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Opiniões CELULOSE, PAPEL set-nov 08 & FLORESTA
Opiniões sobre colheita e transporte de madeira
set-nov 2008
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Índice Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal Editorial: 05, Jorge Roberto Malinovski
Professor de Métodos Silviculturais e Sistema de Colheita da UF-PR
Tendências: 06, Fernando Henrique da Fonseca
Presidente da Abraf
Gestão de Pessoas:
Novas Tecnologias:
08, Mário Nelson Marques Cardoso
40, Mario Eugenio Lobato Winter
12, Pablo Santini
42, Heuzer Saraiva Guimarães
Gerente de Suprimento de Madeira da Veracel Celulose
Gerente de Otimização e Treinamento da FOSA
16, Donizete Galvão Barbosa Gerente de Colheita da Suzano Papel e Celulose
20, Dionísio João Parise
Qualificação e Aperfeiçoamento Profissional do Senai-PR
22, Altair Negrello Junior
Gerente de Colheita e Transporte de Madeira da Rigesa
Logística: 26, Antônio Joaquim de Oliveira
Diretor Florestal da Duratex
30, Sérgio Luís Martins dos Santos
Gerente de Superimento de Madeira da Bahia Pulp
34, Marcelo Augusto Pereira de Souza
Superintendente Geral da Vallourec e Mannesman Florestal
Diretor Florestal da Satipel
Cadeia Produtiva: 44, Germano Aguiar Vieira
Diretor Florestal da Masisa do Brasil
46, Zoé Antonio Donati
Gerente de Desenvolvimento Operacional Florestal da Aracruz Celulose
46, Augusto Valencia Rodriguez
Gerente de Engenharia da ArcelorMittal Florestas
Prestadores de Serviços: 50, Pasi Niemelainen
Diretor Geral da Savcor Brasil
52, Dagoberto Stein de Quadros
Gerente de Negócios da Área Florestal da Gafor Logística
Professor de Engenharia Econômica e Economia Florestal da FURB
36, Francisco Eduardo de Faria
54, Osvaldo Roberto Fernandes
Coordenador de Logística da Cenibra
Diretor da Ibaiti Soluções Florestais
Editora WDS Ltda e Editora Vrds Brasil Ltda: Rua Jerônimo Panazollo, 350 - Ribeirânia - 14096-430, Ribeirão Preto, SP, Brasil - Pabx: +55 16 3965-4600 opinioes@revistaopinioes.com.br - Diretor de Operações: William Domingues de Souza - wds@revistaopinioes.com.br - Fone: +55 16 3965-4660 Coordenação Nacional de Marketing: Valdirene Ribeiro Domingues de Souza - vrds@revistaopinioes.com.br - +55 16 3965-4606 - Suporte de Vendas: Laina Patricia Campos Oliveira - lpco@revistaopinioes.com.br - +55 16 3965-4616 - Jornalista Responsável: William Domingues de Souza - MTb35088 - jornalismo@ revistaopinioes.com.br - Assistente do Editor Chefe: Priscilla Araujo Rocha - Fone: +55 16 3965-4698 - par@revistaopinioes.com.br - Diagramação: Aline Gebrin de Castro Pereira - agcp@revistaopinioes.com.br - Fone: +55 16 3965-4696 - Correspondente na Europa (Augsburg): Sonia Liepold-Mai - sl-mai@T-online.de - +49 821 48-7507 - Correspondente na Índia (Varanasi): Marcelo Gonzales - mg@revistaopinioes.com.br - Correspondente em Taiwan (Taipei): Wagner Vila wv@revistaopinioes.com.br - Correspondente no Nepal: (Kathmandu): Lucas Barbosa Neto - lbn@revistaopinioes.com.br - Expedição: Donizete Souza Mendonça - dsm@revistaopinioes.com.br - Estruturação Fotográfica: Priscila Boniceli de Souza Rolo - Fone: +55 16 9132-9231 - boniceli@globo.com Copydesk: Jacilene Ribeiro Oliveira Pimenta - jr op@revistaopinioes.com.br - Tratamento das Imagens: Luis Carlos Rodrigues (Careca) - Finalização: Douglas José de Almeida - Impressão: Grupo Gráfico São Francisco, Ribeirão Preto, SP - Artigos: Os artigos refletem individualmente as opiniões de seus autores - Fotografias: Acervo pessoal - Foto da Capa e do Índice: Ricardo Anselmo Malinovski, Professor da Unesp de Itapeva - Periodicidade: Trimestral Tiragem: 6.500 exemplares - Veiculação: Comprovada - Site: www.revistaopinioes.com.br - As matérias são publicadas na íntegra no site da Revista Opiniões.
Editorial
Opiniões
set-nov 08
Colheita de madeira, transporte florestal e integração com a cadeia produtiva Jorge Roberto Malinovski
Professor de Métodos Silviculturais e Sistema de Colheita da Universidade Federal do Paraná
A história mostra que no Brasil, na década de 70, somente se falava de “Exploração Florestal”, como termo proveniente da utilização de florestas nativas, principalmente, do Sul e do Sudeste. Mas, com a maturação das florestas plantadas, foi necessária a adaptação de métodos de trabalho para esta nova realidade de floresta. Volumes individuais menores, maior homogeneidade e maior volume por hectare a cortar, foram alguns dos fatores que começaram a fazer parte de discussões técnicas nas empresas florestais. Em função do pouco conhecimento de como lidar com a nova realidade de produção de madeira, os técnicos, ainda em pequeno número devido às poucas universidades brasileiras que formavam Engenheiros Florestais, tratavam de organizar as atividades de campo conforme à realidade da época. O que se via eram verdadeiros “batalhões” de operários, realizando o corte, a extração e o carregamento da madeira proveniente das plantações florestais. Ao mesmo tempo, observava-se que não havia discussão e comparação dos rendimentos e custos das atividades, pois cada empresa tinha sua forma de cálculo. Era necessário mudar esta realidade e promover meios de discussão e, então, se iniciaram os “Cursos de Atualização sobre Sistemas de Exploração de Madeira e Transporte Florestal”, sendo o primeiro realizado no ano de 1977, em Curitiba. Nestes eventos, até a 4ª edição, foram mantidas duas bases principais: cálculo de rendimentos e custos operacionais. E ampliavam-se com tópicos importantes, como por exemplo: ergonomia, rede viária, transporte de madeira, etc. Lembrando ainda, que, inicialmente, todos os palestrantes eram alemães, oriundos de um con-
vênio existente entre a Universidade Federal do Paraná e a Universidade de Freiburg – Alemanha, país com longa tradição florestal. Podemos lembrar das longas experiências, muitas vezes criativas, no sentido de tentar reduzir custos operacionais, feitas pelas empresas, sendo que nesses momentos, discutia-se somente uma operação de campo, pois não havia conhecimento técnico prático de sistemas de trabalho. Assim, discutia-se a redução de custo na atividade de corte, mas não se observava o que isto significaria no contexto da atividade subseqüente, o que hoje é fator preponderante para a tomada de qualquer decisão na escolha de máquinas e equipamentos. Mas, o conhecimento do passado faz com que procuremos balizar o futuro, de forma a aplicar o que de mais atual existe no mercado, trazendo sempre o conhecimento técnico, de forma prática, nas atividades de produção de madeira proveniente de florestas plantadas. Exemplos deste aprendizado são os “Seminários de Atualização Sobre Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal”, que continuam a acontecer em Curitiba, não mais na forma de cursos, mas como blocos de assuntos, no qual o temário a ser proposto é previamente discutido com a comunidade florestal, buscando trazer o que há de mais atual no setor. A evolução das máquinas, implementos, equipamentos e tecnologia, destinados à colheita e transporte florestal, aliada à globalização e a conseqüente disputa de mercados, tanto nacionais como internacionais, fazem com que novos conhecimentos devam ser rapidamente discutidos e incorporados aos sistemas de produção das empresas, que hoje precisam ser muito mais ágeis do que no passado, sob pena de perderem sua competitividade. Há pouco tempo, quando se via uma máquina ou equipamento no exterior, as empresas tentavam copiar o conceito, ou esperavam em torno de cinco anos para a introdução no mercado nacional. Hoje, qualquer lançamento está praticamente disponível simultaneamente, também, no mercado nacional.
No Brasil, tivemos momentos em que a motosserra foi considerada a “dama da mecanização”, sendo que, atualmente, são discutidos sistemas para aproveitamento quase que total da biomassa, mas, ainda faltam discussões sobre formas econômicas de sistemas de colheita, para a utilização da biomassa total das árvores, ou seja, incluindo as raízes. O conceito de “sistemas de colheita de madeira e transporte florestal” já está muito bem concretizado, e hoje são discutidos meios para a integração do mesmo na cadeia produtiva da madeira, na qual a implantação da floresta faz parte. Atualmente, se discute qual o custo global de produção. O próximo “Seminário de Colheita de Madeira e Transporte Florestal”, que ocorrerá este ano em Curitiba, trará quatro blocos importantes, e cada um com um temário cuidadosamente discutido: Gestão de Pessoas, Logística, Novas Tecnologias e Cadeia Produtiva da Madeira. Foram convidados palestrantes que têm afinidades com os temas, e que, com certeza, trarão experiências relevantes à comunidade florestal, tendo em vista o cunho “técnicoprático” deste evento. Certamente, as atualizações e as inovações a serem apresentadas, virão ao encontro dos anseios e das aspirações do setor. Juntamente com o evento técnico, também será apresentada a “Expoforest”, hoje já chamada de “Feira Florestal Brasileira”, que terá mais de cinqüenta expositores, os quais trarão o que de mais moderno existe em máquinas, equipamentos e tecnologia para a produção de florestas plantadas. Quando se comparam conceitos, muitas vezes não há inovações em pouco tempo, mas quando se observa o que existe de tecnologia embarcada nos produtos, pode-se constatar o quanto existe de evolução, no decorrer de pouco espaço de tempo. Para finalizar, entende-se que para ter sucesso em um empreendimento florestal, a matriz mais adequada é integrar a produção de madeira com os sistemas adequados de silvicultura e manejo, sustentabilidade do meio ambiente, responsabilidade social e viabilidade econômica.
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Tendências Fernando Henrique da Fonseca Presidente da Abraf
Tendências e perspectivas para o setor de florestas plantadas
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A silvicultura no Brasil está em um momento muito especial de crescimento, principalmente em função da forte demanda proveniente dos grandes investimentos em curso nos setores de papel e celulose, madeira processada (sólida e painéis) e energia (especialmente carvão). Estes setores, em conjunto, deverão investir, até o ano de 2015, um montante superior a US$ 30 bilhões, sendo que, praticamente, a metade deste investimento será no segmento de papel e celulose. O produto bruto da cadeia de transformação florestal no Brasil é da ordem de US$ 50 bilhões anuais. Sendo US$ 24 bilhões do setor de papel e celulose, US$ 17 bilhões do setor de madeira processada - inclusive móveis, e US$ 9 bilhões do setor de ferro-gusa e aço. A única maneira de diminuir as pressões sobre a mata nativa é plantando árvores, sendo inúmeras as vantagens de se investir em florestas plantadas, a saber: 1. A grande produtividade das florestas plantadas no Brasil, com crescimento anual superior a 40 m³ por hectare/ano para o eucalipto, e 30 m³ por hectare/ano para o pinus, é 7 vezes superior aos tradicionais produtores da Escandinávia e do Canadá; 2. Países como Japão, China e Estados Unidos, que possuem grandes áreas de florestas plantadas, não têm mais terras disponíveis para o plantio, enquanto que o Brasil, com 850 milhões de hectares, possui somente 5,5 milhões em florestas plantadas, equivalendo a apenas 2,8% das florestas plantadas no mundo; 3. O crescimento do plantio de florestas no Brasil não implica em competição com outras atividades agrícolas, uma vez que existem ainda mais de 100 milhões de hectares de terras degradadas, que podem ser ocupadas pelo plantio de árvores; 4. Devido à baixa exigência quanto à qualidade da
terra disponível para plantio, o preço por hectare está entre os mais competitivos do mundo, próximo a US$ 2.000/hectare. Inferior ao preço da terra nos países tradicionalmente produtores, o que, combinado com a grande produtividade das florestas plantadas, implica em vantagens comparativas de custo por m³ de madeira produzida; 5. O Brasil tem tecnologia avançada e mãode-obra especializada disponíveis, o que implica em menor tempo gasto entre a decisão de investimento e o início da produção; 6. Das grandes ocupações de terras no Brasil, as pastagens utilizam 178 milhões de hectares (M/ha), a agricultura 58 M/ha, a cana 6,5 M/ha e a floresta plantada 5,5 M/ha. Considerandose o aumento de produtividade marginal, em setores como pecuária, poderíamos acrescentar milhares de hectares às áreas disponíveis. Sem esgotar o tema das vantagens competitivas do Brasil, algumas listadas acima, gostaria de citar também as ameaças ao setor de florestas plantadas. Um dos principais entraves ao desenvolvimento do plantio de árvores em nosso país é, sem dúvida, a burocracia. Há uma grande confusão, principalmente nos órgãos ambientais, que tratam a floresta plantada como se fosse nativa, excluindo, politicamente, o pequeno produtor da atividade florestal. São exigidos inúmeros documentos para a obtenção do licenciamento para o plantio e, novamente para a colheita, enquanto para a atividade pecuária ou qualquer outra atividade exercida na propriedade nada é exigido. Outro grande obstáculo ao crescimento do setor está na insegurança jurídica. A propriedade rural, no Brasil, é questionada a todo momento, sob as mais diversas alegações. Decisões são tomadas violentando direitos e práticas adquiridos há mais de 50 anos. Os movimentos sociais, as ONGs, a questão das terras indígenas, as chamadas comunidades quilombolas, todos com legislação deficiente e mal estruturada, são empecilhos ao desenvolvimento do setor e do país. As áreas indígenas ocupam hoje 107 milhões de hectares, mais do que toda a área utilizada pela lavoura e pela silvicultura. Do mesmo modo, a distribuição agrária referente aos assentamentos rurais é equivalente às áreas ocupadas com os plantios de ciclo anual, como o feijão, o milho, o trigo, a soja, etc, somados ao café, à cana-de-açúcar e às florestas plantadas, perfazendo o montante equivalente a 77 milhões de hectares. Creio, finalmente, que as vantagens brasileiras para o plantio de árvores são tão grandes, que enxergo o futuro do setor no Brasil com muito otimismo e com a certeza de que os desafios serão superados no curto prazo, prevalecendo o bom senso e o equilíbrio das autoridades responsáveis.
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Gerente de Suprimento de Madeira da Veracel Celulose A gestão de pessoas na colheita florestal
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A atividade de colheita florestal exige alto desempenho na produção e no controle de custos, em razão dos elevados investimentos necessários para estruturar a operação e manter a capacidade produtiva ao longo da vida útil dos equipamentos. O desempenho socioambiental exige níveis de metas sem precedentes em proteção ambiental, segurança do trabalho e inclusão social das comunidades do entorno e demais partes interessadas. A evolução tecnológica dos equipamentos resultou em ganhos de produtividade e qualidade, que permitem atender aos crescentes níveis de exigência dos clientes, contudo requerem maiores investimentos em seleção, capacitação, monitoramento e desenvolvimento de operadores, mecânicos e supervisores. Liderança: O ambiente de trabalho na colheita é menos favorável à liderança e à satisfação das pessoas, devido à grande pulverização dos equipamentos na floresta, grande efetivo de pessoal, que se reveza em diferen-
Recomendo que as empresas não contratem supervisores no mercado, sem antes verificar, em seus quadros, a existência de um funcionário com o potencial de liderança e de gestão necessário. Os resultados são surpreendentes. tes horários de trabalho, canal de comunicação predominantemente verbal e através de quadros de gestão à vista e deslocamentos para o local de trabalho em tempo variável. Há cerca de três anos, migramos de uma supervisão administrativa, que cobria parcialmente os dois turnos operacionais, para uma supervisão com a presença contínua do supervisor, desde o deslocamento de ônibus para o local de trabalho. Foram selecionados inicialmente três operadores para implantação em um dos módulos de co-
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lheita. Os resultados obtidos encorajou-nos a ampliar o sistema para os demais módulos. Há risco no processo de capacitar um integrante de equipe para ser o novo líder. Não é uma tarefa fácil para o novo líder “trocar a camisa de operador, para a de supervisor”, considerando também a adaptação da equipe à nova condição. Este processo requer uma seleção muito criteriosa, pois é um caminho sem volta para o novo supervisor e tem potencial de afetar a estabilidade da operação, se não for tutoriado adequadamente. Três anos após a implantação deste programa, destacamos como fatores de sucesso: • A experiência prévia em operação e manutenção mecânica, que permitiu a tomada de decisões mais assertivas e partilhadas; • Melhor disseminação e adesão à cultura da empresa, e • Impacto positivo no clima organizacional, através da maior possibilidade de se fazer carreira na empresa.
