for produzir carvão, o plantio pode ser adensado para corte em três ou quatro anos. Se o mercado não estiver demandante, o manejo pode ser redirecionado para celulose, num ciclo mais longo. Se o melhor retorno estiver apontando para produtos sólidos de madeira, um desbaste pode ser realizado, e o ciclo estendido para doze ou quatorze anos. Para concretizar distintas possibilidades, é necessário analisar se a localização dos plantios garante custos factíveis de transporte e se os clones utilizados permitem o múltiplo uso da madeira. A programação de atividades também varia: madeira para serraria tem que ser transportada rapidamente, para evitar manchas ou rachaduras; madeira de celulose pode ficar estocada para secar e reduzir o custo do frete. Para atender a esses cenários distintos de negócio, em que o planejamento de vendas influencia diretamente o plano de manejo, existem modelos e ferramentas de gestão específicos, conhecidas com S&OP - Sales and Operations Planning. Com condições ambientais privilegiadas, desenvolvimento tecnológico, modelos de gestão e excelência operacional, o País tem conquistado posição de liderança no cenário mundial. Segundo a FAO-ONU, florestas plantadas, manejadas de maneira adequada e com o envolvimento de comunidades locais, podem contribuir positivamente na prestação de serviços ambientais e sociais. Num negócio que promove a sustentabilidade, o Brasil tem demonstrado forte vocação e obtido excelentes resultados.

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consultores e especialistas

o desafio da gestão florestal em 2000, as matas plantadas representavam apenas 5% do total de florestas (do mundo), mas já contribuíam com aproximadamente 35% da madeira colhida. (Hoje) já representam 6,6% das selvas mundiais. " Marco Antônio Fujihara Diretor da Key Associados e Conselheiro do Banco Mundial

A Terra seria inóspita e desolada sem elas. Estamos falando das florestas, verdadeiro patrimônio para a humanidade, responsáveis por manter as condições climáticas e abrigar a vida animal – são incontáveis seus nichos ecológicos, e é incalculável a variedade de seres vivos que as habitam. Ao mesmo tempo, elas protegem o solo e seus diversos habitantes dos perigos do vento, da chuva, do calor e do frio, conservando a biodiversidade. São 4 bilhões de hectares de florestas nativas e plantadas que se estendem por quase 30% das terras emersas do planeta, variando em dimensão, características e densidade. Riqueza formidável e facilmente manejável, as matas já cobriram pelo menos metade do planeta. Ao longo do tempo, elas foram um dos recursos naturais mais utilizados pelo homem, tendo um papel econômico inegável. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO, o consumo mundial de madeira chega a cerca de 3,4 bilhões de metros cúbicos por ano, com previsão de um aumento de 25% até 2020. Para atender a essa demanda, as matas nativas do planeta são derrubadas a uma taxa de 12 milhões de hectares por ano, mas elas não estão sozinhas: as florestas plantadas ganham espaço. Estudo do Centro para Avaliação do Risco Ambiental de Culturas Geneticamente Modificadas – Cera, da Ilsi Research Foundation, uma fundação que reúne instituições de pesquisa de todo o mundo, aponta que, em 2000, as matas plantadas representavam apenas 5% do total de florestas, mas já contribuíam com aproximadamente 35% da madeira colhida. Desde então, a área de cultivo de espécies arbóreas aumentou para 264 milhões de hectares, o que representa 6,6% das selvas mundiais.

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Para a FAO, tal panorama implicará um declínio das florestas naturais e o crescimento dos bosques plantados como principal fonte de madeira. Mesmo assim, a hipótese mais aceita é a de que, no futuro, a necessidade mundial de madeira deva aumentar mais do que o suprimento disponível. Isso repercutirá nos preços e no cenário global de consumo e produção desse bem tão precioso, afetando cada país de acordo com sua posição mundial, que varia conforme a reserva de mata que possui e a dependência que tem da madeira. No mundo, a Europa se destaca como a região que mais exporta e importa produtos florestais. Relativamente nova no mercado, a Rússia desponta como exportadora de madeira roliça, enquanto a América do Norte vem chamando a atenção dos analistas como grande importadora de produtos florestais, em termos de valores. O processamento de madeira, atividade industrial que não para de crescer, é destaque na China, na Europa Oriental e nos países em desenvolvimento, como o Brasil, cujo consumo de madeira como recurso econômico teve início com a chegada dos portugueses, com a exploração do Pau-Brasil por mais de três séculos. Se a exploração de mata nativa remonta à conquista europeia, os primeiros plantios comerciais de árvores do País já contam com cerca de um século de história e datam do começo do século XX. O objetivo do início da atividade era suprir a demanda crescente de madeira nas regiões mais desenvolvidas, em especial no estado de São Paulo. A preferência, nesse momento inicial, era por plantas exóticas, como o Eucalyptus, da Austrália, em razão do seu rápido desenvolvimento, versatilidade de uso e rendimento econômico. Com o tempo, houve variação nas opções, com destaque para os pinus.


