As inovações tecnológicas no plantio, colheita e transporte de madeira - OpCP27

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ISSN: 2177-6504

FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira mar - mai 2012

as inovações do sistema florestal




índice

as inovações tecnológica no plantio, colheita e transporte de madeira

Editorial:

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Joésio Deoclécio Pierin Siqueira Vice-Presidente da STCP

Ensaio Especial:

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Fornecedores do Sistema: Adriano Thiele

Diretor Executivo de Operações e Serviços da JSL

Osvaldo Roberto Fernandes

Diretor da Ibaiti Soluções e da Multifloresta

Toru Sato

Consultor Florestal Sênior da Caterpillar Brasil

Lauro Jorge do Prado

Consultor em Gestão na Brisa Consulting

Jorge Takeshi Yonezawa

Gerente de Suporte ao Mercado da Ponsse

Ederson de Almeida

Diretor Executivo da Consufor

Silvio Frosini de Barros Ferraz

Professor de Manejo Bacias Hidrográficas-Esalq-USP

Universidade e Centros de P&D:

38 40 41 42 44 46 48

Luiz Fernando Schettino

Professor da EF-ES e Diretor-geral da ASPE-ES

Nathália Granato Loures

Engenheira Florestal do PEF da UF-Viçosa

Rosana Clara Victoria Higa

Pesquisadora da Embrapa Florestas

Eduardo da Silva Lopes

Professor do Unicentro e Coordenador do Cenfor

Nilton Cesar Fiedler

Professor da Universidade Federal do Espírito Santo

Antonio Rioyei Higa

Professor da Universidade Federal do Paraná

José Carlos Arthur Junior

Coordenador Técnico do PTSM/IPEF

As Empresas Florestais:

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Gilmar Bertoloti

Diretor de Operações da Amata

Cláudio Costa Cerqueira

Gerente Florestal da Eco Brasil Florestas

Caio Eduardo Zanardo

Gerente de Desenv Operacional da Fibria

João Fernando Borges

Diretor Florestal da Stora Enso Latin America

Eduardo Possamai

Gerente de Silvicultura da International Paper

Alexandre Schettino de Castilho

Gerente de Colheita e Logística da Cenibra

Pablo de Assis Guzzo

Gerente de Operações Florestais da Jari

Joaquim Trecenti Barros Lordelo

Gerente de Operações Florestais da Suzano

Augusto Valencia Rodriguez

Gerente de Tecnologia da ArcelorMittal

Rodrigo N. Paula e Francisco S. Gomes Chefe e Consultor de Tec e Desenv da Gerdau

Hélder Bolognani Andrade Gerente de P&D da V&M Tubes

Editora WDS Ltda e Editora VRDS Brasil Ltda: Rua Jerônimo Panazollo, 350 - 14096-430, Ribeirão Preto, SP, Brasil - Pabx: +55 16 3965-4600 - e-Mail Geral: opinioes@revistaopinioes.com.br Diretor de Operações: William Domingues de Souza - 16 3965-4660 - wds@revistaopinioes.com.br - Coordenação Nacional de Marketing: Valdirene Ribeiro Domingues de Souza - 16 3965-4606 - vrds@revistaopinioes.com.br - Vendas: • Priscila Boniceli de Souza Rolo - 16 3965-4698 - pbsc@revistaopinioes.com.br • Beatriz Furukawa - 16 3965-4616 - bf@revistaopinioes.com.br • - Apoio a Vendas: Lilian Restino- 16 3965-4696 - lr@revistaopinioes.com.br - Jornalista Responsável: William Domingues de Souza - MTb35088 - jornalismo@revistaopinioes.com.br - Freelancer da Editoria: Aline Gebrin de Castro Pereira – Priscilla Araujo Rocha - Projetos Futuros: Julia Boniceli Rolo - 16 9777-0508 - juliaBR@revistaopinioes.com.br - Correspondente na Europa (Alemanha): Sonia Liepold-Mai - +49 821 48-7507 - sl-mai@T-online.de - Desenvolvimento de Mercados na Ásia: Marcelo Gonçalez - mg@revistaopinioes.com.br - Expedição: Donizete Souza Mendonça - dsm@ revistaopinioes.com.br - Estruturação Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - 16 9132-9231 - boniceli@globo.com - Copydesk: Roseli Aparecida de Sousa - ras@revistaopinioes.com.br - Agência de Propaganda: Agência Chat Publicom - Fone: 11 3849-4579 - Tratamento das Imagens: Luis Carlos Rodrigues (Careca) - Finalização: Douglas José de Almeida - Impressão: Grupo Gráfico São Francisco, Ribeirão Preto, SP - Artigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões de seus autores - Fotografias gerais de Ilustrações: • Acervo Revista Opiniões - Capa e Foto do Índice: Roosevelt de Paula Almado - 31 8713-4951 - roosevelt.almado@arcelormittal.com.br - Periodicidade: Trimestral - Tiragem da Edição: 8.000 exemplares - Veiculação: Comprovada por documentos fiscais de pagamento da Gráfica e de Postagem dos Correios - Edição online: Leia online em nosso site a revista original, tal qual como foi impresa. Estão disponíveis todas as edições de todos os setores desde o lançamento - Home-Page: www.RevistaOpinioes.com.br

Conselho Editorial da Revista Opiniões: ISSN - International Standard Serial Number: 2177-6504 Divisão Florestal: • Amantino Ramos de Freitas • Antonio Paulo Mendes Galvão • Celso Edmundo Bochetti Foelkel • Helton Damin da Silva • João Fernando Borges • Joésio Deoclécio Pierin Siqueira • Jorge Roberto Malinovski • Luiz Ernesto George Barrichelo • Marcio Nahuz • Maria José Brito Zakia • Mario Sant'Anna Junior • Mauro Valdir Schumacher • Moacir José Sales Medrado • Nairam Félix de Barros • Nelson Barboza Leite • Paulo Yoshio Kageyama • Rubens Cristiano Damas Garlipp • Sebastião Renato Valverde • Walter de Paula Lima Divisão Sucroenergética: • Carlos Eduardo Cavalcanti • Eduardo Pereira de Carvalho • Evaristo Eduardo de Miranda • Jaime Finguerut • Jairo Menesis Balbo • José Geraldo Eugênio de França • Manoel Carlos de Azevedo Ortolan • Manoel Vicente Fernandes Bertone • Marcos Guimarães Andrade Landell • Marcos Silveira Bernardes • Nilson Zaramella Boeta • Paulo Adalberto Zanetti • Paulo Roberto Gallo • Plinio Mário Nastari • Raffaella Rossetto • Roberto Isao Kishinami • Tadeu Luiz Colucci de Andrade • Tomaz Caetano Cannazam Rípoli • Xico Graziano


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editorial

as inovações contribuem para a rentabilidade do

negócio florestal

O modelo tradicional adotado pela maioria dos gestores do setor florestal, tanto em nível nacional como internacional, é o de focar, individualmente, suas necessidades nas mais avançadas tecnologias existentes para cada operação (silvicultura, colheita, transporte ou, ainda, processo industrial). Isso é relevante para fortalecer a busca do desenvolvimento de tecnologias e técnicas operacionais aplicadas em cada atividade. No entanto a opção de menor custo para a adoção de uma tecnologia específica, para uma fase qualquer das operações florestais, não garante o menor custo da madeira para o produto final desejado. Isso só poderá ser alcançado via utilização do perfeito conhecimento do contexto de tecnologias e operações na cadeia pro-

dutiva, desde a silvicultura até o processamento industrial e a disponibilização do produto ao usuário final. É importante observar que, para alcançar resultados econômicos e financeiros significativos na cadeia de negócios florestais, é necessário ter conhecimento e experiência na identificação das reais potencialidades operacionais e produtivas das tecnologias disponíveis no mercado. Para tanto, é imprescindível a definição e a escolha rigorosa de um modelo de custeamento robusto para minimizar os erros de planejamento orçamentário, até mesmo como forma de garantir a rentabilidade prevista em cada negócio. A seguir, são apresentadas as inovações ocorridas nos últimos 15 anos. Produção de mudas (viveiro): As tecnologias de produção de mudas florestais no Brasil, particularmente dos gêneros Eucalyptus spp e Pinuss pp, evoluíram tanto no que se refere a melhoramento genético como a técnicas operacionais da produção em viveiro. No âmbito genético, a busca das empresas por mudas (clonais ou de sementes) que resultem em florestas de qualidade superior, de acordo com a necessidade industrial (propriedades físicas e mecânicas), e elevada produtividade vem sendo alcançada através de elevados investimentos em biotecnologia. Essa evolução tecnológica é considerada, em nível nacional, um dos maiores avanços, em todas as áreas, obtidos no Brasil, nos últimos 30 anos.

Joésio Deoclécio Pierin Siqueira Vice-presidente da STCP

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Opiniões Assim, a busca pela mecanização com a automação de todo o processo de viveiro, como misturador de substrato, desempilhador de bandeja, esteira de plantio automática, linha de seleção de mudas e de expedição para o campo, entre outros, tem sido a base para a construção de novos viveiros e ganhos em produtividade. A quantificação desses ganhos é difícil de ser determinada, mas, se for considerado que, nesse período, a variação do IGPM foi da ordem de 280% e que o preço da muda variou de R$ 0,15 para R$ 0,27 em média (aumento de 80%), o ganho alcançado com as novas tecnologias evitou o repasse de mais de 100% no custo/preço da muda. Silvicultura: As tecnologias aplicadas à mecanização das operações de silvicultura no Brasil foram originadas, basicamente, dos equipamentos utilizados na agricultura, customizados para uso florestal através do desenvolvimento de implementos específicos, como os subsoladores, rebaixadores de tocos, plantadeiras e outros. Hoje, as técnicas para as atividades silviculturais se vinculam à “silvicultura de precisão”, que representa uma nova forma de produção e administração das florestas pela adoção de tecnologias, como fotogrametria e fotointerpretação, cartografia, SGI e videografia, e permitem gerenciar grande volume de informações, as quais contribuem para a silvicultura com as “receitas” ideais, pois aumentam o rendimento da floresta, usando as potencialidades do solo e de outros fatores ambientais locais. Da mesma forma que o caso de viveiros, comparação da variação do IGPM com a variação dos custos de silvicultura de eucalipto em um ciclo de 7 anos, os ganhos alcançados com as novas tecnologias e a mecanização intensiva das operações permitiram “represar” o aumento dos custos em pelo menos 90%, ou seja, passou de cerca de R$ 3.500,00 por hectare para R$ 7.000,00. Colheita: Com a abertura do mercado brasileiro, nos anos 90, para as importações de equipamentos, as técnicas de colheita florestal evoluíram e permitiram otimizar os processos em todas as condições silviculturais, tanto das espécies florestais utilizadas como de topografia e solos, com a adoção de alta tecnologia dos harvesters, forwarders, skidders, Fellers, cabo aéreo, picadores e outros. Atualmente, essas “novas tecnologias”, com ganhos significativos, são constituídas de detalhamentos e ajustes técnicos nos equipamentos, conhecidos como customização, para as condições brasileiras e, em muitos casos, para operações específicas demandadas pelas grandes empresas.

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Pode ser considerada, ainda, uma das novas tecnologias a definição da ordem dos processos operacionais para a colheita (derrubada, desgalhe, descascamento, traçamento, baldeio, etc.) com os equipamentos disponíveis no mercado, adicionados de alguns ajustes técnicos, resultando nos conhecidos “novos sistemas de colheita”. No caso da colheita, os ganhos alcançados com as novas tecnologias aplicadas em equipamentos e gestão de operações de um mesmo sistema e tipos de equipamentos mostram um comportamento bastante similar aos descritos para viveiros e operações de silvicultura. Nesse caso, a variação do custo médio de R$ 10,00 por m³ para cerca de R$ 18,00/m³ atuais (aumento de 80%) evitou o repasse de mais de 100 pontos percentuais da variação do IGPM. Transporte: A movimentação de madeira no Brasil baseia-se, primordialmente, no transporte rodoviário, e as tecnologias dos caminhões que transitam nas estradas são as mesmas dos países mais desenvolvidos. O transporte de madeira de projetos em grande escala no Brasil, representados principalmente pelos empreendimentos dos segmentos de celulose, siderurgia e painéis, adota, para a otimização do ciclo de transporte, tecnologias avançadas com a utilização de caminhões de grande porte (treminhão de PBT de 75t) equipados com sistemas de rastreamento via satélite. Essas tecnologias também trouxeram ganhos econômicos importantes restringindo a variação dos custos de frete, no período, de R$ 0,09/m³ para R$ 0,18/m³ (aumento de 100% contra a variação e 280% do IGPM). Indústria: Os resultados tecnológicos da área florestal contribuíram para que a indústria alcançasse maior eficiência, tanto no processo de transformação como na utilização dos insumos e ainda na oferta de produtos com maior qualidade e respostas ambientais adequadas. Por exemplo, o setor de celulose produzia 8 toneladas de celulose por hectare, contra 11,3 toneladas atualmente, trabalha com a expectativa de chegar até 14 toneladas, via ampliação do uso de material genético nas plantações. Finalmente, as tendências para o setor florestal em nível nacional, na medida da evolução e do uso das tecnologias que estão sendo e que serão disponibilizadas, tanto pela iniciativa privada como pelas instituições de pesquisas, são da melhoria da rentabilidade (econômica e financeira) e de suas contribuições, via adequadas respostas ambientais e sociais, ao desenvolvimento do Brasil como um todo.

... a opção de menor custo para a adoção de uma tecnologia específica, para uma fase qualquer das operações florestais, não garante o menor custo da madeira para o produto final desejado. Isso só poderá ser alcançado via utilização do perfeito conhecimento do contexto de tecnologias e operações na cadeia produtiva ... "

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as empresas florestais

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ousadia de inovar Nas últimas três décadas, pude acompanhar o grande salto no desenvolvimento do setor florestal do Brasil. O fato de o País ter um grande potencial para produzir florestas de rápido crescimento, principalmente de eucalipto e pinus, fez com que houvesse uma busca intensa por novas tecnologias. Foi essa atitude que alçou o Brasil à atual condição de maior exportador de celulose de fibra curta do mundo e detentor das maiores taxas mundiais de produtividade florestal. Como iniciante na área de P&D, participei desse processo ao lado de outros pesquisadores, acompanhando a implementação dessas tecnologias na área de manejo de florestas plantadas com eucalipto e pinus, e, mais tarde, como profissional de grandes empresas florestais, colocando-as em prática no campo. O caminho de quem trabalha com inovação não é fácil, pois, muitas vezes, ele esbarra na desconfiança dos profissionais das empresas que utilizam uma tecnologia já estabelecida. No entanto, com persistência e capacitação, consegue-se quebrar paradigmas. O fato é que o setor florestal mostrou-se capaz de assimilar as inovações com certa facilidade, apesar dos desafios representados pela introdução do novo, absorvendo e adaptando as tecnologias que permitiram ao Brasil dar um salto estratégico na qualidade e na produtividade florestal. Nos últimos 15 anos, quando se começou a implantar a certificação florestal em maior escala no País, a questão ambiental e de segurança passou a ocupar um espaço maior nas atividades de pesquisa e de campo. Ela forçou os profissionais que trabalham com inovação a pensar em alternativas que melhorassem a segurança e a ergonomia dos operadores e, principalmente, a reduzir os impactos ambientais. Com isso, houve uma significativa melhoria no desempenho das empresas não apenas no aspecto econômico mas também no social e no ambiental. A continuidade dessa postura é vital para o setor, em especial para as áreas de plantio de florestas nativas que visam à recuperação de áreas degradadas e de manejo florestal sustentável de impacto reduzido em florestas na Amazônia, em que houve um desenvolvimento tecnológico em ritmo menor. Para que os avanços continuem, é importante, em primeiro lugar, que haja mais integração entre as escolas de engenharia florestal, as instituições de pesquisa e as empresas. Afinal, são estas que possuem os recursos financeiros que podem alavancar as pesquisas e que usam as tecnologias desenvolvidas. Na área de eucalipto e pinus, essa integração está mais consolidada, mas a área de florestas nativas ainda carece dela.