Opiniões
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Recomendo que as empresas não contratem supervisores no mercado, sem antes verificar, em seus quadros, a existência de um funcionário com o potencial de liderança e de gestão necessário. O investimento vale a pena, pois os resultados são surpreendentes. Clima organizacional: O que faz a diferença é a qualidade da relação da liderança com o time e entre os integrantes deste, independentemente das ferramentas de gestão aplicadas. Muitas ferramentas corporativas de gestão têm um tempo de resposta incompatível com a velocidade da colheita. As pesquisas de clima organizacional, aplicadas a cada dois anos, representam uma eternidade, considerando que o tempo operacional é contado em horas, sendo assim, é importante um múltiplo olhar do ponto de vista corporativo. Deve-se ter um acompanhamento permanente de corpo-a-corpo, com intervalos de avaliação que permitam identificar os pontos de melhoria a serem trabalhados. Desta forma, a presença contínua da supervisão e a análise conjunta de problemas devem fomentar uma relação de confiança e um clima harmonioso, que resultem no crescimento de todo o time. Seleção: O compromisso de equidade no tratamento dos candidatos em processo seletivo, sem distinção quanto à diversidade social, racial, cultural, econômica ou qualquer outra é o primeiro passo para um processo seletivo eficaz. É indispensável a participação das co-
munidades do entorno, tendo relevância para os aspectos sociais e também para retenção de talentos. Um bom processo seletivo deve ter, no mínimo: as etapas de divulgação e inscrições; testes de português e matemática; testes de habilidades manipulativas, com auxílio de software que simulam a realidade em caráter virtual; psicoteste com dinâmica de grupo; seleção final por grupo colegiado e exames médico, sendo todas as etapas eliminatórias. Para a etapa de avaliação, formar um grupo multidisciplinar com representantes da colheita, de recursos humanos e das empresas parceiras que aplicam os testes nos simuladores e realizam a análise do perfil psicológico dos operadores. Esta ação permite uma visão mais abrangente dos candidatos. O preenchimento das vagas deve ser definido objetivamente, considerando o perfil do profissional procurado, levando em conta a experiência, a formação básica, as aptidões específicas e as características de personalidade. Capacitação: Um vigoroso ciclo de mecanização vem sendo implementado nos últimos dez anos, exigindo soluções rápidas na formação de novos operadores, mecânicos e supervisores. A capacitação de um operador é um investimento bastante dispendioso e deve utilizar toda a tecnologia disponível, em termos de simuladores virtuais e técnicas de instrutoria. Infelizmente, ainda é comum o treinamento de operadores diretamente por outro operador, o que permite uma redução de custos de formação, mas há forte tendência de transferência de técnicas inadequadas, acompanhamento insuficiente ou tempo insuficiente para maturação do novo profissional. Preparar profissionais, no aspecto técnico e comportamental, significa integrar sistemas e pessoas, portanto, é preciso uma capacitação inicial de cinco a seis meses para o controle amplo do equipamento utilizado, o básico em planejamento operacional e rigor nos aspectos de segurança e de qualidade de produto. Neste período, é importante estabelecer uma cobrança natural ou sutil em relação ao nível de produção alcançada, pois a produtividade do operador cresce, naturalmente, com o passar do tempo. Prêmio de produção: O objetivo do prêmio de produção é criar um ambiente em que o trabalho em equipe seja valorizado e que empresa e colaboradores tenham ganhos. Na minha opinião, o prêmio de produção é benéfico às partes e traz um senso de justiça que não ocorre com uma remuneração igualitária, pois premia o resultado dos esforços individual e coletivo, para alcançar os objetivos e metas da empresa. A empresa ganha com o comprometimento individual e da equipe e permite um sistema de feedback contínuo, que favorece a aproximação entre o supervisor e operadores. Ao instituir o prêmio de produção em parcela da remuneração, é recomendável considerar as seguintes premissas:
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• Os itens avaliados para mensuração dos resultados, sua métrica e pontuação devem ser claros e transparentes, de modo que o sistema tenha credibilidade e não interfira, negativamente, na satisfação do grupo; • Que as metas de produtividade baseiem-se na média histórica de até dois anos, considerando a tecnologia dos equipamentos utilizados, o nível de aprendizado dos operadores e as características da floresta; • Revisar e pactuar as metas anualmente; • A legislação brasileira não permite que o prêmio de produção seja superior a 50% do salário base. Indica-se uma parcela de prêmio inversamente proporcional à capacitação e maturidade do grupo, mas não inferior a 30% da remuneração, e • Implementar sistema de controle que permita rapidez de apuração e efetivo retorno, com formalização ao avaliado. Segurança e saúde ocupacional: o trabalho em turnos de revezamento, a repetitividade da operação, o trabalho solitário em parte do horário e a influência das condições climáticas, requerem cuidados específicos para manter tanto os níveis de produção, quanto a saúde dos operadores. Tratando-se de trabalho com repetitividade, recomendam-se paradas periódicas ao longo da jornada de trabalho, com aplicação de técnicas de alongamento e relaxamento. Os programas implantados não devem ser opcionais, mas obrigatórios e levados muito à sério pela equipe de gestão, para conscientização dos benefícios obtidos. A infra-estrutura na frente de trabalho deve disponibilizar um local adequado para as refeições do grupo, permitindo a interrupção do trabalho solitário nos equipamentos e o maior convívio social do pessoal. As condições inseguras devem ser identificadas através de análises prévias de riscos das novas frentes de trabalho e todas as ações complementares definidas, pois demandam estreito acompanhamento e exigência no cumprimento. A temática de segurança deve ser tratada continuamente nos diálogos e os atos inseguros identificados e combatidos com disseminação para todo o grupo. Mais do que controlar as estatísticas referentes aos acidentes com ou sem perda de tempo, programas de controle dos incidentes ou quase acidentes são fundamentais para atingir uma alta performance. Premiar a superação de metas traz numerosos benefícios para o ambiente de trabalho. Na Veracel, adotou-se um adicional no prêmio de produção para cada seis meses sem acidentes com afastamento, além de um evento especial na data em que a meta foi atingida. Gestão do estresse: Considerado o mal do século, o elevado nível de estresse deve ser trabalhado, se possível, desde a capacitação inicial. O estresse ocorre no trabalho, em casa, na família e na sociedade. É impossível que as pessoas tenham a capacidade de separar os
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cenários nos quais vivem e os estresses associados a eles, sendo que há uma tendência ao acúmulo da carga ao longo do tempo, se não forem identificadas e direcionadas ações para atenuar seus efeitos. Apesar dos cuidados sistêmicos tomados para o grupo, é importante frisar que o estresse é absolutamente individual, portanto devemse observar e monitorar os sinais psicológicos, comportamentais e fisiológicos. Ansiedade ou medo, apatia, depressão, esquecimento, dificuldades de concentração, baixa auto-estima e mau humor são sinais psicológicos comuns do estresse. Estes sinais refletem no comportamento, acarretando irritação ou agressão, comportamento impulsivo, inquietação, tensão e risco. Partindo desse pressuposto, é importante a observação dos principais sinais fisiológicos do estresse para o automonitoramento e o acompanhamento médico, psicológico e nutricional, se for o caso. São sinais comuns: boca seca, fadiga, dores de cabeça, sensações alternadas de calor e frio, tremores, palpitações, suores injustificáveis e problemas gastrointestinais.
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Apesar dos cuidados sistêmicos tomados para o grupo, é importante frisar que o estresse é absolutamente individual, portanto devem-se observar e monitorar os sinais psicológicos, comportamentais e fisiológicos.
É interessante prevenir também o “estresse financeiro”, pois, como exemplo, tem sido comum ceder à tentação de adquirir um veículo em prestações a perder de vista, deixando de priorizar os investimentos em moradia e qualidade de vida para a família. Uma boa orientação financeira deve ser aplicada, de modo que o grupo tenha ações mais voltadas ao longo prazo e com resultados melhores para si e sua família Meu objetivo é alertar quanto à necessidade de introduzir programas que definam as estratégias de controle e uma equipe multidisciplinar, para buscar a redução da resposta ansiosa nos diversos níveis. A gestão de pessoas é uma ciência com fatores muito mais diversos e profundos do que podem ser sucintamente apresentados em um texto, que serve, muito mais, para gerar reflexões sobre esse apaixonante assunto.
Gestão de Pessoas Pablo Santini
Gerente de Otimização e Treinamento da FOSA A colheita de madeira na Forestal Oriental, Uruguai
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A FOSA, Forestal Oriental, começou o processo de colheita mecanizada no Uruguai, em 1997. Naquela época, pouca gente sabia o que esta operação poderia representar, pois se tratava de algo pioneiro. A idéia poderia ser considerada como algo fantástico. Foi memorável. Lembramo-nos de cada etapa, dos primeiros segmentos e dos primeiros movimentos. Tínhamos, à disposição, máquinas de última geração, nada de mais moderno havia. Parecia que estávamos em um campo de batalha. Onze anos depois, a colheita modernizouse ainda mais e continuamos aprendendo. As máquinas em si, por mais modernas que sejam, não são capazes de trabalhar na melhor forma. O operador treinado, bem dirigido e motivado, é capaz de fazer a diferença e executar o trabalho de forma perfeita, cumprindo todos os padrões requeridos. O sucesso do processo começa no recrutamento. Determinar o perfil desejado do operador a ser selecionado, aumenta, significativamente, a possibilidade do êxito. Nossa experiência mostra que o futuro operador não precisa, necessariamente, ter tido experiências anteriores com o equipamento que vai operar. É mais importante que tenha conhecimento do meio rural onde vai trabalhar, pré-disposição a desenvolver afinidades com máquinas, disposição para permanecer várias horas do turno, sozinho, no meio de um campo ou do mato e aptidão para fazer parte de uma equipe de trabalho. Depois da seleção prévia, com a análise dos antecedentes do candidato, os participantes do processo seletivo farão uma visita acompanhada por um treinador, para conhecer a empresa, as atividades do dia-a-dia, a operação da colheita e, sem detalhamento, as máquinas utilizadas na operação. Acompanharão o trabalho na cabine da máquina, com um operador experiente e, nesta etapa, serão observados quanto à demonstração de interesse, de companheirismo e do nível de relacionamento geral com o grupo. O objetivo é fazer com que os treinadores exponham o candidato, durante a primeira semana de avaliação, de forma bastante próxima, com as operações gerais da companhia, com a rotina e operações de trabalho de um operador de harvester, de forwarder e da oficina de manutenção, para lhes dar a idéia mais próxima possível de como seria o seu trabalho, se for aprovado.
Tem-se como muito importante, nesta semana de reconhecimento, expor o valor do trabalho em equipe e a necessidade de se desenvolver um bom relacionamento com o serviço mecânico. Ao final da semana de convívio, os treinadores avaliarão os candidatos sob a sua análise, aprovarão os que se destacaram e reprovarão os que não demonstraram um nível de interesse e afinidade suficientes com os equipamentos e com o ambiente, aos quais foram expostos. Ato contínuo, os candidatos serão submetidos a testes psicotécnicos. Julgamos a avaliação psicológica como uma segura ferramenta para a definição da personalidade do candidato e como um importante recurso para a sua classificação, na busca de um funcionário ideal para o perfil preestabelecido. Utilizamos o sistema Simlog na seleção dos candidatos sem dificuldades motrizes e boa coordenação visual-motriz. Na fase seguinte, durante o desenvolvimento da capacitação teórica e dos simuladores, os treinadores preocupam-se em registrar informações do comportamento e do relacionamento dos candidatos, com o objetivo de predizer o futuro como operador, em um processo de avaliação contínuo. O plano de treinamento é extenso e envolve o histórico da maquinaria florestal, o sistema de segurança, a relação com o meio ambiente, o impacto ao solo e as noções de hidráulica, eletrônica e mecânica. O treinamento compreende 120 horas, entre aulas e laboratórios, em um regime de 8 horas diárias, de segunda a sexta-feira. O simulador Plutek John Deere-228 será utilizado no processo. Para os mais habilidosos serão dedicadas 20 horas de treinamento, para os menos experientes até 50 horas. Já no campo, onde passarão entre 3 a 4 semanas, os candidatos selecionados serão acompanhados pelos treinadores durante as primeiras semanas, implementando e consolidando as boas práticas e corrigindo as imperfeitas. Ao final do treinamento, será feita uma avaliação operativa, técnica e de conhecimento da máquina. Todos os supervisores terão acesso ao expediente de seus operadores, como ferramenta de melhora. O desempenho do operador vai depender, efetivamente, do conjunto: treinamento-motivação-adequação, ou seja, deve ser devidamente treinado, demonstrar sua motivação natural e ter tido a correta indicação do tipo de trabalho a executar. Isto será feito com discussões em grupo, com trabalho de cabine, frente a frente, onde o treinador ensina as boas prá ticas e técnicas corretas e corrige os erros que podem causar danos a ele, aos seus companheiros ou à máquina. O assunto segurança é tratado com permanente destaque.
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O candidato é treinado de forma a valorizar as normas de segurança, tornando o lugar de trabalho mais seguro. Ao invés de coibitivas, as normas e regras servem como meio de motivação extrínseco, em uma demonstração do cuidado que a companhia tem em manter a integridade de seus empregados. Os conhecimentos técnicos de hidráulica, eletrônica e mecânica dão ao operador boas noções de funcionamento operacional das máquinas e servem para dirigir a equipe mecânica na detecção preventiva e localização mais ágil de problemas, facilitando a logística de troca de peças, com o conseqüente aumento da disponibilidade mecânica e produtividade das máquinas. O operador deve desenvolver sua carreira de acordo com o tempo de trabalho na atividade, considerando o desempenho produtivo, as atitudes no trabalho e o relacionamento com os companheiros e chefes. Inicia a sua carreira como operador Júnior. Após seis meses de acompanhamento e suporte, será avaliado e, se atingir uma produtividade acima de 70% da média dos operadores Plenos, será promovido para esta categoria. O plano de carreira prevê que, com dois anos de experiência, seja novamente avaliado e, se atingir 90% da produtividade, passará a categoria Sênior, o topo da carreira. O operador deve sempre conhecer a integridade do processo seguro, rentável e sustentável em longo prazo.
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Se operar um harvester, deverá saber os efeitos que a sua colheita vai causar no baldeio com forwarder e na silvicultura, de forma a fornecer um produto adequado para o elo seguinte. Também deve ter em mente a importância de manter as condições para não afetar o crescimento da próxima rotação, a qualidade das toras, conteúdo de casca, comprimentos e diâmetros que o cliente especificou. Se operar um forwarder, deve ter em mente a importância da qualidade da pilha e a distância da pilha ao eixo do caminho, para não afetar e/ou diminuir o rendimento ou produtividade das carregadoras. Para manter a competitividade, é imprescindível alcançar a máxima quantidade de horas/máquina trabalhadas por mês, e adequar o regime de turnos dentro da regulamentação de normas de trabalho permitido para o setor, bem como determinar o período de tempo que o operador possa manter o ritmo de operação contínuo e razoável. Turnos de oito horas, de segunda a sábado, é uma boa combinação, e o consenso com os operadores para os horários e troca de turnos é imprescindível. Anualmente, a companhia reconhece o esforço dos mais destacados colegas: sua permanência na empresa – maior antigüidade no cargo, maior produção anual, maior sentido de propriedade dos equipamentos em que trabalha e o melhor companheiro eleito por todos da equipe.
