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18 de junho de 2008 www.ope­ru­mo­lha­do.com.br Edição 862 • ANO XXVIII

Cabo Frio in Búzios

Foto: Sylvana Graça

CURTA Um jornal cego, surdo e mudo

O MAIOR

JOR­NAL BÚZIOS


“Graças à Deus” outro filme buziano premiado Por Bô Montenegro.

T

omo esse espaço para dar os parabéns a você Marcelo pelo brilhante, inspiradíssimo, anárquico, irreverente, criativo "Graças à Deus". Parabéns também pela iniciativa em trazer o 2° Festival Curta Cabo Frio para Búzios. São ações culturais como essa que a cidade precisa mais do que nunca estimular. Ter visto a juventude entusiasmada como a que vi na "Capital", (adorei a referência de Cabo Frio nossa "Capital" em seu breve discurso na entrega do premio de Melhor Ator) realizando seus filmes, exibindo-os com muita garra e torcida durante as sessões do Teatro Municipal da Mostra Competitiva, me fez sentir que é possível atingir esse nível de entusiasmo se eventos culturais competitivos fizessem parte do nosso calendário municipal. Cinema, Teatro, Musica, Artes Plásticas, Contos, Poesias, e vai por aí a fora. O descaso, e a falta de criatividade desse município quando o assunto é Cultura é no mínimo obtusa e absurda, chegando a ser uma afronta a quem mora aqui, é uma vergonha para quem se diz Buziano e quer o melhor para a sua cidade. De forma anárquica Marcelo, você o mais despudorado de todos os Buzianos, está nos presenteando com essa iniciativa, e parceria com a Secretaria de Cultura da Capital, digo Cabo Frio, através do seu Secretário e Cineasta Milton Alencar, mostrando em Búzios o que um evento de competição cultural é e pode vir à ser. Bem-vindo o 2° Festival Curta Cabo Frio!!!!...e muitos VIVAS as Corujas Buzianas que "Graças a Deus" vão poder Falar n"O Pemba, mais uma vez. Marcelo, Buzioswood estará presente prestigiando o evento cinematográfico n'O Pemba.Um grande abraço e meus Parabéns!!!!!

A língua é o músculo mais poderoso do corpo humano. Ela tem o poder de destruir tudo...

Con­se­lho edi­to­rial Bri­git­te Bar­dot, Clau­dio Kuck, Ivald Gra­na­to, Jo­mar Pe­ rei­ra da Sil­va, Fi­no Quin­ta­ni­lha, Re­na­ta Des­champs, Ota­ vi­nho, Humberto e Clau­dio Mo­dia­no, Er­nes­to Za­bo­tinsky, Tra­ja­no Ri­bei­ro, Re­na­to Pa­co­te, Jor­ge Te­des­co, Clau­dio Co­hen, Lau­ritz Lach­man, Gui­lher­me Araú­jo, Pe­dro Pau­lo Bul­cão, Pau­lo Ma­ria­ni, Al­ber­to Fan­ti­ni, Ma­rie Anick e Jac­ques Mer­cier, Ara­guacy da Sil­va Mel­lo, Luis Ed­mun­do Cos­ta Lei­te, Mar­cos Pau­lo, Elie Sha­ye­vitz, Jo­nas Suas­su­na, Glo­ria Ma­ria, Rui Castro, Heloísa Seixas e Márcio Fortes. Di­re­tor Mar­ce­lo Lar­ti­gue Jor­na­lis­ta res­pon­sá­vel Hamber R. de Carvalho (reg. prof. 13.501 DRT/RJ) Editora de fotografia Sylvana Graça Re­pór­ter San­dro Pei­xo­to Anibal Fernando Cláudio Kuki Pro­du­ção Grá­fi­ca Marcela F. Silva

Marcelo recebendo o primeiro prêmio na categoria amigo do Milton Alencar

Fun­da­do­res Ma­rio Hen­ri­ques e Pe­dro Luis Lar­ti­gue Ge­rên­cia de Ven­das Rio: Tráfego Publici­ dade & Marketing Tel: (21) 2532-1329 Me­ce­nas Umberto Mo­dia­no Im­pres­são Jornal O Lance Diretora de Distribuição Cristina Albuquerque

