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Angélica Fabiana Batista Pimenta de Figueiredo
Gerente Executiva de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Aperam BioEnergia
O planeta está diante de um cenário desafiador. Mudanças climáticas em curso; perda de biodiversidade; crescimento populacional que deve fazer o mundo atingir 9,7 bilhões de pessoas até 2050; e consequente aumento de demanda por alimentos, energia, fibras, entre outros itens essenciais.
Segundo a FAO, para atender à necessidade humana por produtos de base florestal, até a metade do século será necessário um incremento de 0,9 bilhão de m³ de madeira, em relação a 2020, quando o volume atingiu 2 bilhões de m³. Para isso, é preciso de, pelo menos, 33 milhões de hectares adicionais de florestas plantadas altamente produtivas. Nesta jornada pelo futuro, o setor de árvores plantadas tem papel central e todo o potencial para se posicionar como uma das soluções para os desafios globais. Atualmente, são 9,9 milhões de hectares de árvores plantadas, com manejo sustentável e fortes investimentos em produtividade, que permitem às empresas fazer mais com menos.
Nos últimos anos, quando tive a oportunidade de representar a Indústria Brasileira de Árvores – Ibá, em diferentes fóruns internacionais em Bali (Indonésia), Seul (Coreia do Sul) e Dublin (Irlanda), foi bastante perceptível o reconhecimento do papel do setor e da sustentabilidade do seu modelo de negócio, fundamentado no uso inteligente da terra, respeito à natureza e cuidado com as pessoas
As companhias florestais trabalham em sinergia com a biodiversidade, pois conservam 6,05 milhões de hectares de florestas naturais, uma área maior que o estado do Rio de Janeiro. Não há nada igual no país entre os setores que fazem uso da terra para produção.
Uma das nossas especialidades é gestão da paisagem, que cria mosaicos de áreas produtivas e áreas destinadas à conservação, formando verdadeiros corredores ecológicos que protegem a biodiversidade. Segundo levantamento da Ibá, as empresas registraram mais de 8.000 espécies de fauna e flora em seus domínios. Até mesmo espécies em extinção foram identificadas, o que revela que animais, por exemplo, encontram nesses locais um território seguro para passagem, alimentação e até mesmo procriação. As árvores são a mais eficiente solução baseada na natureza para a mitigação das mudanças climáticas, pois sequestram e estocam gás carbônico, o principal responsável por empurrar o planeta para o aquecimento global. Ao todo são 4,5 bilhões de toneladas de CO₂ eq. imobilizadas nas florestas do setor.
Ainda na seara do clima, as empresas de base florestal demonstram que seu potencial de fazer a diferença está para além das iniciativas no campo. Atualmente, da energia gerada por elas, 88% vem de fontes renováveis. Uma prática fundamental em um planeta cuja transição energética é imperativa para a descarbonização. Também vale destacar que, desde a década de 1970, houve diminuição de 75% no uso de água nas plantas de papel e celulose. Exemplo claro de tecnologia aplicada em favor da eficiência e do cuidado com recursos naturais.
Revelando sua antecipação a demandas atuais, há mais de 20 anos o setor é certificado por instituições internacionalmente reconhecidas, como o FSC e PEFC, que chancelam o manejo sustentável das empresas, confirmando para o comprador de qualquer parte do planeta que a matéria-prima que possui seu selo vem de uma empresa aliada ao meio ambiente, que dialoga com comunidades vizinhas e impulsiona o desenvolvimento na região em que atua. Implementando uma verdadeira agenda verde, com passos bem marcados de caminhos viáveis para aliar produção e cuidado com a natureza, a indústria de base florestal tem despontado como uma das luzes a iluminar o caminho de superação das crises mundiais.
A sociedade tem uma bomba-relógio nas mãos quando flerta entre a alta demanda por produtos e as limitações planetárias. O que está em jogo é a perpetuação da humanidade tal qual conhecemos hoje. Já nos vimos capazes de sobreviver a uma pandemia e reconstruir cidades inteiras após eventos extremos, e creio que, se colocarmos a sustentabilidade no centro da estratégia, não será diferente com os demais desafios.
Gestora Ambiental e gerente de Sustentabilidade da Ibá



Construindo o futuro que queremos
Responsabilidade socioambiental marca a atuação da Aperam BioEnergia
As florestas plantadas possuem um papel importante na manutenção do solo, do ar, da água e da preservação de matas nativas, evitando o desmatamento. São fonte de energia limpa, oxigênio, geração de emprego e oportunidades.
A Aperam BioEnergia, produtora de carvão vegetal no nordeste de Minas Gerais, busca continuamente a melhoria de seus processos e o desenvolvimento de florestas cada vez mais resistentes a pragas e adaptáveis ao solo, ao regime hídrico e ao clima da região. O manejo dessas florestas está enraizado no tripé da sustentabilidade, de ser economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto, ao mesmo tempo em que gera riquezas para o Vale do Jequitinhonha.