Gestão de Pessoas Donizete Galvão Barbosa
Gerente de Colheita da Suzano Papel e Celulose Gestão de pessoas na Colheita Florestal Na gestão de pessoas da colheita florestal, assim como em outro contexto, é importante considerar a administração do conhecimento e o capital intelectual como os maiores patrimônios da organização, e entendo ser necessário investir nestes com a mesma linha de raciocínio em que se investe no crescimento da organização, pois sem o capital intelectual, esta não existe. Com base neste princípio, afirmo que o principal negócio de uma empresa é treinar pessoas, qualificá-las e motivá-las para gerar o resultado esperado e desenhado, visando um objetivo comum. Porém, neste aspecto, ainda nos dias de hoje as empresas agem de forma singular, no contexto em que definem as regras de acordo com o mercado tradicional, ao invés de as definir de acordo com a estratégia diferenciada para o negócio. Quando contratamos um novo colaborador estamos comprando, além seus serviços, as competências e resultados a eles atrelados, sendo que, na maioria dos casos, não temos como saber se esta aquisição foi boa ou ruim. O fato é que a formação contínua é uma ferramenta de gestão. Os demais processos de administração como salário, premiações, benefícios, planos de saúde, planos de previdência, etc, são fatores de motivação que impulsionam o alcance das metas. Porém, vale lembrar que a maioria das pessoas é motivada por desafios, pelo desejo de aprender coisas novas e pelo senso de realização pessoal. Um fator muito importante, e que ainda não foi instaurado na maioria das empresas, em escala mundial na atualidade, é a mudança do conceito de que existem funcioná-
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rios ou colaboradores dentro das companhias, para o conceito de que cada um deles é um sócio ou uma pequena empresa dentro do negócio, na proporção de sua participação. Com esta visão, cada colaborador poderia contribuir, de forma sistemática, para o crescimento da organização, passando a pensar como dono do negócio e não como empregado, evitando assim grandes desperdícios, gerando inovação e melhores resultados. Uma empresa moderna, que está totalmente voltada para o cliente, deve começar a pensar nesta mudança de conceitos, pois quem está na linha de frente, em contato final com a maioria dos clientes, são os colaboradores do último nível hierárquico. Isto, na prática, quer dizer que o organograma funcional é o inverso do formal. Assim, no chamado último nível hierárquico, temos que ter os melhores profissionais e devemos considerá-los o segundo nível, depois dos clientes. Outro ponto muito importante está relacionado à gestão das informações. Esta deve ser compartilhada da mesma forma e na mesma intensidade, em todos os níveis hierárquicos, considerando uma base de dados única, com a geração de informações oportunas e personalizadas. No contexto específico de capacitação, não deixando de considerar os fatores acima citados, a gestão de pessoas deve ter início no modelo de capacitação que será executado para a formação dos colaboradores. Pois, o treinamento inicial, além da formação técnica das equipes, é baseado na discussão dos conceitos do processo que, em um sistema dinâmico e participativo, foca envolvimento, comprometimento e estímulos dos envolvidos a examinar e recomendar mudanças nos processos de trabalho dos quais participam. Tudo isso alinhado às políticas e à filosofia de trabalho da organização. Neste momento, deve existir uma interface entre o treinamento e a operação (início de um processo, implantação e continuidade da operação), para garantir a qualidade e a efetividade do aprendizado de forma dinâmica, com redução na curva de aprendizagem e melhoria contínua do processo, que está atrelado à qualidade do treinamento inicial (base de sustentação). Atrelado a isto, o processo de recrutamento e seleção deve estar baseado no resultado gerado pelos melhores. Para isto, deve ser considerado um modelo universitário de formação de pessoas para as mais variadas necessidades internas de uma organização, com a formação técnica das equipes para o mercado de trabalho (via bolsa de estudos). Considerando o atual cenário de crescimento do setor, teremos falta de mão-de-obra capacitada nos próximos
INOVAÇÕES CATERPILLAR MELHORAM AINDA MAIS O SEU NEGÓCIO CATERPILLAR 320D FM MAIS POTENTE E MAIS ECONÔMICA A nova CAT 320D FM com motor CAT C6.4 ACERT produzida especialmente para trabalhos florestais está mais produtiva e econômica. Sua nova cabine florestal com melhor visibilidade é maior, mais resistente e segura. Seu novo material rodante reforçado proporciona maior durabilidade e facilidade nos trabalhos florestais. Para atender as diversidades específicas das operações florestais, são oferecidos opcionais, entre eles: o ventilador reversível para manter a máquina limpa e resfriada e o tanque VISITE O ESTANDE DA de combustível extra para maior autonomia. A 320D FM CATERPILLAR NA é oferecida em todas as configurações e está preparada para atender qualquer necessidade na floresta. Para maiores informações visite: www.cat.com.
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anos, ou seja, deve-se considerar a proposta de junção das empresas para a criação de um modelo para a formação de pessoas. Em relação aos resultados, alguns aspectos devem ser considerados, tais como: medição da participação, presença em todas as atividades do treinamento, cumprimento de horário e de entrega dos trabalhos, apresentação pessoal, relacionamento interpessoal, capacidade de questionamento, facilidade de expressão, manuseio das ferramentas de trabalho, aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos, cumprimento das normas de segurança, flexibilidade, cooperação e cumprimento dos procedimentos técnicos descritos nos manuais de treinamento (material didático que deve ser elaborado como instrução de trabalho). Uma das habilidades básicas para promover o processo de melhoria contínua é garantir que a aprendizagem ocorra e seja capturada e compartilhada em todos os níveis hierárquicos, ou seja, promovendo o envolvimento de todos no processo.
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Considerando o atual cenário de crescimento do setor, teremos falta de mão-de-obra capacitada nos próximos anos, ou seja, deve-se considerar a proposta de junção das empresas para a criação de um modelo para a formação de pessoas. A base de sustentação de um processo está no desenvolvimento das competências, dos conhecimentos, da criatividade e motivação das pessoas, para que se possa chegar à eficiência, eficácia e efetividade. O que também depende de um ambiente favorável ao pleno desenvolvimento de potencialidades, considerando o ambiente e a cultura da organização. A qualidade das pessoas selecionadas para compor a equipe está entre os principais componentes do sistema, que tem como objetivo o bom desempenho desta. Se o conteúdo técnico estiver sintonizado às pessoas, e estas, efetivamente, sintonizadas umas às outras, provavelmente a motivação será mais elevada, melhorando o desempenho de todo o grupo, de uma maneira realmente sinérgica. O aperfeiçoamento deve ser ininterrupto, através da gestão dos resultados gerados no
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dia-a-dia e via feedback continuado. O gestor deve identificar e reconhecer o que cada integrante tem de melhor para oferecer ao grupo, pois cada elemento da equipe tem características diferenciadas: diversificador, assimilador, solucionador e adaptador. Estas são as concepções que fazem uma equipe ser diferente e melhor. É importante mencionar que equipe totalmente eficaz é utopia, já que as dificuldades de relacionamento humano sempre existirão. A gestão de pessoas no mundo moderno deve preocupar-se em formar pessoas para ter velocidade, flexibilidade, espírito de análise e síntese. Precisamos estimular as pessoas a pensarem fora do senso comum. Aprendendo os conceitos, não aceitando simplesmente as coisas como são, entendendo o todo e não partes isoladas e estanques deste todo, recebendo informações importantes e as transformando em ações inteligentes. Mostrando, assim, que a atitude gera a competência, que a diferença está na maneira de ver as coisas, que devemos elogiar as pessoas e valorizá-las e que para mudar um paradigma é necessário mudar a cultura das pessoas e das organizações. A mudança de paradigmas é o tipo mais profundo de mudanças que podemos atravessar, pois quando mudamos paradigmas modificamos o futuro. Precisamos ensinar as pessoas a ter coragem, julgamento intuitivo e compromisso, a longo prazo. Na concepção de gestão de pessoas e do processo, a melhor ferramenta é a construção de uma Matriz de Trabalho, na qual consideramos todas as metas para fechamento de um programa, colocando peso para cada um dos itens, com um pacote de valorização para cada membro da equipe, que são todos os colaboradores de determinado processo. Também acrescentando algo fora do sistema convencional, com gratificações individuais e/ou em grupos, em termos de diferencial variável, que possa motivar as pessoas a atingir resultados extremamente importantes para a empresa, com a maior dedicação possível. O desempenho eficaz de uma equipe está relacionado à qualidade das relações, à motivação, à interação e à qualidade da administração, o que completa o conjunto de componentes que influenciam o desempenho. Outro fator fundamental é o respeito a todos os profissionais, sem distinção de cargo, pois todos fazem parte do processo e têm um objetivo único. É importante que os gestores sejam facilitadores e não somente gestores. A estrutura hierárquica apenas define papéis e não diferenças de respeito entre as pessoas. Para finalizar, vale ressaltar, para todos que fazem gestão, que devem ter ciência da obrigação de transformar profissionais mecanicistas, em profissionais do conhecimento, com atuação em gestão de processos, focando os resultados e as necessidades dos clientes.
Gestão de Pessoas Dionísio João Parise
Qualificação e Aperfeiçoamento Profissional do Senai-PR Técnicos de manutenção de máquinas de colheita florestal
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A utilização de máquinas de alta tecnologia tem proporcionado melhorias e mudanças nos sistemas, métodos e concepções produtivas da colheita florestal. A ocupação de técnico de manutenção de máquinas também vem passando por transformações, demandando níveis mais elevados de competências. As empresas enfrentam dificuldades na identificação de pessoas com potencial para serem capacitadas e despendem tempo e recursos na preparação destes profissionais. Como o tempo para a formação deste técnico é de 800 horas de capacitação técnica e de três anos de prática, é fundamental investir em pessoas com reais potenciais. Entende-se que a pessoa tem potencial de desenvolvimento, quando possui aptidões psicomotoras e cognitivas necessárias para desenvolver suas funções com considerável grau de autonomia e iniciativa, de modo a propor soluções para problemas técnicos, ser responsável pelo controle da qualidade de seu trabalho e/ou de outros, bem como coordenar equipes. A aptidão é a capacidade de fazer ou aprender determinada tarefa. Enquanto a aptidão cognitiva é relevante para tarefas que envolvem o processamento de informações e o aprendizado, a aptidão psicomotora envolve movimentos corporais e manipulação de objetos. A importância de cada uma delas depende das funções da ocupação. Devidamente exercitada, a aptidão transforma-se em capacidade. O desafio que se apresenta na formação dos técnicos de manutenção de máquinas é definir quais são as aptidões psicomotoras e cognitivas que podem identificar quem tem potencial para ser treinado na ocupação. Como as aptidões estão em consonância com as capacidades e estas com as funções, seguem exemplos de funções, capacidades técnicas e qualidades pessoais demandadas. Suas principais funções são: planejar as atividades de manutenção; realizar a manutenção preventiva, a manutenção corretiva, desmontagem e montagem de componentes; registrar e comunicar as informações, e trabalhar de acordo com normas técnicas de saúde, de segurança e ambientais. São exemplos de capacidades técnicas requeridas: determinar causas dos defeitos; tomar decisão para solucionar problemas; planejar atividades de manutenção; correlacionar as características de ferramentas, instrumentos, máquinas e equipamentos com suas aplicações, e correlacionar as
características dos sistemas de transmissão, de freios hidráulicos, elétricos e eletrônicos, com seu funcionamento. Atenção, capacidade de planejamento, consciência de qualidade e de segurança, capacidade de resolução de problemas e prontidão para aprender, são qualidades requeridas para o exercício da profissão. Tendo como referência as funções, as capacidades técnicas e as qualidades pessoais demandadas, é possível sugerir algumas aptidões psicomotoras e cognitivas imprescindíveis para os técnicos de manutenção. Psicomotricidade: evidencia a relação existente entre os processos cerebrais e afetivos com o ato motor; refere-se ao desenvolvimento de atividades que exijam coordenação motora fina, com rapidez e qualidade. Relação espacial: compreender as formas no espaço e as relações entre objetos planos e sólidos para visualizar objetos em duas e três dimensões; percepção de profundidade, isto é, ver coisas em uma distância e saber o que está na parte da frente e o que está atrás. Memória auditiva: reter e recordar informações auditivas, reconhecer e reproduzir estímulos sonoros anteriores; habilidade para notar, comparar e diferenciar sons distintos; habilidade para perceber sons importantes. Atenção: manter a atenção concentrada no trabalho durante um período, para desenvolver tarefas de forma sistemática, sem dificuldades de retenção. Inteligência geral: processar informações; usar adequadamente sistemas associativos, para a formação de novos conceitos, para a elaboração de processos ou para a resolução de problemas. Habilidade de aprendizado. Objetividade: pessoas objetivas gostam de trabalhar com ferramentas, equipamentos, instrumentos e máquinas; gostam de consertar ou fabricar coisas de acordo com especificações e usando técnicas; são interessadas em saber como as coisas funcionam e como são feitas. Método: pessoas metódicas gostam de ter as regras claras e os métodos organizados como guia das atividades; preferem trabalhar supervisionadas, de acordo com instruções; gostam de iniciar uma tarefa e terminá-la. Inovação: pessoas inovadoras gostam de explorar e entender coisas com profundidade e chegar a soluções de problemas experimentando; são interessadas em criar e identificar diferentes maneiras de resolver problemas; gostam de assuntos técnicos e ajustam-se a mudanças facilmente. É necessário que as empresas dêem a devida importância para as aptidões psicomotoras e cognitivas, indicadores de potencial de desenvolvimento de uma pessoa candidata ao cargo de técnico de manutenção de máquinas. As aptidões, quando desenvolvidas com treinamento, transformam-se em capacidades. As capacidades habilitam a pessoa a desenvolver as funções que compõem as competências da ocupação com eficiência e eficácia.