Opiniões Os incentivos fiscais para reflorestamento foram fator importante para o desenvolvimento da indústria florestal brasileira e propiciaram condições à produção de madeira para diversos usos. Tal desenvolvimento seria impossível se a indústria se restringisse ao uso de florestas nativas. Os incentivos também possibilitaram a incorporação de novas terras ao processo produtivo, até então consideradas pouco atrativas para a agropecuária. As florestas plantadas se vincularam a segmentos estratégicos da economia nacional, como o de siderurgia, de papel e celulose e o de painéis reconstituídos, além de se tornarem importantes fontes de energia. As indústrias foram obrigadas, por lei, ao autossuprimento de matéria-prima florestal, e os plantios anuais ampliaram-se dia após dia. A gestão das florestas plantadas também evoluiu ao longo do tempo. Feita inicialmente com recursos e terras próprias ou arrendadas, a gestão migrou para um modelo de financiamento de projetos industriais, com participação de instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. Em um terceiro momento, houve interesse de fundos de investimentos. Nesse modelo, a operadora do fundo era a proprietária dos ativos e a gestora dos serviços e contratos. As implantações de programas governamentais também se destacaram, merecendo menção o Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas – Propflora, e o Pronaf Florestal. No momento, surgem as parcerias e o fomento empresarial. Na esteira desses novos modelos de gestão, aparecem dois conceitos importantes: a “floresta industrial” e a “floresta negócio”. A primeira, como o próprio nome sugere, refere-se às matas plantadas pelas indústrias para consumo interno. Utilizadas principalmente pelo setor de papel e celulose, têm sua gestão feita geralmente por um departamento específico, que controla desde a produção até o uso da matéria-prima. Com o aumento da demanda e a dificuldade da floresta industrial em atender a todos os pedidos, houve o incentivo para o desenvolvimento da floresta negócio. Normalmente desenvolvidas por fundos de investimentos, elas vendem madeira para outros setores industriais, mas seus produtos não têm uma aplicação predeterminada. Enquanto a floresta industrial leva em consideração a planta da empresa, a floresta negócio tem liberdade para se desenvolver conforme a proximidade com centros consumidores, clima favorável para o crescimento das plantas ou em lugares que dão vantagens econômicas. Sem o lastro da indústria, a floresta como negócio precisou inovar na gestão. Os fundos deram a garantia de investimento, mas o negócio teve que ser estruturado, tendo sempre como foco a demanda e a volatilidade do mercado. Com opções diversas, as matas plantadas configuram uma alternativa importante para diminuir a pressão sobre o ambiente natural e para a preservação de ecossistemas. Ao mesmo tempo, contribuem para o desenvolvimento econômico, garantindo o uso da madeira e a continuidade de atividades essenciais para a humanidade. Uma boa gestão das florestas plantadas colabora para o melhor aproveitamento do espaço e da rentabilidade do negócio. Saber qual sistema adotar e como proceder na gestão dessas florestas varia de caso a caso, mas é essencial sempre buscar pela sustentabilidade do negócio, tendo em mente o real significado do conceito, que busca o equilíbrio ambiental, econômico e social. O meio ambiente e a economia agradecem.

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consultores e especialistas

choque

nos modelos de negócios

Tão importante para a economia brasileira, a indústria de base florestal vem perdendo competitividade com celeridade no mercado internacional. Nossa indústria tem enfrentado desafios tanto no mercado interno quanto no externo. Internamente, a economia brasileira vem patinando nos últimos dois anos, e os fundamentos macroeconômicos apontam para um recrudescimento da inflação e um crescimento econômico anêmico. A indústria de construção civil, um dos principais clientes da indústria florestal, praticamente parou de crescer em 2012. E a indústria não integrada de ferro gusa está com uma capacidade ociosa de, aproximadamente, 60% e sem perspectivas de reação. Mesmo consciente desse contexto e cenário negativos, não se visualizam soluções de curto e médio prazo para impulsionar a economia brasileira de forma sustentável, principalmente devido às características dos gargalos estruturais, o chamado Custo Brasil. Além disso, temos a chamada lei da terra, que tem limitado fortemente os investimentos internacionais em silvicultura. Especificamente em relação à matéria-prima madeira, nos últimos doze anos, os custos de produção subiram a uma taxa média de 9,8% ao ano (Índice Pöyry Incaf), contra um índice geral de preços ao redor de 6,6% (Ipca). Isso significa um “gap de competitividade” acumulado de aproximadamente 40%.

