Ela é normal H Por Sandro Peixoto
eloisa Faissol, filha do famoso dentista Dr. Olympio Faissol é vista pela sociedade como a louca da família. Tudo porque a moça faz o que dá na telha. Vive a vida do modo que acredita. Heloisa teve a coragem de ser verdadeira numa sociedade onde a regra é fingir ser normal. Mas o que é ser normal? Seria agir como robô, aceitando as regras impostas pela sociedade, ou normal seria a pessoa ser ela mesma, independente da opinião dos outros? Nossa sociedade criou um estilo de vida padronizado, homogêneo, pasteurizado, que nem fede nem cheira, um modo de vida onde todos se comportam da mesma maneira e passaram a chamar isso de civilização. Em sua luta para mostrar que é um ser humano normal, Heloisa faz de tudo um pouco. É pintora, design de jóias, cantora de funk e escritora. Seu livro ‘O Lixo do Luxo’ é um fenômeno de vendas e em breve será lançado na Livraria Máscaras, com a presença da escritora. Para Heloisa, as facilidades do luxo deformam o ser humano. A riqueza é portanto uma fonte de vazio. Sem precisar realizar grandes coisas, a vida perde o sentido para quem vive uma vida nababesca. Não a toa, suíça, Dinamarca, Canadá, Islândia e Estados Unidos, todos considerados países ricos e felizes, ostentam os maiores índices de suicídios do mundo. Paradoxalmente, quase ninguém se mata na África. É de Heloisa a seguinte frase: “Por mais que a pobreza seja uma situação difícil, pelo menos ela não te permite viver uma vida vazia, diferente de quem vive no luxo”. Por mais que pareça, Heloisa não renega a boa vida. Diz que continuam amando as coisas boas, mas foi nesse meio, no luxo, que descobriu as futilidades da vida e que era possível viver e ser feliz sem elas. Apaixonada por Chico Buarque, fez de tudo para conquistar o bonitão. Uma irmã lhe aconselhou a ler muitos livros, afinal, um homem como Chico Buarque com certeza só se interessaria por mulheres cultas. Heloisa danou-se a ler e descobriu que Chico estava namorando uma mulher totalmente diferente. Quando resolveu virar funkeira, Heloisa disse que queria seguir os passos da também funkeira Tati Quebra-barraco e ganhou a alcunha de Helô quebraMansão. Seu hit Dou pra cachorro teve um sucesso efêmero. Seu livro quase foi proibido e ela teve que trocar por pseudônimos, os nomes de todos seus parentes e amigos. Em entrevista a uma revista, revelou para surpresa de todos que aos 12 anos era obrigada pelo treinador de cavalos a lavar o pênis dos animais. Sua maior busca no momento é saber o que a família não reprova nela.
Heloisa Faissol e João Flávio Lemos de Moraes no Programa Agora é Tarde, na Band
De 20 a 27 de outubro de 2012 – O Perú Molhado
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