Gestão de Pessoas Altair Negrello Junior
Gerente de Colheita e Transporte de Madeira da Rigesa
Negócios e mercado: novas perspectivas para os profissionais de colheita florestal
A cada dia que passa, nossas empresas estão sendo mais exigidas. São frequentes as cobranças por melhores resultados, por produtos com melhor qualidade e com maior valor agregado, por inovação, atendimento diferenciado aos clientes, cumprimento de prazos e melhores preços. Não tem sido fácil superar estes desafios e fazer com que nossos profissionais mantenham-se comprometidos em atender a todas estas demandas. Várias discussões em torno do tema Mudanças, gestão de profissionais na área florestal inovações e geração vêm sendo realizadas ao longo dos úlde valor só serão timos anos, sempre obtidos por pessoas reconhecendo a nede signicapacitadas e motivadas. cessidade ficativas mudanças no posicionamento empresarial, em relação às formas de gestão ocorridas no passado. Com o desenvolvimento tecnológico, observado praticamente em todas as áreas de atuação de nossos profissionais, as organizações passam a perceber a necessidade de contar com colaboradores providos de maior qualificação e motivação. Tem-se percebido ainda que estes profissionais valorizam muito seu ambiente de trabalho e benefícios, talvez mais até que seus próprios salários. Considerando a função estratégica da colheita em uma empresa florestal, esta questão passa a exigir fortes reflexões por parte da alta direção das empresas, questionando-se sempre quais as condições para manter suas equipes permanentemente motivadas e produtivas. Profissionais de colheita com elevado conhecimento técnico são de alto valor, porém, os que adicionam a estes conhecimentos a visão de negócios e mercado, podem ser os diferenciais das empresas. São talentos que valorizam a
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inovação, a criatividade e percebem onde se encontram as potenciais oportunidades para maximizar os resultados desejados. E estes profissionais estão cada vez mais disputados pelas empresas florestais. Diante deste contexto, as organizações passam a compreender a importância de proporcionar condições apropriadas para que estes profissionais, espontaneamente, desenvolvam seu máximo potencial. Trazendo esta questão para a realidade de nossas empresas, é interessante retornar um pouco no tempo. O histórico da colheita florestal em áreas plantadas no Brasil é relativamente recente, sendo que, até a década de 1970, poucas operações eram mecanizadas. Nos primeiros anos da década de 1980, iniciaram os trabalhos dos primeiros mini skidders e carregadores florestais, tendo, ainda, as motosserras como principal equipamento para corte e traçamento. Neste período, a grande maioria dos profissionais que exercia atividades operacionais em colheita de madeira tinha suas origens em regiões agrícolas e possuía nível cultural abaixo da média observada nos trabalhadores das zonas urbanas. Ao longo dos anos, a necessidade de mecanizar as operações de colheita assumiu importância cada vez maior, evidenciando-se as necessidades de reduções de custos operacionais, aumento de produtividade e tendo ainda
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as questões de segurança no trabalho como benefício adicional e de extrema importância. Estes foram alguns dos incentivos para a confirmação desta tendência. Lembremos ainda que as últimas décadas foram também marcadas pelo reconhecimento da comunidade florestal internacional quanto às altas rentabilidades das florestas plantadas brasileiras, motivando grandes fabricantes mundiais de equipamentos a perceberem as oportunidades que se abriam em nosso país. Estas se tornaram ainda mais atraentes com a abertura da importação para equipamentos, ocorrida no início da década de 1990, quando tivemos acesso aos feller bunchers, skidders, processadores e carregadores de alta performance. Este pode ter sido um dos momentos mais marcantes para os profissionais que atuam em colheita florestal, devido aos desafios que então se apresentavam, considerando a alta tecnologia dos novos equipamentos, contrastando com o despreparo de nossos operadores e instrutores naquela época. Ali ficou caracterizada a necessidade de treinamentos de alto nível tanto para os gestores de colheita florestal, que passaram a gerenciar equipamentos de alto valor, quanto para os operadores e instrutores, que tiveram que desenvolver novas habilidades para trabalhar com os equipamentos de tecnologias completamente diferentes. Diante desta realidade, percebeu-se que a forma de gestão de toda a equipe deveria também ser revisada. Devido aos grandes investimentos realizados a partir daquele período, passou-se também a exigir dos gestores das equipes conhecimentos mais profundos nas áreas administrativa e financeira, além de maior visão das oportunidades e restrições oferecidas pelo mercado de produtos florestais. Buscando ainda melhor compreensão da gestão de pessoas na Rigesa, faz-se necessário que se conheça o sistema operacional atualmente utilizado, bem como os principais objetivos a serem alcançados pelas equipes. A base de todas as atividades é o planejamento operacional, o qual é dividido em macro e micro planejamentos. O primeiro, com uma visão mais estratégica, determina as áreas a serem colhidas ao longo de uma rotação e tendo a distância média e a infra-estrutura de
estradas, como principais pontos de análise. O microplanejamento, por outro lado, tem uma visão de curto prazo, planejando as atividades operacionais, tendo como objetivos maximizar as produtividades dos equipamentos e a eficiência operacional das equipes como um todo. Direção de queda das árvores, distância de arraste, percentual de madeira destinada à nossa fábrica e ao mercado e locais de carregamento são alguns dos itens observados. Todos os profissionais da equipe são orientados a conduzir suas atividades, tendo o planejamento como ferramenta essencial para confirmação dos objetivos programados. As operações propriamente ditas são integralmente mecanizadas, sendo realizadas com equipamentos de alta performance, voltadas ao suprimento da fábrica de celulose e papel e também às demandas do mercado regional de produtos florestais. Além de atender às necessidades de nossos clientes no que tange a aspectos qualitativos, as equipes são freqüentemente treinadas para compreenderem que o cumprimento integral da legislação ambiental, o respeito às comunidades onde atuamos e o atendimento aos procedimentos de segurança no trabalho são alguns de nossos principais valores, inegociáveis em qualquer situação. O sucesso da forma de gestão das equipes de colheita na Rigesa é confirmado através da evolução das produtividades, observada ao longo das últimas décadas. Vale mencionar que, além dos resultados operacionais obtidos,
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mantém-se um ambiente de trabalho altamente amigável, percebendo-se, através de pesquisas internas realizadas junto aos funcionários, alto grau de satisfação no que se refere à alimentação, transporte de pessoal e respeito ao indivíduo. A realidade atual sugere que os gestores aprofundem seus conhecimentos em áreas de planejamento, negócios, gestão de pessoas, finanças, marketing, entre outras. No caso dos profissionais de atividades operacionais, não tem sido diferente, uma vez que destes também vêm sendo exigido maior nível de interpretação de informações, além, obviamente, de alto
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nível de coordenação motora para condução dos equipamentos e de seus implementos. Mudanças, inovações e geração de valor só serão obtidos por pessoas capacitadas e motivadas. As organizações que estão se preparando para o futuro certamente terão importantes diferenciais em função do nível de seus profissionais de colheita de primeira linha, os quais deverão estar fortemente comprometidos e preparados para as freqüentes mudanças que acontecerão no que se refere a evoluções tecnológicas, bem como às adaptações ao mercado e às demandas de seus clientes, internos ou externos.
Logística Antônio Joaquim de Oliveira Diretor Florestal da Duratex
O planejamento da logística como fator de sucesso nas atividades operacionais de colheita e transporte florestal As empresas produzem madeira para sustentar os seus negócios, cada vez mais submetidos a uma competição acirrada neste mundo de economia globalizada. Nos dias de hoje, as operações florestais demandam versatilidade, confiabilidade, economia e bom desempenho. O freqüente monitoramento das produtividades dessas operações florestais, os fatores humanos, ergométricos e socioambientais permitem ter uma visão da realidade operacional. Os custos são cada vez mais preocupantes, devido ao constante aumento dos insumos utilizados. O investimento no treinamento das pessoas é fator determinante para o bom desempenho das operações. Logística é a parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla o fluxo eficiente e satisfatório de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relacionadas, desde o seu ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes. Nas empresas, a utilização da logística e o reconhecimento de seu potencial para criar vantagens competitivas sobre os concorrentes são bem recentes. Na Duratex, a constante preocupação com a logística de suas operações florestais tem trazido bons frutos, permitindo uma integração e participação dos funcionários nos processos, aperfeiçoando os resultados, mantendo os custos sob controle e alavancando o crescimento da empresa. Planejamento de operações: Para a gestão competente de qualquer empreendimento são necessárias ações que permitam dar rumo aos negócios, traçar objetivos e metas. O planejamento estratégico formula os objetivos para a seleção de programas de ação e para a sua execução, levando em conta as condições internas e externas à empresa e a sua evolução esperada. O planejamento gerencial permite perceber a realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial futuro, estruturar os trâmites adequados e reavaliar todo o processo produtivo, sendo, portanto o lado racional da ação.
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Na aquisição de áreas para estabelecimento de novos plantios são considerados diversos fatores, que influenciam nos custos de implantação e manutenção e também nos futuros custos de colheita e transporte. Procura-se adquirir áreas que estejam situadas em até 100 km de distância das indústrias, com solos adequados para o cultivo do eucalipto, topografia plana a ondulada, com bom aproveitamento para o plantio e que tenham as áreas de conservação adequadas. Infra-estrutura: A rede viária, cuja finalidade é atender às necessidades de transporte de cargas e serviços, como também às atividades de prevenção e combate a incêndios, obedece a um procedimento de construção e manutenção de estradas, onde os aspectos ambientais, sociais e técnicos são contemplados. As estradas são classificadas quanto à sua intensidade de uso, como principais, secundárias e aceiros.
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No preparo de solo de novas áreas, são considerados os seguintes fatores para o plantio da nova área: o sentido de plantio, o tipo de preparo, os aspectos técnico-econômicos e as limitações ambientais. O espaçamento de plantio é baseado em estudos técnicos, que garantem a maior produtividade por hectare. São utilizadas mudas clonais (95%), de alta qualidade, garantindo um desenvolvimento adequado em campo. Os plantios são feitos no sistema de cultivo mínimo, que mantém os resíduos florestais na área, prevenindo a ocorrência de erosão e atenuando a pressão das máquinas florestais sobre o solo. Manutenção mecânica: Elo indispensável na cadeia produtiva bem estruturada, a manutenção mecânica dá atendimento a todas as operações, 24 horas por dia, 6 dias por semana. Para manter as máquinas em operação, são realizadas manutenções corretiva, preventiva, preditiva e de melhorias. Os atendimentos são realizados, na sua grande maioria, nas frentes de trabalho, logo existe uma estrutura de apoio operacional, com caminhões oficina, veículos de apoio, de abastecimento e trailer de estoque de peças em campo e caminhões pranchas, o que permite um pronto atendimento das ocorrências nas frentes de operação.
duto final, podendo ainda reduzir os impactos ambientais. A escolha das máquinas requer uma série de medidas para que as produtividades planejadas possam ser atingidas. A seleção de novas máquinas exige ensaios preliminares. Dentre os parâmetros para os quais as empresas procuram respostas durante esses testes estão: disponibilidade mecânica, reposição de peças, garantias, detalhes de funcionamento, facilidade de realização de manutenções, segurança e conforto do operador, produtividade e custos operacionais. Há outros fatores muito importantes, que devem estudados para a correta definição dos equipamentos a serem adquiridos. A topografia da área, o tipo de solo, a rede viária, o tamanho dos talhões, a distância de baldeio ou arraste, o comprimento da madeira, a idade de corte e o seu uso. Na Duratex, o sistema de colheita utilizado é o de toras de 6m (cut-to-length), principal sistema de colheita de madeira, utilizado nos países escandinavos e o mais antigo empregado no Brasil. É caracterizado pela realização de todos os trabalhos complementares ao corte (desgalhamento, destopo, toragem ou traçamento e descascamento), no próprio local onde a árvore foi derrubada.
O suprimento de materiais e peças de reposição é alvo de preocupação das empresas, devido à complexidade de sua gestão. A sua falta reduz o tempo disponível para a operação dos equipamentos, perda de eficiência da mão-de-obra especializada da manutenção e traz grande carga de trabalho para as pessoas envolvidas em compras. A Duratex possui uma estrutura de compra corporativa, utiliza as áreas de compras existentes nas unidades industriais e mantém o seu estoque próprio, dimensionado junto com as áreas operacionais. Os trailers de peças nas frentes de trabalho mantêm a quantidade de itens indispensáveis para uma operação adequada. Colheita Florestal: A colheita é mecanizada, o que permite manter custos compatíveis, proporciona consideráveis reduções do uso de mão-de-obra em prazos relativamente curtos, aumenta a produtividade e a humanização do trabalho florestal, melhora a qualidade do pro-
Todas as operações estão baseadas em um planejamento operacional, onde são designadas as áreas que serão trabalhadas, em qual época do ano, em função, principalmente, das condições de topografia e solo. As operações de carga e transporte são terceirizadas. A decisão sobre ter frota própria ou utilizar ativos de terceiros é importante e estratégica. Na tomada de decisão para a utilização de terceiros, torna-se necessário estabelecer critérios para a seleção de transportadores.
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As principais variáveis utilizadas na seleção dos prestadores de serviços de transporte são: confiabilidade, preço, flexibilidade operacional, flexibilidade comercial, saúde financeira, qualidade do pessoal operacional e informações de desempenho, e comprometimento com as políticas de qualidade. As principais composições de transporte utilizadas na Duratex são: Bitrens com 57 toneladas de PBTC, Timber Hauler e Tritens com 74 toneladas de PBTC. Cada uma das composições possui características específicas de utilização, em função da qualidade de pista, rampas, raio de curva e capacidade de suporte das obras de arte. No recebimento da madeira nos pátios, principalmente da madeira longa, foram necessários grandes investimentos. Equipamentos de grande porte, ágeis e de grande produtividade são utilizados no descarregamento, tornando a operação rápida e eficiente. O trabalho da colheita florestal é considerado um dos mais pesados dentre os das demais atividades industriais brasileiras. Os primeiros estudos em ergonomia florestal no Brasil datam de 1978, com o lançamento do livro de Hudson Couto, “Fisiologia do trabalho aplicada”, que tratava de uma maneira tímida a questão da ergonomia nas operações florestais. A antropometria e a biomecânica aplicada são ciências que vieram contribuir para o desenvolvimento de máquinas e equipamentos adequados para o uso humano. Treinamento de Pessoal: Ter equipamentos sofisticados, de alta tecnologia, com alta produtividade não basta. São necessários operadores bem treinados e motivados para a execução de suas tarefas. A formação do bom operador começa na seleção, onde o funcionário precisa preencher requisitos básicos de formação, habilidade motora e capacidade de aprender. Os treinamentos são nas áreas de manutenção básica, elétrica, eletrônica, hidráulica, detecção de falhas. Os operadores são capazes de realizar interferências mecânicas nos equipamentos (operadores mantenedores) e são treinados para operar os diferentes tipos de máquinas (polivalentes). Utilizamos o sistema On-thejob training, onde o operador aprende fazendo, no próprio local de trabalho, técnica que tem se mostrado bastante eficaz no ensino e aprendizado de uma tarefa. Os conceitos dos programas 5 Esses e Manutenção Produtiva Total têm trazido ganhos para a operação. Os operadores sentem-se motivados no trabalho. O projeto Kaizen (melhoria contínua) alavanca as melhorias nas máquinas, equipamentos e sistemas, premiando as boas idéias e soluções apresentadas pelos operadores para melhorar o desempenho, segurança dos sistemas e equipamentos. A segurança do trabalho é levada a sério, iniciando já nos treinamentos os desenvolvimentos de atitudes preventivas aos riscos. Nessa dimensão, avalia-se a segurança dos
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empregados por meio de índices, como número de acidentes e gravidade. Sustentabilidade: A preocupação com o meio ambiente é obrigatória nas operações. Aqui, abordamos a interferência do homem e o seu trabalho no meio ambiente. O desenvolvimento de processos e produtos ambientalmente mais corretos oferece rara oportunidade de colocar em prática convicções e valores no trabalho. As certificações Forest Stweardship Council - FSC, e ISO 14.001 atestam que as operações são realizadas de forma ambientalmente correta, economicamente viável e socialmente justa. A prática do controle das operações de colheita é que vai garantir a qualidade das informações. Para se realizar o controle, são eleitos os itens a serem verificados, que são as características mensuráveis que nos permitirão formar os custos das diversas operações. Os custos dos produtos e serviços devem ser os menores possíveis para que sejam competitivos, sem, portanto, comprometer o atendimento aos outros itens da matriz da qualidade, como custo/hora-máquina baixo, sem comprometimento da saúde ou da segurança do operador. Para que os custos sejam baixos, é preciso que se reduzam os desperdícios de materiais, produtos e tempos. Na Duratex, toda a dinâmica operacional está sustentada por eficiente controle operacional e de custos. Todos os gestores na cadeira produtiva recebem informações de custos e produtividades, que lhes permitem, a todo tempo, tomar decisões, mudar de rumo, buscar atingir as metas estabelecidas, mantendo os resultados competitivos da empresa. Para o sucesso de uma operação florestal, o planejamento, a logística de atendimento, a seleção e treinamento dos funcionários e o controle de custos eficiente garantem resultados lucrativos, com sustentabilidade em longo prazo.
Logística Sérgio Luís Martins dos Santos
Gerente de Suprimento de Madeira da Bahia Pulp-Copener O planejamento da logística do suprimento de madeira Desde o descobrimento do Brasil, o setor florestal tem contribuído sobremaneira para o desenvolvimento econômico e social do país. Atualmente, contribui de forma expressiva na formação do PIB Nacional - aproximadamente 5%, e recolhe cerca de R$ 3 bilhões em impostos. Além disto, exerce uma função de extrema importância na conservação da biodiversidade, por meio da manutenção de, aproximadamente, 2,5 milhões de hectares de florestas nativas. Para gerir estes recursos, todas as empresas de base florestal, sem exceção, praticam atividades logísticas. A logística possui um papel determinante no que se refere à competitividade e sobrevivência destas empresas. Assim, do ponto de vista das atividades relacionadas ao suprimento de madeira, a logística é vista como uma atividade que visa suprir a unidade consumidora, no tempo e local correto, com qualidade e custo baixo, por meio dos processos de planejamento, execução e controles. A logística do suprimento de madeira vem evoluindo no Brasil acompanhado de incrementos tecnológicos e possibilitando novas oportunidades de crescimento. Dentre os principais ganhos que as empresas poderão ter estão: a. Entregas mais rápidas, de acordo com a demanda; b. Maior segurança e confiabilidade; c. Redução dos custos operacionais; d. Aumento da produtividade; e. Redução de estoques; f. Redução de perdas, e g. Melhor aproveitamento da área interna.