não se visualizam soluções de curto e médio prazo para impulsionar a economia brasileira de forma sustentável, principalmente devido às características dos gargalos estruturais, o chamado Custo Brasil " Jefferson Bueno Mendes Diretor da Pöyry Silviconsult

Os principais vilões do aumento dos custos da madeira posto indústria têm sido os preços dos recursos mão de obra, fertilizantes e máquinas e equipamentos. O contexto e o cenário externo também não são animadores para nossa indústria florestal. Do lado do consumo, a demanda nos principais mercados-alvo da indústria de base florestal

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brasileira deve continuar fraca, com riscos de piorar ainda mais. A Europa ainda enfrenta forte crise, sem perspectivas de reação no curto prazo; os Estados Unidos têm priorizado o mercado interno, além de focar nas exportações como estratégia para sair da crise; e a China vem enfrentando desafios para manter suas atuais taxas de crescimento. Do lado da oferta, o mercado externo também apresenta desafios à indústria florestal brasileira. A Europa e os Estados Unidos estão se posicionando como exportadores competitivos. A Ásia está investindo significativamente para competir na área de produção de madeira, papel e celulose – com vantagens em relação ao Brasil nos quesitos logística e custos de produção. O Uruguai já se posiciona como competidor e com potencial significativo de crescimento. E há uma série de candidatos a “entrantes”, como a Colômbia, o Paraguai e alguns países africanos, mas somente no médio e no longo prazo. Considerando o contexto e as tendências apresentados, a pergunta que se coloca é: o que devemos fazer para manter e expandir a nossa competitividade? Do ponto de vista macroestratégico, a resposta para aumentar nossa competitividade é clara e conhecida por todos: reduzir o chamado Custo Brasil, priorizando ações para prover logística e infraestrutura


Opiniões competitivas, portos e modais de transporte eficientes; regime tributário adequado e simplificado; desoneração dos investimentos; eliminação da burocracia desnecessária; e, principalmente, capacitação e incremento da força de trabalho. Porém sabemos que esse reposicionamento macroestratégico tem caminhado a passos de tartaruga e que depende de uma conjunção de forças que parecem estar distantes uma das outras. Assim, o principal mecanismo que temos para reposicionar estrategicamente a indústria de base florestal é a atuação das empresas e instituições representativas. Nesse contexto, basicamente devemos reposicionar os nossos modelos de negócios e gestão, com destaque para os seguintes objetivos estratégicos e operacionais: • Aumento da produtividade florestal, com investimentos significativos em biotecnologia, buscando ganhos de produtividade da ordem de pelo menos 20%. A produtividade florestal brasileira vem caindo significativamente devido às novas fronteiras, à queda dos investimentos e ao limitado investimento tecnológico. • Diversificação industrial, com investimentos nos chamados bio e nanoprodutos, acompanhando o movimento das indústrias europeia e norte-americana. • Alinhamento e integração da cadeia produtiva florestal, principalmente com ações de marketing na ponta do consumo e nas indústrias de maior valor agregado como, por exemplo, a moveleira. Entender e maximizar a sinergia da cadeia é fundamental para expandir e dar sustentabilidade à competitividade. • Redução dos Custos de Produção, através de investimentos tecnológicos e melhoria das performances operacional e gerencial, com foco nos recursos humanos. Atualmente, a primarização das operações de silvicultura tem propiciado essa oportunidade de redução de custos. • Investimento em silvicultura de precisão, buscando processos e tecnologias em outras indústrias, principalmente na agricultura. Estudos de benchmarking internos e externos são o canal para isso. • Investimento em mecanização, para fazer frente à falta de (e baixa) qualificação da mão de obra. • Redução do hiato floresta-indústria, para capturar os investimentos realizados em silvicultura em regiões pioneiras. Hoje, verificam-se descompassos significativos entre

Indústria de Base Florestal em 2012 • Área Plantada: ≈7 milhões de hectares • Valor Bruto de Produção: R$ 56,3 bilhões • Tributos Pagos: R$ 7,6 bilhões (0,5% do Brasil) • Empregos: 4,4 milhões (diretos, indiretos, efeito renda) • Exportações: US$ 7,55 bilhões (3,1% do Brasil) • Importações: US$ 2,03 bilhões • Saldo da Balança Comercial: US$ 5,52 bilhões (28,4%) • Produção de Celulose: 14 milhões de t/ano • Exportação de Celulose: 8,5 milhões de t/ano