O Pe­rú Mo­lha­do / Edi­to­ra Mi­ra­mar Ltda. CNPJ: 02.886.214/0001-32 Pra­ça San­tos Du­mont, 333 - sobrelo­ja Cep 28 950-000 – Cen­tro - Ar­ma­ção de Bú­zios –  RJ Celular/redação: (22) 9817-1192 / 9848-1908 Comercial: (22) 9932-8951 / 9814-0888 E-mail: ope­ru­mo­lha­do@glo­bo.com Si­te: www.ope­ru­mo­lha­do.com.br

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Sua majestade a credibilidade da cultura Milton Alencar Por Thomas Sastre

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festival curta metragem de Cabo Frio brindou os expectadores da Região dos Lagos mais uma aula de cultura. A entrega da premiação reuniu os ícones da cultura do país. Celebridades que fundaram a antiga companhia de cinema Vera Cruz estavam presentes prestigiando a cultura cabofriense. Escritores, cineastas e jornalistas deram vida ao evento. A programação apresentou diferentes formas de composição de curtas. O diretor J.L.Godart em 1960 declarou em o festival de Cannes quando apresentou seu filme “O Desprezo" declarou: Quando perguntaram o que ele entendia como cinema? Respondeu:" Cinema é 24 quadros por segundo". Marcelo Lartigue cumpriu o ritual de Godart, realizou com muita competência seu filme "Graças a Deus", um curta digital de um minuto que diz tudo que representa a alma humana. Uma homenagem à população de Búzios. Foi premiado por mérito, apesar de um crítico do jornal O Globo comentar que a nossa região interiorana não estaria preparada para este orgasmo de vanguarda. Armação dos Búzios apresenta este mesmo festival no espaço cultural “A Pemba", na Orla Bardot ao lado da disco Privilége, das 18h ás 2h. Nos dias 18, 19, 20, 21 de junho. Venha assistir a cultura do curta do cinema. Nelson e Adriana Albano

Milton e Marcelo Lartigue

Milton, André Gonçalves e Romeu Evaristo

Thomas Sastre e Nelson Pereira dos Santos Gerson Tavares, Nelson e Milton

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“O cinema falado é o grande culpado da transformação”....

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á dizia o cronista Noel Rosa, o poeta de Vila Isabel, nos anos 30, sob o impacto desse novo meio de comunicação, que foi mudo, ganhou voz e cores e modificou a vida de todo mundo que pagou um ingresso e foi pro escurinho da sala de projeção. O cinema serviu e ainda serve para muita coisa. Até para namorar; “no escurinho do cinema, chupando drops de anil, longe de qualquer problema”... Para comer pipoca, fazer bagunça, rir, chorar, ao ponto que minha mãe me disse uma vez para não levar aquilo muito a sério: “É tudo mentirinha”. Uma vez, no Metro Copacabana, a polícia foi chamada e esvaziou a sala de projeção porque os meninos e meninas, os rebeldes da época, participavam, à sua maneira, da película. E torciam, gritavam. Na tela um filme de faroeste. E, evidentemente, nós, os garotos, torcíamos pelos bandidos. Só para irritar as meninas. E tinha aquele grande problema: como entrar num filme proibido para menores de 18 anos, tendo apenas 13? Como não pagar ingresso? Simples: as carteiras de estudante, que além do mais davam direito a desconto de 50%, a meia, eram adulteradas por nós, com artifícios artesanais. Nada disso de computador, que não havia, nem se sonhava. Para não pagar ingresso, a gente entrava andando de costas na fila da saída da sessão. Coisas de garotos sem dinheiro mas com imensa vontade de ver o filme. Havia até as salas de cinema 24 horas. Onde você via filmes, curtas, resenhas, tudo em seguida. O ar condicionado, além disso, por poucos reais, ainda nos livrava do