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A falta de uma cultura de trabalho com uma visão global dos processos e operações tem sido um fator de impedimento para a difusão e a correta tomada de decisões logísticas. Além disso, no ambiente empresarial, a falta de políticas claras em relação à terceirização de atividades constitui um outro problema, principalmente nas operações relacionadas ao transporte rodoviário. Estima-se que o setor rodoviário movimenta 2/3 do total de cargas no Brasil, faturando mais de R$ 40 bilhões anualmente, com 12 mil empresas transportadoras e 50 mil transportadores de carga própria. A desorganização deste setor, em virtude da baixa regulamentação, aumenta a oferta deste serviço, o que faz com o que o preço do frete seja reduzido e, em alguns casos, preços inferiores aos custos operacionais. A principal conseqüência deste fato é a baixa confiabilidade em relação à programação das entregas planejadas. A terceirização das operações de colheita florestal e da manutenção mecânica das máquinas e dos equipamentos também ganhou importância nos últimos anos. De um lado, as empresas tomadoras desses serviços deixam de investir em máquinas e equipamentos e passam a focar na gestão do negócio florestal. Do outro, as empresas prestadoras de serviços assumem os processos operacionais, com foco específico na gestão da produção. Nesta modalidade, não se pode simplesmente transferir as responsabilidades e reduzir os custos. Além do know-how e da agilidade requeridos nas operações, os prestadores de serviço necessitam assegurar a entrega do produto com qualidade, sempre buscando melhorias contínuas. Portanto, é imprescindível que sejam feitos investimentos pesados na formação de mão-de-obra e em novas tecnologias. A gestão dos recursos florestais e humanos necessita estar adequada aos conceitos de responsabilidade ambiental e social, para que possibilite a sustentabilidade da parceria e do negócio. A análise e a avaliação do desempenho logístico é outro fator de dificuldade, uma vez que há pouquíssimas ferramentas disponíveis que, via de regra, possuem custos elevados de implantação e manutenção. A interação de vários fatores, como ambientais, econômicos e humanos, interfere, de forma dinâmica, nas condições operacionais do suprimento de madeira. Estas operações necessitam de um planejamento que vise adaptar às condições locais um sistema que permita maximizar o uso dos maquinários e composições veiculares, incrementar a produtividade e reduzir os custos. Portanto, o principal objetivo do planejamento logístico do suprimento de madeira é identificar os fatores que interferem nas operações de construção e manutenção de estradas, colheita e transpor-
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te florestal, buscando antecipar os problemas que, normalmente, os afetam. Essas variáveis devem ser identificadas com antecedência, para que seu impacto sobre o nível de produção e custos seja estimado e as correções dos desvios sejam executadas antes do início das operações, para o cumprimento das metas de produção estabelecidas. É importante, dentro deste planejamento, que se consiga também dimensionar toda a frota de máquinas, equipamentos e composições veiculares, para que não haja um estrangulamento do processo. Esses fatores que afetam o suprimento de madeira precisam ser considerados e apoiados em condições lógicas, por meio de dados coletados em situações reais e extrapolados para novas situações. O fluxograma em destaque apresenta, de maneira generalizada, um modelo de planejamento da logística do suprimento de madeira em uma indústria de celulose. A partir de fatores de demanda de madeira pela indústria, inicia-se o processo de planejamento. As operações de construção e manutenção de estradas têm uma relação direta com a colheita florestal, principalmente, no que diz respeito à densidade de estradas e, consequentemente, à distância de extração de madeira. No transporte florestal, a importância maior é dada aos aspectos construtivos e qualitativos, por meio das geometrias vertical e horizontal e pela irregularidade da pista de rolamento. Na colheita e transporte florestal, podemos estabelecer como principais fatores que afetam esta atividade, os seguintes: Fatores operacionais: são aqueles ligados, principalmente, ao consumo de energia, estoques de madeira e cavacos, suporte a operação,
tempos de carga e descarga, tipos de máquinas e equipamentos e interfaces floresta-indústria. Fatores do ambiente-físico: diz respeito às características físicas da área onde se vai trabalhar como, por exemplo, a topografia, tipos de solo, clima, dispersão das áreas, tamanho dos projetos florestais, distância média de transporte e roteamento. Fatores da floresta: estes estão relacionados com a qualidade do plantio, volume médio por hectare, retidão do fuste, porcentagem de copa, espessura da casca, dentre outros. Fatores econômicos e financeiros: os principais itens que compõem este fator são a disponibilidade de crédito, prazos de pagamento, fluxo de caixa, custos de oportunidade, custo operacional, custo unitário de produção e ponto ótimo de substituição de máquinas e equipamentos. Fatores administrativos: são as políticas e estratégias relacionadas aos recursos humanos como salários, recrutamento e seleção, turn over, desenvolvimento tecnológico, terceirização, qualidade, meio ambiente e certificação florestal. Concluindo, o planejamento logístico do suprimento de madeira é uma atividade relativamente complexa, dada à ocorrência de vários fenômenos climáticos, biológicos e o grande número de variáveis que afetam a produtividade e, consequentemente, os custos operacionais e de produção. Desta forma, é necessário um planejamento criterioso e detalhado de todas as operações, para que se possa abordar os fatores que interferem nesta atividade, buscando antecipar os problemas que, normalmente, os afetam.
Logística Marcelo Augusto Pereira de Souza
Gerente de Negócios da Área Florestal da Gafor Logística
A logística de Insumos do plantio de silvicultura
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Dentro da cadeia logística do setor florestal existe um elo menos notório, porém, de alta contribuição na redução do seu custo, que é a Logística de Insumos do plantio de silvicultura. Trata-se da otimização e controle das entregas de mudas, adubos e defensivos, que reduzem as perdas desses insumos, que compõem o custo final da produção de papel e celulose. O modelo de Operador Logístico de Insumos Florestais visa estabelecer um elo controlador entre o plantio, o planejamento de plantio e o setor de suprimentos. Os objetivos são: • Entrega pontual do volume diário planejado para o plantio da silvicultura; • Logística reversa das embalagens e das sobras de insumos e mudas não plantadas no dia, zerando o estoque em campo, que é totalmente vulnerável a desvios; • Garantir que todas as frentes de trabalho tenham mudas e insumos para iniciar os trabalhos de plantio nos horários programados, e • Controle dos insumos aplicados e acuracidade de 100% do estoque de insumos nos CDs. O envolvimento das áreas dentro da empresa é fundamental para cumprir com os objetivos desta operação, integrando as etapas de compras, recebimento nos CDs, logística de distribuição (planejamento de entregas através de programação de demanda de consumo e logística reversa), emissão de notas fiscais, carregamento, controle do tráfego (monitoramento de entrega) e logística reversa. O controle sistêmico é fundamental para garantir a integridade da operação, podendo ser utilizadas ferramentas como WMS (Warehouse Management System, Sistema de Gerenciamento de Armazéns), que permite gerenciar as atividades de recebimento, movimentação, armazenagem, separação, carregamento e expedição, e mercadorias. A utilização de coletores de dados, conectados à uma rede de rádio freqüência, reduz o trabalho e o custo de contagem física do estoque, e possibilita a verificação dos estoques em real-time. Com estas ferramentas, é possível garantir o cuidado de 100% dos inventários de insumos. Os caminhões e equipamentos, utilizados para as entregas nos pontos de plantios, devem ser otimizados, na máxima capacidade da sua utilização. Em determinadas situações, a flexibilidade para carregarmos vários tipos de carga, como caixas de mudas, sacarias de adubo ou big-bag, em um mesmo equipamento, minimiza a capacidade de carga, aumentando os ativos envolvidos na operação. Um caminhão que transporta caixas de mudas exige um grande espaço interno de carroceria, devido ao volume da mercadoria e ao baixo peso. Já no transporte de calcário, é preciso um equipamento
com maior capacidade de peso e menor volume. Essa otimização, na sua devida aplicação, reduz em cerca de 15% o número de equipamentos, se compararmos com a utilização de um modelo genérico de frota. A utilização do roterizador sistêmico de entregas propicia calcular a melhor rota, com o menor custo da entrega. E a utilização da logística reversa, levando em conta todas as restrições de trânsito, reduz a quilometragem ociosa. Este impacto é direto nos maiores custos de frota, combustível e pneus, além do mais, é muito difícil chegar à perfeição de um roterizador, comparado com a roterização manual. É imprescindível que seja feito o rastreamento e o monitoramento dessas entregas, acompanhando o sistema de rastreamento, e se o que foi planejado está sendo cumprido, dando, flexibilidade de ser alterada a rota, se houver alguma mudança nas frentes de plantio, ocasionada por chuvas ou outros fatores. A mensuração de desempenho da operação é feita com base em notas de indicadores, estabelecidas entre o tomador do serviço e a contratada. Os indicadores avaliam o desempenho da operação quanto à pontualidade na entrega, ao consumo de combustível, ao atendimento à demanda, ao recolhimento de embalagens, à freqüência de acidentes de trânsito e trabalho, ao controle de estoque e as não-conformidades ambientais e de segurança. O monitoramento desses indicadores é feito através da metodologia de visualização de painéis de bordo, que acompanha o desempenho a partir de dados gerados e disponibilizados pela operação. Diante da necessidade de buscar instrumentos eficazes para a medição do desempenho e da produtividade, nas entregas no campo, desenvolvemos um programa que faz o acompanhamento das etapas da viagem, comparando os tempos realizados pelas frotas nas entregas, com o que foi preestabelecido no planejamento de plantio. As informações da programação são comparadas com as informações de viagem, que são enviadas em tempo real pelo motorista, através da tecnologia de rastreadores. Além dos impactos econômicos, temos os impactos ambientais e sociais. Por exemplo, um vasilhame de defensivo, abandonado na área de plantio, pode ser utilizado para outros fins, contaminando nascentes e povoados que se abastecem desta água em suas casas. Assim, é fundamental a logística reversa de recolhimento de embalagens para a sustentabilidade do setor florestal. A dinâmica da operação deve ser respeitada e absorvida, mas, não usada como forma de justificar a falta de planejamento de plantio. Sem este planejamento não existe a otimização de todos os recursos que citamos. A falta de todos estes controles acaba sendo absorvida no custo por hectare plantado, que representa um grande percentual da composição do custo da produção de Celulose.
Logística Francisco Eduardo de Faria
Coordenador de Logística da Cenibra Logística integrada da madeira
Até meados de 2000, o transporte de madeira na Cenibra era realizado através de diversos transportadores, que possuíam caminhões de pequeno porte e/ou composições Romeu e Julieta para execução da atividade campopátio, e com o Rodotrem para o trajeto pátiofábrica. Posteriormente, se optou pela utilização somente de empresas de grande porte para a operação de transporte campo-fábrica. A operação contratada limitava-se ao transporte da madeira estocada nas estradas e nos pátios até a fábrica, sendo de responsabilidade de outras empresas as atividades de carregamento, manutenção e umedecimento de estradas, transporte de máquinas, movimentação de pátios e arraste de caminhões. A aquisição de semi-reboques era de responsabilidade da Cenibra, em função da empresa entender que se tratava de uma frota de equipamentos dedicados, exclusivamente, ao transporte de madeira, portanto um recurso de difícil disponibilidade no mercado e estratégico na manutenção do suprimento de madeira na fábrica. O modelo de transporte que estava em operação, apesar de cumprir as metas de abastecimento da fábrica, exigia uma gestão permanente da contratante em todas as fases da operação, uma vez que o tripé formado pelo transporte, carregamento e infra-estrutura estava disperso entre várias empresas prestadoras de serviços. Tal situação resultava, entre outras, nas seguintes conseqüências: 1. Falta de sincronia nas atividades; 2. Baixa produtividade e ociosidade no transporte; 3. Desgaste nas relações contratuais; 4. Constantes pleitos por perda de faturamento; 5. Surgimento de gargalos operacionais, e 6. Visão segmentada do processo, por todos os seus integrantes. O modelo proposto: Diante do quadro apresentado, a Cenibra estudou diversas alternativas para conter os problemas, buscando eficiência, redução de custos operacionais e de gerenciamento, e principalmente, que não envolvessem a necessidade de grandes investimentos por parte da Cenibra. Após varias avaliações, foi escolhido um modelo de contratação integrando todas as atividades: conservação e umedecimento de estradas de acesso, carregamento, arraste de caminhões, transporte de madeira, transporte de máquinas e movimentação de madeira, cuja responsabilidade tornou-se única e exclusivamente da operadora logística a ser contratada. Este modelo eliminou de vez as incansáveis discussões sobre atraso no carregamento, relação peso/volume
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transportado, conservação de estradas de acesso, como também a necessidade de novos investimentos em equipamentos, por parte da Cenibra. Escolha das empresas parceiras: O investimento necessário para um projeto de tal envergadura era de grande monta, haja vista que a operação exigiria a aquisição de dezenas de caminhões pesados, com os seus respectivos semi-reboques, gruas de carregamento, caminhões-tanque, caminhõescomboio, motoniveladoras, guinchos e caminhões-pranchas. Inicialmente, a discussão estava dirigida para uma consulta plena ao mercado transportador. Entretanto, após considerar que a medida geraria considerável atraso no processo, uma vez que as novas empresas necessitariam conhecer, detalhadamente, a operação, além do risco de propostas com preços acrescidos da incerteza do negócio, optou-se por negociar somente com as empresas que já detinham o expertise de operação em áreas montanhosas. Resultados: O novo modelo de logística integrada implantado, além de cumprir as metas de abastecimento da fábrica e reduzir uma gestão permanente da contratante em todas as fases da operação, uma vez que o tripé formado pelo transporte, carregamento e infra-estrutura, passou a ficar sob a gestão de uma única, apresentou as seguintes vantagens:
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1. Eliminação de gargalos operacionais; 2. Redução da idade média da frota; 3. Redução de custos; 4. Melhorias nas relações contratuais; 5. Aumento da duração média dos contratos (seis anos); 6. Redução do quadro de mão-de-obra própria; 7. Direcionamento dos recursos para investimento no core business da empresa; 8. Redução da necessidade de investimentos em ativos tais como, gruas caminhões-prancha, caminhão-comboio e semi-reboques por parte da Cenibra; 9. Desmobilização de ativos próprios para vendas, e 10. Redução do número de Empresas Prestadoras de Serviços, EPSs e OPLs. Conclusões: O processo de terceirização, denominado Logística Integrada, foi gerado a partir de um processo de negociação no sistema "ganha-ganha", que apresenta vantagens competitivas tanto para o embarcador, tais como direcionamento de recursos financeiros para investimento em ativos da atividade fim, capitalização de recursos financeiros com a venda de ativos, redução de custo, redução de mão-de-obra e redução do número de contratos; como para a operadora logística, tais como eliminação de gargalos operacionais, melhoria no relacionamento com os contratantes, aumento do período de duração do contrato
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e otimização do recurso principal. A duração média dos contratos apresentou um aumento significativo de 2,5 anos para 6 anos, enquanto que a média nacional é de 2,1 anos, 2,5 anos na Ásia Pacífico e 3,1 anos na América Latina, Europa e América do Norte. A idade média da frota reduziu de 40% para caminhões com mais de 3 anos, para apenas 4% de veículos com idade superior a 3 anos, enquanto que a média da idade da frota nacional é de 16,3 anos. A extensão do modelo aos demais elos da cadeia de suprimentos, tais como a Colheita e a Silvicultura, é uma oportunidade que deve ser enfrentada em um curto espaço de tempo, pois estas empresas têm uma capacidade de investimento considerável, A empresa deixou de investir R$ 25,5 milhões em equipamentos destinados às operações de logísticas, porém existem oportunidades para que estes valores sejam ainda superiores, com a extensão deste processo para outros elos da cadeia de suprimentos, tais como a Colheita e a Silvicultura. O processo obteve uma melhoria global em detrimento da filosofia do somatório das melhorias locais, valorizando o ganho em todo o processo, com redução de controles operacionais por cada atividade e de controles operacionais globais, tais como tonelada de madeira entregue na fábrica.