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o caminho de quem trabalha com inovação não é fácil, pois, muitas vezes, ele esbarra na desconfiança dos profissionais das empresas que utilizam uma tecnologia já estabelecida " Gilmar Bertoloti Diretor de Operações da Amata

Também poderia haver maior integração entre os pesquisadores, para estimular o desenvolvimento de pesquisa básica e aplicada específica para as florestas nativas plantadas. Entre as tecnologias que devem ocupar maior espaço no futuro, destacam-se a biotecnologia e a engenharia genética, que estão permitindo o desenvolvimento de novos produtos florestais em regiões pouco exploradas do Brasil, como as fronteiras no Norte e no Nordeste, e o desenvolvimento de tecnologias para o plantio de florestas multiuso, destinadas ao processo de celulose, siderurgia, energia e madeira sólida. Outra área em expansão é a tecnologia derivada da agricultura de precisão, que possibilita o planejamento e a adoção de tecnologias diferentes nas fazendas em função do tipo de solo, espécies plantadas, sistemas de manejo, etc. Também cresce o uso de imagens de satélite para planejar as operações e acompanhar os índices de desmatamento e realizar inventários florestais. Além disso, é importante o desenvolvimento de tecnologias sociais, para integrar as comunidades do entorno das operações e permitir que elas também usufruam das inovações no seu dia a dia. Para que possamos implantar essas tecnologias e continuemos inovando, é crucial investir em capacitação profissional, tanto da mão de obra menos especializada quanto de operadores de equipamentos e gestores. Além disso, é importante trazer profissionais de outras áreas, como finanças, comunicação, suprimentos e recursos humanos, para os projetos florestais, visando a uma abordagem mais ampla dessas novas tecnologias. Essa é uma carência que precisa ser tratada para que possamos manter a liderança mundial que conquistamos com grande empenho nas últimas décadas. E, mais que tudo, é fundamental continuar tendo a audácia para pensar coisas novas e executar as atividades de forma diferente do que sempre fizemos, seja para superar obstáculos, seja para melhorar o desempenho das empresas nas dimensões econômica, ambiental e social. A ousadia para mudar é o motor da inovação.



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melhoramentos operacionais Dentre as oportunidades que se apresentam para a silvicultura brasileira, sem dúvida, os processos operacionais de implantação e manutenção de florestas são grande destaque. Para isso, basta observar a evolução, ao longo dos últimos 20 anos, dos procedimentos operacionais de silvicultura quando comparados a outros setores do agronegócio. O setor florestal cresceu e cresceu muito em diversos campos, especialmente no melhoramento, nutrição, colheita e transporte. No entanto, para os processos operacionais de implantação e manutenção de florestas, tivemos uma evolução modesta. Somos carentes em praticamente tudo, de máquinas a implementos. A criatividade e as inovações ainda dependem muito dos esforços isolados de algumas pequenas empresas especializadas na construção de implementos florestais. Há necessidade de apoio e participação das empresas florestais na busca de soluções específicas para o setor. Essa integração de esforços e de interesse ainda está distante e precária diante dos desafios e oportunidades existentes.

Cabe a todos nós discutirmos e encontrarmos alternativas. Teimar com modelos desgastados é remar contra a maré e só vai levar à exaustão, é luta perdida. Na busca de solução, nossa empresa tinha que responder a algumas perguntas e procurar soluções. Observamos que as respostas passavam necessariamente pelo atendimento às seguintes premissas: • elevação do nível de atividades mecanizadas; • qualificação da mão de obra para atendimento de novos processos, tanto no que se refere à execução propriamente dita quanto às atividades decorrentes da elevação do nível de mecanização; • agregação de operações florestais; • atendimento e respeito às características edáficas e climáticas; • busca de parceiros locais interessados no desenvolvimento de novos implementos; e • redução de custo. Começamos nossas atividades silviculturais com uma relação, no ponto de pico, de 150 trabalhadores/1.000 hectares de plantio. Atualmente, quatro anos após o início das atividades, trabalhamos com aproximadamente 50 trabalhadores/1.000 hectares de plantio.

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Hoje, o trabalhador rural não tem estímulo para trabalhar com enxada na mão e salário mínimo no bolso. Busca melhores empregos, novas condições de vida e oportunidades, o que é justo, lícito e respeitável. "

Cláudio Costa Cerqueira Gerente Florestal da Eco Brasil Florestas

Como explicar saltos qualitativos expressivos nos segmentos de melhoramento, nutrição, propagação de mudas, colheita e outros comparado a um desenvolvimento tão acanhado nas operações florestais? Essa pergunta necessita de resposta. O salto qualitativo requer convergência de esforços, que, acreditamos, deva ser capitaneado pelas grandes empresas do setor, buscando tecnologia inovadora ao integrar universidades, centro de pesquisas, empresas governamentais e políticas públicas. Nesse contexto, nos instalamos no estado do Tocantins e encontramos várias dificuldades, com destaque para a indisponibilidade de mão de obra, especialmente para trabalho de campo. O trabalhador rural vem, há alguns anos, se distanciando do campo. Procura centros urbanos em busca de melhores ofertas de emprego e qualidade de vida. O setor terciário, hoje, é o maior empregador e apresenta, pelo menos aparentemente, ofertas de emprego mais atrativas. Hoje, o trabalhador rural não tem estímulo para trabalhar com enxada na mão e salário mínimo no bolso. Busca melhores empregos, novas condições de vida e oportunidades, o que é justo, lícito e respeitável. Fica, então, a questão: como atender a esses anseios e suas inter-relações com a atividade de silvicultura?

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Acreditamos que a evolução tenha sido significativa e sempre em direção do socialmente justo, ambientalmente correto e economicamente viável. Perseguimos essas metas com obstinação e conseguimos grande evolução. Estamos convencidos, no entanto, de que temos muito a alcançar no enorme conjunto de oportunidades existentes. Há muito que se fazer na busca de novas tecnologias e inovações. Não é uma caminhada tranquila, e muitos paradigmas precisam ser quebrados. Ao longo desses anos, a frase que mais escutamos tem sido: “não funciona”. No entanto, essas palavras apenas serviram de estímulo na busca de soluções. Atualmente, caminhamos para uma segunda etapa de nossas preocupações, com ênfase na formação de profissionais qualificados. Vamos agregar conhecimentos de várias origens, buscando mentes privilegiadas, criativas e sem compromisso com a mesmice. Quanto às inovações tecnológicas propriamente ditas, estamos à disposição para mostrar nosso trabalho e conquistas, discutir novas oportunidades e receber sugestões. Essa troca de experiências, de erros e acertos é vital para o crescimento. As conquistas alcançadas são insignificantes diante das oportunidades que se deslumbram para o setor.



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é preciso inovar

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Ao contrário do que é visto na colheita, não temos tratores florestais “prontos” de fábrica para serem utilizados nos 6,5 milhões de hectares florestais plantados neste país. Gastamos cerca de 3 semanas para adaptar os tratores agrícolas. "

Caio Eduardo Zanardo

Gerente de Desenvolvimento Operacional da Fibria

O setor florestal está passando por uma grande transformação, na qual organizações empresariais deparam-se com exigências crescentes quanto à velocidade de mudanças frente ao aumento das incertezas relativas ao futuro do mercado. A insistência pela renovação está cada vez mais presente no dia a dia dos executivos, e as empresas estão cada vez mais pressionadas a operarem com baixo custo, alta qualidade e sustentabilidade. Nesse contexto, é necessário dar saltos tecnológicos no desenvolvimento de processos, máquinas e equipamentos para alavancar a produtividade e garantir a competitividade no mercado global. No passado, a inflação corroía qualquer ganho de produtividade nos processos, e o Brasil vivia numa ciranda financeira; entretanto, com a entrada do Plano Real e a estabilização da moeda, a excelência operacional passou a ser o foco das grandes empresas. Nas últimas décadas, o setor florestal da Copersucar vem implantando inovações ePogeti desenvolvimentos significaDir ANP tivos. Podemos destacar a entrada do uso do herbicida no DirectNP processo silvicultural como um marco para que as empresas pudessem aumentar o seu ritmo de plantio e atender às demandas cada vez maiores dos digestores industriais. Nessa mesma direção, podemos citar a busca do setor pela redução desse consumo, com a implantação do monitoramento de ervas daninhas, conseguindo efetivamente racionalizar o seu uso e ainda garantir as produtividades cada vez mais elevadas dos nossos plantios. A colheita mecanizada no Brasil, que, para muitos, não teria viabilidade econômica, foi financiada pelas empresas, já prevendo que, no longo prazo, não teríamos mão de obra suficiente para atender à demanda futura. Somos benchmarking mundial e celeiro de novos desenvolvimentos de máquinas. Hoje, temos um mercado estabelecido, o que possibilita aos grandes fabricantes adequar seus equipamentos para a realidade brasileira, considerando as nossas condições climáticas, ergonômicas e legais. No transporte, podemos dizer que avançamos muito, principalmente no que diz respeito à segurança de nossas operações. Trocamos uma frota de caminhões sucateados por composições logísticas complexas, com rastreabilidade, transmissões online de indicadores

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de produção e otimizadores de rotas, visando à maximização do uso dos ativos. Tais processos romperam barreiras e mudaram as inércias, alavancando resultados e colocando o Brasil à frente dos demais concorrentes. Os próximos anos serão fundamentais para mudarmos o patamar tecnológico. Acreditamos que a colheita já tenha atingido a sua plenitude dentro dos modelos atuais, sendo necessária uma mudança no processo para que tenhamos uma alteração significativa nos custos atuais. Em paralelo, devemos fomentar junto às associações e aos governos iniciativas para aumentar o interesse pela qualificação florestal, pois, em países escandinavos, por exemplo, crianças de quatro anos já brincam com seus pais nos simuladores espalhados por feiras e exposições. Cooperação e parceria serão essenciais para que possamos formar e qualificar operadores e mecânicos, pois esse será o principal diferencial das empresas. Será, na silvicultura, o grande desafio de desenvolver processos e máquinas capazes de absorver a escassez de mão de obra. Ao contrário do que é visto na colheita, não temos tratores florestais “prontos” de fábrica para serem utilizados nos 6,5 milhões de hectares florestais plantados neste país. Gastamos cerca de 3 semanas para adaptar os tratores agrícolas, aumentando o peso, dificultando as manutenções e reduzindo as nossas disponibilidades mecânicas e eficiências operacionais. Não há fornecedores com presença nacional para implementos e equipamentos florestais, sendo ainda, muitas vezes, necessário realizar adaptações locais de equipamentos agrícolas. A agricultura avançou muito na gestão embarcada, e a silvicultura ainda caminha a passos lentos. Conhecer o processo é essencial para que possamos agir nas causas que irão alavancar as nossas disponibilidades e, com isso, otimizar os nossos recursos. A mecanização através da robustez e a automação das operações silviculturais deverão contribuir para a sustentabilidade de nossas operações. Grandes são os desafios que teremos de superar, e a inovação deverá estar presente no nosso dia a dia, desde a mais simples ideia até a mais sofisticada solução. Todos têm um valor fundamental nesse processo. Devemos, agora, buscar a próxima prática, para que possamos usufruir da conquista.



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inovação

tecnológica

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se as coisas continuarem a ser feitas como antes, podemos assegurar, com alguma sorte, a sobrevivência, mas dificilmente o crescer e perpetuar-se "

João Fernando Borges Diretor Florestal da Stora Enso Latin America Division

Sempre que os gestores de empresas olham para o futuro, deparam-se com a questão fundamental de o que fazer para sobreviver, crescer e perpetuar-se. Esse é um desafio permanente também das espécies e das organizações sociais ou, extensivamente, de todos os seres vivos. Naturalmente, as estratégias para ser bem-sucedido nessa busca podem ser inúmeras. O certo é que, de alguma forma, a estratégia implica ser capaz de fazer alguma coisa melhor ou de forma diferente, visto que o ambiente está em contínua mudança. Se as coisas continuarem a ser feitas como antes, podemos assegurar, com alguma sorte, a sobrevivência, mas dificilmente o crescer e perpetuar-se. O crescimento econômico dos setores produtivos – o setor florestal entre eles – resulta de novas combinações de produtos, processos, mercados, recursos e organizações. Essas novas combinações são o que podemos chamar de inovações ou, mais especificamente, inovações tecnológicas. As inovações podem decorrer de um “estalo”, mas, na maioria das vezes, é fruto de trabalho persistente e determinação das organizações. A inovação é o motor que move as empresas para o futuro em condições de competir e manterem-se sólidas. A atividade florestal como atividade empresarial diz respeito à utilização dos recursos florestais, que, diferentemente de outros recursos naturais, como o petróleo, o carvão mineral e os minerais, são renováveis. No passado, aceitava-se que a utilização dos recursos florestais fosse feita de modo similar à mineração, no sentido de que os recursos florestais eram explorados e exauridos, e as áreas de florestas, convertidas predominantemente para uso agrícola. O fato é que, hoje, não é mais concebível tratar do uso dos recursos florestais sem levar em conta o desafio que a sociedade moderna tem pela frente, que é deter as mudan-

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ças climáticas, garantir a disponibilidade de água potável, estabilizar a população humana e criar condições para que todas as nações tenham a possibilidade de se desenvolver. A utilização dos recursos florestais deve estar alinhada a essas necessidades. Nos diferentes segmentos da indústria florestal, os recursos florestais são constituídos, na grande maioria das vezes, pela madeira de uso industrial. A madeira industrial tem dois grandes usos, os materiais destinados à construção, como madeira sólida, móveis e toda a gama de produtos de madeira, e os produtos à base de fibras, como são os papéis de imprimir e escrever e papéis para embalagens, por exemplo, e os cartões. Esses usos da madeira respondem por cerca de 50% do total de madeira consumida no mundo; os outros 50% são utilizados para geração de energia (lenha e demais usos associados à queima da madeira). Em relação à fonte de madeira, as florestas plantadas respondem, atualmente, por aproximadamente um terço do suprimento mundial de madeira industrial. Pelas necessidades de conservação das florestas nativas – que se impõem pela preocupação da sociedade moderna com os temas de sustentabilidade do planeta –, a madeira industrial terá como fonte, cada vez mais, as florestas plantadas, que, devidamente manejadas, podem produzir madeira de forma sustentada e utilizando menor área. Além disso, colher madeira em florestas nativas e de ciclo longo como as do hemisfério norte será cada vez mais difícil e mais caro. As florestas plantadas, além de possibilitarem maior volume de madeira por área cultivada, permitem melhor logística para acessar e transportar a madeira, bem como favorecem ganhos nas operações de estabelecimento das plantações, sua manutenção e colheita. Plantações com espécies de rápido crescimento também podem se beneficiar mais das pesquisas em genética e redução de ciclos de corte.


Opiniões O conjunto desses fatores induzirá ao conceito de fazendas florestais ou de produção intensiva de fibra. Além das inovações tecnológicas necessárias para tornar a produção florestal sustentável e rentável, a política e as legislações que regulamentam e interferem na produção florestal devem criar condições para a produção de madeira industrial, principalmente nos países com vocação para a produção de madeira, como é o caso do Brasil e de outros países da América do Sul. Tradicionalmente, as inovações e as novas tecnologias no setor florestal têm tido origem no desenvolvimento de pesquisa e de operações das próprias empresas florestais e nos fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos. Infelizmente, ainda não temos quantificado o impacto das inovações no setor florestal brasileiro. Temos exemplos de novos serviços e produtos que resultaram em mudanças significativas nas operações e nos processos florestais, mas não temos estudos avaliando a sua natureza, intensidade e impacto. O mesmo se aplica à identificação dos atores e veículos que promovem as inovações (trabalhadores, gestores de empresas florestais ou de fornecedores, instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, universidades, especialistas, feiras e seminários, viagens técnicas, etc.) e à caracterização do perfil das empresas e proprietários florestais. O entendimento e a análise de como as inovações tecnológicas acontecem e seus impactos no setor florestal brasileiro são necessários para que nos posicionemos em relação a outros setores da economia e aos países com os quais competimos.

Nossas vantagens competitivas no presente, resultado do desenvolvimento de tecnologia para plantações florestais e das condições favoráveis para a produção florestal industrial no Brasil, posicionam-nos bem no cenário mundial, mas não garantem que seremos competitivos nas próximas décadas. É necessário que tenhamos políticas de país para estímulo à inovação e que, dentro de nossas empresas, incluamos nas metas dos nossos gestores indicadores de contribuição à inovação. Estudos desse tema na área florestal revestem-se também de importância, pois possibilitariam nos posicionar em relação a outros setores e orientar nossas ações futuras nessa área.