Desafios da Indústria de Base Florestal Mercado Interno: • Crescimento econômico anêmico • Recrudescimento de inflação • Aumento dos custos de produção • Gargalos estruturais (Custo Brasil) • Ambiente depressivo de negócios • Hiato temporal entre Floresta e Indústria Mercado Externo: • Mercados-alvo em crise e exportando • Dependência do mercado chinês • Declínio do mercado de papéis gráficos • Fragmentação do mercado de tissue • Paridade de custos de produção de celulose • Excedente de madeira (mercados maduro) • Novos entrantes

a oferta e a demanda nos diversos clusters florestais. Há regiões com superávits expressivos, que comprometem a rentabilidade da silvicultura, e outras com déficits, que comprometem o desempenho da indústria. • Fortalecimento do mercado de madeiras, diminuindo a verticalização/integração e incentivando os plantios independentes. Para isso, é fundamental a regularização do acesso à terra e às linhas de financiamento. • Fortalecimento da representação do setor junto às diversas forças da sociedade. A consolidação da Abraf, Bracelpa e Abipa vem nessa direção. • Expansão do market share internacional, mapeando os players e mercados, definindo estratégias globais e atuando em toda a cadeia de comercialização. Já temos visto movimentos importantes das empresas nacionais na direção desse novo modelo de negócio e gestão. Porém esse movimento deve ser acelerado como condição para garantir e ampliar nossa vantagem competitiva.

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ensaio especial

Opiniões

florestas e pequenos negócios A engenharia florestal no Brasil já começou com sentimento de grandeza, pois os primeiros alunos já fizeram estágios em empresas como Klabin, Belgo-Mineira, Acesita, Melhoramentos e outras, e muitos foram nelas trabalhar, depois de formados. Até hoje, os profissionais da área saem das universidades e vão, em ampla maioria, em busca de empregos em grandes empresas, induzidos, na maioria dos casos, por comportamentos cultivados pela própria academia. Do lado dos empreendimentos florestais, a coisa também não foi muito diferente. Até mesmo a lei de incentivos fiscais (de 1966) fomentou a criação de consórcios de investidores, que agiam como grandes reflorestadores, comandados por empresas que se organizavam para a captação de tais incentivos. Os mais velhos, como eu, dos primeiros engenheiros florestais formados no Brasil, chegamos a conhecer muitos sucessos de plantadores de florestas financiados pelos ditos incentivos fiscais, mas também muitas mazelas foram provocadas por aventureiros que apareceram e que sempre aparecem em tais oportunidades.

Como, para tudo isso, há de se planejar e como planejamento no Brasil está mais para ficção do que para realidade, tenho medo de que a incompetência gerencial pública engula a utopia e não deixe que o meu sonho seja sonhado. "

Osvaldo Ferreira Valente Professor Titular, aposentado, da UF-Viçosa

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É verdade, também, que houve e continua a haver boas intenções de incentivar o desenvolvimento de atividades florestais em pequena escala. Tivemos, ao longo do tempo, e citando apenas alguns exemplos, a Campanha Integrada de Reflorestamento, em Minas Gerais; o Programa de Reflorestamento em Pequenos e Médios Imóveis Rurais do antigo IBDF; o Projeto de Extensão e Fomento Florestal do Rio Grande do Sul; e a Associação de Recuperação Florestal de São Paulo. Todos com o objetivo básico de incentivar plantios florestais em propriedades rurais, em contraponto às grandes extensões das plantações de grandes empresas consumidoras de madeira, como as de siderurgia e celulose. Com pouco ou nenhum sucesso econômico, infelizmente. Não se podem esquecer, ainda, os programas de fomento que operam no sistema de integração, com as empresas dando suporte financeiro e técnico, e os pequenos reflorestadores fornecendo essencialmente terra e mão de obra. Mas será que os pequenos negócios florestais devem ficar restritos