Novas Tecnologias Mário Eugênio Lobato Winter
Superintendente Geral da Vallourec e Mannesman Florestal Sistemas de colheita e transporte de madeira: como absorver novas tecnologias
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Tornava-se difícil, há vinte anos, definirmos os rumos que poderíamos tomar na operação de colheita e transporte de madeira. Observávamos uma constante evolução dos sistemas mecanizados, tanto na Escandinávia, como na América do Norte. Porém, a distância tecnológica em que se encontrava o setor florestal brasileiro, a dispersão das empresas e dos profissionais envolvidos nos seus desafios internos em suas respectivas empresas, e mais as imensas barreiras que se impunham à economia nacional - na altíssima burocracia para importações de equipamentos, com a alta política protecionista à indústria nacional, que mesmo não atendendo às necessidades do setor, era beneficiada por sobretaxas para as importações de equipamentos, inviabilizando, assim, a entrada desses bens no país, aliado à tudo isto, a volatilização da economia nacional, com altíssima taxa de inflação e elevada valorização da moeda norte-americana, tornava-se um obstáculo intransponível para acesso das tecnologias mais avançadas.
Já aprendemos que, assim como não há sistemas plásticos aqueles que servem para qualquer tipo de situação encontrada nos sites florestais, também não há sistema definitivo.
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Com raros desenvolvimentos e a criatividade do povo brasileiro, demos os primeiros passos com adaptações, tendo como base máquinas agrícolas e de construção civil de fabricação nacional. Estas primeiras iniciativas, apesar de bem-vindas, demonstraram a imensa diferença que tínhamos na área de mecanização, comparando-se com a tecnologia disponível nos países do chamado primeiro mundo, encorajando alguns poucos e criando uma imagem mais negativista aos demais. Com a formação do primeiro grupo cooperativo pelo IPEF, o PC MEC, Programa Cooperativo de Mecanização, formamos um consenso para direcionamento de intenções no setor. A presença das principais empresas florestais do país na época, que se encontravam em reuniões intinerantes de trabalho, cada vez em uma determinada empresa, com avaliação dos trabalhos desenvolvidos por esta e, com o envolvimento dos principais fornecedores de equipamentos, propiciou, aos fabricantes, alinhar seus projetos com a real necessidade e a demanda
do setor. Foram estes os primeiros passos da mecanização no setor florestal brasileiro. Passados vinte anos, podemos afirmar que andamos muito, mas há ainda um grande e longo caminho pela frente. Processos mecanizados de colheita e transporte já não representam entraves ao processo produtivo, e podemos afirmar que a base da mecanização já está consolidada no país. As constantes evoluções dos equipamentos, cada vez mais rápidas, apontam-nos para uma necessidade também constante de adequação dos nossos sistemas de colheita e transporte de madeira. Já aprendemos que, assim como não há sistemas plásticos - aqueles que servem para qualquer tipo de situação encontrada nos sites florestais, também não há sistema definitivo. Devemos atualizar, constantemente, nossos conhecimentos sobre os novos lançamentos e avaliar a real adequação dos novos conceitos e o momento certo de aplicá-los. A pergunta a ser respondida é: Como enfrentarmos essa nova fase? A resposta, aparentemente óbvia, torna-se uma nova barreira para muitos, assim como há 20 anos, o medo do desconhecido e a necessidade de mudança conflitaram-se. Porém, diferentemente do que
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ocorreu no passado, devido à nossa experiência com mecanização, a gama de oportunidades e de possibilidades de redução de custos operacionais, contagia-nos. Necessitamos, neste momento, além da capacidade de definição do projeto certo, entendermos que a grande chave para a entrada nesta nova fase continua sendo a mesma que foi usada no passado: a grande capacidade desenvolvida pelo setor florestal brasileiro de se unir e formar, novamente, um direcionamento, permitindo aos fornecedores de equipamentos definir melhor suas ações na introdução das novas tecnologias.
das operações, criando uma base confiável de informações, que podem gerar mudanças nos processos operacionais, incrementando os rendimentos das atividades. Aparece aí a figura do analista e planejador, o qual, apesar de não trabalhar diretamente na cabine da máquina, será peça fundamental para a interpretação dos dados e definição das grandes mudanças dos sistemas de operação. Será como termos uma central de inteligência trabalhando o futuro da operação, antevendo os problemas e desenvolvendo soluções para mitigá-los. Todas estas alternativas levam-nos a um novo ciclo de desenvolvimento, após o
Hoje, é inegável, analisando a operação florestal em diferentes partes do mundo, que o grande diferencial brasileiro está na grande e motivadora capacidade das equipes florestais de retirar o máximo rendimento dos equipamentos em suas operações. Capacidade esta, desenvolvida pelo planejamento prévio das atividades e pela formação de equipes de operadores e apoio mecânico extremamente eficientes, que levam os equipamentos a elevados índices de disponibilidade operacional. A nova tecnologia embarcada nos equipamentos não é mais um obstáculo à operação nas atividades florestais brasileiras, pois o elevado grau de adaptabilidade dos operadores atinge índices semelhantes aos dos países mais desenvolvidos. Novos recursos permitem-nos, agora, obter dados on-line
da consolidação da mecanização na atividade florestal. Assim, entramos no ciclo do refinamento da operação, do ajuste fino, onde novas e grandes oportunidades abrir-se-ão. Estamos, porém, muito melhor preparados para essa nova fase, pois a base da cultura da mecanização no país já está consolidada. Mais uma vez, a peça fundamental do processo mecanizado passa a ser o pessoal operacional. Capacidade de definição de perfis psicológicos, de treinamento e capacitação, de motivação e de formação de equipes serão fundamentais na consolidação dos objetivos traçados. Ao validarmos estas premissas, estaremos aptos a internar novas tecnologias, cada vez mais sofisticadas, mas não, necessariamente, mais complicadas, com maior capacidade de geração de resultados.
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Novas Tecnologias Heuzer Saraiva Guimarães Diretor Florestal da Satipel
Interfaces para inovação tecnológica da colheita e transporte
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As florestas plantadas, notadamente pinus e eucalipto, que representam um dos mais importantes setores da agricultura brasileira, já somam cerca de 5,5 milhões de hectares no país. A madeira oriunda desses plantios destina-se à produção de celulose e papel, painéis de madeira, carvão vegetal, energia industrial, produtos sólidos de madeira, móveis, entre outros. A cadeia produtiva, que tem por base as florestas plantadas, gera cerca de 4,1 milhões de empregos e é responsável por, aproximadamente, 4,5% do PIB. Apesar desses números expressivos, a participação brasileira no mercado mundial ainda é modesta e o setor, já em franca expansão, carece de crescimento superior àquele que se verifica atualmente. Em um momento em que a sociedade experimenta um considerável espanto com a velocidade com a qual tudo está mudando, desde a vida familiar, até os meios de trabalho, os negócios hoje têm que lidar com uma economia global e o desaparecimento de fronteiras, revolução tecnológica, ativo intercâmbio de informações e conseqüente exposição global, sinais de crescentes danos ecológicos e profunda demanda pela mitigação de impactos sociais. É impossível expandir a participação nacional no mercado mundial de produtos florestais sem garantir o tripé da sustentabilidade: viabilidade econômica, desenvolvimento social e conservação ambiental. Neste cenário, é essencial que o conceito de novas tecnologias para colheita e transporte florestal seja implementado, considerando bases de pesquisa e planejamento florestal, integração entre silvicultura e colheita, bem como identificação e criação de diferenciais competitivos, relacionados à profissionalização da mão-deobra, disponibilidade operacional dos equipamentos, aspectos sociais intrínsecos e mitigação de impactos ambientais. Nos últimos 40 anos, os projetos de pesquisa e planejamento florestal têm promovido ganhos recorrentes em produtividade de nossas florestas plantadas. As bases de sustentação dos programas de pesquisa têm deixado de se balizar em resultados volumétricos, incorporando uma abordagem muito mais complexa e processual, embasada em forte conceituação ecológica, contendo a verdadeira noção de sustentabilidade. Porém, ainda é incipiente a análise de delineamentos de plantio, que além de maximizar a produção de madeira, ofereça oportunidades de potencialização da produtividade dos equipamentos
de colheita. O objetivo é oferecer alternativas que favoreçam mobilidade, agilidade, menor consumo de combustível, menor desgaste de componentes, pneus e material rodante, entre outros. Temos floresta de alta produção que colocam o setor florestal brasileiro como benchmarking mundial em produtividade de colheita de madeira. Os principais fornecedores mundiais de equipamentos florestais estão presentes no país e têm contribuído, sobremaneira, com a evolução e especialização dos equipamentos de colheita florestal. Entretanto, há uma clara constatação de que é necessário iniciar o desenvolvimento de processos de customização dos equipamentos, não somente ao padrão de nossas florestas plantadas, mas, principalmente, às condições de clima, solo, topografia e perfil profissional da mão-de-obra. Tem se verificado grandes oportunidades de alavancagem da produtividade dos sistemas de colheita, redução de custos, melhoria das condições de segurança e saúde ocupacional, além da mitigação de impactos ambientais a partir de adequações dos equipamentos às condições edafoclimáticas e topográficas reinantes nas florestas plantadas. Neste processo de inovação tecnológica aplicada à colheita de madeira, devem-se destacar os processos inerentes à manutenção mecânica e aos sistemas de informação aplicados ao acompanhamento e controle da disponibilidade operacional dos equipamentos. Neste contexto, é premente que os equipamentos ofereçam diferenciais que favoreçam ações de manutenção preditiva e preventiva, bem como sistemas que facilitem a criação de bancos de dados e agilizem a análise das informações, transformando-as em conhecimento para tomada de decisão. Talvez, o maior desafio para a efetivação de novas tecnologias para a colheita e transporte de madeira no Brasil esteja na carência de profissionais qualificados e no processo de profissionalização da mão-de-obra. Comparativamente a países como Finlândia e Suécia, nossos programas de capacitação ainda não são reconhecidos como fundamentais e, como conseqüência, ainda não oferecem a qualificação requerida para o máximo aproveitamento do status tecnológico dos equipamentos de colheita florestal e sua relação com aspectos de produtividade e custos. A profissionalização dos operadores é parte básica dos processos de desenvolvimento de novas tecnologias. Os operadores constituem-se na principal fonte identificadora de melhorias e inovações. O processo de desenvolvimento de tecnologias para a colheita e transporte de madeira não pode se concentrar no equipamento. É fundamental que o pacote de desenvolvimento tecnológico contemple todas as interfaces aplicadas ao manejo e à silvicultura, formação de base de dados e gestão da informação, processos de manutenção mecânica e profissionalização, principalmente de mecânicos e operadores.
Cadeia Produtiva Germano Aguiar Vieira
Diretor Florestal da Masisa do Brasil
Agregação de valor na cadeia produtiva da madeira
A árvore faz parte da vida do homem de forma tão intensa que podemos dizer que seria muito difícil viver sem ela nos dias de hoje, seja pelo uso de utensílios comuns ao nosso dia-a-dia, como forma de armazenar energia solar ou como fator de melhoria de qualidade do ar e, até mesmo, como pioneiras protetoras de uma biodiversidade indispensável para nossa sustentabilidade como espécie. Números mostram que o consumo humano de árvores situa-se em torno de 400 árvores em uma vida de 70 anos, o que significa dizer que precisamos cortar diariamente mais de 100 milhões de árvores para atender ao consumo no mundo. O homem, no entanto, sempre lidou com esse recurso natural de maneira muito primitiva e, de certa forma, irresponsável. Mas, hoje, se reconhece a escassez deste recurso e, por isso, são necessárias regras e normas específicas para seu uso. De um modo geral, a árvore prove-nos de produtos não madeireiros como frutos, resinas, óleos essenciais, etc, e produtos madeireiros, que são objeto desse nosso apontamento. A madeira in natura ainda é muito usada no mundo como fonte primitiva de energia, para aquecimento doméstico, caldeiras industriais e outros usos energéticos, visto que a biomassa corresponde, atualmente, a 30,9% da matriz energética total brasileira, sendo 40,1% da matriz energética industrial. É utilizada, também, para transformação em produtos como carvão vegetal siderúrgico, celulose, painéis reconstituídos e madeira sólida. A madeira beneficiada em serrarias e laminadoras, provenientes de florestas plantadas, tem hoje seu preço no mercado do sul do país variando entre R$ 52,00 e R$ 230,00 por m³, dependendo do diâmetro das toras e do manejo utilizado na floresta. O quadro "Valor da madeira colhida e carregada na Fazenda", apresenta os valores de madeira de processo de 8 até 18 cm de diâmetro e madeira acima de 18 cm, praticados para uso em serrarias, nos estados do sul do Brasil.
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Esses preços, no entanto, possuem uma relação com alguns índices macroeconômicos que influenciaram, diretamente, suas variações nos últimos anos, como o câmbio USD/REAL, o ICC-USA - Índice da Construção Civil Americano e o Saldo da Balança Comercial Brasileira. Isso mostra, claramente, a indexação do setor florestal de madeira beneficiada com o mercado externo, especificamente o mercado americano, que fez com que alcançasse o seu valor máximo em 2004, porém vem caindo, de acordo com as oscilações desses mesmos índices. Neste momento, o mercado procura se adaptar a outros mercados, como União Européia, e ao desenvolvimento do mercado interno. Por outro lado, as madeiras utilizadas para processo em produção de painéis constituídos, celulose e carvão vegetal, tiveram seus preços alterados, de acordo com o aumento de preço dos respectivos produtos no mercado, com a entrada de novas plantas no cenário nacional e com uma maior demanda internacional de cavacos e energia. A madeira, que passou vários anos com valores abaixo do seu custo de produção, teve uma reação nos últimos 10 anos, com a entrada de várias plantas industriais consumidoras desse recurso, que agregam muito ao seu valor, podendo ser aumentado em mais de 11 vezes, quando comparado com o valor da madeira in natura. No momento, os temas florestais em debate pelo setor são: fatores que irão conduzir este mercado nos próximos anos, incluindo algumas preocupações, como o desenvolvimento de novos mercados ainda não maduros; e fatores de custo que compõem a formação de florestas plantadas no Brasil. A análise, do lado do consumo, apresenta um quadro promissor, segundo as entidades que apóiam os se-
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tores produtivos de base florestal, mostrando aumento crescente do consumo brasileiro per capita - CpC, de painéis MDF que, entre 2001 e 2006, passou de 4 para 10 m³ para cada 1.000 habitantes, sendo que, na Espanha, registra-se o maior CpC de MDF, ou seja, 81 m³ por cada 1.000 habitantes. Enfatizamos, também, o desempenho do comércio mundial de móveis, que dobrou nos últimos 10 anos. E, mesmo que o Brasil tenha aumentado em 7 vezes sua exportação, ainda assim representa somente 1% do mercado total desse produto. Outro ponto que merece nossa atenção é uma procura forte por carvão vegetal, gerada pelo grande desequilíbrio entre oferta e demanda desse produto, consumido, principalmente, pelas siderúrgicas localizadas em Minas Gerais, que deverão manter bastante aquecido o comércio de madeira para esse fim. Um aumento da demanda de celulose de fibra curta de eucalipto no mundo, que tem 64% do seu abastecimento vindo do Brasil, também manterá alta sua influência nos preços de madeira em pé, assim como aquecido os plantios de eucalipto em todo sudeste e sul brasileiros. O déficit habitacional brasileiro está, atualmente, na ordem de 8 milhões de moradias e o país vai precisar construir 27,7 milhões de habitações até o ano de 2020, conforme previsão do Sinduscon-SP, isso indica que teremos forte procura por madeira para construção civil e painéis para móveis. Por outro lado, um crescimento também significativo de investimentos na construção de novas plantas de painéis e celulose, motivado por esse mercado com crescimento contínuo, está gerando bastante insegurança nos preços dessa commodity e também poderá afetar os preços dos painéis reconstituídos de MDF e MDP. Já no lado da produção florestal, o que se vê é um aumento de custo dos principais fatores de produção, terras, insumos e mão-de-obra, iniciando-se pelo preço da terra, que teve seu valor mais que dobrado nos últimos 3 anos, puxado por uma forte procura de ativos florestais e terras brasileiras por empresas estrangeiras de investimentos em negócios florestais - TIMOs, seguido de uma forte recuperação do setor agropecuário brasileiro. Já os fertilizantes triplicaram seus preços no último ano, passando a tonelada do NPK 6-30-6, muito usado em plantações florestais, de R$ 550,00, em novembro de 2007, para R$ 1.800,00, em setembro de 2008. A dificuldade cada vez maior para obtenção de licenciamento ambiental para plantio de florestas em alguns estados acarreta não somente atrasos nos programas anuais de plantio, mas também eleva os custos de plantio, o que faz do setor florestal uma referência na adequação às leis, normas e instruções estaduais e federais, porém bem distintas das exigências feitas para outros setores do agronegócio.