Componentes e interações no sistema de inovação no setor florestal (fonte: Innovation and innovation policy in forestry, Rametsteiner, Ewald e Weiss, Gerhard)


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sem inovação, não há transformação O slogan é bem conhecido e, sem dúvida, aplica-se sobremaneira aos processos florestais que envolvem as atividades de plantio, da colheita e do transporte florestal. As empresas florestais brasileiras sempre buscaram agregar conceitualmente essa dinâmica, com as estruturas e possibilidades de cada época, vivenciando muitas adaptações de máquinas e equipamentos originários do setor agrícola. De maneira geral, agregaram-se avanços, como reduções de mão de obra e custos; não, talvez, no tempo e na expectativa desejada, mas que mostravam a aptidão e o apetite das empresas nessa busca, que, com certeza, foi, é e será constante. Atualmente, temos uma série de exemplos que caracterizam e retratam essas inovações; de maneira especial, nas atividades da colheita e do transporte florestal, com máquinas de última geração, que trouxeram um altíssimo salto de mecanização. Como não comentar feller-bunchers e harvesters, com tecnologia embarcada com imensos recursos e uma gama de conceitos que traduzem significativos ganhos de Martz produtividade, custos e interessantes aspectos ergonômicos? Presiosan Mesmo máquinas até “marginalizadas” desse processo de mecanização, como os tratores florestais skidders, agregaram, dentro da sua concepção, esses conceitos ergonômicos, exemplo do advento da versão 6x6 e tratores equipados com banco giratório e joystick de grande acessibilidade. Na questão do transporte florestal, as empresas focaram fortemente na mudança do tipo de composição, abandonando as composições de pequeno e médio porte, para as de grande porte, como atualmente tem sustentado o processo de abastecimento das empresas florestais brasileiras. Exemplos de composições tipo treminhão, tritrem, rodotrem passaram a fazer parte da nomenclatura das empresas, e foi, sem dúvida, outro grande salto, pois esses tipos de composições aumentaram a capacidade de carga em até 50% em relação às anteriores. Imaginarmos a base florestal atual e a necessidade anual de transporte florestal para abastecimento das fábricas, considerando uma estrutura passada, teríamos um comprometimento logístico impensável. Desse tripé de atividades, focando a atividade de plantio, observamos o enorme salto na colheita e no transporte florestal; o plantio obteve seus avanços tecnológicos, mas não na mesma velocidade e na esEduardo Possamai truturação de máquinas e implementos que a atividade pede Gerente de Silvicultura da International Paper do Brasil e necessita. De forma muito crítica, essa atividade silvicultural, fundamental para os ciclos de produção florestal, tem, ainda, um razoável caminho a ser percorrido. É notória a grande dificuldade no recrutamento e seleção de pessoas para execução desse tipo de atividade pelas empresas florestais.

É, ainda, uma atividade essencialmente manual, que demanda o uso intenso de uma mão de obra não tão especializada, mas, nos dias atuais, de difícil contratação. É evidente a real necessidade de um crescimento ou uma mudança de foco, para que se busque desenvolver processos tecnológicos que alavanquem essa atividade, não objetivando tão somente uma conceituação mecanizada, com consequente redução na mão de obra empregada, mas, principalmente, uma efetiva redução do custo de exaustão da madeira produzida no respectivo maciço florestal. Aceitarmos puramente que o valor da madeira em pé, a cada ano, terá sua dose de aumento é uma leitura muito simplista; a busca e a aplicação dos avanços tecnológicos dentro dessa atividade de plantio podem e devem trazer um valor, a cada ano, mais atrativo do ponto de vista financeiro, já que, no contexto do abastecimento das fábricas, o item madeira tem um peso muito expressivo na composição final por unidade produzida. Podemos fazer uma reflexão sobre como avançar cada vez mais, como continuar a desenvolver processos tecnológicos que tragam uma realidade interessante para as empresas, quer seja em atividades com menos avanço ou naquelas que já possuem uma considerável evolução. Entendemos que a grande mola propulsora para essa contínua alavancagem está sedimentada na figura dos fabricantes de máquinas e equipamentos; eles são, sem dúvida, a chave para alcançarmos a manutenção e os avanços necessários. A capacidade dessas empresas, formadas por pessoas de grande conhecimento técnico somado à estrutura física, pode contribuir de forma decisiva para a manutenção desse ciclo. Infelizmente, eventos não previstos ferem de forma aguda esses fabricantes, advindos de fatores econômicos internos e externos, mas é fundamental essa contribuição; e, olhando o cenário atual, que haja uma atenção muito especial dentro dessa atividade de plantio. Temos sempre a honra de comentar que nosso país tem, atualmente, as melhores condições de produção de fibra ao redor do mundo, tanto no aspecto da produtividade florestal como na questão do custo da produção. Portanto é essencial que as inovações tecnológicas alicerçadas nessas atividades de plantio, colheita e transporte florestal sejam sustentáveis ao ponto de manter para o Brasil seu papel de destaque e esse rótulo. Não podemos imaginar que outros países estejam apenas assistindo a esse quadro; estão, sem dúvida, buscando mudar essa realidade. Temos, então, de forma continuada, que buscar novos conceitos, metodologias e sistemas, ou seja, sermos incansáveis na busca das inovações tecnológicas.

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é evidente a real necessidade de um crescimento ou uma mudança de foco, para que se busque desenvolver processos tecnológicos que alavanquem essa atividade, não objetivando tão somente uma conceituação mecanizada "

Eduardo Possamai

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Gerente de Silvicultura da International Paper do Brasil



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colheita e logística A demanda constante por ganhos de produtividade e melhoria na ergonomia dos postos de trabalho tem levado as empresas a inovarem e a investirem em avanços tecnológicos. Essa tecnologia está presente em nosso país por meio dos principais fornecedores mundiais de equipamentos florestais. Entretanto, precisamos desenvolver novos processos, adequando esses recursos ao padrão de nossas florestas, topografia e clima. Aliados a essa tecnologia disponível, necessitamos estar atentos ao desenvolvimento e à capacitação de nossos empregados por meio de treinamentos e implantação de mecanismos que possam evitar ou minimizar a ocorrência de acidentes. A retenção de nossos talentos é essencial ao desenvolvimento sustentável de nossas atividades. Na busca pelo aprimoramento dos processos florestais, a Cenibra investe continuamente na renovação do parque de máquinas de colheita florestal, ampliando as alternativas para o aumento do índice de mecanização, uma vez que toda a madeira produzida é proveniente de regiões montanhosas ou com topografias acentuadas. Essas condições exigem sistemas de colheita especiais. Dos atuais 253.000 ha de área bruta, 128.000 ha correspondem à área plantada, sendo que 35% das nossas florestas estão inseridas em regiões com topografia acima de 27º, de difícil mecanização. A tecnologia para colheita em áreas acidentadas é pouco difundida no Brasil, e a Cenibra, a partir da sua engenharia de desenvolvimento, busca desenvolver parceiros dispostos a investir em tecnologia para a criação de novos sistemas de colheita para maximizar a produção e melhorar a produtividade, bem como ganhos com o bem-estar e a segurança do trabalhador. Juntamente com o processo de modernização do nosso sistema de colheita, temos aprimorado as estratégias na gestão da logística. Esse é o segmento responsável por aproximadamente um terço dos custos do processo florestal, e, em função de trabalhar com um produto de baixo valor agregado, tem, no processo logístico, o seu principal desafio. A natureza do empreendimento, de necessitar grandes extensões de terras (ciclo de colheita a cada 7 anos), implica percorrer uma elevada distância de transporte, impactando diretamente no custo da tonelagem transportada. A logística é a última etapa do processo florestal, em que a madeira é transportada dos locais de produção até a fábrica por meio de modais adequados à atividade.

Ela é o elo entre a floresta e o processo fabril e tem como responsabilidade o controle da qualidade do produto entregue, em volumes que garantam o abastecimento, principalmente no período chuvoso. Além disso, é responsável pela liberação de área para a silvicultura com tempo de espera pré-definido. Trabalha também com planos de longo prazo, visto que contratamos empresas especializadas por um período equivalente a seis anos, permitindo ao operador logístico planejar investimentos em equipamentos, com depreciação em um prazo aceitável. O horizonte de longo prazo deve também contemplar uma linearização da quantidade de veículos, volume e distância de forma que haja a máxima utilização dos recursos disponíveis, sem as flutuações indesejáveis. A Cenibra desenvolveu algumas ferramentas para o processo de gestão de logística, como: • Planejamento técnico, econômico, ambiental, social, de saúde e segurança: fundamenta-se na premissa básica de que, com uma visão multidisciplinar do projeto florestal, os impactos negativos sejam prevenidos ou minimizados, utilizando-se sempre as melhores opções técnicas e econômicas disponíveis, assegurando a saúde e a segurança dos usuários e das comunidades nas quais estamos inseridos. • Sistema de monitoramento de frota: monitoramento da viagem e nas condições de dirigibilidade do motorista, fornecendo relatório estatístico com informações importantes para avaliação do desempenho do operador logístico. • Controle de combustíveis dos caminhões: avalia o desempenho dos motoristas na otimização do consumo de diesel. • Monitoramento da relação de Peso-Volume: como o pagamento do nosso frete é feito com base na tonelada transportada, buscamos, de forma planejada, transportar a madeira com maior tempo de corte possível, objetivando maximizar o volume de celulose transportado com menor índice de água. • Melhoria nas condições de trafegabilidade das estradas: esses investimentos vêm sendo realizados sistematicamente em nossa malha viária, que, atualmente, corresponde a aproximadamente 17.500 km. Controles tecnológicos são utilizados na melhoria de sustentação do leito das estradas, com revestimento em cascalho e asfalto em situações críticas. Dando continuidade ao seu programa de crescimento com responsabilidade socioambiental, a empresa continua empenhada em aprimorar seus processos produtivos, consolidando produtividade com garantia da segurança, bem-estar e melhoria do ambiente de trabalho de seus colaboradores.

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uma de nossas ferramentas no processo de gestão de logística é a melhoria nas condições de trafegabilidade das estradas, que, atualmente, corresponde a aproximadamente 17.500 km "

Alexandre Schettino de Castilho

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Gerente do Departamento de Colheita e Logística da Cenibra


Opiniões

gestão: pilar do desenvolvimento Nos dias de hoje, dentro do cenário global e competitivo da indústria de celulose e papel, o Brasil passou a ocupar posição de destaque frente aos demais players. A busca incessante por menores custos de produção, através do desenvolvimento tecnológico em seu perfil multifacetado, aliada às características edafoclimáticas únicas são os fatores mais importantes para a elevação de seu padrão de competitividade. No Brasil, as duas últimas décadas foram marcadas por avanços no setor de operações florestais, principalmente com a evolução dos sistemas de colheita mecanizada e inovações em implantação e manutenção de plantações florestais. Evidentemente, o efeito desses pacotes tecnológicos apenas pode ser contemplado em seu potencial máximo em cases nos quais a busca pela tecnologia não se resumiu ao investimento em modernos equipamentos e ao alto grau de eficiência operacional, mas esteve intimamente correlacionada à excelência dos sistemas e das ferramentas de gestão. A Jari Celulose, Papel e Embalagens é administrada pelo Grupo Orsa e possui instalações nos estados do Pará e do Amapá. Nos últimos anos, houve a incorporação de novos equipamentos à frota de colheita mecanizada, melhoria da eficiência operacional e aperfeiçoamento constante dos operadores, garantindo alto nível de produtividade. Tal avanço foi estrategicamente obtido pela implantação concomitante de um sistema de gestão padronizado, envolvendo os setores de viveiro, silvicultura, abastecimento, pesquisa, planejamento e controle florestal da empresa. Ainda, grandes desafios permeiam os objetivos do negócio, que visa produzir com qualidade e baixo custo. Por exemplo, o alto nível de infestação em sub-bosque – típico da região amazônica –, que eleva custos com limpezas periódicas, alta geração de resíduos dos processos, grande amplitude textural de solos em nível de áreas, e mesmo quadras, alta pluviosidade anual com concentração das precipitações nos seis primeiros meses do ano, causando perdas nos processos mecanizados de silvicultura, colheita e transporte e estiagem no período seguinte, originando custos com irrigações obrigatórias ao sucesso do plantio. Frente a esses desafios, uma reestruturação estratégica foi articulada, resultando em uma gestão unificada, a Gerência de Operações Florestais, que abrange os setores de viveiro, silvicultura e abastecimento, anteriormente segmentados.

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A excelência em gestão é buscada através do alto potencial sinérgico da equipe, aliada a um fluxo de informações consistentes, sendo o gerenciamento da produção e as decisões estratégicas de curto prazo balizados por indicadores originalmente concebidos, com base nas mais modernas técnicas e modelos de gestão disponíveis no mercado. Uma célula estratégica projeta melhorias aos subsistemas de colheita e silvicultura, reduzindo custos operacionais e possibilitando a otimização de recursos, satisfazendo atribuições em planejamento de curto prazo, desenvolvimento operacional, gestão de certificações e qualidade e microplanejamento de operações. Os projetos atuais tangem demandas, tais como a um modelo para padronização de limpezas de sub-bosque em florestas de curta rotação, otimização de custos em desgalhamento manual, aproveitamento do resíduo florestal das limpezas em fardos por equipamento específico, aplicação de herbicidas no corte mecanizado, oportunidades em condução de talhadia com corte por sistema tree-lenght (feller), entre outras. Paralelamente, duas coordenadorias regionais gerem exclusivamente as operações florestais em si. Um projeto já implantado objetiva a otimização do sistema de transporte florestal através de programação linear, pelo software Central Logística de Abastecimento. O sistema direciona o fluxo de carretas e locomotivas entre os pátios de madeira considerando o menor custo, as necessidades pontuais do cliente e a política de estoques. O input com registro da madeira é realizado via PDA e sincronizado por transmissão wireless diretamente dos pátios externos de estocagem de madeira, abastecendo o banco de dados central. Pela análise em tempo real, a frota é redirecionada a cada fim de ciclo, por meio de recomendação impressa no ticket entregue no momento da pesagem de cada carreta, que imediatamente inicia novo ciclo de viagem a partir da solução factível gerada pelo sistema. Partindo da premissa da excelência em gestão operacional como parte da evolução tecnológica, promovendo a produção florestal de qualidade com recursos otimizados, a empresa reafirma seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, visando a resultados operacionais e econômicos, produzindo sob rígidos padrões de certificações ambientais e industriais e contribuindo, sobretudo, para a transformação social.

as duas últimas décadas foram marcadas por avanços no setor de operações florestais, principalmente dos sistemas de colheita mecanizada e inovações em implantação e manutenção de plantações florestais " Pablo de Assis Guzzo

Gerente de Operações Florestais da Jari Celulose - Grupo ORSA

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as inovações inseridas na colheita Diversas inovações tecnológicas desenvolvidas na última década estão invadindo, ou melhor, embarcando em máquinas e equipamentos, sejam para as atividades agrícolas ou florestais. Elas são benéficas para toda a cadeia agrícola e florestal, porém a velocidade com que essas novidades chegam aos equipamentos varia muito em função do setor. Alguns, como a agricultura, já saíram na frente e implantaram diversas novidades em suas colheitadeiras e tratores, iniciando um novo processo produtivo, denominado de agricultura de precisão. Desdobrando esse conceito ou processo produtivo (agricultura de precisão), é possível entender um pouco sobre a presença das novidades tecnológicas nas atividades agrícolas. Esse processo produtivo, o qual associa a tecnologia embarcada nos equipamentos com o sistema global de posicionamento (GPS), permite integrar as informações geradas pelas tecnologias embarcadas com a localização e mapeamento das atividades realizadas. Outro grande produto desse sistema integrado é a disponibilidade de informações em tempo real, possibilitando eventuais intervenções em tempo hábil. Sendo assim, iniciamos a incorporação desse novo conceito de processo produtivo nas atividades florestais. As primeiras inovações tecnológicas foram inseridas nas atividades iniciais da cadeia de produção de madeira, ou seja, na silvicultura.

Os equipamentos utilizados na colheita florestal há tempos permitem a utilização de tecnologias embarcadas. O que faltava ao setor era transformar os dados gerados nesses equipamentos em informações que auxiliassem desde o planejamento até a execução, tanto da operação quanto da manutenção desses equipamentos. Atualmente, a busca pela maior competitividade no setor de florestas plantadas faz com que o foco nos detalhes operacionais represente elevada importância, a fim de identificar oportunidades para o aumento de produtividade e a consequente redução de despesas/custos. Os equipamentos florestais disponíveis no mercado nacional já disponibilizam aos clientes tecnologias (por exemplo, computadores de bordo) com as mais variadas funções, como o controle de produção, planejamento de manutenção, monitoramento online dos principais indicadores do equipamento, etc. O novo desafio está na integração desses sistemas, de forma que as empresas, mesmo que utilizem mais de um fornecedor de equipamento, possam consolidar esses dados e gerar informações para a gestão e a decisão sobre o processo produtivo. Esse sistema deverá ser robusto e versátil para que, independente do modelo de colheita utilizado (harvester, feller, chipper, etc.), a empresa tenha informações e indicadores que lhe permitam planejar e operar dentro de sua melhor capacidade.