As atividades florestais da empresa na região, além de fiscalizadas e monitoradas por órgãos ambientais, respeitam regras estabelecidas pelas certificações internacionais, que extrapolam as leis e são consideradas exemplares. Entre elas estão a certificação FSC®, selo internacionalmente reconhecido e que atesta o manejo sustentável das florestas renováveis da empresa, tanto do ponto de vista ambiental quanto social. Além disso, a ISO 14001, que diz respeito ao seu Sistema de Gestão Ambiental.
Conservação dos recursos hídricos
A responsabilidade socioambiental em suas diversas frentes de atuação é uma premissa cumprida com rigor pela Aperam BioEnergia nas comunidades em que atua no Vale do Jequitinhonha, especialmente no que diz respeito ao uso dos recursos naturais. O consumo de água é regulado do início ao fim do processo produtivo do carvão vegetal.
Além disso, a empresa desenvolve projetos ambientais direcionados às boas práticas de conservação dos recursos hídricos, envolvendo instituições públicas, governamentais e não-governamentais, e a comunidade, parte fundamental nesse processo.
Entre as práticas que reforçam o compromisso da Aperam BioEnergia com a preservação e a utilização consciente da água está a otimização dos recursos hídricos em todos os seus processos. O plantio é realizado preferencialmente em períodos chuvosos e foram construídos piscinões para captar a água da chuva, utilizada no abastecimento e suporte durante as estações secas. A empresa mantém, ainda, um sistema de recirculação de água no viveiro de mudas. Todas as medidas seguem as leis ambientais vigentes.
Biodiversidade
Outro destaque que demonstra como a sustentabilidade está presente na essência da Aperam BioEnergia é o projeto de monitoramento de fauna. Realizado desde 2006 nas florestas renováveis da empresa, o trabalho abrange os municípios de Capelinha, Itamarandiba, Minas Novas, Turmalina e Veredinha. Busca identificar e monitorar as espécies, seus habitats e áreas de alimentação, deixando registros de comportamentos e volume dos grupos, e uma contribuição palpável para a diversidade e a preservação desses ambientes.
O trabalho resultou, entre outros, no mapeamento das espécies nos municípios de abrangência da Aperam BioEnergia durante o período de monitoramento. Foram encontradas, ao longo dos anos, 34 espécies de mamíferos de médio e grande porte, sendo que 38% desse total estão ameaçadas de extinção, como o tamanduá-bandeira e a jaguatirica. O estudo também levantou 264 espécies de aves, entre elas o gavião-carijó, sendo 4 ameaçadas de extinção.
O monitoramento mostra que existe biodiversidade nas florestas plantadas e que o manejo contribui para a preservação e o aumento da diversidade ambiental das espécies de aves e mamíferos de médio e grande porte.

Reciclagem e coprodutos
Alinhado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 12 da ONU, “Produção e Consumo Sustentáveis”, em 2017, a Aperam BioEnergia lançou o Dê alças à reciclagem. Além de incentivar a reutilização de materiais recicláveis e a redução do descarte de resíduos, a iniciativa buscou promover a geração de renda e o empoderamento feminino, o protagonismo e a conscientização ambiental da comunidade. Inicialmente, a proposta foi reciclar materiais de lonil usados em campanhas de comunicação da empresa, como banner, outdoor e front light para produção de novos produtos.
Os bons resultados estimularam a extensão do projeto à comunidade, com a reciclagem de garrafas PETs destinadas à produção de vassouras. A ação também deu origem à Gincana Ecológica para a arrecadação de garrafas PET, nas escolas públicas das cidades de atuação da Aperam BioEnergia. Dessa forma, os conceitos propagados pela iniciativa envolveram ainda mais a comunidade.
Dois grupos de mulheres nas Comunidades Rurais de Santa Joana e Setúbal, em Itamarandiba, foram os primeiros a participar do projeto, que já está sendo ampliado para outros grupos femininos em Capelinha e Turmalina. A ação possui sinergia com outras iniciativas da empresa, como a diversidade com inclusão.

Reconhecimento
Como reconhecimento a essas e outras iniciativas, a Aperam BioEnergia foi contemplada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) com o selo “Semad Recomenda 2020”. A iniciativa incentiva e divulga programas, ações e projetos voltados à preservação e à manutenção de um meio ambiente ecologicamente equilibrado em Minas Gerais. O selo é concedido a projetos desenvolvidos por pessoas ou empresas que promovam a conservação dos recursos hídricos e da biodiversidade, melhorias no saneamento, adoção de fontes de energia sustentável, ações de educação ambiental e incentivo ao turismo ecológico.







