O JORNAL
Cidades Quinta-feira, 6 de outubro de 2011
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Aqueduto Catolé-Cardoso é paralisado Mesmo com aviso antecipado de manutenção por parte da Casal, muitos usuários foram pegos de surpresa Fotos: Thiago Sampaio
Gabriela Lapa Estagiária*
A Casal avisou, mas muita gente ainda foi pega de surpresa, ontem, com a manutenção do sistema de abastecimento Catolé-Cardoso. Por causa da limpeza feita nos dutos de distribuição da água, o fornecimento foi interrompido durante todo o dia, deixando doze bairros da capital com as torneiras vazias. A previsão da companhia era realizar os trabalhos até as 15 horas de ontem, mas o abastecimento normal só deve ser retomado agora de manhã. Nos bairros mais isolados, a solução para não ficar no prejuízo foi recorrer aos vizinhos que não dependiam da Casal. Em alguns, como o Rio Novo, o poço artesanal de uma única casa foi usado por quase todos os moradores. “Lavei as minhas roupas, as do marido, os pratos, e ainda tomei banho”, contou a dona de casa Eliane da Silva. A alternativa reduziu os efeitos da paralisação, mas não evitou reclamações, especialmente dos moradores mais antigos, como ela. “A água do poço quebra um galho enorme, mas não pode ser usada para beber. Quando falta pouco, como agora, a gente se aperta e compra um garrafão no mercado. Mas da última vez em que houve problema no abastecimento, foram três meses sem água boa na torneira”, lembrou. Algumas famílias contam
Funcionários da companhia retiram do aqueduto as raízes que se acumulam e obstruem a passagem da água
Nem a falta d’água fez Carla deixar de lavar as roupas de 20 pessoas
que souberam da paralisação na semana passada, quando a Casal divulgou uma nota alertando para a manutenção. Mas como a rede já tem uma deficiência natural no bairro, os preparativos não foram suficientes. “Eu ainda consegui juntar umas vasilhas, só que a gente precisou usar ao longo da semana e acabou ficando sem nenhuma. Hoje (ontem), sem água na torneira, o jeito que tem é apelar para o poço do vizinho, tomar um banho ligeiro e torcer para as coisas voltarem ao normal”, disse a aposentada Josefa de Melo.
para todas as atividades domésticas e a higiene pessoal dos vinte moradores, enquanto a água encanada não chega. Mas, se houver qualquer atraso, os poços dos vizinhos serão a única fonte de abastecimento do bairro inteiro. No comunicado que divulgou semana passada, a Casal calculou oito horas necessárias à manutenção completa do sistema Catolé. O trabalho é feito a cada seis meses e consiste na retirada de plantas e raízes dos tubos condutores de água. Não há segredo nem equipamento moderno; os tra-
Quem tinha famílias pequenas como a dela passou o dia cuidando apenas de não exagerar no consumo, esperando os horários de sol mais frio para buscar água nos poços. Mas para as numerosas, a quartafeira foi de economia radical, com direito a revezamento para o banho e muitos pratos acumulados para lavar de uma vez. Na casa de Maria Sandra da Silva, a paralisação do abastecimento atingiu vinte pessoas, entre parentes e amigos. “Os que não são meus são da família da vizinha, Carla. Há algum tempo, houve um desabamen-
to e eles ficaram sem ter onde morar. Agora, são vinte pessoas comendo, dormindo e tomando banho todos os dias, no mesmo lugar. Sem água na torneira, ou a gente economiza, ou ninguém faz nada”, contou Maria Sandra. Na casa dela, adolescentes e adultos se revezaram com baldes para encher o único reservatório da família: uma pequena caixa com capacidade para 30 litros. Se o abastecimento da Casal for normalizado dentro do prazo esperado, ou seja, ainda hoje, essa quantidade será suficiente
balhadores têm roupas leves, um capacete com iluminação, e usam facões para desobstruir o caminho. Fazendo isso de uma ponta a outra do sistema, o fornecimento de água para Rio Novo e outros onze bairros de Maceió depende apenas do tempo que esses homens vão levar para mergulhar na rede e cortar as plantas. Qualquer problema pode deixar famílias como as de Maria Sandra, com vinte pessoas, sem água também na quinta-feira. *Sob a supervisão da Editorial de Cidades