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Existem dois grandes fatores de risco ou oportunidades neste processo de implantação da tecnologia nos processos produtivos. O primeiro é a integração com os demais sistemas das empresas. O segundo, e mais importante, é a qualificação da mão de obra. "

Joaquim Trecenti Barros Lordelo

Gerente de Operações Florestais da Suzano Papel e Celulose

O início dessa mudança cultural, com a utilização de novas tecnologias, permitiu que algumas operações atingissem níveis de controle e qualidade diferenciados dentro do setor florestal. Algumas tecnologias consideradas pioneiras nas atividades florestais seriam: controle eletrônico de dosagem, aplicação de insumos em taxas variáveis e mapeamento georreferenciado das atividades realizadas. Após essa quebra de barreira, outros processos da cadeia produtiva da madeira iniciam também a busca por tecnologia, visando alcançar novos patamares de produtividade e custo. Um deles seria o processo de colheita florestal. Da década de 1970 (uso de motosserra), saímos para um boom de mecanização na colheita da década de 1990 até os dias atuais. No entanto, o processo de mecanização da colheita florestal caminhou a passos lentos e deixou de aproveitar o que de melhor havia disponível no mercado.

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Ainda assim, existem dois grandes fatores de risco ou oportunidades neste processo de implantação da tecnologia nos processos produtivos. O primeiro é a integração com os demais sistemas das empresas, necessitando de uma participação intensa das áreas de Tecnologia da Informação. O segundo, e mais importante, é a qualificação da mão de obra. Esse é um tema que deve permear todo grande projeto ou processo de mecanização ou de implantação de novas tecnologias, pois é o grande fator de sucesso: o quão preparados e engajados estão os trabalhadores. Acredito que o País evoluiu significativamente nas questões tecnológicas do processo produtivo, agrícola e florestal, atingindo reconhecimento mundial, mas não se pode acomodar. Vamos buscar sempre evoluir e melhorar, pois há muito a fazer.



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o potencial da biomassa residual Não restam dúvidas sobre a imensa capacidade tecnológica da silvicultura brasileira. Nos meios florestais mundiais, há consenso de que a silvicultura clonal do gênero eucalyptus no Brasil supera, em muito, as demais iniciativas de outros países. Prova disso está no grande incremento da produtividade florestal ao longo de quase 50 anos de silvicultura intensiva e na qualidade da matéria-prima gerada para as mais diversas aplicações. Somente no setor de carvão vegetal, a produtividade saltou de 10-12 m³ /ha/ano de IMA (Incremento Médio Anual) para mais de 50-60 m³/ ha/ano nesse período. A densidade básica da madeira passou de cerca de 350 a 400 kg/m³sólido (densidade básica) para mais de 600 kg/m³sólido em alguns materiais de hibridação controlada, alguns deles utilizando até três materiais genéticos (os chamados tricross). Obviamente, a evolução tecnológica foi baseada em diversas áreas do conhecimento. Florestas homogêneas de eucalyptus passam a produzir biomassa, dentro de um novo conceito de suprimento de matéria-prima para as indústrias de base florestal. A nova denominação passa a ser importante num contexto ampliado de cadeias produtivas, alinhando-se, por exemplo, com o setor canavieiro, que tem, em sua produção de biomassa própria, imensas oportunidades de aproveitamento supraenergético, além daquela intrínseca do negócio. Muito se tem falado sobre até que ponto iremos conseguir maximizar a produção florestal, através dos plantios clonais de eucalyptus, dentro de uma matriz de sustentabilidade, que mantenha a competitividade do setor. Por outro lado, a evolução nos sistemas de colheita, retirada de madeira e transporte para as unidades de produção, teve um boom também representativo nos últimos 20 anos, o que ajudou a consolidar a eficiência do setor florestal com alta produtividade e custos operacionais competitivos. A importação de máquinas e, posteriormente, a tropicalização de equipamentos e sistemas possibilitaram a profissionalização da atividade em volumes crescentes e na qualidade requerida. Sem a mecanização, seria impossível atender às demandas industriais colocadas. Especificamente no setor de carvão vegetal, a mecanização da colheita com sistema feller-skidder e garra traçadora (o mais tradicional do setor) traz para análise a possibilidade de aproveitamento da biomassa residual, quer seja do material intrínseco da atividade, que vai para as plantas de carbonização na forma de galhos e cascas, quer seja no material remanescente da retirada das árvores, que podem ser utilizados em diferentes níveis.

A análise de um potencial aproveitamento desses resíduos deve estar intimamente ligada à questão da sustentabilidade do sistema solo-planta, tratando-se não só da questão nutricional, através da reciclagem, como das interações com as características físicas do solo e da umidade e com as características do material a ser aproveitado (cascas, galhos finos, grossos, folhas, etc). Inventários têm sido feitos no sentido de adequar a melhor matriz de produção nesse sentido, procurando a melhor resposta de equilíbrio entre a manutenção e a retirada da biomassa residual. A cadeia deve, então, ser avaliada da perspectiva mais ampla na qual, após definir o que e em que nível aproveitar o material, se sabe como ele será processado e beneficiado. Tomando-se, novamente, um modelo baseado na produção de carvão vegetal, em que tecnologias em desenvolvimento avançam no sentido do aproveitamento dos gases de pirólise, na geração de energia térmica e, em pouco tempo, na produção de energia elétrica, sistemas suplementares de biomassa compõem um importante suprimento, quer na primeira rota (energia térmica para secagem da madeira), melhorando os índices de transformação madeira/carvão, com consequente economia de florestas e recursos, quer na agregação de combustível, para os sistemas de geração termoelétrica. Além disso, ainda há a agregação da própria produção de carvão vegetal, mesmo que nas frações mais finas, plenamente utilizáveis nos sistemas de injeção na maioria dos altos fornos de produção de gusa (inclusive aqueles que utilizam o coque mineral). Mais uma vez, a mecanização dessa nova vertente de produção de biomassa deverá integrar sistemas, máquinas e implementos aos atuais modelos produtores de toras ou árvores inteiras a todo o fluxo logístico que impacta o binômio floresta-indústria. Processadores, pré-trituradores, trituradores, picadores, enfardadeiras, classificadores, carregadeiras, e outros, deverão ter portes, potências e desempenhos adequados para operarem no campo, nas estradas e nos pátios de processamento e/ou abastecimento, de acordo com tipo e volume de matéria-prima e produto final pretendido. Estudos preliminares apontam para um aproveitamento dessa biomassa da ordem de 5% do volume clássico inventariado em uma floresta de produção, falando-se apenas de pontas e galhos grossos. O conteúdo energético dessas porções terá importante participação num contexto maior de produção de biomassa, energia e modelo sustentável de produção, de forma equilibrada e com bom senso no aproveitamento dos recursos e de geração de valor.

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... até que ponto iremos conseguir maximizar a produção florestal, através dos plantios clonais de eucalyptus, dentro de uma matriz de sustentabilidade, que mantenha a competitividade "

Augusto Valencia Rodriguez

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Gerente de Tecnologia da ArcelorMittal BioFlorestas


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a busca por competitividade O Brasil tem, historicamente, se apresentado ao mercado como um país atrativo e de forte vocação florestal. Investimentos importantes nas últimas décadas e ainda recorrentes confirmam os já conhecidos atrativos e excelentes atributos do segmento. Contudo aspectos conjunturais e estruturais têm sinalizado significativas perdas de competitividade do Brasil em diversas cadeias produtivas frente aos mercados internacionais, e não está sendo diferente para o setor de florestas plantadas. A economia mundial cresce segundo duas grandes forças: globalização e mudança tecnológica. A competição entre as empresas é cada vez mais acirrada, a qualidade não serve para distinguir mais ninguém, e a tecnologia muda rapidamente. Em 1980, uma nova descoberta científica levava 10 anos para chegar ao mercado; hoje, leva 5 anos ou menos. É preciso inovar para manter-se competitivo e presente no cenário nacional e, notadamente, internacional. O conceito de inovação tecnológica na silvicultura e colheita abrangem complexas situações e ao mesmo tempo tem uma necessidade premente de simplificação para atender as mudanças necessárias à produção florestal. A palavra de ordem do momento é inovação. Entretanto a maioria das empresas precisa de inovações simples, de melhorias de produtos e processos. Diante disso, os responsáveis pela gestão da inovação tecnológica enfrentam uma série de questionamentos e dilemas, tais como: quais são as tecnologias mais importantes para o seu negócio e como garantir sua implementação? O que desenvolver internamente e o que e como obter externamente ao ambiente da empresa? As universidades brasileiras ganharam reconhecimento pela ciência florestal aqui desenvolvida e aplicada, assim como nossas empresas, pelas inovações aplicadas ao setor. O aumento de produtividade conseguido nas últimas décadas nos coloca entre as melhores silviculturas do mundo, mas não nos garante para o futuro. Para a manutenção dessa competitividade, a busca por tecnologia deve estar associada à estratégia empresarial, e a visão inovadora deverá estar impregnada aos processos florestais. Isso requer a união de investimento, financiamento, competências e ideias. O Brasil ainda tem possibilidade de ter ganhos expressivos de produtividade. Para isso, é necessário que os investimentos acompanhem as tendências tecnológicas, que haja mais incentivos financeiros e políticas claras direcionadas à inovação tecnológica. Os modelos ecofisiológicos aliados ao sensoriamento remoto aplicado ao setor florestal são um bom exemplo de tecnologia que tem evoluído e ajudado no

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entendimento dos fatores que limitam a produtividade em cada situação, como clima, solo, manejo florestal e proteção. A fertilização, importante no desenvolvimento e no crescimento ao longo do ciclo da floresta, necessita ser repensada. O crescente aumento nos preços dos insumos e a busca por processos de produção ecoeficientes demandam uma utilização cada vez mais racional de fertilizantes. A silvicultura de precisão apresenta potencial de redução da variabilidade observada nas adubações e ajudará no melhor controle e gerenciamento das operações, assim como obter povoamentos mais homogêneos e produtivos. A viabilização dos chamados fertilizantes complexos, de liberação controlada, que garantem que cada grânulo contenha os nutrientes necessários para o crescimento e o perfeito desenvolvimento das plantas, minimizando as perdas por lixiviação e os efeitos nocivos de salinidade. As operações silviculturais têm buscado a ampliação dos sistemas mecanizados que garantem a qualidade necessária para melhores produtividades. Um exemplo clássico é o da colheita florestal, que passou por significativas mudanças tecnológicas nas últimas décadas; as operações evoluíram de um processo manual para o semimecanizado, adquirindo nível mais expressivo de mecanização com a substituição de motosserras pelo feller e harvester e os skidders, os quais passaram a substituir os tratores agrícolas adaptados. Uma nova geração de equipamentos com custos operacionais mais baixos e com melhores atributos operacionais no tocante a solos e customização deverá ocupar essa nova fase. Os desafios à inovação, contudo, estão na inclusão dos pequenos e médios produtores rurais de fundamental e crescente importância para a atividade florestal integrada e ao novo mercado de produtos florestais. Não se pode imaginar, hoje, o desenvolvimento socioeconômico das comunidades regionais e a sustentabilidade dos empreendimentos florestais e industriais sem soluções adaptadas às escalas desses novos produtores. A habilidade comprovada do empresário brasileiro na busca de respostas e de superação forjará, necessariamente, os novos tempos e a presença constante da necessidade de inovação. Não se pode, como país, buscar soluções autônomas, próprias, individuais e únicas. A busca por competitividade deve ser interpretada como uma oportunidade para aperfeiçoamento dos mecanismos institucionais públicos e privados, como uma cooperação, como um meio de viabilizar o processo criativo e empreendedor do negócio florestal brasileiro.

o aumento de produtividade conseguido nas últimas décadas nos coloca entre as melhores silviculturas do mundo, mas não nos garante para o futuro "

Rodrigo N. Paula e Francisco S. Gomes

Chefe e Consultor de Tecnologia e Desenvolvimento da Gerdau

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as empresas florestais

Opiniões

a ampliação da capacidade

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O surgimento significativo de espécies de insetos prejudiciais à cultura vem impulsionando a busca por novas tecnologias, como o investimento em controle biológico, o emprego do monitoramento por geoestatística, imagens de satélites, etc. "

Hélder Bolognani Andrade Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da V&M Tubes

Considerando que inovação tem como característica a criação de novos produtos ou processos, a silvicultura pode ser considera a área onde esse conceito tem sido empregado. Conforme relatório 2011 da Abraf, as principais forças de sustentação e de expansão da inovação tecnológica do setor florestal podem ser divididas em três períodos: 19601980 – início do processo de industrialização, incentivos fiscais e baixa produtividade; 1980-2000 – avanços no melhoramento, aumento da produtividade e sustentabilidade; 2000-2010 – biotecnologia, manejo silvicultural, novos investidores e desenvolvimento sustentável. Um dos fatores importantes nessa evolução é a difusão de tecnologia com a integração entre empresas privadas, universidades e instituições de pesquisa. Vale destacar que os principais resultados alcançados foram obtidos por meio de pesquisas desenvolvidas, principalmente no Brasil. Atualmente, novos fatores têm motivado a busca por inovações no setor. A redução da disponibilidade de mão de obra para a realização de atividades manuais e a melhoria na segurança e na ergonomia, visando a melhores condições de trabalho, têm impulsionado a atividade de mecanização florestal, potencializando a união de diferentes operações em uma única atividade. Um bom exemplo disso é a plantadeira mecanizada, que realiza várias atividades simultâneas, como o coveamento, o plantio, a adubação e a irrigação. As inovações não precisam ser complexas. Atitudes simples fazem a diferença, como aliar a operação de colheita florestal com a aplicação de herbicidas para evitar a rebrota, através de adaptações no sistema feller/harvester. Outra inovação é o desenvolvimento de implementos que possibilitem a combinação de diferentes fontes de fertilizantes no momento da aplicação, evitando a aquisição de formulações, o que facilita a compra, o manuseio e o estoque de fertilizantes. Há um campo amplo para tecnologias inovadoras relacionadas a máquinas, a implementos florestais e a insumos (fertilizantes, inseticidas, etc.). No entanto os investimentos das empresas que atuam nessas linhas de produtos são inferiores, por exemplo, aos que se observam na colheita florestal. Possíveis razões para isso são os baixos custos dos implementos quando comparados aos empregados na colheita.

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Outra é a facilidade de copiar implementos, por meio de pequenas alterações, anulando o valor das patentes e, consequentemente, desestimulando o desenvolvimento de novas máquinas/implementos. Assim, os implementos utilizados hoje são adaptações de máquinas utilizadas na agricultura. O expressivo crescimento do setor de florestas plantadas pode ser um estimulador para a fabricação de novos equipamentos para a área de silvicultura. Simultaneamente a esse desenvolvimento tecnológico, é preciso investir cada vez mais em programas de capacitação de recursos humanos, permitindo que a silvicultura maximize o emprego dessas inovações. Outra área que demanda por inovação é a proteção florestal. O surgimento significativo de espécies de insetos prejudiciais à cultura vem impulsionando a busca por novas Joaquimelo tecnologias, como o investimento em controle biológico, o Gerente de Oelulose emprego do monitoramento por geoestatística, imagens de satélites, etc. Isso permitirá não somente detectar a ocorrência dos surtos, mas também mapear, de forma mais precisa, os pontos nos quais a infestação é prejudicial, facilitando o controle e o monitoramento da eficiência do mesmo. Já que as informações coletadas estarão prontamente disponíveis, as ações de controle e prevenção se tornarão mais efetivas. Na área de informática, as inovações em termos de sistemas computacionais estão permitindo a criação de formulários eletrônicos e coleta de dados via GPS, com a transferência das informações eletronicamente. Dessa forma, os dados tornam-se mais confiáveis e os fluxos de informações mais ágeis, além de facilitar o acompanhamento das operações de campo, obter mais precisão na utilização de insumos e facilitar o controle de qualidade das operações. De uma forma geral, a área de silvicultura é um dos melhores exemplos da aplicação dos resultados oriundos da pesquisa e da inovação. Com diversos trabalhos nas mais variadas áreas, foi possível expandir o plantio para diferentes regiões do Brasil – e aumentando, de forma significativa, a produtividade e a qualidade das florestas para os diferentes usos –, ao mesmo tempo em que tornaram os empreendimentos florestais mais viáveis em termos econômicos, com ações ambientais que são referência e com relações sociais que têm melhorado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nas regiões de atuação do empreendimento florestal.





fornecedores do sistema florestal

Opiniões

tecnologia a favor da sustentabilidade O conceito de sustentabilidade vem se transformando num elemento-chave do movimento global. As indústrias precisam ser sustentáveis em toda sua cadeia de produção. A sociedade passará a exigir cada vez mais o equilíbrio entre o economicamente viável, o socialmente justo e o ecologicamente correto. O setor de transportes, presente na cadeia de produção da maioria das indústrias, é um grande emissor de gases do efeito estufa, e as emissões desse setor continuarão a crescer. Em janeiro de 2011, o Ministério do Meio Ambiente divulgou o 1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários. De acordo com esse inventário, as emissões do dióxido de carbono pelo setor de transportes poderão atingir 270 milhões de toneladas em 2020, crescimento de 60% em relação aos 170 milhões de toneladas de 2009. Enquanto em 2009 os caminhões pesados representaram 30% dessas emissões, os dados da pesquisa estimam que, em 2020, essa frota passe a representar em torno de 33%. A renovação da frota, a gestão da manutenção e a correta condução, também conhecida como ecodireção, são fatores fundamentais para melhorar a eficiência energética do caminhão e, consequentemente, minimizar essas emissões.