Por Aníbal Fernando calor. Já dormi em cinema só para relaxar no ar frio. Em Nova Iorque tem um cinema que passa todos os dias, o ano todo, o mesmo filme – Rock Horror Show – que a platéia já sabe as falas de cor e repete em coro com os atores. Tem filmes sérios, comédias, dramas, pastelões – filmes curtos, longos. Houve até uma época que passava filme com intervalo, como “Bem Hur”, que vi no Rian. Eram quatro horas de projeção... Vez ou outra vi também quatro filmes em seguida. Na Cinelândia, centro do Rio. Era sair de um e entrar no outro. Já vi filmes em camarote, que era assim no velho Capitólio, que foi um teatro, tinha frisas e foi sumariamente adaptado para cinema. E havia lanterninhas, aqueles funcionários uniformizados que levavam você aos lugares vagos. Que cinema sempre estava cheio, qualquer cinema. Era o programa. O cinema, antes do livro, foi nossa escola. A magia, a imaginação. Tempos se passaram: veio o cinema político, o cinema água com açúcar, o documentário, as Mansfield e as Bardot, as Sofias e Doris, os Valentinos, os Antonys Quins, as Babulinas, e, por que não, os Tons e Jerys e companhia, e não dá para enumerar. Mas vocês sabem do que estou falando: quando o cinema, como disse o poeta da Vila, foi o culpado. Os tempos, sei, são outros. No outro dia li no jornal, numa crônica, que uma mãe levou o filho ao cinema e este, pequeno ainda, pediu o controle remoto. Queria trocar de canal.

Bem-Hur, King Kong, Claudia Cardinali e os Cowboys de Era Uma Vez no Oeste, o cinema de antigamente

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Curta Cabo Frio em Búzios, festival de curtas metragens organizado pelo Perú Molhado que acontecerá entre os dias 18 e 21 (de quarta e sábado) na Pemba, conta também com o apoio do secretário de turismo, cultura, esporte e lazer Luiz Romano. O secretário entendeu a grandeza do evento e resolveu ajudar de imediato. É o primeiro projeto envolvendo o secretário de cultura de Cabo Frio, Milton Alencar e Luiz Romano. A união cultural das duas cidades é um sonho antigo do nosso secretário. Para ele, deveríamos ir mais além. Unir toda a Região dos Lagos em torno de projetos culturais, turísticos e sociais. Essa idéia, aliás, também é do prefeito Toninho Branco. Nosso secretário de Turismo acredita que o evento será um grande sucesso. “Vejo com bons olhos essa união entre as duas cidades em torno de um projeto cultural. Cabo Frio é a mãe de Búzios. Seremos sempre da mesma família. O que houve com a emancipação foi uma separação administrativa. Na verdade somos mais que irmãos. Temos uma imensa relação histórica. Trabalhar com um secretário como o Milton Alencar, que tem uma visão grandiosa da região, é maravilhoso. Com o apoio do Perú Molhado fica melhor ainda. Dá para realizar todos os sonhos”. Luiz Romano espera poder regionalizar todos os projetos culturais e para isso, convida os outros secretários das cidades vizinhas para trazer seus projetos para Búzios. Búzios sempre foi uma cidade cinematográfica. É bonita, famosa, charmosa, etc. Tem um bom festival de cinema que já acontece há mais de anos. “O festival de Búzios começou pequeno e já está indo para o 13º ano. Tenho uma declaração do Mário Paz -que é quem organiza o festival- dizendo que o apoio da prefeitura é fundamental, não apenas pela parte financeira, mas pelo apoio em si. A comunidade de Búzios espera com ansiedade o festival. Todos têm acesso aos filmes. Esse festival de Curtas que o Perú Molhado está organizando na Pemba, também é bastante interessante, pois na Orla Bardot passa o turista e o pescador. Estarei lá todas as noites”, declarou Romano. Perguntado que filme faria sobre Búzios (se cineasta fosse) Luiz Romano informou que faria um documentário. O destaque seria o povo de Búzios e o final seria feliz. “Não existe povo mais agradável no mundo. Nossa diversidade cultural nos fez únicos. Somos um povo fadado a viver feliz, mesmo com todas as dificuldades da vida”, finalizou.

