Opinião Pública 1485

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opiniãopública: 11 de novembro de 2020

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Pelos quatro cantos da ca(u)sa

Chão Autárquico Vieira Pinto

Domingos Peixoto

A mentira como valor

O mundo respirou de alívio Felizmente das eleições americanas resultou a vitória de Joe Biden. Foi o grande alívio para o mundo que cumpre as boas práticas dos valores da vida democrática, no exercício dos governos de estado de cada um, no seu dia a dia Ora, perante os resultados e seus números, há clara e inequivocamente um vencedor, Biden. Porém, num desespero de Velho do Restelo, o perdedor não pretende aceitar a clareza dos resultados daquelas eleições. Mas os americanos, conseguiram afastar Trump do poder. Este, um presidente, charlatão e sem sentido de estado, tanto a nível nacional, como internacional. Na verdade, o povo americano prestou um enorme serviço a todo o mundo, no âmbito das suas liberdades soberanas. O perdedor sempre foi no seu reinado um obstáculo sério e perigoso para o mundo e seus estados, dada a sua irracionalidade. Nestes quatro anos a sua Casa Branca, mais parecia um recreio de marionetes, designadamente com as suas conferências de imprensa. Não obstante, o facto de ele ter subido a sua votação em relação a 2016, e quase metade dos americanos terem votado nele, no dizer do sociólogo António Barreto, no Público deste

PRAÇA PÚBLICA

domingo, “Trump é um desordeiro narcisista, mentiroso, sem escrúpulos, arrogante, machista, violento e paranoico” que assim conduziu a América ao caos, em que afinal gosta de governar, tal como fazem os ditadores. Mas a América sobre a qual, muitos de nós lemos, ouvimos e conhecemos, não é o caos de hoje. Ela é a terra prometida, de milhões de emigrantes de todo o mundo, acolhedora, com milhões de imigrantes do mundo inteiro, trabalhadora, briosa, empenhada, rica de bens, industriosa, plurirreligiosa, racional, de grandeza tanta, na ciência, culta, com seu poderio militar, político e económico. Com um histórico combate pela liberdade e dignidade das mulheres, da criança, dos negros e tantas outras gentes indefesas. De facto, o orgulho da América passa por estes e outros vetores, que dão exponencia e esplendor, à dignidade e autenticidade de um Estado de Direito. E, assim, através do orgulho da independência das instituições, que são o freio das ambições de um poder absoluto de uma pessoa. Enfim, depois de Trump, “America Great Again”, América grande outra vez, tal como o mundo precisa.

Não é da tradição e dos bons costumes usar da mentira para justificar uma pessoa de bem. Um mentiroso, do meu tempo de menino, no mínimo era olhado com desconfiança, muitas vezes com desprezo. Mas a arte de uma “boa” mentira, em coisas que não trouxessem prejuízo a outrem, não deixava de ser admirada, mas sempre denunciada e motivo de umas risotas ou uns cachaços. O uso da primeira mentira de que tenho recordações, andava já no 3º ano da Escola Industrial, repetente, para tentar fugir à sanção paterna, causou problemas a alguns colegas e um castigo disciplinar exemplar que me marcou para a vida inteira. Sempre cometemos erros e eu não fugi à regra com alguns pessoais pouco responsáveis. Era a “fuga para a frente”… Uma atividade na qual se proferem muitas mentiras é na política, diz-se. Mentiras para todos os gostos consoante olhamos para os adversários. Os “nossos” nunca mentem. Vem de longe a prática de dizer que é mentira o que os outros dizem. Na ditadura e no Estado Novo mostravam-se aos portugueses e ao mundo dois países que não existiam! Os mais crentes podem sempre dizer que não se mentia, que apenas se mostrava o que interessava. Pois, esconder uma parte da realidade deixando as pessoas na ignorância é no mínimo um erro. Eu chamo-lhe men-

tira… Estou a tentar chegar ao ponto fulcral do assunto em título a propósito das eleições americanas. Prenderam as atenções do mundo inteiro até sábado e vão marcar, pelo menos até 14 de dezembro, a política e a comunicação mundiais. Desde há vários meses, com maior acuidade nos dias mais próximos de 3 de novembro, a comunicação social andava “agitada” com o tema, por causa das acusações de Trump: prepara-se uma fraude eleitoral gigante na América. Logo nas primeiras contagens de votos a criatura voltou à carga: ganhei por muitos, contando “apenas os votos legais”! Os nossos comentadores, da esquerda à direita, vinham de “alinhar” a sua opinião pela condenação das “rebaldarias” de Trump. Ao 2º dia, perante a insistência na teoria da vitória por muitos com os votos legais, no roubo e na fraude eleitoral com os votos por correspondência, três das principais televisões anunciaram em direto o corte da emissão da conferência de imprensa por alegas mentiras grosseiras e falsidades! Uma medida drástica, é certo. Apareceram dois comentadores, em órgãos de comunicação diferentes, a defender que “ele” podia dizer as mentiras que quisesse sem qualquer “retaliação” das televisões, até porque, acrescentou um: “em política só há