As tecnologias vêm evoluindo há vários anos, mas poucas se tornam viáveis no sentido prático em função dos custos. Algumas, porém, podem ter sucesso se aplicadas em nichos específicos, como no setor sucroalcooleiro ou florestal. A obrigatoriedade da tecnologia menos poluente é só um primeiro passo. A idade média da frota de caminhões no Brasil ultrapassa os 17 anos. Desses, 24% tem mais de 30 anos. Os caminhões mais antigos são muito menos eficientes e poluem muito mais. Para maximizar o efeito da tecnologia Euro V, é necessário um programa de renovação de frota de caminhões com sucateamento dos mais antigos, que são menos eficientes, menos seguros e muito mais poluentes. Programas de renovação de frota já são realidade em outros países, como Alemanha, EUA e México. Nesses programas, a renovação é incentivada através de um subsídio para o sucateamento. Quem sucateia um caminhão antigo recebe um bônus para adquirir um novo. Se não incentivarmos a renovação, o impacto na tecnologia Euro V será muito lento. A frota residual pesa muito sobre as emissões. Apesar do grande avanço tecnológico mundial das últimas décadas, a eficiência energética no setor de transporte continua muito baixa.

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A idade média da frota de caminhões no Brasil ultrapassa os 17 anos. Desses, 24% tem mais de 30 anos. Os caminhões mais antigos são muito menos eficientes e poluem muito mais. "

Adriano Thiele Diretor Executivo de Operações e Serviços da JSL

Nota-se, no segmento de transporte, uma lacuna no processo de monitoramento para os gases do efeito estufa. Há medição dos gases poluentes, mas pouco gerenciamento para a redução das emissões. Mesmo em países desenvolvidos, que precisam elaborar metas para redução, isso ainda é incipiente. O envolvimento e a atuação do poder público com o planejamento, a implantação e o acompanhamento de políticas e diretrizes voltadas à melhoria da qualidade ambiental que ajudem a atenuar as mudanças climáticas são quase inexistentes. A tecnologia vem para ajudar a melhorar esse cenário. Desde janeiro de 2012, os caminhões fabricados no Brasil passam a atender a norma de emissões do Proconve, chamada de P7 ou Euro V, que vai resultar numa redução significativa de emissões. Esses novos motores emitem 60% menos óxido de nitrogênio (NOx) e 80% menos partículas em relação aos veículos antigos. O ponto negativo é que essa nova tecnologia deverá resultar num aumento médio próximo de 10% no valor dos caminhões.

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A falta de informação sobre o desempenho, o custo e a disponibilidade de tecnologias que melhorem a eficiência energética e a falta de confiança nelas fazem com que as empresas do setor pouco as utilizem. Uma das tecnologias já difundidas é a telemetria. É consenso que a correta operacionalização do equipamento, além de evitar o desgaste prematuro dos componentes, reduz significativamente o consumo de combustível. Computadores de bordo custam entre 1 e 2% do valor do caminhão e permitem monitorar em tempo integral todos os parâmetros pré-definidos para cada operação, como velocidade, RPM, marcha, pressão, temperatura, entre outros. A partir desse monitoramento, é possível identificar os operadores que precisam de treinamentos específicos. Como ilustração, na JSL, o uso de telemetria em operações específicas reduziu o consumo de combustível em torno de 15% nos primeiros 90 dias de acompanhamento. A tecnologia pode ser um grande aliado para nos ajudar a procurar o equilíbrio entre a viabilidade econômica e o ecologicamente correto.



visão estratégica

as mulheres

surpreendem na

colheita mecanizada Em qualquer processo de desenvolvimento operacional, a criatividade, o arrojo e a determinação para buscar soluções alternativas ou inovadoras são fatores fundamentais para o sucesso empresarial. Esses fatores, aliados ao detalhamento na fase de planejamento, ao cuidado na implantação, a atenção no desenvolvimento, acuidade aos sinais de controle e a prontidão para a análise, ajustes e rapidas ações corretivas estabelecem a estrutura necessária para o sucesso. Orientadas por tais princípios, a Ibaiti em parceria com a Díade Psicologia iniciaram, em outubro de 2010, na unidade de Telêmaco Borba, estado do Paraná, uma seleção de mulheres para a alocação diretamente na operação de colheita florestal na função de operadoras de equipamentos de alta tecnologia: harvesters (escavadeiras com cabeçotes) para processamento das árvores no interior dos talhões e forwarders (tratores articulados 8x8) para baldeio da madeira do seu interior até os carreadores. Do quadro inicial de 182 candidatas, 20 foram escolhidas, na primeira etapa, com potencial para exercer a função, e, delas, 6 foram selecionadas e tiveram, no conjunto geral, as melhores condições relativas aos pontos desejados, ou seja: desejo pela atividade, posicionamento frente ao desafio, senso de responsabilidade pela quebra do paradigma masculino, postura frente ao novo e, principalmente, perfil psicológico adequado à função.

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O índice de aproveitamento do grupo feminino (67%) foi considerado normal quando comparado aos padrões da seleção tradicional de operadores do sexo masculino e, portanto, dentro da expectativa do processo. "

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Osvaldo Roberto Fernandes Diretor da Ibaiti Soluções Florestais e da Multifloresta

Um detalhe importante a destacar, nenhuma das mulheres tinha qualquer conhecimento anterior ou afinidade com atividades florestais de campo. As etapas de capacitação e desenvolvimento foram assim estabelecidas e cumpridas: • Simulador Virtual – Senai-PR – Forwarder: 40 h • Prática de Campo Forwarder: 80 h • Desenvolvimento Comportamental: 40 h • Procedimentos Operacionais: 20 h • Manutenção Mecânica Básica: 20 h • Manutenção Elétrica Básica: 20 h • Recursos Humanos/Segurança/Ambiência: 20 h • Metas Operacionais dos Equipamentos: 20 h • Simulador Virtual – Senai-PR – Harvester: 40 h • Prática de Campo Harvester: 80 h Em março de 2011, deu-se o início à rotina normal das operações de campo. Das 6 operadoras aprovadas, tivemos uma desistência nos primeiros 30 dias por não adaptação aos trabalhos de campo e uma demissão oito meses após, por não evolução do rendimento nas operações, apesar do empenho da empresa em incentivar a melhoria de sua performance. O índice de aproveitamento do grupo feminino (67%) foi considerado normal quando comparado aos padrões da seleção tradicional de operadores do sexo masculino e, portanto, dentro da expectativa do processo.


Opiniões Depois de 12 meses de atividades no campo, podemos concluir como resultado referencial, até este momento, que as 4 operadoras do sexo feminino em atividade apresentaram os seguintes destaques, quando comparadas com o mesmo nível de habilidade e tempo na função do grupo de controle masculino: • Maior qualidade nas operações e no preenchimento de relatórios diários; • Maior percepção efetiva e cuidados na manutenção do equipamento; • Maior preocupação com o meio ambiente, segurança no trabalho e normas operacionais; • Maior participação na identificação de situações de risco e na solução dos problemas; • Maior facilidade de interação dentro do próprio grupo feminino, com seus pares e superiores; • A eficiência operacional do equipamento não teve diferença significativa entre os gêneros; • Menor rendimento operacional (8%) que o grupo masculino, e • Menor custo/benefício/hora do equipamento operado (14%). Devemos lembrar que, em muitas situações de recrutamento e seleção de colaboradores para operarem equipamento de colheita de alta performance, é cada vez mais comum a escassez de candidatos do sexo masculino com perfil apropriado e requisitos pessoais especiais, dificultando ou impossibilitando a efetivação do processo de contratação. Cabe ressaltar que o perfil feminino para desenvolver essas atividades é diferente do estruturalmente conhecido com a população masculina. São características genéricas ou específicas que se mostram diferenças, que agora, podem ser consideradas. Dentro do trabalho inovador desenvolvido, a escassez de candidatos masculinos não mais prejudicará a ampliação do negócio florestal, pois se constatou que as mulheres operadoras podem desempenhar essa atividade sem maiores problemas de produtividade, qualidade, custos e integração com a equipe remanescente, desde que considerados os aspectos significativos da diferença entre os gêneros e, principalmente, da efetiva capacitação técnica e operacional das candidatas.

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fornecedores do sistema florestal

Opiniões

inovar é uma ação O pioneirismo tem mostrado ser um fator relevante na conquista da liderança, da competitividade, da lucratividade e, principalmente, da consolidadação como referência dentro de um setor de atuação. Os meios de comunicações instantâneos utilizados pelas empresas fazem com que o resultado seja muito mais rápido no gerenciamento de processos cuja base consegue direcionar as tomadas de decisões para o uso de políticas de implantação de novas técnicas, de maneira a preservar o produto economicamente sustentável em qualquer situação, quer seja ela favorável ou não. Para que isso aconteça, é necessário que a empresa não tenha receio de mudanças, implantando novos conceitos e sistemas através de ações inovadoras. O setor florestal brasileiro, no atual mundo globalizado, também segue essa mesma base conceitual, porém com vantagem, pois a floresta oferece condições para desenvolvimento e continuidade da preservação e sustentabilidade como potencial fonte para a energia renovável, além dos já conhecidos produtos tradicionais.

Uma empresa que se propõe a atender aos requisitos necessários para a mecanização de toda a cadeia de produção da madeira (e tem isso como objetivo), por sua vez, tem a necessidade de disponibilizar as inovações tecnológicas nas diversas máquinas que irão atender às necessidades para o preparo do solo, colheita, carregamento até chegar ao pátio, para oferecer uma só base de gerenciamento e estrutura para toda a frota. Incorporar inovações tecnológicas em uma máquina inicia com a voz do cliente, e, a partir dessa informação, vários processos, validações e aprovações são considerados, e parâmetros, estabelecidos para que o investimento seja assim viabilizado. Aliar a implementação das inovações tecnológicas que sejam comum às diversas máquinas que são utilizadas no setor florestal é parte do planejamento para que todas as ações inerentes à manutenção e ao abastecimento facilitem a logística de atendimento no campo, que é complementado com o monitoramento remoto da máquina,

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Incorporar inovações tecnológicas em uma máquina inicia com a voz do cliente, e, a partir dessa informação, vários processos, validações e aprovações são considerados, e parâmetros, estabelecidos para que o investimento seja assim viabilizado. "

Toru Sato Consultor Florestal Sênior da Caterpillar Brasil - LACD

Nesse ambiente de múltiplas oportunidades, uma floresta está sendo considerada, ou analisada, não como um maciço de árvores com finalidade única, e sim como uma fonte de matéria-prima para substituir os combustíveis fósseis por fonte de energia renovável. Razão pela qual ela ocupa uma posição como a indústria que mais atrativos tem gerado na demanda de inovações tecnológicas para o aproveitamento econômico de todo o potencial que ela representa. Para acompanhar essa dinâmica necessária, a mecanização das operações florestais está sendo agrupada sob uma unidade corporativa e não mais por segmento independente. A grande disponibilidade e facilidade na implementação da tecnologia dos periféricos que o monitoramento remoto tem proporcionado não deixa dúvida da confiabilidade da precisão dos resultados das diversas fases das atividades que compõem uma determinada operação. Atender a essa inovação que as empresas florestais estão buscando para as suas necessidades está também influenciando os fornecedores de máquinas e equipamentos para oferecerem seus produtos dentro dessa linha de processo na oferta de seus produtos.

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que verifica continuamente todas as funções e componentes críticos da máquina, a fim de ajudar a manter o controle e o funcionamento de forma correta e eficiente, aumentando a produtividade e promovendo a redução dos custos de propriedade e operacionais. Da mesma forma, a confiabilidade é o principal fator na obtenção dos dados via monitoramento a distância, em que a influência humana deixa de ser um fator a ser considerado. Finalizando, temos tecnologia que desponta para automatizar a manutenção rotineira para reduzir o custo, melhorar as condições de trabalho do técnico de serviço, a segurança, a ergonomia e oferecer ambiente mais limpo, que irá refletir no aumento da disponibilidade da máquina. A mecanização florestal, pelo volume de matéria que movimenta desde o solo para o plantio até a madeira no seu destino final, representa um potencial de muitas oportunidades para as iniciativas de mudanças conceituais para inovar com segurança e confiança. Inovar é uma ação para quem tem o conhecimento para alcançar o objetivo e o resultado desejados.



fornecedores do sistema florestal

gestão estratégica de No mundo globalizado atual, em constantes mudanças e com acirrada competição, é necessário que se busquem ferramentas que visem acelerar o processo de tomada de decisão. Uma delas é a contabilidade de custos, pois ela, através da gestão de resultados, permite aos gestores focarem os alvos definidos pela organização, trabalhando a visão estratégica do negócio. No setor florestal, o modelo de gestão de custos exige visão de longo prazo, pois a apuração e o controle de custos efetuados hoje terão reflexos nos próximos 5, 7, 10 ou 20 anos. Daí a necessidade de uma concepção firme do pensamento estratégico para expor a direção que a empresa trilhará. O modelo de gestão de custos florestais deve ser formatado com um claro planejamento para que a empresa possa, a partir da realização, mensurar as verdadeiras causas e atuar sobre elas, visando a melhorias para os próximos planejamentos, num ciclo que se renova continuadamente. A melhor forma de medir os resultados é a adoção de um modelo funcional de gestão. O uso de conceitos adequados, estruturados e bem entendidos por todos os participantes servirá de instrumento de controle para avaliar o desempenho da empresa. O sistema escolhido deve permitir o acompanhamento e o registro das operações do dia a dia, de maneira a facilitar a análise e a tomada de decisão. A melhor maneira de se obter um bom modelo de custos é identificar e mapear os processos necessários para a obtenção dos produtos e serviços florestais. Uma empresa florestal tradicional pode definir seu modelo de gestão em grandes processos, como silvicultura e colheita, por exemplo. Pode segmentar esses grandes blocos em processos menores, como no caso da silvicultura em implantação, tratos, manutenção, proteção e infraestrutura. Pode ir além e segmentar ainda mais, como no caso da implantação: preparo do solo, plantio, combate à formiga, replantio, etc. Pode detalhar mais um nível, como, por exemplo, no caso do preparo de solo: capina química, manual, destocamento, correção de solo, etc. É bom lembrar que, além das atividades, operações e tarefas diretamente ligadas ao produto florestal (árvore, toras, cavacos, etc.), há aquelas que acontecem e são necessárias para suportar as operacionais, por exemplo: equipamentos florestais, infraestrutura, administração florestal, reparos gerais, oficinas de manutenções, segurança e combate a incêndios, etc.

custos

Deve ser definido qual é a menor unidade de alocação de custos que se deseja controlar e enquadrá-los ao modelo de gestão. Por exemplo: para o processo referente à atividade preparo de solo, o resultado do detalhamento, como produto final, pode ser o solo preparado para o plantio. Para gerarmos essa informação, é preciso considerar os insumos (herbicidas, fertilizantes, combustíveis, etc) e os recursos (dinheiro, máquinas, pessoas, serviços de terceiros, etc.). Esses insumos e recursos, quando processados, geram os produtos e os serviços. É necessário estabelecer um sistema de apontamentos para os insumos, os recursos e o controle de produção (produtos e serviços). Quanto maior for o detalhamento das informações gerenciais que se quer receber, proporcionalmente, maior será a qualidade dos apontamentos de dados na origem. É importante que todos os gestores florestais entendam como se comportam as operações florestais, identificando que a gestão não é só operacional. Ainda hoje, há gerentes florestais que acham que os controles existentes para o sistema de custos não são de sua responsabilidade. Os dias atuais pedem gestores de negócios e não gestores operacionais. O método de custeio mais utilizado pelas empresas florestais hoje é o da absorção, porém já se pode notar uma série de empresas migrando para custeio por atividade e para sistemas híbridos. A empresa deve adotar um método de custeio que venha somar ao conjunto de ferramentas que visem atender sua necessidade de informações: gerencial (gestores internos, sócios e investidores), contábil e fiscal (governos, bancos, ONGs, sociedade, futuros investidores, clientes e fornecedores). Além do público tradicional do modelo de gestão de custos, há duas grandes mudanças em curso: o Serviço Público de Escrituração Digital (SPED) e o Harmonização da Contabilidade Brasileira à Contabilidade Internacional. Um modelo de gestão de custo bem estruturado irá atender e se adequar a essas duas mudanças. Concluindo, podemos definir como um bom modelo de gestão de custos aquele que consegue, através do conceito escolhido, traduzir a visão estratégica em visão gerencial, gerando a condição para tomadas de decisões rápidas, cumprindo metas, atuando nas causas, contribuindo para a melhoria do resultado. As pessoas certas e motivadas são ainda fundamentais na busca da excelência, da inovação e da gestão.