O cenário mundial aponta para dois ou mais anos de baixo crescimento e, consequentemente, redução, também no crescimento do consumo de algumas commodities como celulose e aço, que influenciam diretamente o consumo de madeira. Porém, o setor florestal deve ter uma visão de longo prazo e continuar seu ritmo de crescimento, preparando-se para tempos melhores, que exigirão produtos com maior qualidade, entenda-se: preço, especificidade ajustada ao uso industrial e origem baseada em critérios ambientais e sociais, aceitos pela sociedade. E, para isso, devemos nos preparar, buscando estabelecer novos parâmetros de medição da performance florestal brasileira, como balanço energético de cada produto, consumo de água para produção florestal, maior produtividade florestal por unidade de solo utilizado, menor abertura de estradas e movimentação de solo nos projetos florestais, ou seja, agregação de outros valores, além do econômico.
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Cadeia Produtiva Zoé Antonio Donati
Gerente de Desenvolvimento Operacional Florestal da Aracruz
Fomento florestal e agregação de valor na cadeia produtiva da madeira
O fomento florestal, nas suas diversas formas, tem sido aplicado na cadeia de produção florestal desde a década de 70, quando a atividade tomou grande impulso no Brasil, em virtude dos incentivos destinados pelo Governo Federal. Naquela época, houve um boom de plantios, quando se atingiu uma área plantada superior a 4,5 milhões de hectares. Inicialmente, o fomento materializava-se através de um modelo simples, onde o consumidor de madeira - uma indústria de processamento ou de transformação, oferecia ao produtor rural as mudas, em geral de eucalipto e, ao final de um ciclo de 7 anos, comprava a madeira colhida a preço de mercado, tendo o produtor a responsabilidade de fazer a implantação e cuidar do plantio. Com o passar do tempo, e com a expansão da cadeia produtiva baseada em florestas plantadas, o fomento tomou novo impulso e nova dimensão. A partir dos anos 90, novas formas de fomento surgiram com diferentes denominações, tais como Programa Produtor Florestal, Poupança Verde, Produtor de Madeira ou, simplesmente, Fomento, dependendo da empresa ou da região. Na maioria dos casos, o programa passou a fazer parte da cadeia produtiva de abastecimento das indústrias. Esta mudança de conceito e importância do fomento, transformou-o em uma atividade profissionalizada para as empresas, fazendo com que os produtores rurais também tivessem a necessidade de melhorar sua performance agrícola, dando mais atenção a uma atividade até então pouco conhecida, ou subaproveitada. Dentro deste enfoque, os modelos de fomento florestal, atualmente adotados, foram concebidos e atuam baseados em três pilares: econômico, social e ambiental. Isto lhes confere uma característica de sustentabilidade, não vista anteriormente, e importante para a empresa, para o produtor, para o governo e para a sociedade.
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Essas dimensões, quando tratadas em equilíbrio, provocam uma agregação de valor a toda a cadeia, proporcionando um ciclo virtuoso que gera benefícios a todos os envolvidos, conforme ilustrado na figura em destaque. Na dimensão econômica, salientam-se a rentabilidade, a diversificação do uso do solo, a assistência técnica, o treinamento de pessoal e o planejamento de uso da propriedade. Em termos de rentabilidade, o fomento proporciona aos produtores rurais, em média, R$ 680,00 por hectare/ano de receita líquida, muito além do retorno proporcionado, por exemplo, pela pecuária extensiva, que atinge, em média, R$ 380,00 por hectare/ano, segundo dados da Secretaria de Estado do Espírito Santo. No caso do ES, essa vantagem competitiva é mostrada até mesmo em relação ao café, tradicional cultura local. A diversificação da produção na propriedade é um fator fundamental para sua sobrevivência. Sabe-se do risco existente, quando a produção está concentrada em uma única cultura. Qualquer variação de mercado, muito comum no modelo do agronegócio brasileiro, pode colocar em risco toda a estabilidade da economia familiar. Uma das maiores contribuições geradas pelo fomento dá-se pela assistência técnica, que ultrapassa a fronteira da simples orientação ao plantio florestal, oferecendo ao produtor a oportunidade de agregar conhecimento sobre tecnologias associadas a outras culturas de sua propriedade, e mesmo sobre o planejamento de uso, além da capacitação de pessoal. A isto se chama externalidade, ou seja, benefício adicional proporcionado pelo programa, fora de seu escopo de atuação normal. Na dimensão social, estamos nos referindo à geração de empregos diretamente na propriedade, ou através de pequenas empresas, que se formam como prestadoras de serviços em atividades de silvicultura, de colheita e de transporte do produto, orbitando em torno da comunidade local. Pela experiência adquirida ao longo dos últimos 10 anos, e baseado em estudo realizado pelo Cedagro - Centro de Desenvolvimento do Agronegócio, no Espírito Santo, a produção florestal gera em torno de 50 empregos diretos para cada 1.000 hectares plantados. Se a compararmos, mais uma vez, com a pecuária extensiva de corte, vamos observar a imensa vantagem, pois esta é, tradicionalmente, uma atividade com baixa geração de empregos, cerca de 7 empregos diretos para cada 1.000 hectares, segundo o mesmo estudo.
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Outro aspecto importante na dimensão social é a geração de impostos. A Aracruz Celulose possui cerca de 90.000 hectares de plantios associados a esse programa. Através dele, foram injetados na economia, nos últimos 10 anos, cerca de R$ 392 milhões, apenas pela compra da madeira produzida pelos fomentados, o que influencia diretamente o cálculo das cotas de distribuição do ICMS do estado para os municípios, beneficiando diretamente aqueles que têm maior produção de madeira. Há ainda a geração de ISS pelas empresas prestadoras de serviços locais, uma fonte de renda direta das prefeituras. Na dimensão ambiental, são relevantes os benefícios ligados à proteção, recuperação e conscientização. São conhecidas as mazelas causadas pela ocupação do solo ao longo dos ciclos econômicos nos diversos ecossistemas, em especial na Mata Atlântica. O fomento florestal, que é uma atividade licenciada pelos órgãos ambientais estaduais, tem um papel relevante em garantir a recuperação de áreas de preservação permanente e de reserva legal nas propriedades. Mesmo sendo exigidas por lei, essas atitudes acabam por gerar uma conscientização extremamente importante, nestes tempos em que a necessidade de preservação do meio ambiente torna-se cada vez mais imperativa.
O plantio de florestas também tem papel significativo na proteção das matas nativas, considerando que o programa prevê que parte da madeira produzida pode ser utilizada na própria propriedade. Em resumo, não há retorno econômico ou mesmo social, se não houver responsabilidade ambiental. Este é o grande mérito do programa de fomento florestal, independentemente do modelo adotado.
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Cadeia Produtiva Augusto Valencia Rodriguez
Gerente de Engenharia da ArcelorMittal Florestas
Cadeia produtiva da madeira para produção de biorredutor renovável O biorredutor renovável é a nova demanda dos produtores de ferro-gusa e aço, uma das atividades produtivas de maior importância para a economia e a sociedade brasileiras, engajadas em novos conceitos de eficiência e sustentabilidade. O biorredutor renovável coloca o carvão vegetal dentro do contexto moderno de uma cadeia produtiva sustentável, e uma nova visão de um produto de valor agregado ao ambiente. Quando falamos, por exemplo, em uma alternativa real de retenção de carbono e redução das emissões dos gases de efeito estufa para a sociedade, em relação à geração de riquezas ao indivíduo, à coletividade e ao investidor independente, propicia interessante retorno, quer no elo florestal, quer no produto final e, também, ao consumidor, que tem nele um excelente produto, do ponto de vista metalúrgico e de oferta competitiva. Obviamente, não deixemos de lado volumes expressivos que são produzidos, não de biorredutor renovável, mas do velho carvão vegetal, com base em explorações ilegais, que ainda trazem em seu bojo conseqüências nefastas ao meio ambiente e à própria cadeia produtiva do ferro-gusa, arranhando a imagem de parte importante da nossa economia e da sociedade. Com certeza, haverá uma rápida reversão à medida que novos valores forem incorporados à sociedade. Essa transformação já começou. Basicamente, existem duas modalidades de empreendimento florestal. Primeiramente, a partir das demandas dos consumidores tradicionais, verticalizados ou independentes, e mais recentemente, através da oferta de madeira reflorestada, oriunda dos projetos de fomento em diversas escalas. Isto leva a um balanço de oferta e consumo em que os novos atores começam a participar no composto do suprimento das usinas. Este sistema de produção e oferta de matéria-prima desloca o desequilíbrio na demanda, que a princípio maximiza preços, para
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um novo ajuste na oferta, propiciando equilíbrio de preços, à medida que avança a área plantada. É importante estar atento, não só às estratégias de penetração da madeira reflorestada no agronegócio brasileiro, mas também a todos os fatores envolvidos na cadeia produtiva que, em última análise, viabilizará sua continuidade. É importante também que estejamos atentos a determinados fatores impeditivos internos e externos, haja vista a pujante competitividade que os produtos de base florestal vêm experimentando, de forma sustentada, nas últimas décadas no Brasil. No plano internacional, pode provocar certo “incômodo” aos participantes já tradicionais ou que almejam fatias crescentes de mercado. A madeira reflorestada também está inserida na recente discussão entre a produção de biocombustíveis e a escassez de alimentos, como “forças” antagônicas que terão que ser equilibradas, em detrimento das necessidades do ser humano pelas duas riquezas. Nota-se um avanço extraordinário no desenvolvimento de tecnologias e “produtos” energéticos de base orgânica que, certamente, terão que conviver com a base alimentar da população humana. No tocante ao valor da matéria-prima para a produção de biorredutor renovável, voltemos aos seus dois sistemas básicos de oferta: empresas verticalizadas, com estruturas modernas e definidas de produção e abastecimento às usinas e os novos parceiros que iniciam a formação de suas florestas e as primeiras colheitas para comercialização. O mercado ditará os preços, portanto os custos deverão estar em patamares compatíveis com a realidade de oferta e consumo. Destaque-se aqui o “colchão” que a cultura do eucalipto permite ao propiciar um ciclo de corte relativamente flexível entre 5 e 8 anos, permitindo ao produtor florestal margem de manobra em seus estoques. Processos de formação, condução e suprimento final em diferentes sistemas, levarão a custos e a margens variáveis. Portanto, há que se gerenciar estes custos de forma integrada, pois, apesar do efeito diferenciado de cada parcela na sua formação, o produto deverá ter sua competitividade garantida. Ou seja, a formação dos custos de produção é diferenciada conforme o sistema, porém, os resultados finais devem se mostrar sob certo equilíbrio. Exemplo disto está no grau de mecanização das atividades. Nas florestas industriais, a utilização de modernos e potentes equipamentos ocupa espaços cada vez mais significativos nos modelos operativos. Foi dedicado um esforço tecnológico de anos para atingir altos níveis de eficiência na produção.
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Em contrapartida, pequenas propriedades com produção florestal variável trazem outras particularidades quanto ao grau de mecanização que poderá ser viável, tais como: tamanho das glebas e volumes no tempo, dispersão geográfica, topografia, e malha viária. Novas alternativas surgirão. Finalmente, temos que estar alinhados aos nossos modelos de produção, quer sejam próprios, quer sejam dos nossos parceiros, pois, os desafios serão comuns, tanto por pressões que venham de fatores macroeconômicos, como de outras demandas que farão os dentes da engrenagem produtiva ajustarem-se. A produção de biorredutor renovável, em nível de fazenda ou em sistema cooperativo, também aparece como forma alternativa na agregação do valor ao novo negócio. Está em nossas mãos, estrategistas e gestores das indústrias de base florestal, a equalização dos modelos e o monitoramento da cadeira produtiva que, certamente, transformarão o amanhã do setor florestal brasileiro, contribuindo para uma sociedade mais justa, mais produtiva e mais harmoniosa.
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Prestadores de Serviços Pasi Niemelainen
Diretor Geral da Savcor Brasil
Logística florestal: tecnologia no campo, no escritório e nas estradas
Nos últimos dois anos, o setor florestal brasileiro equipou-se com tecnologias que, decididamente, imprimiram inteligência ao negócio e ajudaram a gerir, não uma empresa, mas um organismo vivo: as florestas. Na verdade, todo esse processo de modernização está profundamente ligado às mudanças no mercado global. Hoje, as grandes empresas, com ativos florestais instaladas no Brasil, concorrem contra empresas igualmente grandes e capitalizadas, instaladas em outros continentes. Para vencer esta batalha, é fundamental contar com soluções avançadas de gestão florestal – compostas de software, dispositivos físicos e um conjunto de serviços especializados, que consigam, de fato, trazer para o gestor todos os dados dos quais ele necessita para produzir de forma sustentável e perene e para negociar globalmente. Os melhores sistemas de gestão florestal, hoje, são aqueles que abrangem todo o processo, desde a produção de mudas, colheita, transporte, até a entrega da madeira
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nas fábricas. Enquanto nas sedes, sofisticadas soluções de gestão levam, aos executivos de todas as áreas, informações frescas sobre produção, venda e logística, os mesmos avanços também já podem ser notados no campo. Hoje, é comum que as equipes de campo estejam equipadas com dispositivos móveis, não apenas para carga de dados, mas também para consultas. O que mais chama a atenção, no entanto, são os dispositivos integrados às máquinas de colheita, tecnologia capaz de acompanhar e registrar a produção em termos volumétricos e qualitativos, bem como monitorar a situação atual da máquina, em termos de pressão, temperatura e desgastes. A nova tecnologia em campo registra, ainda, o posicionamento do equipamento, através de dispositivos de GPS. Mais do que soluções pontuais usadas em campo ou no escritório, essa nova geração de dispositivos e sistemas destaca-se por operar de forma totalmente integrada. Com isso, dados colhidos em campo e consolidados nos sistemas de gestão florestal são totalmente integrados aos grandes sistemas de negócios das empresas, as soluções de ERP - Enterprise Resource Planning. Essa visão ampliada sobre o universo da empresa com ativos florestais inclui, até mesmo, os caminhões de transporte de madeira ou as composições e locomotivas utilizadas para este fim. Em relação aos dispositivos móveis, vale dizer que seu custo mais acessível e avanços tecnológicos, como maior usabilidade e novos recursos, aumentaram ainda mais os atrativos desses equipamentos. A evolução nesta área é constante. Há dois ou três anos, equipamentos com apenas algumas centenas de Kb, rodando em um sistema operacional nebuloso e totalmente limitado, era tudo que o mercado encontrava. Hoje, existem equipamentos bastante poderosos, munidos de recursos atraentes e, como não poderia deixar de ser, atuando de forma sincronizada com o ERP da empresa. Com isso, é mais fácil manter um cadastro de dados, mapas e imagens realmente atualizado e controlar a colheita e o transporte. Boa parte dessa tecnologia já está em uso, mas sua eficácia dependerá de estar conectada a sistemas de gerenciamento que sejam, ao mesmo tempo, eficazes e intuitivos. Somente dessa forma a empresa poderá agregar valor e justificar o investimento nesse segmento, garantindo, assim, um retorno consistente.