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Cultura é a nossa praia

O secretário de turismo, cultura, esporte e lazer é um cinéfilo de carteirinha e não vai perder uma sessão do Curta Cabo Frio em Búzios que vai lotar a Pemba a partir desse quarta

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Final Feliz Cleiton Cafeu Animação - SP - 15 min.

documentário - CE - 19 min. O.D. Overdose Digital Marcos de Brito Ficção - SP - 15

Vida Eterna Marangone 90 s da realidade do ano 69

Glauber é Rocha Angelo Lima Documentario - GO - 13 min.

Passageiro Fernando Von Christian Ficção - SP - 15 min.

Ellen e David direção de Marcio Blanco Ficção - RJ - 15 min.

Animadores Alan Sieber Animação - RJ - 6 min.

Satori Uso Rodrigo Drota Ficção - SP - 18 min.

Cinezé - Sozinho direção Adriano de Oliveira Documentario - Ceará - 16 min.

A Caixa Fernanda Britto Ficção - RJ - 6 min.

• Quarta-feira CURTAS - PELICULA

Picolé, Pintinho e Pipa Gustavo Melo Ficção - RJ - 15 min Búzioswood Bo Montenegro Ficção - Búzios Resistir Caco Souza Documentario - RJ - 15 min. Tori Andrea Midori Simão e Quelany Vicente. Ficção - SP - 15 min.

Sexo Virtual Jorge Monclar Ficção - RJ - 19 min. • Quinta-feira CURTAS - PELÍCULA Profetas das Águas e da Esperança Marcia Paraiso Documentario - 15 min.

CURTAS DIGITAIS

A Peste de Janice Rafael Figueredo Ficção - 15 min - RS

Dreadlokos Fausto Jr. e Willians Barreto Animação - 1 min - Bahia

Fly Marcio Salem Ficção - CE - 12 min.

Luchador Juliano Luccas Ficção - SP - 20 min Davi Contra os Paus Mandados de Golias direção - Edu Felistoque Animação - 6 min - SP Preto no Branco Amauri Giorogi Ficção - RJ - 8 min Torto Samuel de Castro documentario - SP - 13 min. Maria Flor Camila Carrosine Animação - DF - 3min. O Jogo Cesar Raphael Ficção - MG - 7 min. Sob o ceu de Joinville Rodrigo Falk Brun Documentario - SP - 15 min. Pretinho Babylon Emilio Domingos e Carlos Vinicius Ficção - RJ - 17 min.

A Goiabeira Ed Lopez Ficção - CE - 12 min. Dogue - O Cão da Globalização Julia Martins Animação - RJ - 12 min. A Coruja Falou Bo Montenegro Ficção - Búzios CURTAS LGBT Ser Mulher Projeto Olho Vivo Ficção - PR - 25 min. Variações sobre um tema de MOZART - 14 min Motivos do Coração - 13 min. Êxodo 3,14 - 14 min. Homofobia - 11 min. - Todos os filmes acima têm direção de Genesio Marcondes Junior. • Sexta-feira CURTAS PELICULA Coletivo Fabio Lupo Ficção - SP - 12 min. Identidade em Transito Daniele Ellery e Marcio Camara.

CURTAS - CÂMERA CELULAR E CÂMERA FOTOGRÁFICA Antes que a luz se apagueHerbert Salles de Souza Cabo Frio - 1 min. Ele Girou Gustavo Correa RJ - 1 min. Graças a Deus Marcelo Lartigue Búzios - 2min. Quebrando Discurso Beto Gaudêncio Ceará - 3 min. Rapsódia Cleber Lopes Cabo Frio - 3 min. Sorriso Luminoso Beto Gaudencio Ceará - 3 min. Vitaminas Gustavo Correa RJ - 1 min. Apresentação da partcipação do PERÚ MOLHADO (Marcelo Lartigue) no Programa do Jô.15 min. para gravação e inserção no documentario de Milton Alencar Jr. • Sábado CURTA PELÍCULA Faca Cega - Pedro Zoca Ficção - 25 min - DF EXIBIÇÃO DO DOCUMENTARIO DE MEDIA METRAGEM - 55 min. CAMINHOS DE SANTIAGO de Milton Alencar Jr. e Marcia Gallardo. Nossa experiencia em 20 dias de caminhada por 346 km de LEON a SANTIAGO DE COMPOSTELA. Cada um de nós faz o seu Caminho. BOM CAMINHO!!!! Exibição dos filmes vencedores do CURTA CABO FRIO - 2008 11 filmes vencedores nas categorias : - curta realizado em camera fotográfica e celular - curta película - curta digital