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Ainda hoje, há gerentes florestais que acham que os controles existentes para o sistema de custos não são de sua responsabilidade. Os dias atuais pedem gestores de negócios e não gestores operacionais. "

Lauro Jorge do Prado

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Consultor em Gestão Empresarial na Brisa Consulting


Opiniões

inovações e

integração

O setor florestal apresentou uma expressiva evolução na produtividade nos processos operacionais nos últimos 30 anos, como resultado das condições edafoclimáticas favoráveis e das inovações tecnológicas em diversas fases evolutivas, como a da biotecnologia e melhoramento genético, manejo florestal, mecanização da silvicultura e da colheita, gestão de pessoas, gestão ambiental e logística. Somos reconhecidos mundialmente pela alta produtividade e pelo menor custo de madeira posto-fábrica para espécies cultivadas. Mesmo assim, temos novos desafios, impostos pela competição mundial e pela necessidade de evolução contínua dos processos exigidos pelo mercado. Integração de atividades e setores: A integração entre atividades de silvicultura, colheita e logística possibilita ganhos de produtividade e de redução de custos. Um bom exemplo é o cultivo mínimo na silvicultura com o preparo de solo com perfil em “V”, fertilização balanceada, alinhamento e aplicação de herbicida (pré e pós) em uma única passada de máquina equipada com vários implementos, para simplificar as operações em novos reflorestamentos e reformas, permitindo plantações em grande escala com baixo custo e altas produtividades. Talhões com alta produtividade florestal com volumes médios acima de 0,25 m3sc/árvore (IMA > de 40 m3cc/ha.ano x 7 anos) vão possibilitar menores custos de colheita com harvester (pelo menos, 25% inferiores) que talhões com volumes médios abaixo de 0,17 m3/árvore (< 27 m3/ha.ano). Os mesmos ganhos podem ser obtidos no baldeio, com um bom planejamento do serviço e layout dos talhões, menor distância e maior concentração da madeira no baldeio. Na produção de celulose, o descasque do eucalyptus spp com o harvester possibilita uma maior velocidade de secagem da madeira no campo e um menor percentual de casca no processo produtivo quando comparado com o tamborão industrial, possibilitando ganhos no transporte e na produção industrial. Na produção do carvão vegetal, o descasque no campo apresenta maiores resultados, pois a casca representa 10 a 13% do volume, auxilia na formação do mulching e na reposição de nutrientes essenciais do solo. Pelo fato de apresentar uma densidade 60 a 70% do lenho, gera cinzas (perdas) na primeira fase da carbonização e dificulta a secagem, pelo seu efeito de filtro, onerando o baldeio e o frete, além da maior presença de fósforo e sílica, que são prejudiciais na fabricação de alguns produtos siderúrgicos. Uma

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análise holística ou integrada possibilita ganhos no ciclo total, mesmo com aumento de custos em operações parciais. Silvicultura: A silvicultura é determinante para um bom resultado na colheita, no transporte e na produção industrial. Um reflorestamento de má qualidade terá reflexos não só no custo de produção da madeira, mas principalmente nas operações de colheita e na produção industrial. É fundamental a utilização de alta tecnologia para produção de clones coerentes com o produto final, adaptados ao site, um manejo adequado do solo, fertilização balanceada, cultivo mínimo com qualidade mantendo o mulching e o plantio uniforme, com poucas falhas, seja mecanizado ou manual. Colheita e Logística: A mecanização teve uma boa evolução graças ao pioneirismo de algumas empresas que tiveram a iniciativa de importar máquinas e adaptá-las à nossa realidade, desenvolvendo toda uma estrutura própria de operação, manutenção mecânica e treinamento, bem como a reposição de peças, em conjunto com os fornecedores. Foi o caso da Riocel (atual Klabin) com forwarder, da Aracruz (atual Fibria) com harvester e forwarder, da Olinkraft (atual Klabin) com feller buncher e skidder, da Berneck com guinchos e cabos aéreos para áreas acidentadas. Também tivemos uma fase evolutiva através de programas cooperativos, como o PC MEC, desenvolvido em conjunto por empresas florestais, universidades, institutos de pesquisa e fornecedores, com o qual obtivemos o desenvolvimento do cultivo mínimo e vários equipamentos para silvicultura, colheita e logística. No transporte, temos a tecnologia mais recente disponível no mercado mundial, com composições com alta capacidade de transporte, alto PBTC, baixo consumo energético, baixa relação peso/potência, know-how para locação, abertura e conservação de estradas florestais com boa sustentação, equipamentos mais efetivos para transferência de cargas e um bom planejamento do fluxo de veículos, evitando paradas ociosas. Ganhos também podem ser obtidos com o transporte fluvial, marítimo ou ferroviário e com os fretes de retorno. As inovações tecnológicas na silvicultura, na colheita e na logística proporcionaram altos ganhos de produtividade e redução de custos para empresas florestais do Brasil. Para manter a continuidade desses ganhos, há necessidade de integrar ainda mais essas atividades entre si e com outros setores internos ou externos e também prosseguir com novas inovações tecnológicas.

Somos reconhecidos mundialmente pela alta produtividade e pelo menor custo de madeira posto-fábrica para espécies cultivadas. Mesmo assim, temos novos desafios " Jorge Takeshi Yonezawa

Gerente de Suporte ao Mercado da Ponsse Latin America

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fornecedores do sistema florestal

tecnologia e

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planejamento

Ressalto a necessidade de planejamento como tecnologia, pois o negócio florestal é de longo prazo e, uma vez tomada uma decisão errada, a correção torna-se difícil e gera muitas perdas. "

Ederson de Almeida Diretor Executivo da Consufor Advisory & Research

O setor florestal é um grande provedor de inovações. Prova disso são os constantes avanços que temos observado. Tomemos como exemplo a região Sul do País, com o permanente crescimento da produtividade média do pinus, que saltou cerca de 25%, e do eucalyptus, 15%. Isso é, sem dúvida, resultado de muito trabalho e de muita inovação tecnológica. Outro fato: nos últimos 5 anos, o custo de implantação do pinus (ano zero) sofreu uma redução real (descontada a inflação) da ordem de 20% e eucalyptus de 15%. Para o mesmo período, o custo médio da colheita caiu, em termos reais, cerca de 17%, e o custo médio de transporte teve uma queda de 15%. Essas reduções ocorreram ao mesmo tempo que o custo de alguns componentes, como a mão de obra, que sofreu um aumento real da ordem de 7%. Esse cenário contribui para comprovar que o setor florestal tem utilizado a tecnologia a seu favor. É importante ressaltar que parte dessa queda tem como origem fatores exógenos ao setor, no entanto a maior parte deve-se ao estudo e à aplicação de tecnologia no seu sentido amplo, do planejamento até a entrega do produto ao cliente. Com produtividade maior e custo menor, seria de se imaginar que as margens de lucro do produtor florestal tivessem se elevado. No entanto, infelizmente, não é verdade. Ao mesmo tempo que se conseguiu obter ganhos pela ótica da produção, registraram-se dois movimentos que contribuíram negativamente para o setor: forte elevação do custo da terra e uma queda real de preços de madeira de pinus da ordem de 25% e de 15% no de eucalyptus. Esses movimentos anularam os ganhos tecnológicos, resultando em estagnação com viés de baixa nas margens de lucro do produtor florestal. Dessa forma, apesar dos avanços tecnológicos conquistados nos últimos anos, ainda temos muito trabalho pela frente. Como destacado anteriormente, a tecnologia deve ser pensada no seu sentido amplo. Um dos aspectos que tenho observado com muito cuidado e preocupação é o planejamento dos projetos florestais, principalmente dos novos empreendimentos, em especial, nas novas fronteiras. Tem sido constante a oferta no mercado de planos de negócios elaborados sem o devido cuidado tecnológico, deixando de analisar em profundidade todos os componen-

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Opiniões

tes de um projeto florestal, principalmente em relação à tecnologia de produção e à tecnologia de mercado. Projeto florestal com tecnologia no estado-da-arte significa condições ótimas de produção, de processamento e de consumo (existência de mercado). Avançamos muito em termos de produtividade, mas isso se refere aos plantios existentes. Em uma nova fronteira sem a tradição florestal, que ainda não possui clones totalmente testados e aprovados, certamente não se atingirão os mesmos resultados médios esperados em regiões consolidadas. Isso significa risco maior e rentabilidade menor que em mercados maduros. Ou seja, ainda teremos muito esforço tecnológico em termos de produtividade para essas regiões. Em relação à colheita, tanto para as novas fronteiras como para sites consolidados, também temos muitos desafios. A cada dia, surge uma nova máquina com maior produtividade, menor custo, etc. Mas é importante frisar que essa máquina somente trará resultados significativos se for utilizada dentro de um sistema de colheita que seja adequado ao modelo do negócio florestal analisado. Em outras palavras, todo o sistema, desde o plantio, passando pela colheita e transporte, deve estar alinhado. Para que isso aconteça, o planejamento é fundamental. Ressalto a necessidade de planejamento como tecnologia, pois o negócio florestal é de longo prazo e, uma vez tomada uma decisão errada, a correção torna-se difícil e gera muitas perdas. No entanto um bom planejamento somente existirá se houver uma boa base de dados que permita analisar com cuidado todas as variáveis. Para isso, o monitoramento constante de todas as atividades é fundamental. Além do controle detalhado de custos, é muito importante o mapeamento das atividades executadas. Estudos de tempos e movimentos, aqueles mesmos recomendados por Taylor no século XIX, ainda continuam válidos para a busca da melhoria contínua. Em resumo, fazer uso de tecnologia não necessariamente é utilizar-se de máquinas e equipamentos que automatizem todo o processo, mas sim adotar sistemas inteligentes que estejam adequados ao seu modelo de negócio (tamanho, objetivo da produção, topografia, condições do mercado, custos, preços, disponibilidade regional, etc).



universidades e centros de P&D

Opiniões

do plantio ao mercado O Brasil possui tecnologias avançadas na área de florestas plantadas assim como conhecimento para fazer o manejo sustentável de suas áreas de florestas naturais. Porém a crise econômica, iniciada em 2008, e a difícil retomada econômica atual na Europa, EUA e Japão, principalmente, vêm afetando, significativamente, vários segmentos da cadeia produtiva da indústria de base florestal. Em virtude desse quadro, cada etapa do processo produtivo precisa ter um novo olhar e atenção redobrada, pois as palavras de ordem são: reduzir custo, agregar valor e inovar, independente de segmento, se de carvão vegetal, celulose e papel, painéis de madeira industrializada, madeira processada mecanicamente e/ou setor moveleiro. O efeito da crise causou no setor florestal interrupção e redução de investimentos em florestas plantadas e em novos processos industriais, o que reduziu o ritmo dos plantios, levou a aquisições e a fusões de empresas, a redução de exportações, a queda no nível de produção e a fechamento de empresas em alguns segmentos.

de muitas empresas, em detrimento, muitas vezes, da qualidade e da durabilidade dos produtos e das enormes perdas de matéria-prima que a falta de aplicação das melhores tecnologias do plantio à industrialização acarreta. Permanecer no mercado a qualquer custo não pode ser a meta do empreendedor da área florestal no atual cenário mundial, pois isso significa perder tanto no aspecto socioeconômico quanto no ambiental. O melhor caminho, então, é investir em pesquisa e desenvolvimento e inovar os processos produtivos, o que seguramente leva a retornos mais satisfatórios e garante mercado, sendo o caminho natural para a ampliação dos negócios florestais, tão logo a crise econômica mundial seja debelada. O Brasil, diante das condições naturais favoráveis de solo e clima à silvicultura, pode ampliar sua área com florestas plantadas, para suprir tanto o mercado interno quanto o externo, de forma competitiva e, ainda, ajudando a reduzir a pressão sobre as florestas nativas.

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Permanecer no mercado a qualquer custo não pode ser a meta do empreendedor da área florestal no atual cenário mundial, pois isso significa perder tanto no aspecto socioeconômico quanto no ambiental. "

Luiz Fernando Schettino

Professor da Universidade Federal do Espírito Santo e Diretor-geral da Agência de Serviços Públicos de Energia do ES

O momento, então, exige que as organizações florestais busquem uso múltiplo de suas florestas, diminuição de custos e perdas de matérias-primas, novos nichos de mercado, agregação de valor aos produtos e inovação em processos de gestão e tecnologias no plantio, na colheita, no transporte, na industrialização e na comercialização de seus produtos. Inovação e sustentabilidade são diferenciadores de mercado que devem ser devidamente tratados e considerados pelas empresas, através do uso das melhores e mais eficientes tecnologias, visto serem aspectos cada vez mais valorizados pela sociedade. A maior eficiência e abrangência dos usos pela inovação tecnológica, no caso das florestas plantadas, pode ampliar, em muito, os usos das madeiras, evitar desperdícios e, com isso, diminuir os desmatamentos e, de modo particular, os impactos negativos sobre algumas essências nativas mais demandadas, que acabam correndo o risco de entrarem na lista de espécies ameaçadas de extinção. Outro aspecto importante nesse contexto é levar em conta que, no mercado madeireiro, a globalização da economia também levou ao acirramento da concorrência. Com isso, a “sobrevivência” passou a ser obrigatoriamente o objetivo maior

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No entanto é necessário que as metas do Programa Nacional de Florestas (PNF) continuem sendo buscadas, com a ampliação de mecanismos creditícios e fiscais, visto que isso é ajuda na manutenção do crescimento econômico brasileiro e a participação do País no mercado mundial de madeiras e derivados. Estratégias para fortalecer o setor e tornar os desafios oportunidades para serem atingidas as metas de crescimento do setor passam por conclusão da revisão do Código Florestal, cujos fundamentos influenciam o ritmo dos plantios florestais e mesmo os negócios com florestas naturais; criação de novos mecanismos de financiamento para ampliação dos negócios florestais; efetivação de uma política florestal nacional; adoção da inovação e responsabilidade socioambiental como compromisso empresarial; e investimentos em infraestruturas que ajudem a logística dos produtos da indústria de base florestal. Assim, conjugar as melhores técnicas e práticas de plantio, colheita e transporte florestal com políticas públicas adequadas que facilitem as inovações ocorrerem cotidianamente no setor florestal é criar condições para que as demandas madeireiras sejam atendidas, os desmatamentos se reduzam e a geração de empregos e renda cresça no setor florestal brasileiro.



universidades e centros de P&D

desafios da silvicultura de

montanha

É indiscutível e inegável o avanço tecnológico na silvicultura brasileira, que, em menos de 50 anos de história da ciência florestal, fez evoluir a produtividade da eucaliptocultura de menos de 20 m3/ha.ano na década de 70 para os atuais 40 ou 50 m3/ha.ano. Tal avanço conferiu ao Brasil a silvicultura do eucalipto mais competitiva do mundo, graças às pesquisas silviculturais e de melhoramento genético, ao modelo de gestão, às características edafoclimáticas e à extensão territorial, tornando o País referência mundial no ramo. Há de se considerar que esse avanço ocorreu numa condição favorável de recursos de mão de obra e terras, sobretudo planas, onde não houve dificuldade em substituir o trabalho pelo capital, apesar dos impactos sociais negativos gerados pelo desemprego, numa época de crise econômica e de falta de oportunidades. Considerando o trabalho pesado na área florestal, a situação atual de demanda por trabalhadores nas cidades, onde há oferta de trabalho em melhores condições e melhores salários, mesmo que também árduos, como na construção civil, a viabilidade da silvicultura, em muitos casos, fica comprometida pela dificuldade de se mecanizar, principalmente em regiões montanhosas. Dada a considerável disponibilidade de áreas para a silvicultura em regiões montanhosas, até por ser uma das poucas atividades rentáveis nessas áreas, tem-se o desafio de desenvolvê-la sem depender tanto da mecanização, de modo que a substituição do trabalho pelo capital terá que buscar alternativas, pois pouco há que se mecanizar e, mesmo assim, ganhos significativos, como o que aconteceu com a substituição do machado pela motosserra, têm sido remotos, caso da motocova. Uma alternativa, talvez, seja priorizar a utilização mais intensiva de insumos químicos, com zero ou mínimo de toxicidade, como ocorreu com a substituição da enxada pelo herbicida. Além disso, esforços deverão ser despendidos para aumentar a eficiência do trabalho e reduzir o número de operações braçais, seja com mudanças no regime de manejo florestal, substituindo o corte raso pelo seletivo, por exemplo, ou se optando por espaçamentos mais amplos e menor número de árvores/ha, desde que não haja queda significativa no volume da produção de madeira.