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ensaio especial às ações de plantar e vender para grandes empresas ou para seus intermediários? Será que o produtor rural, ao se interessar pela atividade florestal, acabará caindo em nova armadilha? Será que o morador de comunidades, com bom número de pequenas plantações florestais, vai continuar pagando caro por madeiras importadas de locais distantes, quando precisar reformar o telhado de sua casa, trocar assoalhos, construir galpões e outros equipamentos? A madeira natural vai continuar a perder cada vez mais espaço para os painéis? Ao pequeno produtor florestal só lhe resta o destino de viver pendurado a grandes empreendimentos industriais? Foi sempre assim ao longo do tempo? No passado, as pequenas serrarias, por exemplo, ainda que bastante elementares, conseguiam desdobrar madeiras de espécies nativas e produzir qualidade suficiente para consumos locais. Já não conseguem o mesmo com o eucalipto, de mais difícil processamento e trabalhabilidade. Muitas fecharam, e outras geram produtos de péssima qualidade, pois, mesmo já existindo as tecnologias de desdobro e secagem de peças de eucalipto, são ruins os caminhos que ligam os seus detentores aos possíveis pequenos usuários. E aí está o gargalo que dificulta, ou até impede, o surgimento de cadeias produtivas, calcadas nos pequenos negócios, ou seja, nas micro e pequenas empresas. Se elas existissem, disseminadas pelo interior do país, criariam alternativas de mercado para os produtores florestais e serviriam de base para o surgimento de inúmeras alternativas de uso da madeira. Ligar tecnologias e usuários dispersos é atividade que envolve um trabalho de extensão bem planejado, e isso é, essencialmente, tarefa de setores governamentais, visando gerar e distribuir renda. Muitas organizações públicas, ligadas ao setor florestal, foram criadas para o trabalho de fomento e de difusão de conhecimentos. Mas, com o decorrer do tempo e com o encantamento pelas leis de proteção ambiental, os governos foram descobrindo que poderiam gerar receitas mais imediatas com fiscalização e multas. Principalmente em cima dos pequenos proprietários rurais, que não têm estruturas de defesa – e pagam. Quem deveria fazer extensão na área virou um grande colaborador do Ministério Público, fazendo perícias ambientais. As instituições de fomento precisam voltar às origens e, aliando-se ao Sebrae, por exemplo, atuar com eficiência no desenvolvimento desses pequenos negócios florestais. Outro entrave para o desenvolvimento do setor é a burocracia criada em torno dele. Em Minas Gerais, por exemplo, pobre de quem precisa cortar e vender algumas árvores de eucalipto (olha que eu estou dizendo

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Opiniões eucalipto e não espécie nativa qualquer). A maioria tem que recorrer a consultores para preparo dos processos, pois as decisões de gabinete não guardam lógica alguma com as realidades existentes no meio rural. Muitos governos, que deveriam incentivar atividades produtivas no setor florestal, parecem, inexplicavelmente, empenhados em criar obstáculos ao seu desenvolvimento. Neste ponto do artigo, eu abro um parêntese para falar da formação atual dos nossos engenheiros florestais, responsabilidade amplamente majoritária das universidades públicas. Sinto certo comodismo da academia, concentrada no ensino do como fazer e de seus fundamentos. Gostaria de vê-la fundamentando, também, os conhecimentos necessários para mudar formas de fazer. Não adianta nada a academia pregar inovação e empreendedorismo se, no dia a dia, fica presa a currículos excessivamente compartimentados e a métodos de ensino recorrentes no tempo. A inovação e o empreendedorismo precisam ser exercidos no cotidiano acadêmico, pois atitudes culturais são frutos da convivência diária. O aluno precisa sair da universidade não desejando apenas ser empregado, mas também empregador. O governo brasileiro sinaliza alguma coisa com a criação do Plano Inova Empresa, prevendo recursos para investimentos, e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), mas nada caminhará se, cá por baixo, não houver quem esteja preparado para pegar o boi pelo chifre. Fechando o parêntese e voltando ao foco do artigo, sinto receio de que, num momento em que há uma corrida mundial para formação de grandes grupos empresariais – e o Brasil não está à margem disso – , eu esteja pregando uma utopia, ou um sonho, ao sugerir a diversificação do setor florestal brasileiro, com a criação de pequenos negócios, apropriados às variadas características regionais de nosso imenso território. Será necessário, para isso, um esforço de agentes públicos na orientação de atividades compatíveis com as diversas realidades brasileiras, apontando viabilidades, oferecendo suportes tecnológicos e, se necessário, apoios financeiros para os arranjos produtivos locais, quer sejam polos, cooperativas ou associações. Como, para tudo isso, há de se planejar e como planejamento no Brasil está mais para ficção do que para realidade, tenho medo de que a incompetência gerencial pública engula a utopia e não deixe que o meu sonho seja sonhado. Mas como dizem que a esperança é a última que morre, vamos torcer para que ela saia da UTI, trazendo junto inúmeros pequenos negócios ligados a inúmeras florestas espalhadas pelo País.


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