De 4ª feira 18 à Sábado 20

Club Med

Projeto Reserva Peró

Secretaria de Cultura de Búzios

Curta Cabo Frio em Búzios

PROGRAMAÇÃO Curtas

Secretaria de Cultura de Cabo Frio


A Sé7ima Arte

A próxima cena Bô avisa que está passando o bastão. Depois de quatro anos de ensinamentos, está estimulando seus alunos de cinema a produzir pequenos filmes. Ele por sua vez, vai partir para um longa. Já tem vários roteiros prontos, em busca de financiamento. O primeiro que captar recursos ele começa a filmar. Bô acredita que no próximo Festival de Cinema de Búzios, alguns filmes feitos por esses garotos e garotas que estudam com ele serão exibidos. Numa época em que filmes sobre favela e drogas fazem tanto sucesso, será que existe espaço para filmes sobre o meio-ambiente? Bô acha que sim. “Taí o filme do Al Gore para provar. Levou o Oscar de melhor documentário”.

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Para o cineasta, os filmes sobre drogas, violência e favelas deixarão de se mostrar importante quando perceberem a necessidade de se levar o cinema para outras áreas e que se possam fazer as mesmas denúncias, principalmente sobre o meioambiente. A Coruja Falou é um bom exemplo. O filme trouxe a luz do dia, a cor do mar, crianças e animais. “Fizemos o filme em Búzios com músicas originais. Ele tem músicas lindas. A Coruja... é um filme leve, com crianças e com alegria. Levei o clima de Búzios para a tela”. Criar um pólo cinematográfico em Búzios é altamente viável. Bô Montenegro informa que esse pólo já existe, já está acontecendo. Cita como exemplo o próprio Marcelo Lartigue (com dois filmes) Claudia Ohana que também filmou em Búzios e a escolha de nossa cidade como cenário do filme A Deriva, um projeto de 10 milhões de dólares. “Depois que comecei a falar de cinema, outros seguiram o caminho. Precisamos agora preparar nosso povo para esse tipo de mercado. O povo está treinado para a construção civil. Também precisamos colocar Búzios nas feiras internacionais de locação. Um stand de Búzios numa feira de locação daria para atrair umas três produções anuais no valor de 20 milhões de dólares cada uma”, finalizou Bô.

O cineasta Bô Montenegro em sua casa em Manguinhos

Fotos: Filmers 9900

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úzios será em breve, uma cidade produtora de cinema. Em breve não, ela já é, segundo o cineasta Bô Montenegro, idealizador da Sé7ima Arte, espécie de escola de cinema e estúdio cinematográfico que montou em sua casa em Manguinhos, para ensinar aos buzianos os truques do cinema. Bô já produziu dois bons filmes em Búzios: O primeiro chamado Búzioswood (inspirado num conto da krica Ohana) e o segundo, A Coruja Falou, esse, voltado para a questão do meio-ambiente. É possível fazer cinema de qualidade em Búzios usando pessoas e equipamentos da cidade? Bô acredita que sim. “Para Búzios sair da mesmice a cultura é fundamental. Uma competição cultural estimula a criatividade da população. Parati está aí para mostrar isso. Quando falo em cultura, não me apego apenas de cinema. É preciso incentivar as artes plásticas, a poesia, etc. Temos que sair da cultura da praia. A cultura é o elemento de formação de um povo”. Um dos problemas de se fazer cinema no Brasil, é a dificuldade de exibição. Os preços de produção, edição e finalização caíram muito nos últimos anos. Fazer filme ficou fácil. Duro mesmo é exibir. Por isso a importância desses festivais de curta metragem. “A chegada dos equipamentos digitais barateou a produção cinematográfica. Imagine que, para fazer um curta metragem somente com o celulóide se gastava mais de 30 mil reais. Hoje se faz cinema até com máquina fotográfica. Gostei muito do filme do Marcelo Lartigue. Achei genial. Ele passou uma idéia em menos de 2 minutos. Eu não faria um filme daquele, mas, Marcelo é irreverente e pode. Bati palmas de pé”, afirmou Bô. Para nosso cineasta, o cinema mundial vai crescer ainda mais. Principalmente o cinema nacional. Ele cita como exemplo um grupo de Cabo Frio (cerca de 20 jovens) que faz cinema o ano inteiro com muito amor. “Eles ainda tem a sorte de contar com um secretário de cultura que é cineasta”, continuou.