Independente das ações a serem tomadas, algo há que ser feito, pois, hoje, há um esvaziamento no campo, uma população rural envelhecida, sem vigor para o trabalho florestal, e com poucos jovens remanescentes, além de uma legislação trabalhista restritiva e inibidora de investimentos em atividades que ainda demandem mão de obra. Existem poucos atrativos no campo que fixem a população. As tecnologias até então têm sido limitadas. As motocovas ainda são pesadas. Resolve-se um problema – a mecanização –, mas cria-se o outro – a ergonomia. Estados montanhosos têm um desafio enorme pela frente ao serem preteridos pelos investimentos florestais para as regiões planas. Minas Gerais, com tanta ociosidade de terras nas suas montanhas, precisa rever sua política tributária e ambiental, excessivamente zelosa, caso queira transformar suas áreas degradadas e decadentes em mosaicos de plantações florestais intercaladas com nativas. Necessários se fazem, também, ajustes e incentivos industriais para a garantia de mercado ao silvicultor, infraestrutura e logística. Mas como viabilizar a silvicultura num mundo cada vez mais inundado de tecnologia eletrônica, enquanto, na silvicultura de montanha, ainda se empregam, muitas vezes, o enxadão e a foice? Será que terá de estimular a migração de mão de obra barata, como já foi feito em algumas ocasiões no passado, à procura de prosperidade? Pelo visto, no que tange ao mercado de trabalho, o Brasil tem deixado de ser o país do futuro. Portanto há muito que se desenvolver na ciência florestal. Mas muito mais há que se desenvolver na abertura do mercado industrial da madeira, removendo os tantos fatores que inibem os negócios florestais. Milhões de hectares de pastagens degradadas em regiões montanhosas, dependentes de mão de obra, que a outro propósito agrícola não mais se prestam senão à silvicultura, esperam por essa oportunidade de cultivo, contribuindo para o desenvolvimento rural sustentável, com claros reflexos positivos ao meio ambiente. Aos engenheiros, engenheiras florestais e afins: mais que mecanizar, o progresso tecnológico na silvicultura dependerá cada vez mais da ciência ergonômica, da engenharia química e de muita vontade política. Bem-vindo ao futuro florestal!

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Independente das ações a serem tomadas, algo há que ser feito, pois, hoje, há um esvaziamento no campo, uma população rural envelhecida, sem vigor para o trabalho florestal "

Nathália Granato Loures

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Engenheira Florestal do Polo de Excelência em Florestas da UF-Viçosa Coloboração: Sebastião Renato Valverde e Antônio de Pádua Nacif


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mudanças climáticas com ênfase na

mudança do uso da terra

Os debates sobre mudanças climáticas globais continuam cada vez mais relevantes para o Brasil, principalmente considerando os compromissos internacionais assumidos. Não há como negar a necessidade iminente da transição para uma economia chamada “verde” ou economia de baixa emissão de carbono. Economia verde pode ser definida em termos de minimizar os efeitos adversos das atividades econômicas sobre os serviços ecossistêmicos globais, considerando o estágio de desenvolvimento de cada país e o uso de tecnologias inovadoras para o fornecimento de iguais oportunidades e prosperidade para todos. O grau em que o uso dos recursos naturais afeta serviços ecossistêmicos e as causas dos impactos adversos no meio ambiente não depende da quantidade de recursos usados, mas nas formas como são utilizados. O novo paradigma da intensificação da produção sustentável reconhece a necessidade de um setor agrícola/florestal produtivo e remunerado, ao mesmo tempo conservando os recursos naturais e contribuindo positivamente para a melhoria dos serviços ambientais. A intensificação da produção sustentável deve ter como suas preocupações mitigar a mudança climática com a redução de emissões e contribuir principalmente para o sequestro de carbono nos solos. Deve considerar, ainda, a biodiversidade nos sistemas de produção agrícola/florestal, acima e abaixo do solo, para melhorar os serviços ecossistêmicos e manter a produtividade. O tema é extremamente abrangente, mas, se pensarmos apenas no uso da terra, por si só este seria dos mais complexos. O uso da terra nos remete diretamente à sustentabilidade da capacidade produtiva do solo, que é um dos nossos mais importantes recursos naturais, como uma garantia de sobrevivência futura. Tenho absoluta certeza de que toda a comunidade científica aceita essas colocações. O painel científico do PNUMA, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, listou as 21 questões ambientais emergentes no século XXI. A governança, definida como “Estado de direito, transparência, responsabilidade, orientação por consenso, igualdade e inclusão, efetividade e eficiência e

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prestação de contas nas questões ambientais”, aparece em primeiro lugar. Isso é apontado como a maior dificuldade para a transição para economias de baixo carbono. Uma reflexão sobre essa declaração mostra a complexidade do tema, que vai muito além das questões técnicas científicas. Dentre as áreas-chave da economia verde, ligada às questões agrícolas/florestais, estão o manejo eficiente dos solos, a manutenção da fertilidade e da matéria orgânica do mesmo, o uso racional dos recursos hídricos, a diversificação das culturas agrícolas e pecuária e um nível apropriado de mecanização. Esses assuntos vêm sendo estudados por um longo período de tempo, e muitas das práticas desenvolvidas têm sido empregadas em diversas áreas do mundo, porém não na extensão necessária, especialmente considerando o caráter emergencial da redução da emissão de gases de efeito estufa no setor agrícola/florestal. É necessário desenvolver estratégias para adoção em escala dessas práticas mitigadoras consolidadas. Estratégias não são apenas as práticas, mas políticas públicas com ênfase em capacitação, de tal forma que superem as resistências às mudanças nas práticas agrícolas/florestais para aqueles que trabalham na terra. Para que isso ocorra, remuneração é fundamental. No segundo lugar do ranking, está a falta de profissionais capacitados para a economia verde. Esse aspecto é ainda mais complexo e depende de um esforço integrado de distintos setores da sociedade. Investimento em pesquisa e apoio a produtores para adoção de novas tecnologias só serão conseguidos com intensa integração entre todos os setores da sociedade envolvidos (setor público, privado, organizações não governamentais, universidades) a buscarem soluções que contemplem a todos de forma justa. Embora avanços consideráveis tenham sido notados nessas interações, ainda são tímidos pela emergência e escala dos temas ambientais. Essa transição, baseada em informações e conhecimentos que direcionem corretamente as mudanças necessárias, depende de adoção de inovações tecnológicas fundamentadas em atividades de pesquisas básicas e/ ou aplicadas, de caráter científico ou tecnológico.

O uso da terra nos remete diretamente à sustentabilidade da capacidade produtiva do solo, que é um dos nossos mais importantes recursos naturais, como uma garantia de sobrevivência futura. " Rosana Clara Victoria Higa Pesquisadora da Embrapa Florestas

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colheita de baixo volume individual O setor de florestas plantadas no Brasil vem crescendo de forma significativa desde a última década. A área ocupada por plantios florestais totalizou 6.510.693 ha, sendo que 73% com eucalyptus e 27% com pinus. No que diz respeito à economia nacional, gera 4,7 milhões de empregos diretos e indiretos e um valor bruto de produção de R$ 51,8 bilhões. Dentro do setor, os segmentos de colheita e de transporte representam mais de 50% do custo final da madeira, por serem influenciados por diversos fatores técnicos, ambientais e ergonômicos que interferem na execução das operações. Com o crescimento da economia nacional, a estabilização monetária e a abertura do mercado, as empresas florestais intensificaram a mecanização de suas atividades, buscando novas técnicas, maior produtividade, menor custo e que sejam ambientalmente corretas. Como tendências para os próximos anos, temos o aumento significativo dos plantios florestais, a substituição do pinus pelo eucalipto nas regiões Sul e Sudeste e o desenvolvimento de novos mercados e produtos, destacando-se as florestas energéticas.

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Diversos estudos realizados com sistemas de colheita mecanizados mostram que a produtividade dos povoamentos tem influência direta sobre o desempenho das máquinas, sendo mais eficientes aquelas que atuam em povoamentos de maior rendimento volumétrico. Entretanto há a necessidade de novos estudos em povoamentos de baixo volume, possibilitando a definição de sistemas alternativos de colheita de madeira que proporcionem maiores ganhos técnico, econômico e ambiental. Essa situação é evidente na região Sul, com o aumento do plantio de eucalipto, enquanto, por outro lado, existe ainda a tradição por sistemas de colheita com uso de máquinas de grande porte atuando em florestas de maior volume, causando um processo de degradação do solo, afetando os recursos hídricos, os valores estéticos da floresta, o potencial produtivo e a sustentabilidade florestal. Em função da expansão do setor, dos novos usos dos produtos florestais, da colheita de baixo volume e das diversas máquinas e equipamentos de colheita de madeira disponíveis, fica a pergunta: qual o sistema de colheita de madeira mais eficiente para os

qual o sistema de colheita de madeira mais eficiente para os plantios de baixo volume por árvore, que contemple, simultaneamente, os aspectos técnicos, econômicos e ambientais? "

Eduardo da Silva Lopes

Professor de Colheita e Transporte do Unicentro e Coordenador do Cenfor

Fatores estruturais, como o aumento da renda da população, oferta de crédito, políticas públicas habitacionais, demanda por móveis e a implantação ou expansão das unidades industriais, poderão influenciar na redefinição do regime de manejo e do sistema de colheita de madeira, podendo ser mais viável, econômica e ambiental, a colheita de florestas de curta rotação e de menor volume por árvore. Atualmente, predominam dois sistemas (toras curtas e árvores inteiras). O primeiro é caracterizado pelo harvester e forwarder, em que as árvores são derrubadas e processadas no interior do talhão e, em seguida, extraídas para a margem das estradas. Esse sistema acarreta menor impacto ambiental (baixa exportação de nutrientes e compactação do solo), porém limita o aproveitamento da biomassa residual da colheita e acarreta maiores custos operacionais. O segundo é caracterizado pelo feller buncher, skidder e processador, em que as árvores são derrubadas e extraídas até a beira das estradas ou pátios intermediários para o processamento final. Esse sistema possibilita o melhor aproveitamento da biomassa residual, deixando a área limpa e reduzindo os custos de preparo do solo. Porém exige um maior planejamento e causa maiores danos ambientais, principalmente em termos de compactação do solo.

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plantios de baixo volume por árvore, que contemple, simultaneamente, os aspectos técnicos, econômicos e ambientais? Tal reposta somente será obtida por meio de estudos técnico-científicos, que permitam comparar ambos os sistemas de colheita nas mesmas condições de trabalho. Por fim, após a definição do sistema de colheita, temos que ressaltar a necessidade das empresas em investir no tripé: planejamento, manutenção e treinamento. Com o avanço tecnológico das máquinas e equipamentos e os elevados custos da colheita de madeira, fica evidente a necessidade das empresas florestais em investir na contratação de mais engenheiros florestais que possam atuar no planejamento e no controle das operações florestais com maior eficiência. Outro aspecto refere-se à necessidade da busca de meios e métodos para capacitar mecânicos que sejam aptos a realizar as manutenções preventivas e preditivas das máquinas e dos equipamentos para o aumento da disponibilidade mecânica. Por fim, é necessário maior investimento no ser humano, por meio da capacitação de operadores de máquinas, com treinamentos de formação e reciclagens operacionais periódicas, permitindo o máximo aproveitamento das máquinas para o aumento de produtividade, melhor qualidade do produto e do serviço, aumento da segurança e redução dos custos de produção.



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colheita e transporte em

áreas declivosas

Nas últimas décadas, os plantios em áreas declivosas têm avançado consideravelmente. Esse avanço tem ocorrido, em grande parte, por falta de áreas em terrenos planos ditos “nobres”, principalmente relacionados aos proprietários rurais, fomentados ou não. Além disso, em muitas regiões, as áreas planas são muito escassas, e as empresas ou os proprietários rurais têm o desafio de utilizar essas áreas nas suas propriedades. Além dos cuidados necessários nos plantios, como origem e qualidade das mudas, eliminação de mato-competição, tratos culturais corretos, os plantios em áreas declivosas devem ter um planejamento muito detalhado para que o alinhamento de plantio seja bem-feito, as estradas e pátios no interior dos talhões sejam bem projetados, alinhados e construídos corretamente. Todas as estradas devem ser desenhadas com o cuidado de não existência de áreas descobertas (grotas sem acesso) para que, no período de colheita, o profissional responsável não tenha que traçar novas estradas ou extrair a madeira para pontos mais altos, onde não havia o projeto de uso de guinchos arrastadores ou cabos aéreos. Deve-se atentar para não intervir nas áreas de preservação permanente durante essas operações.

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Na extração, são usados, normalmente, forwarders ou skidders com semiesteiras adaptadas. Na tentativa de um maior rendimento na extração com menor custo, tem-se tentado diversas alternativas, como os cabos deslizantes, cabos aéreos e guinchos arrastadores. No caso dos cabos deslizantes usados durante a derrubada com motosserra, há um risco alto de acidentes na execução da operação. Além disso, a mudança constante de posição dos cabos leva a um menor rendimento. As operações subsequentes (desgalhamento, traçamento e empilhamento), às vezes, ficam comprometidas pelo entrelaçamento de muitos troncos na estrada. A opção por cabos aéreos também é de elevado custo, principalmente para o deslocamento constante de todo o maquinário por faixas de área derrubada. Os guinchos arrastadores, além de serem de alto custo em função do baixo rendimento, causam um dano ambiental considerável no terreno. Esses são os grandes desafios para a colheita em áreas declivosas, encontrar máquinas e equipamentos projetados para executar as operações de corte e extração com elevado rendimento e baixo custo. O maior desafio é encontrar máquinas com

A colheita e o transporte se constituem, de uma maneira geral, as operações mais caras de toda a cadeia de produção de florestas. Em áreas acidentadas, esses custos são, em geral, ainda maiores. " Nilton Cesar Fiedler

Professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo

A colheita e o transporte se constituem, de uma maneira geral, as operações mais caras de toda a cadeia de produção de florestas. Em áreas acidentadas, esses custos são, em geral, ainda maiores. Isso devido à dificuldade de mecanização das atividades, havendo uma maior exigência de operações manuais de menor rendimento e, consequentemente, maior custo. O transporte também é impactado pela impossibilidade de uso de veículos de maior capacidade de carga, em função dos aclives e dos declives acentuados. A mecanização total ou parcial das atividades de colheita em áreas declivosas tem sido o maior desafio dos empreendedores florestais no Brasil. Nas operações de corte, tem predominado a motosserra. Algumas empresas têm apostado no uso de harvesters ou feller buncher com esteiras ou semiesteiras e nivelamento de cabines. No entanto mesmo essas máquinas ainda têm limitação de inclinação do terreno, e os custos são elevados.

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rodado, sistema de frenagem, bitola e lastragem que tenham condições de operar com segurança e baixo custo nessas áreas. Na opção da extração por sistemas de cabos aéreos, deve haver um investimento elevado em pesquisas para desenvolver equipamentos com maior facilidade de montagem e desmontagem ou deslocamento fácil em áreas com floresta derrubada. No transporte de madeira em áreas declivosas, os maiores desafios são o desenvolvimento de veículos com maior capacidade de carga, maior capacidade de tráfego em aclives e declives acentuados e deslocamento em pistas estreitas, com graus de curvaturas elevados. A pesquisa nessa área ainda é muito recente, comparada com setores do empreendimento florestal, como a silvicultura e o melhoramento. Para os próximos anos, deve haver um maior investimento nesse setor, já que os plantios de espécies florestais cada vez mais tendem a utilizar áreas declivosas nas propriedades.