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Central de logística e laser aerotransportado: Outro fator crítico, no qual a tecnologia tem muito a contribuir, está relacionado à integração dos processos de campo e estradas, graças à utilização das tecnologias GPRS, Bluetooth e Wi-fi. Com essas melhorias na infra-estrutura de comunicação, a sincronia entre os dispositivos móveis e a retaguarda de processamento nos escritórios, em uma central de logística, estão garantidas. Além de reunir dados de estoque de campo, localização de máquinas e equipes, essa central integra também dispositivos de localização dos próprios caminhões de transporte de madeira ou ainda nas composições e locomotivas para as empresas que utilizam diversos modais. Projetos de implementação de centrais de logística geralmente são complexos, extensos e demandam muito da equipe de gestores; o retorno, entretanto, é visível. Em geral, empresas que investem em centrais de logística apresentam reduções de despesa de, pelo menos, 1 a 3%, no processo. Dependendo do porte da empresa, isso significa uma economia de despesas de algumas dezenas de milhões de dólares no ano. Dentro do universo de soluções tecnológicas para gestão florestal, merecem destaque, ainda, os sensores a laser aerotransportado, uma importante ferramenta de suporte para a equipe de colheita florestal. Desenvolvida já há algum tempo, essa tecnologia passou, recentemente, por uma significativa redução de custos. Curiosamente, essa tecnologia era
vista somente como ferramenta de suporte à equipe de inventário e planejamento florestal. A extraordinária qualidade dessa tecnologia, no entanto, tem contribuído, de modo efetivo, para a construção de modelos da melhor configuração do sistema de colheita, de acordo com cada uma das regiões florestais. Por essa razão, é possível afirmar que os sensores a laser aerotransportados trabalham a favor da sustentabilidade. Essa tecnologia a laser vem sendo muito estudada na Europa e na América do Norte, principalmente nas áreas de difícil acesso. Os resultados desta tecnologia são cada vez melhores e mais promissores, tanto nos aspectos técnicos, quanto financeiros. Nesses países, os levantamentos têm sido feitos não apenas para determinação quantitativa, mas também qualitativa da madeira. Tudo isso mostra que, em breve, deveremos ingressar em uma nova era de levantamentos florestais. No Brasil, algumas empresas já realizaram levantamentos baseados em laser aerotransportado e essas experiências mostraram que essa solução combina com a dinâmica e a velocidade de crescimento de nossas florestas. O setor florestal brasileiro já avançou muito em termos de desenvolvimento tecnológico. Daqui para frente, no entanto, a presença de soluções para gestão florestal em campo, nas estradas e nas ferrovias será cada vez mais forte, minimizando perdas, riscos, combatendo fraudes e até roubos de cargas. É um caminho sem volta e que coincide com a evolução e consolidação desse setor da nossa economia.
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Prestadores de Serviços Dagoberto Stein de Quadros
Professor de Engenharia Econômica e Economia Florestal da FURB Uma análise econômica das empresas prestadoras de serviço florestal no Sul do Brasil Os temas relacionados à terceirização no setor florestal brasileiro são objeto de constantes discussões. Dentre estes temas, os custos das atividades desenvolvidas pelas empresas prestadoras de serviço e a rentabilidade obtida por estas empresas talvez sejam os que apresentem as maiores polêmicas. Fato que, por vezes, torna a relação entre os tomadores e os prestadores de serviço bastante difícil. A esta polêmica, acrescentam-se todos os problemas advindos das legislações trabalhistas, tributárias, fiscais e ambientais que, de um modo ou de outro, relacionam-se com a prestação de serviço florestal. Como se tudo isto não bastasse, existe, neste mercado, uma enorme variação de tamanhos das empresas prestadoras de serviço florestal, com conseqüente variação da capacidade de produção. Existem ainda, diversas maneiras de mensuração da produção, de formas e prazos de pagamento, de graus de mecanização, de tipos e idades de máquinas e implementos e, principalmente, de sistemas de produção. Analisando-se estas afirmações, pode-se ter uma dimensão do problema que o tema envolve. Acrescido a isto, há a necessidade de se determinar uma metodologia padronizada e que, de forma simples, permita estabelecer os custos e a rentabilidade das empresas que operam nesta atividade. Esta metodologia deve permitir responder às seguintes questões: • Quais são os principais componentes dos custos das empresas prestadoras de serviço florestal? • Quais são os custos de mão-de-obra, máquinas e implementos, administrativos e governamentais destas empresas? • Qual é a participação dos custos diretos e indiretos na prestação de serviço florestal? • Qual é a relação dos custos fixos, em relação aos custos variáveis? • Qual a quantidade de produção necessária para que as empresas prestadoras de serviço obtenham lucro? • Qual a rentabilidade das empresas prestadoras de serviço florestal? Diante do exposto, indaga-se qual o papel da Universidade nesta problemática. Talvez, por ser uma instituição imparcial e que tenha por objetivo o ensino, a pesquisa e a extensão, esta deva se debruçar mais sobre este tema tão importante, pois as empresas prestadoras de serviço florestal, na maioria dos casos, são uma das bases de sustentação de um setor que
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está em pleno desenvolvimento. Assim sendo, procurou-se estudar o problema de forma estruturada e detalhada e, aqui, se apresentam, de forma bastante sintética, alguns resultados obtidos em um estudo realizado no estado de Santa Catarina. Inicialmente, se fez a estruturação de um modelo de custo, baseando-se a análise na metodologia de custos diretos (de produção) e indiretos (de administração). Os custos diretos foram compostos pelos custos de máquinas e implementos (custo de capital, depreciação, manutenção, combustível e lubrificantes, seguros, multas, etc.), custos de mão-de-obra (salários, encargos e benefícios sociais, EPI, alimentação, transporte, etc.). Os custos indiretos foram compostos pelos custos de máquinas e implementos indiretos, mão-de-obra administrativa, despesas gerais e custos governamentais. Depois de realizada esta análise, classificou-se estes mesmos custos em fixos (que não alteram com a variação da produção) e variáveis (que mudam de acordo com a variação da produção). Posteriormente, se analisou o ponto de equilíbrio e a rentabilidade destas empresas. Baseado nas indagações e nas premissas acima citadas, parece impossível analisar os custos destas empresas. No entanto, o estudo do tema permitiu-nos o desenvolvimento de uma metodologia padronizada, para definir os custos das empresas prestadoras de serviço florestal. Esta metodologia foi aplicada em 46 empresas prestadoras de serviço florestal que atuam no estado de Santa Catarina, com o objetivo de esclarecer os questionamentos acima. Inicialmente, se fez a classificação das empresas, de acordo com o tamanho da sua receita bruta anual. Para tanto,
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foram seguidas as especificações contidas na Lei Complementar nº 123, que classifica as empresas em estratos. No primeiro estrato, foram agrupadas as empresas com receita bruta anual inferior a R$ 240.000,00, denominadas microempresas. No segundo, foram agrupadas as empresas com receita bruta anual entre R$ 240.000,01 e R$ 1.800.000,00 (especificação para Santa Catarina), denominadas empresas de pequeno porte. No terceiro estrato, foram agrupadas as empresas com receita bruta anual superior a R$ 1.800.000,01, denominadas grandes empresas. Dentre tantos dados obtidos neste estudo, parece-nos mais importante destacar os seguintes: Na análise da composição de custos, como vemos na tabela, ficou claro que ocorre um aumento da participação dos custos de máquinas e implementos diretos, à medida que aumenta o tamanho da empresa prestadora de serviço. Em contrapartida, a participação da mãode-obra cai acentuadamente, demonstrando que as pequenas empresas utilizam intensivamente mão-de-obra nos seus processos produtivos. Ocorre um aumento substancial das despesas governamentais, à medida que o tamanho das empresas cresce, passando de 6% nas microempresas, para 23% nas grandes empresas. Isto ocorre em função do sistema tributário brasileiro, que impõe maiores alíquotas de impostos, na proporção em que aumenta a receita das empresas, característica que inibe o crescimento das mesmas. Na análise do custo direto e indireto, ocorre uma diminuição da participação dos custos diretos em relação ao custo total, à medida que aumenta o tamanho das prestadoras de serviço, passando de 73% nas microempresas, para 70% nas empresas de pequeno porte e para 60% do custo total nas grandes empresas. Destaca-se aqui, portanto, que os custos indiretos têm uma participação que varia de 27% a 40% do custo total, constatação relevante na análise de custo destas empresas. Este fato ocorre, porque nas empresas prestadoras de serviço menores existem custos de mão-de-obra indireta maiores, e nas empresas maiores ocorrem despesas governamentais mais elevadas. Analisando-se agora os custos, em termos de custos fixos e variáveis, notou-se que ocorre uma acentuada diminuição na participação dos custos fixos, em relação ao custo total, à medida que aumenta o tamanho das empresas.
As microempresas possuem 73% dos seus custos totais como custos fixos, as empresas de pequeno porte 61% e as grandes empresas apresentaram 53% de participação dos custos fixos, em relação ao custo total. Os custos fixos são mais elevados nas microempresas, devido à elevada participação dos custos de mão-de-obra direta no custo total. Por outro lado, os impostos, considerados custos variáveis, aumentam à medida que aumenta a receita bruta e fazem com que cresça a participação dos custos variáveis nas empresas maiores. Em termos de análise do ponto de equilíbrio, pode-se destacar que as microempresas atingem a lucratividade com 92% da capacidade instalada. As empresas de pequeno porte, com 95%, e as grandes, com 64%. Nota-se que as microempresas e empresas de pequeno porte apresentaram uma elevada necessidade de produção, para atingir o ponto de equilíbrio econômico, situação preocupante. Já as grandes empresas operam em melhor situação, pois necessitam produzir com baixa capacidade instalada, para atingirem a lucratividade. Analisou-se a rentabilidade das empresas prestadoras de serviço sobre várias metodologias, destaca-se aqui a rentabilidade econômica sobre as vendas que, nas microempresas, foi, em média, de 8%, nas empresas de pequeno porte, de 6% e nas grandes empresas, de 24%. A rentabilidade expressivamente maior nas grandes empresas deriva de um processo produtivo mais estruturado em termos econômicos, de custo direto e indireto e de custos fixos e variáveis. Esta situação ocorre, apesar da alta participação das despesas governamentais na composição dos custos, o que prejudica o desempenho das grandes empresas. De um modo geral, observou-se que existem diferenças significativas entre os vários tamanhos de empresas prestadoras de serviço florestal. Este fato colabora com a ocorrência de resultados econômicos diferentes, que, de um modo geral, são melhores, à medida que as empresas são maiores. Para finalizar, ressalta-se que muito ainda deve ser estudado sobre esta temática, pois provavelmente esteja neste segmento empresarial uma das bases de sustentação do setor florestal brasileiro. É importante lembrar, no entanto, que o tema sempre deve ser analisado, abordando as prestadoras de serviço florestal como “empresas”, no real sentido da palavra.
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Prestadores de Serviços Osvaldo Roberto Fernandes
Presidente da Ibaiti Soluções Florestais
Relações comerciais entre tomadores e prestadores de serviços
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A palavra “terceirização” não figurava até alguns anos atrás na maioria dos dicionários da língua portuguesa. Ela foi incorporada ao Michaelis, em 2002, com o sentido de "delegar, a trabalhadores não pertencentes ao quadro de funcionários de uma empresa, funções exercidas, anteriormente, por funcionário da mesma empresa". A raiz da palavra atribui-se ao economista escocês Adam Smith, que em 1776, em Londres, demonstrou que a divisão de tarefas resultou em sensível ganho de velocidade na produção e redução dos custos. Já nos dias de hoje, a terceirização exerce papel fundamental em inúmeras áreas. Tomese, por exemplo, o Boeing 777, que é resultado de 132.500 projetos específicos, contém 300 mil peças e a participação de 1.700 construtores, distribuídos por 37 países. Outro exemplo evidente de terceirização bem-sucedida é a edificação de grandes imóveis residenciais e comerciais, que deixou de ser tarefa de mestres-de-obras, pedreiros, ajudantes, encanadores, eletricistas, pintores e converteu-se em uma espécie de linha de montagem coordenada por empresas incorporadoras. É importante destacar, neste momento, que a prática da terceirização vem sendo, cada vez mais, adotada em todos os níveis de governo no país, como instrumento para melhorar a eficiência, a qualidade, o controle e os custos dos serviços institucionais. A segurança pública e outros setores essenciais, como sabemos, é direito de todos e dever do Estado. Através da Lei 7.102/83, admitiu-se a terceirização dos serviços de vigilância bancária, em 1987. Temos, também, empresas privadas incumbidas da segurança de órgãos públicos e tornase comum a terceirização da administração de presídios. A Lei nº 9.472/97, “Dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, a criação e funcionamento de um órgão regulador e outros aspectos institucionais, nos termos da Emenda Constitucional nº 8, de 1995”. A Lei 11.079/04, que trata das Parcerias Público-Privadas - PPP, é uma legislação que regulariza a transferência de serviços inerentes à administração pública a empresas particulares. A primeira reação da Justiça do Trabalho à utilização do trabalho terceirizado deu-se com a edição da Súmula 256/86, inspirada na completa repulsa a essa modalidade de contrato. Dizia: “Salvo os casos de trabalho temporário e de serviços de vigilância, previsto nas Leis 6.019 e 7.102, é ilegal a contratação de trabalhadores por empresa interposta, formando-se vínculo empregatício diretamente com o tomador de serviços”. Já a Súmula 331/03, com a redação que lhe foi dada, estabelece: “III. Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de vigilância e de conservação e limpeza,
bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta”. Dessa forma, por proclamar que “a contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal” e, logo abaixo admitir que sejam utilizados serviços especializados, ligados à atividade-meio do tomador “desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta”, torna a interpretação da norma ilógica e contraditória. Além desta dualidade de interpretação da Lei, permanece sem definição o significado de “atividade-fim”, tarefa deixada a cargo do julgador, no caso concreto. Os conflitos em torno da Terceirização somente serão solucionados com a vigência de lei de caráter geral, que reconheça e regulamente esse importante fenômeno da economia moderna, que poderia ser assim redigido: Art. 1º. É legítima a contratação de trabalhadores por empresas interpostas. Art. 2º. Não formam vínculo empregatício com o tomador de serviços os trabalhos temporários (Lei 6.019/74), serviços de vigilância (Lei 7.012/73), de conservação e limpeza, bancários, de saúde, além de outros de natureza técnica especializada, desde que não caracterizadas a pessoalidade e a subordinação direta. Art. 3º. A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, para a prestação de serviços em órgãos públicos, empresas estatais e privadas, não gera vínculo de emprego com o tomador de serviços (Constituição, art. 37, II). Art. 4º. O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade solidária do tomador de serviços. Art. 5º. Ao tomador de serviços compete reter, dos pagamentos devidos à empresa prestadora de serviços, os valores correspondentes à contribuição previdenciária a cargo do empregador e ao FGTS, e outras de natureza social, bem como as parcelas relativas a impostos, conforme previsto em lei. Parágrafo Único. A falta de recolhimento aos cofres públicos das importâncias retidas, dentro dos prazos legais, implica no crime de apropriação indébita, previsto pelo Código Penal. Art. 6º. Esta lei entrará em vigor na data da publicação, revogadas as disposições em contrário. Conclusão: A terceirização evolui na velocidade determinada pelas exigências da globalização, que transformam o mundo em uma pequena comunidade de grandes negócios, cada vez mais eficazes e velozes. Urge aprovar lei geral que confira, definitivamente, certificado de validade ao processo de terceirização, que a cada dia está mais presente, participando, positivamente, de todos os setores da vida pública e privada.