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Por Armando Matos Curador da Pemba, onde foi realizada a 1ª Bienal Anual de Búzios

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ara enCURTAr o assunto onde a visão panorâmica por vezes é CURTA uma homenagem ao pessoal do cinema: um CURTA em homenagem a MATISSE after Dan Flavin. Se o cinema é luz então FIAT LUX e se Helio Oiticica “fazia música“ eu quero é fazer barulho. Em homenagem a cultura e a Marcelo Lartigue dedico meu CURTA “10 Argentinos” que se tiver tempo enCURTO para o festival e por favor Marcelo que essa concessão para o cinema não se estenda mais do que quatro dias eu vou pro Rio mas volto, OK!

Fotos: Monica Balcaldi

Sem Título

Depois de seis meses perdido entre os labirintos da Pemba, eis que Armando Mattos surge leve e faceiro de volta ao mundo. O rapaz não está entendendo nada

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OFF Curta Cabo Frio em Búzios Recicle suas idéias

Draco saiu para comprar um cigarro e nunca mais voltou

Animal Irracional?

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ristina Costa é um fenômeno. A moça foi durante anos, uma das melhores bailarinas do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Hoje, com as sapatilhas penduradas, virou professora, budista e cineasta. Seu curta-metragem pequenos atos a alçaram a fama. É considerada entre os cinéfilos como a nova Almadóvar. No filme da Cristina, sobre

o meio-ambiente e a reciclagem dos materiais, destaques para os atores principais: Aníbal Fernando, Cosme de Cem Braças, Gabriel Gialuise e para o lixão de Búzios. Quem quiser conhecer um pouco mais do trabalho de Cristina atrás das câmeras, tem a chance nessa quinta, na Pemba, durante o projeto Curta Cabo Frio em Búzios, organizado pelo Perú Molhado. Não perca!

O Filme da Cristina passa nessa quinta-feira, fora da programação oficial como o titulo acima indica.

Por Sandro Peixoto

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história que vamos contar a seguir, daria um roteiro de cinema, versa sobre um animal querido e, um vizinho armado e de mau humor. O encontro entre essas duas figuras jamais acabaria bem. O animal em questão era um cachorro da raça Pitbull de nome Draco. Draco era um pitbull diferente. Calmo e extremamente carinhoso. Quase nunca latia. Tinha alma de poodle. Todos que o conheciam, o amava. Mas a vida foi cruel com Draco. Semana passada, ele foi friamente assassinado com três tiros. Saiu da casa de seu dono (coisa que nunca fazia) e, cometeu o erro de entrar no quintal do vizinho - que não tem nem muro nem cerca. O vizinho, apesar de saber que Draco não era um cachorro violento, não pensou duas vezes quando o viu atracado com seu cão. Sacou a arma e pow, pow, pow! Matou o Pitbull mais querido da cidade. Draco foi vítima da má fama que acompanha os cachorros de sua raça. Morreu injustamente. Foi uma espécie de Jesus Cristo do mundo animal. Foi morto para servir de exemplo. Uma pena. Os amigos até hoje não se conformam. Draco era tão querido que seus amigos pleiteavam o lançar candidato a vereador. Recusou a oferta e decidiu apoiar seu dono, o Jô. Criou até um slogan de campanha: seja racional, vote no Jô. Infelizmente aconteceu a tragédia. Mas a vida segue e Draco, lá de onde está agora, mandou um e-mail para o Perú. O texto é bastante triste. Pedimos que crianças e pessoas com problemas no coração parem por aqui. Não nos responsabilizamos por nada. A seguir, a última carta do Draco.