opiniões...” Normaliza assim a questão, concluo: a mentira dos políticos pode ser a mais obtusa e escabrosa que é sempre a arte de bem governar; é um valor nobre da gente nobre que se entrega ao sacrifício pessoal da representatividade popular; os incautos, humildes, iletrados, indefesos são que têm de saber não ir atrás de tais profecias. Isto demonstra bem o valor que os povos têm para os seus dirigentes em muitos países, a razão de muita miséria, fome, guerras e sofrimento em geral. Mas para eles o “céu” está ali sempre “ao pé da mão”! Trump, enquanto deixa o mundo em suspenso com a sua ignomínia, vai jogar golfe, alicerçado em 71 milhões de “votos legais”, desprezando cerca de 75 milhões que acusa de roubo e fraudulentos. Deixem-me citar um pequeno trecho de Valter Hugo Mãe na Notícias Magazine: “… Como chegamos à normalização da agressão? Em que instante decidimos existir confusão entre agressão e liberdade de expressão? Como legitimamos partidos erguidos na disciplina do ódio cuja acção se faz por instrumentalizar o eleitorado gozando com suas emoções, galvanizando opiniões a partir dos impropérios mais desumanos?”. Não. A mentira, o mal não são valores, são para combater com todas as forças de bem.

Psicologicamente falando Bússola José Leite

Marta Pamol*

Se não lhe fizer sentido, de nada serve Nos dias que correm apercebemo-nos de uma grande quantidade de alertas direcionadas para o nosso autocuidado: coma bem; pratique exercício físico; descanse; articule o trabalho com o lazer; faça yoga; leia um livro... Se já está a sentir a frustração ao pensar que é impossível inserir no seu dia tudo isto e que no meio da sua rotina pouco lhe sobra sequer para respirar, faça uma pausa. Evite aceder a todos estes estímulos ao mesmo tempo para sentir que está a fazer o correto. Afinal, se tudo isto não for para si e não lhe fizer sentido, de que vale? Comece por ter uma conversa consigo. Sabemos que ter cuidado com a alimentação é importante, mas para si porque é

que é importante comer de forma saudável? Faça o mesmo com o exercício físico e tudo o resto. Qual a importância que estes temas têm na sua vida? Quais os ganhos que vai ter a curto e a longo prazo? Tente que esta conversa seja tranquila e não uma cascata de obrigações e pressões para corresponder a estímulos externos. Só depois de ter esta conversa consigo faz sentido inserir, ao seu ritmo, estas alterações no seu dia. Lembre-se que de nada serve tentar apanhar um comboio se não souber para onde quer ir. *Psicóloga Clínica e da Saúde

Não só pelo burgo… 1- O abate das árvores em Vila Nova de Famalicão fruto das obras que decorrem no antigo Campo da Feira e junto à Praça D. Maria II é um dos temas que mais tem criado polémica nos últimos dias, fruto do projeto de reabilitação urbana que a nossa cidade está a ser alvo. Este assunto, pela escassez de mais e melhores argumentos, tem sido um balão de oxigénio para a oposição camarária e servido de palco e arma de arremesso político-partidário dos novos atores locais para tentar fragilizar a gestão camarária a um ano das próximas eleições autárquicas, com a conivência e o agrément de certos especialistas da comunicação, quais “lobos em pele de cordeiros”, que habitualmente de 4 em 4 anos desabrocham da “toca” (coincidências eleitorais…) para servirem de arautos da moral e da ética (pasmem-se). O progresso faz-se com obra e transformação, pelo que não será o abate das árvores (outras serão plantadas e crescerão com o tempo) que irá esmorecer e desviar Paulo Cunha, pois o resultado final será a prova inequívoca de que o caminho certo era este, pois há um século atrás já dizia o meu bisavô paterno, construtor civil, “…gema o homem, não gema a obra”. Aguardemos, pois, pelo resultado final da obra para os famalicenses avaliarem o que foi feito, tomarem a palavra e darem o seu veredito.

2- Carlos César e António Costa beberam do veneno que criaram, quais virgens ofendidas. Relembro com veemência que o PSD não tem nenhum acordo governamental feito com o Chega dos Açores, tem sim um acordo parlamentar como os socialistas fizeram com o PCP e os antigos membros da UDP e do PSR (Bloco de Esquerda), todos eles da extrema-esquerda (leninistas, estalinistas, trotskistas, maoistas) para poder assumir as rédeas da governação nacional, em 2015. Dói… Não posso deixar de referir que Sérgio Sousa Pinto, deputado socialista, é um autêntico lord. Relembro aqui as suas palavras, «… não foi a direita que inaugurou este caminho, em 2015…sendo a direita, teria sido chamada de tudo e muitos democratas rasgariam as vestes, em justa e impotente indignação». Um lord é sempre um lord. Os valores não se compram, são ensinados e bebidos no berço. 3- Acabou-se o circo do pateta Trump. Que os EUA voltem a comungar dos valores da tolerância, democracia e esperança. Foram 4 anos de um saltimbanco ignorante e malévolo. Uma lufada de ar fresco e uma excelente notícia para a Europa e para o equilíbrio mundial. Que a posição americana sobre o acordo climático de Paris tenha um volte-face célere e responsável. Viva a América livre e condescendente!


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