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inovações no melhoramento genético de

eucalipto

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apesar da grande oportunidade da participação da madeira serrada de eucalipto no mercado nacional... observa-se que a quase totalidade dos programas de melhoramento visando gerar novos clones de eucaliptos é desenvolvida por empresas de papel, celulose e carvão vegetal "

Antonio Rioyei Higa

Professor da Universidade Federal do Paraná

De acordo com o Decreto Nº. 5.563, de 11/10/2005, que regulamenta a Lei Nº 10.973, de 02/12/2004, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, inovação é a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços. Nesse contexto, o setor florestal relacionado às plantações florestais com híbridos de eucaliptos experimentou uma evolução invejável na produtividade por unidade de área plantada, qualidade da madeira e resistência a fatores climáticos adversos, nesses últimos quarenta anos. Uma revista sueca, especializada na área florestal, publicou, há uns cinco anos, uma capa com a manchete How to beat the Brazilians, destacando as altas produtividades alcançadas pelas plantações florestais no Brasil, resultantes da aplicação dos resultados de pesquisas nas áreas de melhoramento genético e silvicultura. As altas produtividades das plantações brasileiras continuam ainda surpreendendo os silvicultores e a comunidade científica mundial. Esse fato pode ser observado em um evento internacional realizado em Porto Seguro, BA (www.ipef.br/eventos/2011/iufro.asp), onde tivemos a oportunidade de coordenar a Sessão Técnica “Melhoramento”, juntamente com a Profa. Luciana Duque e Silva, da Esalq/USP. Três palestrantes convidados (Rod Griffin, da Universidade da Tasmânia, Austrália; Teotônio Francisco de Assis, da AssisTech, Brasil; e Gabriel Dehon, do Instituto de Investigação da Floresta e Papel - Raiz, Portugal) apresentaram e discutiram as inovações tecnológicas relacionadas às florestas clonais e a questão “as florestas clonais são sempre a melhor opção para a eucaliptocultura?” A discussão desse tema é de fundamental importância nos dias de hoje, porque, nesses últimos anos, até os produtores brasileiros de madeira de pinus e de madeira e casca de acácia-negra, que junto com os eucaliptos totalizam mais de 96% dos 6,9 milhões de hectares plantados com espécies

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florestais com finalidades produtivas em 2010 (www.abraflor.org.br/estatisticas/Abraf11/Abraf11-br.pdf), estão também investindo nas florestas clonais. Nesse debate, destacou-se a vantagem da silvicultura clonal com híbrido de eucaliptos, em relação aos plantios originados por sementes, por combinar características de espécies diferentes em relação à adaptação ao clima e solo, rápido crescimento, qualidade de madeira adequada às finalidades industriais, habilidade para enraizamento, resistência de doença, etc. Na década de 1970, algumas empresas brasileiras começaram a usar mudas clonadas de árvores selecionadas fenotipicamente, a maioria delas híbridos naturais encontradas em plantações comerciais originadas de sementes. Essas plantações viabilizaram a eucaliptocultura em algumas regiões onde as árvores de eucalyptus grandis, espécie mais plantada no Brasil na época, eram susceptíveis ao cancro, causado pelo fungo cryphonectria cubensis. Sem dúvida, as florestas clonais de eucaliptos representaram uma inovação tecnológica significativa no Brasil. Atualmente, os híbridos estão sendo gerados empregando técnicas de polinizações controladas, seguindo estratégias de melhoramento definidas com base em fundamentos teóricos de genética quantitativa. Inovações nas técnicas de polinização controlada e nas estratégias de melhoramento possibilitaram a produção de híbridos em larga escala e aumento contínuo na produtividade, contradizendo os opositores dos velhos tempos que consideravam a clonagem como “fim de linha” em relação ao ganho de produtividade. No entanto, como destacado no debate, apesar dessas vantagens, florestas clonais de eucaliptos ainda não representam a maioria das plantações no mundo. Em muitos casos, o uso de sementes geneticamente melhoradas é ainda preferido. Eucalyptus globulus é uma das espécies do gênero mais plantadas no mundo (2,4 milhões de hectares). No entanto as florestas clonais com essa espécie variam de 0% (Austrália) a 15% (Chile).


No Brasil, estima-se que as florestas clonais com híbridos, principalmente o híbrido urograndis, representam aproximadamente 50% do 4,5 milhões de ha de plantações. Um dos principais riscos associados às florestas clonais, que vem sendo discutido desde a década de 1970, é a susceptibilidade dessas plantações às doenças, pragas e fatores climáticos não esperados. Conforme destacado no debate, estudos teóricos têm sugerido que o uso de pelo menos 40 diferentes tipos de clones poderiam proporcionar uma sustentabilidade ambiental mais adequada. Além disso, esses estudos ressaltam a necessidade de investimento contínuo em programas de melhoramento genético, visando gerar novos clones. De forma geral, recomenda-se a introdução anual de um novo clone operacional. Deve ser salientado, no entanto, que a aprovação de um novo clone para uso operacional demanda pelo menos 12 a 16 anos. No Brasil, apesar da grande oportunidade da participação da madeira serrada de eucalipto no mercado nacional, em função das crescentes restrições do uso de madeira nativa da Amazônia, observa-se que a quase totalidade dos programas de melhoramento visando gerar novos clones de eucaliptos é desenvolvida por empresas de papel, celulose e carvão vegetal. Outra preocupação é o uso indiscriminado de clones em localidades onde eles não foram testados. A interação genótipo x ambiente, quando se usam clones, é mais pronunciada quando comparada com situação onde se usam mudas originadas de sementes. Nesses locais, ou para novos ambientes desconhecidos onde as plantações estão se

expandindo, o uso de mudas originadas de sementes geneticamente melhoradas de espécies selecionadas pode representar um melhor balanço entre ganhos e riscos. As duas principais conclusões desse debate foram: a. As inovações tecnológicas para gerar híbridos intra- e interespecíficos de eucaliptos, baseadas em estratégias de melhoramento, metodologias eficientes e rápidas de polinização controlada e clonagem de genótipos selecionados em larga escala a custos reduzidos, têm contribuído para formação de plantações clonais com alta produtividade e qualidade da madeira em todo o mundo. b. O uso de clones não testados, o uso de metodologias inadequadas para avaliação da interação genótipo x ambiente e a base genética restrita pelo uso de poucos clones em grande extensão de plantios são os principais riscos associados às florestas clonais. Em resumo, a escolha da inovação tecnológica a ser aplicada no sistema produtivo deve ser realizada com muita cautela. O uso de florestas clonais com híbridos de eucaliptos, sem dúvida nenhuma, pode propiciar grandes ganhos na produtividade, qualidade da madeira, homogeneidade do produto e resistências a doenças e a fatores climáticos adversos. Mas a vantagem do uso de clones em relação ao uso de mudas de espécies selecionadas, originadas de sementes melhoradas geneticamente, produzidas em pomares de sementes (o que também representa uma grande inovação tecnológica), depende da existência de efeitos não aditivos para as características desejadas e capacidade de enraizamento dos genótipos selecionados.


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recipiente biodegradável para

mudas florestais

O êxito no estabelecimento de plantações florestais depende, em grande parte, da qualidade da muda. Esta é conseguida através de um conjunto de técnicas de manejo empregadas durante o processo da sua formação. O uso de recipientes permite melhor controle da nutrição e proteção das raízes, além de facilitar o manejo no viveiro, no transporte e no plantio. A introdução do tubete de polipropileno no início da década de 80 revolucionou os viveiros tradicionais de saco plástico, sobretudo por aumentar os rendimentos operacionais, aumentar a higiene fitossanitária, diminuir a demanda de mão de obra, possibilitar a automação de operações e diminuir os problemas ergonométricos. No entanto esse tipo de recipiente pode causar restrição radicial, favorecendo o surgimento de deformações, que podem permanecer durante o crescimento das plantas no campo. O uso do tubete é amplamente difundido em todo o setor florestal. O domínio do processo produtivo, a alta produtividade e os custos atrativos fazem com que os produtores de mudas resistam a trocar o tipo de recipiente.

o que foi conseguido calibrando-se a quantidade de pó de madeira adicionado ao plástico e pela manutenção de boas condições microclimáticas no viveiro. Quando a decomposição do recipiente foi excessiva, houve danos ao crescimento da muda e ao sistema radicular, e o manejo dos recipientes no viveiro e no campo ficou mais difícil e inadequado. O crescimento das mudas seminais e clonais em campo foi semelhante, sem restrição ao desenvolvimento do sistema radicular. Mais informações sobre essa pesquisa encontram-se no link: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11150/tde-24052011-083039/pt-br.php. O uso do recipiente biodegradável apresenta várias vantagens: a lavagem e a desinfecção de recipientes são desnecessárias; não há retorno de recipientes ao viveiro, consequentemente, diminuem-se os riscos de contaminação por pragas e agentes fitopatogênicos; o custo de plantio é menor, pois não há necessidade de tirar a muda do recipiente; normalmente, a necessidade de replantio é menor, devido à proteção do sistema radicular pelo recipiente.

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Estão em andamento no País vários trabalhos de pesquisa e de avaliação tecnológica de recipientes alternativos, como a espuma fenólica e os blocos prensados. "

José Carlos Arthur Junior Coordenador Técnico do PTSM/IPEF e Sócio-Diretor da Florestar Soluções

A baixa degradabilidade no ambiente do polipropileno e as crescentes exigências da comunidade e dos órgãos certificadores de processos e de produtos têm pressionado os produtores de muda a buscar recipientes que se degradem rapidamente no solo. Os plásticos biodegradáveis possuem propriedades físico-mecânicas semelhantes aos plásticos sintéticos, com a vantagem de se degradarem rápida e completamente por ataque microbiano. Na tese intitulada “Uso de tubete e de minitubete de compósito de polihidroxibutirato (PHB) mais pó de madeira na produção e no plantio de mudas seminais e clonais de eucalipto”, esse tipo de plástico foi testado. Os resultados demonstraram que o crescimento e a qualidade das mudas produzidas nos sistemas seminal e clonal, com tubetes de polipropileno e de plástico biodegradável, foram semelhantes. A adequada decomposição do tubete biodegradável foi fundamental para que não houvesse restrição ao sistema radicular,

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Uma vantagem de grande impacto para as empresas florestais exportadoras e detentoras de selo de certificação é o crédito recebido pelo uso de recipiente não poluidor e oriundo de fonte renovável. Os recipientes biodegradáveis também apresentam algumas desvantagens. Ainda são mais caros, há aumento da necessidade de compra de recipiente e de estocagem. A busca por novas tecnologias, que conciliem os aspectos econômicos e ambientais, é fundamental para a garantia da competitividade e da sustentabilidade do setor florestal brasileiro. Investimentos nos setores de pesquisa e de desenvolvimento e a parceria entre universidades e iniciativa privada são fatores fundamentais para a garantia do sucesso. Estão em andamento no País vários trabalhos de pesquisa e de avaliação tecnológica de recipientes alternativos, como a espuma fenólica e os blocos prensados. A tendência de usar algum desses recipientes num futuro próximo é bastante promissora.



ensaio especial

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vão-se as árvores, mas ficam... espera aí! o que é que fica?

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O que pode estar faltando então? Ações de conservação da água ainda são vistas como um custo extra a ser contabilizado na atividade principal. Falta, portanto, a mudança de visão que permita enxergar além da madeira " Silvio Frosini de Barros Ferraz

Professor de Manejo de Bacias Hidrográficas da Esalq-USP

Vai chegar um tempo em que o mais importante será o que fica e não o que se retira da terra, ou seja, a madeira terá menos valor do que os serviços ecossistêmicos que a floresta presta. Quando isso ocorrer, certamente teremos mais segurança para afirmar que estamos no caminho certo em direção à sustentabilidade. Tudo deveria ficar no campo: a biodiversidade, o solo e seus atributos, as pessoas e seus aspectos culturais e a água, em quantidade, qualidade e regularidade. Quando colhemos uma floresta plantada, qual será a parcela de serviços que estamos efetivamente deixando na terra? Atualmente, dentre os vários serviços ecossistêmicos, os relacionados à água são os que mais chamam a atenção, preocupam a sociedade e causam polêmica quando se trata de plantios florestais. A floresta tem uma relação complexa e, ao mesmo tempo, delicada com a água, que funciona muito bem em ecossistemas naturais maduros, mas que, em sistemas de manejo para produção, requer cuidados para não causar desequilíbrios e, consequentemente, impactos. Os sistemas de produção florestal, por estarem otimizados para a obtenção da máxima produtividade, consomem mais água e têm seus impactos intensificados tanto no pico do crescimento quanto nas operações de colheita e início da nova rotação, quando o solo é descoberto, e as funções da floresta não podem ser exercidas. No entanto dados do Promab (Programa de Monitoramento Ambiental em Microbacias – Ipef/Esalq), que monitora microbacias em áreas nativas e de reflorestamento no Brasil, mostram que o impacto das florestas plantadas na água é pequeno e, quando existente, está relacionado a três fatores principais: a não observação da disponibilidade hídrica regional, as alterações na vazão de riachos, em função do manejo e do crescimento dos plantios de rápido crescimento, e a produção de sedimentos pelo corte raso da floresta e planejamento inadequado de estradas florestais. Nota-se que os dois últimos aspectos estão diretamente ligados ao planejamento, ao manejo e à operação da colheita florestal. Existem diversas técnicas já desenvolvidas para melhorar a conservação da água e dos solos nos ecossistemas agrícolas e florestais.

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Estudos recentes conduzidos no Laboratório de Hidrologia Florestal (LHF) da Esalq/USP recomendam diferentes técnicas para a readequação de estradas florestais, relatam os benefícios da redução da área de corte-raso, definem metodologias para identificação de áreas hidrologicamente sensíveis do terreno que precisam ser manejadas com maior cuidado, mostram a possibilidade de estabilização do deflúvio anual pelo manejo em mosaico de plantios de curta duração e apresentam alternativas para zoneamento hidrológico regional e local como subsídio ao planejamento florestal. Enfim, já existem conhecimento e técnicas suficientes para melhorar o manejo florestal, buscando-se aumentar o valor de conservação das áreas de reflorestamento a fim de deixar algo mais no campo. A cada rotação, vão-se as árvores na colheita, mas a água sempre precisa ficar, durante todo o ciclo, em quantidade e qualidade. Está cada vez mais claro que, quando a água não fica, o problema está no manejo inadequado às condições naturais locais. Este tem que ser aperfeiçoado continuamente, tentando incorporar melhorias baseadas em programas de monitoramento de longo prazo. O que pode estar faltando então? Ações de conservação da água ainda são vistas como um custo extra a ser contabilizado na atividade principal. Falta, portanto, a mudança de visão que permita enxergar, além da madeira, outros valores que precisam ser mantidos e, eventualmente mesmo, explorados como fonte de receita. Enquanto esses valores não forem considerados nos planos de manejo como parte integrante da atividade, serão poucos que conseguirão enxergar a importância de se investir um pouco mais no que fica no campo para que todos possam colher os frutos no futuro. Quando esse momento chegar, estaremos tratando não mais de plantio florestal em que há colheita, mas sim de uma floresta, diferente da natural, por ser plantada e manejada, mas que pode oferecer uma série de benefícios econômicos, sociais e ambientais, muito mais importantes do que apenas a madeira das árvores. Porque, nessa atividade, mais cedo ou mais tarde, vão-se árvores, e, portanto, precisamos cuidar mais do que fica.




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Silvio Frosini de Barros Ferraz

3min
pages 50-52

José Carlos Arthur Junior

3min
pages 48-49

Antonio Rioyei Higa

5min
pages 46-47

Nilton Cesar Fiedler

3min
pages 44-45

Eduardo da Silva Lopes

3min
pages 42-43

Rosana Clara Victoria Higa

3min
page 41

Luiz Fernando Schettino

3min
pages 38-39

Nathália Granato Loures

3min
page 40

Ederson de Almeida

4min
pages 36-37

Jorge Takeshi Yonezawa

3min
page 35

Toru Sato

3min
pages 32-33

Lauro Jorge do Prado

3min
page 34

Osvaldo Roberto Fernandes

3min
pages 30-31

Adriano Thiele

3min
pages 28-29

Rodrigo N. Paula e Francisco S. Gomes

3min
page 23

Augusto Valencia Rodriguez

4min
page 22

Hélder Bolognani Andrade

3min
pages 24-27

Joaquim Trecenti Barros Lordelo

3min
pages 20-21

Alexandre Schettino de Castilho

3min
page 18

Eduardo Possamai

4min
pages 16-17

Pablo de Assis Guzzo

3min
page 19

Gilmar Bertoloti

3min
pages 8-9

Joésio Deoclécio Pierin Siqueira

5min
pages 6-7

Cláudio Costa Cerqueira

3min
pages 10-11

João Fernando Borges

4min
pages 14-15

Caio Eduardo Zanardo

3min
pages 12-13
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