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“Queridos amigos. Não sofram! Não chorem por mim! Estou bem. De verdade. Ontem encontrei o Quincas (da Estalagem) e a Valentina (do kaiser). Contei os últimos acontecimentos da cidade. Eles ficaram impressionados ao saber que na Búzios de hoje tem gente dando tiro em cachorro. Pela cara do Quincas, parece que ele não acreditou... Sempre soube que a vida não é justa. Principalmente para quem nasce cachorro. Mas tive a sorte de encontrar boas pessoas no meu caminho. Meu querido Jô. Para min você nunca foi meu dono, e sim, meu amigo, meu irmão. Sei que estás sofrendo. Não lamente. Sou mais uma vítima da injustiça humana. De coração, rezo pelo irmão que me feriu, ao qual, sinceramente o perdôo. Sei que ele agiu de forma irracional (quanta ironia?) e por isso, peço a compreensão de todos. Cuidem de minha filha, Onze. Sei que ela está bem com a Drica, mas, cuidado nunca é demais. Não deixe que a estupidez humana faça-a ter destino igual ao meu. Querido Jô. Espero que você se recupere. Também sinto muito sua falta. A comida daqui é péssima. Quanta saudade da bóia daí de casa... Desejo sorte na sua campanha para vereador. Tenho um último pedido (é que aqui no céu só temos direito a um e-mail). Se vencer a eleição e virar vereador, faça uma lei protegendo os animais de Búzios. Estou cansado de ver meus amigos nas ruas passando fome e frio. Lembre-se que todo mundo gosta de carinho”. PS: escondi um osso ao lado da garagem. Não retire. Espero um dia reencarnar e, assim que puder vou buscá-lo.

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Um amor inolvidable

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ueridos amigos buzianos, estoy muy contenta com esa homenagem que recebo de usted. Desculpes pelo portunhol. É que aprendi algumas palabras de português quando filmei la película Carne Trêmula com alguns brasileños e (carajo!) esqueci o espanhol. Mi carne sigue ardiendo. Estoy como nunca! Que saudades dos varones de esta tierra. Ai papito que delicia… Que me perdonen los amigos patriotas que hicieron um linda fiesta em homenagem ao dia de la pátria. Lastimo ter faltado. Me hablaran que el intendente (prefeito) de Búzios és um tipo muy guapo. Será verdad? Como me gostaria me encontrar com Tonhon. És assi que lho llaman não? Dizem que é um tipo muy petitero. Que gosta de lindas mujeres. Lamentablemente, nunca fui a Búzios. Mis amigos a toda hora me llamaban para conocer ‘el paraíso’ como ustedes lo sitan. Como gostaria de por mi cuerpo para que el rallos solares de Búzios me penetrasen excitantemente em meu interior. Mário José siempre me invitó. Más prefiro Bô Montenegro, pos su nombre me hace recordar a mi querido Armandito Bô.

De corazón, quiero agradecer a Marcelo Lartigue, mi hermano, pela recordación. Cuando salimos da mídia, nõ valemos mais nada. Suerte de quién tiene amigos. Estoy un poco decepcionada con o mundo del cine. Las últimas películas que vi, no me agradaran. Que pasó con el cine? Cuanta diferentas… Na minha época, o super-8 me hacia las delicias. Armando sabe muy bien de que hablo. Sigo viva. Com sangre e passion em mi carne trêmula. Besos de su querida

Isabel Sarli

Curta Privilège

Na madrugada deste sábado na festa de encerramento do Festival Cabo Frio em Búzios A Disco Privilège fica logo ao lado da Pemba

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Coisa de Cinema Vamos fazer de Búzios um

pólo cinematográfico


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