História da Missão dos Padres Capuchinhos na Ilha do Maranhão

Page 371

Não vaiem nada estes Pajés, mormente depois que lá chegamos e que ali esteve um rapaz da nossa companhia, que fazia ligeirezas de mão e peloticas. O Sr. de Rasilly o incumbiu de levar sua bagagem, junto com os servos, durante a nossa visita pela Ilha do Maranhão, como já dissemos. Logo que os Maranhenses viram algumas sutilezas dele, principiaram a admirá-lo e deram-lhe o nome de Pajé-açú – “feiticeiro grande”. O Sr. de Rasilly fazia-lhes depois conhecer que todos os seus atos eram devidos a sua sutileza e finura, e daqui seguia mostrando-lhes a sua tolice de se deixarem enganar pelos Pajés, que não passavam de pelotiqueiros e embusteiros. Disso resultou muitos bens porque muitos abandonaram esses prejuízos e até as crianças zombavam das astúcias dos Pajés. Entre outras, citarei apenas o menino João Cajú, de quem já tenho falado por vezes. Pegando em ossinhos e outras coisas iguais, perguntava ao Sr. de Rasilly:

— Buriuuichaue de akan omano? “Senhor, dói a sua cabeça?”. Depois, fingindo soprar e esfregar, mostrava-lhe o que tinha na mão, dizendo ser a causa de sua moléstia, fazendo assim rir a companhia, causando admiração aos velhos, e desmoralizando os Pajés, dali em diante considerados mentirosos e embusteiros.

371


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.